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GE - Direito Civil_Parte Geral e Obrigações_01

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UNIDADE I
DIREITO CIVIL PARTE GERAL 
E OBRIGAÇÕES
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL - DA PESSOA NATURAL E DA PESSOA 
JURÍDICA ....................................................................................................................... 5
DA PESSOA NATURAL ................................................................................................. 5
AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA .................................................................. 7
TEORIAS ASSOCIADAS À AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
(NASCITURO): ................................................................................................................ 7
DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................................ 9
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE ......................................... 10
DIREITOS DA PERSONALIDADE GERAIS E ESPECIAIS ......................................... 11
INTEGRIDADE FÍSICA .................................................................................................. 11
DIREITO DA INTEGRIDADE MORAL/ESPIRITUAL DO INDIVÍDUO ....................... 13
CAPACIDADE ................................................................................................................ 14
INCAPACIDADE ............................................................................................................ 15
INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA.................................................................. 15
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE ................................................................................. 16
EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL ............................................................................. 17
DA PESSOA JURÍDICA ................................................................................................. 18
REGISTRO E PROVA ...................................................................................................... 19
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA .......................................................... 20
BENS ............................................................................................................................... 21
BENS MÓVEIS E IMÓVEIS ......................................................................................... 21
BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS ............................................................................ 22
BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS ............................................................... 22
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS ............................................................................. 23
BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS ............................................................................ 23
BENS PÚBLICOS E PRIVADOS ................................................................................... 24
BEM DE FAMÍLIA .......................................................................................................... 24
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Arruda, Sande
Direito Civil – Parte Geral e Obrigação - Unidade 1 -
Recife: Grupo Ser Educacional, 2019.
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DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E OBRIGAÇÃO
UNIDADE I
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Olá aluno (a), tudo bem?
Seja bem-vindo (a) ao nosso primeiro encontro da disciplina de Direito Civil (Parte 
geral e Obrigações).
Estamos iniciando mais uma jornada acadêmica e, desta vez, teremos a oportunidade 
de estudarmos um pouco sobre noções relacionadas à esta disciplina.
Caso tenha alguma dúvida, consulte o seu Tutor. Ele estará à disposição para atendê-
lo (a) e auxiliar no que for necessário.
Lembre-se de fazer as atividades avaliativas disponíveis no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem (AVA). Elas são importantes para consolidar o seu aprendizado. 
Vamos começar?
ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA
Neste primeiro momento, dividiremos o nosso estudo nesta primeira unidade em 
quatro tópicos que serão trabalhados separadamente. De início, estudaremos noções 
preliminares da pessoa natural (início de sua Existência e Personalidade), Capacidade, 
Incapacidade, cessação da incapacidade, individualização da Pessoa Natural e 
extinção da personalidade Natural.
Em seguida, passaremos a analisar a capacidade, incapacidade e cessação da 
incapacidade da pessoa natural e sua extinção.
Posteriormente, inclinaremos o exame da matéria no que pertine a pessoa jurídica, no 
que tange a definição, natureza, classificação, registro e prova da Pessoa Jurídica.
E no final, desta unidade, abordaremos as questões atinentes ao domicílio e a 
desconsideração da personalidade jurídica.
Passemos, então, ao primeiro ponto, noções preliminares quanto à pessoa natural. 
Preparado? Então vamos lá.
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INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL - DA PESSOA NATURAL E DA PESSOA JURÍDICA 
PALAVRAS DO PROFESSOR
Prezado (a) aluno (a), certamente, você já deve ter em algum momento da sua vida 
questionado - é possível haver pessoa que não é ser humano e ser humano que não é 
pessoa? 
Essa pergunta faz parte justamente do conceito de pessoa natural e pessoa jurídica, os 
quais serão analisados adiante. 
Mas, para não deixar você tão ansioso, indico que a resposta à primeira parte da pergunta 
ainda pode ser dada atualmente, da seguinte forma: Uma sociedade empresária não é 
um ser humano, mas é considera uma pessoa. A resposta à segunda parte da pergunta 
já não é mais possível, dado o fim da escravidão. Porém, até 1888, determinados seres 
humanos não eram considerados pessoas, mas bens.
De outra banda, quanto à pergunta o que é ser humano? A resposta a essa pergunta 
não está no mundo jurídico, porque esse conceito não é um conceito jurídico, é um 
conceito biológico, médico e histórico-sociológico.
Dito isto, vamos adentrar propriamente no conceito de pessoa natural.
DA PESSOA NATURAL
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=lCApbDaGOD0.
Caro (a) estudante, o conceito de Pessoa, na acepção jurídica, é o titular de direitos e obrigações. Assim, 
pessoa é espécie do gênero sujeito de direito ou sujeito da relação jurídica. É, pois, o único ente dotado 
de personalidade jurídica. 
Como ensina Fábio Ulhôa Coelho, “sujeito de direito é o centro de imputação de direitos e obrigações 
referidos em normas jurídicas, (COELHO, 2017, P. 24. 2012).
Cabe salientar que, nem todo sujeito de direito é pessoa, embora a maioria da doutrina utilize as 
expressões como sinônimas. Ademais, admitindo-se que direito subjetivo é o poder de agir atribuído a 
um sujeito ou titular, força convir que presente determinado direito, há de existir compulsoriamente um 
sujeito que lhe tenha a titularidade. 
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Esse conceito da doutrina parte do art. 1º do CC/2002, que estabelece: 
“Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
Deste modo, quando utilizamos a expressão “toda pessoa” queremos dizer homem, mulher, idoso, criança 
e independente de sua cor, de seu credo, partido político, time de futebol etc.
É, portanto, o ente dotado de personalidade, como expresso logo em seguida, no artigo 2º do código civil 
que diz:
Art. 2°. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro.
DICACabe destacar que, atualmente entende-se que esse sujeito pode ser de duas categorias, 
sendo a primeira, entes personalizados que são aqueles dotados de personalidade 
jurídica, isto é, podem praticar a maioria dos atos e negócios jurídicos, exemplo, a 
pessoa física e a pessoa jurídica. 
A segunda categoria é a de ente despersonalizado, ou seja, podem praticar apenas os 
atos inerentes à sua finalidade ou para os quais estejam especificamente autorizados, 
são exemplos, o nascituro e as chamadas quase pessoas jurídicas (espólio, massa 
falida, herança jacente, condomínio edifício e pessoa jurídica sem registro). Apesar 
desses entes não desfrutarem de personalidade jurídica, podem figurar em relações 
jurídicas.
PALAVRAS DO PROFESSOR
Portanto, quando falamos de pessoas, podemos classificar como duas espécies, como 
já dialogamos acima:
a) pessoa natural ou pessoa física: é o ser humano. 
b) pessoa jurídica ou pessoa moral ou pessoa coletiva: organizações que visam à 
realização de um certo interesse. 
De forma sintética, podemos entender os sujeitos de direito da seguinte forma:
Fonte: Autor, 2019.
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LEITURA COMPLEMENTAR
Sugiro que você, querido (a) aluno (a), leia o artigo indicado, 
porque, nele, o autor fará um panorama muito interessante 
sobre o diálogo das fontes. Acesse o LINK a seguir. Espero 
que goste.
AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Caro (a) aluno (a), agora que temos a compreensão conceitual de sujeitos de direitos, vamos estudar a 
aquisição da personalidade jurídica.
Podemos conceituar a personalidade jurídica como a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair 
obrigações, e deste modo, tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica são dotadas dessa personalidade.
No que pertine à pessoa natural, a personalidade emana do simples nascimento com vida. 
Nesse sentido, o art. 2º do CC/2002 assim estabelece:
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Analisando o que se apresenta conceitualmente, verifica-se que o Código Civil usa a palavra pessoa, em 
vez de homem, abstendo-se do aspecto masculino, ademais, deveres, que é uma acepção mais ampla do 
que obrigações, uma vez que estas se referem apenas a prestações patrimoniais, ao passo que deveres é 
o gênero que abrange as obrigações e outras imposições normativas de caráter extrapatrimonial. 
Neste aspecto, podemos afirmar que no Brasil ser humano destituído de personalidade jurídica, esta é 
inerente à natureza humana. 
GUARDE ESSA IDEIA!
Antes, contudo, precisamos fazer um alerta: Quanto aos apátridas, que não pertencem 
a Estado algum, também desfrutam de personalidade jurídica, bem como estrangeiros 
e os doentes mentais. 
TEORIAS ASSOCIADAS À AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
(NASCITURO):
Prezado (a) estudante, no Brasil, devemos estudar ao menos três teorias quando falamos da aquisição 
da personalidade jurídica.
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E neste sentido, vamos analisar a teoria natalista, concepcionalista e da viabilidade.
1. Teoria Natalista – A aquisição da personalidade só ocorre com o nascimento com vida. 
A lei salvaguarda os direitos do nascituro em vista de sua potência como pessoa, mas não 
autonomamente. Essa teoria é adotada majoritariamente nos termos art. 2a do CC/2002.
2. Teoria Concepcionalista - A aquisição da personalidade ocorre desde a concepção, 
independentemente do nascimento com vida, já que a lei salvaguarda os direitos do nascituro 
desde a concepção. Tal teoria é admitida para estabelecer os alimentos gravídicos, bem como a 
indenização dos danos morais e do DPVAT, ao nascituro.
3. Teoria da Personalidade Condicional ou da viabilidade – A aquisição da personalidade 
começa com a concepção, mas condicionada ao nascimento com vida; se nasce com vida, 
tinha personalidade desde a concepção, se não, nunca a teve. Tal teoria condiciona o início da 
personalidade à existência fisiológica de vida, isto é, de órgãos essenciais ao corpo humano, como 
cérebro, rins e outros. A teoria da viabilidade é recepcionada pelo art. 1.799, §3o do CC/2002.
DICA
No tocante a prova do nascimento com vida, cumpre lembrar a docimasia hidrostática 
de Galeno, segundo a qual os pulmões do recém-nascido são colocados num recipiente 
d’água: se sobrenadarem é porque respirou, nascendo com vida; o que não sucede com 
os pulmões que não respiram.
PARA RESUMIR
Querido (a) aluno (a), no Brasil, para a aquisição da personalidade, pouco importa o 
tempo de vida, desde que tenha respirado. Ademais, não se exige também o formato 
humano, basta que promane do ventre materno. Evidentemente que, ao revés, for 
dotado de caracteres humanos, mas não emanar de mulher, não será considerado 
pessoa.
FIQUE ATENTO
Entendimento Jurisprudencial - O Supremo Tribunal Federal julgou a ADPF 54, 
decidindo em favor da possibilidade de interrupção da gravidez de fetos anencefálicos 
não invalida o dispositivo legal segundo o qual o feto nascido com vida adquire 
personalidade jurídica, razão por que adquirirá e transmitirá direito, ainda que faleça 
segundos depois, conforme a previsão do art. 2º do CC/2002, já que o nascimento com 
vida é o único pressuposto para aquisição da personalidade, independentemente de 
que essa vida dure 1s ou 100 anos.
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=204757.
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LEITURA COMPLEMENTAR
Sugiro que você, querido (a) aluno (a), leia o artigo com a 
decisão do STJ acerca da temática nascituro.
LINK
DIREITOS DA PERSONALIDADE
Querido (a) aluno (a), agora vamos analisar os direitos da personalidade e seus reflexos no campo do 
direito civil. Vem comigo, que estamos apenas no começo da nossa viagem do direito civil.
São direitos imprescindíveis que visam garantir as razões fundamentais da vida da pessoa quanto ao 
seu aspecto moral, intelectual e físico. Assim, quando adquire personalidade, a pessoa passa a ter um 
conteúdo de direitos oriundos dessa personalidade, isto é, direitos de personalidade.
A base dos direitos de personalidade é o princípio reitor da Constituição Federal de 1988, o princípio da 
dignidade da pessoa humana. O objetivo dos direitos de personalidade é a adequada proteção e tutela da 
pessoa humana. 
 
PALAVRAS DO PROFESSOR
Neste sentido, sob o ponto de vista pragmático o princípio da dignidade da pessoa 
humana garante a autonomia privada, a possibilidade de autodeterminação. 
Deste modo, o direito de personalidade garante ao indivíduo a sua autonomia, na 
medida em que impedem a intromissão na vida particular por terceiros, na medida 
em que é uma esfera de autonomia impenetrável por terceiros, cientes de que o ser 
humano não existe e sim coexiste.
Esta autonomia privada, uma das emanações da dignidade humana é que nos serve 
de fundamento aos chamados direitos de personalidade. Esta grande funcionalidade é 
garantir essa esfera intocável de nossa própria autonomia. Por isso, sob determinados 
aspectos, cada um deve agir como pensa.
Sabendo que, os direitos de personalidade estão vinculados à dignidade humana (art.1 
º, III e art. 5§3º Constituição Federal) se aceita que os direitos de personalidade têm 
como fundamento esta cláusula geral de proteção à pessoa humana, representada pelo 
dispositivo do art. 1º, III Constituição Federal.
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GUARDE ESSA IDEIA!
Importante frisar, caro (a) aluno (a) que, esta cláusula geral de proteção à pessoa, à 
dignidade humana o efeito prático tendo os direitos de personalidade como cláusula 
geral da dignidade humana é que elimina as discussões que se faziam anteriormente 
quanto às exigências de tipicidade dos direitos de personalidade, ou seja, para haver 
um direito de personalidade era preciso haver sua proteção específica na lei, haveria 
muito prejuízo se assim fosse, pois o Código Civil ao tipificar foi muito econômico, os 
autoresdo Código Civil não eram progressistas, inclusive prejudicaram os direitos de 
personalidade conforme o previram. 
Se aceitarmos a cláusula geral que está inserida naquele dispositivo, significa que a 
tipificação é desnecessária, pois é perfeitamente aceitável a existência de direitos de 
personalidade implícitos, à medida que as situações se apresentam, essa cláusula geral 
torna a discussão sobre a tipicidade dos direitos de personalidade menos importantes.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE 
Olá, aluno (a), vamos conhecer o conteúdo dos direitos da personalidade.
As características dos direitos da personalidade são extraídas dos arts. 11 e seguintes do Código Civil 
Brasileiro:
a. Absolutos – em regra tem eficácia erga omnes. Contudo, cabe destacar que os direitos da 
personalidade podem ser relativizados, sobretudo aqueles que diretamente dependem da 
intervenção estatal, como os chamados direitos subjetivos públicos (saúde, moradia, educação, 
dentre outros).
b. Indisponíveis – São insuscetíveis de alienação. Entretanto, não se pode olvidar a disponibilidade 
dos efeitos patrimoniais de todos os direitos de personalidade e os próprios direitos de 
personalidade são disponíveis, por exemplo, o direito à imagem ou ao corpo.
c. Irrenunciáveis - Em regra são insuscetíveis de renúncia e limite. Contudo, são renunciáveis os 
efeitos patrimoniais de todos os direitos de personalidade e os próprios direitos de personalidade 
são renunciáveis, por exemplo, a vacinação obrigatória.
d. Imprescritíveis – Não há prazo para sua utilização dos direitos da personalidade, bem como 
não deixam de existir pelo simples decurso do tempo. Contudo, tome cuidado, pois os efeitos 
patrimoniais dos direitos da personalidade prescrevem, como, por exemplo, o dano moral.
e. Inatos - basta haver o ser humano para que os direitos já existam. No entanto, vale relembrar 
que, os direitos da personalidade se estabelecem ainda antes da pessoa nascer, como é o caso da 
proteção da personalidade do nascituro, e ainda perduram, mesmo com a morte, como no caso da 
proteção do nome do falecido.
f. Não patrimoniais – Não se pode avaliar o direito da personalidade em dinheiro (pecúnia). 
Entretanto, nos casos de indenização por violação, afere-se a violação por indenização pecuniária.
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VOCÊ SABIA?
No que tange aos direitos personalidade, em se tratando de morto, a legitimidade 
para requerer as medidas cabíveis para cessar lesão ou ameaça recai sobre o cônjuge 
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
DIREITOS DA PERSONALIDADE GERAIS E ESPECIAIS
Querido (a) aluno (a), como vimos acima, os direitos de personalidade são um todo unitário, mas dinâmico, 
que engloba os valores essenciais da pessoa. No entanto, a doutrina advoga que um direito geral de 
personalidade se desdobra em direitos especiais da personalidade.
INTEGRIDADE FÍSICA
São aqueles atinentes ao direito a vida, saúde, direito ao corpo, direito as partes separadas do corpo. 
O direito ao corpo aborda as cirurgias de transgenitalização, trazem questões importantes ligadas ao 
direito ao corpo. Tal cirurgia diz respeito aos transexuais que não se confundem com o homossexual ou 
travesti. Pois, o transexual é a pessoa que tem um corpo físico incompatível com a alma diversa do seu 
corpo, tem um gênero diverso do seu corpo físico assim, a cirurgia adequa o seu corpo físico com o seu 
gênero. 
Neste sentido, existe o Conselho Federal de Medicina, aceita a cirurgia, uma vez que é uma questão grave 
que afeta psicologicamente o indivíduo. Desta forma, os tribunais (após Constituição Federal) admitiram 
a legitimidade, legalidade desta cirurgia.
Neste contexto, o artigo 13 do Código Civil quando discorre sobre a cirurgia, procura limitar aquelas 
pessoas que tem automutilação por prazer, por exemplo, retirar a costela para ficar esteticamente mais 
fina ou magra. Assim, o art. 13 limita atos de disposição do próprio corpo, quando importarem diminuição 
permanente da integridade física, ou contrariarem os bons costumes às situações em que há exigência 
médica, senão vejamos:
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio 
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou 
contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de 
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
No caso do direito à saúde a reflexão parte do art. 15 Código Civil de 2002, que traz o consentimento 
informado, quando nenhum paciente pode ser constrangido a tratamento médico com risco de vida. 
???
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Código Civil: 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
PALAVRAS DO PROFESSOR
Nessa situação, a ideia central é que no tratamento à saúde o médico deve se submeter 
à autonomia do paciente, pois este tem direito a informação e o médico o dever de 
informar o paciente, sobre a gravidade do tratamento e ele deve se submeter à decisão 
do paciente, uma vez informado compete ao paciente querer ou não aquele tratamento, 
se aquele tratamento redundar na morte. Há muito tempo estava consolidada na 
experiência médica era um fator independente, por exemplo, testemunhas de Jeová.
Contudo, começa-se a permitir, no Brasil, o estabelecimento de diretivas antecipadas 
de vontade para tratamentos médicos, os chamados “testamentos vitais”, por aplicação 
da Resolução CFM 1.995/2012, que assim dispõe em ser art. 1º:
“Definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de 
desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, 
sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no 
momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e 
autonomamente, sua vontade”.
Contudo, ainda não há consenso legal sobre o assunto, que é tratado apenas pela 
referida Resolução.
Com relação às partes separadas do corpo, o art. 14 Código Civil de 2002, admite que 
qualquer indivíduo pode dispor do corpo após da morte. Compreendemos, à luz da lei 
dos transplantes (9434/97) uma vez que existe a disposição ainda em vida dos órgãos do 
corpo ainda em vida, exige algumas regras éticas: devem ser gratuitos, órgãos duplos.
Código Civil: 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a 
disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para 
depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente 
revogado a qualquer tempo.
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DIREITO DA INTEGRIDADE MORAL/ESPIRITUAL DO INDIVÍDUO
São aqueles atinentes ao direito à identidade, direito à imagem, direito à honra, direito à privacidade, 
intimidade. 
O direito a identidade é um direito a individualidade, você pode ter direito a identidade genética, isto é 
conhecimento aos laços antecedentes. 
Na identidade social, o direito ao nome que é um elemento distintivo do indivíduo, conforme se verifica 
no Código Civil:
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome 
e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em 
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda 
quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda 
comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que 
se dá ao nome.
O legislador protege não apenas ao nome como também ao pseudônimo. Existe a questão do chamado 
nome social (e que se liga ao nome do indivíduo que procedeu a cirurgia de trangenitalização).
O direito à imagem é o direito à imagem física, o direito à honra se comunica com a questão da imagem.
Já o Direito à privacidade e integridade, hoje chama a atenção à intimidade como o direito de estar só. 
Neste caso, o direito à intimidade diz respeito à vida íntima da pessoa,daquela, cujo conhecimento não 
causa nenhuma mudança na sociedade, este direito a intimidade causa situações sobre orientações, 
opções iniciativa de vida pessoal. 
Como um derivado ao direito à intimidade, surge o direito ao esquecimento, que é um direito de 
personalidade novo e tem a ver com intimidade e privacidade. 
O direito ao esquecimento é o direito a não publicidade de aspectos da vida pessoal quando se trate de 
circunstância em que essa informação não corresponda ao contexto da matéria publicada, é uma barreira 
ao abuso de direito de informação.
DICA 
O nome social, a designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e 
é socialmente reconhecida, é igualmente protegido. O Decreto 8.727/2016, em vigor 
desde 28/04/2016, protege o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de 
gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal 
direta, autárquica e fundacional.
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VEJA O VÍDEO!
Para entender a temática direitos da personalidade, sugiro 
que você assista ao vídeo do Professor André Barros. Acesse 
o LINK. Espero que goste. (Duração 50:37)
CAPACIDADE 
Regressando ao artigo 1º, quando ele diz: é capaz de direitos e deveres na ordem civil, já podemos perceber 
a primeira noção de capacidade, que vem a ser a maior ou menor extensão dos direitos e obrigações.
Assim, Caros (as) alunos (as), a capacidade exprime poderes ou faculdades. Já a personalidade é a 
resultante desses poderes, enquanto a pessoa é o ente a quem a ordem jurídica outorga esses poderes.
Nesse caminho, a personalidade tem sua medida na capacidade e para termos esta medida será necessário 
diferenciarmos a capacidade de direito (de gozo) da capacidade de fato (de exercício).
A capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil se dá o nome de capacidade de 
gozo ou de direito. Tal capacidade é inerente à pessoa humana, neste sentido capacidade tem a mesma 
significação de personalidade. Contudo, esta capacidade de direito pode vir a sofrer algumas restrições 
legais, por causas diversas, no seu exercício.
A capacidade de exercer por si mesmo os atos da vida civil se dá o nome de capacidade de fato ou de 
exercício.
Poxa, professor são muitas informações, você pode explicar mais devagar?
Claro que sim, vamos lá. Até o momento, o seu entendimento a respeito do assunto deve ter sido o 
seguinte: 
A pessoa natural é o ser humano, que ao nascer com vida, adquire personalidade civil, considerado, 
então, como sujeito de direitos e obrigações.
Deste modo, como a capacidade é limitada, para termos a medida da personalidade se faz necessário 
distinguir essa capacidade. Sendo dividida em duas espécies: a primeira, denominada de gozo ou de 
direito, que é aquela oriunda da personalidade, e que é inerente à pessoa; e a segunda, denominada de 
fato ou de exercício, que é a capacidade de exercer estes direitos por si só na vida civil.
Então, uma pessoa quando nasce, adquire personalidade e também, por consequência, a capacidade de 
gozo ou de direito, no entanto, ainda não adquire a capacidade de fato ou de exercício, tendo em vista que 
um recém-nascido não consegue exercer estes direitos por conta própria.
Quando esta pessoa crescer, saudável e sem impedimentos, ela vai possuir, então, as duas capacidades: 
a) a inerente a sua condição de ser humano (oriunda da personalidade) e b) a plena capacidade de exercer 
por ela mesma estes direitos. Isto, em regra, ocorre quando a pessoa completa 18 anos.
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INCAPACIDADE 
Incapacidade é a restrição legal para determinados atos da vida civil. Todas as incapacidades estão 
previstas em lei, neste sentido temos que falar que a capacidade da pessoa natural é a regra, sendo a 
incapacidade a exceção.
DICA
Você precisa estar atento a um detalhe: não se deve confundir o instituto da incapacidade 
com a proibição legal de efetuar certos negócios jurídicos com certas pessoas ou com 
relação aos bens a elas pertencentes. Esta proibição atribui falta de legitimidade a 
pessoa e não incapacidade.
EXEMPLO
Distinção dos conceitos de capacidade e de legitimação. Uma pessoa que possui 
capacidade de fato pode por vezes não ter legitimidade para praticar um negócio 
jurídico, por exemplo, a proibição de um pai vender um bem para um filho sem a 
autorização dos demais filhos, se os tiver, e da sua esposa. 
Perceba que, no exemplo dado, o pai é uma pessoa natural, com plena capacidade, 
entretanto, o ato de venda é ilegítimo, pois falta legitimidade.
Veja alguns exemplos de falta de legitimidade encontrados no Código Civil:
Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os 
administradores de bens alheios não poderão dar em comodato, 
sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos 
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da 
separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens 
imóveis;
INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA
Opa! Então quer dizer que há mais de um tipo de incapacidade?
Sim. E estes dois tipos diferenciam-se basicamente pela sua gradação. Trata-se da incapacidade absoluta 
e da incapacidade relativa. 
A incapacidade basoluta ocorre quando uma pessoa ficar totalmente proibida de exercer por si só o 
16
direito. Se esta proibição não for respeitada será nulo qualquer ato praticado pelo incapaz. 
Neste tipo de incapacidade, a pessoa natural tem direitos, ou seja, tem capacidade de gozo ou de direito, 
mas não possui a capacidade de fato ou de exercício, porque sozinha não poderá praticar atos da vida 
civil, ela precisará para tanto estar representada.
A incapacidade absoluta está normatizada no artigo 3º do Código Civil:
Art.3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Já a Incapacidade relativa ocorre é atinente aquelas pessoas que não podem exercer autonomamente os 
atos da vida civil, elas necessitam de assistência. Existem, porém, determinados atos que estas pessoas 
podem praticar sozinhas. Os maiores de 16 anos e menores de 18 podem, por exemplo: aceitar mandato, 
fazer testamento, ser testemunha em atos jurídicos, votar.
A incapacidade relativa está normatizada no Art. 4o do Código Civil: 
I. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II. os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III. aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade;
IV. os pródigos.
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
Em regra, a incapacidade cessará (terminará) se as situações que a determinavam desaparecerem, caso 
contrário permanece a incapacidade. Vejamos abaixo:
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa 
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I. pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou 
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos 
completos;
II. pelo casamento;
III. pelo exercício de emprego público efetivo;
IV. pela colação de grau em curso de ensino superior;
V. pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação 
de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria.
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EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
O fim da pessoa significa a extinção de sua capacidade. Pois bem. De acordo com o art. 6º do CC/2002, 
ela termina, no caso da pessoa natural, com a morte. Ademais, o termo morte é um conceito que não 
pertence ao Direito, e sim a medicina. Tal ciência conceitua como morte encefálica, ou seja, a cessação 
da atividade cerebral atestada por médico. Por isso, a morte sempre deve ser estabelecida mediante 
atestado de morte, segundoo art. 9º, inc. I do CC/2002.
Em algumas situações, a pessoa não pode ter sua morte atestada por médico, porque não se sabe se 
ela morreu, com absoluta certeza. Aí é que entram as situações de ausência e presunção de morte. A 
ausência é estabelecida pelo art. 22 do CC/2002:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver 
notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba 
administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou 
do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o 
ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar 
o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Pois bem. A ausência ocorre quando a pessoa desaparece do domicílio sem deixar representante, havendo 
dúvida quanto à sua existência. Nesse caso, segundo tal artigo, instaura-se um processo para que possa 
o juiz decretar a ausência. Esse processo é regulado pelo CC/2002 e pelo CPC.
PALAVRAS DO PROFESSOR
Primeiro, o juiz vai mandar arrecadar os bens do ausente e nomear um curador, que 
será, segundo o art. 25, prioritariamente, o cônjuge do ausente, sempre que não 
estejam separados judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração 
da ausência. Caso não tenha cônjuge, ou seja, já separado, a curadoria dos bens do 
ausente ficará a cargo dos pais, segundo o §1º.
Se o ausente não tiver pais, serão seus descendentes nomeados, primeiro os mais 
próximos e depois os mais distantes. Ou seja, primeiro verifica se tem filhos, se não 
tiver, serão nomeados os netos. Por fim, se não tiver nenhuma dessas pessoas, o juiz 
nomeia o curador (§3º).
Se, nesses 10 anos, o ausente não regressar e nenhum interessado promover a 
sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio público do Município, 
Distrito Federal ou da União, a depender de sua localização (art. 39, parágrafo único do 
CC/2002).
18
VOCÊ SABIA?
Pode haver a presunção de morte sem decretação de ausência? 
Sim, em situações específicas. Normalmente em situações em que a morte é altamente 
provável, ainda que não comprovada, segundo o art. 7º do CC/2002. Porém, para tanto, 
nesses casos somente poderá ser requerida a decretação de morte presumida depois 
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do 
falecimento:
a. Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (inc . I 
do art.7º), Como nos casos de acidentes aéreos no mar, desaparecido durante uma 
nevasca numa expedição de montanhismo, um jornalista em uma zona de distúrbio 
civil;
b. se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 
dois anos após o término da guerra (inc, II do art. 7º);
c. no caso de pessoas desaparecidas entre 02/09/1961 a 05/10/1988 (Regime Militar 
de exceção vigente no país, incluindo período pré-Golpe e pós-Golpe), sem notícias 
delas, detidas por agentes públicos, envolvidas em atividades políticas ou acusadas 
de participar dessas atividades (Lei nº. 9.140/1995).
Em qualquer caso, a declaração de morte presumida e de ausência necessitam de sentença judicial 
própria, não havendo presunção se morte ou ausência sem que a competente sentença seja registrada no 
registro público, conforme exige o art. 9º do Código Civil 2002.
De outra banda, na comoriência é a presunção de morte simultânea de pessoas reciprocamente herdeiras 
(art. 8º do Código Civil 2002). É importante observar dois pontos.
Primeiro, deve-se esgotar as possibilidades de averiguar medicamente a precedência de quem morreu. 
Se houver meio de identificar quem morreu primeiro, não se aplica a regra da comoriência. Segundo, 
apesar de o artigo não mencionar, uma pessoa deve ser herdeira da outra, ou ter outro direito patrimonial 
derivado dessa relação, ou a verificação da comoriência é desnecessária.
DA PESSOA JURÍDICA
Professor, mas, o que é pessoa jurídica?
As pessoas jurídicas são entidades que conglobam seres humanos, bens ou ambos, seres humanos + 
bens. Tais pessoas são aptas a titularizar relações jurídicas de maneira bastante ampla e, por isso, as 
pessoas jurídicas têm personalidade jurídica, como as pessoas físicas ou naturais.
Ok, e quais são as características da pessoa jurídica?
Existe diversas teorias a depender da doutrina escolhida. Contudo, do ponto de vista prático, podemos 
elencar as seguintes:
???
19
a. Capacidade de direito e capacidade de fato;
b. Estrutura organizativa artificial;
c. Objetivos comuns dos membros que a formam;
d. Patrimônio próprio e independente dos membros que a formam;
e. Publicidade de sua constituição, dado que, diferente da pessoa física, a pessoa jurídica não tem 
nascimento físico.
E como Código Civil classifica as pessoas jurídicas?
São dois grupos, as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado, 
conforme dicção do art. 40 do CC/2002.
As pessoas jurídicas de direito privado elencadas pelo Código Civil, se dividem em:
I. as associações;
II. as sociedades;
III. as fundações.
IV. as organizações religiosas;
V. os partidos políticos.
VI. as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
FIQUE ATENTO
Atenção com o art. 41, parágrafo único, do Código Civil! As pessoas jurídicas de direito 
público interno que tiverem estrutura de direito privado serão regidas pelas regras 
do Direito Privado. Ou seja, apesar de serem públicas são tratadas como se privadas 
fossem.
REGISTRO E PROVA
De acordo com a Teoria da Realidade Técnica, adotada pelo Código Civil de 2002, a pessoa jurídica resulta 
de um processo técnico, a personificação, que depende da lei.
20
Assim, a pessoa jurídica é assim uma realidade, ainda que produzida pelo Direito, a partir de uma forma 
jurídica. Essa teoria, por conta do Positivismo Jurídico, é a teoria mais aceita no mundo.
Atualmente, ela se encontra no art. 45 do CC/2002, que assim dispõe:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado 
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando 
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se 
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Neste contexto, cumpridos os atos exigidos por lei, a pessoa jurídica passa a existir. A esse processo se 
dá o nome de personificação, que nada mais é do que dotar de personalidade jurídica algo que não tem 
personalidade ainda, para que esse “algo” possa se tornar uma pessoa. Isto é, a personificação constitui 
a pessoa jurídica.
VOCÊ SABIA?
Diferentemente da pessoa física/natural, é possível anular o “nascimento” de uma 
pessoa jurídica. Isso se descumpridos os requisitos legais de sua instituição. É o que 
estabelece o art. 45, parágrafo único do CC/2002: Decai em três anos o direito de anular 
a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, 
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
LEITURA COMPLEMENTAR
Sugiro que você, querido (a) aluno (a), leia o artigo indicado, 
porque, nele, o autor fará um aprofundamento sobre a temática 
da pessoa jurídica.
LINK
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Segundo José Lamartine Corrêa de Oliveira (1979), a desconsideração da personalidade jurídica é um 
fenômeno de dupla crise dupla crise da pessoa jurídica. Não é uma crise do conceito de pessoa jurídica 
ou da própria noção de pessoa jurídica, mas da deformação causada pelo formalismo. Esse formalismo 
atribui um apartamento absoluto entre a pessoa jurídica e a pessoa física/natural.
E neste sentido, esse apartamento absoluto é fonte de abuso pela pessoa física/natural, que se aproveita 
disso para se utilizar da pessoa jurídica com fins diversos do imaginado a ela.
Então, professor o que caracterizao abuso, mencionado pela teoria?
???
21
Nos casos de abuso de direito, fraude, descumprimento de obrigações contratuais e legais, atos ilícitos 
praticados pela sociedade, confusão patrimonial entre o patrimônio pessoa do sócio e o patrimônio da 
pessoa jurídica, de desvio da finalidade contratual prevista no Estatuto, dentre outros.
E quando cabe a desconsideração da personalidade jurídica nos termos do Código Civil?
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão 
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos 
aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica, conforme previsto no Art. 50, do 
Código Civil.
BENS
Olá alunos (as), vamos continuar a tratar dos conceitos iniciais de Direito Civil, e desta vez acerca da 
temática bens. Do ponto de vista prático o que é relevante tratar acerca da temática é classificação dos 
bens, então vamos lá.
Bens é tudo aquilo que seria capaz de ocupar a posição de objeto de uma situação jurídica ou relação 
jurídica. Assim, o conceito de bens é relacionado a uma ideia de gênero. Bens corresponderão a tudo 
aquilo que agrade ou que seja útil de um modo geral: corpóreos, incorpóreos.
Neste sentido, coisas seriam os bens que possam figurar em uma situação jurídica de direito privado. São 
espécies do gênero bens. Utilizaremos a expressão bens.
No tocante as características para que um determinado bem possa figurar nas relações ou situações 
típicas de direito privado, podemos elencar:
a. Utilidade: valor de uso, por exemplo, bem de família, valor de caráter econômico no qual compõem 
o patrimônio, extensão da personalidade do indivíduo.
b. Possibilidade de apropriação: acessível à apropriação. É o caso de bens em comércio e bens fora 
de comércio, os quais tem possibilidade de apropriação, acesso (bens em comércio) e coisas comuns 
(de utilidade geral, que não podem ser apropriados singularmente, por exemplo, o ar).
c. limitabilidade: finitude de seus meios de produção, dos elementos da natureza.
d. Exterioridade: todo bem deve estar fora do sujeito ao qual se liga. Quem contesta afirma que os 
direitos da personalidade são elementos intrínsecos à pessoa e também são considerados bens 
jurídicos.Caro (a) aluno (a), passemos então, à classificação dos bens.
Caro (a) aluno (a), passemos então, à classificação dos bens.
BENS MÓVEIS E IMÓVEIS 
Os bens imóveis têm como definição o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Igualmente, ainda que não sejam, na prática, imóveis, consideram-se imóveis para os efeitos legais outros 
bens e direitos relativos a imóveis. 
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Ademais, ainda que não sejam, na prática, imóveis, consideram-se imóveis para os efeitos legais outros 
bens e direitos relativos a imóveis, quais sejam: a) os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 
asseguram; b) o direito à sucessão aberta; c) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a 
sua unidade, forem removidas para outro local; d) os materiais provisoriamente separados de um prédio, 
para nele se reempregarem.
Segundo Cesar Fiúza (Direito Civil: curso completo, 18a ed., p. 237) categoriza os bens imóveis em quatro:
a. bens imóveis por sua natureza. São o solo e suas adjacências naturais, compreendendo as árvores e 
frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo;
b. bens imóveis por acessão física. É tudo aquilo que o homem incorpora permanentemente e ao solo, 
como sementes e edifícios;
c. bens imóveis por acessão inelectual. É tudo aquilo que se mantém intencionalmente no imóvel 
para sua exploração, aformoseamento ou comodidade. A categoria dos bens imóveis por acessão 
intelectual foi retirada do Código, que a substituiu pela categoria das pertenças.
d. bens imóveis por força de lei. São aqueles que, por sua própria natureza, não se podem classificar 
como móveis ou imóveis. Nessa categoria se incluem os direitos reais sobre imóveis e as ações que 
os asseguram, além do direito à sucessão aberta.
No que tange aos bens móveis, podemos definir como aqueles bens suscetíveis de movimento próprio, ou 
de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
FIQUE ATENTO
Cabe salientar que, ainda que não sejam visivelmente móveis, consideram-se móveis 
para os efeitos legais:
a. as energias que tenham valor econômico;
b. os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
c. os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações;
d. os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, 
conservam sua qualidade de móveis;
e. os materiais provenientes da demolição de algum prédio.
BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS 
Nos termos do art. 85 do CC/2002, são fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. De outra banda, infungíveis, portanto, serão aqueles que, ao contrário, 
possuem peculiaridades próprias que os tornam únicos, insubstituíveis.
BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS
São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo 
também considerados tais os destinados à alienação, segundo o art. 86. Já os bens Inconsumíveis, 
consequentemente, aqueles cuja fruição os mantém hígidos, sem destruição.
23
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
Os bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam, consoante o art. 87 do CC/2002. Além 
disso, os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por 
vontade das partes.
1.10.5 Bens singulares e coletivos
São bens singulares os que embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. 
É o caso, por exemplo, de uma árvore frutífera ou de uma garrafa de refrigerante.
Já os bens coletivos serão os bens singulares – iguais ou diferentes – reunidos em um todo. Passa-se 
a considerar o todo, ainda que não desapareça a peculiaridade individual de cada um. É o caso de um 
pomar de árvores frutíferas ou de um carregamento de garrafas de refrigerante.
Nessa seara, inclui-se a universalidade de fato, que constitui a pluralidade de bens singulares que, 
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária, por exemplo, o caso de uma biblioteca que, 
apesar de poder ser compreendida através de cada um dos livros, constitui uma destinação unitária, um 
todo maior.
VOCÊ SABIA?
A universalidade de direito, como o nome diz, não constitui uma totalidade na prática. 
Porém, para efeito do Direito, determinado o complexo de relações jurídicas, de 
uma pessoa, dotadas de valor econômico, constitui uma unitariedade, segundo o 
art. 91. É o caso, por exemplo, da herança ou do patrimônio. Ambos, ainda que na 
prática constituam diversas singularidades, são tomadas como uma universalidade, 
juridicamente falando.
BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS
O bem principal é aquele bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente, por exemplo, o solo, ou um 
veículo automotor. De outra banda, o bem acessório é aquele cuja existência pressupõe a existência do 
principal, como, por exemplo, a casa que se liga ao solo ou os pneus do carro.
De mais a mais, os bens acessórios podem ser subdivididos em: a) Frutos; b) Produtos; c) Benfeitorias; d) 
Acessões; e) Pertenças; f) Partes integrantes, senão vejamos.
a. Frutos - São os bens que se derivam periodicamente do bem principal, sem que ele se destrua, ainda 
que parcialmente, como, por exemplo, as frutas de uma árvore ou o aluguel de um imóvel.
b. Produtos - Ao contrário dos frutos, sua obtenção significa redução do valor do bem, pois não são 
produzidos periodicamente,como, por exemplo, a madeira da árvore ou o petróleo de um campo.
c. Benfeitorias - São acréscimos realizados num bem preexistente, com diversas finalidades.
???
24
Segundo o art. 96, as benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. São voluptuárias as de 
mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou 
sejam de elevado valor, como, exemplificativamente, uma piscina residencial. São úteis as que aumentam 
ou facilitam o uso do bem, como a construção de uma calçada. São necessárias as benfeitorias que 
têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore, como, por exemplo, a recolocação de uma viga 
deteriorada pela chuva.
d. Acessões - Não agregam alguma coisa a algo preexistente, elas são criações naturais ou artificiais 
de bens.
e. Pertenças - são os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, 
ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. É o caso, por exemplo, de um rádio destacável do 
veículo.
f. Partes integrantes - São bens acessórios que se ligam de tal modo ao principal, que sua remoção 
tornaria o bem principal incompleto. É o caso das rodas e pneus de um veículo.
BENS PÚBLICOS E PRIVADOS
São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno. 
Nesse aspecto, constituem bens públicos, de acordo com Código Civil, no art. 99:
a. os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
b. os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da 
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
c. os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de 
direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
BEM DE FAMÍLIA
Olá, aluno (a), e para finalizar nossa unidade, vamos as noções gerais de bem de família.
No ordenamento brasileiro, a Lei 8.009/1990, estabelece a proteção, isto é, a impenhorabilidade do bem 
de família, assim, entendido, segundo o art. 1°, como o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade 
familiar, limitado a uma única residência utilizada pela entidade como residência permanente, segundo 
o art. 5° da Lei. Se a entidade familiar tiver mais de um imóvel, considera-se bem de família o de menor 
valor, salvo se outro tiver sido registrado junto ao Registro de Imóveis como o bem de família, por meio de 
escritura pública, nos termos do art. 6° da Lei.
FIQUE ATENTO!
O bem de família abrange, ainda, segundo o parágrafo único do art. 1º, o imóvel sobre 
o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza 
e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a 
casa, desde que quitados.
25
PALAVRAS DO PROFESSOR
Então meu caro (a) aluno (a), gostou de nosso primeiro encontro?
Se precisar de ajuda fale com seu professor, ele estará a sua disposição para lhe ajudar 
no que for preciso.
Vamos ao nosso raciocínio final. Nesta unidade, analisamos as noções estruturais da 
pessoa natural, personalidade jurídica, capacidade e incapacidade e pessoa jurídica. 
Esta foi apenas nossa primeira unidade. Espero que você tenha gostado do conteúdo 
compartilhado. Leia o livro texto, os artigos indicados e assista ao vídeo que eu lhe 
asseguro na nossa disciplina. 
Nós nos vemos no próximo encontro! Até lá, revise o material sugerido para que 
possamos ter um melhor aproveitamento da nossa disciplina.
Bons estudos!!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. Parte Geral. Volume 1. Editora Saraiva, 5ª 
Edição, 2012.
CORRÊA DE OLIVEIRA, J. Lamartine. A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo: 
Saraiva, 1979.
FIÚZA, César. Direito Civil. Curso Completo. Belo Horizonte: Del Rey, 2015
	INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL - DA PESSOA NATURAL E DA PESSOA JURÍDICA 
	DA PESSOA NATURAL
	AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
	TEORIAS ASSOCIADAS À AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (NASCITURO):
	DIREITOS DA PERSONALIDADE
	CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE 
	DIREITOS DA PERSONALIDADE GERAIS E ESPECIAIS
	INTEGRIDADE FÍSICA
	DIREITO DA INTEGRIDADE MORAL/ESPIRITUAL DO INDIVÍDUO
	CAPACIDADE 
	INCAPACIDADE 
	INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA
	CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
	EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
	DA PESSOA JURÍDICA
	REGISTRO E PROVA
	DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
	BENS
	BENS MÓVEIS E IMÓVEIS 
	BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS 
	BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS
	BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
	BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS
	BENS PÚBLICOS E PRIVADOS
	BEM DE FAMÍLIA

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