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06 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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VI
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO – MPT
1 INTRODUÇÃO
S obre a Instituição Ministério Público, consignaremos em primeiro momento os ensinamentos do
Professor Carlos Henrique Bezerra Leite40:
“A palavra ‘ministério’, segundo De Plácido e Silva, provém do latim ministerium, no sentido amplo
de ofício, cargo ou função que se exerce. Nesta acepção, equivale a mister ou mester.
Os latinos distinguiam manus, que era o exercício do cargo público, do qual surgiram as
expressões ministrar, ministro, administrar, e ministerium, que significava o exercício do trabalho
manual.
No início, a figura do Ministério Público relacionava-se à dos agentes do rei (les gens du roi), isto é,
a ‘mão do rei’ e, atualmente, para manter a metáfora, a ‘mão da lei’.
A expressão parquet, bastante utilizada com referência ao Ministério Público, advém da tradição
francesa, assim como ‘magistratura de pé’ e les gens du roi.
Com efeito, os procuradores do rei, antes de adquirirem a condição de magistrados e terem
assento ao lado dos juízes, ficavam, inicialmente, sobre o assoalho (parquet) da sala de audiências,
e não sobre o estrado, lado a lado à ‘magistratura sentada’.
A denominação parquet, portanto, ficou universalmente consagrada”.
2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
O Ministério Público é uma das instituições mais importantes de qualquer sistema democrático.
Podemos conceituar o Ministério Público como a instituição permanente, constitucionalmente prevista,
essencial à função jurisdicional do Estado, dotada de autonomia funcional e administrativa, desvinculada dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, tendo por funções a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático, dos interesses sociais e individuais indisponíveis, das liberdades públicas constitucionais e da
garantia do contraditório.
Portanto, são características do Ministério Público:
é uma instituição permanente;
é essencial à função jurisdicional do Estado;
consubstancia uma instituição permanente, com autonomia funcional e administrativa.
Nesse diapasão, parcela da doutrina sustenta que o Parquet seria o Quarto Poder da
República;
tem como funções a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais
e individuais indisponíveis, das liberdades públicas constitucionais e da garantia do
contraditório.
3 PREVISÃO CONSTITUCIONAL
A Constituição Federal de 1988 disciplina o Ministério Público nos arts. 127 a 130-A, in verbis:
“Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado
o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços
auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na
lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente,
ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os
limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins
de consolidação da proposta orçamentária anual.
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas
ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares
ou especiais.
Art. 128. O Ministério Público abrange:
I – o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II – os Ministérios Públicos dos Estados.
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo
Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de
dois anos, permitida a recondução.
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República,
deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice
dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que
será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma
recondução.
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser
destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar
respectiva.
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
Público, observadas, relativamente a seus membros:
I – as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença
judicial transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
ampla defesa;
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37,
X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
II – as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas
processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União
e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no
artigo anterior;
VIII – requisitar diligências investigatórias
e a instauração de inquérito policial, indicados os
fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que
deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e
títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas
nomeações, a ordem de classificação.
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93.
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as
disposições desta Seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
I – o Procurador-Geral da República, que o preside;
II – quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de
suas carreiras;
III – três membros do Ministério Público dos Estados;
IV – dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de
Justiça;
V – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI – dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos
Ministérios Públicos, na forma da lei.
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e
financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros,
cabendo-lhe:
I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos
Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da
União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência
disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso,
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla
defesa;
IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério
Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
V – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do
Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no
art. 84, XI.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os membros do
Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que
lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
I – receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do
Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;
II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;
III – requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar
servidores de órgãos do Ministério Público.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao
Conselho.
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes para
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério
Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional
do Ministério Público”.
4 COMPOSIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Com base no art. 128 da CF, o Ministério Público abrange:
I) o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II) os Ministérios Públicos dos Estados.
O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo
Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação
de seu nome pela maioria absoluta dos membros do S enado Federal, para mandato de dois anos,
permitida a recondução.
A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá
ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
O s Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice
dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que
será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
O s Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos
por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público.
5 PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS QUE REGEM O MINISTÉRIO PÚBLICO
A Constituição Federal, em seu art. 127, § 1º, aduz os principais princípios que regem o
Ministério Público, in verbis:
“Art. 127. (...)
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional”.
Vale ressaltar que os princípios institucionais da unidade, da indivisibilidade e da independência
funcional não se excluem, mas se harmonizam, com o escopo da consecução da plena realização das
missões institucionais do Ministério Público.
Estudaremos a seguir cada um deles de forma detalhada.
5.1 Princípio da unidade
Segundo este princípio, os membros de um mesmo Ministério Público integram um só órgão, sob a
direção de um só chefe. Todos os membros que integram o Ministério Público agem individual e
legitimamente, com o objetivo de serem atingidas as suas funções institucionais, como um todo.
Dito de outro modo, significa que todos os órgãos dos Ministérios Públicos devem atuar de forma
orgânica e institucional, com o escopo da defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos
interesses sociais e individuais indisponíveis, das liberdades públicas constitucionais e da garantia do
contraditório.
Com efeito, segundo o art. 128, caput, do Texto Maior, o Ministério Público abrange o Ministério
Público da União (que compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o
Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios) e o Ministério
Público dos Estados, traduzindo o ideário da unidade do Parquet.
Não obstante, vale ressaltar que não há unidade administrativa entre os órgãos de Ministérios
Públicos diversos. Corroborando essa assertiva, o art. 185 da Lei Complementar n. 75/93 aduz que é
vedada a transferência ou aproveitamento nos cargos do Ministério Público da União, mesmo de um
para outro de seus ramos.
5.2 Princípio da indivisibilidade
Este princípio deve ser estudado sob dois enfoques:
a) no plano processual: os membros de um mesmo Ministério Público podem ser substituídos
uns pelos outros. Porém, é oportuno consignar que essa substituição deverá preencher dois requisitos
cumulativos:
1º) não poderá ser de forma arbitrária ou ilegal;
2º) não poderá significar alteração subjetiva na relação processual da qual participe a instituição, seja
como órgão agente, seja como órgão interveniente;
b) no plano extraprocessual: os membros dos Ministérios Públicos podem ser substituídos uns
pelos outros, nas seguintes hipóteses:
por motivos de afastamentos temporários, como férias e licenças;
por motivos de novas designações e atribuições do membro que atuava originalmente no
processo ou no procedimento administrativo (normalmente em inquéritos civis). Insta
apontar que a nova designação não poderá ser realizada de forma arbitrária.
Vale ressaltar que a indivisibilidade parte da premissa da existência da unidade. Ademais, os poderes
do procurador-geral encontram limites na independência funcional dos membros da instituição.
5.3 Princípio da independência funcional
S ignifica que um procedimento funcional não poderá ser imposto a um membro do Ministério
Público. O comportamento correto é a recomendação sem caráter normativo ou vinculativo.
Encontramos como fundamento da independência funcional a Constituição Federal e a Lei
Complementar, que asseguram aos membros do Ministério Público garantias funcionais antes
mesmo das garantias pessoais, assegurando-se, com isso, os interesses da lei e não dos governantes.
Assim, resguarda-se a irrestrita independência funcional em relação às matérias cuja solução
dependa da decisão e convicção do membro do Parquet.
Todavia, isso não afasta a obrigatoriedade dos membros do Ministério Público de acatarem as
decisões dos órgãos da administração superior, no âmbito administrativo. Essa subserviência
administrativa deverá observar os preceitos legais, com fulcro no princípio da legalidade que embasa a
prática dos atos da Administração Pública.
5.4 Princípio do promotor natural
Este princípio está previsto no art. 5º, XXXVII e LIII, da CF:
“Art. 5º (...)
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
(...)
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
S egundo o princípio do promotor natural, o jurisdicionado tem a garantia constitucional de ser
processado por autoridades competentes, segundo regras processuais previamente definidas , em
instituições criadas antes da ocorrência dos fatos.
Tem por fundamentos:
independência funcional;
inamovibilidade dos membros da Instituição.
Trata-se de uma importante garantia da própria sociedade e do cidadão, com os seguintes reflexos:
nenhuma autoridade ou poder poderá escolher o Promotor ou Procurador específico para
determinada causa; e
o membro do Ministério Público dará o seu pronunciamento livremente, sem qualquer
interferência de terceiros.
Por fim, os parágrafos do art. 127 da CF estabelecem que:
Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo,
observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus
cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e
títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e
funcionamento (§ 2º).
O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária segundo os limites estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias (§ 3º).
S e o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º (§ 4º).
S e a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os
limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários
para fins de consolidação da proposta orçamentária anual (§ 5º).
Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou
a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos
suplementares ou especiais (§ 6º).
6 FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
O art. 129 da CF estabelece quais são as funções institucionais do Ministério Público, a saber:
Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.
Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.
Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da
União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição.
Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas.
Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva.
Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada
no artigo anterior.
Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os
fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais.
Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
7 GARANTIAS, VEDAÇÕES E DEVERES
O Texto Maior, em seu art. 128, § 5º, estipula garantias e vedações aos membros do Ministério
Público, com o objetivo de assegurar uma atuação autônoma, independente, livre de pressões e
represálias, para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, das liberdades públicas constitucionais e da garantia do contraditório.
7.1 Garantias
São garantias dos membros do MPT:
7.1.1 Vitaliciedade
Após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada
em julgado.
A vitaliciedade do membro do Ministério Público é adquirida após dois anos de efetivo exercício na
função.
Para o membro do Ministério Público da União tornar-se vitalício, é necessário que seja aprovado no
estágio probatório, que pode ser conceituado como o período correspondente aos dois primeiros anos
de efetivo exercício do cargo, à luz do art. 197 da LC n. 75/93. Após dois anos de efetivo exercício do
cargo, os membros do MPU somente poderão ser demitidos mediante decisão judicial transitada em
julgado, exigindo-se a coisa julgada material. Assim, não é mais admitida a perda do cargo por simples
decisão administrativa aplicável ao instituto da estabilidade, como era no sistema anterior à atual
Constituição Cidadã de 1988.
Os membros do Ministério Público da União, durante o estágio probatório, somente poderão
perder o cargo mediante decisão da maioria absoluta do respectivo Conselho
Superior (art. 198 da
LC n. 75/93).
O Conselho do Ministério Público, apreciando o processo administrativo, poderá propor ao
Procurador-Geral da República o ajuizamento de ação civil para demissão de membro do Ministério
Público da União com garantia de vitaliciedade (art. 259, IV, a , da LC n. 75/93).
Conforme já mencionado, os membros do Ministério Público da União, após dois anos de efetivo
exercício, só poderão ser demitidos por decisão judicial transitada em julgado. A propositura da ação
para perda de cargo, quando decorrente de proposta do Conselho S uperior, depois de apreciado o
processo administrativo, acarretará o afastamento do membro do Ministério Público da União do
exercício de suas funções, com a perda dos vencimentos e das vantagens pecuniárias do respectivo
cargo (art. 208, parágrafo único, da LOMPU).
7.1.2 Inamovibilidade
Salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa.
Assim, a inamovibilidade significa a garantia conferida ao membro do parquet de não ser
compulsoriamente removido do seu cargo. Todavia, essa regra não é absoluta, comportando exceção no
caso de “motivo de interesse público”, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
ampla defesa. Esse é o teor do art. 209 da LC n. 75/93, aduzindo que os membros do Ministério
Público da União são inamovíveis, salvo motivo de interesse público, na forma definida pela aludida lei
complementar.
A remoção pode ser conceituada como qualquer alteração da lotação do membro do Ministério Público
da União (art. 210, caput, da LOMPU).
Conforme parágrafo único do art. 210 da LC n. 75/93, temos três espécies de remoção:
1ª) Remoção de ofício – por iniciativa do Procurador-Geral, ocorrerá somente por motivo de
interesse público, mediante decisão do Conselho Superior, pelo voto de dois terços de seus
membros, assegurada ampla defesa (art. 211 da LOMPU).
2ª) Remoção a pedido singular – atenderá à conveniência do serviço, mediante requerimento
apresentado nos quinze dias seguintes à publicação de aviso da existência de vaga; ou, decorrido esse
prazo, até quinze dias após a publicação da deliberação do Conselho S uperior sobre a realização de
concurso para ingresso na carreira. O aviso será publicado no Diário Oficial, dentro de quinze dias da
vacância. Havendo mais de um candidato à remoção, ao fim do primeiro prazo, será removido o de
maior antiguidade; após o decurso desse prazo, prevalecerá a ordem cronológica de entrega dos
pedidos (art. 212 da LOMPU).
3ª) Remoção por permuta – será concedida mediante requerimento dos interessados (art. 213 da
LOMPU).
7.1.3 Irredutibilidade de subsídio
Fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI; 150, II; 153, III; 153, § 2º,
I, da CF. Consubstancia uma garantia conferida aos membros Ministério Público, da Magistratura e
aos servidores públicos em geral, conforme estabelece o art. 37, XV, do Texto Maior. Por fim,
prevalece o entendimento de que a comentada irredutibilidade de subsídio não é real, e sim nominal.
Dessa forma, os subsídios não estão protegidos contra os efeitos negativos da inflação.
Outro tema de destaque a ser abordado são as vedações. Veremos a seguir.
7.2 Vedações
São vedações conferidas aos membros do MP:
1ª) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
2ª) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas
processuais;
3ª) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
4ª) exercer a advocacia;
5ª) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
6ª) exercer atividade político-partidária.
Finalmente, cumpre-nos tratar em próximo tópico dos deveres do Ministério Público.
7.3 Deveres
Conforme art. 236 da LOMPU, o membro do Ministério Público da União, em respeito à dignidade
de suas funções e à da Justiça, deve observar as normas que regem o seu exercício e especialmente
(deveres):
1º) cumprir os prazos processuais;
2º) guardar segredo sobre assunto de caráter sigiloso que conheça em razão do cargo ou função;
3º) velar por suas prerrogativas institucionais e processuais;
4º) prestar informações aos órgãos da administração superior do Ministério Público, quando
requisitadas;
5º) atender ao expediente forense e participar dos atos judiciais, quando for obrigatória a sua
presença; ou assistir a outros, quando conveniente ao interesse do serviço;
6º) declarar-se suspeito ou impedido, nos termos da lei;
7º) adotar as providências cabíveis em face das irregularidades de que tiver conhecimento ou que
ocorrerem nos serviços a seu cargo;
8º) tratar com urbanidade as pessoas com as quais se relacione em razão do serviço;
9º) desempenhar com zelo e probidade as suas funções;
10º) guardar decoro pessoal.
7.4 Hipóteses de impedimento e suspeição
As hipóteses de impedimento e de suspeição aplicáveis ao membro do Ministério Público são as
previstas no Código de Processo Civil, aplicáveis subsidiariamente por força do art. 769 da CLT.
Assim, teremos hipóteses de impedimento do membro do Ministério Público no processo:
1ª) de que for parte;
2ª) em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito ou prestou depoimento como
testemunha;
3ª) que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe emitido parecer ou qualquer outra
manifestação;
4ª) quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente
seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau – nesse caso, o
impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém,
vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do membro do Ministério
Público;
5ª) quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na
colateral, até o terceiro grau;
6ª) quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
De outra sorte, são hipóteses de suspeição dos membros do Ministério Público:
1ª) amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
2ª) alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em
linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
3ª) herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
4ª) receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do
objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
5ª) interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
6ª) ademais, poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.
8 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
Conforme mencionamos acima, o art. 128 da CF estabelece que o Ministério Público do Trabalho
integra o Ministério Público da União.
O MPT é regido pela Lei Maior e pela Lei Complementar n. 75/93 (Lei Orgânica do Ministério
Público da União), que revogou tacitamente os arts. 736 a 757 da CLT.
8.1 Órgãos do Ministério Público do Trabalho
São órgãos do Ministério Público do Trabalho (art. 85 da LOMPU):
1º) o Procurador-Geral do Trabalho;
2º) o Colégio de Procuradores do Trabalho;
3º) o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho;
4º) a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;
5º) a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho;
6º) os Subprocuradores-Gerais do Trabalho;
7º) os Procuradores Regionais do Trabalho;
8º) os Procuradores do Trabalho.
8.1.1 Procurador-Geral do Trabalho
As disposições sobre o Procurador-Geral do Trabalho estão contidas
nos arts. 87 a 92 da LC n.
75/93, in verbis:
“Art. 87. O Procurador-Geral do Trabalho é o Chefe do Ministério Público do Trabalho.
Art. 88. O Procurador-Geral do Trabalho será nomeado pelo Procurador-Geral da República,
dentre integrantes da instituição, com mais de trinta e cinco anos de idade e de cinco anos na
carreira, integrante de lista tríplice escolhida mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, pelo
Colégio de Procuradores para um mandato de dois anos, permitida uma recondução, observado o
mesmo processo. Caso não haja número suficiente de candidatos com mais de cinco anos na
carreira, poderá concorrer à lista tríplice quem contar mais de dois anos na carreira.
Parágrafo único. A exoneração do Procurador-Geral do Trabalho, antes do término do mandato,
será proposta ao Procurador-Geral da República pelo Conselho Superior, mediante deliberação
obtida com base em voto secreto de dois terços de seus integrantes.
Art. 89. O Procurador-Geral do Trabalho designará, dentre os Subprocuradores-Gerais do
Trabalho, o Vice-Procurador-Geral do Trabalho, que o substituirá em seus impedimentos. Em caso
de vacância, exercerá o cargo o Vice-Presidente do Conselho Superior, até o seu provimento
definitivo.
Art. 90. Compete ao Procurador-Geral do Trabalho exercer as funções atribuídas ao Ministério
Público do Trabalho junto ao Plenário do Tribunal Superior do Trabalho, propondo as ações cabíveis
e manifestando-se nos processos de sua competência.
Art. 91. São atribuições do Procurador-Geral do Trabalho:
I – representar o Ministério Público do Trabalho;
II – integrar, como membro nato, e presidir o Colégio de Procuradores do Trabalho, o Conselho
Superior do Ministério Público do Trabalho e a Comissão de Concurso;
III – nomear o Corregedor-Geral do Ministério Público do Trabalho, segundo lista tríplice formada
pelo Conselho Superior;
IV – designar um dos membros e o Coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público do Trabalho;
V – designar, observados os critérios da lei e os estabelecidos pelo Conselho Superior, os ofícios
em que exercerão suas funções os membros do Ministério Público do Trabalho;
VI – designar o Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho dentre os Procuradores Regionais do
Trabalho lotados na respectiva Procuradoria Regional;
VII – decidir, em grau de recurso, os conflitos de atribuição entre os órgãos do Ministério Público
do Trabalho;
VIII – determinar a abertura de correição, sindicância ou inquérito administrativo;
IX – determinar a instauração de inquérito ou processo administrativo contra servidores dos
serviços auxiliares;
X – decidir processo disciplinar contra membro da carreira ou servidor dos serviços auxiliares,
aplicando as sanções que sejam de sua competência;
XI – decidir, atendendo a necessidade do serviço, sobre:
a) remoção a pedido ou por permuta;
b) alteração parcial da lista bienal de designações;
XII – autorizar o afastamento de membros do Ministério Público do Trabalho, ouvido o Conselho
Superior, nos casos previstos em lei;
XIII – dar posse aos membros do Ministério Público do Trabalho;
XIV – designar membro do Ministério Público do Trabalho para:
a) funcionar nos órgãos em que a participação da Instituição seja legalmente prevista, ouvido o
Conselho Superior;
b) integrar comissões técnicas ou científicas, relacionadas às funções da Instituição, ouvido o
Conselho Superior;
c) assegurar a continuidade dos serviços, em caso de vacância, afastamento temporário,
ausência, impedimento ou suspeição do titular, na inexistência ou falta do substituto designado;
XV – homologar, ouvido o Conselho Superior, o resultado do concurso para ingresso na carreira;
XVI – fazer publicar aviso de existência de vaga, na lotação e na relação bienal de designações;
XVII – propor ao Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, a criação e extinção
de cargos da carreira e dos ofícios em que devam ser exercidas suas funções;
XVIII – elaborar a proposta orçamentária do Ministério Público do Trabalho, submetendo-a, para
aprovação, ao Conselho Superior;
XIX – encaminhar ao Procurador-Geral da República a proposta orçamentária do Ministério Público
do Trabalho, após sua aprovação pelo Conselho Superior;
XX – organizar a prestação de contas do exercício anterior, encaminhando-a ao Procurador-Geral
da República;
XXI – praticar atos de gestão administrativa, financeira e de pessoal;
XXII – elaborar o relatório de atividades do Ministério Público do Trabalho;
XXIII – coordenar as atividades do Ministério Público do Trabalho;
XXIV – exercer outras atribuições previstas em lei.
Art. 92. As atribuições do Procurador-Geral do Trabalho, previstas no artigo anterior, poderão ser
delegadas:
I – ao Coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão, as dos incisos XIV, alínea c, e XXIII;
II – aos Chefes das Procuradorias Regionais do Trabalho nos Estados e no Distrito Federal, as
dos incisos I, XIV, alínea c, XXI e XXIII”.
8.1.2 Colégio de Procuradores do Trabalho
O Colégio de Procuradores do Trabalho é regido pelos arts. 93 e 94 da LOMPU, in verbis:
“Art. 93. O Colégio de Procuradores do Trabalho, presidido pelo Procurador-Geral do Trabalho, é
integrado por todos os membros da carreira em atividade no Ministério Público do Trabalho.
Art. 94. São atribuições do Colégio de Procuradores do Trabalho:
I – elaborar, mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, a lista tríplice para a escolha do
Procurador-Geral do Trabalho;
II – elaborar, mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, a lista sêxtupla para a composição
do Tribunal Superior do Trabalho, sendo elegíveis os membros do Ministério Público do Trabalho
com mais de dez anos na carreira, tendo mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos
de idade;
III – elaborar, mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, a lista sêxtupla para os Tribunais
Regionais do Trabalho, dentre os Procuradores com mais de dez anos de carreira;
IV – eleger, dentre os Subprocuradores-Gerais do Trabalho e mediante voto plurinominal,
facultativo e secreto, quatro membros do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho.
§ 1º Para os fins previstos nos incisos deste artigo, prescindir-se-á de reunião do Colégio de
Procuradores, procedendo-se segundo dispuser o seu Regimento Interno, exigido o voto da maioria
absoluta dos eleitores.
§ 2º Excepcionalmente, em caso de interesse relevante da Instituição, o Colégio de Procuradores
reunir-se-á em local designado pelo Procurador-Geral do Trabalho, desde que convocado por ele ou
pela maioria de seus membros.
§ 3º O Regimento Interno do Colégio de Procuradores do Trabalho disporá sobre seu
funcionamento”.
8.1.3 Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho
O Conselho S uperior do Ministério Público do Trabalho é disciplinado pelos arts. 95 a 98 da LC n.
75/93, abaixo apontados:
“Art. 95. O Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, presidido pelo Procurador-Geral
do Trabalho, tem a seguinte composição:
I – o Procurador-Geral do Trabalho e o Vice-Procurador-Geral do Trabalho, que o integram como
membros natos;
II – quatro Subprocuradores-Gerais do Trabalho, eleitos para um mandato de dois anos, pelo
Colégio de Procuradores do Trabalho, mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, permitida
uma reeleição;
III – quatro Subprocuradores-Gerais do Trabalho, eleitos para um mandato de dois anos, por seus
pares, mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, permitida uma reeleição.
§ 1º Serão suplentes dos membros de que tratam os incisos II e III os demais votados, em ordem
decrescente, observados os critérios gerais de desempate.
§ 2º O Conselho Superior elegerá o seu Vice-Presidente, que substituirá o Presidente em seus
impedimentos e em caso de vacância.
Art. 96. O Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho reunir-se-á ordinariamente,
uma
vez por mês, em dia previamente fixado, e, extraordinariamente, quando convocado pelo
Procurador-Geral do Trabalho ou por proposta da maioria absoluta de seus membros.
Art. 97. Salvo disposição em contrário, as deliberações do Conselho Superior serão tomadas por
maioria de votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
§ 1º Em caso de empate, prevalecerá o voto do Presidente, exceto em matéria de sanções, caso
em que prevalecerá a solução mais favorável ao acusado.
§ 2º As deliberações do Conselho Superior serão publicadas no Diário da Justiça, exceto quando o
Regimento Interno determinar sigilo.
Art. 98. Compete ao Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho:
I – exercer o poder normativo no âmbito do Ministério Público do Trabalho, observados os
princípios desta lei complementar, especialmente para elaborar e aprovar:
a) o seu Regimento Interno, o do Colégio de Procuradores do Trabalho e o da Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;
b) as normas e as instruções para o concurso de ingresso na carreira;
c) as normas sobre as designações para os diferentes ofícios do Ministério Público do Trabalho;
d) os critérios para distribuição de procedimentos administrativos e quaisquer outros feitos, no
Ministério Público do Trabalho;
e) os critérios de promoção por merecimento na carreira;
f) o procedimento para avaliar o cumprimento das condições do estágio probatório;
II – indicar os integrantes da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;
III – propor a exoneração do Procurador-Geral do Trabalho;
IV – destituir, por iniciativa do Procurador-Geral do Trabalho e pelo voto de dois terços de seus
membros, antes do término do mandato, o Corregedor-Geral;
V – elaborar a lista tríplice destinada à promoção por merecimento;
VI – elaborar a lista tríplice para Corregedor-Geral do Ministério Público do Trabalho;
VII – aprovar a lista de antiguidade do Ministério Público do Trabalho e decidir sobre as
reclamações a ela concernentes;
VIII – indicar o membro do Ministério Público do Trabalho para promoção por antiguidade,
observado o disposto no art. 93, II, alínea d, da Constituição Federal;
IX – opinar sobre a designação de membro do Ministério Público do Trabalho para:
a) funcionar nos órgãos em que a participação da Instituição seja legalmente prevista;
b) integrar comissões técnicas ou científicas relacionadas às funções da Instituição;
X – opinar sobre o afastamento temporário de membro do Ministério Público do Trabalho;
XI – autorizar a designação, em caráter excepcional, de membros do Ministério Público do
Trabalho, para exercício de atribuições processuais perante juízos, tribunais ou ofícios diferentes dos
estabelecidos para cada categoria;
XII – determinar a realização de correições e sindicâncias e apreciar os relatórios
correspondentes;
XIII – determinar a instauração de processos administrativos em que o acusado seja membro do
Ministério Público do Trabalho, apreciar seus relatórios e propor as medidas cabíveis;
XIV – determinar o afastamento do exercício de suas funções, de membro do Ministério Público do
Trabalho, indiciado ou acusado em processo disciplinar, e o seu retorno;
XV – designar a comissão de processo administrativo em que o acusado seja membro do
Ministério Público do Trabalho;
XVI – decidir sobre o cumprimento do estágio probatório por membro do Ministério Público do
Trabalho, encaminhando cópia da decisão ao Procurador-Geral da República, quando for o caso,
para ser efetivada sua exoneração;
XVII – decidir sobre remoção e disponibilidade de membro do Ministério Público do Trabalho, por
motivo de interesse público;
XVIII – autorizar, pela maioria absoluta de seus membros, que o Procurador-Geral da República
ajuíze a ação de perda de cargo contra membro vitalício do Ministério Público do Trabalho, nos
casos previstos em lei;
XIX – opinar sobre os pedidos de reversão de membro da carreira;
XX – aprovar a proposta de lei para o aumento do número de cargos da carreira e dos ofícios;
XXI – deliberar sobre a realização de concurso para o ingresso na carreira, designar os membros
da Comissão de Concurso e opinar sobre a homologação dos resultados;
XXII – aprovar a proposta orçamentária que integrará o projeto de orçamento do Ministério Público
da União;
XXIII – exercer outras funções atribuídas em lei.
§ 1º Aplicam-se ao Procurador-Geral e aos demais membros do Conselho Superior as normas
processuais em geral, pertinentes aos impedimentos e suspeição dos membros do Ministério
Público.
§ 2º As deliberações relativas aos incisos I, alíneas a e e, XI, XIII, XIV, XV e XVII somente poderão
ser tomadas com o voto favorável de dois terços dos membros do Conselho Superior”.
8.1.4 Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho
A Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho é disciplinada pelos arts. 99
a 103 da LC n. 75/93, in verbis:
“Art. 99. A Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho é um órgão de
coordenação, de integração e de revisão do exercício funcional na Instituição.
Art. 100. A Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho será organizada
por ato normativo, e o Regimento Interno, que disporá sobre seu funcionamento, será elaborado pelo
Conselho Superior.
Art. 101. A Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho será composta
por três membros do Ministério Público do Trabalho, sendo um indicado pelo Procurador-Geral do
Trabalho e dois pelo Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, juntamente com seus
suplentes, para um mandato de dois anos, sempre que possível, dentre integrantes do último grau
da carreira.
Art. 102. Dentre os integrantes da Câmara de Coordenação e Revisão, um deles será designado
pelo Procurador-Geral para a função executiva de Coordenador.
Art. 103. Compete à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho:
I – promover a integração e a coordenação dos órgãos institucionais do Ministério Público do
Trabalho, observado o princípio da independência funcional;
II – manter intercâmbio com órgãos ou entidades que atuem em áreas afins;
III – encaminhar informações técnico-jurídicas aos órgãos institucionais do Ministério Público do
Trabalho;
IV – resolver sobre a distribuição especial de feitos e procedimentos, quando a matéria, por sua
natureza ou relevância, assim o exigir;
V – resolver sobre a distribuição especial de feitos, que por sua contínua reiteração, devam
receber tratamento uniforme;
VI – decidir os conflitos de atribuição entre os órgãos do Ministério Público do Trabalho.
Parágrafo único. A competência fixada nos incisos IV e V será exercida segundo critérios objetivos
previamente estabelecidos pelo Conselho Superior”.
8.1.5 Corregedoria do Ministério Público do Trabalho
A Corregedoria do Ministério Público do Trabalho é regida pelos arts. 104 a 106 da LOMPU, a
seguir mencionados:
“Art. 104. A Corregedoria do Ministério Público do Trabalho, dirigida pelo Corregedor-Geral, é o
órgão fiscalizador das atividades funcionais e da conduta dos membros do Ministério Público.
Art. 105. O Corregedor-Geral será nomeado pelo Procurador-Geral do Trabalho dentre os
Subprocuradores-Gerais do Trabalho, integrantes de lista tríplice elaborada pelo Conselho Superior,
para mandato de dois anos, renovável uma vez.
§ 1º Não poderão integrar a lista tríplice os membros do Conselho Superior.
§ 2º Serão suplentes do Corregedor-Geral os demais integrantes da lista tríplice, na ordem em que
os designar o Procurador-Geral.
§ 3º O Corregedor-Geral poderá ser destituído, por iniciativa do Procurador-Geral, antes do término
do mandato, pelo voto de dois terços dos membros do Conselho Superior.
Art. 106. Incumbe ao Corregedor-Geral do Ministério Público:
I – participar, sem direito a voto,
das reuniões do Conselho Superior;
II – realizar, de ofício ou por determinação do Procurador-Geral ou do Conselho Superior,
correições e sindicâncias, apresentando os respectivos relatórios;
III – instaurar inquérito contra integrante da carreira e propor ao Conselho Superior a instauração
do processo administrativo consequente;
IV – acompanhar o estágio probatório dos membros do Ministério Público do Trabalho;
V – propor ao Conselho Superior a exoneração de membro do Ministério Público do Trabalho que
não cumprir as condições do estágio probatório”.
8.1.6 Subprocuradores-Gerais do Trabalho
As disposições relativas aos S ubprocuradores-Gerais do Trabalho estão alinhavadas nos arts. 107 a
109 da LC n. 75/93, a seguir consignados:
“Art. 107. Os Subprocuradores-Gerais do Trabalho serão designados para oficiar junto ao Tribunal
Superior do Trabalho e nos ofícios na Câmara de Coordenação e Revisão.
Parágrafo único. A designação de Subprocurador-Geral do Trabalho para oficiar em órgãos
jurisdicionais diferentes do previsto para a categoria dependerá de autorização do Conselho
Superior.
Art. 108. Cabe aos Subprocuradores-Gerais do Trabalho, privativamente, o exercício das funções
de:
I – Corregedor-Geral do Ministério Público do Trabalho;
II – Coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho.
Art. 109. Os Subprocuradores-Gerais do Trabalho serão lotados nos ofícios na Procuradoria-Geral
do Trabalho”.
8.1.7 Procuradores Regionais do Trabalho
Os Procuradores Regionais do Trabalho estão disciplinados pelos arts. 110 e 111 da LOMPU:
“Art. 110. Os Procuradores Regionais do Trabalho serão designados para oficiar junto aos
Tribunais Regionais do Trabalho.
Parágrafo único. Em caso de vaga ou de afastamento de Subprocurador-Geral do Trabalho por
prazo superior a trinta dias, poderá ser convocado pelo Procurador-Geral, mediante aprovação do
Conselho Superior, Procurador Regional do Trabalho para substituição.
Art. 111. Os Procuradores Regionais do Trabalho serão lotados nos ofícios nas Procuradorias
Regionais do Trabalho nos Estados e no Distrito Federal”.
8.1.8 Procuradores do Trabalho
Por fim, como órgãos do Ministério Público do Trabalho, os Procuradores do Trabalho são
disciplinados pelos arts. 112 e 113 da LOMPU, in verbis:
“Art. 112. Os Procuradores do Trabalho serão designados para funcionar junto aos Tribunais
Regionais do Trabalho e, na forma das leis processuais, nos litígios trabalhistas que envolvam,
especialmente, interesses de menores e incapazes.
Parágrafo único. A designação de Procurador do Trabalho para oficiar em órgãos jurisdicionais
diferentes dos previstos para a categoria dependerá de autorização do Conselho Superior.
Art. 113. Os Procuradores do Trabalho serão lotados nos ofícios nas Procuradorias Regionais do
Trabalho nos Estados e no Distrito Federal”.
8.2 Carreira do Ministério Público do Trabalho
O art. 86 da LC n. 75/93 aduz que a carreira do Ministério Público do Trabalho será constituída
pelos cargos de Subprocurador-Geral do Trabalho, Procurador Regional do Trabalho e
Procurador do Trabalho. O cargo inicial da carreira é o de Procurador do Trabalho e o do último nível
o de Subprocurador-Geral do Trabalho.
O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e
títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do
bacharel em Direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a
ordem de classificação (art. 129, § 3º, da CF).
Vale ressaltar que não há no ordenamento jurídico brasileiro o cargo de procurador do trabalho
substituto. Os procuradores do trabalho são efetivos a partir da posse. Já a vitaliciedade somente é
adquirida após dois anos de exercício no cargo.
8.3 Competência do Ministério Público do Trabalho
Segundo o art. 83 da LOMPU, compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes
atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho:
1ª) promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas;
2ª) manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua
iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção;
3ª) promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses
coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos;
4ª) propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou
convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais
indisponíveis dos trabalhadores;
5ª) propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios,
decorrentes das relações de trabalho;
6ª) recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em
que for parte quanto naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos
Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
7ª) funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a matéria
em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em
julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar convenientes;
8ª) instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público
assim o exigir;
9ª) promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de
serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando sua
concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, resguardado o
direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição Federal;
10ª) promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho;
11ª) atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça
do Trabalho;
12ª) requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a
melhor solução das lides trabalhistas;
13ª) intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da
Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou
organismo internacional.
O art. 84 da LC n. 75/93 estabelece que incumbe ao Ministério Público do Trabalho, no âmbito das
suas atribuições, exercer as seguintes funções institucionais:
1ª) integrar os órgãos colegiados previstos no § 1º do art. 6º, que lhes sejam pertinentes. O
mencionado dispositivo legal afirma que será assegurada a participação do Ministério Público da União,
como instituição observadora, na forma e nas condições estabelecidas em ato do Procurador-Geral da
República, em qualquer órgão da administração pública direta, indireta ou fundacional da União, que
tenha atribuições correlatas às funções da Instituição;
2ª) instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que cabíveis, para
assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores;
3ª) requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de proteção ao trabalho, a
instauração de procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e produzir provas;
4ª) ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, nas causas em que
o órgão tenha intervindo ou emitido parecer escrito;
5ª) exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que compatíveis com sua
finalidade.
8.4 Meios de atuação do Ministério Público do Trabalho
8.4.1 Atuação judicial
A atuação judicial do Ministério Público do Trabalho deve ser
estudada sob dois planos:
1º) Como parte ou agente – à luz do que dispõe o art. 83 da Lei Complementar n. 75/93, o
Ministério Público do Trabalho, em sua atuação judicial na qualidade de parte ou agente, tem as
seguintes atribuições:
a) promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas;
b) promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses
coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos;
c) propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo
ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais
indisponíveis dos trabalhadores;
d) propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e
índios, decorrentes das relações de trabalho;
e) recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos
processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir
revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
f) instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público
assim o exigir;
g) promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho.
A ação civil pública, que pode ser conceituada como a ação constitucionalmente prevista para a tutela
dos interesses transindividuais ou metaindividuais de terceira dimensão (difusos, coletivos e individuais
homogêneos), representa o grande exemplo de atuação judicial do Ministério Público do Trabalho.
Com efeito, podemos destacar os seguintes objetos das ações civis públicas promovidas pelo Parquet
laboral:
combate a todas as formas de desvirtuamento da relação de emprego, como trabalhadores
contratados por intermédio de pessoa jurídica (“pejotização”), falsos autônomos, eventuais,
prestadores de serviços etc.;
combate ao trabalho em condições degradantes;
combate ao trabalho infantil;
combate às cooperativas fraudulentas e à terceirização irregular;
combate às contratações da Administração Pública sem concurso público, promovendo a
defesa da moralidade administrativa;
combate ao desrespeito das normas previstas na Constituição Cidadã de 1988 e na
Consolidação das Leis do Trabalho no que concerne ao trabalho sem registro (clandestino),
jornada de trabalho, salário mínimo, sonegação e atraso de salários, descontos abusivos etc.;
proteção à dignidade e a saúde do trabalhador;
proteção ao meio ambiente do trabalho.
Podemos mencionar como outros exemplos de atuação judicial do Ministério Público do Trabalho
na qualidade de órgão agente:
representação dos menores em juízo (art. 793 da CLT);
ação rescisória;
ação anulatória de cláusula convencional;
dissídio coletivo de greve;
mandado de segurança etc.
2º) Como Fiscal da Lei (custos legis) ou interveniente – além da atuação judicial do Ministério
Público do Trabalho como parte ou agente, temos inúmeras hipóteses que consubstanciam a atuação
judicial do MPT como fiscal da lei (custos legis) ou órgão interveniente. Justifica-se essa atuação do
Parquet laboral para o cumprimento do ordenamento jurídico vigente e do interesse público.
Ilustra essa mencionada atuação a emissão de pareceres nos autos, bem como requerimentos e
recursos.
Elencaremos as hipóteses de atuação do Ministério Público do Trabalho como fiscal da lei:
1ª) manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua
iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção;
2ª) recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em
que for parte como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados
da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
3ª) funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a matéria
em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em
julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar convenientes;
4ª) promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de
serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando sua
concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, resguardado o
direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição Federal;
5ª) requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a
melhor solução das lides trabalhistas;
6ª) intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça
do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo
internacional.
Tais hipóteses são meramente exemplificativas, segundo a doutrina processual trabalhista de
destaque.
É oportuno consignar que são características da atuação judicial do MPT na qualidade de fiscal da lei
a independência e a discricionariedade no momento da intervenção. Assim, é o procurador do trabalho
que avaliará se é cabível e pertinente a intervenção ou não.
8.4.2 Atuação extrajudicial
Após estudarmos a atuação judicial do Ministério Público do Trabalho, analisaremos as hipóteses de
atuação extrajudicial, que estão previstas no art. 84 da LC n. 75/93, de forma exemplificativa:
1ª) integrar os órgãos colegiados previstos no § 1º do art. 6º, que lhes sejam pertinentes. O
mencionado dispositivo legal afirma que será assegurada a participação do Ministério Público da União,
como instituição observadora, na forma e nas condições estabelecidas em ato do Procurador-Geral da
República, em qualquer órgão da administração pública direta, indireta ou fundacional da União, que
tenha atribuições correlatas às funções da Instituição;
2ª) instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que cabíveis, para
assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores;
3ª) requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de proteção ao trabalho, a
instauração de procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e produzir provas;
4ª) ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, nas causas em que
o órgão tenha intervindo ou emitido parecer escrito;
5ª) exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que compatíveis com sua
finalidade.
A atuação extrajudicial do Ministério Público do Trabalho é representada, principalmente, por dois
importantes instrumentos:
I) Inquérito civil público: pode ser conceituado como a investigação administrativa prévia a cargo do
Ministério Público do Trabalho, consistente em um procedimento extrajudicial de natureza inquisitória, que
tem por objetivo colher elementos de convicção (provas e dados) suficientes para a propositura de ação civil
pública ou tentativa de celebração de termo de ajuste de conduta. Trata-se de peça facultativa, ou seja, se o
Ministério Público já for detentor de elementos suficientes para a propositura da ação civil pública, não
haverá a necessidade da instauração do inquérito civil público.
Há uma grande discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a necessidade ou não da observância
do contraditório no bojo do inquérito civil público. Duas correntes surgiram sobre a temática:
1ª Corrente – defende a necessidade do contraditório. Fundamentos:
por se tratar de um procedimento administrativo, o art. 5º, LV, estabelece que aos litigantes,
em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, como os meios e recursos a ela inerentes.
2ª Corrente – preconiza a desnecessidade do contraditório. Fundamentos:
trata-se de uma sindicância de natureza inquisitiva e não de um procedimento
administrativo, como sustentado pela primeira corrente;
o inquérito civil público poderá ser impugnado na sua totalidade em juízo no bojo da ação
civil pública;
a natureza inquisitiva do inquérito civil público, afastando a necessidade do contraditório,
traduz maior efetividade e celeridade na obtenção pelo procurador do trabalho dos meios de
convicção e elementos de prova.
Nossa posição: contraditório no inquérito civil público
Particularmente, somos adeptos da segunda corrente. O inquérito
civil público tem por escopo a colheita de elementos para a
propositura de eventual ação civil pública, que tutela os interesses
transindividuais de terceira dimensão, em prol do acesso
metaindividual à jurisdição.
Assim, pautando-se nos princípios da ponderação de interesses, da
razoabilidade e da proporcionalidade, a ausência de contraditório
justifica-se pela busca da efetividade do processo, do acesso à
ordem jurídica justa e da prestação jurisdicional célere.
Ademais, podemos sustentar que o contraditório foi mitigado, a ser
exercido em momento posterior, no momento do trâmite processual
da ação civil pública. Eventuais nulidades ou questionamentos
ocorridos no inquérito civil público poderão ser realizados em juízo,
na sua integralidade.
II) Termo de ajuste de conduta: pode ser conceituado como o instrumento extrajudicial por meio do
qual o Ministério Público do Trabalho celebra um ajuste, um acordo com determinada empresa, estipulando-
se prazo e condições, com o objetivo de adequação da conduta do ofensor aos ditames legais. Na hipótese de
descumprimento de interesses transindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos) por parte da
empresa, ela é convocada pelo MPT para a celebração de um termo de ajuste de conduta à legislação
trabalhista e social. Podemos citar como exemplo o descumprimento de normas de segurança e saúde
do trabalhador.
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) deve vir acompanhado de multa pecuniária pelo seu
descumprimento (astreinte). Ademais, é um título executivo extrajudicial, previsto no caput do art.
876 da CLT.
Possui natureza jurídica de ato administrativo negocial.
Sobre o termo de ajuste de conduta, conforme descrito na CLT, destaca-se:
“Art. 876. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito
suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o
Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo”.
Cumpre também transcrever o Enunciado 55 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual do
Trabalho:
“TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA – ALCANCE. A celebração de TAC não importa em
remissão dos atos de infração anteriores, os quais têm justa sanção pecuniária como resposta às
irregularidades trabalhistas constatadas pela DRT”.
E a Lei n. 7.347/85:
“Art. 5º (...)
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo extrajudicial”.
Por fim, é oportuno consignar os ensinamentos de Raimundo Dias de Oliveira Neto41:
“A Resolução n. 23 do CNMP, de 17 de setembro de 2007, veio preencher lacuna no tocante à
regulamentação da atividade investigativa do Ministério Público com relação ao Inquérito Civil e
demais ‘peças de informação’, ou Procedimentos Preparatórios. Dentre os aspectos
regulamentados, merecem destaque os seguintes:
– Distinção entre Inquérito Civil e Procedimentos Preparatórios (art. 2º, § 4º);
– Uniformização dos procedimentos para os diversos ramos do Ministério Público que manejam o
Inquérito Civil e os Procedimentos Preparatórios;
– Estipulação de prazos para conclusão dos trabalhos de investigação;
– Invocação do princípio da publicidade no âmbito da investigação ministerial, salvo nos casos de
sigilo legal ou necessário à investigação, mediante despacho fundamentado (art. 7º, caput);
– Invocação dos demais princípios da Administração Pública e dos direitos e garantias
fundamentais;
– Faz referência a que o depoimento pessoal poderá ser feito sob ‘compromisso’ (art. 6º, § 4º);
– Possibilidade de se deprecar a outro órgão a realização de diligências (art. 6º, § 7º), como a
apuração de bens da parte investigada e oitiva de testemunha que resida em outra regional, ou até
mesmo numa comarca qualquer, por parte do promotor de justiça etc.;
– As requisições do Ministério Público deverão ser fundamentadas, tanto no Inquérito Civil quanto
nos Procedimentos Preparatórios (art. 6º, § 9º);
– Determina a remessa de Inquérito Civil ou de Procedimento Preparatório a Órgão Superior do
respectivo Ministério Público quando apenas um ou alguns pontos do objeto forem abrangidos por
Ação Civil Pública ajuizada (art. 13);
– Incentiva as parcerias entre os diversos ramos do Ministério Público;
– Dispõe sobre o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, seu objeto e alcance (art.
14);
– Igualmente, quanto à possibilidade de Recomendação (Notificação Recomendatória) (art. 15);
– Estipulou prazo de 90 dias da data da publicação para cada ramo do Ministério Público se
adequar aos seus termos (art. 16).
(...).
Dispôs o art. 16 da Res. n. 23 do CNMP que cada Ministério Público deverá adequar seus atos
normativos referentes a inquérito civil e a procedimento preparatório de investigação cível aos
termos da presente Resolução, no prazo de noventa dias, a contar de sua entrada em vigor.
Em atenção ao comando supra, o Conselho Superior do MPT publicou, no dia 1º de fevereiro de
2008, a Resolução n. 69, de 12 de dezembro de 2007. Basicamente, os comandos desta Resolução
repetem as determinações do CNMP destacadas acima. Entretanto, verificamos algumas
particularidades, tais como:
– A Câmara de Coordenação e Revisão do MPT passa a ser o órgão com atribuição de apreciar
as promoções de arquivamento no âmbito do MPT, homologando-os ou não, podendo determinar
diligências etc.;
– Dispõe o § 5º do art. 2º da Res. n. 69/2007 do CSMPT que para a preservação da integridade ou
dos direitos do denunciante, o Ministério Público do Trabalho poderá decretar o sigilo de seus dados,
que ficarão acautelados em Secretaria. A Res. 23 do CNMP dispõe que os documentos sigilosos
sejam apensados aos autos de IC ou PP;
– A Resolução do MPT ignorou, acertadamente, a nosso ver, a disposição contida no § 4º do art.
6º da Res. n. 23 do CNMP sobre a necessidade de aposição da assinatura de duas testemunhas em
caso de recusa do depoente ou declarante em assinar a respectiva ata, bastando que o Procurador
e o secretário de audiência a subscrevam;
– Outra inovação diz respeito ao arquivamento por impossibilidade de localização dos
interessados, quando deverá ser lavrado termo a ser afixado no quadro de avisos da unidade
regional (sede ou ofício), de forma a que se dê publicidade ao encerramento das investigações;
– Também inova a Resolução do MPT, em relação à Resolução do CNMP no tocante à vedação
expressa para a concessão de carga dos autos de IC ou PP (...).
– A Res. n. 69 do CSMPT repetiu o comando do caput do art. 14 da Res. n. 23 do CNMP no
tocante ao Termo do Compromisso de Ajustamento de Conduta, mas acrescentou dois parágrafos:
um para dizer que o acompanhamento de TAC deverá ocorrer nos próprios autos do IC ou PP sem
necessidade de autuação em separado, como ocorria antes, outro para ressaltar que o MPT poderá
deprecar a realização de diligências necessárias para a verificação do cumprimento do Termo.
(...)
Ainda que seja o Ministério Público do Trabalho uma instituição renovada, por força das novas
atribuições que recebeu
da CF/88, muito há por ser feito, sem olvidar dos esforços empreendidos
até aqui. É preciso admitir que, num país continental como o Brasil, há inúmeros obstáculos à
atuação da Instituição Ministerial. De fato, nesses tempos sombrios, embalados pela transformação
nas relações de trabalho, fruto da globalização e dos ventos pós-modernos, é certo que muito se
espera do MPT para o alcance dos objetivos constitucionalmente traçados à sua atuação”.
QUESTÕES DE CONCURSOS públicos
1. (Magistratura do Trabalho – 15 R – 2015) Sobre o Ministério Público do Trabalho, à luz da legislação vigente, analise as
seguintes proposições:
I – O Ministério Público é instituição permanente, essencial a função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, sendo seus princípios institucionais a
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.

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