Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA CAMPUS MINISTRO REIS VELLOSO – CMRV CURSO DE BACHARELADO EM FISIOTERAPIA PROFESSORA: LUDMILA BRANDÃO DISCIPLINA DE FISIOTERAPIA MUSCULOESQUELÉTICA ATIVIDADE SOBRE FRATURA Karine Santos Brito PARNAÍBA – PI 2019 QUESTÕES 1. Defina a fratura e seus seguintes grupos etiológicos: fratura por trauma, fratura de fadiga ou estresse e fratura patológica. Em seguida cite um exemplo de cada um dos grupos etiológicos. Uma fratura ocorre quando a força aplicada excede a resistência plástica do osso e vai além do seu limite de resistência. Vários fatores influenciam os padrões de fratura. Estes incluem a magnitude da força, a sua duração e direção, e a velocidade em que ela atua. As fraturas por trauma podem ser causadas por choque direto, por exemplo, quando um peso atinge o pé e fratura o osso metartasiano, ou por choque indireto ao longo do osso, por exemplo, quando a cabeça do rádio é fraturada em uma queda sobre a mão espalmada, ou a clavícula em uma queda sobre o ombro. As fraturas de fadiga ou estresse não ocorrem como decorrência de uma única lesão violenta, mas de um estresse repetido. As pessoas em condição física ruim que começam um programa vigoroso de aprimoramento físico têm um risco maior de desenvolver esse tipo de fratura. Em contrapartida, um atleta condicionado pode desenvolver uma fratura de estresse depois de um aumento recente no nível de atividade. Na fratura patológica, o termo “patológico" é aplicado à fratura que ocorre em um osso debilitado anteriormente por alguma doença. Em geral, o osso cede por um trauma banal ou mesmo espontaneamente. Um exemplo disso são os idosos que são acometidos pela osteoporose. 2. Explique o que é uma fratura fechada e uma fratura exposta. Qual a importância da distinção entre estas fraturas? Uma fratura é fechada ou simples quando não há comunicação entre o foco da fratura e a parte externa do corpo (Fig. 1). Uma fratura é exposta ou composta quando há um ferimento na superfície da pele que se comunica com o foco da fratura (Fig. 2). Deve-se enfatizar que a presença de um ferimento associado à fratura não significa, necessariamente, que seja uma fratura exposta: é classificada como exposta ou composta apenas quando há uma comunicação direta entre o meio ambiente e as extremidades fraturadas do osso. A comunicação pode ocorrer através de um ferimento aberto; ou então de um pequeno orifício ou até mesmo uma região da pele desvitalizada ou com hematoma. A distinção entre fraturas fechadas e expostas é importante, pois uma fratura exposta pode ser contaminada por organismos provenientes do meio externo, e, portanto se contaminar, enquanto que a fratura fechada está livre deste risco. 3. Os tipos de fratura podem indicar a natureza do trauma e assim fornecer uma indicação sobre o método de redução mais fácil. Explique os 6 tipos de fratura a seguir: transversal, oblíqua, espiral, cominutiva, impactada e em galho verde. A fratura transversa ocorre em linha reta, formando um ângulo mais ou menos reto com a haste do osso. Normalmente acontece com trauma direto no local da lesão. A fratura oblíqua é parecida com a fratura em espiral, ocorre quando uma extremidade óssea é submetida a torção ou giro súbito, enquanto a outra extremidade permanece fixa. A fratura em espiral tem uma separação em forma de “S”. Acontece nos esportes como futebol americano e no esqui, esportes em que os pés ficam plantados no chão, com o corpo promovendo uma rotação repentina na direção oposta. A fratura cominutiva acontece com três ou mais fragmentos no local fraturado, e é causada por golpe forte ou queda. É um tipo de fratura que dificulta muito a cicatrização por causa do deslocamento dos fragmentos ósseos. Os tecidos moles ficam interpostos entre os fragmentos dificultando a cicatrização completa. As fraturas impactadas são aquelas em que os fragmentos ósseos estão encaixados de maneira tão firme que se interligam e não permitem movimento entre si. A fratura em galho verde é a fratura na qual o osso não está completamente ossificado, como em adolescentes, e acontece com maior frequência na superfície convexa do osso, com a côncava permanecendo intacta. Na figura 3 estão apresentados os padrões comuns de fraturas. 4. Explique o processo de consolidação de fraturas (no máximo 10 linhas). Numa fratura ocorre lesão de vasos sanguíneos, destruição de matriz e morte de células ósseas, e para que se inicie o processo de reparação, o coágulo sanguíneo e os restos celulares e matriciais irão ser removidos pelos macrófagos. O periósteo e o endósteo respondem com intensa proliferação, formando um tecido rico em células osteoprogenitoras que constituem um anel em torno da fratura e penetram entre as extremidades ósseas rompidas. Nesse anel conjuntivo surge tecido ósseo primário (imaturo). Esse processo evolui até a formação do calo ósseo, que une provisoriamente as extremidades do osso fraturado. As trações e pressões que serão exercidas sobre o osso, irão causar remodelação do calo ósseo e sua completa substituição por tecido ósseo secundário (lamelar). A figura 4 apresenta os estágios na consolidação de uma fratura. Fig. 3 – 1. Fratura transversal. 2. Fratura oblíqua. 3. Fratura espiral. 4. Fratura cominutiva. 5. Fratura comprimida. 6. Fratura de “galho verde”. Fig. 4 – Estágios na consolidação da fratura . 5. Em um estágio do tratamento de uma fratura é necessário confirmar se ocorreu uma união sólida ou não. A decisão é tomada a partir de uma combinação de evidências clínicas e radiológicas. Explique os sinais clínicos de consolidação e os critérios radiológicos. Existem três sinais clínicos que indicam que ocorreu uma consolidação: ausência de mobilidade entre os fragmentos; ausência de sensibilidade ao se apalpar com firmeza o foco da fratura e ausência de dor quando uma força de angulação é aplicada no local da fratura (Fig. 5). Há duas características radiológicas que indicam a consolidação: calo visível formando ponte com a fratura e se unindo aos fragmentos (Fig. 6); e continuidade Fig. 5 – Teste de consolidação depois de uma fratura da tíbia. Fonte: Google imagens das trabéculas ósseas ao longo do traço da fratura (Fig. 7). Destes, o calo visível é em geral o sinal mais precoce e o mais confiável. A continuidade trabecular ao longo da fratura é evidência de consolidação mais madura, mas a sobreposição das sombras radiográficas dos dois fragmentos pode dar a falsa impressão de continuidade trabecular quando de fato ela não existe. 6. Os três princípios fundamentais para o tratamento de uma fratura fechada são: redução, imobilização e preservação da função. Partindo deste tema responda os itens a seguir: a) Cite três maneiras de realizar a redução. Redução por manipulação: Manipulação fechada é o método inicial padrão para se reduzir a maioria das fraturas comuns. E geralmente realizada sob anestesia geral, mas eventualmente a anestesia local ou regional pode ser apropriada. A técnica consiste em simplesmente reunir os fragmentos através das partes moles, desimpactá-los se necessário, e então ajustá-los tanto quanto possível em sua posição correta. Reduçãopor tração mecânica: Quando a contração de músculos grandes exerce grande força de deslocamento, alguma ajuda mecânica pode ser necessária para distribuir os fragmentos na extensão normal do osso, isto se aplica especialmente às fraturas da diáfise do fêmur, e a certos tipos de fratura ou deslocamento da coluna cervical. A tração pode ser aplicada com pesos ou por parafusos, e o objetivo será a rápida obtenção da redução total em uma só sessão, sob anestesia, ou então confiar na redução gradual por tração prolongada sem anestesia. Fig. 6 – Ponte de calo na fratura. Fig. 7 – Continuidade no osso trabecular ao longo do traço de fratura do osso escafoide. Redução cirúrgica: Quando outros métodos falham, e ocasionalmente como método de escolha os fragmentos são reduzidos sob visão direta em uma cirurgia. Quando se recorre à redução cirúrgica, deve-se aproveitar a oportunidade e fazer a reparação interna dos fragmentos a fim de assegurar que a posição seja mantida b) Existem casos em que não requer imobilização para a consolidação da fratura. Cite três razões para se imobilizar uma fratura. Prevenção de deslocamento ou angulação: Como regra geral, os fragmentos fraturados não se tornarão mais deslocados do que ja estavam no momento do ferimento original. Portanto, se a posição original é aceitável, a imobilização para evitar deslocamento posterior é geralmente desnecessária. Para as fraturas da diáfise de ossos longos, no entanto, a imobilização é geralmente necessária para se manter o alinhamento correto. Prevenção de movimento: A imobilização absoluta nem sempre é essencial para a consolidação da fratura. Exatamente quando o movimento puder romper os delicados capilares que formam a ponte ela não é recomendada, e, teoricamente, os movimentos de rotação são piores neste caso. Há três tipos de fraturas que constantemente requerem imobilização rígida a fim de se assegurar a consolidação principalmente as do osso escafóide, da diáfise do cúbito e do colo do fêmur. Exemplos de fraturas de boa consolidação sem imobilização são: costelas, clavícula e omoplata, certas fraturas do úmero e do fêmur, e muitas fraturas dos metacarpos, metatarsos e falanges. Para algumas fraturas, a imobilização excessiva pode causar mais danos do que benefícios. Uma mão ferida, por exemplo, tem baixa tolerância a imobilizações prolongadas, enquanto que o punho pode ficar imobilizado por muitas semanas ou até meses sem problemas. Alívio da dor: Provavelmente em cerca de metade de todos os casos em que uma fratura é imobilizada a razão principal é aliviar a dor. O membro pode ser usado de maneira mais eficiente se estiver confortável. c) Cite os quatro métodos de imobilização de uma fratura. Imobilização com gesso, tala ou suportes: Para a maioria das fraturas, o método padrão de imobilização é o gesso. Pode-se também usar substitutos para o gesso que oferecem as vantagens de menor peso, radiolucência e impermeabilidade à água, embora a custo bem mais alto A maioria destes produtos é também de aplicação mais difícil, no entanto, estão sendo usados cada vez mais. Para algumas fraturas, uma tala metálica, plástica ou de madeira pode ser mais apropriada, por exemplo, a tala de Thomas para fraturas de diáfise do fêmur, ou o colarinho plástico para algumas lesões da coluna cervical. Outros suportes externos (férulas): Além do gesso, as suportes são muito usados para coxas e pernas e para os dedos. Suportes individuais podem também ser feitos com tiras maleáveis de alumínio, aço, ou materiais plásticos moldados a quente como a espuma de polietileno. Imobilização por tração contínua: Em certas fraturas, especialmente as de diáfise do fêmur e algumas fraturas de diáfise da tíbia ou do úmero inferior pode ser difícil ou até impossível manter os fragmentos na posição adequada apenas com gesso ou suporte externo. E isto ocorre especialmente quando o plano da fratura é oblíquo ou espiral, pois a torção elástica dos músculos tende a levar o fragmento distal para cima de maneira a se sobrepor ao fragmento proximal. Em tais casos, a torção dos músculos deve ser compensada pela tração contínua sobre o fragmento distal, seja por peso ou outro aparelho mecânico (Fig. 8). A tração contínua deste tipo é em geral combinada com alguma forma de entalação a fim de se proporcionar suporte ao membro contra a deformidade angular em geral, uma férula de Thomas ou uma versão modificada no caso de fratura de diáfise femoral, ou uma férula de Braun no caso da tíbia. Imobilização por fixação externa: Na verdade, a imobilização por gesso ou por tala pode ser considerada fixação externa. Convencionalmente, no entanto, o termo fixação externa é utilizado para a ancoragem rígida dos fragmentos ósseos a um mecanismo externo como uma barra de metal através de pinos fixados aos fragmentos proximais e distais de uma fratura de osso longo. Na sua forma mais Fig. 8 simples, a fixação externa pode ser obtida transfixando-se cada fragmento com um pino Steinmann e colocando as extremidades protuberantes dos pinos em uma tala de gesso. Porém, este método simples raramente é usado, e a fixação é feita através de barras ou molduras rígidas às quais pinos de juntas multiaxiais são encaixados. Tais sistemas permitem o ajuste da posição dos fragmentos e, se necessário, compressão das extremidades ósseas fraturadas, após a aplicação do fixador. Atualmente os cirurgiões preferem prender os fragmentos não por transfixações repetidas, mas por pinos que são rosqueados no osso apenas de um lado (Fig. 9). Dois ou três pinos são colocados, então, em cada fragmento e as extremidades protuberantes são encaixadas ou cimentadas a uma forte barra de aço localizada logo abaixo da superfície da pele, paralelamente ao osso fraturado (Fig. 9). A fixação externa tem sua principal aplicação no tratamento de fraturas expostas ou infectadas, onde o uso de mecanismos de fiação interna como placas e pregos não é recomendado em virtude do risco que representam a promover ou exacerbar a infecção. O método também ganhou aceitação para o tratamento de certas fraturas fechadas de ossos longos, como alternativa a fixação interna. Imobilização por fixação interna: É indicado a fixação interna ou cirúrgica nas seguintes circunstâncias: 1) se for impossível manter uma posição aceitável apenas com a goteira ou em combinação com a tração em uma fratura fechada; 2) quando é necessário operar uma fratura para garantir a redução adequada; 3) para proporcionar controle precoce das fraturas do membro quando métodos conservadores interfeririam com o tratamento de outras lesões sérias, por exemplo, da cabeça, tórax ou abdômen; e 4) como um método de escolha para certas Fig. 9 – Diagrama demonstrando o princípio da fixação externa. Pinos com roscas prendem cada fragmento de maneira muito firme, ancorados à barra externa com grampos ou cimento acrílico. fraturas, a fim de se garantir a imobilização rígida e mobilidade mais imediata do paciente. 7. A fratura exposta exige uma atenção sobre a ferida e também após o procedimento cirúrgico. Cite dois cuidados que devem ser tomadas durante o tratamento de uma fratura exposta para evitar que o paciente corra risco em relação a sua saúde. É importante sempre ficar atento para o estado da circulação arterial, de maneira a se tomar atitude imediata se aparecerem sinais de isquemia, e esses pacientes devem ser observados com atenção para quaisquer sinais que possam indicar infecção. A temperatura deve ser controlada sempre, se houverqualquer elevação continuada de temperatura deve ser tomada como uma indicação para se examinar o ferimento. Quando ocorrer forte contusão muscular, não se deve eliminar a possibilidade do desenvolvimento de gangrena gasosa. 8. As complicações podem ocorrer no processo de consolidação de uma fratura. Tais complicações podem ser consideradas em dois grupos: aquelas que dizem respeito a fratura em si (infecção, consolidação retardada, não consolidação, necrose vascular, consolidação viciosa e encurtamento); e aquelas atribuídas a lesão associada envolvendo outros tecidos. Faça um breve comentário sobre as seguintes complicações: a) Não consolidação Se uma fratura não consolida durante muitos meses, alterações radiológicas características indicam um estado provavelmente permanente de não consolidação. As extremidades ósseas no foco da fratura se tornam densas e arredondadas, de forma que a linha de fratura em si se torna cada vez mais evidente. Patologicamente, o processo de consolidação parece ter terminado, e não há tentativa de ligar a fratura com o calo. Ao contrário, o espaço entre os ossos está preenchido por tecido fibroso. Em alguns casos, uma cavidade pode formar uma ponte fibrosa, sugerindo a tentativa de uma articulação falsa (pseudoartrose). Alguns fatores podem favorecer a não consolidação como uma infecção óssea; suprimento sanguíneo inadequado a um ou ambos os fragmentos; cisalhamento excessivo entre os fragmentos; interposição de tecido mole entre os fragmentos; perda de aposição entre os fragmentos (inclusive por excesso de tração); dissolução do hematoma pelo líquido sinovial (em fraturas intra-articulares); presença de metal corrosivo na vizinhança imediata da fratura; destruição de osso, como por um tumor (nas fraturas patológicas). Às vezes dois ou mais destes fatores podem atuar conjuntamente. Em grau menor, estes mesmos fatores podem ser responsáveis por uma consolidação retardada. b) Consolidação viciosa É aquela consolidação onde os fragmentos estão em uma posição incorreta. Assim, os fragmentos podem ter se consolidado com angulação, rotação, perda de aposição término-terminal, ou superposição e conseqüente encurtamento. Pode ocorrer ainda, em grau menor, em grande número de fraturas, porém, na prática, o termo é reservado para casos nos quais a deformidade resultante tem significado clínico. A consolidação deve sempre ser evitada por tratamento inicial competente, mas há ocasiões em que alguma perda de redução deve ser aceita como inevitável apesar de todas as precauções. Fig. 10 Fig. 10 Fig. 11 Fig. 11 REFERÊNCIAS ADAMS, J.C.; HAMBLEN, D.L. Manual de Fraturas, 10 ed. Livraria Editora Artes Medica LTDA, 1994. SIMON, R. Robert; SHERMAN, C. Scott. Emergências Ortopédicas. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. MOREIRA, B. S. A biomecânica da fratura e o processo de cicatrização. Cadernos Unisuam. Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 101-117, jun. 2013.
Compartilhar