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BULLYING EM AMBIENTE ESCOLAR Julciane de Paula Campos – julcianepaula@gmail.com Resumo: O Bullying é um problema mundial e pode ocorrer em vários setores da atividade humana. Geralmente são estudadas duas formas de bullying: o bullying praticado na escola e aquele praticado no ambiente de trabalho. Ao longo dos anos, vários estudos foram desenvolvidos sobre o bullying, por instituições públicas ou privadas. No Brasil, enquanto o assunto vem ganhando espaço na mídia, as pesquisas e a atenção ao tema ainda estão passando por um estágio inicial. Neste trabalho, deu-se ênfase ao bullying escolar, um tipo de violência que sempre ocorreu, mas que somente vem sendo estudado no Brasil nos últimos anos. Este trabalho objetiva esclarecer os fatos relacionados ao bullying escolar, pois o conhecimento do tema pelos professores e demais funcionários é indispensável para o efetivo combate do problema, além disso, este trabalho enfatiza a necessidade de se orientar as famílias e a sociedade para o enfrentamento da forma mais frequente de violência juvenil, o bullying. Palavras-chave: bullying escolar, efeitos do bullying, intervenção, violência escolar. Abstract: Bullying is a worldwide problem and can occur in various sectors of human activity. Two forms of bullying are generally studied: bullying practiced in school and bullying practiced in the workplace. Over the years, several studies have been developed on bullying, by public or private institutions. In Brazil, while the subject is gaining space in the media, the researches and the attention to the subject are still going through an initial stage. In this work, emphasis was placed on school bullying, a type of violence that has always occurred, but which has only been studied in Brazil in recent years. This work aims to clarify the facts related to school bullying, since the knowledge of the subject by teachers and others Officials is indispensable for the effective combat of the problem, in addition, this work emphasizes the need to guide families and society to face the most frequent form of youth violence, bullying. Keywords: Bullying, bullying, intervention, school violence. 1. INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso-TCC tem por finalidade apresentar o bullying que ocorre em ambiente escolar. Há muitos anos o ato de apelidar e/ou “zoar” alguma pessoa foram vistos como inofensivos e normais durante a infância e na relação e entre crianças e adolescentes nas escolas. Contudo, atualmente esse comportamento passou a ser seriamente considerado devido a situações dramáticas que vêm ocorrendo em várias partes do mundo envolvendo jovens que acatam escolas matam ou cometem suicídio, em detrimento a esses maus tratos que recebem. A temática de violência na escola começou a repercutir na década de 70, a partir daí vem sendo desenvolvidos estudos sobre agressões nas escolas com o intuito de conhecer e caracterizar tal violência, na qual tem sido denominada bullying. Essa violência escolar se trata de todas as condutas agressivas e antissociais, muitas destas situações dependem de fatores externos, onde a interferência pode estar além das responsabilidades das escolas. De acordo com Fante (2005), um dos primeiros pesquisadores a realizar estudos sobre violência nas escolas e elaborar os primeiros critérios para identificar o bullynig na escola foi Dan Olweus da Universidade de Bergen na Noruega. Segundo seus dados na Noruega a cada sete alunos, um estava sofrendo bullying. E em outros países como os Estados Unidos, Japão, Espanha, Canadá, Austrália, Irlanda, Países Baixos, Inglaterra, Finlândia e Suécia, essa estática é similar ou superior a da Noruega. No Brasil, ainda segundo a Autora, o bullying ocorre independentemente de turno de estudo, local da escola, tamanho da instituição ou da cidade onde a mesma se localiza ou se são séries iniciais ou finais e ainda se a escola é pública ou privada. Em detrimento a sua inquestionável magnitude, este assunto vem cada vez mais despertando o interesse nos meios acadêmicos, até porque se trata de uma questão de amplitude multidisciplinar, que envolve vários ramos de atividades, como a saúde, a educação e a área jurídica. Portanto este Trabalho de Conclusão de Curso-TCC é voltado para o fenômeno do bullying, com o intuito de contribuir para o entendimento do mesmo de modo a refletir sobre seus desdobramentos. Buscando também expor possíveis consequências deste tipo de conduta e meios para enfrenta-la. 2. METODOLOGIA Utilizou-se o método bibliográfico de investigação buscando encontrar na literatura existente as definições e as possíveis implicações do que se convencionou denotar “fenômeno bullying”. Com esse objetivo, foram utilizados diversos tipos de materiais e os dados foram pesquisados baseando-se em publicações como: livros, revistas, TCCs, artigos impressos, teses, dissertações, além de publicações na internet. A sequência de procedimentos se deu da seguinte forma: primeiramente foi feita uma seleção do material encontrado sobre o tema, optando-se pelas fontes consistentes e pertinentes de acordo com os objetivos da pesquisa. Em seguida, procedeu-se com o fichamento de todas as obras selecionadas simultaneamente à análise e interpretação dos dados contidos nas mesmas. A partir do que se encontrou na literatura foi desenvolvido este trabalho. 3. BULLYING EM AMBIENTE ESCOLAR No meio escolar existem diferentes formas de violência podendo direcionadas a professores e funcionários e aos alunos. O bullying é o tipo de violência silenciada pelo medo, por meio de condutas agressivas recorrentes e intencionais, seja por agressões físicas ou psicológicas. (SILVA, 2010). De acordo com Lopes Neto e Saavedra (2003), existem dois tipos de ações de bullying. As ações diretas que são subdivididas em físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidos, insultos, atitudes preconceituosas). E as ações indiretas que consiste na disseminação de histórias indevidas e desagradáveis ou pressões sobre outros, para discriminar e excluir certa pessoa de seu grupo social. Segundo Felizardo (2007) bullying se trata de todo meio de agressão, física ou verbal, feia continuamente, sem motivos aparentes, acarretando consequências que vão do âmbito emocional até na aprendizagem. De acordo com Colovini e Costa (2006) a ocorrência desse fenômeno vem sendo cada vez mais frequente nas escolas tanto públicas como privadas. Vem sendo observada uma nova forma de bullying, a cyberbullying. Nesta se observa condutas deliberadas, repetidas e hostis. Esta tecnologia vem sendo usada por meio da internet, através de e-mails ameaçadores, mensagens negativas e torpedos com fotos e textos constrangedores (LOPES NETO, 2005). 3.1 Causas e consequências do bullying As causas desse fenômeno podem ser através dos moldes educativos que são expostas as crianças, na falta de valores, limites e regras, em receber castigos por meio de violência ou intimidação, aprendendo assim a resolver os problemas através da violência. O bullying ocorre a partir de discriminação e práticas continuas de violência na escola, tratando-se de uma exclusão social com a capacidade de oprimir, intimidar e machucar de pouco a pouco, sem nunca ser declarada de fato. Segundo Fante (2005) em grande parte dos casos as vítimas sofrem caladas tanto por vergonha como por medo, tornando-se reféns de acontecimentos traumáticos destrutivos, como a insegurança, a raiva, o medo, pensamentos vingativos e suicida, bem como fobias sociaise mau desempenho escolar. Nas escolas muitas vezes é banalizado ou confundido com agressão e indisciplina e que podem estar ligados a fatores econômicos, sociais, culturais, aspectos inatos de comportamento e influencias familiares, de amigos, da escola e da comunidade. As consequências de tais atos para os alvos podem ser a depressão, angustia, baixo autoestima, estresse, evasão escolar, autoflagelação e suicídio. Já os autores desse ato podem adotar comportamentos de mais riscos, atitudes delinquentes ou tornar-se alvos violentos (CHALITA, 2008). Segundo Silva (2010) as crianças que sofrem de bullying tem o crescimento de sentimentos negativos, principalmente o da baixa autoestima, as tornando adultos com sérios problemas de relacionamento. De acordo com Fante (2002), muitas vítimas começam a desenvolver um baixo desempenho escolar, queda no rendimento escolar, déficit de concentração, resistem ou recusam-se a ir para a escola, trocam de colégios direto e até abandonam os estudos. Para quem pratica o bullying, gera o distanciamento e a falta de objetivos escolares, a valorização acentuada da violência como meio de obter poder, o desenvolvimento habilidades para posterior condutas delitosas. 3.2 Caracterização das vítimas e dos agressores Silva (2010) identifica os envolvidos: as vítimas, os agressores, ou bullies, e os espectadores. As vítimas são caracterizadas como os alunos que possuem dificuldade de socialização e podem desencadear nos colegas reações agressivas contra si mesmas. Os agressores podem ser de ambos os sexos e possuem traços de desrespeitos e maldade em sua personalidade, assim como um poder de liderança, reforçando por meio da força física ou de assedio psicológico. Os espectadores são os que testemunham as práticas dos agressores nas vítimas, sem tomar qualquer posição em relação ao acontecimento. 3.3 Ocorrência no Brasil Os primeiros trabalhos antibullying no Brasil só começaram a surgir no ano 2000. A partir de 2002 esse tema ganhou mais destaque devido ao aumento no índice de violência escolar. De acordo com os dados do IBGE (2013), um em cada cinco jovens na faixa dos 13 aos 15 anos pratica bullying contra colegas no Brasil. E ainda 40,5% dos entrevistados revelam que os motivos para a praticam se deve a deficiência física, obesidade ou cor da pele das vítimas. Uma iniciativa brasileira de grande destaque é o Programa Educar para a Paz, com o intuito de diagnosticar o fenômeno bullying e aplicar estratégias psicológicas para combatê-lo. Baseia-se em referenciais teóricos, como valores humanos da tolerância e solidariedade. 3.4 O papel da família e da escola A escola e a família são pilares essenciais na construção de valores e caráter da criança. A principal ferramenta educacional é o diálogo, deve ser imposta a autoridade na relação pai-filho e professor-aluno, com somente com amor se conquista a verdadeira autoridade. Segundo Chalita (2008) é fundamental que os pais se preocupem com as atitudes e exemplos para com seus filhos e participarem de sua vida social e escolar, pois uma família equilibrada tende a gerar filhos equilibrados. Lopes Neto (2003) afirma que todos devem estar de acordo com o compromisso de que o bullying não será mais tolerado. Devem ser desenvolvidas estratégias para cada escola, de modo a observar suas características e as da sua população. O professor é um profissional que pode interagir na prevenção e resolução dos problemas ocasionados na escola. Portando a escola juntamente com a família têm a missão de proporcionar aos educandos um ambiente rico em harmonia, que contribua na formação de seres humanos autênticos, participativos e com elevada autoestima. 4 CONCLUSÃO O bullying é um tipo de problema que se apresenta de forma diferente em cada situação. Sua prevenção entre estudantes constitui-se em uma medida capaz de possibilitar o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes, habilitando-os a uma convivência social sadia e segura. Para que haja maior interação entre professores, pais e alunos, o que reduz a possibilidade de ocorrência do bullying, propõe-se com uma intervenção na escola, uma efetiva prevenção deste tipo de violência, implantando-se uma política antibullying, onde todos contribuam para que este problema seja cada vez mais discutido pelo grande público. Portanto é necessária a cooperação de toda a sociedade, sobretudo: pais, alunos, professores, funcionários, enfim, todos que estão diretamente ligados com o contexto escolar para que o problema seja efetivamente controlado. É um fato que o combate a esse tipo de violência escolar é uma importante colaboração para a construção de uma sociedade diferente e mais justa. Para tanto, é preciso que cada um faça sua parte, contribuindo para a formação de massa crítica que possa contribuir para uma sociedade melhor. REFERÊNCIAS CHALITA, G. Pedagogia da amizade: bullying o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008. COLOVINI, C. E.; COSTA, M. R. N. da. O fenômeno bullying na percepção dos professores. Guaíba: Ulbra, 2006. FANTE, C. A. Z. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Versus, 2005. FELIZARDO, M. O fenômeno bullying como causa dos massacres em escolas. Universidade de São Paulo, 2007. Disponível em: < http://diganaoaobullying.com.br/secao_dicas/artigos/artigo>. Acesso em: 15/11/2016. LOPES Neto, A.A.; SAAVEDRA, L.H. Diga não para o bullying. Rio de Janeiro: Abrapia, 2003. LOPES Neto, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria, 81 (5supl) – 164-172, 2005. SILVA, Ana Beatriz. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. ANEXO A LEGISLAÇÃO ANTIBULLYING A Lei nº 13.185 assinada em 6 de novembro de 2015, institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional. § 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. § 2º O Programa instituído no caput poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem como de outros órgãos, aos quais a matéria diz respeito. Art. 2º Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda: I - ataques físicos; II - insultos pessoais; III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; IV - ameaças por quaisquer meios; V - grafites depreciativos; VI - expressões preconceituosas; VII - isolamento social consciente e premeditado; VIII - pilhérias. Parágrafo único. Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial. Art. 3º A intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada,conforme as ações praticadas, como: I - verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente; II - moral: difamar, caluniar, disseminar rumores; III - sexual: assediar, induzir e/ou abusar; IV - social: ignorar, isolar e excluir; V - psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear e infernizar; VI - físico: socar, chutar, bater; VII - material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem; VIII - virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social. Art. 4º Constituem objetivos do Programa referido no caput do art. 1o: I - prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (bullying) em toda a sociedade; II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema; III - implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação; IV - instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores; V - dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores; VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo; VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua; VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil; IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de comunidade escolar. Art. 5º É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática (bullying). Art. 6º Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocorrências de intimidação sistemática (bullying) nos Estados e Municípios para planejamento das ações. Art. 7º Os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias para a implementação e a correta execução dos objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta Lei. Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias da data de sua publicação oficial.
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