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TRABALHO DE DIREITO PENAL III

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INTRODUÇÃO
O presente trabalho, por intermédio de pesquisa através da doutrina, jurisprudência, aulas e a rede mundial de computadores, te, o intuito de transmitir a você leitor um pouco do que dispõem o crime previsto no Art. 122 do Código Penal Brasileiro de 1940, sendo o tema principal abordado o crime na possibilidade omissiva.
O objetivo da presente investida cientifica é a prática do crime acima apresentado na forma omissiva.
O problema proposto pela pesquisa é o seguinte: É possível a prática do crime de instigação ao suicido através da omissão?
A escolha do tema deu-se em vista estarmos vivendo o mês de prevenção a vida. O mês conhecido como setembro Amarelo. Campanha que se espalha por todo o território nacional e tem o intuito de alertar a todos que o suicídio é uma causa grave de mortes entre crianças, jovens e adultos no Brasil, sendo em muitas destas tragédias a omissão uma das causas principais em tal desastre.
1 DO RESUMO DO CRIME PREVISTO NO ART. 122 CP
A indução ao suicídio é um crime previsto no artigo 122 do Código Penal Brasileiro e é classificado como um crime contra a vida, que consiste no açular, provocar, incitar ou estimular alguém a suicidar ou prestar-lhe auxílio para que o faça.
Indução ao suicídio é a criação de propósito inexistente, ou seja, a pessoa que se suicida e que não tinha essa intenção ou objetivo inicialmente. A pessoa que instiga, auxilia ou preta auxilio a alguém que possua a intenção suicida deve ser enquadrada no artigo acima citado.
Esse crime é consumado com o efetivo suicídio ou resultado lesão corporal de natureza grave, sendo esta última a punição dada aquele que instigou ou auxiliou alguém a suicidar-se, entretanto o resultado desejado (morte) não ocorreu.
Embora seja um ato ilícito, já que a ninguém é dado o direito de matar-se (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte especial. vol. 2. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 114), por razões mais do que óbvias, o suicídio não é uma conduta típica. Pela inexistência de função preventiva da pena, nem mesmo a tentativa de suicídio é crime, pois quem atenta contra a própria vida não vai se dissuadir pela ameaça da pena (BRUNO, Aníbal., p. 133).
Contudo, aquele que colaborar dolosamente com o suicídio de outrem cometerá o crime do art. 122. Não se trata, porém, de participação stricto sensu (modalidade de concurso de agentes – art. 29, CP), já que não há uma atuação acessória na conduta típica de outrem (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte especial. vol. 2. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 115). Aqui, é tipificada autonomamente a participação na conduta atípica de outrem.
2 DO AUXÍLIO POR OMISSÃO
Trata-se de questão controversa na doutrina e na jurisprudência, havendo duas correntes: a) não se admite, pois a expressão contida no tipo penal mencionada “prestação de auxilio”, implicando em ação; b) admite-se, desde que o agente tenha o dever jurídico de impedir o resultado. A segunda posição é mais aceitável, pois o fato do verbo do tipo ser comissivo não significa, necessariamente, estar afastada a hipótese do crime comissivo por omissão. As hipóteses penalmente relevantes do artigo 13, § 2º do CP demonstram que há delitos comissivos (matar, subtrair, constranger etc.) que possibilitam a punição por omissão, desde que haja o deve de impedir o resultado típico. EX: o pai que, sabendo da intenção suicida do filho menor, sob poder familiar, nada faz para impedir o resultado e a enfermeira que, tomando conhecimento da intenção suicida do paciente, ignora-a por completo; podem responder pela figura do auxilio por omissão ao suicídio. 
 Desse modo, a omissão que não é típica, ou seja, o não fazer não consta expressamente no tipo penal, somente é relevante penalmente, quando o agente tinha o dever de agir e, podendo, não agiu. Caracterizado isso, não se lhe pode exigir qualquer conduta. Exemplo: “qualquer do povo que acompanhe a ocorrência de um furto pode agir para impedir o resultado, mas não é obrigado”. Assim, mesmo que dolosamente não agiu, ficará impune o omitente, visto que não tinha o dever jurídico de impedir o resultado. Diferentemente seria se quem tivesse acompanhado o referido furto fosse um vigilante contratado para cuidar da coisa subtraída e, propositadamente, não agisse; neste caso, o vigilante responderia pelo furto.
A respeito do dever de agir, observa-se que o legislador optou pelo critério de enumeração taxativa. As hipóteses do dever de agir estão elencadas no §2• do artigo 13 do Código Penal. Consoante o referido dispositivo, deve agir quem: “a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”.
Trata-se do chamado dever legal, visto que a lei que preverá tais hipóteses de obrigação, sendo que o agente omisso que tenha esse dever, deverá ser responsabilizado pelo evento se tiver concorrido para este com dolo ou culpa.
2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CRIME DE INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO
2.1 Considerações gerais
O suicídio, embora seja ato atípico, é ato ilícito, tanto que não configura constrangimento ilegal a coação exercitada para impedi-lo. Porquanto "[...] a vida de um homem não pertence somente a ele, mas também a todo agregado social. O fato de ter o homem direito à vida, direito este inviolável, irrenunciável e inalienável, não significa que tenha direito sobre ela, mas apenas a ela".
O Código Penal, prevê como crime autônomo, o fato de induzir, instigar ou prestar auxílio a alguém suicidar-se.
2.2 Bem jurídico protegido e sujeitos do delito
Verifica-se, com a tipificação dessas condutas, que a vida humana é o bem jurídico protegido. No entanto, diversamente do que ocorre no homicídio, o agente não suprime a vida de outrem, mas promove a sua cessação através do próprio titular dela.
O sujeito ativo do crime de induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio pode ser qualquer pessoa, tirando-se, assim, dos chamados crimes comuns. Não é admitido, contudo, como sujeito ativo, evidentemente, à própria vítima, visto que não é crime uma pessoa matar-se, constituindo essa conduta, portanto, um indiferente penal. Cabe ressaltar, que, igualmente, ainda que produza o material ingerido pela vítima, a pessoa jurídica não poderá ser sujeito ativo desse crime.
Embora se trate de "participação em suicídio" o sujeito que instiga, induz ou auxilia alguém a suicidar não é partícipe, mas sim autor desse crime, haja vista que o ato de suicidar-se não é ato punível. Entretanto, se duas pessoas, de comum acordo, praticarem tal atividade, serão coautoras; mas se alguém induzir outrem instigar uma terceira pessoa a suicidar, o indutor será partícipe, pois teve uma atividade acessória, e o instigador será autor da participação em suicídio.
Quanto ao sujeito passivo, é indispensável que se trate de pessoa determinada. A instigação, a indução ou auxilio de caráter geral, que atinjam pessoa incerta, por meio de livros, discos, espetáculos e etc., não tipificam a conduta prevista no artigo 122 do Código Penal.
Ademais, a vítima tem que ter alguma capacidade de resistência. Sendo o homicida inimputável ou menor sem compreensão será caracterizado o crime de homicídio, diante da capacidade de resistência nula da vítima, ou seja, a vítima é mero instrumento do agente. Assim, nesses casos, o autor será punido como autor mediato do crime de homicídio.
2.3 Tipicidade objetiva e subjetiva
A conduta típica é composta por três verbos, "consiste em induzir (suscitar, fazer surgir uma ideia inexistente), instigar (animar, estimular, reforçar uma ideia existente) ou auxiliar (ajudar materialmente) alguém a suicidar-se".
Trata-se de um tipo misto alternativo. Assim, o agente, mesmo que realize todas as condutas descritas nesse tipo, responderá por um só crime. A participação pode ser moral, mediante instigação ou induzimento, ou material, que é realizada por meio de auxílio.
Prestar auxílio,que é o objeto do presente estudo, é uma contribuição material, que pode ser concedida antes os durante a prática do suicídio. Tem caráter meramente secundário "limitando-se o agente, in exemplis, a fornecer meios (a arma, o veneno), a ministrar instruções sobre o modo de empregá-los, a criar condições de viabilidade do suicídio, a frustra a vigilância de outrem, a impedir ou dificultar o imediato socorro".
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de concorrer para que a vítima se suicide, ou, ao menos, assunção do risco de levá-la a esse desiderato. Não se limita, portanto, à ação participativa, que é um simples meio, estendendo-se, necessariamente, ao fim desejado que é a morte da vítima, ou seja, o agente deve querer que esta efetivamente se suicide. Não havendo crime, por exemplo, caso a vítima estivesse zombando de alguém que acreditava em sua insinuação e, por erro, falece, após.
Como afirma Damásio “Para alguns autores, o elemento subjetivo do crime de participação em suicídio é o dolo, tanto genérico como específico.” Sendo que o dolo genérico estaria na vontade livre e consciente de participar do suicídio, enquanto o específico, na intenção de que a vítima viesse a se matar.
Para o mesmo doutrinador, não há dolo genérico e específico na participação em suicídio, pois acredita que não exista tal divisão, fundamentando que o dolo é um só. Leciona que, na verdade, o Código Penal, exige, nesse crime, além do dolo, que consiste na vontade livre e consciente de induzir, instigar ou auxiliar a vítima a suicidar-se, o que a doutrina denomina de subjetivo do injusto, “contido no cunho de seriedade que o sujeito imprime ao seu comportamento, no sentido de que se exige vontade real de que a vítima venha a destruir a própria vida”. Não sendo punido o agente, portanto, que, em tom de brincadeira, diga à vítima que a única solução para seus problemas é o suicídio, e, após a vítima destrói a própria vida.
Quanto ao dolo eventual, verifica-se que é possível sua existência. Exemplo de dolo eventual seriam os maus-tratos sucessivos infligidos contra a vítima. O autor dos maus-tratos tendo a previsão de que a vítima possa vir a se suicidar e, mesmo assim, continuar insistindo nas sevícias, assumindo o risco do resultado, será havido como previsto e tolerado o suicídio da vítima, configurando-se o delito em tela, a título de dolo eventual.
Verifica-se que não é possível a prática do crime previsto no art. 122 do Código Penal, a título de culpa, ante a ausência de previsão legal.
2.4 Consumação e tentativa
Consuma-se o crime com o resultado natural, ou seja, com a morte da vítima ou lesões corporais de natureza grave. Podem ocorrer várias hipóteses:
1.ª) a vítima tenta suicidar-se e vem a falecer: pune-se o participante com pena de reclusão, de 2 a 6 anos; 2.ª) da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave: pune-se o fato com pena de reclusão, de 1 a 3 anos; 3.ª) a vítima sofre lesão corporal de natureza leve em consequência da tentativa de suicídio: o fato não é punível; 4.ª) a vítima tenta o suicídio e não sofre nenhuma lesão corporal: o fato também não é punível.
A tentativa é inadmissível. Isso porque, se não houver a ocorrência de morte ou lesão corporal de natureza grave, em consonância com a previsão legal do Código, o fato é atípico. Desse modo, não ocorrendo um dos fatos descritos acima, não há crime. 
Em que pese este entendimento, da possibilidade de tentativa, a doutrina majoritária entende que esse tipo penal não a admite.
2.5 Causas de aumento de pena
Estão previstas no parágrafo único do art. 122 do Código Penal. A pena será duplicada: se o crime for cometido por motivo egoístico - "aquele que diz respeito à interesse próprio, à obtenção de vantagem pessoal. [...] Exemplo: recebimento de herança"-, se a vítima é menor - segundo a corrente majoritária, menor é o que idade entre quatorze e dezoito anos, visto que abaixo desse limite, o crime cometido seria de homicídio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no que foi delineado acima e no estudo aprofundado da doutrina e da jurisprudência, conclui-se que o crime de auxílio ao suicídio mediante a omissão é totalmente possível, mesmo que a sociedade de uma forma geral acredite que em muitos casos o suicida já possuía do fio ao cabo o plano suicida traçado e que a brincadeira, a discussão, a vergonha, o meio social e familiar são meros dessabores que contribuíram de forma mínima para tal acontecido. É claro que não podemos generalizar de forma ampla todo o entendimento para enquadrar o crime no caso concreto, sendo necessário avaliar minuciosamente o ocorrido, para assim poder aplicar o disposto no Art. 122 do CP.
No mais, quem mesmo não sabendo do suicídio de forma concreta, mas com atos e atitudes que de fato contribua psicologicamente para a ideia da aniquilação da vida de outrem merece a todo custo ser punido com o crime previsto no Art. 122 CP, pois contribuiu de forma severa, ainda que de “brincadeira” ou não para o resultado. A morte.
No mais, aqueles que tem o dever de acompanhar a vida psicológica da criança ou adolescente (cunho familiar e escolar), deve em casos que se demonstre a perfeita omissão, ser atribuído com o verbo do tipo penal que é o auxílio ao suicídio, pois, o suicida sente-se deslocado do seu seio familiar e escolar, mas os chefes dessas instituições de forma imperita ou não ignoram os sinais dados por tal, sendo assim cabível a aplicação.
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS
http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/induzimento-instigacao-ou-auxilio-ao-suicidio-art-122/
https://www.univali.br/graduacao/direito-itajai/publicacoes/revista-de-iniciacao-cientifica-ricc/edicoes/Lists/Artigos/Attachments/325/arquivo_13.pdf
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 14. ed. São Paulo: Forense, 2018.
ITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte especial: dos crimes contra a pessoa. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v 2.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte especial. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 10. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal: parte especial. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2010. v. 2.

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