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APS - Ética

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Atividade Prática Supervisionada - Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas, de Yves de La Taille.
A obra em análise é um compilado de reflexões e leituras do professor do Instituto de Psicologia da USP, de Yves de La Taille, que passou a ser por mim analisado a partir de fls. 49 até fls. 69.
Inicialmente o professor faz uma análise sobre as relações entre o os planos moral e ético, ao passo que recorda as definições de moral e ética e as dimensões psicológicas a ela relacionada. 
Relacionando, assim o conceito de moral à pergunta “como devo agir? ”, e o conceito de ética à pergunta “que vida eu quero viver? ”
Dessa forma, a ética e a moral estão intimamente ligadas com felicidade e o bem-estar subjetivo, bem como a dois processos psicológicos, quais sejam: o sentimento de obrigatoriedade e a expansão de si próprio. 
Destaca também a moral e a ética sob o prisma dos deveres e da felicidade, concluindo que os deveres nem sempre serão prazerosos, por tratarem da realização de obrigações que nos são exigidas. Sendo assim, os deveres não trazem em sua essência a felicidade.
Com relação à moral, Yves, ressalta que ela se relaciona com o interesse. No entanto, não é o interesse que busca uma recompensa, mas sim, com a noção sobre as motivações que nos movem.
O professor, explora a ética sob a perspectiva do amor próprio. Ressaltando os pensamentos de alguns filósofos. Enquanto alguns filósofos acreditam que o amor próprio está ligado com a vaidade do ser humano, para outros o amor próprio deve ser trabalhado para que não o leve à imoralidade, e ainda para alguns, o amor próprio deve ser visto como condição para agir o moral. Frisa ao final da análise que um ponto harmonioso entre todos esses filósofos é que o amor próprio por si só não garante o agir com moral.
Observa que o agir com moral associa-se ao querer agir assim. Portanto, nota que o dever e o querer se interligam. 
Atenta ao fato de que por diversas vezes o querer entra em confrontos. O Professor cita como exemplo, quando prometemos algo a alguém mas, queremos fazer outra coisa, por mais que o nosso querer seja fazer algo diferente queremos também cumprir com nossa palavra. Relaciona os filósofos, Tugendhat e Spaemann, orientam que “o dever ser é sempre um querer”. 
Com o fluir das considerações, Yes pondera que por diversas vezes o querer também é restringido pela moral, como quando deixamos de fazer todas as coisas que queremos, mas que não são moralmente vistas como corretas. Usa como exemplo a situação: quando desejamos matar quem nos faz mal ou desejamos trair aqueles que nos traem. Constata, portanto que só age com moral aquele que quer agir de tal forma, tem que ser uma vontade intima do ser humano. 
O ponto crucial é o motivo pelo qual algumas pessoas querem agir de forma moral e outras não, são quereres diferentes que envolve o “eu” de cada ser humano. 
Expõe ainda, breves considerações sobre o “eu” e “me”, que são representações de si. Possuindo como características: a) são representações do si, como nosso nome, como somos conhecidos etc.; b) representações de si que pressupõe uma assimilação cognitiva; c) é o valor que damos as nossas representações.
Indica o pensamento de Savater, sobre o “querer” e o “ser”, segundo o qual, o homem somente poderá querer alguma coisa de acordo com o que ele seja. Buscar a autoafirmação é a busca de valores positivos de si próprio. 
A autoestima representa valorização do si próprio, já o auto respeito “é o sentimento que une os planos moral e ético”. Isto posto, só respeita a moral quem respeita a si mesmo.
Realça, o professor as pessoas, ao longo da vida passam pelo sentimento de obrigatoriedade, embora, tal sentimento seja tão fraco que a obrigatoriedade não é o suficiente para que os deveres morais sejam efetivados. 
O autor frisa o pensamento de que se colocarmos na balança o querer e o dever, na maioria das vezes o querer irá prevalecer, portanto para agirmos moralmente temos que querer/desejar agir de tal forma, pois o sentimento de dever é fraco para fazermos ou deixarmos de fazer algo.
Aponta, as teorias mais fortes a respeito deste tema. Estão presentes em Durkheim e Freud, que assumiam uma perspectiva relativista com relação à dimensão afetiva e em Piaget e as de Kohlberg que pressupõem a autonomia possível porque dão ênfase à razão.
Ainda há uma análise sobre a heteronomia e autonomia. Em que, um indivíduo heterônomo é um indivíduo moral, que possui sentimento de obrigatoriedade, aquele que elege para sua moral pontos dominantes da sua comunidade, aceita imediatamente a imposição de regras e princípios morais.
Em sentido contrário temos o autônomo que é aquele sujeito inspirado pelo sentimento de obrigatoriedade mas que elege quais serão seus princípios e moral. Este, não compreende a moral de integrantes de uma sociedade e sim, que a moral deve ter em todas as relações entre os humanos, presentes ou não em sua comunidade.
A ética sempre contém uma moral, pois a moral é que regra nossa vida em sociedade. Para que a felicidade de cada pessoa seja legítima para sociedade ela deve obedecer às regras impostas pela moral, como afirma Kant a moral não diz como sermos felizes, mas sim como merecemos ser felizes.
Yves indica três virtudes morais. São elas: a justiça, a generosidade e a honra. A justiça é inspirada pelo princípio da igualdade (todos devem ter o mesmo valor na sociedade) e pelo princípio da equidade (tornar iguais as pessoas que são por essência diferentes). 
A generosidade, por sua vez, não corresponde, necessariamente em dar a outrem o que já é de direito e sim em dar aquilo que lhe falta. A justiça, que é boa para todas as pessoas que exercem. Neste contraponto, faz uma distinção entre a justiça e a generosidade. À medida que, o agir com generosidade favorece somente aquele que foi contemplado pelo ato e não quem age de forma generosa.
Finalmente, a honra é o valor moral que a pessoa tem aos próprios olhos e a exigência que faz a outrem para que esse valor seja reconhecido e respeitado.
Desta feita, conclui-se que a ética e a moral caminham lado a lado. Podendo se distanciar e se aproximar em determinadas situações, mas sempre se farão presente, na vida em sociedade. O livro é uma importante obra, que busca a reflexão sobre os processos mentais, pelos quais, a pessoa que efetiva e obedece valores, regras e princípios morais.

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