Buscar

modelo memoriais OAB

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Exame de Ordem
OAB Segunda Fase
Penal
▼
‹ ›Página inicial
Visualizar versão para a web
segunda-feira, 12 de maio de 2014
às 19:47
Memoriais: Exercício Resolvido
Agora resolveremos o exercício discutido
anteriormente.
Gisele foi denunciada, com recebimento
ocorrido em 31/10/2010, pela prática do
delito de lesão corporal leve, com a
presença da circunstância agravante, de ter
o crime sido cometido contra mulher
grávida. Isso porque, segundo narrou a
inicial acusatória, Gisele, no dia
01/04/2009, então com 19 anos,
objetivando provocar lesão corporal leve
em Amanda, deu um chute nas costas de
Carolina, por confundi-la com aquela,
ocasião em que Carolina (que estava
grávida) caiu de joelhos no chão,
lesionando-se.
A vítima, muito atordoada com o
acontecido, ficou por um tempo sem saber
o que fazer, mas foi convencida por
Amanda (sua amiga e pessoa a quem
Gisele realmente queria lesionar) a noticiar
o fato na delegacia. Sendo assim, tão logo
voltou de um intercâmbio, mais
precisamente no dia18/10/2009, Carolina
compareceu à delegacia e noticiou o fato,
representando contra Gisele. Por orientação
do delegado, Carolina foi instruída a fazer
exame de corpo de delito, o que não
ocorreu, porque os ferimentos, muito leves,
já haviam sarado. O Ministério Público, na
denúncia, arrolou Amanda como
testemunha.
Em seu depoimento, feito em sede judicial,
Amanda disse que não viu Gisele bater em
Carolina e nem viu os ferimentos, mas
disse que poderia afirmar com convicção
que os fatos noticiados realmente
ocorreram, pois estava na casa da vítima
quando esta chegou chorando muito e
narrando a história. Não foi ouvida mais
nenhuma testemunha e Gisele, em seu
interrogatório, exerceu o direito ao silêncio.
Cumpre destacar que a primeira e única
audiência ocorreu apenas em 20/03/2012,
mas que, anteriormente, três outras
audiências foram marcadas; apenas não se
realizaram porque, na primeira, o
magistrado não pôde comparecer, na
segunda o Ministério Público não
compareceu e a terceira não se realizou
porque, no dia marcado, foi dado ponto
facultativo pelo governador do Estado,
razão pela qual todas as audiências foram
redesignadas. Assim, somente na quarta
data agendada é que a audiência
efetivamente aconteceu. Também merece
destaque o fato de que na referida
audiência o parquet não ofereceu proposta
de suspensão condicional do processo,
pois, conforme documentos comprobatórios
juntados aos autos, em 30/03/2009,
Gisele, em processo criminal onde se
apuravam outros fatos, aceitou o benefício
proposto.
Assim, segundo o promotor de justiça,
afigurava-se impossível formulação de nova
proposta de suspensão condicional do
processo, ou de qualquer outro benefício
anterior não destacado, e, além disso, tal
dado deveria figurar na condenação ora
pleiteada para Gisele como outra
circunstância agravante, qual seja,
reincidência.
Nesse sentido, considere que o magistrado
encerrou a audiência e abriu prazo,
intimando as partes, para o oferecimento
da peça processual cabível.
Como advogado de Gisele, levando em
conta tão somente os dados contidos no
enunciado, elabore a peça cabível.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE
DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
DA COMARCA DE _________, ESTADO
_____.
Processo nº:_____.
 Gisele, já qualificada nos autos às
folhas ( ), por meio de seu advogado e
procurador que a este subscreve, conforme
procuração em anexo, vem
respeitosamente, a Vossa Excelência, com
fundamento no artigo 403, § 3º do Código
de Processo Penal, apresentar
MEMORIAIS
pelos motivos de fato e de direitos aduzidos
a seguir aduzido.
I. DOS FATOS
 Segundo a denúncia, a acusada, no
dia 01/04/2009, na época com 19 anos,
supostamente, teria acertado um chute nas
costas de Carolina, após confundi-la com
Amanda. Em decorrência do chute, a
 vítima, então gravida, teria caído de
joelhos no chão e sofrido escoriações
leves. 
 Convencida por Amanda, no dia
18/10/2009, a vítima procurou a delegacia
prestou queixa e representou a acusada.
Em razão disso, o órgão ministerial
denunciou Gisele pela prática do crime de
lesões corporais de natureza leve, previsto
no artigo 129, caput, do Código Penal. 
 Na fase de inquérito, não foi
realizado exame de corpo de delito, para
comprovação da materialidade, em razão
do lapso temporal decorrido entre a data
dos fatos e a do comparecimento a unidade
policial.
 Recebida a denúncia, e apresentada,
dentro do prazo legal, resposta à acusação,
foi designada e realizada audiência de
instrução e julgamento.
 Naquela oportunidade, Amanda,
desafeta de Gisele, foi ouvida como única
testemunha, tendo afirmado em
depoimento que não viu a acusada bater
em Carolina e nem viu os ferimentos,
alegando apenas que viu a vítima chorando
em razão do ocorrido. 
 
II. DO MÉRITO
 Entretanto, como veremos a seguir, o
entendimento do Parquet não encontra
respaldo legal, não sendo possível,
portanto, a condenação do acusado nos
termos da denúncia.
a) Prescrição da pretensão punitiva
 
 Preliminarmente, cabe ressaltar que
a pretensão punitiva está prescrita com
fulcro no artigo 109, inciso VI cumulado
com artigo 115, ambos do Código Penal,
devendo ser declarada assim, a extinção da
punibilidade do acusado, com base no
artigo 107, inciso IV, do Código Penal, e
consequente, ser decretada a absolvição da
acusada, com fundamento no artigo 386,
inciso VI, do Código de Processo Penal.
 Gisele foi denunciada pela suposta
prática de crime previsto no artigo 129,
caput, do Código Penal, cuja a pena
máxima cominada é de um ano. Assim, nos
termos do artigo 109, inciso V do Código
Penal, o crime tem prescrição em três
anos. Ocorre que na data do fato a acusada
constava com dezenove anos de idade,
condições que reduzem o prazo
prescricional a metade, nos termos do
artigo 115 do Código Penal.
 Desta forma, a pretensão punitiva
está prescrita, uma vez que o fato ocorreu
no dia 01/04/2009 e a denúncia foi
recebida no dia 31/10/2010, tendo
transcorrido mais de um e seis meses.
Devendo ser declarada extinta a
punibilidade da acusada nos termos do
artigo 107, inciso IV, do Código Penal, e
consequentemente ser a mesma absolvida
com fundamento no artigo 386, inciso VI
do Código de Processo Penal.
b) Da decadência do direito de
representação
 Não entendo pela absolvição,
preliminarmente, cabe pugnar pela
extinção da punibilidade da acusada nos
termos do artigo 107, inciso IV, do Código
Penal, em razão da decadência do direito
de representação da vítima, o que enseja
na absolvição da acusada nos termos do
artigo 386 inciso IV do Código de Processo
Penal. 
 Conforme dispõe o artigo 88 da Lei
9.099/95, o crime de lesão corporal de
natureza leve, previsto no artigo 129, caput
do Código Penal, é ação pública
condicionada a representação. Assim, nos
termos do artigo 103 do Código Penal e 38
do Código de Processo Penal, deve ser
exercido no prazo de seis meses a contar
da data do fato ou da ciência do fato, sob
pena de decadência do direito de
representação. Ocorre que os fatos
ocorreram no dia 01 de abril de 2009,
tendo a vítima exercido seu direito a
representação no dia 31 de outubro de
2009, ou seja, o direito da vítima de
representar a suposta lesão sofrida, decaiu,
o que enseja a extinção da punibilidade da
acusada, nos termos do artigo 107, inciso
IV do Código Penal.
c) Ausência de prova da existência do
fato
 Cabe ainda, elucidar que a
acusação não obteve exito em provar que o
fato realmente ocorreu, devendo a acusada
ser absolvida nos termos do artigo 386,
inciso II do Código de Processo Penal,
havendo ausência de justa causa para
pretensão punitiva.
 Segunda a peça acusatória, Gisele
teria agredido a vítima com um chute nas
costas, ocasionando-lhe lesões
corporais de
natureza leve, todavia, o conjunto
probatório por si só, demonstra-se frágil e
incapaz de sustentar uma sentença
condenatória.
 Durante a fase de inquérito não foi
possível fazer exame de corpo de delito,
pois não havia mais vestígio das supostas
escoriações sofridas pela vítima, em razão
do decurso de tempo entre a data dos fatos
e a representação criminal.
 Corroborando ainda, o fato da
única testemunha ouvida em juízo, não ter
presenciado os fatos e nem ter visto
qualquer lesão na vítima na época (fls.).
Assim, sendo a absolvição por falta de
prova da existência do fato, é medida de
direito e de justiça.
d) Ausência de prova suficiente para
condenação
 Apenas por cautela, caso o nobre
magistrado não entenda pela absolvição em
razão da falta de provas quanto a
existência do fato, que seja decretada a
absolvição da acusada, com fundamento no
artigo 386, inciso VII, em razão da
fragilidade do conjunto probatório, o qual
demonstrou-se insuficiente para sustentar
uma sentença condenatória. Já que,
conforme manifestado acima, a instrução
probatória contou com apenas um
testemunho indireto da desafeta da
acusada, a qual afirmou categoricamente
que não presenciou os ocorrido e não
chegou a ver as lesões na vítima,
informadas na denúncia. Sem mencionar
que a materialidade do delito não ficou
devidamente comprovada, devido a falta de
exame de corpo de delito, o que, inclusive
é causa de nulidade, nos termos do artigo
564, inciso III, alínea b, do Código de
Processo Penal.
e) Ausência de Exame de Corpo de
Delito - Nulidade
 Não entendendo pela absolvição da
acusada, cabe ainda elucidar nos termos do
artigo 564, inciso III, alínea b, do Código
de Processo Penal, a falta do exame de
corpo de delito nos crimes que deixam
vestígios, cuja a prova testemunhal não
seja capaz de suprir, é causa de nulidade
do processo. Assim, uma vez que a
testemunha não confirmou a existência da
lesão corporal narrada na denúncia e muito
menos foi juntado aos autos exame de
corpo de delito, não há outro meio de sanar
a nulidade supramencionada, devendo ser
decretada a nulidade do feito ab initio, com
fundamento no artigo 564, inciso IV do
Código de Processo Penal..
 
b) Da Inexistência das Causas de
Aumento
 Apenas para argumentar, no caso de
entender pela condenação da acusada, que
seja afastada o agravante previsto no
artigo 61, inciso alínea h, do Código Penal,
devido ao fato da vítima estar grávida no
época os fatos.
 É importante ressaltar que o ré
desconhecia a situação, tendo agido em
erro na execução pessoa (artigo 73 do
Código Penal), devendo a acusada
responder como se estivesse praticado o
crime contra a Amanda, já que não tinha
intensão de atingir Caroline, tendo agido e
erro de execução.
 Há que se ressaltar ainda, que a
acusada é ré primária, devendo ser
afastada o agravante da reincidência,
mencionada pelo órgão ministerial, uma
vez que o instituto da reincidência só
atinge o réu após sentença condenatória
penal transitada em julgado, pelo princípio
da presunção da inocência .
 
c) Da substituição de pena
 E ainda, caso sobrevenha condenação
requer seja então aplicada a pena mínimo
do crime de lesão corporal que é de três
meses, requerendo de imediato a aplicação
da 1ª parte do §2º do artigo 44 do CP,
substituindo e pena privativa por uma
multa.
III - DO PEDIDO
 Diante do exposto, requer-se a Vossa
Excelência:
b) que seja decretada a absolvição sumária
da acusada, com fundamento no artigo
386, inciso VI, do Código de Processo
Penal, em razão de extinção da
punibilidade, pela decadência do direito de
representação;
a) não entendo pela decadência do direito
de representação, que seja decretada a
absolvição sumária da acusada, com base
no artigo 386, inciso VI, do Código de
Processo Penal, em razão da extinção da
punibilidade, pela prescrição da pretensão
punitiva;
c) apenas por cautela, caso não acolha a
tese de absolvição sumária, requer a
absolvição da acusada, com fundamento no
artigo 386, inciso II, pela falta de provas
quanto à ocorrência dos fatos;
d) não acolhida, requer que seja a acusada
absolvida com fundamento no artigo 386,
inciso VII, Código de Processo Penal, por
não existir prova suficientes para a
condenação;
e) apenas para argumentar, caso não seja
acolhida as teses de absolvição, requer a
anulação da instrução probatória e a
consequente extinção do processo sem
resolução do mérito, por ausência de
exame de corpo de delito e por não está
suprido por prova testemunhal, com
fundamento no artigo 564, inciso III,
alínea b, do Código de Processo Penal.
f) não sendo acolhida, a anulação da
instrução probatória, que seja afastadas os
agravantes de penas previstos no artigo 61
do Código Penal, em razão de erro na
execução sobre pessoa, nos termos do
artigo 73 do Código Penal;
g) ainda a titulo argumentativo, não
entendo pela absolvição, que seja então
aplicada a pena mínima de três meses,
requerendo de imediato a aplicação da 1ª
parte do §2º do artigo 44 do CP,
substituindo e pena privativa por uma
multa.
Neste termos,
Pede deferimento.
Cidade, UF, Dia, mês, ano.
_____________________________
Advogado 
OAB/Estado, Nº ___
Compartilhar
Tecnologia do Blogger.
Início
29/09/2019 23(46
Página 1 de 1

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando