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Jogos de Empresas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Jean Carlos Caveleiro Revisão Textual: Prof. Dr. Selma Aparecida Cesarin A Importância dos Jogos Estruturados • A Importância dos Jogos Estruturados · Essa Unidade tem como objetivo desenvolver estudos sobre os conceitos de Jogos Estruturados, tratando das competências possíveis de desenvolvimento com o uso de Jogos Empresariais. · Vamos tratar de diversos modelos de Jogos Estruturados, trazendo exemplos e detalhes de aplicabilidade. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre o tema Jogos Estruturados e as competências possíveis de desenvolvimento com a ferramenta Jogos de Empresas. Vamos abordar as competências que podem ser desenvolvidas nos diversos setores de uma Organização. Então, procure ler com muita atenção, grifando tudo que considerar importante. Para ampliar os estudos, considere, também, os materiais complementares. No estudo a distância, a leitura é o momento oportuno para registrar as dúvidas; assim, aponte todas as dúvidas que existir ao seu tutor. Além disso, para que a aprendizagem ocorra no ambiente mais interativo possível, na pasta de Atividades, você encontrará também as atividades de avaliação, uma atividade reflexiva e uma videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para a sua aprendizagem. Dedique-se a cada um deles, pois vão contribuir bastante. ORIENTAÇÕES A Importância dos Jogos Estruturados UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Contextualização Não importa o segmento, nem o nível que esteja analisando; uma das principais dificuldades é a captação e o desenvolvimento de mão de obra. As empresas enfrentam um grau de competitividade nunca visto antes; agir de forma a se diferenciar das demais é questão de sobrevivência. E essa diferença não necessariamente está no produto ou no serviço, pois isso pode ser facilmente copiado, perdendo-se, assim, a chamada vantagem competitiva. Então, como podemos atender essa necessidade de se diferenciar no mercado competitivo? A resposta é ter pessoas diferentes, investir em qualificação das pessoas e, assim, entender as competências necessárias para obter resultados positivos nas mais variadas áreas e organizações. Diante das mais variadas formas de obter esse diferencial, apontamos aqui o uso de Jogos de Empresa como meio possível, pois atuam de forma diferenciada. Por exemplo: imagine um gerente com alto grau de conhecimento técnico e boa atuação de relação interpessoal, mas com muita timidez, com grande dificuldade de comunicação. Pergunto: dar aulas para esse profissional mostrando a importância da comunicação surtiria efeito? Tendo a dizer que não, pois seria como se eu lesse um Manual de natação ou de boas práticas da natação para uma pessoa que nunca entrou numa piscina e a colocasse na água em alto mar. Qual seria o resultado? Você deve concordar que seria um desastre, pois nada substitui a prática, e é justamente isso que se busca com o uso de Jogos de Empresas. Então, peço que estude essa Unidade com essa visão, entendendo seu papel no recinto organizacional. 6 7 A Importância dos Jogos Estruturados Aqui, vamos estudar a importância dos Jogos Estruturados a partir de modelos aplicados no mercado com o objetivo do desenvolvimento de competências chamadas de universais. Mas já que tratamos mais uma vez desse termo “competência”, o que significa isso? Qual o conceito para esse termo? Eu, como professor, faço constantemente essa pergunta aos alunos, e temos algumas respostas deles: · Saber fazer; · Ser competente (para eles, o conceito era ser bom no que se faz); · Conhecer o trabalho; · Ter compromisso, entre outros. Mas lembrem-se: foram definições de alunos, mas, e uma resposta mais técnica? Será que se diferenciaria muito disso? Vejamos! Gramina (2007) diz que competências são repertórios de comportamentos que algumas pessoas dominam melhor que outras, o que as faz se destacarem em determinadas situações. Veja que não está muito diferente, mas o autor continua e faz a observação de que os comportamentos são observáveis no dia a dia profissional e podem ser organizados utilizando-se a metáfora de uma árvore, na qual: 7 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Raiz Corresponde às atitudes – Guiadas por valores, princípios, pontos de vistas, opiniões e precipitações – que levam ao querer fazer ou não. Veja que está associada ao que recebeu de base, de referências e que dá sustentação para tudo que for fazer na vida profissional ou pessoal. O ambiente familiar, amigos, Escola e outros meios têm formado que tipo de raiz em você? Essa raiz vai trazer bons frutos? Tem auxiliado na busca de resultados? Se sim, excelente, mas, se não, o que você vai fazer para mudar isso? Pense a respeito! Ex pl or Tronco Corresponde aos conhecimentos como informações obtidas, procedimentos realizados e a realizar, fatos e conceitos concretizados e adquiridos respectivamente. Veja que quanto mais antiga uma árvore, mais largo é seu tronco. Na vida, a mesma coisa acontece: quanto mais experiência, mais conhecimento. É o famoso “Saber”. Então, faço a pergunta: o que você sabe sobre sua carreira e ou atuação profissional? Como está o seu tronco? Um tronco fraco, os ventos da competição o levam ao chão? Então, fortalecer esse tronco depende de cada um. Copa Corresponde às habilidades, ou seja, à capacidade de fazer e domínio de técnicas especiais. É o que podemos chamar de “o seu talento”. É o que podemos chamar de “o saber fazer”. Esse quesito, quanto mais se pratica, mais hábil ficará. Aqui, quero pedir licença para distinguir o “saber” de o “saber fazer”. Veja que o primeiro saber está na linha de conhecer e o segundo no sentido de colocar em prática: podemos perfeitamente conhecer e não saber colocar em prática! Por exemplo: eu li uma receita de bolo de guaraná; aliás, é uma delícia. Assim, se alguém perguntar se eu conheço alguma receita de bolo de guaraná, vou dizer que sim. Agora, se pedirem para eu fazer, aí já são outras dificuldades. Certamente eu não conseguirei colocar em prática. E aí, entenderam? E digo mais, a dona Milô, que trabalha em minha casa, não sabe ler. Então, ela não conhece a receita, mas, se eu ler para ela, ela vai fazer muito melhor que eu. Em outras palavras, eu tenho o conhecimento; ela, a habilidade. Concorda? 8 9 Para ampliar essa nossa discussão, vamos avaliar um pouco as competências necessárias em algumas empresas. Essas competências foram enumeradas em empresas de diversos segmentos, como forma de direcionar a construção de meios para desenvolvê-las e, assim, ampliar os resultados. Vamos tratar sempre em três segmentos: Empresa Pública, Serviços e Indústrias. Observação Não estamos aqui enumerando todas as competências, mas, sim, as consideradas mais importantes e ou necessárias para melhorar o desempenho. Empresas Competências Empresa Pública Capacidade de trabalhar sob pressão Prestação de Serviços Capacidade empreendedora Indústria Autodesenvolvimento e gestão do conhecimento Mas o que é cada uma dessas competências? Vamos explorar cada uma delas! Capacidade de trabalhar sob pressão Sei que você deve estar ponderando que essa competência não é exclusiva da área pública, que está presente também nas outras áreas, e digo que você está certo, mas, nas outras áreas, não é a prioridade, e estamos trabalhando nesse sentido, de prioridade. Então, trabalhar sob pressão o que é? É a capacidade de identificar prioridades e garantir resultados, definindo as melhores ações, mesmo em condições adversas, mantendo o equilíbrio pessoal e obedecendo ao binômio qualidade e prazos. A áreapública, mesmo diante do excesso de trabalho, e com poucos recursos, deve buscar fazer o melhor possível, sem se estressar e ou se irritar. Capacidade empreendedora É possível ter comportamento empreendedor, mesmo sendo funcionário de uma empresa, mas não necessariamente é preciso ser empresário para isso. O comportamento empreendedor faz com que se enxerguem oportunidades nas quais todos vejam ameaças; faz abrir espaço onde não existe, faz procurar resultado positivo onde todos obtêm resultados negativos. 9 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Gosto de separar esse pensamento em duas partes; temos aqueles profissionais que não saíram do pensamento da “Escravidão”, que tinha como característica o comportamento “servidor”: alguém manda e eu obedeço exatamente ao que foi mandado. Não me arrisco a pensar, pois pensar seria punido com chibatadas. O profissional com essa mente, por exemplo, age assim: – Um cliente pergunta a um vendedor: moço, por favor, aqui tem camiseta branca da Hering? O vendedor responde: – Não, infelizmente não tenho! – Ok, obrigado, diz o cliente. E sai da loja. O gerente viu a cena de longe e perguntou: – Paulo, o que o cliente queria? – Ele queria uma camiseta com a qual nós não trabalhamos! Por quê?, diz Paulo. – Nada, não! Só pensei se não poderíamos oferecer alguma outra coisa. – Se você quer vender, é só ter na loja aquilo que o cliente quer. E a conversa se encerrou. Veja, é um vendedor com pensamento limitado. Não estou aqui fazendo alusão ao pensamento escravo voltado para cor ou raça; por favor, não vamos associar a isso, e sim ao modelo servidor que caracteriza a escravidão. Agora, podemos ver outra situação, na qual uma cliente faz a mesma pergunta sobre a camiseta e a resposta foi: – Senhora, essa camiseta seria para qual fim? Para ir à Escola? – Sim, diz a cliente. O funcionário, então, pondera: – Por favor, venha por aqui. Deixa eu te mostrar. Temos essa outra marca. É toda branca, de boa qualidade e tem o número que a senhora quer. A cliente, então, diz que quer uma, e o funcionário pondera: – Senhora, estamos em um período de chuvas e a camiseta é branca, suja fácil. A senhora vai querer só uma mesmo? Afinal, crianças não param, né? Ela sorri e diz: – Tem razão. Vou levar três. E nessa conversa percebe que a loja também tem o tênis preto de sola laranja que a Escola solicitou e o inclui na compra. 10 11 Percebe, ainda, que há um setor de material escolar e entrega a lista ao funcionário; percebe que a Loja tem um sistema de cartão de crédito, faz a proposta, que é aprovada, e sai da Loja com tudo que precisa, sem retirar imediatamente um centavo do bolso. No vencimento da primeira fatura, a cliente vai à Loja pagar e, ao conversar com o funcionário, que agora é seu amigo, percebe que a parte financeira da empresa administra uma carteira de Previdência Privada associada a um grande Banco, e faz Previdência Privada para seus dois filhos. Então, e aí? Percebeu a diferença entre postura empreendedora e postura servil? Quem é você? O empreendedor ou o servil? Mas afinal, o que é capacidade empreendedora? Pode-se definir como sendo a facilidade para identificar novas oportunidades de ação e capacidade de propor e implementar soluções para os problemas e as necessidades que se apresentam, de forma assertiva e adequada ao contexto. Autodesenvolvimento e gestão do conhecimento Capacidade de aceitar as próprias necessidades de desenvolvimento e de investir tempo e energia no aprendizado contínuo. Isso em todas as limitações, pois é o primeiro passo para mudar é aceitar a fraqueza e/ou a limitação, seja ela tecnológica, pessoal ou interpessoal. Empresas Competências Empresa Pública Comunicação Prestação de Serviços Capacidade negocial Indústria Capacidade empreendedora Temos aqui a segunda linha na ordem de importância de competências por setor. Então, por que a comunicação seria importante para qualquer uma das áreas? Vejamos! Comunicação e interação É a capacidade de interagir com os outros, apresentando facilidade para ouvir, processar e compreender a mensagem; capacidade para transmitir e argumentar com coerência e clareza, promovendo feedback sempre que necessário. Avalie como você se enxerga no processo de comunicação. Percebe suas limitações? E suas potencialidades? Como fazer essa avaliação? 11 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Dica: responda às seguintes perguntas: · Quando você explica algo para outra pessoa, seja um colega de aula, seja um Seminário na escola, seja para seus familiares, eles entendem com facilidade?; · Ou complementam com perguntas para atingirem a compreensão?; · Ou, ainda, mesmo com questionamentos não compreendem bem e vão confirmar com terceiros?; · Nas conversas pessoais, as pessoas se prendem em suas ponderações? Capacidade negocial Diante do ambiente complexo das organizações, é comum divergências de interesses, tanto com agentes externos, como fornecedores e clientes, como com agentes internos, que seriam os departamentos e ou setores funcionais da empresa. Essa divergência é vivenciada de forma a buscar “competições” internas e externas, trazendo melhores resultados para aqueles que conseguem se expor, demonstrar suas percepções sobre determinados temas e, assim, aquele com maior capacidade argumentativa terá melhores resultados. Mas então, o que é capacidade negocial? É a capacidade de se expressar e ouvir o outro, buscando o equilíbrio de soluções satisfatórias nas propostas apresentadas pelas partes. Cada um tem seu estilo de negociação; alguns são mais democráticos; outros são mais liberais, mas todos com o mesmo objetivo: alcançar resultado satisfatório. O item capacidade empreendedora já foi abordado acima, mas, veja que é também um atributo importante na Indústria, pois criatividade e pró-atividade é importante em qualquer tipo de empresa. O terceiro item apontado como importantes em term os de competências está na planilha a seguir: Empresas Competências Empresa Pública Criatividade Prestação de Serviços Capacidade de trabalhar sob pressão Indústria Capacidade de trabalhar sob pressão Desses três itens, o único que ainda não tratamos foi a criatividade; os outros dois aqui apontados já foram tratados, mas, veja que tinham ou estavam em grau de importância diferente, e isso vale para qualquer tipo de negócio. As competências necessárias terão graus de importância distintos; o importante é conhecer cada uma delas. 12 13 Mas afinal, o que é criatividade? Vou contar uma história para ilustrar essa situação. Uma empresa do segmento de produtos de higiene estava enfrentando um problema muito sério no segmento de creme dental. Estavam aumentando a cada dia as devoluções e as reclamações por parte dos maiores supermercados que compravam seus produtos. O problema era basicamente tubos vazios e lacrados. Quando um cliente detectava o problema, devolvia o lote de carregamento inteiro, ocasionando grande prejuízo, pois teria de arcar com os custos da devolução, e muitos clientes cancelavam os pedidos. Essa empresa, preocupada com as repetidas vezes da ocorrência, reuniu seu mais alto escalão, os diretores de diversas áreas: Engenharia de Produtos, Engenharia de Produção, de Marketing e Financeiro. Expôs o problema e deu uma meta: quero devolução zero no mês que vem. Sem conversa! Os engenheiros se reuniam, desenvolveram um projeto audacioso, uma esteira automatizada e com balança de precisão, com braço mecânico, na qual cada vez que um tubo vazio passasse, um braço era acionado e o retirava da linha o tubo. O projeto custou U$ 8 milhões de dólares, ficou em teste sendo acompanhado por três meses, e retorno zero; meta cumpridae situação resolvida. Os engenheiros se afastaram do setor por mais três meses e depois retornaram para verificar o andamento do projeto: o grande susto foi verificar o equipamento desligado! Irritados, chamaram a equipe da linha de produção e perguntaram: quem é o responsável pelo desligamento do equipamento? Os operários, um tanto assustados, responderam, fomos todos nós senhor. Indignado o engenheiro falou: por que fizeram isso? Vocês não sabem quanto isso custou? Não sabem dos resultados obtidos? – Sim, senhor, nós sabemos. Mas é que demos nosso jeito. – Mas que jeito foi esse? Que absurdo! Quem permitiu? – Senhor, esse equipamento dá muito trabalho para equalizar a precisão para pesar, tem de ser testado todo dia. Isso atrapalha o serviço. – Quem é você para discutir com engenheiros? Mas está bom, o que vocês fizeram? Que jeito foi dado? – Senhor, fizemos uma vaquinha, deu U$ 8,00 dólares para cada um, somos dez, compramos um ventilador de grande porte por U$ 80,00 e colocamos aqui ligado na velocidade máxima; assim, cada vez que passa uma caixa vazia, o vento tira a caixa da linha. 13 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Alunos, e aí, o que vocês acham do conceito criatividade? Mas vamos lá, o que é criatividade? É a capacidade de conceber soluções inovadoras, viáveis e adequadas para as situações apresentadas. Na sequência, vamos tratar de mais algumas competências, mas, vamos fazer de forma diferente. Vamos propor todas em uma Tabela e depois tratar de cada uma das competências. Até aqui, achei importante discutir ponto a ponto, mas, agora, vamos juntar as informações e tratar delas depois. Vamos lá! Competências por setor Empresa Pública Prestação de serviços Indústria Gerenciamento de talentos Comunicação Comunicação Liderança Criatividade Criatividade Motivação Liderança Cultura da qualidade Negociação Motivação Gestão de processos Planejamento Tomada de decisão Gestão de resultados Trabalho em equipe Visão sistêmica Liderança Visão sistêmica Liderança Então, como você percebe essas competências? Seriam importantes no seu trabalho? Coloque-as em ordem de importância como exercício de reflexão. Vamos, então, detalhar cada uma delas? Cultura de qualidade Entender o que é qualidade e espalhar o conceito pela empresa é fundamental e responder à pergunta “o que é qualidade” é crucial. Cada autor tem uma definição diferente, mas podemos ter um conceito que é defendido pela maioria dos pesquisadores. Essa definição coloca a cultura da qualidade como a postura orientada para a busca contínua das satisfações das necessidades e superação das expectativas dos clientes internos e externos. 14 15 Gestão de resultados Tenho recebido muitos relatos de alunos exaustos que apontam o trabalho como o motivo do cansaço. Dizem não ter tempo nem para comer, não tem folga, suam a camisa, dão o sangue pela Empresa e não são reconhecidos. Tentando ajudar, pergunto: você corre muito, mas, faz a coisa certa? Faz o que a empresa precisa, do jeito que precisa? Correr talvez não seja o que ela quer; já pensou nisso? E assim conto mais uma história. João trabalhava em uma empresa de serviços que estava em expansão. Isso era motivo de alegria e já estava há três anos na Empresa. Mas João viu um novato com três meses de casa assumir um cargo novo em que ganharia o dobro do seu salário. Ficou inconformado e chamou o chefe para uma conversa. Foi até sua sala e disse: – Chefe, estou furioso! Preciso conversar. O chefe, muito astuto, já imaginou o que seria e disse: – João, que bom! Também quero conversar com você. Mas antes, peço um favor: estou querendo dar sobremesa para os funcionários após o almoço. Você pode ver aqui na quitanda ao lado quanto está o abacaxi? João, sem entender, foi rapidamente. Como de costume, gosta de ser sempre o primeiro a fazer qualquer coisa e nunca perde prazo. Em exatos sete minutos estava João de volta e disse: – Chefe, tem, sim, abacaxi. O chefe então perguntou: – João, quanto está o abacaxi? – Não perguntei, disse João! – E tinha quantidade para todos nós? – Também não sei! – E se não houver, será que há alguma outra fruta que tenha em volume suficiente que possa substituir o abacaxi? João disse: – Não sei! Então, o chefe disse: – João senta aí, só um minuto. 15 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Chamou o Paulo, funcionário novo, e fez o mesmo pedido. Paulo, então, levou aproximadamente 15 minutos. O dobro do tempo de João, mas voltou e disse: – Chefe: o abacaxi está R$ 40,00 a caixa; por ser em atacado, farão desconto de 10%, se for a vista. Caso queira mesclar, tem também maçã e pêra, em quantidade que nos abastece com tranquilidade. E como disse que era para a Empresa, eles entregam aqui na porta, sem cobrar nada. Assim, deixei reservado. É só o senhor ligar e confirmar o pedido. – Ok, Paulo, obrigado. Qualquer coisa, te chamo. O chefe se voltou e disse: – João o que queria mesmo? João disse: – Nada não, chefe. Deixa eu ir trabalhar. Então, o que percebeu? Sabe o que realmente importa? Não é o tanto que você corre, mas sim o resultado que você proporciona. Concorda? Então, o que é gestão dos resultados? É a capacidade de contribuir para a formulação de estratégias, de definir planos de ações decorrentes do posicionamento estratégico da Empresa para sua unidade, de estabelecer e operar um sistema eficaz de medição do desempenho para o alcance das metas e dos objetivos definidos. Gestão de processos Entender as coisas por etapas é uma tarefa muito importante para desenvolver a capacidade de planejar e executar as ações. Tudo em uma organização requer que se tenha o mínimo de conhecimento dos processos a serem seguidos. Qualquer mudança nas operações pode comprometer o resultado. Por exemplo, como você proporia uma atividade nova para alunos de Educação a Distância? Imagine que essa seja uma solicitação feita a você no Curso que você estuda. Do que precisaria? 1. Saber o cenário do curso; 2. Saber as formas de transmissão dos conteúdos; 3. Conhecer os envolvidos na produção de material; 16 17 4. Conhecer o calendário de oferta. Assim, deveria: descrever o processo, gravar orientação, qualificar tutores, explicar para o professor da Disciplina e comunicar a equipe de publicação. Se esquecer de avisar um dos envolvidos, teríamos problemas na execução das tarefas e, por consequência, insatisfação dos alunos. Mas, afinal, o que é a gestão de processos? É a capacidade de estruturar e integrar as atividades, produtos e serviços de sua unidade aos da Organização, mantendo o foco no cliente, destacando o planejamento, a execução, a avaliação e as melhorias para atender às necessidades dele e minimizar recursos financeiros, contribuindo para aprimorar o desempenho global e alcançar os objetivos organizacionais. Parece ser uma competência desenvolvida naturalmente, mas não é; um profissional que não tenha essa competência desenvolvida gera sérios problemas em qualquer projeto que venha a executar. Então, desenvolvê-la amplia o número de pessoas com capacitação de gestão na organização. Gerenciamento de talentos Trabalhar com pessoas é uma das atividades mais complexas da atuação profissional, principalmente, no que se refere aos cargos que lideram grupos, pois, além de ter como função perceber o perfil necessário para cada uma das funções existentes em sua área, deve enxergar esse perfil nas pessoas que compõem o seu Quadro. É comum se encontrar no dilema entre escolher um profissional que tenha habilidade técnica e não tenha habilidade humana desenvolvida e um que tenha a habilidade humana que você precisa, mas não tem a habilidade técnica.Qual seria sua escolha nessa hora? Desenvolver talento não é a única dificuldade, que começa na Seleção: o gestor precisa ter a habilidade de enxergar as qualidades que às vezes nem a própria pessoa sabe que possui. Uma vez que o identificou e o contratou, deve mantê-lo, pois na aquisição de pessoas qualificadas também há competição. Mas, afinal, o que é gestão de talentos? É a capacidade de avaliar o colaborador, identificar necessidades de desenvolvimento e traçar planos de capacitação, responsabilizando-se pela formação e pela carreira de sua equipe. 17 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Um gestor que não tenha essa habilidade trará como resultado uma rotatividade muito grande, terá dificuldades para manter pessoas qualificadas motivadas e, assim, serão assediados pelo mercado e abandonarão a empresa. Liderança O que é essa competência? Como perceber um profissional que não a tenha? Muito simples, o líder conduz, motiva e cria situações para que a equipe atinja os resultados esperados. O líder se diferencia do chefe tradicional ao ter a equipe nas mãos, faz com que todos deem o máximo, sem sentir a pressão do trabalho ou, se sentirem, não param até que o resultado seja atingido. Mas, afinal, o que é essa competência da liderança? É a capacidade de catalisar os esforços grupais, de modo a atingir ou superar os objetivos organizacionais, estabelecendo um clima motivador, formando parcerias e estimulando o desenvolvimento da equipe. E muitos são os jogos empresariais que tem a capacidade de desenvolver essa competência, tão importante para a gestão de pessoas. Organização Nos estudos sobre os papéis da administração, alguns autores, como Chiavenato (2007), dizem que o primeiro papel é o de planejar, que é traçar aonde e como chegar; o segundo papel é a organização, que é criar condições para que o planejamento seja atingido de forma segura e com menos esforço possível. É a arte de distribuir os recursos de forma a facilitar a obtenção dos resultados e, ao falar de recursos, nós nos referimos aos recursos humanos, materiais, patrimoniais, financeiros e tecnológicos. Assim, podemos definir a competência organização como a capacidade de organizar as ações de acordo com o planejado, de forma a facilitar a execução. A falta dessa competência dificulta obter resultados e, muitas vezes, tarefas simples se complicam por falta dessa habilidade. Planejamento Uma competência das mais importantes para a gestão empresarial, planejar é pensar o que quer antes de fazer, como quer e o que fazer para atingir os objetivos. A ausência dessa competência faz com que simplesmente se saia executando, deparando-se com os problemas na medida em que eles vão surgindo e, assim, trabalham somente apagando incêndios, o que toma a maior parte do tempo e a sensação de trabalhar muito, e não se resume em resultados práticos. 18 19 Essa habilidade de planejar você pratica todos os dias. Sabe, por exemplo, onde trabalha ou estuda, sabe o tempo que leva até chegar ao local. Então, como é seu pensamento? Se levo 40 minutos até meu trabalho, se eu acordar às seis da manhã, até as seis e trinta estou trocado; até as quinze para as sete faço o meu desjejum, e as sete saio de casa; pego o Metrô, que é mais rápido, e chego ao meu local de trabalho às quinze para as oito; bato meu cartão e inicio meu trabalho. Isso é planejar. E se algo der errado, como, por exemplo, acordar uns 20 minutos mais tarde, tudo que planejou terá de ser repensado. Como se identifica alguém que não tenha essa habilidade? Muito simples, está sempre fora de prazo, sempre atrasado. Então, como podemos definir a competência planejamento? É a capacidade de planejar e organizar as ações para o trabalho, atingindo resultados mediante o estabelecimento de prioridades, metas tangíveis, mesuráveis e de acordo com critérios de desempenho válido. E, da mesma forma que a liderança, essa competência é amplamente trabalhada por inúmeros Jogos Empresariais, pois tudo que vai se praticar deve ter o mínimo de planejamento. Relacionamento interpessoal Gerenciar conflitos é uma dificuldade muito comum no ambiente empresarial, por um motivo muito simples: dificuldade de ser contrariado, colocando os envolvidos em verdadeiros embates. Interagir com grupos é uma das maiores dificuldades, pois nem sempre sabemos se a forma como estamos agindo está agradando ou não. Cada grupo tem suas especificidades, e a habilidade de entendê-la e de buscar meios de interagir de forma a agregar é sempre muito complexa. Essa competência se resume na habilidade para interagir de forma empática, inclusive em situações conflitantes, demonstrando atitudes assertivas, comportamentos maduros e não compatíveis. Tomada de decisão Essa é uma competência que deve ser desenvolvida, seja lá qual for o nível de atuação, e está intimamente ligada à segurança para agir, que se relaciona ao grau de conhecimento que se tenha da atividade. 19 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados É uma competência que desenvolve a capacidade de buscar e selecionar alternativas, identificando aquela que garanta os melhores resultados, cumprindo prazos definidos e considerando limites e riscos. Então, primeiro encontrar as opções, depois escolher e, ainda, implementar a decisão, não é tarefa fácil, mas jogos de empresas dos mais variados atendem a esses objetivos. Trabalho em equipe O vídeo a seguir, da Siamar, “O problema não é meu”, trata muito bem essa temática. Trabalho em equipe não é a primeira opção das pessoas na maioria das situações. Temos como hábito atuar em nossos setores, sem olhar para os demais . Veja esse vídeo e reflita: qual o papel da atuação em equipe? O que é essa competência? https://goo.gl/Rxh8CT Ex pl or É a capacidade de desenvolver ações compartilhadas, catalisando esforços por meio de cooperação mútua. Visão sistêmica A fala de que toda ação resulta em uma reação é conhecida, mas, na prática, não temos noção do significado da palavra reação, pois essa nem sempre ocorre no local em que agiu. Uma empresa é muito mais complexa do que se enxerga. Uma ação em um setor vai trazer resultados em outras áreas; então, agir de forma que o conjunto possa ter um futuro mais seguro é que o conceito de sistema proporciona na atividade de gestão. Veja o vídeo “Quem mexeu no meu queijo”. É um relato fiel dos erros que cometemos, ao agir olhando somente o momento e o local envolvidos, o que compromete os resultados futuros: https://goo.gl/UOUjOj Ex pl or Mas, afinal, o que é a competência da visão sistêmica? É a capacidade de perceber a interação e a interdependência das partes que compõem o todo, visualizando tendências e possíveis ações que influenciem o futuro. Essa Unidade tem como objetivo discutir as competências possíveis, algumas, é claro, podem ser desenvolvidas por meio de Jogos de Empresas. 20 21 Ao ser questionado sobre o que pretende com a ferramenta, será importante ter bem definido o que precisa desenvolver e, assim, escolher a ferramenta que atenda a suas necessidades, eleve as habilidades do pessoal atuante na Empresa e proporcione maiores resultados. 21 UNIDADE A Importância dos Jogos Estruturados Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Trabalho em equipe https://youtu.be/4RZnkkMGKIQ Janela de Johari https://youtu.be/Oj9dfgU1wAI 22 23 Referências ALMEIDA, Fernando C. Experiências no uso de Jogos de Empresas no ensino de Administração. Disponível em: <www.ead.fea.usp.br/semead/3semead/pdf/ ensino>. Acesso em: 28 maio 2016. BARTH, Peter; MARTINS, Roberto. Aprendizagem vivencial em treinamento e educação. Petrópolis: Intercultural, 1996. COSTA,E. A.; BOTTURA, C. P. A Matriz de Jogos Estratégicos (MJE) como uma nova ferramenta para gestão estratégica via teoria dos jogos. 2006. Sistemas & Gestão, v.1 (1): p.17-41. In: <http://www.latec.com.br/sg/arevista/Volume1/ Numero1/ V1_1_index.htm>. ELGOOD, C. Manual de jogos de treinamento. São Paulo: Siamar, 1987. GRAMIGNA, Maria Rita Miranda. Jogos de empresa. São Paulo: Makron Books, 2007. JOHNSSON, Marcelo Evandro. A Aplicação de Jogos de Empresas e o Aprendizado do Processo de Gestão Empresarial. 2001. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina. Santa Catarina, 2001. LOPES, Paulo da Costa. Jogo de Empresas Geral: a perspectiva do animador com a utilização na pós-graduação lato sensu. In: XXV Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração, 2001, Campinas. Anais do XXV ENANPAD, 2001. v. 1. 23
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