Buscar

RESUMO ALTERAÇÃO DE NOME E GÊNERO NO REGISTRO CIVIL

Prévia do material em texto

RESUMO 
ALTERAÇÃO DE NOME E GÊNERO NO REGISTRO CIVIL 
 
Pessoas transexuais que desejam alterar o nome e gênero de registro em sua 
documentação de nascimento pelo nome social podem procurar diretamente, sem a 
presença de advogado ou defensor público, qualquer cartório de Registro Civil de 
Pessoas Naturais (RCPN) do Brasil para fazer a mudança. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em março de 2018, que a 
alteração não precisa de autorização judicial, laudo médico ou comprovação de 
cirurgia de redesignação sexual. Na decisão, a maioria dos ministros invocou o 
princípio da dignidade humana para assegurar o direito à adequação das informações 
de identificação civil à identidade autopercebida pelas pessoas trans. 
Em junho passado, a Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça publicou 
uma norma que estabelece as regras para que a mudança na certidão de nascimento 
ou casamento possa ser feita diretamente nos cartórios de todo o Brasil. Desde então, 
pessoas maiores de 18 anos podem requerer a alteração desses dados, desde que 
tenham capacidade de expressar sua vontade de forma inequívoca e livre. Para 
menores de 18 anos, a mudança só é possível na via judicial. 
O Provimento 73/2018 afirma que maiores de 18 anos podem requerer a 
alteração desses dados “a fim de adequá-los à identidade autopercebida”. 
Art. 2º Toda pessoa maior de 18 anos completos habilitada à prática 
de todos os atos da vida civil poderá requerer ao ofício do RCPN a 
alteração e a averbação do prenome e do gênero, a fim de adequá-
los à identidade autopercebida. 
1º A alteração referida no caput deste artigo poderá abranger a 
inclusão ou a exclusão de agnomes indicativos de gênero ou de 
descendência. 
2º A alteração referida no caput não compreende a alteração dos 
nomes de família e não pode ensejar a identidade de prenome com 
outro membro da família. 
3º A alteração referida no caput poderá ser desconstituída na via 
administrativa, mediante autorização do juiz corregedor permanente, 
ou na via judicial. 
Entre os dez artigos regulatórios, o documento diz que o solicitante deverá ir ao 
cartório em que foi feito o seu primeiro registro para solicitar as alterações. Também 
há a determinação de que as alterações não incluem o sobrenome da família e que 
poderão ser desconstituídas em vias administrativas ou judiciais. 
Art. 3º A averbação do prenome, do gênero ou de ambos poderá ser 
realizada diretamente no ofício do RCPN onde o assento foi lavrado. 
Parágrafo único. O pedido poderá ser formulado em ofício do RCPN 
diverso do que lavrou o assento; nesse caso, deverá o registrador 
encaminhar o procedimento ao oficial competente, às expensas da 
pessoa requerente, para a averbação pela Central de Informações do 
Registro Civil (CRC). 
Segundo o texto, o procedimento será feito com base na autonomia do 
requerente, que deverá declarar sua vontade ao registrador, independente de 
autorização judicial prévia ou comprovação de cirurgia. Inclusive, é preciso declarar a 
inexistência de um processo judicial em andamento com o objetivo de alterar o nome 
ou o sexo do documento. 
Caso a pessoa tenha uma ação aberta, deverá comprovar seu arquivamento 
antes de pedir a mudança diretamente no cartório. 
Art. 4º [...] 
§ 1º O atendimento do pedido apresentado ao registrador independe 
de prévia autorização judicial ou da comprovação de realização de 
cirurgia de redesignação sexual e/ou de tratamento hormonal ou 
patologizante, assim como de apresentação de laudo médico ou 
psicológico. 
[...] 
§ 4º A pessoa requerente deverá declarar a inexistência de processo 
judicial que tenha por objeto a alteração pretendida. 
§ 5º A opção pela via administrativa na hipótese de tramitação 
anterior de processo judicial cujo objeto tenha sido a alteração 
pretendida será condicionada à comprovação de arquivamento do 
feito judicial. 
O provimento certifica também que as informações sobre a alteração não serão 
divulgadas sem a vontade da pessoa ou da Justiça. 
Art. 5º A alteração de que trata o presente provimento tem natureza 
sigilosa, razão pela qual a informação a seu respeito não pode 
constar das certidões dos assentos, salvo por solicitação da pessoa 
requerente ou por determinação judicial, hipóteses em que a certidão 
deverá dispor sobre todo o conteúdo registral. 
A respeito dos demais documentos da pessoa, o texto regulatório afirma que 
serão oficialmente notificados os órgãos responsáveis pelo RG, ICN, CPF e 
passaporte, além do Tribunal Regional Eleitoral respectivo. Mas caberá ao próprio 
requerente procurar essas instituições para que obtenha os novos registros. 
 
Art. 8º Finalizado o procedimento de alteração no assento, o ofício do 
RCPN no qual se processou a alteração, às expensas da pessoa 
requerente, comunicará o ato oficialmente aos órgãos expedidores do 
RG, ICN, CPF e passaporte, bem como ao Tribunal Regional Eleitoral 
(TRE). 
1º A pessoa requerente deverá providenciar a alteração nos demais 
registros que digam respeito, direta ou indiretamente, a sua 
identificação e nos documentos pessoais. 
2º A subsequente averbação da alteração do prenome e do gênero 
no registro de nascimento dos descendentes da pessoa requerente 
dependerá da anuência deles quando relativamente capazes ou 
maiores, bem como da de ambos os pais. 
3º A subsequente averbação da alteração do prenome e do gênero 
no registro de casamento dependerá da anuência do cônjuge. 
4º Havendo discordância dos pais ou do cônjuge quanto à averbação 
mencionada nos parágrafos anteriores, o consentimento deverá ser 
suprido judicialmente.

Continue navegando