Buscar

Estudo de Atenção por meio do Efeito Stroop

Prévia do material em texto

IESB – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
CURSO DE PSICOLOGIA – 6º semestre - Noturno
Disciplina: Psicologia Cognitiva
Professor: Sérgio Henrique de Souza Alves
			
				
				
Estudo de Atenção por meio do Efeito Stroop
Ana Carolina Pradela de Oliveira - 1211120098
Ana Ceolin da Silva - 1511120428
Ariane de Almeida Lupiano - 1711120109
Emanuelly Cristina de Souza Campos - 1711120145
Leni Teresinha dos Reis Lopes - 1711120205
Maria de Jesus Soares de Mendonça - 1521120151
Brasília, 17 de setembro de 2019
Introdução
John Redley Stroop, em 1935, desenvolveu o teste Stroop de Cores e Palavras, que tem como objetivo verificar o controle inibitório e processos de atenção. Segundo, Cunha, Jabson, Guimaraes, Afonseca, Nascimento e Santos, (2012), o teste Stroop tem sido muito utilizado na atenção seletiva em neuropsicologia há mais de 70 anos. Versões do Stroop tem sido utilizada na avaliação de vários aspectos das funções executivas, como: inibição, interferência e atenção (Brandelero & Toni, 2015).
Existem várias versões do teste Stroop, sendo que a mais comum é a versão Golden e Freshwater. Esse teste é apresentado em três etapas, sendo a primeira denominada Cor. Nessa parte o indivíduo realiza a leitura dos nomes das cores escritas em tinta preta. Já na segunda, o sujeito precisa nomear as cores impressas no papel. E por fim, a última etapa é denominada Cor e Palavra, nessa fase o indivíduo precisa nomear as cores impressas desconsiderando o nome da cor. Por exemplo: cores, como azul, vermelho, amarelo e verde são escritas em cores diferentes; a palavra azul escrita em amarelo, a palavra vermelha escrita em azul, e assim por diante; são palavra de cores escritas em cores diferentes (Brandelero & Toni, 2015). Na última etapa, a incongruência de cor e palavra conduz a maioria dos participantes a errar ou a inibir a sua primeira resposta automática, ou seja, falando primeiro a palavra e não a cor. Esse erro constitui o Efeito Stroop (Cunha, Jabson, Guimaraes, Afonseca, Nascimento & Santos, 2012). 
Segundo, Klein, Adda, Miotto, Souza de Lucia & Scaff, (2010), o entendimento do efeito Stroop tem origem com o trabalho de doutorado de James Mackeen Cattel em 1886. Nesse trabalho Cattel já falava que palavras e letras por ter frequente associação entre ideias e nome tem um processo automático enquanto que no caso de cores e imagens era necessário um esforço voluntário para a escolha do nome, o que explicaria o fato de que se leva mais tempo para nomear cores do que para ler os nomes de cores. Assim, é mais fácil identificar o nome (a palavra) azul do que a cor azul em uma imagem. 
No teste, a fase em que o efeito Stoop é mais acentuado é quando é apresentado o cartão contendo nomes de cores que estão impressas em cores diferentes do que está escrito e o indivíduo precisa falar somente as cores da impressão e não ler a palavra escrita. Essa tarefa se apresenta, para o indivíduo, com grau de dificuldade muito maior, levando em alguns momentos a pessoa a se confundir, evidenciando assim, o efeito Stroop (Klein, Adda, Miotto, Souza de Lucia & Scaff, 2010). 
Desta forma, o objetivo do trabalho foi estudar a atenção no efeito Stroop, como comenta Lezak (1995, citado em Montagnero, Lopes e Galera (2008), vol. X, nº 2, p.157-169) sem um conceito universalmente aceite, a atenção é um conceito com várias definições, muitas vezes divergentes e pode ser considerada como uma variável da atividade mental relacionada com a eficiência do processamento cognitivo. Ela não se refere a uma unidade unitária, mas engloba diversos mecanismos; não se liga a uma única estrutura anatómica e nem pode ser avaliada por um único teste ou prova.
Ou seja, de acordo com a apresentação dos cartões, é preciso analisar a capacidade dos participantes de inibir uma resposta automática, para Montagnero, Lopes e Galera, (2008), Esse controle cognitivo é crucial quando o conflito da resposta está presente e a execução da tarefa-alvo exige inibição de respostas habituais ou treinadas inapropriadas naquele momento.
Método:
Participantes
São seis (06) participantes, todas mulheres, três com idades entre 54 e 58 anos, e três com idades entre 25 e 32 anos. Classificamos os participantes da seguinte maneira: AC1, AC2, AL, MJ, E e L, todas cursando o 6º semestre de psicologia no IESB. (Ana Carolina; Ana Ceolin 32 anos; Ariane 56 anos; Maria de Jesus 54 anos; Emanuelly 25 anos e Leni 58 anos). 
Local
O experimento foi realizado em sala de aula da Instituição de Ensino Superior de Brasília – IESB, na sala PSC06. A sala tem aproximadamente 7x7 m2, com umas 50 carteiras estudantis de um braço lateral. Uma mesa para o professor, com um computador e uma cadeira. No teto um retroprojetor e na parede em frente as carteiras um quadro branco de 5m e uma tela retrátil para projeção. Numa das paredes laterais é toda de vidros e janelas com persianas brancas. A temperatura é de aparentemente 24º graus. No local vários grupos de estudantes fazendo o mesmo teste, pouco menos de 40 alunos.
Instrumentos
Para a realização do experimento foram utilizados os seguintes instrumentos:
Três Cartões:
1º- com 24 nomes de cores (impressos na cor preta)
2º- 24 réguas impressas com cores diferentes.
3º- 24 nomes de cores, impressos em cores diferentes dos seus respectivos nomes. 
Cronômetro
Folha de caderno para registro dos resultados
Procedimentos
Foi entregue a participante “E”, o primeiro cartão e foi pedido que ela lesse os nomes enquanto seu tempo e erros seriam anotados.
Dois participantes auxiliaram. Um ficou cronometrando e anotando o tempo e o outro anotando os erros.
O segundo cartão foi entregue a participante “E”, e foi pedido a ela que falasse as cores que se apresentavam nas réguas.
Novamente o tempo e os erros foram anotados.
O terceiro cartão foi entregue a participante “E”, e foi pedido a ela que falasse as cores das palavras ao invés de fazer a leitura das palavras.
Novamente o tempo e os erros foram anotados.
O mesmo procedimento foi realizado com as participantes AC1, AC2, AL, MJ, e L.
Resultados:
A Tabela 1 e a Figura 1 representam o registro do tempo de cada participante para a conclusão da leitura de cada um dos três cartões. O tempo foi registrado em segundos. Como não houve nenhum erro, de nenhum dos participantes só serão feitos os estudos com base nos tempos.
Tabela 1: Tempos marcados em segundos durante a leitura de cada um dos cartões.
	Participantes
	C a r t õ e s
	
AC1
AC2
AL
E
MJ
L
	1
23’’02
10”23
10”83
13”66
13”12
16’’24
	2
22’’30
16”25
16”08
15”33
16”40
16”36
	3
29’’41
17”20
22”59
18”15
22”35
19’’20 
Figura 1: Representação do tempo em segundos, necessário para a conclusão da leitura de cada um dos três cartões.
	De acordo com a Tabela 1 e a Figura 1, a participante AC2, levou 10”23 para ler o cartão com o nome das cores escrito em tinta preta, já a participante AL, levou 10”83; a participante E, levou 13”66; a participante MJ, levou 13”12; a participante L, levou 16”24; e a participante AC1, levou 23”02.
	No segundo cartão, onde as participantes falavam as cores das réguas, a participante AC2, levou 16”25; a participante AL, levou 16”08; a participante E, levou 15”33; a participante MJ, levou 16”40; a participante L, levou 16”36; e a participante AC1, levou 22”30.
	No terceiro cartão, onde era pra dizer a cor que estava impressa os nomes de outras cores, a participante AC2, levou 17”20; A participante AL, levou 22”59; a participante E, levou 18”15; a participante MJ, levou 22”35; a participante L, levou 19”20; e a participante AC1, levou 29”41.
Discussão:
	Ao analisar os resultados obtidos pelos participantes percebe-se que o menor tempo necessário para a conclusão de leitura, em segundos, é obtido no cartão onde o estímulo é neutro, ou seja, cartão cujo nomes das cores estão escritas na cor preta. 
	No cartão 2, os participantes apresentam um resultado mediano, mas ainda com tempos baixos, em segundos,pois as cores estão expostas.
No terceiro cartão, os participantes apresentaram os maiores valores, em segundos, como mostra a Figura 1, cuja etapa é denominada Cor e Palavras, nessa fase o indivíduo precisa nomear as cores impressas desconsiderando o nome da cor. Stroop descobriu que o sujeito tinha uma grande dificuldade em efetuar a tarefa quando as palavras eram grafadas em cores incongruentes, aumentado consideravelmente o número de erros e a latência da resposta, (Montagnero, Lopes & Galera, 2008).
Macdowd e Shaw (2000, citado por Kristensen, 2006) ao revisarem estudos empíricos publicados desde 1960, sintetizam o debate entre autores que defendem que o efeito da idade no teste Stroop, deve-se ao fato de um prejuízo na atenção seletiva e outros argumentam sobre o efeito geral de diminuição na velocidade de processamento conforme o indivíduo envelhece. Nesse resultado 03 participantes têm mais de 50 anos, (54 e 58) e nos resultados obtidos no terceiro cartão, pode-se ver que o tempo necessário para concluir a leitura, foram as mais altos, (22”59, 22”35, 19”20). Já os participantes mais jovens, entre 25 e 32 anos, fizeram as leituras mais rápidas, (17:20 e 18”15), conforme estudo de Macdowd e Shaw, isso deve-se ao fato deles não terem prejuízos na atenção seletiva, devido às suas idades. E a sexta paciente com leve deficiência visual, fez os maiores tempos, mas não foram encontradas pesquisas e artigos relacionados a esta deficiência, por isso não houve citação de autores. 
Montagnero, Lopes e Galera (2008), falam da existência de vias ou atalhos neurais diferentes para processar “palavras” e para processar “cores”. A via para “palavras” é a mais frequente e a mais estruturada e, portanto, mais eficiente para evocar uma resposta. Como o teste consiste em ignorar essa via da palavra para falar o nome da cor da tinta, ocorre uma interferência, pois a resposta para a palavra já foi acessada antes que a resposta para a cor, provocando erro e confusão, conhecido como efeito Stroop. 
O efeito Stroop, ou efeito interferência, ocorre na apresentação de cartão contendo nomes de cores as quais estão impressas em cores diferentes do que está escrito, como ocorreu com os participantes que obtiveram maior tempo no último cartão, mesmo que entre eles, os participantes mais novos, tenham obtido menores tempos, em relação aos outros cartões, no terceiro é o maior tempo que eles atingiram também. 
Para Montagnero, Lopes e Galera (2008), o efeito Stroop assemelha-se a uma corrida de cavalos, onde as duas respostas potenciais competem para ser a resposta produzida. Considerando que os dois atributos são processados em paralelo e que é mais rápida a leitura de palavras em relação à nomeação de cores, se a palavra for diferente da cor, a sua influência precisa de ser superada para que a resposta correta possa ser alcançada, dando origem a um tempo de resposta maior e à interferência observada.
Conclusão:
A partir desse estudo, pode-se concluir que o fenômeno chamado efeito Stroop está relacionado com o processo cognitivo de controle inibitório, uma vez que as informações conflitantes demandam que o indivíduo iniba o estímulo prepotente (leitura) por uma resposta menos usual (cores das palavras), o que sugere que o indivíduo tenha bastante atenção para concluir o teste com menos erros possíveis. Além disso, ele coloca em evidencia a capacidade do sujeito de classificar a informação e reagir de forma seletiva à mesma informação (Esgalhado, 2002). 
Foi possível concluir no estudo, que a tarefa de ler as palavras se tornou mais automatizada por ser uma prática do dia a dia. Porém, quando mudamos a tarefa para a nomeação das cores a tarefa é mais difícil de ser executada, produzindo o fenômeno da interferência. Essas interferências ocorrem em algumas situações, pois também está em jogo a maior ou menor capacidade que o sujeito tem para selecionar os estímulos relevantes para a tarefa e inibir o processamento dos que são irrelevantes (Melara & Mounts, 1993). 
Com base nos resultados apresentados, conclui-se que a validação do teste Efeito Stroop é capaz de identificar a presença ou ausência de atenção concentrada em detrimento das interferências externas.
Na pesquisa em questão constatou-se que existe sim um efeito que age em atrito no recurso da atenção concentrada, dificultando tal processo, conforme apresentado nos resultados, ou seja, um aumento significativo no tempo de reação de resposta no cartão 3 do teste Stroop de Cores e palavras, pois exigiu do participante uma maior concentração, e onde seu cérebro simultaneamente lidou com informação conflitantes. 
Referências Bibliográficas
Brandelero, V., Toni, P. M. (2015). Estudo de Validade do Teste Stroop de Cores e Palavras para Controle Inibitório - Psicologia Argumento. v.33, n.80. Recuperado de: http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/pa?dd1=16150&dd99=view&dd98=PB
Cunha, B. L. A., Jabson, S. F., Guimaraes, R. R., Afonseca, A. C., Nascimento, L. F., Santos, S. S. (2012). Efeito Stroop: uma estratégia para difusão do conhecimento científico sobre anatomia e funcionalidade do sistema nervoso. v. 2 n. 4: Revista Focando a Extensão. Recuperado de: http://periodicos.uesc.br/index.php/extensao/article/view/759
Klein, M., Adda, C. C., Miotto, E. C., Souza de Lucia, M. C., Scaff, M. (2010). O paradigma stroop em uma amostra de idosos brasileiros. vol.8 no.1. Recuperado de:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-74092010000100007
Montagnero, A. V., Lopes, E. J., Galera, C. (2008). Relação entre traços de ansiedade e atenção através de Tarefas de Stroop. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva - Vol. X, nº 2, 157-169.  Recuperado de: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtcc/v10n2/v10n2a04.pdf
Raposo, M. S. V. (2012). Adaptação do Teste Stroop de Cores e Palavras para Adultos Jovens. Recuperado de: https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/2522/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Marta_Raposo.pdf
Esgalhado, G. O efeito Stroop: Um fenômeno raro. Revista Psicologia e Educação 2002. Recuperado de http://psicologiaeeducacao.ubi.pt/Files/Other/Arquivo/VOL1/PE%20N1e2/PE%20N1e2_index_11_.pdf 
Melara, R.D. & Mounts, J.R.W. Memory & Cognition (1993) 21: 627. Recuperado de https://doi.org/10.3758/BF03197195

Continue navegando