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Hipófise e seus Hormônios

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Hipófise
	Mantém-se ligada ao SNC, no hipotálamo, com o qual guarda relações anatômicas e funcionais. Dividida em dois lobos distintos: a adeno-hipófise e a neuro-hipófise.
Adeno-hipófise:
Formada por cinco tipos de células distintas responsáveis pela síntese e secreção de pelo menos um hormônio cada. São estas as: corticotróficas, tireotróficas, gonadotróficas, somatotróficas e lactotróficas. 
Hormônios glicoprotéicos (TSH, LH e FSH):
São constituídos por duas subunidades polipeptídicas denominadas α e β. A subunidade α é comum aos três hormônios, sendo, portanto, a β responsável em conferir sua especificidade biológica. Cada subunidade é codificada por um gene diferente, o responsável pela cadeia α é superexpresso enquanto o da cadeia β é regulável por feedback negativo. Sua biossíntese ocorre no interior do retículo endoplasmático. A interação entre as duas cadeias é do tipo eletro-hidrofóbica, não existindo ligação covalente entre elas. A adição do carboidrato se dá após a união destas duas cadeias, e dela depende sua meia-vida. A placenta, durante a gestação, sintetiza a gonadotrofina coriônica (GCH), o qual possui uma subunidade parecida a estes hormônios, além de também ser uma glicoproteína.
Hormônio tireotrófico (TSH):
É uma glicoproteína de 28 kDa, sintetizada nos núcleos tireotróficos da adeno-hipófise. Sua glicosilação acontece no interior do retículo endoplasmático e Golgi, no qual resíduos de glicose, manose, frutose e ácido siálico incorporados à sua molécula conferem atividade biológica, bem como alteram seu clearance metabólico. Assim sendo, sua modificação pós-traducional é fundamental para sua funcionalidade.
Sua função é induzir alterações morfofisiológicas nas células foliculares tireoidianas, tais como hiperplasia, hipertrofia, estímulo à síntese de tireoglobulina e estímulo a síntese de proteínas que participam da via de síntese e secreção dos hormônios tireoidianos (HTs).
A secreção dos HTs ocorrem em picos a cada 2 ou 3 horas, além de possuir um ciclo circadiano onde os níveis noturnos são, aproximadamente, duas vezes maior que os apresentados ao longo do dia.
Quando há uma hipersecreção de TSH e os níveis circulantes deste hormônio se encontram, consequentemente, elevados, nota-se que o epitélio folicular da tireóide se torna hipertrófico e hiperplásico, as células foliculares passam de cúbicas para cilíndricas e aumentam em quantidade. A quantidade de vasos sanguíneos aumenta como reflexo a seus efeitos sobre o metabolismo, elevando o consumo de oxigênio, glicose e síntese de mRNA e fosfolipídeos. Devido a sua maior atividade metabólica, seu domínio apical apresenta maior atividade endocítica, reduzindo a quantidade de colóide.
Em casos de hipossecreção de TSH Com a redução ou ausência deste hormônio, as células foliculares tornam-se pavimentosas, há um aumento na quantidade de colóide, por redução da secreção dos HTs, e o tecido torna-se menos vascularizado.
Seu mecanismo de ação ocorre via receptor TSH-R, o qual se encontra acoplado a uma proteína Gs, portanto sua interação com TSH promove a ativação da AC e, consequentemente, ativação da PKA, pelo aumento nos níveis intracelulares de cAMP. Mecanismo responsável pela secreção dos HTs. Além deste, o TSH também interage em receptores acoplados a proteínas Gq, que leva a ativação da PLC e PKC, além do aumento da [Ca2+]i, ativando, assim, a calmodulina. O qual controla a síntese hormonal.
A regulação de sua secreção se dá basicamente pelo estímulo do TRH hipotalâmico e através de um feedback negativo dos níveis plasmáticos dos HTs (T3 e T4).
A regulação por HTs se dá na adeno-hipófise, onde estes hormônios entram nas células tireotróficas e interagem com receptores nucleares para T3 que levam a inibição da síntese da cadeia β do TSH, além de estimularem a síntese de proteínas que inibem a secreção de grânulos já contendo o hormônio final. Todo T4 que entra nas células é desiodado para formar T3, o qual apresenta atividade fisiológica. A regulação por TRH se dá por seu receptor TRH-R, nestas mesmas células, acoplado a uma proteína Gq, que estimula a síntese e secreção de TSH.
Gonadotrofinas (LH e FSH):
Os dois hormônios gonadotróficos são o hormônio foliculestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), ambos são glicoproteínas de, respectivamente, 33 e 28 kDa, produzidos nos núcleos gonadotróficos da adeno-hipófise. A atividade biológica da gonadotrofina coriônica (GCH) se assemelha bastante à do LH.
Nas gônadas femininas o FSH estimula o crescimento e maturação dos folículos ovarianos, bem como síntese de esteróides sexuais femininos, os estrógenos, pelas células da granular. Estas células sob ação do FSH sintetizam inibina, ativina e folistatina, que são importantes reguladores de função endócrina parácrina. A inibina inibe a secreção de FSH.
Os esteróides ovarianos apresentam diversos efeitos para o organismo. Eles podem agir em conjunto ao FSH na maturação dos folículos ovarianos; na hipófise participando da regulação de secreção de FSH/LH através de feedbacks positivos ou negativos; no processo de ovulação; sobre a mama, preparando-a para lactação; preparando o trato reprodutor para concepção; sobre os caracteres sexuais secundários; regulação da massa óssea.
O LH age nas células da teca, pelo seu receptor LH-R acoplado a uma proteína Gs, levando a síntese de pregnenolona, que ocorre no interior da mitocôndria com auxílio do citocromo P450scc, no citoplasma, ainda das células da teca, este produto é convertido em androstenediona, reação catalisada pelo citocromo P450c17. Uma vez sintetizada a androstenediona se direciona as células da granulosa, onde há receptores para FSH, o FSH-R. Este receptor, assim como o LH-R, age através de uma proteína Gs, levando a síntese do citocromo P450arom (aromatase), o qual catalisa a conversão de androstenediona em estrona, a qual será convertida em estradiol que alcançará a corrente sanguínea e efetuará seu efeito sistêmico sobre o organismo.
Nas gônadas masculinas o FSH é responsável pela espermatogênese, junto à testosterona, cuja síntese se dá nas células de Leydig sob estímulo do LH. O FSH atua nas células de Sertoli, levando a secreção de fatores de crescimento e diferenciação das células da linhagem germinativa, que promovem a espermatogênese. As células de Sertoli também secretam inibina, impedindo a liberação de FSH.
O mecanismo de ação das gonadotrofinas é através de uma proteína Gs acoplada ao receptor (LH-R/FSH-R), que promove a ativação de uma AC, levando ao aumento da [cAMP]i e ativação da PKA. Existem evidências de que o FSH desencadeie algumas ações por meio da PI3-K e MAPK.
A regulação da secreção das gonadotrofinas se dá por feedback negativo dos produtos de suas células alvo (esteróides sexuais e peptídeos), assim como estímulo por GnRH hipotalâmico. Na mulher essa regulação se dá pelos níveis de estrógenos e progesterona, no homem por testosterona e por inibina em ambos. O feedback negativo dos esteróides sexuais ocorre tanto na hipófise quanto no hipotálamo (inibe a secreção de GnRH), sendo mais eficiente na hipófise.

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