Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Penal – Crimes em espécie II Dos Crimes Contra o Patrimônio FURTO – ART. 155 CP “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel” Ex: livro, carro, cachorro, celular Deve haver um valor econômico, se for valor emocional deve se ir na vara civil para requerer danos morais. Subtração (dolo) e houver a devolução, ou seja, o arrependimento posterior, reduz a pena de 1/3 a 2/3 Sujeito ativo e passivo: qualquer pessoa Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Consumação: teoria da amotio/apreensio Dá-se a consumação quando à coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que em um curto espaço de tempo, independentemente, do deslocamento ou posse mansa e pacífica Crime impossível Ex: lojas com sistema de monitoração (antes era considerado crime impossível) *Súm 567 STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. *STF/ HC: depende das lojas com maiores suportes de monitoração Bolso vazio Depende. Todos bolsos vazios crime impossível Um bolso com pertence, há furto (tentativa) Princípio da insignificância se for reconhecido, não há crime, devido não haver a lesão do bem jurídico o valor da coisa (com base no valor do patrimônio da vítima) circunstância do fato (deve ser favorável). Ex: pouco prejuízo e não reincidente. Agente (comportamento) P. insignificância é diferente de perdão judicial A pena aumenta-se 1/3, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/2, ou aplicar somente a pena de multa. Elemento subjetivo (vontade): Dolo → animus furandi anumus rem sibi habendi Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico Ex: tv assinatura (sky gato) não é furto, porque não há consumo do sinal ou redução do sinal. Furto Qualificado A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é cometido: Destruição o ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; com emprego de chave falsa; mediante concurso de duas ou mais pessoas houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. A pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. A pena é de reclusão de 3 a 8 anos Subtração de semovente domesticável de produção Ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração Conhecido como “abigeato” Ex: vaca, ovelha, cabra Animais como cachorro e gato não se aplica a esta qualificadora A pena é de reclusão de 2 a 5 anos Subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Objetivo: barrar o fornecedor Objeto: explosivo Ex: dinamites, bombas, CH4 O que é substância explosiva? É aquela capaz de provocar detonação, estrondo em razão da decomposição química associada ao violento deslocamento de gases A pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa É possível concurso de qualificadoras? Cabe furto qualificado privilegiado? SIM Furto de uso Não é crime (atípico) Requisitos: desde o início, a intenção de devolver a coisa; Não pode ser coisa consumível (porque desaparece e não há como restituir) Deve haver devolução integral e sem avarias. FURTO DE COISA COMUM – ART. 156 CP Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Somente se procede mediante representação. Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Pena - detenção, de 6 a 2 anos, ou multa. CONSIDERAÇÕES FINAIS O furto se aplica mediante ação penal incondicionada (REGRA), salvo Art. 156 (furto de coisa comum) e Art. 182 que dependerá de representação da vítima. Art. 181 - É a chamada ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: cônjuge, na constância da sociedade conjugal; ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: cônjuge desquitado ou judicialmente separado; irmão, legítimo ou ilegítimo; de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; ao estranho que participa do crime. se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. ROUBO – ART. 157 CP “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência” Grave ameaça: Violência moral, que bloqueia a reação da vítima Violência física: vias de fato, lesão corporal (leve, grave e gravíssima) e morte. Reduzir a possibilidade de resistência da vítima: uso de bebidas alcóolicas, remédios, entorpecentes, hipnose. (podendo estar sóbrio) Roubo próprio ou impróprio (a diferença é a ordem dos fatores naturais) Próprio: violência e grave ameaça para realizar a subtração Impróprio: subtração depois da grave ameaça (garantir a impunidade do crime) Consumação ou tentativa Teoria da Amotio ou apreencio Cabe tentativa no roubo próprio Não cabe tentativa no roubo impróprio, pois já houve a consumação Roubo majorado Concurso de agentes duas ou mais pessoas aumenta-se 1/3 até metade Se a vítima está em serviço de transporte de valores O agente tem que conhecer tal circunstância da vítima Valores: dinheiro, joias, títulos Ex: carros fortes é usual empresas usarem carros descaracterizados para que não chamem atenção aumenta-se 1/3 até a metade Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (mesmo do furto) Aumenta-se 1/3 até metade O agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade O fato de ser além do necessário para fazer a subtração É diferente do sequestro Aumenta-se 1/3 até metade Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Ex: bombas, dinamites, CH4 Aumenta-se 1/3 até metade A pena aumenta-se de 2/3: se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; a arma deve ser eficaz (potencial para lesionar) Não cabe armas brancas se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Iguais a de furto, porém aumenta-se e não qualifica Roubo qualificado Resultar em: Lesão corporal grave ou gravíssima. Pena de reclusão de 7 a 18 anos, e multa Morte Subtração + morte (latrocínio) Dolo + culpa Pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa. Latrocínio É o roubo seguido de morte Se consuma com a morte da vítima, ainda que não houve a subtração do bem. Cabe tentativa no latrocínio Vide: Súmulas 603 e 610 STF Pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa *Súm. 603 STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri.” *Súm. 610 STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.” CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ROUBO Não cabe o princípio da insignificância Não admite modalidade culposa Não se aplica as escusas absolutórias É mediante ação penal pública incondicionada Concurso material: o agente mediante + de uma ação ou omissão, pratica 2 ou +crimes, idênticos ou não, aplicam-secumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. Concurso formal: o agente, mediante 1 só ação ou omissão, pratica 2 ou + crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de 1/6 até 1/2. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos EXTORSÃO – ART 158 CP “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa” Valor protegido: patrimônio, pessoa Verbo: constranger (forçar, coagir, obrigar) Sujeito: qualquer pessoa Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até metade. QUALIFICADORAS: Concurso de agentes (2 ou + pessoas) ou com emprego de arma aumenta-se a pena de 1/3 até 1/2. Extorsão praticada mediante violência: lesão corporal grave, a pena – reclusão 7 a 18 anos, e multa; morte, a pena – reclusão 20 a 30 anos, e multa. Sequestro relâmpago Cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica pena – reclusão, 6 a 12 anos, além da multa. Consumação e tentativa: Para obter a consumação deve haver constrangimento; vítima agir de acordo com o determinado; contenção (intenção) da vantagem indevida Súmula 96 STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – ART. 159 CP “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate” Verbo: sequestrar (privar a liberdade por tempo juridicamente relevante) É condição para liberar a vítima mediante extorsão Somente pessoas são vítimas (caso haver animal, se encaixa apenas na extorsão) pena – reclusão, 8 a 15 anos. QUALIFICADORAS: durar + de 24 horas se o sequestrado é menor de 18 ou maior de 60 anos crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de 12 a 20 anos. Se resulta lesão corporal de natureza grave (Pena - reclusão, 16 a 24 anos.) Se resulta a morte. (Pena - reclusão, 24 a 30 anos.) Delação premiada Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3. Devendo o agente prestar informações útil e efetiva, que leve a libertação da vítima. A mera confissão não é delação EXTORSÃO INDIRETA – ART. 160 “Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro” Pena - reclusão, 1 a 3 anos, e multa. CONSIDERAÇÕES FINAIS A consumação do sequestro é a privação de liberdade da vítima Não há modalidade culposa Sequestro é crime permanente Basta a intenção para a consumação APROPRIAÇÃO INDÉBITA – ART. 168 CP “Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção” É a conduta daquele que legitimamente detém algum objeto e a partir e um momento passa a agir como se fosse dono da coisa Ex: venda, doação, consumo Não há violência e grave ameaça Quando o sujeito afirma de forma clara que não restituirá a coisa Pressupostos: Posse regular, lícita da coisa A posse é anterior Vítima entrega o bem voluntariamente → Ocorre a posse desvigiada → Inverte o animus de posse Pena - reclusão, 1 a 4 anos, e multa. Sujeito ativo: possuidor/legitimo da coisa Sujeito passivo: proprietário da coisa Aumento de pena de 1/3 quando o agente recebeu a coisa: em depósito necessário; na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; em razão de ofício, emprego ou profissão. Apropriação de coisa achada quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. ESTELIONATO – ART 171 CP “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento” Verbo: fraudar Não há violência, somente falsa percepção da realidade Induzir alguém à erro Consumação: realização da fraude → obtém a vantagem indevida → gera prejuízo alheio. Se faltar algum destes requisitos é tentativa. Pena - reclusão, 1 a 5 anos, e multa. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena ou pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. *Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Defraudação de penhor defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Fraude na entrega de coisa defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de cheque emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. A pena aumenta-se 1/3, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Compartilhar