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Resumo AV1 Processo Civil III

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Princípios Fundamentais dos 
Recursos - NCPC 
RECURSO = DESDOBRAMENTO DA AÇÃO + ÔNUS 
PROCESSUAL 
Princípios Fundamentais dos Recursos 
Os princípios são fontes das regras de direito, inclusive no tocante 
aos recursos. Conhecendo-os, estaremos desvendando grande parte 
do regramento legal dessa matéria. 
São 5 princípios fundamentais dos recursos: 
1. Princípio da Taxatividade; 
2. Princípio da Unirrecorribilidade ou Singularidade 
Recursal; 
3. Princípio da Vedação Reformatio in Pejus; 
4. Princípio da Fungibilidade; 
5. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição. 
Princípio da Taxatividade 
Os recursos existem em números clausus na lei, isto é, em um rol 
taxativo ou fechado no ordenamento jurídico. Só é recurso o que a 
lei considera como tal. No ​CPC​ os recursos são os seguintes: 
1. Embargos de Declaração; 
2. Apelação; 
3. Agravo de Instrumento; 
4. Agravo Interno; 
5. Recurso Ordinário Constitucional (ao STF e ao STJ); 
6. Agravo em Recurso Especial e em Recurso 
Extraordinário; 
7. Embargos de Divergência; 
8. Recurso Especial (ao STJ); 
9. Recurso Extraordinário (ao STF). 
OBS: no ​CPC​ não existe mais o recurso por ele denominado 
"Embargos Infringentes". 
Fora do ​CPC​, na Lei ​9.099​/95, que se aplica aos juizados especiais 
dos Estados e completa o regramento dos juizados especiais federais 
e dos juizados especiais da Fazenda Púlblica, existe a previsão de 
um recurso a ser usado, em 10 dias, contra a sentença (art. 41 á 43). 
Ele foi denominado "Recurso Inominado" na doutrina, porquanto 
desprovido de nome legal. 
OBS: Não é apelação, pois na apelação o prazo é de 15 dias e este é 
de 10; a apelação vai para o tribunal e este vai para turma 
recursal. 
Por sua vez, na ​lei de execução fiscal​ (art. ​34 ​ da Lei ​6830​/80), está a 
previsão do recurso de embargos infringentes, cabivel contra a 
sentença em execução fiscal de valor igual ou inferior a 50 
Obrigações do Tesouro Nacional, recurso este, a ser decidido pelo 
próprio juiz da causa. Da decisão que julga esses infringentes, só 
cabe recurso extraordinário ao STF, além de embargos de 
declaração. 
OBS: Não existem infringentes do ​CPC​. 
Princípio da unirrecorribilidade ou singularidade 
recursal 
Contra cada decisão o mesmo legitimado só pode interpor um único 
recurso em cada oportunidade. Por tanto, o mesmo legitimado não 
pode manejar contra a mesma decisão dois ou mais recursos, de 
uma só vez (Essa é a regra geral). 
Em razão disso e do efeito interruptivo que os aclaratórios quando 
os embargos de declaração concorrerem com outro recurso, eles 
sempre serão opostos sozinhos em primeiro lugar, pois a mera 
interposição dos embargos interrompe os prazos dos demais 
recursos. Então, os embargos serão processados, decidido e as 
partes intimadas dessa decisão, intimação essa que reabre do zero 
os prazos para interposição dos demais recursos. O efeito 
interruptivo dos embargos ocorre em qualquer processo, dentro do 
juizado especial ou fora dele 
A doutrina tem afirmado que essa interrupção de prazo beneficia 
ambas as partes não só o embargante, na verdade, essa interrupção 
também favorece o MP e o terceiro prejudicado, enfim, todos os 
legitimados recursais. A única exceção a esse princípio é a 
interposição simultânea do recurso extraordinário ao STF e do 
Recurso especial ao STJ, o que será feito quando uma decisão de 
única ou última instancia (Exemplo acordão) contrariar a 
Constituição Federal​ e norma de direito federal infra constitucional. 
Princípio da vedação da “reformatio in pejus” reforma 
para pior 
Existem duas espécies de sucumbência a unilateral e a recíproca a 
primeira ocorre quando apenas o autor ou o réu é derrotado. A 
secunda se verifica quando autor e réu são simultaneamente 
vencedores e vencidos quando houver sucumbência recíproca 
ambas as partes podem recorrer, mas isso não significa que elas 
recorrerão, se houver sucumbência recíproca e ambas as partes 
recorrerem, a decisão pode ser mantida ou modificada em qualquer 
sentido, porém, se houver sucumbência recíproca e apenas o autor 
ou o réu recorrer, a decisão recorrida poderá ser mantida ou 
reformada para melhorar a situação do recorrente, não para 
agrava-la (Reforma para pior). Entretanto esse princípio possui 
uma exceção ligada as matérias de ordem pública, assim entendidas 
algumas temáticas que o órgão judicial pode (deve) declarar de 
ofício porque interessa não só as partes, mas também a jurisdição. 
Além da prescrição e decadência que são temas de direito material, 
também são matérias de ordem pública todas as preliminares do 
337, com exceção da incompetência relativa e da convenção de 
arbitragem. 
Princípio da fungibilidade processual 
A fungibilidade recursal consiste no recebimento de um recurso 
inadequado em lugar do recurso que seria o correto para o tipo da 
decisão recorrida. No ​CPC​ de 1939, a fungibilidade recursal estava 
prevista em termos genéricos e a utilização dela dependia apenas da 
inexistência de erro grosseiro e de má-fé por parte do recorrente. O 
CPC​ de 1973 silenciou sobre a fungibilidade porque imaginou que o 
seu sistema recursal, demasiadamente simples não geraria dúvida 
sobre qual recurso interpor nos casos concretos. Essa suposição não 
se confirmou na prática e por isso doutrina e jurisprudência 
passaram a admitir a fungibilidade entre recursos se existisse, no 
caso, duvida objetiva a respeito do recurso cabível. Uma orientação 
minoritária a época também exigia o requisito da tempestividade, 
isto é, que o recurso inadequado fosse manejado no prazo do 
recurso correto. O ​CPC de 2015​ não contem norma genérica sobre a 
fungibilidade para toda e qualquer recurso, senão apenas duas 
previsões para situações especificas. 
A primeira situação implica o recebimento pelo tribunal do recurso 
de embargos de declaração como se fosse um agravo interno, a 
única exigência para tanto é que o relator intime previamente o 
recorrente para que ele fundamente o recurso, isto é, especifique as 
razões pelas quais está recorrendo. 
A segunda fungibilidade permite receber o recurso especial como se 
fosse um recurso extraordinário, quando for detectada na petição 
recursal uma questão de direito constitucional, caso em que os 
autos serão encaminhados ao STF, afim de que o RESP seja 
processado e julgado como se fosse um R. E. 
Porém, se o relator sorteado no STF entender que não é caso de 
fungibilidade, mandara devolver os autos ao STJ, em decisão 
irrecorrível, julgado o RESP nesse caso, nada impede que o 
sucumbente interponha um R. E., se houver fundamento 
constitucional para tanto (Art. 102, III –A, B, C, D da CF) 
Princípio do duplo grau de jurisdição (VIDE caderno de 
TGP) 
Juízo de admissibilidade e juízo de mérito dos recursos. 
Interposto qualquer recurso, o pedido recursal não é julgado de 
plano. Antes disso é preciso submeter o recurso a uma primitiva 
analise ou julgamento chamado “Juízo de admissibilidade” 
Nesse juízo apenas se analisa se estão ou não presentes certos 
pressupostos recursais, espécies de requisitos que todo recurso tem. 
Admitido, conhecido ou recebido o recurso, ele será então 
processado e finalmente julgado no mérito, isto é, quanto ao pedido 
recursal, caso em que esse pedido pode ser provido ou desprovido. 
Por tanto, o juízo de admissibilidade sempre antecede o juízo de 
mérito dos recursos. Porém, os pressupostos recursais são matérias 
de ordem pública e por isso se sujeitam a reexames sucessivos, 
inclusive de oficio. No ​novo CPC​ há uma regra: o juízo de 
admissibilidade compete ao mesmo órgão incumbido do juízode 
mérito do recurso. As duas únicas exceções no ​CPC​ são o RESP e o 
RE, pois o primeiro juízo de admissibilidade deles é feito pelo órgão 
judicial inferior em que o recurso for interposto, geralmente o TJ ou 
o TRF. Se essa admissibilidade for positiva, os autos sobem ao STJ 
ou ao STF conforme o caso, onde será refeita a análise da 
admissibilidade. OBS: A decisão que não admite o recurso é 
recorrível, mas a decisão que o conhece só pode ser questionada nas 
contra razões ou em eventual sustentação oral no tribunal. 
Princípio do devido processo legal 
É o princípio que assegura a todos o direito a um processo 
com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias 
constitucionais. Se no processo não forem observadas as 
regras básicas, ele se tornará nulo. É considerado o mais 
importante dos princípios constitucionais, pois dele derivam 
todos os demais. Ele reflete em uma dupla proteção ao 
sujeito, no âmbito material e formal, de forma que o 
indivíduo receba instrumentos para atuar com paridade de 
condições com o Estado-persecutor. ​Art. 5º, LIV e LV, da CF 
 
Teoria Geral dos Recursos (Processo 
Civil) - Novo CPC - (Lei nº 13.105/15) 
1. Introdução e Conceito 
Adotado o princípio do duplo grau de jurisdição, fixado pela 
Revolução Francesa e garantia de uma melhor qualidade da 
prestação jurisdicional, pelo qual a causa deve analisada por dois 
juízos distintos, o legislador ordinário regulou a sua aplicação 
criando meios de impugnação de decisões pelo vencido. 
Recurso é o poder que se reconhece à parte vencida em qualquer 
incidente ou no mérito da demanda de provocar o reexame da 
questão decidida pela mesma autoridade judiciária ou por outra de 
hierarquia superior, ou, segundo Luiz Guilherme Marinoni e Daniel 
Mitidiero "É um meio voluntário de impugnação de decisões 
judiciais, interno ao processo, que visa à reforma, à anulação ou ao 
aprimoramento da decisão atacada" (Código de Processo Civil - 
Comentado artigo por artigo - Editora Revista dos Tribunais, 2008, 
página 505). 
As várias espécies de recursos e as hipóteses em que eles podem ser 
interpostos estão previstas em lei processual. Assim, somente a 
União tem competência legislativa para tanto (Art. 22, I, da 
Constituição Federal).   
 
Além dos recursos, existem meios autônomos de impugnação das 
decisões judiciais, como, por exemplo, a ação rescisória, que não é 
um recurso, mas se presta a impugnar sentenças e acórdãos 
transitados em julgado, quando ocorrente qualquer das hipóteses 
previstas no art. 966 do Código de Processo Civil. 
Ressalta-se também que o mandado de segurança e o "habeas 
corpus" como meios autônomos que podem ser utilizados contra 
decisões judiciais. 
O poder de recorrer somente existe para quem tem interesse na 
modificação da decisão, modificação que não pode ser para pior - 
reformatio in pejus.​ Assim, é requisito indispensável de qualquer 
recurso que o recorrente tenha sucumbido, isto é, que não tenha 
sido atendido em sua pretensão, no todo ou em parte. Somente 
aqueles atos que ostentam conteúdo decisório é que são passíveis de 
recurso, pois somente estes podem gerar a sucumbência. 
2. Pressupostos para a interposição dos recursos 
2.1. Subjetivos 
São aqueles que levam em consideração a pessoa do recorrente. 
2.1.1. Legitimidade 
O "vencido" está legitimado, isto é, a parte que tenha sofrido 
prejuízo jurídico com a decisão. Também estão legitimados o 
Ministério Público - quer esteja atuando na condição de parte, quer 
na de ​custos legis​ -, o terceiro interveniente e o terceiro prejudicado 
(CPC, art. 996). 
2.1.2. Interesse 
Para recorrer é indispensável que o recurso seja útil e necessário ao 
recorrente, a fim de evitar que este sofra prejuízos com a decisão. 
Assim, constata-se que haverá interesse em recorrer somente 
àquele que for sucumbente, ou seja, àquele que não recebeu da 
decisão tudo o que dela esperava. 
2.2. Objetivos 
São aqueles que dizem respeito ao recurso em si. 
2.2.1. Tempestividade 
Para a interposição do recurso, há um prazo fixado na lei, sendo que 
para alguns recursos, o prazo é de 15 (quinze) dias (art. 1.003, §5º 
do CPC); para outros como o agravo retido ou de instrumento, é de 
15 (quinze) dias (art. 1.015 do CPC) etc. 
Decorrido o prazo, não mais poderá ser interposto o recurso. Esses 
prazos são contados do momento em que o advogado tem 
conhecimento da decisão: quando a decisão for prolatada em 
audiência, conta-se da audiência - ainda que o advogado a ela não 
esteja presente, mas tenha sido intimado regularmente; quando 
prolatada fora da audiência, quando for intimado pelo órgão oficial 
(art. 224 do CPC), lembrando que evidenciado o conhecimento da 
decisão, ainda que não intimado, o prazo tem início.  
 
2.2.2. Cabimento 
Em princípio, todos os atos com conteúdo decisório são passíveis de 
recursos, uma vez que o legislador, além de prever o recurso para as 
sentenças e decisões terminativas, adotou o princípio da 
"recorribilidade das interlocutórias", pelo qual somente aquelas 
decisões que o legislador estabeleceu não serem passíveis de 
recurso é que não são recorríveis. O exemplo de decisão 
interlocutória irrecorrível está no art. 1.007, §6º do CPC: a decisão 
que releva a pena de deserção da apelação é irrecorrível, como 
proclama o seu parágrafo único. Não estando prevista a 
irrecorribilidade, todas as decisões sujeitam-se ao recurso.  
Para cada espécie de decisão, há previsão de um recurso adequado: 
contra a sentença cabe apelação; contra decisão interlocutória cabe 
agravo de instrumento; contra acórdão unânime cabe recurso 
especial ou recurso extraordinário, e assim por diante. Não é 
possível utilizar-se um recurso por outro. Somente em situações 
excepcionais, em que houver dúvida quanto à natureza do ato 
judicial, será possível admitir-se um recurso por outro - princípio 
da fungibilidade recursal. Mas deverá o recurso inadequado ter sido 
interposo no prazo do recurso adequado, sob pena de ofensa ao 
pressuposto da tempestividade. 
2.2.3. Preparo 
O art. 1.007, do CPC, determina que no ato da interposição do 
recurso se comprovará o preparo. Logo, o prazo para o preparo não 
é o mesmo do recurso, mas se encerra antes, já que no ato da 
interposição deve-se comprovar a sua realização. Ausente o preparo 
exigido em lei, ocorre a deserção, que é uma pena ao recorrente 
desidioso, mas que pode ser relevada, desde que alegado e provado 
o justo impedimento. 
 
Embargos de Declaração - Novo CPC – 
(Lei n° 13.105/15) 
No Processo Civil, os embargos de declaração são espécie de recurso 
que tem por finalidade o esclarecimento de decisão judicial, por 
meio do saneamento de erros e vícios de obscuridade, contradição 
ou omissão nela contidos. Assim, a função dos embargos 
declaratórios é complementar ou esclarecedora da decisão do 
magistrado. Desse modo, os embargos são julgados pelo próprio 
órgão que proferiu a decisão, e deverão ser opostos no prazo de 
cinco dias. Em regra interrompem a contagem do prazo para a 
interposição dos demais recursos.  
No Processo Penal a ideia é a mesma. De acordo com o artigo 619, 
do Código de Processo Penal, "aos acórdãos proferidos pelos 
Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos 
embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua 
publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, 
contradição ou omissão". Aqui, os embargos serão julgados pelo 
relator, na primeira sessão, independentemente de revisão. Em 
regra, também interrompem a contagem do prazo para a 
interposição dos demais recursos (analogia ao CPC). 
Sevocê pesquisar o Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) verá que 
no ​artigo 1.022​ os embargos de declaração aparecem como ​recurso 
cabível contra qualquer decisão nas hipóteses de​: 
I – Esclarecimento sobre dúvida, obscuridade ou contradição na 
decisão. 
II – Omissão. Quando a decisão deixa de apreciar determinada 
prova, ou deixa de observar precedente de casos repetitivos. 
III – Correção de erro material. Quando há na decisão algum 
equívoco que possa ter influência” 
 
 
Agravo de instrumento no novo CPC: 
prazos e hipóteses de cabimento 
 
Na esfera cível, o agravo de instrumento é um recurso dirigido diretamente 
ao Tribunal de Justiça ou ao Superior Tribunal de Justiça (ad quem), a fim 
de reanalisar pronunciamento judicial de natureza decisória que não 
coloque fim ao processo (decisão interlocutória), conforme previsto no 
artigo 203 §2º do CPC. 
Como a própria nomenclatura do recurso sugere, o agravo enseja a 
formação de um instrumento. Por isso, a petição escrita deve conter: 
● os nomes das partes; 
● exposição dos fatos e do direito; 
● as razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão; 
● o pedido; 
● o nome e endereço completo dos advogados das partes. 
Os documentos que acompanham a petição de interposição, e dão razão 
ao instrumento, estão previstos no ​artigo 1.017 do CPC ​: 
I – cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou 
a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da 
respectiva ​intimação​ ou outro documento oficial que comprove a 
tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do 
agravante e do agravado; 
II – declaração de inexistência de qualquer dos documentos 
referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de 
sua responsabilidade pessoal; 
III – facultativamente, com outras peças que o agravante reputar 
úteis. 
IV – pagamento das custas e porte de retorno se devidos.” 
Se o processo for eletrônico, as peças referidas nos incisos I e II ​não 
precisam ser juntadas ao Agravo de Instrumento​, por força do § 5° do 
artigo 1.017 do Código de Processo Civil. Nesse caso, faculta-se ao 
agravante a juntada de outros documentos que entender pertinentes e 
úteis para compreensão da controvérsia. 
O que mudou com o Novo CPC? 
É relevante dizer que desde que o CPC/73 entrou em vigor, o agravo de 
instrumento passou por diversas modificações. Dentre elas, a regra 
imposta pela ​Lei 11.187/2005​ que tornava o agravo retido a regra e 
limitava a interposição do agravo de instrumento apenas em três 
situações​ que eram previstas no antigo artigo 522 do CPC/73: 
● quando a decisão recorrida for suscetível de causar lesão grave e 
de difícil reparação à parte; 
● quando for proferida decisão que inadmita apelação; 
● quando a decisão recorrida trate dos efeitos em que a apelação é 
recebida. 
Posteriormente acrescentou-se a possibilidade de agravo para as decisões 
proferidas no meio do processo de execução, na fase de cumprimento e 
liquidação de sentença​. 
Advindo o novo ​Código de Processo Civil​, de 2015, foi abolida a figura 
do agravo retido, sendo novas possibilidades para o cabimento do agravo 
de instrumento. Além disso, ampliou o prazo de 10 dias corridos para 15 
dias úteis. 
Outra novidade trazida pelo ​Novo CPC​ é que se algum dos requisitos do 
artigo 1.017 não forem atendidos, o agravante será intimado para fazê-lo 
no prazo de 5 dias. Sua inércia ensejará no não conhecimento do recurso, 
nos termos do parágrafo único do artigo 932 do Código de Processo Civil. 
 
Prazo do agravo de instrumento 
O prazo para interposição do recurso de agravo de instrumento é de ​15 
dias úteis​, contados da data da intimação da decisão. Ou seja, contado a 
partir do primeiro dia útil subsequente à publicação da decisão recorrida. 
Há ainda outras hipóteses de termo inicial do prazo recursal, tal como o 
comparecimento espontâneo em juízo. E, ainda, nos atos que devem ser 
cumpridos exclusivamente pela parte, a partir do recebimento da decisão, 
fazendo-se valer da regra prevista no ​art. 231 do CPC​. 
Hipóteses de cabimento do agravo de instrumento 
O ​artigo 1.015​ do Código de Processo Civil trouxe um rol de cabimento do 
agravo de instrumento: 
Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que 
versarem sobre: 
I – tutelas provisórias; 
II – mérito do processo; 
III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
V – rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do 
pedido de sua revogação; 
VI – exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII – exclusão de litisconsorte; 
VIII – rejeição do pedido de limitação do ​litisconsórcio​; 
IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X – concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos 
embargos à execução; 
XI – redistribuição do ​ônus da prova​ nos termos do art. 373, § 1º; 
XII – (VETADO); 
XIII – outros casos expressamente referidos em lei.” 
No parágrafo único há também a previsão de cabimento do agravo de 
instrumento contra decisões interlocutórias proferidas ​na fase de 
liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença​, no processo 
de execução e no processo de inventário. 
Rol taxativo do agravo de instrumento no novo CPC 
Há uma questão relevante sobre o artigo 1.015. Seria ele taxativo, 
impossibilitando a interposição do recurso caso não houve previsão 
expressa no artigo, ou poderia ser interpretado de forma extensiva? 
Em dezembro de 2018 foi proferida pelo Supremo Tribunal de Justiça por 7 
votos a 5, no recurso especial processado pelo rito dos recursos 
repetitivos, admitindo que o rol do artigo 1.015 do CPC tem a sua 
taxatividade mitigada e ​admite a interposição de agravo de instrumento 
quando verificada urgência​. (REsp 1.696.396/MT e REsp 1.704.520/MT, 
ambos da relatoria da Min. Nancy Andrighi, publicado em 19/12/2018) 
De acordo com a Ministra Nancy Andrighi, “a taxatividade do artigo 1.015 é 
incapaz de tutelar adequadamente todas as questões em que 
pronunciamentos judiciais poderão causar sérios prejuízos e que, por isso, 
deverão ser imediatamente reexaminadas pelo segundo grau de 
jurisdição”. 
Um pouco antes dessa decisão, porém, a Segunda Turma do STJ foi 
instada a se pronunciar sobre as hipóteses de cabimento do parágrafo 
único do art. 1.015. Em que pese o julgamento da Corte Especial acima 
suscitado não tivesse finalizado, firmou-se naquele acórdão que: 
é ​ certo que as hipóteses de Agravo de Instrumento trazidas 
pelo art. 1.015 do CPC de 2015 são taxativas​, principalmente 
quando tratar do Processo de Conhecimento, localizado no Livro I 
da parte especial, ​mas também é correto que o exegeta pode 
valer-se de interpretação extensiva em decorrência das 
especificidades de cada caso​.” 
A tendência dos tribunais caminha no sentido de que nos casos em que se 
verificar a relevância e urgência que torna primordial a revisão por 
instância superior e, não havendo como aguardar a análise de recurso de 
apelação ou mesmo nos casos em que a decisão tornar impossível o 
manejo da apelação, há possibilidade de interposição do agravo de 
instrumento. Isso porque decorre da inutilidade em se aguardar a 
apelação. 
Preclusão de decisões 
Contudo, outra questão surge nesse cenário. Não sendo o caso de 
previsão expressa do artigo 1.015 do CPC, havendo a possibilidade de a 
decisão interlocutória gerar gravame e ter urgência na sua decisão, ​se a 
parte não agravar, haveria a ocorrência da preclusão? 
Nesse sentido, se destaca a análise da relatora MinistraNancy Andrighi no 
REsp 1704520-MT: 
Não há dúvida de que ​o novo CPC modificou substancialmente o 
regime de preclusões do processo​. Pelo novo regime, apenas 
precluem as decisões que possuam o conteúdo descrito nas 
hipóteses previstas no art. 1.015 do CPC e que não tenham sido 
impugnadas por agravo de instrumento, ficando todas as demais 
questões imunizadas pelo sistema até momento futuro – prolação da 
sentença – ocasião em que as questões, até então imunes, deverão 
ser impugnadas pela parte no recurso de apelação ou em suas 
contrarrazões, sob pena de, a partir desse momento, tornarem-se 
indiscutíveis. 
Diante desse cenário, faz sentido a preocupação externada pela 
doutrina, no sentido de que o alargamento das hipóteses de 
cabimento do agravo pela via da interpretação extensiva ou 
analógica implicaria significativo rompimento com o modelo de 
preclusões inaugurado pelo CPC/15, com 41 potenciais e nefastos 
prejuízos às partes, pois, se porventura fosse adotada essa 
interpretação, a conclusão seria de que o agravo de instrumento era 
interponível desde logo até mesmo para as hipóteses não 
literalmente previstas no rol do art. 1.015, de modo que o 
jurisdicionado que, confiando na taxatividade restritiva e literal do 
referido rol, não impugnou a decisão cujo conteúdo seria dedutível 
por extensão ou analogia, teria sido atingido pela preclusão 
temporal. 
Esse problema, todavia, sequer se verifica se for adotada a tese 
jurídica que se propõe: taxatividade mitigada pelo requisito da 
urgência. De fato, admitindo-se a possibilidade de impugnar 
decisões de natureza interlocutória não previstas no rol do art. 
1.015, em caráter excepcional, tendo como requisito objetivo a 
urgência decorrente da inutilidade futura do julgamento diferido da 
apelação, evidentemente não haverá que se falar em preclusão de 
qualquer espécie. Não haverá preclusão temporal porque o 
momento legalmente previsto para a impugnação das interlocutórias 
– apelação ou contrarrazões – terá sido respeitado. 
A tese jurídica proposta não visa dilatar o prazo, mas, ao revés, 
antecipá-lo, colocando-se, em situação excepcional, a possibilidade 
de reexame de certas interlocutórias em momento anterior àquele 
definido pela lei como termo final para a impugnação. 
Também não haverá preclusão lógica, na medida em que, nos 
termos da lei, a decisão interlocutória fora da lista do art. 1.015, em 
tese não impugnável de imediato, está momentaneamente imune. 
Nessa perspectiva, somente por intermédio de uma conduta ativa da 
parte – ato comissivo – e que se poderá, eventualmente e se 
preenchido o seu requisito, desestabilizar a questão, retirando-a do 
estado de espera que a própria lei a colocou e permitindo que seja 
ela examinada imediatamente. Ademais, igualmente não há que se 
falar em preclusão consumativa, porque apenas haverá o efetivo 
rompimento do estado de inércia da questão incidente se, além da 
tentativa da parte prejudicada, houver também juízo positivo de 
admissibilidade do recurso de agravo de instrumento, isto é, se o 
Tribunal reputar presente o requisito específico fixado neste recurso 
especial repetitivo, confirmando que a questão realmente exige 
reexame imediato. 
Dito de outra maneira, o cabimento do agravo de instrumento na 
hipótese de haver urgência no reexame da questão em decorrência 
da inutilidade do julgamento diferido do recurso de apelação, está 
sujeito a um duplo juízo de conformidade: um, da parte, que 
interporá o recurso com a demonstração de seu cabimento 
excepcional; e outro, do Tribunal, que reconhecerá a necessidade 
de reexame com o juízo positivo de admissibilidade. Somente nessa 
hipótese a questão, quando decidida, estará acobertada pela 
preclusão. Significa dizer que, quando ausentes quaisquer dos 
requisitos acima mencionados, estará mantido o estado de 
imunização e de inércia da questão incidente, possibilitando que 
seja ela examinada, sem preclusão, no momento do julgamento do 
recurso de apelação” 
Sobreleva destacar que ​nem toda decisão pode ser atacada pelo 
agravo de instrumento​. Quando não houver urgência a parte pode, sem 
que ocorra a preclusão do ato, suscitá-las em preliminar de apelação ou 
contrarrazões. 
Tire suas dúvidas sobre a ​impugnação ao cumprimento de sentença​. 
Juízo de retratação 
O juízo de retratação do agravo de instrumento no novo CPCestá previsto 
no ​artigo 1.018​ e possibilita ao Juiz que proferiu a decisão agravada 
modificar o seu entendimento​, levando em consideração as razões 
contidas no agravo. Para isso, a parte deve comunicar ao juízo a 
interposição do recurso, juntando cópia do agravo de instrumento, 
comprovante de interposição, bem como informar as peças que seguiram 
com o agravo. 
Se o juiz reformar a decisão, ​o agravo perderá seu objeto e o relator o 
considerará prejudicado​. 
Contrarrazões de agravo de instrumento 
O ​artigo 1.019, II​ prevê a intimação do agravado para que apresente 
resposta no prazo de 15 dias úteis, facultando-lhe, igualmente, a juntada 
de peças que entender necessárias. 
Saiba mais sobre ​juntada de petição​ aqui no blog da Aurum. 
Efeito suspensivo do agravo de instrumento 
O recurso de Agravo de Instrumento no novo CPC ​não é dotado de efeito 
suspensivo automático​ (ope legis) ficando a critério do julgador a 
atribuição de efeito suspensivo ao recurso (ope judicis). 
Assim, distribuído o agravo de instrumento ao Tribunal, o recurso será 
sorteado ao relator. Ele poderá, liminarmente, ​atribuir efeito suspensivo 
ao recurso​, ainda que a outra parte não tenha se manifestado, ​ou deferir 
tutela total ou parcial ​, comunicando de imediato ao juiz a sua decisão. 
 
Apelação 
No Direito Processual Civil, apelação é o recurso ordinário cabível 
contra as sentenças proferidas em primeira instância, isto é, em 
primeiro grau de jurisdição. Institui o Código de Processo Civil que 
sentença é ato do juiz e que pode ser terminativa (sem resolução de 
mérito) ou de mérito (com resolução de mérito). O prazo do 
presente recurso será de 15 dias. Ele submete para instância 
superior o reexame da sentença. 
No Direito Processual Penal, por sua vez, apelação é o recurso 
interposto pela parte que se considera prejudicada com a decisão, 
visando o reexame de matéria examinada em sentença definitiva ou 
com força de definitiva de primeira instância. Ela é cabível, nos 
termos do art. 593, do CPP, "no prazo de 5 (cinco) dias: I - das 
sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por 
juiz singular; II - das decisões definitivas, ou com força de 
definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no 
Capítulo anterior; III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) 
ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do 
juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) 
houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da 
medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente 
contrária à prova dos autos". 
Fundamentação: 
Arts. 85, 86, III, 103, 318, 387, parágrafo único, 392, § 2º, 411, 424, 
581, XV, 593 a 603, 609 a 618, 670 e 673 do CPP 
Arts. 496, § 1º, 525, 994, I, 997, 1.003, §5°, 1.009 a 1.014, 941, §2°, 
946, 724 e 755, §3° do CPC

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