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ISSN 1984-5510 Volume 10 ● Número 1 ● Janeiro - Março 2018 Terapia celular combinada com membranas de biopolímeros melhora a cicatrização de úlceras em paciente com dermatomiosite juvenil A lipoescultura como tratamento complementar na ritidoplastia Técnica inovadora para tratamento de flacidez cervical com fio mononylon para sustentação transmastoide A utilidade da microscopia confocal nas lesões de lentigo maligno SU RG ICA L & CO SM ETIC D ERM ATO LO G Y V.10 N . 1 | P. 1-88 JA N /M A R 2018 www.surgicalcosmetic.org.br APOIO CIENTÍFICO: Surgical & Cosmetic Dermatology Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Dermatologia Publicação Trimestral www.surgicalcosmetic.org.br Periodicidade TrimesTral EDITORA-CHEFE Bogdana Victoria Kadunc Pontifícia Universidade Católica de Campinas - (PUC - Campinas) - Campinas(SP), Brasil Hospital do Servidor Público Municipal - São Paulo (SP), Brasil CO-EDITORES Adilson Costa Emory University School of Medicine - Atlanta/GA, USA. Ada Trindade Almeida Hospital do Servidor Público Municipal - São Paulo (SP), Brasil. Surg Cosmet Dermatol. | Rio de Janeiro | v. 10 | n. 1| Jan-Mar. 2018 | p.01-88 ISSN: 1984-5510 Online ISSN: 1984-8773 Sociedade Brasileira de Dermatologia Afiliada à Associação Médica Brasileira www.sbd.org.br SUR GI CAL & COS ME TIC DER MA TO LOGY Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Dermatologia Official Publication of Brazilian Society of Dermatology Publicação Trimestral (Quarterly Edition) ISSN 1984-5510 l ISSN-e 1984-8773 l Janeiro - Março 2018 l Volume 10 l Número 1 Surgical & Cosmetic Dermatology Diretoria Executiva Presidente: José Antonio Sanches Junior | SP Vice-Presidente: Sérgio Luiz Lira Palma | PE Secretário Geral: Flávio Barbosa Luz | RJ Tesoureira: Maria Auxiliadora Jeunon Sousa | RJ Primeiro Secretário: Hélio Amante Miot | SP Segunda Secretária: Sílvia Maria Schmidt | SC Editores Editora-chefe: Bogdana Victoria Kadunc Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC Hospital do Servidor Público Municipal - São Paulo (SP), Brasil. Co-editores: Adilson Costa Emory University School of Medicine, Atlanta/GA, USA. Ada Trindade Almeida Hospital do Servidor Público Municipal - São Paulo (SP), Brasil. Editores de áreas Laser e Tecnologia Celia Kalil Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Porto Alegre (RS), Brasil. Cirurgia Cosmética e Cosmiatria Doris Hexsel Centro Brasileiro de Estudos em Dermatologia - Porto Alegre (RS), Brasil. Cirurgia dermatológica reconstrutiva Emerson Vasconcelos de Andrade Lima Universidade Federal de Pernambuco(UFPE) e Santa Casa de Misericórdia do Recife - Recife (PE), Brasil. Tricologia Fabiane Mulinari-Brenner Universidade Federal do Paraná e Serviço de Dermatolo- gia do Hospital de Clínicas de Curitiba - Curitiba (PR), Brasil. Diagnóstico por Imagens em Dermatologia Gisele Gargantini Rezze Departamento de Oncologia Cutânea do Hospital A. C. Camargo - São Paulo (SP), Brasil. Oncologia Cutânea Lauro Lourival Lopes Filho Universidade Federal do Piauí - Teresina (PI), Brasil. Cirurgia de unhas Nilton Di Chiacchio Hospital do Servidor Público Municipal - São Paulo (SP), Brasil. Editor Júnior Stephanie Langen PUC Campinas - Campinas (SP), Brasil. 2 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 2. Surgical & Cosmetic Dermatology Conselho Editorial Alcidarta dos Reis Gadelha Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Amazônia - Manaus (AM), Brasil. Antonela Tosti Università di Bologna - Itália. Antonio Picoto Centro de Dermatologia Medico-Cirurgica - Portugal. Carlos Baptista Barcaui Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Carlos Machado Faculdade de Medicina do ABC - São Paulo (SP), Brasil. Cleide Ishida Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Denise Steiner Faculdade de Medicina de Mogi das Cruzes - São Paulo (SP), Brasil. Eckart Haneke Department of Dermatology, University of Witten & Herdecke Health Center Academic Teaching Hospital of the University of Diisseldolf - Alemanha. Ediléia Bagatin Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - São Paulo (SP), Brasil. Emmanuel França Universidade de Pernambuco (UPE) - Recife (PE), Brasil. Enrique Hernandez Perez Centro de Dermatología y Cirugía Cosmética (CDCC) - São Salvador. Érico Pampado Di Santis Universidade de Taubaté (UNITAU) - Taubaté (SP), Brasil. Francisco M. Paschoal Faculdade de Medicina do ABC - São Paulo (SP), Brasil. Gabriel Gontijo Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Belo Horizonte (MG), Brasil. Hamilton Stolf Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Botucatu (SP), Brasil. Heitor de Sá Gonçalves Secretaria de Saúde do Estado do Ceará - Fortaleza (CE), Brasil. Humberto Ponzio Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Porto Alegre (RS), Brasil. Izelda Carvalho Costa Universidade de Brasília - Brasília (UNB), Brasil. Jean Carruthers University of British Columbia - Canadá. Jorge Ocampo Candiani Hospital Universitario Dr. José Eleuterio González, Universidad Autónoma de Nuevo León (UANL) - México. Juliano Villaverde Schmidt Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Faculdade Evangélica do Paraná - Curitiba (PR), Brasil. Lia Cândida Miranda de Castro Universidade Federal de Goiás (UFG) - Goiânia (GO), Brasil. Luis Antonio Torezan Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo (SP), Brasil. Luiz Fernando F. Kopke Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Florianópolis (SC), Brasil. Mercedes Florez University of Miami - Estados Unidos da América. Marcia Ramos e Silva Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Maria Fernanda Gavazzoni Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Maria Helena Lesqueves Sandoval Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (HUCAM), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - Vitória (ES), Brasil. Mauro Enokihara Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - São Paulo (SP), Brasil. Miriam Sotto Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo (SP), Brasil. Miguel Sanchez Viera Instituto de Dermatología Integral (IDEI) & Hospital Quíron San Camilo - Espanha. Monica Azulay Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Oleg Iosifovich D. M. Sabatovich Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Omar Lupi Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Paulo Ricardo Criado Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo (SP), Brasil. Roberto Gomes Tarlé Serviço de Dermatologia Santa Casa de Curitiba - Curitiba (PR), Brasil. Samira Yarak Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) - Petrolina (PE), Brasil. Sarita Bezerra Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Recife (PE), Brasil. Selma Cernea Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo - São Paulo (SP), Brasil. Conselho Internacional de Revisores Alastair Carruthers University of British Columbia - Canadá. Dee Anna Glaser St. Louis University Hospital - Estados Unidos da América. Ellen Marmur Division of Dermatologic and Cosmetic Surgery and Assistant Clinical - Estados Unidos da América. Henry Randle Saint Luke's Hospital - Estados Unidos da América. Jerry Brewer University of South Carolina - Estados Unidos da América. John A. ZitelliUniversity of Pittsburgh Medical Center - Estados Unidos da América. Leslie Baumann Baumann Cosmetic and Research Institute - Flórida - Estados Unidos da América. Robert Baran Head of the Nail Disease Center in Cannes - France Rompel Rainer Department of Dermatology, Clinic Kassel - Alemanha. Rompel Rainer Department of Dermatology, Clinic Kassel - Alemanha. Willian Hanke Department of Dermatology, Saint Vincent Carmel Medical Center, Laser & Skin Surgery Center of Indiana - Estados Unidos da América. Zoe Diana Draelos Wake Forest University School of Medicine Winston- Salem - Carolina do Norte - Estados Unidos da América. 3 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 3. PERIODICIDADE TRIMESTRAL EquipE Técnica Bruno Abraão de Souza Marcella Justo Nazareno Nogueira de Souza BiBlioTEcária Vanessa Zampier assinaTuras R$ 250,00 e $180 dólares Informações de pagamento no site: www.surgicalcosmetic.org.br ©2015 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Website: www.sbd.org.br Indexações n Sumários. org (www.sumarios.org/) n DOAJ (https://doaj.org/) n Latindex (www.latindex.org) n Lilacs (http://bases.bireme.br/) n SCOPUS (http://www.scopus.com/home.url) n Periódica (http://periodica.unam.mx) n Redalyc (http://www.redalyc.org) 4 Os anún cios vei cu la dos nesta edi ção são de exclu si va res pon sa bi li da de dos anun- cian tes, assim como os con cei tos emi ti dos em arti gos assi na dos são de exclu si- va res pon sa bi li da de de seus auto res, não refle tin do neces sa ria men te a opi nião da SBD. Todos os direi tos reser va dos e pro te gi dos pela lei 9.610 de 19/02/98. Nenhuma parte dessa publi ca ção pode rá ser repro du zi da sem auto ri za ção pré via por escri to da Sociedade Brasileira de Dermatologia, sejam quais forem os meios empre ga- dos: ele trô ni co, mecâ ni co, foto grá fi co, gra va ção ou quais quer outros. Material de dis tri bui ção à clas se médi ca. A revis ta cons ta no Depósito Legal, na Biblioteca Nacional, de acor do com o Decreto nº 1.825, de 20 de dezem bro de 1907. Licença Creative Commons Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 5. A/C SURGICAL & COSMETIC DERMATOLOGY Av. Rio Branco, 39 18º andar Cep: 20.090-003 Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Fone: 55 (21) 2253-6747 E-mail: surgical@sbd.org.br web si te: www.surgicalcosmetic.org.br A Surgical & Cosmetic Dermatology é uma publi ca ção ofi cial da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em par ce ria com a Sociedade Bra- sileira de Cirurgia Dermatológica. O con teú do téc ni co-cien tí fi co apre- sen ta do nesta publi ca ção é de co-pro prie da de da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Editada por: Sociedade Brasileira de Dermatologia. Infor ma ções sobre a Assi na tu ra da Surgical & Cosmetic Dermatology podem ser encon tra das no site www.sur gi cal cos me tic.org.br SURGICAL & COSMETIC DERMATOLOGY / INSTRUÇÕES AOS AUTORES 5 A Surgical & Cosmetic Dermatology (S&CD), editada em 2009, constitui publicação médica destinada a difundir conhecimento e experiência nas áreas de Ci- rurgia Dermatológica, Oncologia Cutânea, Tecnologia em Dermatologia Cosmiatria e Diagnóstico por Imagens em Dermatologia. É uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que conta com o apoio científico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e do Colégio Íbero Latino de Dermatologia, que baseia sua política ética e editorial nas regras emitidas pelo The International Commi- ttee of Medical Journal Editors (www.icmje.org). A revista está disponível na íntegra online e adota a política de acesso aberto. A S&CD não cobra aos autores para que submetam ou publiquem manuscritos, não havendo qualquer tipo de custo ou taxas aos autores. A revista adota também a licença de uso da Creative Commons CC BY, https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/. Os manuscritos devem estar de acordo com os pa- drões editoriais para artigos submetidos a periódicos biomédi- cos estabelecidos na Convenção de Vancouver (Requisitos Uniformes para Manuscritos Submetidos a Revistas Biomédicas), regras para relatos de ensaios clínicos e revisões sistemáticas (metanálises). Serão produzidos exemplares impressos da versão em língua portuguesa, com resumos e títulos em inglês. A versão da língua inglesa estará disponível nos websites da SBD e da S&CD, no link: www.surgicalcosmetic.org.br. Todos os artigos propostos à publicação serão previamente submetidos à revisão anônima e confidencial de no mínimo dois membros do Conselho Editorial ou dos Conselhos Nacional e Internacional de Revisores, seguindo-se as diretrizes do COPE (Committee on Publication Ethics). Quando aceitos, estarão sujeitos a pequenas correções ou modificações que não alterem o estilo do autor. As pesquisas em seres humanos devem ter a prévia aprovação de um Co- mitê de Ética em Pesquisa e obedecer aos padrões éticos da Declaração de Helsinki de 1975, revista em 2000, 2008 e 2013. A S&CD segue o Guia para o registro e publicação de retratação e tam- bém o Guia para registro e publicação de errata elaborados pela SciELO, disponível no endereço eletrônico http://www.scielo.org/php/level.php?lang=pt&componen- t=56&item=57 Os autores ao submeterem manuscrito para avaliação da revista devem garantir que o mesmo não contém nenhuma violação de quaisquer direitos autorais ou outro direito de terceiro. A S&CD utiliza software antiplágio para combater o plágio acadêmico e profissional, verificando a originalidade de artigos. ORIENTAÇÕES PARA O PREPARO DOS ARTIGOS A preparação correta do manuscrito torna os processos de revisão e pu- blicação mais eficientes. Assim, recomendamos alguns cuidados que podem facilitar significativamente a preparação dos manuscritos. 1. Os artigos devem ser inéditos e redigidos no idioma de origem do autor (português, espanhol ou inglês): a equipe editorial providenciará as versões necessárias. A escolha da fonte deve ser Times New Roman ou Arial, de número 12. 2. O título do trabalho deve ser curto e conciso, informado em português e inglês, com até 150 caracteres sem espaços, acompanhado de um título resumido. 3. Os resumos em português e inglês devem acompanhar o formato ade- quado ao tipo de artigo. 4. Os autores devem informar o nome com suas abreviaturas, e as suas afiliações institucionais, seguidos de cidade, estado e país. Os vínculos às instituições devem ser citados em ordem hierárquica (ex.1º Departamento, 2º Universidade) e não são permitidas a inclusão dos mini-currículos. Quando um autor é afiliado a mais de uma instituição, cada uma deve ser identificada separadamente. Quando dois ou mais autores estão afiliados à mesma instituição, a sua identificação é feita uma única vez. É obrigatório mencionar o número ORCID, utilizado para a identificação de pesquisadores. O autor deve assumir pelo menos uma responsabilidade na elaboração do trabalho e deverá informar a contribuição de cada um na submissão. Um dos au- tores deve ser designado como autor correspondente, com endereço de e-mail. Deve também ser citado o local de realização do trabalho. 5. Os autores devem informar claramente se houve conflitos de interesse e suporte financeiro. 6. As palavras-chave devem ser citadas em português e em inglês (Keywords), totalizando 3 a 10 por idioma, devendo ser incluídas em todos os tipos de artigos. É recomendável que estas palavras deverão estar contidas no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings) que podem ser acessados na internet. 7. O número limite de palavras para os textos deve ser obedecido segundo o tipo de artigo, e computado excluindo as referências e os resumos em português e inglês. 8. Devem serevitadas informações introdutórias extensas e repetitivas, dan- do-se preferência às mais recentes, ainda não publicadas. Evite textos com repetição da mesma informação no resumo, introdução e discussão. 9. Pesos e medidas devem ser expressos no sistema métrico decimal, e tem- peraturas em graus centígrados. 10. Drogas devem ser mencionadas por seus nomes genéricos, seguidos da dosagem e posologia empregadas, evitando-se a citação de termos comerciais ou marcas. Descrições de quaisquer equipamentos, instrumentos, testes e reagentes devem conter o nome do fabricante e o local de fabricação. 11. De acordo com o ICMJE, apenas podem ser designados como au- tores, aqueles que participaram ativamente no trabalho, podendo assim assumir a responsabilidade pública pelo seu conteúdo. Os créditos de autoria devem se basear exclusivamente em contribuições substanciais para: a- discussão e planejamento do tema e protocolo, análise ou interpretação de dados; b- redação do artigo ou sua crítica; c- responsabilidade pela aprovação final para a publicação. Outras contribuições menores como sugestões de literatura, coleta e análise de dados, obtenção de financiamento, auxílio técnico na execução de rotinas, encaminhamento de pacientes, interpretação de exames de rotina e chefia de serviço ou departamento que não estejam envolvidas no estudo, não constituem critérios para autoria. e podem ser reconhecidas separadamente sob a forma de “agradecimentos”, de acordo com a decisão dos autores. 12. As referências bibliográficas devem ser listadas nas últimas páginas do artigo, e numeradas de acordo com a citação no texto (em ordem numérica seqüen- cial), seguindo o estilo Vancouver, como indicado pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). Referências citadas em legendas de tabelas e fi- guras devem manter a seqüência com as citações no texto. Todos os autores devem ser citados se forem até seis; acima disso, devem ser mencionados os seis primeiros e “et al.”. Seguem-se exemplos dos tipos mais comuns de referências. Exemplos de citações no texto retirados do ICMJE: a-Artigo em periódico: Hallal AH, Amortegui JD, Jeroukhimov IM, Casillas J, Schulman CI, Manning RJ, et al. Magnetic resonance cholangiopancreatography accurately de- tects common bile duct stones in resolving gallstone pancreatitis. J Am Coll Surg. 2005;200(6):869-75. b-Capítulo de livro: Reppert SM. Circadian rhythms: basic aspects and pediatric implications. In: Styne DM, Brook CGD, editors. Current concepts in pediatric endocrinology. New York: Elsevier; 1987. p .91-125. c-Texto na Internet: Ex. com autor indicado: Fugh-Berman A. PharmedOUT [Internet]. Washington: Georgetown University, Department of Physiology and Biophysics; c2006 [cited 2007 Mar 23]. Available from: http://www.pharmedout.org/. Ex. quando o autor é uma organização: International Union of Biochemistry and Molecular Biology. Recom- mendations on Biochemical & Organic Nomenclature, Symbols & Terminology etc. [Internet]. London: University of London, Queen Mary, Department of Chemistry; [updated 2006 Jul 24; cited 2007 Feb 22]. Available from: http://www.chem.qmul. ac.uk/iubmb/. d- Apresentação prévia em eventos: Bruhat M, Silva Carvalho JL, Campo R, Fradique A, Dequesne J, Setubal A, editors. Proceedings of the 10th Congress of the European Society for Gynae- cological Endoscopy; 2001 Nov 22-24; Lisbon, Portugal. Bologna (Italy): Monduzzi Editore, International Proceedings Division; c2001. 474 p. 13. Ilustrações (figuras, quadros, gráficos e tabelas) devem ser referidas em ordem numérica sequencial no texto em números arábicos (exemplo: Figura 3, Grá- fico 7), cabendo ao Editor suprimir as redundantes. As legendas das figuras e gráficos Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 5-6. Introdução: citar as razões que motivaram o estudo, descrevendo o estado atual do conhecimento sobre o tema. Utilizar o último parágrafo para especificar a principal pergunta ou objetivo do estudo, e a principal hipótese testada, se houver. Métodos: Explicar como o estudo foi feito: a- Tipo de estudo: descrever o seu desenho especificando a direção tempo- ral (retrospectivo ou prospectivo), o tipo de randomização quando utilizada (parea- mento, sorteio, sequenciamento, etc), se o estudo foi cego, comparativo, controlado por placebo, etc. b- Local: indicar onde o estudo foi realizado (instituição privada ou públi- ca), citar que a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa de sua insti- tuição, os procedimentos de seleção, os critérios de inclusão e exclusão, e o número inicial de pacientes. c- Procedimentos: descrever as principais características das intervenções realizadas, detalhando a técnica e lembrando que o estudo de investigação deverá ser reprodutível. d- Descrição dos métodos utilizados para avaliação dos resultados. e- Inclusão da análise estatística descritiva e/ou comparativa com descrição do planejamento da amostra (representativa do universo a ser estudado), a análise e os testes estatísticos e apresentação dos níveis de significância adotados. A utilização de análises estatísticas não usuais é incentivada, porém neste caso, deve-se fazer uma descrição mais detalhada da mesma. Resultados: descrever os principais resultados que devem ser acompanhados de estimativas pontuais e medidas de dispersão (p.ex., média e erro padrão) ou de estimativas intervalares (p.ex., intervalos de confiança), bem como os níveis descritivos dos testes estatísticos utilizados (p.ex. “p-value”). Os achados também devem ser interpretados sob o ponto de vista clínico. Discussão: enfatizar os novos e importantes resultados encontrados pelo estudo e que farão parte da conclusão. Relatar observações de outros estudos relevantes. Mencionar as limitações dos achados e as implicações para pesquisas futuras. Conclusões: devem ser concisas e responder apenas aos objetivos propostos. A mesma ênfase deve ser dada para estudos com resultados positivos ou negativos. 3 - COMUNICAÇÕES Artigos originais, breves, abordando resultados preliminares de novos achados de interesse nas áreas focadas pela revista. Texto com formatação semelhante ao artigo original, resumo estruturado de até 200 palavras. Limite: texto até 2000 palavras, 8 ilustrações e 15 referências. 4 - ARTIGOS DE REVISÃO COM NOTAS TÉCNICAS DO AU- TOR Poderão ser aprofundados temas específicos nas áreas de interesse da S&CD, algoritmos , compilações e estatísticas, finalizados por relatos descrevendo experiên- cias próprias do autor . Estes trabalhos têm formato livre, porem devem conter resu- mo não estruturado de até 100 palavras e conclusões ou considerações finais. Limite: texto até 6000 palavras, 10 ilustrações e 60 referências. Os artigos de revisão sistemáti- ca ou metanálises devem seguir orientações pertinentes (http://cochrane.bireme.br) 5 – DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Abordagem de temas ou casos clínicos, em que os exames de imagens (der- matoscopia, microscopia confocal, ultrassom e outros métodos) são fundamentais no diagnóstico ou tratamento. Resumo não estruturado de até 100 palavras, texto até 1200 palavras, 6 ilustrações e 5 referências. 6 – NOVAS TÉCNICAS Descrição de novas técnicas ou detalhes de técnicas. Resumo não estrutu- rado de até 100 palavras, introdução com revisão de literatura, métodos, resultados, discussão e conclusão. Limite: 1200 palavras, 8 ilustrações e 30 referências. 7 – RELATO DE CASO Descrição de casos ou serie de casos de relevância nas áreas de interesse da S&CD, com descrição de tratamentos, complicações, etc. Resumo não estruturado de até 100 palavras, introdução com revisão de literatura, métodos, resultados, discussão e conclusão, sempre que pertinentes. Limite: texto até 1200 palavras, 8 ilustrações e 30 referências. 8– CARTAS Comentários objetivos e construtivos sobre matérias publicadas. Texto até 600 palavras, e no máximo 5 referências. 6 e os títulos e notas de rodapé das tabelas devem descrever precisamente seu conteúdo com frases curtas, porém suficientes para a compreensão ainda que o artigo não seja totalmente lido. Todos devem ser inseridos no passo correspondente a ilustrações no sistema, evitando que use o campo destinado ao texto para que não contabilizem as palavras dentro das ilustrações. 14. As figuras deverão ter resolução mínima de 300 DPI, largura mínima de 1.200 pixels com altura proporcional, e serem gravadas nos formatos JPG ou TIF. Podem ser colocadas setas ou linhas para localizar as áreas de interesse. As legendas das imagens histológicas devem especificar a coloração e o aumento. Se uma figura já foi publicada anteriormente, deverá citar a fonte original abaixo da mesma e constar nas referências. Deverão enviar à revista a permissão do detentor dos direitos autorais para a sua reprodução. No uso de figuras que identifiquem a face de pacientes será preciso autorização por escrito para divulgação (ver no site da revista o documento Autorização para uso de fotografias). 15. Quanto aos vídeos é necessário inserir legendas contendo informações como título do manuscrito, autoria, instituição e outros comentários pertinentes. No uso de imagens de pacientes, a identidade deverá ser resguardada, do contrário, será preciso anexar-lhes permissão por escrito para divulgação. 16. Os gráficos deverão ser elaborados em Microsoft Excel. As tabelas dispen- sam sua descrição no texto tendo a finalidade de suplementá-lo e não a de aumentá-lo. As unidades utilizadas para exprimir os resultados (m, g, g/100, mL etc.) figurarão no alto de cada coluna. Os pacientes devem ser identificados por números ou letras, e nunca pelos nomes, iniciais ou número de registro hospitalar. 17. O limite máximo de autores aceitável é de 5; só haverá exceção para tra- balhos de maior complexidade (ex. Artigo Original, Revisão) mediante justificativa e aprovação dos editores. 18. As opiniões e declarações contidas na revista são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores, não sendo, necessariamente, coincidentes com as da Equipe Editorial, do Conselho de Revisores ou da Sociedade Brasileira de Der- matologia. Os autores deverão submeter seu manuscrito para avaliação do Conselho Editorial da revista no endereço eletrônico que se segue: http://www.sgponline. com.br/scd/sgp/. Todos os documentos como Consentimento de uso para publicação (Co- pyright), Conflito de interesses e Autorização para publicação de fotografias estão disponíveis no site da revista e no sistema de submissão online. Estes documentos devem ser assinados por todos os autores participantes e anexados no sistema ao sub- meter o manuscrito. Autorização para publicação de fotografias só se faz necessária quando identifica a face do paciente por completo. O documento de Contribuição no trabalho deve ser preenchido via sistema de submissão. CONTATO DA REVISTA A/C Surgical & Cosmetic Dermatology Av. Rio Branco, nº 39, 18º andar. Rio de Janeiro – RJ, Brasil. CEP: 20090-003. surgical@sbd.org.br A revista aceita trabalhos inéditos e não publicados das seguintes categorias: 1 – ARTIGOS DE REVISÃO Poderão ser aprofundados os temas específicos nas áreas de interesse da S&CD, algoritmos, compilações e estatísticas. Estes trabalhos têm formato livre, po- rem devem conter resumo não estruturado de até 100 palavras e conclusões ou considerações finais. Limite: texto até 6000 palavras, 10 ilustrações e 60 referências. Os artigos de revisão sistemática ou metanálises devem seguir orientações pertinentes (http://cochrane.bireme.br) 2 – ARTIGO ORIGINAL É o relato de uma pesquisa investigativa original nas áreas de Cirurgia Dermatológica, Oncologia Cutânea, Tecnologia em Dermatologia e Cosmiatria. Exemplos: estudos experimentais, estudos clínicos, comparações e descrições de técnicas ou de métodos de avaliação, estudos de áreas afins (ex: estudos farmacêuticos em cosmiatria). O texto deverá conter até 4000 palavras, 10 ilustrações e 35 refe- rências e seguir o formato IMRDC (Introdução e objetivo, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão) Resumo: deverá conter no máximo 200 palavras e ser estruturado seguindo os itens: Introdução, Objetivo, Métodos, Resultados e Conclusões. Não é permitido afirmar que os resultados ou outros dados serão apresentados ou discutidos. Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 5-6. Surgical & Cosmetic Dermatology Sumário / Table of contents Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Dermatologia JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO 2017 l Volume 10 l Número 1 ISSN:1984-5510 Online ISSN: 1984-8773 7 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 7-8. Editorial / Editorial Surgical & Cosmetic Dermatology e seu papel na comunicação científica Surgical & Cosmetic Dermatology and its role in scientific communication Bogdana Victoria Kadunc Artigos de Revisão / Review Articles Revisão da literatura: afecções auriculares parte 1: traumas físicos e por alteração térmica Literature review: auricular disorders Part 1 - physical and thermal change related traumas Bhertha M. Tamura, Ana Carolina Junqueira Ferolla, Cândida Naira Lima e Lima Santana Tratamento de verrugas virais com bleomicina intralesional Treatment of viral warts with intralesional bleomycin Leandro Fonseca Noriega, Letícia dos Santos Valandro, Nilton Gioia Di Chiacchio, Marina Lino Vieira, Nilton Di Chiacchio Artigos Originais / Original Articles Investigação sobre o uso do ácido retinoico a 3% e a 5% em soluções para peeling como agente para drug delivery após indução percutânea de colágeno com agulhas (IPCA®): perfil de segurança e protocolo de uso Investigation on the use of 3% and 5% retinoic acid in peeling solutions as a drug delivery agent after percutaneous induction of collagen with needles (IPCA®): safety profile and application protocol Emerson de Andrade Lima, Mariana de Andrade Lima, Cláudio Eduardo Cavalcante de Araújo, Yara Maria Maia Nakasawa, Nilma Cintra Leal Terapia celular combinada com membranas de biopolímeros melhora a cicatrização de úlceras em paciente com dermatomiosite juvenil Combining cell therapy with biopolymer films improves wound healing in a juvenile dermatomyositis patient Paula Tavares Colpas, Paulo Cesar Martins Alves, Carolina Caliári Oliveira, Ana Luiza Resende Pires, Angela Maria Moraes, Maria Beatriz Puzzi A lipoescultura como tratamento complementar na ritidoplastia Liposculpture as a complementary treatment in rhytidoplasty Daniel Nunes e Silva, Isabela Carrijo Pessoa, Agliberto Augusto Barsaglini, Marcondes Rezende, João Ilgenfritz Junior, Marcelo Rosseto, Elaine Leal Loureiro Latanoprosta e minoxidil: estudo duplo-cego comparativo, placebo-controlado no tratamento da queda de cabelos Latanoprost and minoxidil: comparative double-blind, placebo-controlled study for the treatment of hair loss Leila David Bloch, Cassiano Carlos Escudeiro, Fernanda Daud Sarruf, Neusa Yuriko Sakai Valente Avaliação do conhecimento sobre fotoproteção e da exposição solar de estudantes universitários Assessment of university students’ knowledge of photoprotection and exposure to the sun Caroline Nunes Ferreira, Tais Freire Galvão, Priscila Gava Mazzola, Gislaine Ricci Leonardi Estudo comparativo entre dois anestésicos tópicos em procedimentos dermatológicos Comparative study between two topical anesthetics in dermatological procedures Sandra Tagliolatto, Gabriela Nero Mitsuushi Composto nutracêutico no tratamento do eflúvio telógeno associado à síndrome das unhas fracas Nutraceutical compound forthe treatment of telogen effluvium associated with brittle nails syndrome Sergio Schalka, Patrícia Camarano Pinto Bombarda, Camila Canale 9 10 17 22 28 36 41 46 51 55 Sumário / Table of contents 8 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 7-8. Diagnóstico por Imagem / Diagnostic imaging A utilidade da microscopia confocal nas lesões de lentigo maligno The utility of confocal microscopy in lentigo maligna lesions Gisele Gargantini Rezze, Maurício Mendonça Nascimento, Regiane Salera, Clóvis Antonio Lopes Pinto, Francisco Macedo Paschoal Relatos de Caso / Case Reports Técnica inovadora para tratamento de flacidez cervical com fio mononylon para sustentação transmastoide Innovative technique for the treatment of cervical laxity with mononylon thread for trans-mastoid support Frederico Hassin Sanchez, Timótio Volnei Dorn Sutura purse-string combinada com cicatrização por segunda intenção para reparo de defeito cirúrgico temporal Purse string-suture combined with second intention healing for temporal region repair Marcos Noronha Frey, Rita de Cássia Rossini, Felipe Bochnia Cerci Reconstrução de extensa lesão de orelha com retalho em “porta de Saloon” Reconstruction of extensive lesion in the ear with a "saloon door" flap Guilherme Moraes Kruger, Gabriela Kimie Aseka, Carlos Alberto Ferreira de Freitas,Günter Hans Filho A importância do uso precoce de hialuronidase no tratamento de oclusão arterial por preenchimento de ácido hialurônico The importance of the early use of hyaluronidase in the treatment of arterial occlusion resulting from hyaluronic acid based cutaneous filling Ritha de Cássia Capelato Rocha, Luana Bertelli Castilho, Danielle Mechereffe do Amaral Blaas, Reinaldo Tavares Júnior, Ana Paula Tavares, Mariana Isis Wanczinski Tratamento de psoríase vulgar pela microinfusão de medicamentos na pele (MMP®) usando ciclosporina e metotrexato Treatment of psoriasis vulgaris with cyclosporine and methotrexate injections using the MMP® technique Aline Lissa Okita, Samir Arbache, Dirlene Melo Palmeira Roth, Luciana Gasques de Souza, Mariana Morais Tavares Colferai, Denise Steiner Laser versus microagulhamento para tratamento de cicatriz facial – Relato de caso Laser versus microneedling for the treatment of facial scar – Case report Célia Luiza Petersen Vitello Kalil, Clarissa Prieto Herman Reinehr, Laura de Mattos Milman, Valéria Campos 61 65 70 74 77 80 85 9 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 9. Editorial Autor: Bogdana Victoria Kadunc 1, 2 1 Pontifícia Universidade Católica de Campinas - (PUC - Campinas) - Campinas(SP), Brasil. 2 Hospital do Servidor Público Municipal – São Paulo (SP), Brasil. Correspondência para: Bogdana Victoria Kadunc Av. Rio Branco, 39 18º andar Centro 20090 003 - Rio de Janeiro - RJ, Brasil. E-mail: surgical@sbd.org.br DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/scd1984-8773.201810101 2018 será o 9º ano de publicação ininterrupta da Surgical & Cosmetic Dermatology (S&CD)!! Inicialmente, gostaria de fazer alguns comentários breves sobre as mu- danças que o atual cenário mundial da comunicação científica apresenta em seus aspectos éticos e comerciais, e como tem sido manter e administrar esta publicação. A possibilidade da obtenção de artigos em acesso aberto e a cobran- ça aos autores de taxas de valor variável para publicação que muitos periódi- cos adotam, são os principais responsáveis por estas mudanças, que ao lado de muitos benefícios, trazem também preocupações. Os grandes benefícios são o au- mento do acesso ao conhecimento científico e da visibilidade dos autores, enquan- to que a maior preocupação se refere ao surgimento dos nefastos assim denominados “periódicos predatórios” que não realizam a avaliação legítima e criteriosa dos artigos, publicam fatores de impacto falsos e tem por objetivo apenas receber as taxas de publi- cação como forma de lucro fraudulento. Destacamos assim a postura da S&CD que não necessita cobrar dos autores taxas de publicação porque possui fontes de financiamento formalizadas institucionalmente (Sociedade Brasileira de Dermatologia-SBD desde o início, e recentemente Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica-SBCD) e obedece as detalhadas exigências éticas e estruturais das bases de indexação (revisão por pares, publicação de artigos oriundos de diferentes regiões geográficas e 50% de trabalhos de investigação). Temos procurado, dentro destes princípios e com muito esforço administrar este periódico que tem se revelado um estímulo à publicação de autores brasileiros em Cirurgia Dermatológica, Oncologia Cutânea, Diagnóstico por Imagens, Avanços Tec- nológicos em Dermatologia e Cosmiatria. Temos também despertado o interesse de pesquisadores da América do Sul, Portugal e Oriente Médio, sem esquecer grandes no- mes da Cirurgia Dermatológica Europeia, como o Dr. Eckart Haneke, que nos ajudam com sua experiencia. Contamos também com o forte apoio científico do Colégio Ibero-Latino de Dermatologia e da SBCD, recentemente reforçado através de compromissos formais com os Drs. Omar Lupi e Mauro Enokihara, respectivamente vice-presidente e presi- dente dessas respeitadas instituições. A S&CD já se encontra incluída em várias importantes bases de dados regio- nais e internacionais, tais como: REDALYC, LATINDEX, LILACS, SCOPUS e DOAJ (Directory of Open Access Journals), um diretório online que indexa e promove acesso somente para publicações de boa qualidade e revisadas por pares. A S&CD também marca sua presença em redes sociais voltadas a pesquisadores, entre elas o ResearchGate. A todos, Corpo Editorial, Conselho de Revisores nacionais e internacionais, equipe da Biblioteca- SBD e autores, agradeço pessoalmente a colaboração neste per- curso em direção à materialização e divulgação da S&CD. Algumas importantes barreiras já estão vencidas, mas muitos outros desafios ainda temos por enfrentar. Profa. Dra. Bogdana Victoria Kadunc Editora-chefe da Surgical & Cosmetic Dermatology Surgical & Cosmetic Dermatology e seu papel na comunicação científica Surgical & Cosmetic Dermatology and its role in scientific communication Revisão da literatura: afecções auriculares parte 1: traumas físicos e por alteração térmica Literature review: auricular disorders Part 1 - physical and thermal change related traumas DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/scd1984-8773.201810102 RESU MO A orelha é estrutura com peculiaridades anatômicas, localizada em área exposta a traumas e suscetível a uma série de dermatoses que merecem atenção, muitas vezes subdiagnosti- cadas pelos dermatologistas. Realizou-se revisão de literatura incluindo a embriologia e a anatomia do pavilhão auricular, bem como diagnóstico e tratamento das lesões traumáticas de natureza física e por alterações de temperatura, entre outras. Palavras-chave: Anatomia; Orelha; Otopatias ABSTRACT The ear is a structure with anatomical peculiarities. It is located in an area exposed to trauma and sus- ceptible to a series of dermatoses that are often underdiagnosed by dermatologists and deserve attention. A literature review was carried out including the embryology and anatomy of the auricular pavilion, as well as the diagnosis and treatment of traumatic lesions of physical nature and due to changes in temperature, among others. Keywords: Ear; Anatomy; Ear diseases INTRODUÇÃO O ouvido é dividido em três partes principais: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. O externo é composto pelo pavilhão auricular e canal auditivo.1 O pavilhão auricular ou aurícula é oriundo do segundo arco faríngeo, podendo ser observado pela primeira vez na sexta semana de gestação. Orevestimento do canal auditivo externo é contínuo com a pele e com a superfície externa do tímpano, tem origem ectodérmica1 e contém glândulas sebáceas apócri- nas modificadas, denominadas glândulas ceruminosas e glândulas sebáceas, ambas associadas a folículos pilosos.2 Devido a sua posição anatômica, o pavilhão auricular está sujeito a traumas e exposições térmicas, além de poder apre- sentar diversos sinais associados a diferentes doenças cutâneas e sistêmicas. A ORELHA A aurícula se desenvolve a partir da primeira crista bran- quial e é composta primariamente de cartilagem e pele que estão aderidas firmemente na região anterior e em menor grau na posterior. Devido a sua localização anatômica o pavilhão auri- cular está comumente exposto ao sol e ao frio. As neoplasias da cartilagem da aurícula são raras; a maioria ocorre na pele ou nos anexos. Artigo de Revisão Autores: Bhertha M. Tamura1 Ana Carolina Junqueira Ferolla1 Cândida Naira L. e L. Santana2 1 Departamento de Dermatologia, Ambulatório de Especialidades Barradas, Bourroul - São Paulo (SP), Brasil. 2 Clínica Dermacare – São Luis (MA), Brasil. Correspondência para: Bhertha M. Tamura Av. Ministro Gabriel de Rezende Passos, 500 Conj. 1506 04521 022 - São Paulo - SP, Brasil E-mail: bhertha.tamura@uol.com.br Data de recebimento: 11/11/2017 Data de aprovação: 18/02/2018 Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Ambulatório de Especialidades Barradas - São Paulo (SP), Brasil. Suporte Financeiro: Nenhum Conflito de Interesses: Nenhum 10 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 10-6. Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 10-6. Afecções auriculares: traumas físicos e por alteração térmica 11 O canal auditivo externo tem de dois a 3cm de compri- mento e é composto por uma parte cartilaginosa em uma parte óssea. Somente a parte cartilaginosa do canal contém folículos pilosos, glândulas sebáceas e ceruminosas. Na porção superior e posterior do canal, a cartilagem é incompleta e preenchida por tecido fibroso. A junção temporomandibular e a glândula paróti- da se encontram na região anterior ao canal auditivo, estando o osso mastoide e o nervo facial localizados posteriormente. A inervação da aurícula e do canal externo é realizada pelo nervo auricular magno, por ramo auricular do nervo vago, ramo auriculotemporal do nervo trigêmeo e pelo nervo occi- pital inferior.1 EMBRIOLOGIA O desenvolvimento da orelha externa começa no final da quarta semana gestacional, a partir de seis tubérculos auriculares. Alterações congênitas durante a fusão dos tubérculos não são raras devido ao complexo desenvolvimento dos tubérculos. Os primeiros aparecem na região cervical inferior e com o desenvolvimento da mandíbula alongam-se em direção ao crâ- nio mudando a posição das conchas para a altura dos olhos. A posição mais baixa das conchas é frequentemente associada a malformações, na maioria das vezes cromossômicas. A partir da porção posterior do primeiro sulco faríngeo, o meato acústico externo cresce para o interior como um tubo afunilado, até atingir o revestimento endodérmico da cavidade timpânica. No início da nona semana, as células epiteliais do assoalho do meato acústico proliferam e formam uma placa do meato acústico. Essa placa se degenera no sétimo mês, e a surdez congênita ocorre quando ela se mantém.1,2 ANATOMIA DA ORELHA A orelha externa consiste inferiormente do lóbulo, parte macia e arredondada. A moldura externa contínua ao lóbulo é estrutura firme que se denomina hélice. A ela, superiormente se segue a escafa, medialmente a anti-hélix (moldura oponente à hélix) e em seu extremo caudal o antitragus. Medialmente à anti-hélix a cartilagem forma a concha, e superiormente uma outra depressão denominada fossa triangular. Medialmente na área de adesão da orelha ao segmento cefálico circundando o meato acústico (formado pela parte timpânica do temporal) em formato de “S” e o protegendo, encontramos o tragus (Figura 1). Os músculos da orelha são raramente valorizados devido a seu caráter rudimentar, mas precisam ser conhecidos e descri- tos. Podem ser considerados músculos da mímica pertencentes a um sistema de esfíncteres, que em vários animais ainda é bastante proeminente com funções como a movimentação das orelhas ou fechamento do meato acústico durante a hibernação.1,2 Há intensa vascularização da orelha, especialmente no lóbulo, sendo que os vasos se encontram na base de sua implantação. TRAUMA / HEMATOMA O trauma da aurícula ocorre frequentemente por contu- são, laceração ou perda de toda aurícula. Em alguns casos a au- rícula pode ser ressuturada com sucesso. A técnica reconstrutora deve seguir os conceitos básicos da cirurgia plástica. A sutura da pele deve ser cuidadosamente realizada com o controle rigoroso do sangramento porque a pele é justaposta à cartilagem subja- cente. As áreas extremamente maceradas devem ser removidas procurando-se minimizar as deformidades e cicatrizes. O hematoma (Figura 2) da aurícula não ocorre apenas em lutadores, boxeadores, jogadores de rugby, futebol e outros esportes, mas também é comum em crianças. Os hematomas são comuns em esportes com contato físico como as lutas, devido à exposição da orelha. Quando a orelha é atingida pode ocorrer um descolamento entre o pericôndrio a cartilagem, criando-se um espaço preenchido por sangue, e constituindo um hemato- ma. Como a cartilagem não tem circulação própria, esse espaço pode redundar em necrose ou infecção. O trauma é a causa mais comum de hematomas embo- ra discrasias sanguíneas possam levar a pequenas hemorragias. A região externa da aurícula é a área mais afetada devido a sua posição exposta. O sangue se coleta rapidamente após o trau- ma, dissecando o tecido entre o pericôndrio e a cartilagem e criando uma coleção vinhosa que envolve toda a aurícula. Se essa coleção não for tratada precocemente, o sangue se organiza, transformando-se numa massa fibrosa e causando a necrose da cartilagem pela isquemia regional. Essa massa cicatricial especial- mente após traumas repetitivos cria uma deformidade denomi- nada “orelha em couve-flor.3 O tratamento é baseado na drenagem rápida do sangue coletado. Devido à possibilidade de ocorrer uma pericondrite, deve-se fazê-lo assepticamente. Utilizam-se antibióticos de largo espectro, incluindo ação contra Pseudomonas aeruginosa nos pe- ríodos pré e pós-operatório. A incisão deve ser paralela à hélice, na escafa, fazendo-se abertura suficiente para aspirar inteiramen- te o hematoma, realizada precocemente para evitar a organização do mesmo. Nesse caso, haveria necessidade de curetagem. Podem ser colocados drenos pequenos para prevenir nova coleção de sangue ou soro, porém não se deve deixá-lo mais do que 48 horas devido ao risco de infecção. Figura 1: Representação esquemática da anatomia externa da orelha Um curativo compressivo deve ser adaptado ao formato da orelha sobre a área do hematoma e outro na região posterior da aurícula, podendo ser realizada sutura que atravessa toda a es- pessura da aurícula. Deve ser mantido por no mínimo 48 horas. Coleções pequenas residuais devem ser drenadas respeitando-se as técnicas de assepsia. Utiliza-se antibiótico durante cinco a sete dias, e a ocorrência de pericondrite deve ser tratada imediata- mente. LACERAÇÕES E ABRASÕES As lacerações da aurícula exigem o fechamento meticu- loso e detalhado, o realinhamento dos fragmentos e a manu- tenção dos contornos da aurícula. Deve ser feita a comparação com a orelha oposta para que possa ser mantida a maior simetria possível. As lacerações e abrasões podem ser tratadas sob anestesia local, porém, em crianças e nos casos severos ou extensos a opção é a anestesiageral. São comuns casos de laceração e ruptura do lóbulo devidas ao trauma do orifício do brinco.4 A ferida deve ser inspecionada e lavada cuidadosa e in- sistentemente para a remoção de qualquer material estranho ou necrosado. Deve-se realizar um desbridamento, (Figura 3) o mais conservador possível. Lacerações simples da pele são fechadas geralmente com fio mononylon seis zeros e a cartilagem com fio absorvível. Pode ser necessário remover uma pequena faixa de cartilagem ao longo da laceração para facilitar o fechamento do pericôndrio. Deve ser mantido o formato original da borda da hélice. São necessários curativo compressivo durante 24 horas e antibióticos orais durante uma semana. Quando a laceração se estende até o canal auditivo, após a sutura aplica-se um curativo dentro do canal para moldá-lo, mantendo-o durante várias se- manas para evitar estenose. As abrasões devem ser limpas e cobertas por gaze, anti- biótico e curativo oclusivo durante 24 horas. Após a retirada a ferida é tratada apenas com curativo simples até que ocorra a reepitelização. Se houver dor severa sob o curativo, ele deve ser removido imediatamente, e a ferida cuidadosamente examinada, pois podem ocorrer isquemia, hematoma ou infecção. Quando há necessidade de sutura, deve-se iniciá-la nos locais de acesso cirúrgico mais difícil, tais como meato auditivo e concha, ter- minando-se a cirurgia nos locais periféricos. Em alguns casos de ferimentos lacerantes extensos, a ressecção em cunha ou o debri- damento mínimo é necessário, devendo-se aproximar as bordas de maneira a não alterar a curvatura normal da orelha. Nos ferimentos abrasivos extensos ou nos casos em que ocorreram pequenas perdas de pele, procede-se à limpeza exaus- tiva da lesão e à aplicação de curativo oclusivo com gaze de rayon vaselinada. A epitelização se processará de maneira satisfatória no prazo de sete a dez dias, observando-se que a orelha tem enorme capacidade de epitelização secundária. Nos casos em que houver perda significativa de pele,5 com exposição do pericôndrio, utilizam-se enxertos de pele como medida reparadora. A área doadora preferencial é a região retroauricular contralateral, por apresentar pele de coloração e textura semelhantes. Quando há perda de pericôndrio, com exposição de car- tilagem, podem ser utilizados: ressecção em cunha e fechamen- to primário, retalho local, excisão da cartilagem e enxerto de pele, ou ainda manutenção do ferimento aberto. A ressecção em cunha, com fechamento primário, é utilizada quando a lesão é pequena ou localizada perifericamente. Quando se utilizam retalhos locais, a área preferencial é a região retroauricular. Em alguns casos, pode-se levar o retalho para a área exposta e, em segundo tempo, retorná-lo ao seu local de origem, utilizando enxerto de pele na área cruenta. Em ou- tros casos a cartilagem pode ser ressecada, enxertando-se a área cruenta. Esse procedimento tem a vantagem de ser realizado em um único tempo cirúrgico.6 Outra alternativa seria manter o ferimento aberto, tro- cando frequentemente o curativo com gaze embebida em soro fisiológico, aguardando-se a formação de tecido de granulação e realizando a reparação secundária em tempo posterior. 12 Tamura BM, Ferolla ACJ, Santana CNLL Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 10-6. Figura 2: Hematoma Figura 3: Borda da ferida desbridada após ruptura do lóbulo da orelha Afecções auriculares: traumas físicos e por alteração térmica 13 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 10-6. PERDAS PARCIAIS DA AURÍCULA Quando há desinserção muito importante da orelha, mas a circulação está mantida graças a um pequeno pedículo, deve-se ressuturar os tecidos em sua posição de origem, com o menor trauma possível. Na fixação do arcabouço cartilaginoso utiliza-se fio de náilon monofilamentar 6-0 com a finalidade de mantê-lo em posição. É necessário fazer a reavaliação da viabilidade teci- dual 48 horas após o procedimento inicial. Strauch3 observou a sobrevivência da orelha quando o pedículo era constituído apenas por uma porção do lóbulo ou de pequeno segmento junto à inserção do pavilhão no segmento cefálico. O tratamento ideal nas avulsões parciais com exposição de cartilagem deve visar a sua imediata cobertura. A cartilagem pode ser preservada com um enxerto ou com um segmento par- cialmente aderido, coberta por retalho adjacente ou sepultada sob retalho (em bolsa). Os traumas podem variar de perda par- cial a total da aurícula. Após anestesia, limpeza e debridamento, como já descrito, a extensão da perda tecidual e a condição do restante da estrutura determina se a ferida pode ou não ser sutu- rada primariamente ou se necessita de reconstrução. A perda da pele com pericôndrio intacto pode ser re- parada com um enxerto parcial ou total. A pele retroauricular fornece tecido cuja cor combina com a da pele da aurícula; as áreas supraclaviculares também podem ser utilizadas. Se hou- ver perda de pele e pericôndrio, há necessidade de um tecido vascularizado para cobrir a cartilagem. Podemos então utilizar um retalho da área pré ou retroauricular, mas, retalhos pré-au- riculares para a superfície lateral da aurícula podem parecer espessos e têm resultado cosmético pouco satisfatório. Se a área de cartilagem exposta for pequena, simplesmente pode ser ex- cisada, e as paredes da ferida ressuturadas. Se não for possível utilizar nenhuma dessas alternativas, pode-se esperar a granu- lação do tecido, mantendo-se apenas curativos locais até que possa ser feito um enxerto. A reconstrução de perdas teciduais totais,5 como a re- gião da hélice, do lóbulo da orelha, e defeitos segmentares en- volvendo a aurícula em sua região superior, média ou inferior pode ser bastante complexa ou exigir múltiplas fases. O mé- todo de escolha para a correção dependerá das dimensões do defeito. Defeitos com menos de 2cm podem ser transformados em pequenos fusos e fechados primariamente. Benchemam et al 7 descreveu uma técnica (Antia-Buch) com o uso de retalhos condrocutâneos superiores e inferiores da hélice adjacente ao defeito. Após a incisão da pele e cartilagem da superfície lateral da aurícula, a pele da superfície medial é amplamente divulsio- nada permitindo que os retalhos avancem sobre o defeito. Essas técnicas de avanço podem corrigir grandes defeitos, porém às vezes a diminuição do tamanho da orelha é inaceitável. Nesses casos, deve-se fazer reconstrução em etapas, trazendo outro te- cido ao defeito para reconstruir a hélice. Existe uma variedade de técnicas para rotação de retalhos tubulares para esse propósi- to. Outra opção envolve o avanço de pele da superfície medial da aurícula e da área retroauricular, que pode ser utilizado em combinação com enxertos de cartilagem. Pode-se utilizar essa técnica também em lesões mais extensas da orelha. Quando há a necessidade de várias fases cirúrgicas, não se deve dei- xar a cartilagem exposta. Pode-se cobri-la embutindo-a sob a pele retroauricular onde a área acometida é lavada, limpa, der- moabrasada e anatomicamente ressuturada no coto auricular remanescente. Cria-se, assim, uma bolsa ou túnel retroauricular que abriga esse coto. Duas semanas depois, a porção embutida é reexposta para que se complete a epitelização. Isso fornece uma proteção adequada, e a pele sobrejacente pode ser utilizada para a primeira fase da reconstrução. A cartilagem conchal da orelha contralateral pode ser utilizada para o enxerto composto. Essa técnica pode ser utilizada também para reconstruir orelhas com perda segmentar maior. AVULSÃO TOTAL DA AURÍCULA Na literatura o sucesso do reimplante de orelhas totalmente decepadas foi à custa de terapia agressiva com antibióticos endove- nosos, anticoagulantes e vasodilatadores. A congestão venosa deve seraliviada por múltiplas puncturas ou incisões para drenagem. Atualmente realiza-se a microcirurgia quando possível, com reanastomoses vasculares realizadas com técnicas microci- rúrgicas. Há necessidade também de anticoagulação, antibióticos, curativos frequentes e técnicas de drenagem venosa. A peça amputada deve ser transportada em condições es- téreis, resfriada e ressuturada o mais brevemente possível. Quan- do não for possível resgatá-la, podemos optar por próteses fixas, por implantes osteointegrados ou reconstrução auricular total.6 As amputações da orelha são de solução cirúrgica extre- mamente complexa. Até recentemente, a única alternativa viável consistia em salvar o arcabouço cartilaginoso. As tentativas cautelosas de salvar o arcabouço cartilagi- noso extremamente traumatizado podem prejudicar a recons- trução. Isso ocorre pelo fato de a cartilagem traumatizada ou alterada produzir detalhes ou projeção inadequados. Técnicas atuais de reconstrução utilizando enxertos de car- tilagem autógena com cobertura por retalho da fáscia do músculo temporal oferecem melhores resultados do que aqueles obtidos com tentativas de preservação da cartilagem em locais distantes. Nos casos de amputação, tratados com inserção da carti- lagem desnuda por debaixo do retalho retroauricular e liberação do retalho em duas a quatro semanas, nota-se retração tardia do segmento reinserido, bem como perda da definição e do con- torno da orelha. As reconstruções com cartilagem autógena, utilizando-se segmento da concha da orelha contralateral ou cartilagem costal, associadas à cobertura cutânea adequada, frequentemente produ- zem orelhas mais aceitáveis do ponto de vista estético. O reimplante de grandes segmentos ou de toda a orelha como enxerto composto está fadado, em alguns casos ao insu- cesso, exceto se a área receptora for inicialmente preparada no intuito de aumentar a vascularização.3 MORDEDURA POR ANIMAL Os conceitos básicos de reparações das lesões de orelha são as descritas anteriormente com algumas considerações es- pecíficas. Em primeiro lugar, identificar o animal (incluído o humano) e a extensão da lesão. Assim como outras feridas, é necessário documentar fotograficamente, preocupar-se com a profilaxia do tétano e detectar se há necessidade da profilaxia antirrábica. Todos os pacientes devem ser tratados com antibiótico. Tais lesões têm contaminação por micro-organismos tanto ae- róbios como anaeróbios,4 sendo os mais frequentemente detec- tados nas mordidas por humanos: S. aureus, Pasteurella multocida, Streptococci, Bacteroides e Fusobacterium sp. A penicilina ou a am- picilina cobre a maioria dos patógenos incluindo o P. multocida. O clavulonato de amoxacilina e a ticarcilina têm maior espectro de ação, incluindo o S. aureus e os produtores de beta-lactamase. O tratamento se inicia com a limpeza detalhada e a ir- rigação da ferida. Se ela for muito extensa e demandar recons- trução cirúrgica deve-se considerar se isso será feito imediata ou posteriormente. Há controvérsias, mas a reconstrução posterior nos casos de mordida humana grave ou lesões que ocorreram há várias horas é factível se o intervalo de tempo for inferior a cinco horas, com a ferida bem limpa e que possa ser suturada primaria- mente. Caso o reparo não possa ser realizado de imediato devem ser aplicados curativos locais até que haja tecido de granulação local, limpo e sem infecções. LESÕES POR ALTERAÇÕES TÉRMICAS Frio ou congelamento Provoca trauma localizado que resulta da exposição ao frio8 sendo a perda tecidual devida a lesões celular e vascular direta. Estudos em animais demonstram que após o congela- mento, os condrócitos mostram evidências imediatas de lesão acompanhadas de alterações mínimas das células epidérmicas. A microvasculatura, no entanto, apresenta mudança dramática, ocorrendo separação das células endoteliais da lâmina elástica interna (formação de cristais de gelo), estase e extravasamento de hemácias, edema intersticial, baixo fluxo e necrose tecidual. A liberação de metabólitos do ácido aracdônico, o tromboxane A2 e prostaglandinas pioram a necrose e agem na regulação da vascularização de um modo ainda não totalmente conhecido le- vando à isquemia e perda tecidual. A lesão por frio pode ser superficial ou profunda. Os teci- dos profundos se mantêm viáveis se o congelamento for superfi- cial, o que não acontece se ele atingir as camadas mais inferiores. Esse tipo de lesão é mais frequente nos climas frios, e a região auricular é frequentemente envolvida, por sua posição exposta e pela baixa quantidade de tecido subcutâneo para pro- teger os vasos sanguíneos. O vento, a umidade e a temperatura são determinantes da severidade da lesão. Inicialmente, há va- soconstricção deixando a orelha, especialmente nas partes mais externas, esbranquiçada e fria ao toque. Seguem-se a hiperemia e o edema que prejudicam ainda mais a permeabilidade capilar. A cristalização do fluido intracelular pode ser primariamente responsável por isso. A orelha se torna edemaciada, vermelha, amolecida e pode apresentar bolhas com saída de secreção fluida através da pele. No estágio final da queimadura pelo frio, os ca- pilares regionais se tornam repletos de células vermelhas devido à baixa velocidade da circulação através dos capilares e pela perda do soro em função da permeabilidade anormal. A recuperação é lenta porque ocorrem obstrução, trombose e isquemia, levando à necrose do tecido afetado. O tratamento é baseado no grau de severidade da le- são. A orelha deve ser tratada gentilmente para minimizar as lesões num tecido já traumatizado e desvitalizado. Deve-se evi- tar massagem e outras manipulações. Deixar que a temperatu- ra da orelha retorne gradativamente à temperatura corporal. Quando ocorrer a vasodilatação serão observados sintomas de prurido e dor severa, que deve ser controlada com analgésicos. Nas crianças há necessidade de restringir as mãos. Nos casos severos ou de exposição prolongada, recomenda-se o uso de anticoagulantes para minimizar a trombose e a coagulação in- travascular, devendo-se continuar esse tratamento até que se determine exatamente a área danificada. Em todos os casos po- dem ser usados estrogênios conjugados e bioflavonoides por via endovenosa para reduzir a permeabilidade capilar anormal. Os antibióticos podem ser necessários para prevenir a infecção do tecido desvitalizado. Se a necrose de algumas áreas da aurícula se tornarem evidentes deve-se aguardar sua delimitação com- pleta antes que a excisão cirúrgica seja realizada. A separação espontânea do tecido desvitalizado permite que a cirurgia seja econômica, e o resultado cosmético mais adequado. Se houver indicações de infecção e gangrena a excisão cirúrgica deve ser realizada imediatamente. O frio também pode ser importante fator quando se tra- ta de erupção juvenil da primavera, condrodermatite nodular da hélice, eritema pérnio, lúpus eritematoso e crioglobulinemia. Lesões semelhantes àquelas provocadas pelo frio podem ser de- sencadeadas por uso excessivo de spray de etilclorida para o pier- cing na orelha.2,5 QUEIMADURAS A aurícula é particularmente suscetível ao trauma tér- mico9 devido a sua posição exposta e à mínima quantidade de tecido subcutâneo separando a pele do pericôndrio. Pode-se perder tecido devido ao trauma térmico direto, e a isquemia dérmica progressiva parece resultar de uma interação comple- xa de fatores, incluindo o aumento da permeabilidade vascu- lar com a formação de edema significante e a liberação de mediadores químicos com potentes efeitos na função vascular. O tecido danificado serve como substrato para infecções e fi- nalmente a perda da cartilagem e a subsequente deformidade auricular. Queimaduras de primeiro grau envolvem apenas a epi- derme. A orelha ficaeritematosa, quente e dolorosa ao tato, e se toma conduta expectante. As queimaduras de segundo grau envolvem a epiderme e parte da derme, podendo ser divididas em profundas e superficiais. Queimadura de terceiro grau ou de espessura total é aquela em que ocorre a destruição total da epiderme e da derme. Muitas vezes a diferenciação entre a quei- madura parcial profunda e a de espessura total pode ser difícil. Leve edema pode ocorrer numa queimadura profunda e uma queimadura de espessura total pode ocorrer sem dor ou desse- 14 Tamura BM, Ferolla ACJ, Santana CNLL Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 10-6. Afecções auriculares: traumas físicos e por alteração térmica 15 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 10-6. cação de tecidos, levando à autoamputação parcial ou total da orelha. A falta da sensação de dor não auxilia a determinação da profundidade da queimadura pois é variável nas queimaduras de segundo e terceiro graus. O principal cuidado nos casos de quei- maduras de segundo e terceiro graus é a prevenção da condricte, infecção séria que leva também à perda da cartilagem. Deve-se realizar um cuidado meticuloso da ferida e evitar a pressão local. Purdue9 descreve regimes que envolvem a lavagem gentil da ore- lha e o uso de sabonetes antibacterianos uma a duas vezes por dia seguida da aplicação de cremes antibióticos, diminuindo assim a incidência da condrite para intervalo de zero a 3%. A cartilagem exposta devido a queimaduras severas deve ser coberta com te- cido vascularizado para tentar preservá-la. LESÕES ARTEFACTUAIS OU IATROGÊNICAS A maioria das outras formas de trauma tendem a ser ar- tefactuais ou iatrogênicas. O piercing pode levar à infecção, sen- do que as complicação decorrente desse procedimento podem chegar a 34%, com formação de queloide, dermatite de conta- to por níquel e pseudolinfoma do lóbulo da orelha. Ruptura da membrana timpânica e atresia adquirida do canal auditivo externo são geralmente resultados de trauma cirúrgico ou ten- tativas intempestivas para remover corpo estranho ou cerúmen impactados. Contratura do meato acústico externo pode seguir as queimaduras. ACANTOMA FISSURADO Trata-se de lesão fissurada, algumas vezes apresentando-se como pápula eritematosa e descamativa lembrando lesão de ce- ratose actínica. Ocorre atrás ou na parte mais superior da orelha, na junção com o couro cabeludo causada por hastes de ócu- los mal ajustados. O diagnóstico diferencial inclui o carcinoma basocelular, a ceratose actínica e o carcinoma espinocelular em fase inicial.6,10 CORPO ESTRANHO Corpos estranhos no canal auditivo compõem um cená- rio comum nas emergências, mais comum na população abaixo de cinco anos de idade. Podem ser assintomáticos ou com dor, inflamação ou infecção no conduto auditivo externo,3 otorréia e tinido.11,12 Na infância a maior parte corresponde a pequenos ob- jetos e grãos e na população adulta a algodão dos cotonetes. O tratamento é feito com a lavagem do ouvido ou por cirurgia. A lista de objetos que podem ser encontrados no canal auditivo é muito variada, sendo o cerúmen impactado causa frequente de irritação. Por outro lado, pouco cerúmen, especialmente em mulheres, pode levar ao prurido. Deve-se ter cuidado e atenção com o uso excessivo de algodão, excesso de limpeza ou coçadura do ouvido. O uso de objetos metálicos pode levar à dermatite de contato. As tentativas intempestivas para a retirada do objeto levam muitas lesões para o istmo ou outros locais. O corpo es- tranho, sendo menor do que o lúmen do canal pode ser remo- vido por um fórceps de Hartmann. Objetos maiores devem ser “pescados” com uma alça, ou, em alguns casos, com injeção de água através da parede à semelhança da retirada de cerúmen, ou ainda, aspirados com sugadores adequados. No caso dos insetos, inicialmente devem ser mortos com tampão de algodão ume- decido com éter, clorofórmio ou álcool durante cinco minutos e depois lavagem para sua retirada. Se a criança estiver agitada, há necessidade de anestesia geral. Muitos dos casos de trauma timpânico e dos ossículos ocorrem com movimentos das crian- ças durante esse tipo de procedimento. Sempre que objetos se instalarem além do istmo deve-se realizar a retirada sob anestesia. Moscas podem depositar seus ovos na orelha e a miíase resultante pode levar à dor, inflamação e ocasionalmente a complicações mais severas. Pelos soltos no canal auditivo também podem ser causa de ruídos no ouvido. CONCLUSÕES A revisão realizada demonstra a grande variedade de afecções que podem atingir a orelha. Embora muitas vezes te- nhamos a impressão de que as doenças atinjam a orelha por que ela faz parte do tegumento, o que é verdade na maioria dos casos, outras se referem exclusivamente a essa região pelas suas próprias características e função. Discorremos sobre as dermatites, trauma, infecções, deformidades congênitas até tumores benignos e ma- lignos tornando o assunto extremamente interessante em termos dermatológicos e também do ponto de vista cirúrgico pelo co- nhecimento mais amplo permitindo abrir um leque em termos de diagnóstico diferencial e alternativa terapêutica. l REFERÊNCIAS 1. Anthwal N, Thompson H. The development of the mammalian outer and middle ear. J Anat. 2015;228(2):217-32. 2. Garvey C, Garvey K, Hendi A. A review of common dermatologic disor- ders of the external ear. 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Rev Stomatol Chir Maxillofac. 2008;109(5):307-11 8. Emsen IM. A dangerous sequele of frostbite: third-degree ear burn. J Burn Care Res. 2007;28(3):539. 9. Purdue GF, Hunt JL. Chondritis of the burned ear: a preventable compli- cation. Am J Surg. 1986;152(3):257-9. 10. Deshpande NS, Sen A, Vasudevan B, Neema S. Acanthoma fissuratum: lest we forget. Indian Dermatol Online J. 2017;8(2):141-3 11. Oztürkcan S, Oztürkcan S. Dermatologic diseases of the external ear. Clin Dermatol. 2014;32(1):141-52. 12. Shea CR. Dermatologic diseases of the external auditory canal. Otolaryngol Clin North Am. 1996;29(5):783-94. 16 Tamura BM, Ferolla ACJ, Santana CNLL Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 10-6. 17 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 17-21. Artigo de Revisão Autores: Leandro Fonseca Noriega1 Letícia dos Santos Valandro2 Nilton Gioia Di Chiacchio1 Marina Lino Vieira1 Nilton Di Chiacchio1 1 Clínica de Dermatologia, Hospital do Servidor Público de São Paulo – São Paulo (SP), Brasil. 2 Departamento de Dermatologia, Hospital de Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Campinas (SP), Brasil. Correspondência: Leandro F. Noriega Avenida Andrômeda, no 885, sala 2106 - Alphaville Empresarial 13015 121 - Barueri - SP, Brasil Email: leandronorieg@gmail.comData de recebimento: 01/11/2017 Data de aprovação: 02/01/2018 Trabalho realizado no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo - São Paulo (SP), Brasil. Suporte Financeiro: Nenhum. Conflito de Interesses: Nenhum. Tratamento de verrugas virais com bleomicina intralesional Treatment of viral warts with intralesional bleomycin DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/scd1984-8773.201810103 RESU MO A verruga viral representa uma das dermatoses mais prevalentes. O quadro clínico varia de lesão única com cura espontânea até múltiplas lesões recalcitrantes. O sulfato de bleomici- na é uma droga de ação citotóxica, aprovada para o tratamento quimioterápico de algumas malignidades. Há mais de 45 anos existem trabalhos demonstrando sua utilidade na der- matologia, em especial na terapia intralesional para verrugas virais, que constitui excelente opção para as lesões em topografias de difícil manejo e para os casos não responsivos a outras abordagens. Palavras-chave: Bleomicina; Tratamento farmacológico; Verruga viral ABSTRACT Viral warts are one of the most prevalent dermatoses. The clinical picture varies from a single lesion with spontaneous cure to multiple recalcitrant lesions. Bleomycin sulfate is a cytotoxic action drug approved for the chemotherapeutic treatment of some malignancies. There are a number of studies that have been carried out during the last 45 years demonstrating its usefulness in dermatology, especially in intralesional therapy for viral warts, meaning it is an excellent option for lesions in difficult-to-han- dle topographies and for cases that do not respond to other approaches. Keywords: Bleomycin; Drug therapy; Viral wart INTRODUÇÃO A bleomicina foi originalmente isolada do fungo Streptomyces verticillus, em 1962, por Umezawa et al.1 Esse glicopeptídeo possui efeito antibacteriano e antiviral, porém sua maior utilidade deve-se ao efeito citotóxico. Foi aprovado pelo Food and Drug Adminis- tration (FDA) para o tratamento, por via sistêmica, do carcinoma testicular, da efusão pleural maligna, do linfoma de Hodgkin e não Hodgkin. Como quimioterapia adjuvante foi aprovado para o tra- tamento de algumas formas avançadas de carcinoma espinocelular cutâneo.2-4 Apesar de não ser aprovado para terapia intralesional, na der- matologia existem muitos relatos de casos e estudos que demonstram eficácia e segurança no tratamento de diversas doenças, como, por exemplo, verrugas virais, queloides, hemangiomas, malformações vasculares e algumas neoplasias malignas (carcinoma basocelular, queratoacantoma, carcinoma espinocelular e sarcoma de Kaposi).3,5,6 Farmacodinâmica Conhecendo-se sua baixa absorção quando administrada por via oral, nos casos de tratamento sistêmico deverão ser utilizadas as vias endovenosa, intramuscular ou subcutânea, a depender do pro- tocolo de abordagem.3 Devido a sua baixa absorção transepidérmica, é necessária dose muito elevada para que seja atingida mínima concentração tecidual, quando de sua aplicação por via tópica.3 Assim, a inje- ção intralesional torna-se alternativa para o tratamento de lesões localizadas. Após uma sessão de infiltração intralesional, conside- ra-se que a absorção sistêmica seja mínima.7,8 James et al.9 dosaram o nível sérico de bleomicina em sete pacientes com verrugas virais palmares, após a injeção de uma unidade (U) da droga. A concentração plasmática variou entre 7,5 e 113,5ng/ml e de 4,9 a 34,8ng/ml após 45 e 120 minutos, respectivamente. Sua excreção é principalmente renal, porém se sugere que exista a participação hepática.3,10 Também ocorre a destrui- ção enzimática por meio da bleomicina hidrolase, enzima pre- sente em diversos tecidos, porém em concentrações variáveis.3 Mecanismo de ação Atua principalmente via clivagem da cadeia de DNA. Na presença de oxigênio, Fe2+ e um agente redutor, a bleomicina transfere elétrons do Fe2+ para o oxigênio, criando espécies reati- vas de oxigênio. O radical livre causa dano oxidativo aos nucleo- tídeos, clivando a cadeia de DNA.3 Também ocorre degradação do RNA celular.11 Outro mecanismo de ação relacionado à boa resposta terapêutica nas verrugas virais é o dano endotelial.11 Não foi descrito efeito direto da bleomicina sobre o papiloma- vírus humano (HPV). Por ser substância hidrofílica, sua permeabilidade através da membrana celular é baixa. Mizuno e Ishida12 demonstraram que a associação da bleomicina com lidocaína, procaína, tetracaí- na, dibucaína, butacaína ou etanol gera maior efeito citotóxico. Essas substâncias causariam desestruturação das membranas ce- lulares e consequentemente maior permeabilidade transmem- brana.3,12 Forma farmacêutica A preparação disponível comercialmente é o sulfato de bleo- micina na forma de pó liofilizado, em frasco/ampola com 15U.3,4 Verrugas virais A verruga viral cutânea é doença benigna comum, causada pelo HPV, que acomete com maior frequência a região das mãos e dos pés (Figura 1).13,14 A apresentação e a gravidade podem variar desde lesão única com resolução espontânea até múltiplas lesões de curso crônico. Acomete qualquer faixa etária, com prevalência variável entre 5 e 30% nas crianças e adultos jovens.13-15 Imunossuprimidos apresentam importante predisposição, com lesões de longa duração e menor resposta ao tratamento.13,15 Além das alterações estéticas e funcionais, devemos lem- brar da associação entre a infecção por HPV e o carcinoma es- pinocelular cutâneo.15 Assim, é importante realizar a biópsia de lesões verrucosas crônicas nos adultos, posto que elas podem re- presentar neoplasias epiteliais malignas. Crioterapia, ácido salicílico, ácido lático, glutaraldeído, imiquimode, eletrocauterização, excisão cirúrgica, curetagem, podofilotoxina, cantaridina, 5-fluorouracil (tópico ou intrale- sional), imunoterapia, terapia fotodinâmica e pulsed dye laser são citados como opções terapêuticas.3,13,14 A topografia, o tamanho, o número de lesões e a falha nos tratamentos prévios influenciam a escolha da abordagem te- rapêutica. Bleomicina intralesional para o tratamento das verrugas virais A primeira descrição de bleomicina intralesional para o tratamento de verruga viral ocorreu na década de 1970, e desde então diversos estudos evidenciaram suas eficácia e segurança. Para muitos autores essa é uma excelente opção terapêutica para lesões em topografias de difícil abordagem, em especial a região periungueal (Figuras 2 e 3), e para lesões recalcitrantes, mesmo em imunossuprimidos.3,8,9,11,13,14,16,17 Dhar et al.18 analisaram 73 pacientes, entre cinco e 50 anos, com o total de 155 verrugas, comparando os usos de crioterapia e bleomicina intralesional. A taxa de cura no grupo da bleomicina foi de 94,9%; no grupo tratado com crioterapia foi de 76,5%. Em estudo semelhante, Adalatkhah et al.19 demostraram cura em 86% e 68% dos casos tratados com bleomicina e crio- terapia, respectivamente. Rossi et al.20 evidenciaram taxa de cura de 82%, sendo 2,5 vezes maior do que no grupo placebo. Além das verrugas vulgares e palmoplantares, há estudos mostrando eficácia no tratamento das verrugas anogenitais, com taxa de cura de até 70%.21 Uma vez que o uso da bleomicina intralesional é modali- dade considerada off-label, não existe uma forma padronizada de diluição. A maioria dos autores descreve o uso dessa droga em concentração variável de um a 1,5U/ml: - 15ml de soro fisiológico (SF) 0,9% para 15U bleomi- cina = 1U/ml.2 - 5ml de água destilada para 15U de bleomicina. Poste- riormente misturar 1/3 dessa solução + 2/3 de lidocaína 2% = 1U/ml.18,22 - 4 ml de SF 0,9% + 6ml de lidocaína 2% para 15U bleo- micina = 1,5U/ml.21 Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.10 n.1 jan-mar. 2018 p. 17-21. Figura 1: Verruga viral periungueal, com acometimento da dobra ungueal lateral no primeiro
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