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Enfrentamento e prevenção à violência na escola articulado com a rede de Proteção. Ficha Cartográfica da Produção Didático-Pedagógico Professor – PDE 2016 Violência na escola - Bullying Autora Izabel Cristina Henrique Rosato Disciplina/Área Pedagogia Escola de implementação do Projeto Colégio Estadual Cyríaco Russo. E.M. e N. Município: Bandeirantes- Paraná. Núcleo Regional de Educação Cornélio Procópio Professor Orientador Profº Dr. Luiz Antônio de Oliveira Instituição de Ensino Superior UENP – Campus de Cornélio Procópio Relação Interdisciplinar Resumo A prevenção e combate ao Bullying escolar é um assunto importante e necessário, visto que é uma prática observada no meio escolar e analisado como um fenômeno social agressivo presente em toda sociedade. Essa constatação justifica a escolha do tema “Violência na Escola - Bullying”. A proposta tem por objetivo, analisar as mudanças e permanências desse comportamento nos artigos do Programa de Desenvolvimento Educacional –PDE, para desenvolver um trabalho com os alunos do 1º. Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Cyríaco Russo. E.M. e N. de Bandeirantes-Paraná. A relevância do tema é verificada em uma infinidade de artigos mapeados e alguns, publicados na área de Gestão Escolar foram elencados para compor o referencial teórico desta produção. É um número que confirma o tamanho da incidência do fenômeno e mostra a urgência de um efetivo trabalho de prevenção e de contenção por meio de programas que mostrem aos alunos os efeitos devastadores para quem sofre as agressões, e as medidas punitivas cabíveis contra a prática dessa violência, uma vez que, a legislação brasileira já analisa o Bullying como uma conduta criminosa por quem pratica e da instituição que fica impassível diante desse crime. Palavras-chave Violência na Escola. Bullying. Prevenção Formato do Material Didático Unidade Didática Público Alvo 1º ano do Ensino Médio 2 1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA A violência é um fenômeno que ocorre com velocidade e proporções que muitas vezes a escola não consegue assumir uma postura de contenção. É uma realidade inegável que mostra um problema multifacetado e abrangente, sendo que quem a pratica, geralmente são portadores de comportamentos insociáveis, de oposição, de delinquência, vandalismo, e praticantes do Bullying, sendo este último objeto dessa intervenção pedagógica. A necessidade efetiva de trabalho de prevenção e de contenção deste problema, por meio de programas que mostrem aos alunos os efeitos devastadores para quem sofre as agressões, motivou a escolha do tema para desenvolver minha produção didático-pedagógica. O Bullying, muitas vezes, tem origem no meio familiar, com brincadeiras consideradas inocentes, sem maiores consequências. Assim, responsabilidade deve ser igualmente dividida entre família, escola e sociedade, uma vez que todos esses seguimentos serão atingidos. Os envolvidos na prática do Bullying são divididos em grupos de agressores, vítimas, e espectadores. A relevância do tema pode ser medida na quantidade de produções didático pedagógicas e artigos científicos, nas edições do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE - produzido pelos professores da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, mapeadas entre os anos 2007/2008 e 2013/2014, o fenômeno Bullying foi tema escolhido e publicado no Dia-a-dia Educação em vinte e oito artigos na área de Pedagogia. Já na área de Gestão Escolar foram encontrados seis artigos que serviram como fonte de pesquisa nessa produção. Essa constatação mostra uma escola preocupada em promover ações que aproximem os envolvidos nesse fenômeno (vítimas, praticantes e expectadores), com a família e a escola. É um problema sério, uma vez que, essa prática está relacionada como uma das causas da evasão escolar, de danos psicológicos tão severos que podem levar a vítima ao suicídio. Diante dessa comprovação a proposta dessa unidade didática é desenvolver um Projeto de Intervenção, junto à comunidade escolar intitulado “A prevenção e o combate à violência escolar – violência na escola e violência da escola (Bullying 3 escolar)” com a intenção de abordar os conceitos, implicações físicas, psicológicas e morais do fenômeno Bullying praticados nas escolas. A abordagem pretende fazer uma reflexão sobre o papel da família e da escola numa perspectiva do fenômeno de violência e os efeitos na sociedade e apresentar sugestões de abordagem já com crianças pequenas, no meio familiar e alertar os pais sobre possíveis mudanças de comportamentos dos filhos que podem ter origem na agressividade sofrida, praticada, ou testemunhada na escola. Os aspectos citados mostram que a escola deve promover um trabalho com ações preventivas para contenção dessa violência, fomentar debates entre os alunos para agilizar soluções por meio de Leis e informações pertinentes. Desta forma, defendemos que os alunos são os proponentes de ações contra o Bullying, as chances de sucesso das intervenções são bem maiores. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Pinela (1999), a escola é uma instituição na qual (onde) a criança, jovem e adolescentes têm direito a uma educação formativa orientada para o desenvolvimento integral do indivíduo. Ou seja, a escola não é só um lugar de hominização, mas também de humanização. Esse direito é garantido em conformidade com a Constituição Brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas. Esse documento garante o respeito, a dignidade e a educação, esta última entendida como uma forma de assegurar o desenvolvimento integral do indivíduo para o exercício da cidadania. A função da escola é proporcionar um ambiente seguro, sereno, agradável e acolhedor de modo que o aluno possa construir conhecimento, isso propõe a oferta de uma releitura dos sujeitos sociais que compõem o ambiente escolar, para adotar procedimentos pedagógicos, embasados por fundamentos técnicos e jurídicos mais adequados à atual realidade COLARES ET AL, 2009). Nota-se que alunos indisciplinados, mal-educados estão cada vez mais presentes no ambiente escolar. Rego apud Aguiar (2009) observa que o comportamento, (in) disciplinado é aprendido, ninguém nasce rebelde ou disciplinado, o comportamento indisciplinado não resulta de fatores isolados como, 4 por exemplo, exclusivamente da educação familiar, influência da TV, da falta de autoridade do professor, da violência da sociedade atual, mas da multiplicidade de influências que recaem sobre a criança e o adolescente ao longo do seu desenvolvimento (REGO apud AGUIAR, 2009 p. 05). O comportamento indisciplinado, muitas vezes, leva à agressividade e além dos fatores já citados por este autor, vários outros implicam na desordem indisciplinar e aponta para a urgência de trabalhos para afugentar esse tipo de comportamento para que de fato a escola seja um ambiente formador de cidadãos. Nesse contexto, a escola cidadã que todos sonham deve oferecer ambientes próprios e seguros, onde crianças e adolescentes possam ampliar suas habilidades e potencialidades cognitivas, afetivas, motoras e sociais diferente da escola, caracterizada como um ambiente, onde a violência ocorre com uma frequência que merece atenção. Essa violência de natureza pluralizada e abrangente, aparece em manifestações de variadas formas, como, por exemplo, o Bullying - objeto dessa Unidade Didática. A violência crescente no meio escolar contra crianças, adolescentes e até mesmo professores desvincula a ideia de escola como um ambiente próprio para a aquisição de conhecimentos, de aprendizagem, de formação da cidadania se configurando como um local onde impera o desrespeito, a violência, insegurança, vivência de conflitos e intrigas, causando possíveis transtornos físicos e psíquicospara quem sofre essas agressões (ROSSATO, 2009) e coloca quem pratica como um infrator que fere os princípios da Constituição Federal (1988) que diz: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1988 p. 130) O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n° 8.069 de 13 de junho de 1990 que os protegem contra qualquer tipo e forma de violência. Diz o Artigo 53 A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - 5 igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;(BRASIL, 1990, p. 31). Assim, observa-se que quando uma criança ou adolescente sofre qualquer atitude que acarrete danos morais, físico ou psicológico de qualquer natureza, o seu direito constitucional não está sendo respeitado. O assédio por meio de prática do Bullying escolar fere o direito à educação e à cidadania. O Bullying escolar é um assunto sério e pode ter um desfecho trágico, pois marca a autoestima, a personalidade e a vida de quem sofre essa violência. Muitos sentem revolta contra seus agressores e contra os expectadores. Outros sofrem calados, sem expectativas de mudanças, sentem-se excluídos e ficam depressivos, isso pode levar a tentativa de suicídio. São casos raros, mas reais. O problema tem muitas implicações do ponto de vista da prática educativa, e traz preocupação aos pais e educadores (NOGUEIRA, 2012). Silva (2010), aponta que algumas atitudes podem se configurar o Bullying. A vítima, sem motivos específicos ou justificáveis sofre a violência por parte de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos. As ações são realizadas de forma quase natural como mero objeto de diversão, prazer e poder, com objetivo de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar as vítimas. Essa prática violenta vem ganhando espaço no ambiente escolar e se configura como um transtorno de grandes proporções muitas vezes mascarados como brincadeiras, porém quem sofre a agressão fica marcado com problemas de ansiedade, de apatia de depressão decorrente dessa agressividade, que segundo Fante (2005) é caracterizada [...] por um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro (s), causando dor, angústia e sofrimento, insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão (FANTE, 2005, p. 28-29). É um comportamento em que um indivíduo se aproveita da fragilidade do outro e o toma objeto de sua diversão, por meio de práticas de agressões físicas e psicológicas com o propósito de intimidar. Quanto mais sofrimento da vítima, mais 6 prazer para o praticante. A prática do Bullying envolve atos, palavras ou comportamentos intencionais e repetitivos. Dificilmente a vítima do Bullying recebe apenas um tipo de agressão, normalmente os comportamentos desrespeitosos do bullie1 costumam vir de várias formas. Essas versatilidades de atitudes maldosas são expressas em forma verbal, física, material, psicológica, moral e virtual contribuindo, em muitos casos, para a evasão escolar e exclusão social das vítimas. Bullying verbal: é o mais praticado em forma de apelidos, zombarias, há difamações, críticas cruéis, telefonemas abusivos, intimidações e ofensas nas redes sociais, ameaças, fofocas, brincadeiras de mau gosto sobre raça, religião e orientação sexual. Por ser mais uma prática que pode ser feita por meio de sussurros, de forma que só a vítima ouve é o mais comum entre meninos e meninas. Em sala de aula pode ser praticado por meio de bilhetinhos passados na turma escondido do professor (SILVA 2010). Bullying físico: é o mais visível e o mais fácil de ser identificado. A agressão acontece repetidas vezes, sem motivo aparente e Inclui bater, puxar o cabelo, beliscar, morder, trancar a pessoa em algum lugar (estas ações já aparecem na escola com crianças da Educação Infantil e dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Algumas atitudes consideradas como simples brincadeiras, quando se torna repetitiva configura-se também como Bullying físico. É importante o professor ficar atento para essas situações. Bullying psicológico e moral: são verbalizados sutilmente. O agressor é cruel e dissimulado, de forma a inverter os papéis e fazer com que os outros pensem que a vítima é a culpada. Já o Bullying virtual ou cyberBullying trata-se de ofensas e ridicularização de um indivíduo em sites de relacionamento. É uma forma de violência que não escolhe classe social pois é praticado em todo lugar especialmente nas escolas (SILVA, 2010). A variedade de práticas de Bullying, é um problema endêmico presente nas escolas de todos os países. As vítimas, geralmente são eleitas e não precisam fazer nada para serem escolhidas. Os agressores simplesmente as elegem no meio de um grupo para serem alvos de seus ataques (CALHAU, 2009). 1 Bullie: agressor 7 O autor alerta que, o grupo de espectadores de Bullying escolar, em geral, não denunciam as agressões presenciadas para os pais e professores porque sentem medo de se tornar vítima. Silva (2010) destaca que, muitas vezes, os expectadores se tornam cúmplices, por medo de denunciar a prática da violência e apresentam fragilidade insegurança, sem saber o que fazer. A maior barreira que as escolas encontram para agir contra essa agressividade é a dificuldade em identificar estes comportamentos, para se fazer uma intervenção e evitar um ambiente conturbado. Assim, uma das formas mais prováveis para evitar o Bullying é promover uma ampla discussão com pais, professores e alunos e a orientação particular de casos observados. No meio escolar, o tema violência tornou-se prioridade. Conhecendo melhor o Bullying, a comunidade escolar, os pais e a sociedade poderão realizar ações preventivas, paliativas ou diagnósticas e corretivas para o combate dessa violência. Entre essas ações, pode-se apontar a adoção de práticas restaurativas, e até mesmo a participação da sociedade na divulgação de informações acerca do tema. Consideramos que o sucesso de uma proposta de intervenção depende do que a subsidia. Assim, ele faz parte de um projeto de pesquisa que tem como fonte os artigos e demais produções do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) na área de Gestão Escolar, entre os anos de 2007 a 2014, no que se refere ao tema objeto da presente proposta, conforme fica evidenciado nos objetivos logo abaixo. PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA Conforme foi destacado no Referencial Teórico, o Bullying é um fenômeno crescente no meio escolar sendo constatada uma frequência cada vez maior de flagrantes de agressões físicas e psicológicas praticadas, entre alunos e também contra professores. A constatação foi apontada em 2008 pela organização não-governamental Internacional humanitarista do Brasil (Plan)2, que atua em defesa dos direitos da criança em uma infinidade de países. Pesquisas realizadas por essa ONG em Estados brasileiros apontaram que em cerca de 12 mil estudantes, 70% afirmaram 2 PLAN: Organização não-governamental Internacional humanitarista do Brasil 8 que sofreram violência escolar e 84% desse total apontaramsuas escolas como locais violentos. Esses números assustadores que sinalizam para a urgência de trabalhos direcionados a combater esse fenômeno, motivou a escolha do tema dessa Unidade Didática que será trabalhada com os alunos do 1º ano Ensino Médio do Colégio Estadual Cyríaco Russo. E.M. e N. do Município de Bandeirantes - Paraná, público alvo dessa intervenção. O trabalho será desenvolvido por meio de oficinas, com atividades de leitura projeção de slides, filmes, seminários, pesquisas, tomada de depoimentos entre outras. Para dar início a sequência de atividade é importante fazer um diagnóstico sobre o conhecimento dos alunos sobre as implicações da prática do Bullying e verificar o conhecimento prévio do aluno a respeito do assunto. Assim, essa proposta de trabalho será dividida em três oficinas seguindo uma sequência de ações. Disponibilizada no Caderno Pedagógico a seguir. 9 10 A necessidade efetiva de trabalho de prevenção e de contenção do fenômeno exige intervenções por meio de projetos que mostrem aos alunos os efeitos devastadores para quem sofre as agressões, e punições para os agressores já previsto Assédio moral que vítima crianças e jovens dentro do ambiente escolar, conhecido como Bullying, também deve ser criminalizado, segundo os juristas, com pena de 1 a 4 anos de prisão se o autor for maior de idade. Se o autor for menor, será submetido a medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. O Bullying, muitas vezes, tem origem no meio familiar, com brincadeiras consideradas inocentes, sem maiores consequências. Assim, responsabilidade deve ser igualmente dividida entre família, escola e sociedade, uma vez que todos esses seguimentos serão atingidos. Os envolvidos na prática do Bullying são divididos em grupos de agressores, vítimas, e espectadores. É uma prática tão antiga que, Rossato (2012), em seu artigo aponta que na história da humanidade e na bíblia há citações em relação à prática da violência nos convívios sociais. Xisto (2012) também aborda o problema numa visão contemporânea em nível mundial, como uma prática criminosa, mas que só recentemente vem sendo estudado no Brasil. A relevância do tema pode ser medida na quantidade nos artigos científicos, das edições PDE que, além do artigo de Rossato e Xisto, o fenômeno Bullying é abordado em dezenas de outras produções de gestores e professores da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, mapeadas entre os anos 2007/2008 e 2013/2014. É um problema sério, está relacionada como uma das causas da evasão escolar, de danos psicológicos tão severos que podem levar a vítima ao suicídio. Essa constatação que é necessário promover ações que aproximem os envolvidos nesse fenômeno (vítimas, praticantes e expectadores), com a família e a escola, e atividades os problemas caudados e as prováveis punições para os praticantes. 11 A Lei n° 13.185, de 6 de novembro de 2015, em seu Artigo 1º institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional § 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera Intimidação Sistemática (Bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas (2016, p. 01). A penalidade para o agressor maior dezoito anos está prevista no Código Penal como: a ofensa à integridade física (art. 129); calúnia (art. 138); difamação (art. 139); injúria (art. 140); ameaça (art. 147), entre outros. Há possibilidade de punição do agressor também no âmbito civil, art. 927 Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002, Parágrafo 1 (CODIGO CIVIL, 2012). Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (CC 2012, p. 246). Segundo a ABRAPIA (2008), não existem soluções simples para se combater o Bullying. Trata-se de um problema complexo e de causas múltiplas. É dever da escola tomar ciência dos fatos, e se responsabilizar pelas medidas necessárias para minimizar o problema. No caso de omissão ou negação a instituição também será responsabilizada e terá que reparar o dano juntamente com o agressor. Para dar início a sequência de atividade que compõe esse Caderno Pedagógico é importante fazer um diagnóstico sobre o conhecimento dos alunos sobre as implicações da prática do Bullying e verificar o conhecimento prévio do aluno a respeito do assunto. Assim, essa proposta de trabalho será dividida em três oficinas seguindo uma sequência de ações. 12 Cleo Fante (2005), conferencista, escritora, a maior especialista da brasileira no assunto evidencia que o Bullying Escolar se resume em: 1ª. Oficina Introduzindo o tema Bullying Objetivos: Apresentar a proposta de trabalho aos alunos, Dar significância ao tema praticado muitas vezes em forma de brincadeiras, Coletar dados para conhecer o que o aluno sabe sobre o tema; Analisar o resultado da coleta. Descrevendo o problema Nas escolas de modo geral há sempre situações conflitantes que envolvem agressões físicas e verbais com termos grosseiros depreciativos repetitivos configurando como prática de Bullying que geram constrangimento, revolta em muitos casos danos morais e psicológicos sérios. Essa, em muitos casos deixam o professor em situação difícil, com receio de interferir e também ser vítima de violência. 13 Multimídia, Textos, Questionário Procedimentos metodológicos “Insultos. Intimidações apelidos constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuações em grupo que hostilizam e ridicularizam a vida dos outros alunos, levando-os a exclusão, além de danos físicos, psíquicos e danos na aprendizagem.” Recursos didáticos Após a projeção do clássico de Andersen, “O Patinho Feio”, promover uma roda de conversas para levantar a opinião crítica dos alunos sobre esse desenho sem, necessariamente fazer quaisquer referências sobre o termo Bullying. Considero que esta seja uma abordagem interessante porque: oferece possibilidades de aproximação lúdica de um tema tão representativo no quadro da violência escolar. A abordagem lúdica descontrai, e pode quebrar resistências e ainda servir de estímulos para os alunos exercer sua oralidade. Assim que surgir oportunidade falar sobre o porquê do uso de uma história infantil para se chegar num tema tão sério e presente no dia a dia escolar. A conversa deve ser descontraída sem chamar a atenção, sem focar diretamente no problema. É importante usar este momento para esclarecer o Motivo da escolha do tema e diagnosticar o que o aluno já Sabe, o que representa o Bullying na vida de quem sofre a Violência e as consequências do mesmo. O diagnóstico será em forma de formulário de acordo Com o modelo abaixo. 14 Perguntas sobre o Bullying Sim Não Algumas vezes 1 Você já conhece o termo Bullying? 2 Na sua escola já foi abordado o tema Bullying? 3 Na escola, você já presenciou algum caso de Bullying? 4 Você já presenciou prática deBullying em sua sala de aula? 5 Você já sofreu algum tipo de Bullying na escola 6 Você acha que as atitudes do professor influenciam a pratica dessa violência em sala de aula? 7 Você já fez ou tentou fazer alguma intervenção diante de uma prática de Bullying na escola? Após fazer a leitura, os resultados serão tabulados, transformados em gráficos a para ser discutido em roda de conversas com os alunos Objetivos: Projetar um desenho animado de um clássico da Literatura Infantil. Provocar discussões sobre o tratamento recebido pelo Patinho Feiro O objetivo de usar a literatura infantil “O patinho Feio de Hans Christian Andersen é um meio de mostrar para os alunos as diversas formas de agressão. Nesse conto infantil é possível destacar o preconceito, a exclusão e às diferenças físicas, intelectuais, raciais e culturais, características estas do fenômeno “Bullying”. 2º Oficina 15 Em roda de conversa levantar questionamento sobre os sentimentos do personagem principal da animação o Patinho Feio em relação a rejeição, discriminação, piadinhas que ele sofria. Espera-se uma reflexão crítica literatura feita com discussões, com oportunidades em dos alunos se colocar em situações semelhantes a sentir as situações têm lugar no espaço escolar, além de se identificarem com os personagens. Essa postura assumida pelos professores e pelos alunos pode contribuir para o aprofundamento da consciência quanto a alguns aspectos da identidade cultural e das diferentes realidades culturais, tornando-se um auxílio na formação dos professores com uma atividade de ação/investigação e a prática de uma visão crítica por parte dos alunos. Em seguida pedir aos alunos construam frases de auto estima que serão colocadas em um mural Dinâmica de grupo3 3 Pesquisado em <http://www.webartigos.com/artigos/projeto-bullying-uma-ameaca-na-escola/115881/> …sobre a obra de Andersen... Dividir os participantes em grupos de 5 ou 4 participantes, cada; Entregar para cada grupo uma folha de sulfite e canetas coloridas. Explicar que cada componente do grupo só poderá fazer um traço de cada vez para executar o barco e que quando terminar o seu traço deve passar a folha para o próximo colega que por sua vez irá executar o traço que lhe cabe. Por exemplo: Iniciar a atividade enfatizado que cada grupo deve ter seu desenho pronto no prazo máximo de 2’. Após a execução da atividade verificar se todos completaram o desenho e qual grupo a terminou mais rapidamente. (A tendência é que todos os grupos terminem rapidamente e não tenham dificuldade para executar a tarefa). Agora, explicar que isso foi apenas um ensaio e que irão novamente fazer o desenho do barco, só que agora serão estabelecidas algumas características para cada participante como descritas a seguir. (Colocar na lousa ou levar um cartaz). O primeiro participante faz o traço que se refere à parte de baixo no barco, cabe então ao próximo participante fazer uma das laterais. E assim por diante até que todos possam ter executado sua parte e o barco esteja, totalmente, desenhado. http://www.webartigos.com/artigos/projeto-bullying-uma-ameaca-na-escola/115881/ 16 Assim pretende - se de forma lúdica, abordar esse último tema para com textos informativos e se possível palestra do ponto de vista de um psicólogo. Objetivo Produzir materiais antibullying com recortes de notícias e de imagens. A produção pessoal do aluno poderá também deverá ser mostrada em desenhos e frases. Todo material produzido comporão a Mostra Pedagógica no final dessa implementação. Participante 1- É cego e só tem o braço direito. Participante 2- É cego e só tem o braço esquerdo. Participante 3- É cego. Participante 4- É mudo. Participante 5- Não tem os dois braços. Obs: Essas combinações são feitas de acordo com o número de participantes de cada grupo, podendo ser acrescentadas ou retiradas dificuldades. O facilitador pode levar fitas para prender a mão ou mãos dos participantes que não podem usá-las, pois estes tendem a não respeitar as instruções até mesmo por ato reflexo. Outras combinações podem ser feitas: cego e surdo, só tem o braço esquerdo, etc. . Depois de explicado quais serão as dificuldades dos membros do grupo, pedir para que estabeleçam quem irá assumir qual característica, entregando as vendas para os que serão cegos, tiras de pano para amarrar os braços que não deverão utilizar e tapa ouvidos para os surdos. Quando todos estiverem prontos, estabelecer o tempo de 4’ para que executem a tarefa Obs: O facilitador deverá permanecer em silêncio, apenas observando o trabalho. Caso alguém solicite ajuda ou informações, reforçar as instruções já ditas sem dar outras orientações. Não deve interferir. Estas situações poderão ser retomadas no momento de debate, para análise e como ilustração para outros comentários. Adaptado de http://www.webartigos.com/artigos/projeto-bullying-uma-ameaca-na-escola/115881/ http://www.webartigos.com/artigos/projeto-bullying-uma-ameaca-na-escola/115881/ 17 Verificar a mudança de comportamento do aluno em relação ao durante o período da Intervenção Pedagógica Serão avaliados: desempenho progressivo do aluno; interesse em participar das ações propostas; mudança de atitudes; participação nas discussões explicativas ou conclusivas, espontâneas ou a partir dos estímulos apresentados pelo professor. 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