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Princípios Fundamentais dos Recursos - NCPC RECURSO = DESDOBRAMENTO DA AÇÃO + ÔNUS PROCESSUAL Princípios Fundamentais dos Recursos Os princípios são fontes das regras de direito, inclusive no tocante aos recursos. Conhecendo-os, estaremos desvendando grande parte do regramento legal dessa matéria. São 5 princípios fundamentais dos recursos: 1. Princípio da Taxatividade; 2. Princípio da Unirrecorribilidade ou Singularidade Recursal; 3. Princípio da Vedação Reformatio in Pejus; 4. Princípio da Fungibilidade; 5. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição. Princípio da Taxatividade Os recursos existem em números clausus na lei, isto é, em um rol taxativo ou fechado no ordenamento jurídico. Só é recurso o que a lei considera como tal. No CPC os recursos são os seguintes: 1. Embargos de Declaração; 2. Apelação; 3. Agravo de Instrumento; 4. Agravo Interno; 5. Recurso Ordinário Constitucional (ao STF e ao STJ); 6. Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário; 7. Embargos de Divergência; 8. Recurso Especial (ao STJ); 9. Recurso Extraordinário (ao STF). OBS: no CPC não existe mais o recurso por ele denominado "Embargos Infringentes". Fora do CPC, na Lei 9.099/95, que se aplica aos juizados especiais dos Estados e completa o regramento dos juizados especiais federais e dos juizados especiais da Fazenda Púlblica, existe a previsão de um recurso a ser usado, em 10 dias, contra a sentença (art. 41 á 43). Ele foi denominado "Recurso Inominado" na doutrina, porquanto desprovido de nome legal. OBS: Não é apelação, pois na apelação o prazo é de 15 dias e este é de 10; a apelação vai para o tribunal e este vai para turma recursal. Por sua vez, na lei de execução fiscal (art. 34 da Lei 6830/80), está a previsão do recurso de embargos infringentes, cabivel contra a sentença em execução fiscal de valor igual ou inferior a 50 Obrigações do Tesouro Nacional, recurso este, a ser decidido pelo próprio juiz da causa. Da decisão que julga esses infringentes, só cabe recurso extraordinário ao STF, além de embargos de declaração. OBS: Não existem infringentes do CPC. Princípio da unirrecorribilidade ou singularidade recursal Contra cada decisão o mesmo legitimado só pode interpor um único recurso em cada oportunidade. Por tanto, o mesmo legitimado não pode manejar contra a mesma decisão dois ou mais recursos, de uma só vez (Essa é a regra geral). Em razão disso e do efeito interruptivo que os aclaratórios quando os embargos de declaração concorrerem com outro recurso, eles sempre serão opostos sozinhos em primeiro lugar, pois a mera interposição dos embargos interrompe os prazos dos demais recursos. Então, os embargos serão processados, decidido e as partes intimadas dessa decisão, intimação essa que reabre do zero os prazos para interposição dos demais recursos. O efeito interruptivo dos embargos ocorre em qualquer processo, dentro do juizado especial ou fora dele A doutrina tem afirmado que essa interrupção de prazo beneficia ambas as partes não só o embargante, na verdade, essa interrupção também favorece o MP e o terceiro prejudicado, enfim, todos os legitimados recursais. A única exceção a esse princípio é a interposição simultânea do recurso extraordinário ao STF e do Recurso especial ao STJ, o que será feito quando uma decisão de única ou última instancia (Exemplo acordão) contrariar a Constituição Federal e norma de direito federal infra constitucional. Princípio da vedação da “reformatio in pejus” reforma para pior Existem duas espécies de sucumbência a unilateral e a recíproca a primeira ocorre quando apenas o autor ou o réu é derrotado. A secunda se verifica quando autor e réu são simultaneamente vencedores e vencidos quando houver sucumbência recíproca ambas as partes podem recorrer, mas isso não significa que elas recorrerão, se houver sucumbência recíproca e ambas as partes recorrerem, a decisão pode ser mantida ou modificada em qualquer sentido, porém, se houver sucumbência recíproca e apenas o autor ou o réu recorrer, a decisão recorrida poderá ser mantida ou reformada para melhorar a situação do recorrente, não para agrava-la (Reforma para pior). Entretanto esse princípio possui uma exceção ligada as matérias de ordem pública, assim entendidas algumas temáticas que o órgão judicial pode (deve) declarar de ofício porque interessa não só as partes, mas também a jurisdição. Além da prescrição e decadência que são temas de direito material, também são matérias de ordem pública todas as preliminares do 337, com exceção da incompetência relativa e da convenção de arbitragem. Princípio da fungibilidade processual A fungibilidade recursal consiste no recebimento de um recurso inadequado em lugar do recurso que seria o correto para o tipo da decisão recorrida. No CPC de 1939, a fungibilidade recursal estava prevista em termos genéricos e a utilização dela dependia apenas da inexistência de erro grosseiro e de má-fé por parte do recorrente. O CPC de 1973 silenciou sobre a fungibilidade porque imaginou que o seu sistema recursal, demasiadamente simples não geraria dúvida sobre qual recurso interpor nos casos concretos. Essa suposição não se confirmou na prática e por isso doutrina e jurisprudência passaram a admitir a fungibilidade entre recursos se existisse, no caso, duvida objetiva a respeito do recurso cabível. Uma orientação minoritária a época também exigia o requisito da tempestividade, isto é, que o recurso inadequado fosse manejado no prazo do recurso correto. O CPC de 2015 não contem norma genérica sobre a fungibilidade para toda e qualquer recurso, senão apenas duas previsões para situações especificas. A primeira situação implica o recebimento pelo tribunal do recurso de embargos de declaração como se fosse um agravo interno, a única exigência para tanto é que o relator intime previamente o recorrente para que ele fundamente o recurso, isto é, especifique as razões pelas quais está recorrendo. A segunda fungibilidade permite receber o recurso especial como se fosse um recurso extraordinário, quando for detectada na petição recursal uma questão de direito constitucional, caso em que os autos serão encaminhados ao STF, afim de que o RESP seja processado e julgado como se fosse um R. E. Porém, se o relator sorteado no STF entender que não é caso de fungibilidade, mandara devolver os autos ao STJ, em decisão irrecorrível, julgado o RESP nesse caso, nada impede que o sucumbente interponha um R. E., se houver fundamento constitucional para tanto (Art. 102, III –A, B, C, D da CF) Princípio do duplo grau de jurisdição (VIDE caderno de TGP) Juízo de admissibilidade e juízo de mérito dos recursos. Interposto qualquer recurso, o pedido recursal não é julgado de plano. Antes disso é preciso submeter o recurso a uma primitiva analise ou julgamento chamado “Juízo de admissibilidade” Nesse juízo apenas se analisa se estão ou não presentes certos pressupostos recursais, espécies de requisitos que todo recurso tem. Admitido, conhecido ou recebido o recurso, ele será então processado e finalmente julgado no mérito, isto é, quanto ao pedido recursal, caso em que esse pedido pode ser provido ou desprovido. Por tanto, o juízo de admissibilidade sempre antecede o juízo de mérito dos recursos. Porém, os pressupostos recursais são matérias de ordem pública e por isso se sujeitam a reexames sucessivos, inclusive de oficio. No novo CPC há uma regra: o juízo de admissibilidade compete ao mesmo órgão incumbido do juízode mérito do recurso. As duas únicas exceções no CPC são o RESP e o RE, pois o primeiro juízo de admissibilidade deles é feito pelo órgão judicial inferior em que o recurso for interposto, geralmente o TJ ou o TRF. Se essa admissibilidade for positiva, os autos sobem ao STJ ou ao STF conforme o caso, onde será refeita a análise da admissibilidade. OBS: A decisão que não admite o recurso é recorrível, mas a decisão que o conhece só pode ser questionada nas contra razões ou em eventual sustentação oral no tribunal. Princípio do devido processo legal É o princípio que assegura a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais. Se no processo não forem observadas as regras básicas, ele se tornará nulo. É considerado o mais importante dos princípios constitucionais, pois dele derivam todos os demais. Ele reflete em uma dupla proteção ao sujeito, no âmbito material e formal, de forma que o indivíduo receba instrumentos para atuar com paridade de condições com o Estado-persecutor. Art. 5º, LIV e LV, da CF Teoria Geral dos Recursos (Processo Civil) - Novo CPC - (Lei nº 13.105/15) 1. Introdução e Conceito Adotado o princípio do duplo grau de jurisdição, fixado pela Revolução Francesa e garantia de uma melhor qualidade da prestação jurisdicional, pelo qual a causa deve analisada por dois juízos distintos, o legislador ordinário regulou a sua aplicação criando meios de impugnação de decisões pelo vencido. Recurso é o poder que se reconhece à parte vencida em qualquer incidente ou no mérito da demanda de provocar o reexame da questão decidida pela mesma autoridade judiciária ou por outra de hierarquia superior, ou, segundo Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero "É um meio voluntário de impugnação de decisões judiciais, interno ao processo, que visa à reforma, à anulação ou ao aprimoramento da decisão atacada" (Código de Processo Civil - Comentado artigo por artigo - Editora Revista dos Tribunais, 2008, página 505). As várias espécies de recursos e as hipóteses em que eles podem ser interpostos estão previstas em lei processual. Assim, somente a União tem competência legislativa para tanto (Art. 22, I, da Constituição Federal). Além dos recursos, existem meios autônomos de impugnação das decisões judiciais, como, por exemplo, a ação rescisória, que não é um recurso, mas se presta a impugnar sentenças e acórdãos transitados em julgado, quando ocorrente qualquer das hipóteses previstas no art. 966 do Código de Processo Civil. Ressalta-se também que o mandado de segurança e o "habeas corpus" como meios autônomos que podem ser utilizados contra decisões judiciais. O poder de recorrer somente existe para quem tem interesse na modificação da decisão, modificação que não pode ser para pior - reformatio in pejus. Assim, é requisito indispensável de qualquer recurso que o recorrente tenha sucumbido, isto é, que não tenha sido atendido em sua pretensão, no todo ou em parte. Somente aqueles atos que ostentam conteúdo decisório é que são passíveis de recurso, pois somente estes podem gerar a sucumbência. 2. Pressupostos para a interposição dos recursos 2.1. Subjetivos São aqueles que levam em consideração a pessoa do recorrente. 2.1.1. Legitimidade O "vencido" está legitimado, isto é, a parte que tenha sofrido prejuízo jurídico com a decisão. Também estão legitimados o Ministério Público - quer esteja atuando na condição de parte, quer na de custos legis -, o terceiro interveniente e o terceiro prejudicado (CPC, art. 996). 2.1.2. Interesse Para recorrer é indispensável que o recurso seja útil e necessário ao recorrente, a fim de evitar que este sofra prejuízos com a decisão. Assim, constata-se que haverá interesse em recorrer somente àquele que for sucumbente, ou seja, àquele que não recebeu da decisão tudo o que dela esperava. 2.2. Objetivos São aqueles que dizem respeito ao recurso em si. 2.2.1. Tempestividade Para a interposição do recurso, há um prazo fixado na lei, sendo que para alguns recursos, o prazo é de 15 (quinze) dias (art. 1.003, §5º do CPC); para outros como o agravo retido ou de instrumento, é de 15 (quinze) dias (art. 1.015 do CPC) etc. Decorrido o prazo, não mais poderá ser interposto o recurso. Esses prazos são contados do momento em que o advogado tem conhecimento da decisão: quando a decisão for prolatada em audiência, conta-se da audiência - ainda que o advogado a ela não esteja presente, mas tenha sido intimado regularmente; quando prolatada fora da audiência, quando for intimado pelo órgão oficial (art. 224 do CPC), lembrando que evidenciado o conhecimento da decisão, ainda que não intimado, o prazo tem início. 2.2.2. Cabimento Em princípio, todos os atos com conteúdo decisório são passíveis de recursos, uma vez que o legislador, além de prever o recurso para as sentenças e decisões terminativas, adotou o princípio da "recorribilidade das interlocutórias", pelo qual somente aquelas decisões que o legislador estabeleceu não serem passíveis de recurso é que não são recorríveis. O exemplo de decisão interlocutória irrecorrível está no art. 1.007, §6º do CPC: a decisão que releva a pena de deserção da apelação é irrecorrível, como proclama o seu parágrafo único. Não estando prevista a irrecorribilidade, todas as decisões sujeitam-se ao recurso. Para cada espécie de decisão, há previsão de um recurso adequado: contra a sentença cabe apelação; contra decisão interlocutória cabe agravo de instrumento; contra acórdão unânime cabe recurso especial ou recurso extraordinário, e assim por diante. Não é possível utilizar-se um recurso por outro. Somente em situações excepcionais, em que houver dúvida quanto à natureza do ato judicial, será possível admitir-se um recurso por outro - princípio da fungibilidade recursal. Mas deverá o recurso inadequado ter sido interposo no prazo do recurso adequado, sob pena de ofensa ao pressuposto da tempestividade. 2.2.3. Preparo O art. 1.007, do CPC, determina que no ato da interposição do recurso se comprovará o preparo. Logo, o prazo para o preparo não é o mesmo do recurso, mas se encerra antes, já que no ato da interposição deve-se comprovar a sua realização. Ausente o preparo exigido em lei, ocorre a deserção, que é uma pena ao recorrente desidioso, mas que pode ser relevada, desde que alegado e provado o justo impedimento. Embargos de Declaração - Novo CPC – (Lei n° 13.105/15) No Processo Civil, os embargos de declaração são espécie de recurso que tem por finalidade o esclarecimento de decisão judicial, por meio do saneamento de erros e vícios de obscuridade, contradição ou omissão nela contidos. Assim, a função dos embargos declaratórios é complementar ou esclarecedora da decisão do magistrado. Desse modo, os embargos são julgados pelo próprio órgão que proferiu a decisão, e deverão ser opostos no prazo de cinco dias. Em regra interrompem a contagem do prazo para a interposição dos demais recursos. No Processo Penal a ideia é a mesma. De acordo com o artigo 619, do Código de Processo Penal, "aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão". Aqui, os embargos serão julgados pelo relator, na primeira sessão, independentemente de revisão. Em regra, também interrompem a contagem do prazo para a interposição dos demais recursos (analogia ao CPC). Sevocê pesquisar o Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) verá que no artigo 1.022 os embargos de declaração aparecem como recurso cabível contra qualquer decisão nas hipóteses de: I – Esclarecimento sobre dúvida, obscuridade ou contradição na decisão. II – Omissão. Quando a decisão deixa de apreciar determinada prova, ou deixa de observar precedente de casos repetitivos. III – Correção de erro material. Quando há na decisão algum equívoco que possa ter influência” Agravo de instrumento no novo CPC: prazos e hipóteses de cabimento Na esfera cível, o agravo de instrumento é um recurso dirigido diretamente ao Tribunal de Justiça ou ao Superior Tribunal de Justiça (ad quem), a fim de reanalisar pronunciamento judicial de natureza decisória que não coloque fim ao processo (decisão interlocutória), conforme previsto no artigo 203 §2º do CPC. Como a própria nomenclatura do recurso sugere, o agravo enseja a formação de um instrumento. Por isso, a petição escrita deve conter: ● os nomes das partes; ● exposição dos fatos e do direito; ● as razões do pedido de reforma ou da invalidação da decisão; ● o pedido; ● o nome e endereço completo dos advogados das partes. Os documentos que acompanham a petição de interposição, e dão razão ao instrumento, estão previstos no artigo 1.017 do CPC : I – cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II – declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III – facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. IV – pagamento das custas e porte de retorno se devidos.” Se o processo for eletrônico, as peças referidas nos incisos I e II não precisam ser juntadas ao Agravo de Instrumento, por força do § 5° do artigo 1.017 do Código de Processo Civil. Nesse caso, faculta-se ao agravante a juntada de outros documentos que entender pertinentes e úteis para compreensão da controvérsia. O que mudou com o Novo CPC? É relevante dizer que desde que o CPC/73 entrou em vigor, o agravo de instrumento passou por diversas modificações. Dentre elas, a regra imposta pela Lei 11.187/2005 que tornava o agravo retido a regra e limitava a interposição do agravo de instrumento apenas em três situações que eram previstas no antigo artigo 522 do CPC/73: ● quando a decisão recorrida for suscetível de causar lesão grave e de difícil reparação à parte; ● quando for proferida decisão que inadmita apelação; ● quando a decisão recorrida trate dos efeitos em que a apelação é recebida. Posteriormente acrescentou-se a possibilidade de agravo para as decisões proferidas no meio do processo de execução, na fase de cumprimento e liquidação de sentença. Advindo o novo Código de Processo Civil, de 2015, foi abolida a figura do agravo retido, sendo novas possibilidades para o cabimento do agravo de instrumento. Além disso, ampliou o prazo de 10 dias corridos para 15 dias úteis. Outra novidade trazida pelo Novo CPC é que se algum dos requisitos do artigo 1.017 não forem atendidos, o agravante será intimado para fazê-lo no prazo de 5 dias. Sua inércia ensejará no não conhecimento do recurso, nos termos do parágrafo único do artigo 932 do Código de Processo Civil. Prazo do agravo de instrumento O prazo para interposição do recurso de agravo de instrumento é de 15 dias úteis, contados da data da intimação da decisão. Ou seja, contado a partir do primeiro dia útil subsequente à publicação da decisão recorrida. Há ainda outras hipóteses de termo inicial do prazo recursal, tal como o comparecimento espontâneo em juízo. E, ainda, nos atos que devem ser cumpridos exclusivamente pela parte, a partir do recebimento da decisão, fazendo-se valer da regra prevista no art. 231 do CPC. Hipóteses de cabimento do agravo de instrumento O artigo 1.015 do Código de Processo Civil trouxe um rol de cabimento do agravo de instrumento: Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I – tutelas provisórias; II – mérito do processo; III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V – rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI – exibição ou posse de documento ou coisa; VII – exclusão de litisconsorte; VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X – concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º; XII – (VETADO); XIII – outros casos expressamente referidos em lei.” No parágrafo único há também a previsão de cabimento do agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Rol taxativo do agravo de instrumento no novo CPC Há uma questão relevante sobre o artigo 1.015. Seria ele taxativo, impossibilitando a interposição do recurso caso não houve previsão expressa no artigo, ou poderia ser interpretado de forma extensiva? Em dezembro de 2018 foi proferida pelo Supremo Tribunal de Justiça por 7 votos a 5, no recurso especial processado pelo rito dos recursos repetitivos, admitindo que o rol do artigo 1.015 do CPC tem a sua taxatividade mitigada e admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada urgência. (REsp 1.696.396/MT e REsp 1.704.520/MT, ambos da relatoria da Min. Nancy Andrighi, publicado em 19/12/2018) De acordo com a Ministra Nancy Andrighi, “a taxatividade do artigo 1.015 é incapaz de tutelar adequadamente todas as questões em que pronunciamentos judiciais poderão causar sérios prejuízos e que, por isso, deverão ser imediatamente reexaminadas pelo segundo grau de jurisdição”. Um pouco antes dessa decisão, porém, a Segunda Turma do STJ foi instada a se pronunciar sobre as hipóteses de cabimento do parágrafo único do art. 1.015. Em que pese o julgamento da Corte Especial acima suscitado não tivesse finalizado, firmou-se naquele acórdão que: é certo que as hipóteses de Agravo de Instrumento trazidas pelo art. 1.015 do CPC de 2015 são taxativas, principalmente quando tratar do Processo de Conhecimento, localizado no Livro I da parte especial, mas também é correto que o exegeta pode valer-se de interpretação extensiva em decorrência das especificidades de cada caso.” A tendência dos tribunais caminha no sentido de que nos casos em que se verificar a relevância e urgência que torna primordial a revisão por instância superior e, não havendo como aguardar a análise de recurso de apelação ou mesmo nos casos em que a decisão tornar impossível o manejo da apelação, há possibilidade de interposição do agravo de instrumento. Isso porque decorre da inutilidade em se aguardar a apelação. Preclusão de decisões Contudo, outra questão surge nesse cenário. Não sendo o caso de previsão expressa do artigo 1.015 do CPC, havendo a possibilidade de a decisão interlocutória gerar gravame e ter urgência na sua decisão, se a parte não agravar, haveria a ocorrência da preclusão? Nesse sentido, se destaca a análise da relatora MinistraNancy Andrighi no REsp 1704520-MT: Não há dúvida de que o novo CPC modificou substancialmente o regime de preclusões do processo. Pelo novo regime, apenas precluem as decisões que possuam o conteúdo descrito nas hipóteses previstas no art. 1.015 do CPC e que não tenham sido impugnadas por agravo de instrumento, ficando todas as demais questões imunizadas pelo sistema até momento futuro – prolação da sentença – ocasião em que as questões, até então imunes, deverão ser impugnadas pela parte no recurso de apelação ou em suas contrarrazões, sob pena de, a partir desse momento, tornarem-se indiscutíveis. Diante desse cenário, faz sentido a preocupação externada pela doutrina, no sentido de que o alargamento das hipóteses de cabimento do agravo pela via da interpretação extensiva ou analógica implicaria significativo rompimento com o modelo de preclusões inaugurado pelo CPC/15, com 41 potenciais e nefastos prejuízos às partes, pois, se porventura fosse adotada essa interpretação, a conclusão seria de que o agravo de instrumento era interponível desde logo até mesmo para as hipóteses não literalmente previstas no rol do art. 1.015, de modo que o jurisdicionado que, confiando na taxatividade restritiva e literal do referido rol, não impugnou a decisão cujo conteúdo seria dedutível por extensão ou analogia, teria sido atingido pela preclusão temporal. Esse problema, todavia, sequer se verifica se for adotada a tese jurídica que se propõe: taxatividade mitigada pelo requisito da urgência. De fato, admitindo-se a possibilidade de impugnar decisões de natureza interlocutória não previstas no rol do art. 1.015, em caráter excepcional, tendo como requisito objetivo a urgência decorrente da inutilidade futura do julgamento diferido da apelação, evidentemente não haverá que se falar em preclusão de qualquer espécie. Não haverá preclusão temporal porque o momento legalmente previsto para a impugnação das interlocutórias – apelação ou contrarrazões – terá sido respeitado. A tese jurídica proposta não visa dilatar o prazo, mas, ao revés, antecipá-lo, colocando-se, em situação excepcional, a possibilidade de reexame de certas interlocutórias em momento anterior àquele definido pela lei como termo final para a impugnação. Também não haverá preclusão lógica, na medida em que, nos termos da lei, a decisão interlocutória fora da lista do art. 1.015, em tese não impugnável de imediato, está momentaneamente imune. Nessa perspectiva, somente por intermédio de uma conduta ativa da parte – ato comissivo – e que se poderá, eventualmente e se preenchido o seu requisito, desestabilizar a questão, retirando-a do estado de espera que a própria lei a colocou e permitindo que seja ela examinada imediatamente. Ademais, igualmente não há que se falar em preclusão consumativa, porque apenas haverá o efetivo rompimento do estado de inércia da questão incidente se, além da tentativa da parte prejudicada, houver também juízo positivo de admissibilidade do recurso de agravo de instrumento, isto é, se o Tribunal reputar presente o requisito específico fixado neste recurso especial repetitivo, confirmando que a questão realmente exige reexame imediato. Dito de outra maneira, o cabimento do agravo de instrumento na hipótese de haver urgência no reexame da questão em decorrência da inutilidade do julgamento diferido do recurso de apelação, está sujeito a um duplo juízo de conformidade: um, da parte, que interporá o recurso com a demonstração de seu cabimento excepcional; e outro, do Tribunal, que reconhecerá a necessidade de reexame com o juízo positivo de admissibilidade. Somente nessa hipótese a questão, quando decidida, estará acobertada pela preclusão. Significa dizer que, quando ausentes quaisquer dos requisitos acima mencionados, estará mantido o estado de imunização e de inércia da questão incidente, possibilitando que seja ela examinada, sem preclusão, no momento do julgamento do recurso de apelação” Sobreleva destacar que nem toda decisão pode ser atacada pelo agravo de instrumento. Quando não houver urgência a parte pode, sem que ocorra a preclusão do ato, suscitá-las em preliminar de apelação ou contrarrazões. Tire suas dúvidas sobre a impugnação ao cumprimento de sentença. Juízo de retratação O juízo de retratação do agravo de instrumento no novo CPCestá previsto no artigo 1.018 e possibilita ao Juiz que proferiu a decisão agravada modificar o seu entendimento, levando em consideração as razões contidas no agravo. Para isso, a parte deve comunicar ao juízo a interposição do recurso, juntando cópia do agravo de instrumento, comprovante de interposição, bem como informar as peças que seguiram com o agravo. Se o juiz reformar a decisão, o agravo perderá seu objeto e o relator o considerará prejudicado. Contrarrazões de agravo de instrumento O artigo 1.019, II prevê a intimação do agravado para que apresente resposta no prazo de 15 dias úteis, facultando-lhe, igualmente, a juntada de peças que entender necessárias. Saiba mais sobre juntada de petição aqui no blog da Aurum. Efeito suspensivo do agravo de instrumento O recurso de Agravo de Instrumento no novo CPC não é dotado de efeito suspensivo automático (ope legis) ficando a critério do julgador a atribuição de efeito suspensivo ao recurso (ope judicis). Assim, distribuído o agravo de instrumento ao Tribunal, o recurso será sorteado ao relator. Ele poderá, liminarmente, atribuir efeito suspensivo ao recurso, ainda que a outra parte não tenha se manifestado, ou deferir tutela total ou parcial , comunicando de imediato ao juiz a sua decisão. Apelação No Direito Processual Civil, apelação é o recurso ordinário cabível contra as sentenças proferidas em primeira instância, isto é, em primeiro grau de jurisdição. Institui o Código de Processo Civil que sentença é ato do juiz e que pode ser terminativa (sem resolução de mérito) ou de mérito (com resolução de mérito). O prazo do presente recurso será de 15 dias. Ele submete para instância superior o reexame da sentença. No Direito Processual Penal, por sua vez, apelação é o recurso interposto pela parte que se considera prejudicada com a decisão, visando o reexame de matéria examinada em sentença definitiva ou com força de definitiva de primeira instância. Ela é cabível, nos termos do art. 593, do CPP, "no prazo de 5 (cinco) dias: I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos". Fundamentação: Arts. 85, 86, III, 103, 318, 387, parágrafo único, 392, § 2º, 411, 424, 581, XV, 593 a 603, 609 a 618, 670 e 673 do CPP Arts. 496, § 1º, 525, 994, I, 997, 1.003, §5°, 1.009 a 1.014, 941, §2°, 946, 724 e 755, §3° do CPC
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