Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 LESÕES PIGMENTADAS DA MUCOSA As pigmentações podem ser exógenas ou endógenas. Quando a pig- mentação é endógena, ela está relacio- nada com a deposição de melanina. As células produtoras e secreto- ras de melanina são os melanócitos, que são células dendríticas com prolonga- mentos e estão localizadas na camada basal do epitélio. ALTERAÇÕES BENIGNAS PIGMENTAÇÃO FISIOLÓGICA (pigmentação étnica ou racial) Quanto mais melanócitos a pes- soa tem, mais alteração ela irá apresen- tar (aumento da deposição de melani- na). Clinicamente é possível observar múltiplas máculas acastanhadas (podem ser enegrecidas) e difusas. É comum encontrar na gengiva inserida vestibular e nas papilas filiformes. DD: mácula melanótica, pigmentação pelo fumo. TRATAMENTO Não é necessário, pois é fisioló- gico. O prognóstico é favorável. MELANOSE ASSOCIADA AO FUMO (melanose do fumante, melanose do tabagista) A etiologia são os agentes noci- vos do tabaco. Clinicamente, a lesão pode vari- ar de mal delimitada e múltipla até bem delimitada e única. A coloração vai de acastanhado até enegrecido. A gengiva vestibular inferior é a mais afetada. DD: pigmentação fisiológica, mácula melanótica (quando está bem delimita- da) e pigmentação por medicamento. TRATAMENTO Tirar o fator causal, assim a lesão regride. O prognóstico é favorável. Deve-se acompanhar o paciente, para observar se a mácula está crescen- do. MÁCULA MELANÓTICA ORAL (melanose focal) A mácula melanótica oral acon- tece independente da exposição ao sol, mais comumente em mulheres (2:1) até os 40 anos, na região de semimucosa de lábio inferior ou gengiva. Clinicamente, podemos observar uma mácula única, bem delimitada, acastanhada. Sua coloração é homogê- nea e ela não ultrapassa 7mm. OBS: o crescimento é rápido, porém depois estabiliza. DD: pigmentação fisiológica, pigmenta- ção pelo fumo, nevus e melanoma. TRATAMENTO Não há necessidade, mas caso algum tratamento seja feito, normal- ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 mente é a biópsia excisional. O prognós- tico é favorável. Deve-se acompanhar o paciente, para observar se a mácula está crescen- do. Síndrome de Peutz-Jeghers Múltiplas máculas que podem ser a primeira manifestação da doença; Pólipos intestinais; Mácula nas palmas do pé e da mão. Síndrome de McCune-Albright Máculas com bordas irregulares maiores que 7mm; Puberdade precoce; Alterações ósseas (displasia mo- nostótica ou poliostótica). HISTOPATOLÓGICO DAS ALTERAÇÕES BENIGNAS Fragmento de mucosa revestido por um epitélio estratificado pavimen- toso paraceratinizado. Na camada basal, observam-se melanócitos e deposição de melanina. A lâmina própria é com- posta por tecido conjuntivo fibroso vas- cularizado e celularizado. No caso da mácula melanótica oral, encontra-se ainda a incontinência melânica (melanina no conjuntivo) e macrófagos melanofagos. NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS NEVO MELANOCÍTICO ADQUIRIDO (nevo nevocelular, mole) O nevo melanocítico adquirido representa uma proliferação benigna de células névicas. Essas células são ovói- des, possuem núcleo central e pigmen- to no citoplasma. O conjunto dessas células é chamado de tecas. É comum que um adulto tenha entre 10 a 40 nevos por todo o corpo e eles normalmente se formam até os 35 anos. Sexo feminino; Palato e gengiva; Três estágios: juncional, com- posto e intradérmico ou intra- mucoso (só diferencia pelo his- topatológico). 1º ESTÁGIO: NEVO JUNCIONAL Menor que 6mm; Pápula acastanhada; Bem delimitada; Superfície lisa; Tecas apenas na camada basal. 2º ESTÁGIO: NEVO COMPOSTO Menor que 6mm; Coloração mais clara; Células névicas no epitélio e no tecido conjuntivo. 3º ESTÁGIO: NEVO INTRADÉRMICO OU INTRAMUCOSO Menor que 6mm; ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Pode ocorrer a presença dos pe- los; As células névicas estão apenas na lâmina própria. DD: mácula melanótica, verruga e me- lanoma na fase inicial. NEVO AZUL (melanocitoma dérmico, nevo de Jadas- sohn-Tièche) O nevo azul é uma proliferação benigna e incomum das células névicas, geralmente em uma região profunda no interior do tecido conjuntivo. Essas cé- lulas névicas são fusiformes (efeito Tyn- dall). Comum na face; Criança e adulto jovem; Feminino; Palato; Menor que 1cm; Mácula bem delimitada, única, azulada e de superfície lisa. DD: nevo melanocítico adquirido, tatua- gem por amálgama. TRATAMENTO DOS NEVOS Acompanhar e se houver mu- dança faz a biópsia excisional. O prog- nóstico é bom. MELANOMA (melanocarcinoma – neoplasia maligna) O melanoma é uma neoplasia maligna de origem melanocítica que surge a partir de uma lesão melanocíti- ca benigna ou a partir de melanócitos no interior da mucosa ou da pele nor- mal. O dano causado pela radiação UV é o principal fator causal. 3º mais comum na pele (75% de mortes); O bucal é mais agressivo que o cutâneo; Adulto (45 – 84 anos); No sexo feminino: extremidades inferiores; No sexo masculino: costas; Na boca: palato. Os fatores de risco para o apare- cimento do melanoma são: Pele clara; Tendência à efélides; Histórico de queimaduras sola- res; Histórico familiar; Número elevado de nevus; Uso de autobronzeadores; Bronzeamento artificial; Uso de imunossupressores; Doenças malignas na infância. Clinicamente, é possível obser- var uma mácula com regiões papulares, bordas difusas, assimétricas. A colora- ção não é homogênea e seu crescimen- to é tanto horizontal (crescimento radi- al) quanto vertical (infiltrativo). SISTEMA ABCDE Assimetria; Bordas irregulares; ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Coloração em matizes; Diâmetro maior que 6mm; Evolutivo. MELANOMA ORAL Raro; 5ª a 7ª década; Homens; Palato duro e gengiva vestibular; História prévia de melanoma na pele; Assintomático. HISTOPATOLÓGICO (biópsia incisional) Melanócitos no tecido conjunti- vo, apresentando atipia celular (hiper- cromáticos e pleomórficos). DD: mácula melanótica, nevo melanocí- tico e tatuagem por amálgama. TRATAMENTO O tratamento é feito pelo médi- co. O prognóstico do melanoma oral é ruim. A sobrevida de 5 anos é de 10 a 25%, sendo a média de sobrevida de 25 meses. Metástases são mais comuns nos pulmões, cérebro, fígado e ossos. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS TATUAGEM POR AMÁLGAMA É a implantação de materiais e- xógenos pigmentados na mucosa. As tatuagens por amálgama a- presentam-se como máculas que po- dem variar do preto, até o azul e cinza. As bordas podem ser bem definidas, irregulares ou difusas. Os sítios mais frequentes de acometimento são a gengiva, a mucosa alveolar e a mucosa jugal. Em alguns casos podemos ob- servar pontos radiopacos na radiografia, sendo assim, teríamos o diagnóstico confirmado de tatuagem por amálgama. DD: mácula melanótica, nevo melanocí- tico adquirido, melanoacantoma e me- lanoma. O diagnóstico é clínico ou atra- vés de uma biópsia. HISTOPATOLÓGICO Fragmento de mucosarevestido por epitélio estratificado pavimentoso ortoceratinizado. A lâmina própria e constituída de tecido conjuntivo fibroso vascularizado e celularizado. Nela, ob- servam-se áreas enegrecidas e irregula- res e infiltrado inflamatório mononucle- ar. OBS: a prata tem afinidade pelas fibras reticulares que circundam nervos e va- sos. TRATAMENTO Não há necessidade. DESORDENS POTENCIALMENTE MALIG- NAS OU CANCERIZÁVEIS Tecido morfologicamente alte- rado com características benignas, mas com risco aumentado de transformação maligna. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 O aumento gradual das altera- ções histológicas leva ao rompimento da membrana basal com subsequente inva- são pelas células epiteliais no tecido conjuntivo neoplasia epitelial (carcinoma). Nem todas as lesões precursoras vão sofrer transformação maligna. Al- gumas sofrem regressão caso o fator etiológico seja removido. Leucoplasia; Eritroplasia; Queilite actínica. Nessas três lesões, a lesão fun- damental é a placa ou erosão. LEUCOPLASIA A leucoplasia representa 85% de todas as lesões cancerizáveis. Ela é definida pela OMS como “uma placa ou mancha branca que não pode ser caracterizada clínica ou pato- logicamente como qualquer outra do- ença”. O termo é estritamente clínico e não implica uma alteração tecidual his- topatológica específica. Por isso a bióp- sa é importante, pois no histológico é que veremos o grau de alteração e dis- plasia do epitélio (leve, moderada, seve- ra) ou até mesmo se já é um carcinoma em fase inicial. Como na maioria das lesões o- rais brancas, a coloração clínica resulta de um espessamento da camada super- ficial de ceratina. A placa não é destacá- vel. DD: líquen plano, morsicatio buccarum, estomatite nicotínica, nevo branco es- ponjoso, leucoedema, etc. CAUSAS Fumo: 80% são fumantes. Há uma relação dose/dependente; Álcool tem efeito sinérgico; Alguns microrganismos têm sido envolvidos na origem da leuco- plasia (leucoplasia por cândida e pelo HPV); Radiação UV; Trauma; Causas idiopáticas. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A maioria das pessoas acometi- das são homens (70%) acima dos 40 anos. A prevalência aumenta rapida- mente com a idade. Os sítios mais acometidos são o vermelhão do lábio, mucosa jugal, lín- gua, soalho oral e gengiva. OBS: as lesões da língua e soalho são as que têm mais chances de se tornar uma lesão maligna. CLASSIFICAÇÃO Leucoplasia leve , delgada ou fi- na: placas brancas ou acinzenta- das, plana ou ligeiramente ele- vada; Leucoplasia homogênea ou es- pessa/grossa: placas brancas, ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 espessas, bem delimitadas com fissuras profundas; Leucoplasia granular ou nodular: irregularidades na superfície; Leucoplasia verruciforme: proje- ções agudas; Leucoplasia verrucosa prolifera- tiva (LVP): múltiplas placas cera- tóticas com projeções de super- fície ásperas – normalmente a gengiva está envolvida e podem se tornar um carcinoma verru- coso. É comum em mulheres não fumantes. Eritroleucoplasia: áreas esbran- quiçadas e avermelhadas (é a de maior risco para se transformar em lesão maligna). Quanto mais irregular a lesão, mais risco de transformação maligna. HOMOGÊNEAS NÃO HOMOGÊNEAS HISTOPATOLÓGICO (alterações no epi- télio) Microscopicamente, a leucopla- sai é caracterizada pela camada espes- sada de ceratina (hiperceratose), com ou sem espessamento da camada espi- nhosa (acantose). Frequentemente, variável infiltrado inflamatório mononu- clear (crônico) é visto no tecido conjun- tivo. OBS: hiperparaceratose (com núcleos) ou hiperortoceratose (sem núcleos). Também se observa a displasia epitelial que pode ser leve, moderada, acentuada ou até mesmo já pode ser um carcinoma in situ ou um carcinoma de células escamosas. Alterações do epitélio displási- cos: Cristas epiteliais em forma de gota; Pérolas de queratina; Hiperplasia basilar: duplicação da camada basal; Perda da estratificação celular; Redução da adesão intercelular. Atipias celulares são observadas: núcleos pleomórficos, hipercromatismo, alteração na relação núcleo-citoplasma, mitoses anormais e aumentadas e evi- denciação do nucléolo. Atividade mitó- tica aumentada e figuras de mitoses anormais. OBS: a biópsia deve ser feita na área de maior chance de atipia celular. GRAUS DE DISPLASIA Leve: somente na camada basal; Moderada: até a metade do epi- télio; FINAS ESPESSAS NODULAR OU GRANULAR VERRUCOSA ERITROLEUCO- PLASIA ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Acentuada: quase todo o epité- lio. De 5 a 25% das leucoplasias a- presentam displasia ou já é um carci- noma. As lesões variam de acordo com o grau de atipia celular e displasia teci- dual: Hiperqueratose – 80% Displasias – 12% Carcinoma in situ – 3% Carcinoma invasivo – 5% TRATAMENTO O tratamento depende das ca- racterísticas clínicas e histopatológicas. Tipos de remoção (igual efetividade): Excisão cirúrgica – possibilita análise histopatológica; Criocirurgia; Ablação a laser; Eletrocauterização. Remoção fatores etiológicos Remoção do hábito de fumar. PROGNÓSTICO Um acompanhamento de longa duração após a remoção é extrema- mente importante, uma vez que as re- cidivas são frequentes e também por- que outras leucoplasias podem se de- senvolver. Taxas globais de recorrência va- riam de 10 a 35%; A remoção cirúrgica não parece reduzir o risco de recidiva ou malignização; Taxa de transformação maligna varia de 1 a 47%, geralmente ocorre de 2 a 4 anos após o di- agnóstico. FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DE TRANSFORMAÇÃO MALIGNA: Gênero feminino; Idade avançada; ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Não fumante; Lesão por vários anos; Tamanho da lesão; Localização (língua e soalho). ERITROPLASIA A eritroplasia é definida como uma mancha vermelha que não pode ser clínica ou patologicamente diagnos- ticada como qualquer outra condição. As causas são desconhecidas. Ocorre também em associação com a leucoplasia e tem sido encontrada na participação de grande proporção de carcinomas orais invasivos em estágio inicial. Tem maior potencial de trans- formação maligna que a leucoplasias. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A eritroplasia é predominante- mente uma doença de adultos de meia- idade a idosos, sem predileção significa- tiva pelo gênero. O soalho de boca, língua e palato mole são os sítios mais comuns de aco- metimento e múltiplas lesões podem estar presentes. Apresenta-se como uma placa ou mácula eritematosa, assintomática, bem demarcada. Tem textura macia e aveludada. DD: mucosites inespecíficas, candidíase eritematosa, lesões vasculares, psoría- se. HISTOPATOLÓGICO 90% das lesões eritoplásicas constituem histopatologicamente dis- plasias epiteliais severas, carcinoma in situ ou carcinoma de células escamosas superficialmente invasivo. O epitélio mostra uma ausência de produção de ceratina e frequente- mente é atrófico, porém pode ser hi- perplásico.Essa ausência de ceratiniza- ção permite que a vascularização adja- cente, o que explica a coloração verme- lha. O tecido conjuntivo subjacente frequentemente apresenta inflamação crônica. TRATAMENTO A biópsia deve ser feita para o diagnóstico definitivo. Lesões exibindo displasia significativa devem ser com- pletamente removidas ou destruídas. Eliminação de fatores locais; Criocirurgia, eletrocirurgia ou remoção à laser; Excisão cirúrgica. A recorrência e envolvimento multifocal da mucosa oral são comuns. O paciente deve ser acompanhado por um longo período. QUEILITE ACTÍNICA Condição potencialmente malig- na do vermelhão do lábio que afeta principalmente o lábio inferior, resultan- te da exposição crônica aos raios sola- res. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Pessoas de pele clara; Idade mais avançada (mais de 45 anos); Homens (10:1); Tabagismo e imunossupressão aumentam o risco de transfor- mação maligna; 6 a 10% se transformam em câncer. As alterações mais precoces in- cluem a atrofia da borda do vermelhão do lábio inferior, caracterizada por uma superfície lisa e áreas de manchas páli- das. Observam-se áreas de descama- ção e placas leucoplásicas e eritoplási- cas. Com a progressão da lesão, a ulce- ração pode se desenvolver e estas são cobertas por crostas. O apagamento da margem entre a zona do vermelhão e a porção cutâ- nea do lábio é tipicamente observado. OBS: as ulcerações podem sugerir a progressão para um carcinoma de célu- las escamosas em estágio inicial. HISTOPATOLÓGICO A queilite actínica é geralmente caracterizada por um epitélio escamoso estratificado atrófico com marcante produção de ceratina. Graus variados de displasia são observados. Um infiltrado inflamatório crôni- co frequentemente está presente no tecido conjuntivo. Ainda no conjuntivo, é possível observar uma degeneração do colágeno pelos raios UV (elastose solar). TRATAMENTO Biópsia; Uso de pomadas, fotoprotetores e corticóides; Cirurgia; Outros tratamentos: ablação a laser, eletrodissecação, criote- rapia, terapia fotodinâmica, etc. CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS (carcinoma epidermoide ou carcinoma espinocelular) Corresponde a mais de 80% das neoplasias malignas da boca. É origina- do a partir dos queratinócitos do tecido epitelial de revestimento da mucosa oral. EPIDEMIOLOGIA É o 6º mais comum em homens; É o 12º mais comum em mulhe- res; Grande mortalidade e morbida- de. ETIOLOGIA DNA RNA PROTEÍNA Mutação em genes que produ- zem proteínas que controlam a prolife- ração celular (uma proteína alterada é codificada e a proliferação passa a ser autônoma). ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 A causa do carcinoma de células escamosas oral é multifatorial. Nenhum agente ou fator etiológico único tem sido claramente definido ou aceito, po- rém tanto fatores extrínsecos quanto intrínsecos podem estar atuando. Os principais fatores de risco extrínsecos para o surgimento do carci- noma e células escamosas são: 1. Tabaco: qualquer forma; 2. Álcool; 3. Radiação ultravioleta; 4. HPV (subtipos 16 e 18). OBS: o tabaco e o álcool são tempo e dose dependentes e os dois juntos au- mentam ainda mais o risco. Os fatores intrínsecos incluem estados sistêmicos ou generalizados, tais como desnutrição geral ou anemia por deficiência de ferro. A hereditarie- dade parece não desempenhar um pa- pel principal na causalidade do carci- noma oral. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 74% homens; Adultos e idosos; Dor mínima durante a fase inicial do crescimento (o que explica a demora na procura de cuidados profissionais). Qualquer região da mucosa oral pode ser acometida, mas os sí- tios mais comuns são: lábio infe- rior, língua, assoalho e gengiva. O carcinoma de células escamo- sas oral tem uma apresentação clínica variada, incluindo as seguintes: Leucoplásica (mancha ou placa branca); Eritroplásica (mancha ou placa vermelha); Leucoeritroplásica (combinação de áreas vermelhas e brancas); Endofítico (invasiva, escavada, ulcerada) – úlcera que não cica- triza; Exofítico (formação de aumento de volume, vegetante, papilar, verruciforme). Os exemplos leucoplásicos e eri- troplásicos são provavelmente casos em fases iniciais, que ainda não produziram um aumento de volume ou ulceração. As características clínicas são idênticas às descritas para as desordens potenci- almente malignas da leucoplasia e eri- troplasia. Uma lesão exofítica tipicamente apresenta superfície irregular, vegetan- te, papilar ou verruciforme e sua cor poderá variar de coloração normal ao vermelho ou branco, dependendo da quantidade de ceratina e vasculariza- ção. A superfície é frequentemente ul- cerada e o tumor mostra-se duro à pal- pação. O padrão endofítico tem uma área central deprimida, de formato irre- gular, ulcerada, vermelha ou branca. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS O carcinoma de células escamo- sas surge a partir de um epitélio de su- perfície displásico e é caracterizado his- topatologicamente por ilhas, cordões ou lençóis invasivos de células escamo- sas epiteliais malignas. Além de invadir o conjuntivo, as células epiteliais malignas também in- vadem todos os tecidos adjacentes. As células malignas geralmente mostram um citoplasma eosinofílico abundante com núcleos grandes e ge- ralmente de coloração intensa (hiper- cromáticos) e uma relação núcleo- citoplasma aumentada. Graus variados de pleomorfismo nuclear e celular são observados. O produto normal do epitélio escamoso é a ceratina, e pérolas de ceratina podem ser produzidas. Existem tumores bem diferenci- ados (células sem muita atipia) e mal diferenciados (células com muita atipia). CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS O tumor pode invadir o osso subjacente e destruí-lo, resultando em imagens radiolúcidas de reabsorção óssea (ruído de traça). METÁSTASE Metástase regional: linfonodos. Metástase a distância. O linfonodo metastático tem vo- lume aumentado, é aderido, frio, firme à palpação e indolor. CONDUTA PARA DIAGNÓSTICO Biópsia incisional (lesão + uma parte do tecido normal). Exame anatomopatológico. TRATAMENTO Encaminhamento para o cirurgi- ão de cabeça e pescoço; Cirurgia: remoção do tumor primário e esvaziamento cervical profilático ou curativo; Radioterapia; Quimioterapia. PROGNÓSTICO Depende do estadiamento clíni- co pelo sistema TNM. T: tamanho do tumor (T0, T1, T2, T3, T4); N: envolvimento dos linfonodos (N0, N1, N2, N3); M: metástase a distância (M0, M1). Estágio I: T1, N0, M0; Estágio II: T2, N0, M0; Estágio III: T3, N0, M0 ou T(1, 2, 3) N1, M0. Estágio IV: qualquer T4, qualquer N2 ou N3, qualquer M1. Embora alguns pacientes mor- ram de sua doença em um período mais prolongado, como 10 anos após o tra- tamento inicial, a grande maioria das ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 mortes ocorre entro dos primeiros 5 anos. DOENÇAS MEDIADAS IMUNOLOGICA- MENTE A auto-imunidade é uma falhaou ruptura dos mecanismos responsá- veis por manter a autotolerância. Nor- malmente, o organismo deveria ter to- lerância a tudo o que ele produz. Várias doenças são causadas pe- la produção inadequada de anticorpos pelo paciente (autoanticorpos). Esses autoanticorpos são dire- cionados contra vários constituintes do aparato molecular que mantêm as célu- las epiteliais aderidas ou que unem o epitélio de superfície ao tecido conjun- tivo subjacente. O dano resultante é frequentemente denominado doença bolhosa imune. PÊNFIGO A condição conhecida como pênfigo representa quatro doenças re- lacionadas de origem autoimune: 1. Pênfigo vegetante; 2. Pênfigo eritematoso; 3. Pênfigo foliáceo; 4. PÊNFIGO VULGAR. Somente o pênfigo vegetante e vulgar afetam a mucosa bucal, sendo o pênfigo vegetante muito raro e a maio- ria dos autores o interpreta como uma variante do pênfigo vulgar. O pênfigo vulgar é uma doença crônica auto-imune sistêmica, por isso é tratada de forma médica. Porém, ge- ralmente a primeira lesão aparece na boca, sendo assim o diagnóstico dado pelo cirurgião-dentista na maioria das vezes. É uma doença de baixa incidên- cia, alta morbidade e pode levar o indi- víduo a óbito caso não seja tratada. PATOGÊNESE As bolhas que caracterizam essa doença ocorrem devido a uma produ- ção anormal de autoanticorpos contra glicoproteínas de superfície da célula epidérmica (desmogleína D1 e D3). Essas desmogleínas são compo- nentes dos desmossomos (estruturas de adesão entre as células epiteliais). O sistema imune ataca as des- mogleínas e há o rompimento entre as células epitelais, formando assim uma fenda intraepitelial. OBS: a junção entre epitélio e conjunti- vo não é feita apenas por hemidesmos- somos, por isso ela continua íntegra. Somente a junção entre as células epi- teliais são destruídas. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Adultos (acima dos 50 anos); Sem predileção por sexo; Áreas de erosões e ulcerações; Gengivite descamativa crônica. Os pacientes normalmente quei- xam-se de dor na mucosa bucal. São observadas bolhas de tamanhos varia- dos e placas com descamações. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 As bolhas costumam aparecer primeiro na boca e formam-se úlceras dolorosas. Podem estar difusamente espalhadas por toda a mucosa. As vesículas e bolhas muco- cutâneas eclodem facilmente e deixam o tecido conjuntivo exposto. Forma-se assim uma porta de entrada para mi- crorganismos e frequentemente acon- tecem infecções secundárias. Sinal de Nikolsky: o epitélio se solta ao esfregar a pele com o próprio dedo. DIAGNÓSTICO Biópsia incisional e perilesional, para pegar uma parte de epitélio íntegro, pois as características histopatológicas da lesão estão no epitélio. Imunofluorescência direta e indi- reta. HISTOLÓGICO Há a formação de fendas intrae- piteliais pelo rompimento dos desmos- somos na camada espinhosa. Algumas células dessa camada podem ser obser- vadas no interior dessa fenda (células de Tzanck). A camada basal do epitélio não é atingida e permanece íntegra e aderida à lâmina própria. No tecido conjuntivo há infiltra- do inflamatório predominantemente crônico (mononuclear). TRATAMENTO (o tratamento é médico) O objetivo do tratamento é in- terromper a formação de novas bolhas, para diminuir a dor do paciente e sua susceptibilidade à infecções. Corticoides: prednisona por 7 a 10 dias em doses altas com re- dução gradual; Outras drogas inibidoras do sis- tema imunológico. PÊNFIGO PARANEOPLÁSICO É uma doença vesiculobolhosa rara que afeta pacientes que tê uma neoplasia, geralmente linfoma ou leu- cemia. Múltiplas lesões vesiculobolho- sas afetam a pele e a mucosa bucal. Bolhas nas superfícies palmares ou plantares podem ser evidentes, uma condição incomum no pênfigo vulgar. Lesões cutâneas podem apare- cer como pápulas pruriginosas, seme- lhantes ao líquen plano cutâneo. Os lábios com frequência exibem crostas hemorrágicas semelhantes ao eritema multiforme. A mucosa bucal exibe múl- tiplas áreas de eritema e ulcerações irregulares e difusas. Outras superfícies mucosas também são comumente afetadas, com 70% dos pacientes apresentando envol- vimento da mucosa conjuntival. As características histológicas do pênfigo paraneoplasico podem ser tão diversas quanto suas características ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 clínicas. Na maioria dos casos, observa- se uma fenda subepitelial (semelhante ao penfigoide) ou fenda intraepitelial (semelhante ao pênfigo). PENFIGOIDE BENIGNO DE MUCOSA (penfigoide cicatricial, penfigoide das membranas mucosas) É uma doença mucocutânea bo- lhosa crônica de origem autoimune, no qual autoanticorpos ligados aos tecidos são dirigidos contra um ou mais com- ponentes da membrana basal. Pode afetar qualquer mucosa do corpo, sendo a mucosa bucal e ocular muito afetadas. É semelhante ao pênfigo, contu- do, seu prognóstico e características microscópicas são muito diferentes. EPIDEMIOLOGIA Adultos e idosos: média de 60 anos; Mulheres (2:1); 2x mais frequente que o pênfi- go. PATOGÊNESE O ataque imunológico é na membrana basal, separando assim o epitélio do conjuntivo (formação de bolha subepitelial). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS As lesões bucais do penfigoide se iniciam como vesículas ou bolhas que se rompem e formam áreas ulceradas de extensão e localização variadas. As lesões ulceradas são geral- mente dolorosas e podem persistir por semanas, meses ou anos se não forem tratadas. Em geral, este processo é obser- vado de forma difusa na boca, mas po- de estar limitado a certas localizações, em especial na gengiva. O envolvimento gengival produz um padrão de reação clínica denomina- do gengivite descamativa crônica. OBS: esse padrão de gengivite também pode ser observado no pânfigo vulgar e líquen plano erosivo. Clinicamente não é possível dife- renciar o penfigoide de qualquer outra lesão vesículo-bolhosa. É preciso fazer uma biópsia. DD: líquen plano e pênfigo vulgar. HISTOLÓGICO A biópsia perilesional exibe uma separação entre o epitélio e o tecido conjuntivo (fenda supepitelial). Há um rompimento da membrana basal. Um leve infiltrado inflamatório crônico está presente. TRATAMENTO O tratamento é médico, com uso de corticosteroides. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 LÍQUEN PLANO O líquen plano é uma doença dermatológica crônica relativamente comum, que com frequência afeta a mucosa bucal. OBS: o ataque aos melanócitos induz uma pigmentação na pele/mucosa. EPIDEMIOLOGIA Adultos de meia idade; Mulheres (3:2); Prevalência 0,1% a 2,2%. PATOGENIA Doença imunológica mediada por células T, na qual células citotóxicas CD8 induzem a apoptose das células basais do epitélio. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS As lesões cutâneas do líquen plano são classicamente descritas como pápulas poligonais, púrpuras e prurigi- nosas. Em geral, afetam as superfícies flexoras das extremidades. Pápulas poligonais erite- matosas com finas linhas brancas (estri- as de Wickham). Existem algumas formas de le- sões bucais, são elas: 1. Líquen plano reticular; 2. Líquen plano erosivo;3. Líquen plano atrófico; 4. Líquen plano em placa; 5. Líquen plano bolhoso. O líquen plano reticular é muito mais comum do que a forma erosiva, apesar da forma erosiva predominar em estudos, devido ao fato do erosivo ser sintomático. LÍQUEN PLANO RETICULAR O líquen plano reticular nor- malmente não causa sintomas e envol- ve a região posterior da mucosa jugal bilateralmente. Outras áreas da mucosa bucal também podem estar envolvidas, porém é raro: Borda do dorso da língua; Gengiva; Palato; Vermelhão do lábio. Ele tem o nome de reticular por causa de seu padrão característico de linhas brancas entrelaçadas (linhas cera- tóticas) patognomônico, por isso não precisa de biópsia. As lesões brancas podem apre- sentar-se como pápulas. OBS: a área branca não é removível. LÍQUEN PLANO EROSIVO Apesar de não ser tão comum quanto a forma reticular, é mais signifi- cativo para o paciente porque as lesões geralmente são sintomáticas. Clinicamente, observam-se áreas eritematosas, atróficas, com graus vari- áveis de ulceração central. A periferia das regiões atróficas geralmente é cir- cundada por finas estrias brancas irradi- adas. mais comuns se mistu- ram ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Quando a atrofia e ulceração estão restritas à gengiva, produzem um padrão de reação denominado de gen- givite descamativa crônica. Por isso, é necessária biópsia para o correto diag- nóstico, já que o pênfigo vulgar e o pen- figoide podem se apresentar dessa for- ma. Se o componente erosivo for grave, pode ocorrer separação entre o epitélio e conjuntivo, resultando na a- presentação relativamente rara do lí- quen plano bolhoso. DD: candidíase atrófica, língua geográfi- ca, pênfigo, penfigoide, leucoeritropla- sai. LÍQUEN PLANO EM PLACA Placas brancas firmemente ade- ridas associadas ou não à estrias. DD: leucoplasia, candidíase hiperplásica, ceratose friccional e CCE (quando não tem estria). HISTOLÓGICO LÍQUEN PLANO As cristas epiteliais podem estar ausentes ou hiperplásicas, mas classi- camente são pontiagudas ou têm forma de “dentes de serra”. A destruição da camada de célu- las basais do epitélio (degeneração hi- drópica) também é evidente, sendo acompanhada por um intenso infiltrado inflamatório semelhante a uma faixa, predominantemente de linfócitos T logo abaixo do epitélio subjacente. OBS: células inflamatórias em banda subepitelial. TRATAMENTO A forma reticular normalmente não produz sintomas e nenhum trata- mento é necessário. Ocasionalmente, os pacientes podem apresentar uma can- didíase sobreposta e nesses casos a terapia antifúngica é necessária. A forma erosiva causa dor ao paciente e nosso objetivo é aliviar esse sintoma. 1. Tratamento local: o Acetato de triancinolona 0,1% em solução aquosa para boche- cho; o Tacrolimus (protopic) 0,1%. Creme de uso tópico. 2. Tratamento sistêmico: predniso- na. RECEITUÁRIO Uso local 1. Acetato de triancinolona 0,1% em solução aquosa 100 ml Fazer bochechos com 5ml da solução durante um minuto e cuspir, de 12 em 12 horas, durante 10 dias. 2. Prednisona 20 mg 10 com- primidos Tomar um comprimido pela manhã, durante 10 dias. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 ERITEMA MULTIFORME O eritema multiforme é uma condição mucocutânea bolhosa e ulce- rativa de etiopatogenia incerta. Em cerca de 50% dos casos, o clínico pode identificar uma infecção precedente como o herpes simples ou a exposição a várias drogas e medicamen- tos, como antibióticos ou analgésicos. Esses agentes desencadeiam uma rea- ção imunológica que produz a doença. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Caráter agudo; Homens; Adultos jovens (20 a 40 anos); Formas múltiplas de apresenta- ção. OBS: essa doença não possui um histo- patológico específico – o diagnóstico é clínico. Pode ser classificada em quatro formas: EM menor: quando atinge 1 mu- cosa; EM maior: quando atinge mais de 1 mucosa; Síndrome de Stevens Johnson; Necrólise epidérmica tóxica. Na forma leve da doença, de- senvolvem-se ulcerações, que afetam primariamente a mucosa bucal. Na for- ma mais grave, podem ser observadas áreas de descamação difusas e ulcera- ção em toda a superfície da pele e mu- cosas. No geral, as lesões cutêneas tem aspecto de alvo ou íris (aspecto patog- nomônico). As lesões bucais iniciam-se como placas eritematosas que sofrem necrose epitelial e evoluem para grandes ero- sões rasas e ulcerações com bordas irregulares. É possível observar bolhas hemorrágicas. Os sinais prodrômicos incluem febre, mal-estar, cefaleia, tosse e dor de garganta ocorrendo aproximadamente uma semana antes do início da condi- ção. TRATAMENTO Corticoides sistêmicos ou tópi- cos; Betametasona injetável intra- muscular. Se uma droga é identificada ou suspeita como fator causal então ela deve ser descontinuada. ÚLCERA AFTOSA RECORRENTE É uma doença comum que afeta a mucosa oral com evidências que a associam a reações imunomediadas. Reação imu- nomediada por células T Ataque imu- nológico aos ceratinócitos Vesículas subepiteliais ou intraepi- teliais Lesões bo- lhosas e ul- cerações ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 A incidência familiar aumentam as chances de que a afecção está asso- ciada aos antígenos do sistema de his- tocompatibilidade. EPIDEMIOLOGIA (não se sabe o fator causal) 5 a 66% da população mundial; A incidência varia com as carac- terísticas sociais e populacionais; Doença típica da infância e ado- lescência. 20% da população mundial terá UAR antes da idade adulta; Menor recorrência e severidade com o aumento da idade; Grupos populacionais com res- ponsabilidades cobradas acima das expectativas: prelavência aumentada em 50%. Sem predileção por sexo. FATORES DE RISCO Alergias; Alterações hematológicas; Fatores genéticos; Alterações hormonais; Stress emocional; Hipersensibilidade alimentar. OBS: existe uma causa imunológica pri- mária e há uma alteração na barreira mucosa. Estudos revelaram que há um aumento de linfócitos CD8. Normalmen- te existem mais CD4 do que CD8 e, nes- se caso, o número de CD8 passa a ser maior. O aumento do número de CD8 causa a destruição da mucosa oral. A úlcera aftosa recorrente não acomente mucosa que é sustentada por isso (palato duro e gengiva). CLASSIFICAÇÃO Menores: menores que 10mm; Maiores: maiores que 10mm; Herpitiformes: múltiplas. MENORES Úlceras rasas de formato oval com halo eritematoso e pseu- domembrana superficial; Aparece subitamente e dura de 4 a 7 dias (não deixam cicatri- zes); Caráter recidivante; Muita dor. MAIORES Úlceras mais profundas que po- dem durar até 6 semanas. DD: herpes simples intrabucal, GEHA, herpes zoster, úlceras acidentais, erite- ma multiforme, pênfigo e penfigoide. TRATAMENTO Deve-se avaliar a severidade da úlcera, seus efeitos no paciente e a as- sociação com doenças sistêmicas (do- ença de Bahçet). As opções de tratamento são: Observação e acompanhamen- to; ESTOMATOLOGIAII – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Tratamento da doença sistêmi- ca; Paliativo (laser, corticoide local). LOCAL Acetato de triancinolona em o- rabase ou em solução aquosa para bochechps (0,1%). SISTÊMICO Prednisona; Talidomida; Levamisol. OBS: a talidomida é um ótimo medi- camento para o tratamento da her- pes, porém é difícil de conseguir au- torização para usá-lo. RECEITUÁRIO Uso oral Levamisol 150 mg 16 comprimidos Tomar 1 comprimido de 12 em 12 horas em dois dias seguidos da semana, du- rante 4 semanas. NEOPLASIAS DE GLÂNDULAS SALIVARES As glândulas salivares são com- postas por: Ácino; Célula mioepitelial: células que contraem e ajudam a liberar a secreção; Ducto intercalado: epitélio cu- boidal; Ducto estriado; Ducto excretor: epitélio pseudo- estratificado, epitélio estratifi- cado e células mucosas. Os ductos estriados modificam a secreção que passa por ele. O fluido tem conteúdo de proteína isotônico, sódio hipertônico e potássio hipotônico. Então, entra para o fluido potás- sio e bicarbonato e sai do fluido sódio e cloreto. O ducto não absorve água do meio intersticial. Os ductos excretores modificam a saliva, alterando a concentração ele- trolítica (adicionam glicoproteínas). TIPOS 1. Glândulas salivares menores; 2. Glândulas salivares maiores: pa- rótida, submandibular e sublin- gual. A gl. parótida (serosa) é localiza- da na região pré-auricular e é a maior glândula salivar. Possui dois lóbulos, um superficial e outro profundo e entre eles está o nervo facial. Seu ducto parte do músculo masseter, atravessa o buci- nador e desemboca próximo ao segun- do molar superior. A gl. submandibular está locali- zada na região submandibular, próximo do ramo da mandíbula. A gl. sublingual está localizada mais anterior (mistas). As glândulas menores estão lo- calizadas no palato duro, língua, lábio e mucosa jugal. Elas estão na região de submucosa. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 OBS: glândula serosa tem saliva mais fluida e rica em proteínas e glândula mucosa tem saliva mais espessa e rica em glicoproteínas. GLÂNDULA TIPOS DE ÁCINOS Parótida Serosa Submandibular Serosa e mucosa Sublingual Mucosa e serosa Palato Mucosa Língua Mucosa e serosa Lábio Mucosa Mucosa jugal Mucosa INCIDÊNCIA 1 a 6 casos a cada 100.000 habi- tantes. LOCALIZAÇÃO E MALIGNIDADE 64% parótida / 32%; 10% submandibular / 41%; 0,3% sublingual / 70%; 23% gls. menores / 49%. NEOPLASIAS BENIGNAS ADENOMA PLEOMÓRFICO “tumor misto benigno” O adenoma pleomórfico é a ne- oplasia de glândula salivar mais comum. Eles são originados de uma mistura de elementos ductais e mioepiteliais. As células em si não possuem atipias, mas elas vão se arranjar de vá- rias formas diferentes (pleomorfismo tecidual). ETIOLOGIA Alterações genéticas; Tabaco; Vírus (citomegalovírus, HPV); Radiação (radioterapia). ORIGEM Células epiteliais ductais; Células mioepiteliais. PREVALÊNCIA Ele representa cerva de 53% a 77% dos tumores de parótida, 44% a 68% dos tumores da gl. submandibular e 33% a 43% dos tumores de glândula salivar menor. OBS: as glândulas salivares palatais são as mais comuns de apresentarem o a- denoma pleomórfico (48%). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Adultos jovens e de meia idade (30 e 60 anos); Sexo feminino; Sítios mais comuns: parótida e palato. Independentemente do sítio de origem, o adenoma pleomórfico tipica- mente se apresenta como um aumento de volume firme, indolor e de cresci- mento lento. A lesão é bem delimitada, envol- vida por uma pseudocápsula e é reco- berta por pele íntegra. Por ele possuir essa pseudocápsula, ele é facilmente removido. OBS: o adenoma pleomórfico não infil- tra o nervo facial, então a dor e paralisia são raras. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Inicialmente o tumor é móvel (quando é pequeno) e com seu cresci- mento ele se torna mais fixo. Na boca pode aparecer como um nódulo sólido, assintomático, de crescimento lento e recoberto por mu- cosa íntegra. Normalmente começa seu crescimento de apenas um lado, mas com seu crescimento ele pode ultrapas- sar a linha média. OBS: o osso não é destruído. Pode haver transformação ma- ligna, passando a se chamar carcinoma ex-adenoma pleomórfico. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Outras neoplasias glandulares benignas; Neoplasias glandulares malignas; Neurofibroma; Neurolemoma; No assoalho bucal: rânula. A rânula tem crescimento rápi- do, é flutuante à palpação, ela aumenta e diminui de tamanho, é assintomática e possui coloração mais azulada. HISTOLÓGICO (nem todos os tumores apresentam todas essas características a seguir) O tumor é composto de uma mistura de epitélio glandular e células mioepiteliais permeados por um fundo semelhante ao mesênquima. Ilhas e cordões de células epite- liais ductais e mioepiteliais (po- dem ser ovoides ou fusiformes); Estruturas ductiformes (não há transpote de salivar). Pode ha- ver secreção de células tumo- rais no lúmen (tampão hialino); Áreas mixóides que podem es- tar em qualquer área do tumor. Entre as células há finas fibrilas que lembram um tecido conjun- tivo frouxo; Áreas hialinizadas que lembram um tecido conjuntivo fibroso; Áreas de células escamosas (me- taplasia escamosa) e pode ha- ver produção de ceratina; Áreas condroides (imitando car- tilagem); Células plasmocitóides (não produzem imunoglobulinas). OBS: as estruturas ductiformes são re- vestidas por duas a três camadas de células epiteliais. CONDUTA CLÍNICA – GLS. MAIORES 1. Exames imaginológicos (ultra- sonografia, RM ou TC); 2. Punção biópsia (cirurgião de ca- beça e pescoço); 3. Excisão cirúrgica ampla (retirada do lóbulo) – parotidectomia. OBS: a punção só diz se o tumor é be- nigno ou maligno e não qual é o tipo do tumor. Estão presen- tes em todos os tu- mores ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 CONDUTA CLÍNICA – GLS. MENORES 1. Biópsia incisional (pode ser exci- sional caso seja um tumor pe- queno); 2. Histopatológico; 3. Excisão cirúrgica conservadora. A recidiva é rara (5%), a taxa de cura é de 95%. ADENOMA CANALICULAR “adenoma monomórfico, adenoma de células basais” O adenoma canalicular é um tumor incomum que ocorre quase ex- clusivamente nas glândulas salivares menores. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Acontece mais em idosos (7ª década); Sexo feminino; Acomete mais o lábio superior (75% dos casos) e depois a mu- cosa jugal; Apresenta-se como um aumento de volume (nódulo) indolor de cresci- mento lento. Pode ser firme ou um pouco flutuante à palpação. A mucosa sobrejacente pode ter coloração normal ou azulada. OBS: pode ser confundido com mucoce- le, porém ela é rara em lábio superior. HISTOLÓGICO Pode ter um fragmento de mu- cosa que está sobre o nódulo e que foi retirado durante a biópsia. A lesão está mais profunda, na região de submuco- sa, abaixo da lâmina própria. O padrão microscópico do ade- noma canalicular é monomórfico. É ca- racterizado por cordões compostos por uma única camada de célulasepiteliais colunares altas ou cuboidais com nú- cleos basofílicos. Essas células circun- dam estruturas ductiformes. Tudo está sustentado por um te- cido conjuntivo que varia de frouxo a fibroso. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Remoção cirúrgica sem margem de segurança; Recidivas são raras. NEOPLASIAS MALIGNAS CARACTERÍS- TICAS CCE TUMORES MALIGNOS DE GLS. SALIVARES CRESCIMEN- TO Rápido Rápido ou lento SINTOMATO- LOGIA Assinto- mático Assinto- mático ou doloroso quando é mais inva- sivo METÁSTASES REGIONAIS Comum 9% a 15% METÁSTASES A DISTÂNCIA Pulmão Pulmão ARQUITETU- RA DO TECI- DO Invasão da lâmina própria Arranjo das células ATIPIAS CELU- LARES Comum Tipos mais agressivos ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 CARCINOMA MUCOEPIDERMOIDE O carcinoma mucoepidermoide é uma das neoplasias malignas de glân- dula salivar mais comum. Origina-se das células epiteliais. PREVALÊNCIA 9,6% dos casos de parótida; 9,1% dos casos de submandibu- lar; 21,5% dos casos de gls. salivares menores. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 2ª a 7ª década; Sexo feminino; Parótida e palato. Na parótida, observa-se um nó- dulo recoberto por pele íntegra. O au- mento de volume é assintomático, pos- sui crescimento lento ou rápido (de- pende da agressividade). Pode ocorrer dor ou paralisia facial. No lábio, o nódulo é bem delimi- tado e recoberto por mucosa íntegra, tem consistência firme, crescimento lento e pode ter coloração azulada. CONDUTA CLÍNICA – GLS. MAIORES 1. Exames imaginológicos (ultra- sonografia, RM ou TC); 2. Punção biópsia (cirurgião de ca- beça e pescoço); 3. Excisão cirúrgica ampla (retirada do lóbulo) – parotidectomia. CONDUTA CLÍNICA – GLS. MENORES 1. Biópsia incisional (pode ser exci- sional caso seja um tumor pe- queno); 2. Histopatológico; 3. Excisão cirúrgica conservadora. HISTOLÓGICO O carcinoma mucoepidermoide é composto de uma mistura de células mucosas e células escamosas (epider- moides). Existem também as células intermediárias (célula progenitora). As células mucosas são globosas com núcleo na periferia e contêm cito- plasma que se cora positivamente com colorações para mucina. Existem tam- bém alguns espaços císticos (quando as células mucosas se rompem e deixam muco extravasar). Os carcinomas mucoepidermoi- des têm sido classificados em três graus histopatológicos, com os seguintes cri- térios: Quantidade de formação cística; Grau de atipia celular; Número relativo de células mu- cosas, epidermoides e interme- diárias. BAIXO GRAU Maior formação cística; Maior quantidade de células mucosas; Menos atipias. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 ALTO GRAU Menor formação cística; Maior quantidade de células e- pidermoides; Mais atipias. GRAU INTERMEDIÁRIO Formações císticas; Maior quantidade de células in- termediárias; Atipias. TRATAMENTO 1. Cirurgia; 2. Radioterapia TAMANHO, GRADUAÇÃO HISTOLÓGICA E LOCALIZAÇÃO PROGNÓSTICO Baixo grau: 90% de sobrevida; Alto grau: 30% de sobrevida. CARCINOMA ADENÓIDE CÍSTICO “cilindroma” ORIGEM Células ductais; Células mioepiteliais. PREVALÊNCIA 2% dos casos de patórida; 11% dos casos de submandibu- lar; 8% dos casos de gls. salivares menores do palato. É mais agressivo que o carcino- ma mucoepidermoide, pois é infiltrati- vo. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Mulheres; 4ª a 6ª década de vida; O carcinoma adenoide cístico geralmente se apresenta como um au- mento de volume de crescimento lento. Tem consistência firme e não é tão bem delimitado. Os tumores de palato po- dem apresentar superfície lisa ou ulce- rada. Os tumores de parótida podem causar paralisia do nervo facial (ele tem afinidade por nervos). A dor é o achado clínico mais comum e mais importante e ocorre o- casionalmente na fase precoce da do- ença, mesmo sem uma tumefação de- tectável. Essa dor é contínua e pulsátil. OBS: o dentista pode desconfiar de uma odontalgia, quando a tumefação não está presente. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Quando está ulcerado devemos pensar em tumores malignos de gls. salivares, carcinoma de células escamo- sas e outras neoplasias malignas (sar- comas). LESÕES GRAN- DES/ALTO GRAU LESÕES PEQUE- NAS/BAIXO GRAU Excisão cirúrgica com ampla ressecção, remo- ção total de glândulas maiores + radioterapia Excisão cirúrgica com pequena margem de segurança + radiote- rapia ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Quando tem apenas o nódulo, deve-se pensar em tumores benignos e malignos de gls. salivares, em neoplasias de tecido nervoso. CONDUTA CLÍNICA – GLS. MAIORES 4. Exames imaginológicos (ultra- sonografia, RM ou TC); 5. Punção biópsia (cirurgião de ca- beça e pescoço); 6. Excisão cirúrgica ampla (retirada do lóbulo) – parotidectomia, normalmente total. CONDUTA CLÍNICA – GLS. MENORES 4. Biópsia incisional (pode ser exci- sional caso seja um tumor pe- queno); 5. Histopatológico; 6. Excisão cirúrgica conservadora. HISTOLÓGICO O carcinoma adenoide cístico é composto por uma mistura de células mioepiteliais e células ductais que po- dem apresentar um arranjo variado: 1. Padrão cribiforme; 2. Padrão tubular; 3. Padrão sólido. PADRÃO CRIBIFORME É o padrão mais clássico e é ca- racterizado pela presença de ilhas de células basalóides com múltiplos espa- ços císticos, lembrando um queijo suíço. Estes espaços geralmente con- têm material mucóide ou hialinizado. PADRÃO TUBULAR As células tumorais se arranjam como múltiplos pequenos ductos ou túbulos dentro de um estroma hialini- zado. O lúmen tubular pode ser deli- mitado por uma a diversas camadas de células (ductais ou mioepiteliais). PADRÃO SÓLIDO Consiste em grandes ilhas ou lençóis de células tumorais que de- monstram pouca tendência para a for- mação de ductos ou cistos. O pleomorfismo celular, a ativi- dade mitótica, bem como focos centrais de necrose no centro das ilhas tumo- rais, podem ser observados. TRATAMENTO Cirurgia e radioterapia. PROGNÓSTICO Recidivas tardias – sobrevida de 70% em 5 anos e 20% em 20 anos. METÁSTASES Tardiamente, por via hematogê- nica – pulmão, ossos e tecidos moles. NEOPLASIAS MESENQUIMAIS Neoplasias de tecidos que deri- vam do mesênquima. O mesênquima é um tecido embrionário que possui célu- las totipotentes (células-tronco) que MAIOR AGRESSI- VIDADE ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 podem se diferenciar em qualquer teci- do de origem mesenquimal: Tecido conjuntivo; Cartilagem; Lipídeos; Nervos; Vasos (sanguíneo ou linfático); Tecido ósseo. FIBROMA “fibroma de irritação, hiperplasia fibrosa focal” O fibroma é o tumor mais co- mum da cavidade oral. Porém, é questi- onado se, na maioria das vezes, ele re- presenta uma neoplasia verdadeira. Talvez ele possa representar uma hiper- plasia reacional ao trauma. OBS: é difícil dizer que na boca não há processo de irritação associado. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Pode ocorrer em qualquer lugar da boca, mas a localização maiscomum é a mucosa jugal, ao longo da linha de oclusão. A lesão se apresenta como um nódulo de superfície lisa e coloração rosada, similar à coloração da mucosa. A superfície pode se apresentar branca, por causa da hiperceratose. Geralmente possui base séssil e a lesão usualmente não produz sintomas, a menos que o- corram ulcerações traumáticas secun- dárias. HISTOLÓGICO Aumento do número de fibras colágenas e de fibroblastos. Pode ser observada a presença de infiltrado in- flamatório mononuclear. TRATAMENTO Excisão cirúrgica conservadora. A recidiva é extremamente rara. LIPOMA O lipoma é uma neoplasia be- nigna de tecido adiposo. É mais comum no tronco e por- ções proximais de extremidades e ape- nas 10% das lesões ocorrem em boca. Sua patogênese é incerta, mas parece ser mais comum em pacientes obesos. O metabolismo do lipoma é independente da gordura corpórea normal – não reduz de tamanho se o indivíduo não ingerir gordura. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Acomete entre a 3ª e a 7ª déca- da de vida e mais em homens. É uma lesão nodular, assintomá- tica, de crescimento lento, recoberta por mucosa íntegra, de consistência macia, superfície lisa e móvel. Pode ser séssil ou pediculado. Normalmente possui uma colo- ração mais amarelada e é possível ob- servar vasos superficiais dilatados. Mucosa jugal (80%); Assoalho; ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Lábio; Língua. O nódulo é encapsulado. A cáp- sula separa o tecido adiposo do tecido normal. É facilmente removido devido à cápsula. A incisão da biópsia (excisional) normalmente é linear, pois ao divulsio- nar os tecidos a lesão é facilmente re- movida. OBS: se está localizado mais profunda- mente, pode pedir uma ultrassonografi- a. DD: hiperplasia, tumores de glândulas salivares e outras neoplasias mesen- quimais. HISTOLÓGICO A biópsia normalmente inclui parte da mucosa normal (o tecido boia no formol, sua densidade é menor). Observa-se um revestimento de epitélio estratificado pavimentoso para- ceratinizado. A lâmina própria é com- posta por tecido conjuntivo fibroso ce- lularizado e vascularizado e, mais pro- fundamente, é possível observar a proli- feração de adipócitos maduros, delimi- tada por uma cápsula fibrosa. OBS: os adipócitos encontrados não se diferenciam dos adipócitos normais. São células globosas com cito- plasma em coloração negativa e núcleo picnótico, rechaçado para a periferia. Frequentemente elas são separadas em lóbulos por um feixe de um tecido con- juntivo fibroso. TRATAMENTO Os lipomas são tratados pela excisão local conservadora, sendo as recidivas raras. O prognóstico é excelen- te. LINFANGIOMA Os linfangiomas são tumores hamartomatosos benignos dos vasos linfáticos. É duvidoso que essas lesões sejam neoplasias verdadeiras. Acredita-se que elas podem re- presentar malformações congênitas originárias de tecido linfático que não se comunica normalmente com o resto do sistema linfático. OBS: os vasos drenam o líquido, mas ele não tem para onde ir, por isso há o au- mento de volume. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Possuem uma marcada predile- ção pela região de cabeça e pescoço (50 a 75% de todos os casos). Cerca de metade de todas as lesões é notada ao nascimento, e cerca de 90% se desenvolvem por volta dos 2 anos de idade. A tendência é ele crescer e depois regredir. Possui uma distribuição homem- mulher de 2:1. É mais comum no dorso da lín- gua (porção anterior) e é formado por várias vesículas translúcidas ou averme- ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 lhadas que podem ou não ser bem de- limitadas. Sua consistência é macia. OBS: superfície pedregosa e se asseme- lha a ovos de rã ou pudim de tapioca. É assintomático, mas pode tra- zer problemas de gustação, fonação e mastigação remoção cirúrgica. DD: normalmente a lesão é bem típica. Mas se não estiver, é necessário fazer diagnostico diferencial com hiperplasia e tumores de glândulas salivares. HIGROMA CÍSTICO O higroma cístico é um tipo de linfangioma, mas que ocorre na região cervical e atinge maiores tamanhos, pois apresentam vasos mais calibrosos. É uma lesão assintomática, bem delimitada e de consistência flácida. HISTOLÓGICO DOS LINFANGIOMAS Existem três tipos de linfangiomas: 1. Linfangioma simples (capilar): consiste em pequenos vasos, do tamanho de capilares; 2. Linfangioma cavernoso: compos- to de grandes vasos linfáticos di- latados; 3. Linfangioma cístico (higroma cís- tico): exibe grandes espaços cís- ticos macroscópicos - tratamen- to médico. Fragmento de mucosa revestido por epitélio estratificado pavimentoso paraceratinizado, com áreas de hiper- plasia e de epitélio atrófico. Logo abaixo do epitélio, na LP, há a proliferação dos vasos linfáticos dilatados, com líquido de coloração rósea (linfa). A LP é forma- da por tecido conjuntivo fibroso celula- rizado e vascularizado e o infiltrado in- flamatório mononuclear varia de escas- so, moderado a intenso. TRATAMENTO Excisão cirúrgica (dependendo do envolvimento de estruturas vitais); Não respondem a tratamentos esclerosantes como o hemangi- oma; Não é encapsulado, por isso é mais difícil de remover toda a le- são – recidiva comum; OK-432: utilizada em casos ino- peráveis – incubação de mistura liofilizada de cepas de baixa viru- lência de S. pyogenes com peni- cilina G potássica (a lesão dimi- nui de tamanho). Linfangiomas císticos são encap- sulados e a recorrência é pe- quena; O prognóstico é bom: morte em apenas de 2 a 6% dos casos. OBS: as células endoteliais dos vasos linfáticos são mais espaçadas, dessa forma, a substância esclerosante passa por esse espaço e não faz seu efeito dentro do vaso. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 HEMANGIOMA E MALFORMAÇÕES VAS- CULARES – LESÕES VASCULARES BENIG- NAS Os hemangiomas são considera- dos tumores benignos da infância que exibem uma rápida fase de crescimento com proliferação de células endoteliais, seguida de uma involução gradual. Por outro lado, as malformações vasculares são anomalias estruturais dos vasos sanguíneos sem proliferação endotelial. Por definição, as malforma- ções estão presentes ao nascimento e persistem ao longo da vida. TUMORES VASCULARES Hemangioma da infância: super- ficial, profundo, misto; Hemangiomas congênitos: não- involutivo ou rapidamente invo- lutivo; É questionado se os hemangio- nas não involutivos são neoplasias pro- priamente ditas. A lesão aparece na idade adulta como um nódulo azulado, de consistência macia e bem delimita- do. MALFORMAÇÕES VASCULARES Simples: malformação capilar, venosa, linfática ou arterioveno- as. É difícil diferenciar as lesões sem exames específicos, por isso normal- mente chamamos de lesões vasculares benignas. HEMANGIOMA DA INFÂNCIA “congênito involutivo” Os hemangiomas são os tumores da infância mais comuns, ocorrendo em 5% a 10% das crianças com 1 ano de idade. São muito mais comuns em mu- lheres do que em homens (3:1) - hor- mônios, e mais comum em leucoder- mas. A localização mais comum é a região de cabeça e pescoço (60%), sen- do 80% lesões isoladas. Tumores superficiaisde pele se apresentam como aumentos de volume de superfície bosselada, com coloração vermelha ou vinho. São firmes e borra- chosos à palpação, e o sangue não pode ser evacuado com aplicação de pressão. Tumores profundos podem ser mais azulados. É assintomático. Não é notado logo ao nascimen- to – nota-se uma mácula pálida, mas nas primeiras semanas de vida tem um crescimento rápido. OBS: se a coloração é mais azulada, normalmente tem mais vênulas. Se for mais vermelha, tem mais arteríolas. Após a recessão completa do tumor, a pele normal será reestabeleci- da em cerca de 50% dos pacientes. Al- guns apresentarão cicatrizes. As complicações mais comuns são a ulceração, infecção secundária e hemorragias. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 FASES - HISTOLÓGICO 1. Proliferação: mancha nó- dulo. Essa fase dura de 6 a 10 meses; 2. Involução; 3. Involuído. Proliferação de células endoteliais Capilares bem definidos Hemangiomas da infância são caracterizados por numerosas células endoteliais volumosas e por lúmens vasculares – hemangioma celular. Com a maturação dessa lesão, as células endoteliais toram-se achatadas, e os pequenos espaços vasculares capi- lares tornam-se mais evidentes - he- mangioma capilar. Quando existem vasos mais cali- brosos – hemangioma cavernoso. OBS: não faz biópsia nessas áreas. A conduta para diagnóstico é a diascopia ou vitroscopia: o nódulo fica planificado com a pressão do vidro e a lesão se torna mais isquêmica na região. Outra maneira é solicitar ao pa- ciente que abaixe a cabeça (aumento do fluxo sanguíneo – lesão aumenta de volume). Também pode ser feita uma punção com agulha fina de insulina e vai ser observada uma punção positiva para sangue. MALFORMAÇÕES VASCULARES Ao contrário dos hemangiomas, as malformações vasculares estão pre- sentes no nascimento e persistem ao longo da vida. Os vasos não têm limites definidos, existe uma alteração estrutu- ral. Clinicamente podem aparecer manchas e nódulos, mas não é sempre que aparece (manchas tipo vinho do porto). São mal delimitadas. CLASSIFICAÇÃO 1. Vaso envolvido: capilar, artéria ou veia; 2. Aspectos hemodinâmicos: fluxo baixo (venosa) ou elevado (arte- rial). Quando observamos uma área azulada, arroxeada, mal delimitada, difusa, deve-se pensar em malforma- ções vasculares. Os hemangiomas nor- malmente são bem delimitados, mas depende da profundidade. Deve saber da história, pois se a lesão cresceu junto com o paciente é mais provável que seja uma malforma- ção vascular (mas é o exame comple- mentar que garante). Da mesma forma, na diascopia observa-se uma área is- quêmica, mas ela é mais discreta quan- do comparada ao hemangioma. Existem alguns exames que po- dem ser feitos e que mostram exata- mente onde está a malformação. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 MALFORMAÇÕES VASCULARES INTRA- ÓSSEAS Nos ossos gnáticos, tais lesões são detectadas mais frequentemente durante as 3 primeiras décadas de vida. É mais frequente em mandíbula. A lesão pode ser assintomática, embora possa estar associada à dor e inchaço. Uma pulsação ou uma trepida- ção podem ser aparentes à ausculta e à palpação. A aparência radiográfica é variá- vel, mas comumente exibem áreas ra- diolúcidas multiloculares. DD: cistos e tumores odontogênicos. OBS: pode fazer punção aspirativa para observar se saíra líquido e, se sair, como é esse líquido. Se sair sangue pode ser lesão vascular ou cisto ósseo aneurismático – solicitar angiotomografia para diagnós- ticar corretamente. HISTOLÓGICO As malformações vasculares não exibem ativa proliferação das células endoteliais, e os canais vasculares lem- bram o vaso de origem. Vasos sem limites precisos, es- tão “embolados”. VARIZES LABIAIS Acomete mais pacientes idosos, pois as paredes dos vasos estão mais finas e delicadas e dilatam; Pacientes hipertensos; Pápula ou nódulo azulado, assin- tomática, base séssil e recoberto por mucosa íntegra. Tem consis- tência macia. Diagnóstico: diascopia / vitro- pressão, trepidação ou angiogra- fia (arteriografia). Se não gerar transtornos para o paciente, somente o acompa- nhamento pode ser feito; Se o paciente estiver traumati- zando, tem que fazer uma escle- roterapia. DIAGNÓSTICO DAS LESÕES VASCULARES Diascopia ou vitropressão: ao pressionar a lâmina de vidro so- bre a lesão ela planifica e sofre isquemia; Abaixar a cabeça por alguns mi- nutos: o fluxo sanguíneo aumen- ta na região da cabeça e a lesão também aumenta. Lesão intraóssea – na inspeção é observada uma trepidação (pal- pável e difusa); Exames angiografia ou arterio- grafia; Doppler colorido. Quando os vasos não estão bem delimitados, normalmente é uma lesão vascular. TRATAMENTO DAS LESÕES VASCULARES Substância esclerosante – atua na parede do vaso sanguíneo, induz um processo inflamatório e posteriormente ocorre a fibrose dos vasos (fechamento dos vasos). ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 O álcool 70 pode ser utilizado, mas não é tão indicado. OLEATO DE ETANOLAMINA Ethamolin; Apresentação: caixa com 6 am- polas de 2 mL– numa concen- tração de 5% Usamos o medicamento na mai- oria das vezes em uma concen- tração de 1,25%. COMO USAR Usa 1,25% ou a 2,5%. 1,25%: dilui uma parte de etha- molin em quatro partes de água destilada ou anestésico; 2,5%: dilui um pra um; Posologia: 1 aplicação a cada 15 ou 21 dias – 3 aplicações na le- são em cada sessão; A aplicação deve ser feita no centro da lesão ou perilesional. Estudos demonstraram que não há diferença entre as concentrações de 1,25% e 2,5%. Então, é melhor usar a menor concentração para evitar anafila- xia, problemas renais relacionados a metabolização do medicamento, ardên- cia e edema. OBS: aplicar até observar uma isquemia na área. Existe a forma de ethamolin em espuma, na qual ar é injetado na solu- ção. Porém, dessa forma também po- dem ocorrer maiores efeitos colaterais e mais edema. Na língua pode causar dificuldade de respiração e necessidade de entubação. Para diminuir o risco é necessário aplicar pequenas quantida- des. OUTROS TRATAMENTOS Corticoterapia sistêmica: em cri- anças usa-se 5mg/Kg/dia, sob um controle médico devido às complicações dos corticoides. Corticoide intralesional; Laser de luz pulsátil: muito utili- zado nos casos de manchas tipo vinho do porto, aplicado por dermatologistas; Embolização guiada por radiogra- fia e cirurgia: feito pelo médico angiologista em hospital – apli- cação de partículas de látex no vaso de maior calibre, guiado pelo uso de radiografias, o vaso fica obstruído. Pode ser feita a cirurgia sem hemorragias gra- ves. SÍNDROME DE STURGE-WEBER “angiomatose de Sturge-Weber, angio- matose encefalotrigeminal” É uma condição de desenvolvi- mento rara, não hereditária. Caracteri- za-se por uma proliferação vascular hamartomatosa, que envolve os tecidos da face e cérebro. Acredita-se que seja causada pela persistência de um plexo vascular ao redor da porção cefálica do tubo neural. Esse plexo se desenvolve duran- te a sexta semana de vida intrauterina,ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 mas normalmente entra em regressão durante a nona semana. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Os pacientes nascem com mal- formações vasculares capilares da face, conhecidas como manchas vinho do porto ou nevo flâmeo. Essa mancha normalmente é unilatral e acompanha os ramos do nervo trigêmeo. Essa mancha pode estar locali- zada dentro da boca. Nesses casos, de- ve-se tomar cuidado com sangramen- tos. Edema pode acompanhar a mancha e pode comprimir as vias aé- reas. OBS: malformações vasculares na face e no córtex cerebral. Nem todos os pacientes com mancha vinho do porto têm a síndrome. Para ser caracterizado como síndrome, o paciente deve apresentar outras alte- rações, como: Angiomatose meníngea: convul- sões, retardo mental e hemiple- gia contralateral; Envolvimento ocular: glaucoma, malformações vasculares na conjuntiva, esclera e retina. Estudos de imagem do cérebro podem revelar a presença de calcifica- ções giriformes em “linhas de trem” no lado afetado. TRATAMENTO A aparência da mancha pode ser melhorada com aplicação de la- ser de luz pulsátil (dermatologis- ta); O tratamento depende da seve- ridade; Pode ser necessária a remoção das angiomatoses meníngeas a- través de neurocirurgia. OSTEOMA Os osteomas são tumores be- nignos em que há formação de tecido ósseo, compacto ou esponjoso. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS São essencialmente restritos ao esqueleto craniofacial e raramente são diagnosticados em outro osso – mandí- bula, côndilo e seios paranasais. Acomete mais os adultos jovens e normalmente são lesões únicas, assin- tomáticas e de crescimento lento. Seu crescimento pode ser peri- osteal (a partir das corticais) ou endos- teal (a partir do endósteo). DD: tórus mandibular ou palatino, exos- toses, quando é periosteal. Odontoma complexo, displasia cemento-óssea fo- cal e fibroma cemento-ossificante cen- tral, quando é endosteal. Osteomas periosteais aparecem como um nódulo de consistência endu- recida, pétrea. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 Osteomas endosteais são assin- tomáticos, mas grandes lesões causam um aumento lento e progressivo da área afetada. HISTOLÓGICO Não é possível diferenciar o os- teoma do tecido ósseo normal. TRATAMENTO Se não está incomodando o pa- ciente, pode ser feito apenas o acompanhamento. Se houver queixas, pode ser fei- ta a excisão cirúrgica. Não há transformação maligna. A recorrência é rara. SÍNDROME DE GARDNER É uma síndrome rara, autossô- mica dominante (cromossomo 5). Pacientes que possuem essa síndrome apresentam múltiplos osteo- mas, pólipos no cólon e reto, cistos epi- dermóides cutâneos e fibromas. Os pólipos intestinais são cance- rizáveis e frequentemente sofrem trans- formação maligna – acompanhar muito bem o paciente. Os pacientes também podem apresentar alterações dentárias, quanto na localização e posição dos dentes. HISTOPATOLÓGICO Os ostemomas presentes na síndrome são geralmente do tipo com- pacto. TRATAMENTO Colectomia profilática; Remoção dos osteomas e cistos epidermoides por estética; O prognóstico depende do apa- recimento dos adenocarcino- mas. NEUROFIBROMA É uma lesão rara, mas é a lesão de nervos periféricos mais comum. Origina-se das células de Sch- wann e de fibroblastos perineurais. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A lesão pode ser solitária ou múltipla (neurofibromatose). Os tumores solitários são mais comuns em adultos jovens e se apre- sentam como lesões indolores, amole- cidas e de crescimento lento. A pele é a localização mais fre- quente para os neurofibromas, mas as lesões na cavidade oral não são inco- muns (língua e mucosa jugal). Apresenta-se como um nódulo de consistência macia, bem delimitado, de cor da mucosa ou mais amarelado. DD: neoplasias mesenquimais benignas, hiperplasias ou tumores de glândulas salivares. HISTOLÓGICO Tecido conjuntivo fibroso com proliferação de células fusiformes com núcleo ondulado. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 TRATAMENTO Excisão cirúrgica local; Recidiva rara; Acompanhar o paciente, pois podem surgir outros neurofi- bromas e na verdade ser um ca- so de neurofibromatose. NEUROFIBROMATOSE “doença de Von Recklinghausen” A neurofibromatose é uma con- dição hereditária, autossômica domi- nante. Ao menos oito formas são co- nhecidas, mas a mais comum é a neuro- fibromatose tipo I. Essa condição surge durante a puberdade e seu desenvolvimento se dá na vida adulta e pode ser acelerado durante a gravidez. Pacientes com esse tipo de neu- rofibromatose podem apresentar neu- rofibromas múltiplos em qualquer regi- ão do corpo. As manifestações bucais estão entre 72 a 92% dos casos. As lesões podem variar de pe- quenas pápulas até grandes nódulos amolecidos. Presença de manchas café com leite – bordas mais retas; Alterações na íris – nódulos de Lisch; Sardas axilares (sinal de Crowe). Os critérios de diagnóstico são preenchidos se o paciente apresenta duas ou mais das seguintes característi- cas: presença de dois ou mais neurofi- bromas, múltiplas manchas café com leite e maiores que 5mm, sardas axila- res, nódulos de Lisch, etc. Algumas outras manifestações bucais podem aparecer: Neurofibromas intrabucais: lín- gua; Aumento do forame mandibular; Aumento das papilas fungifor- mês; Aumento da densidade óssea; Ramificação do canal mandibu- lar; Aumento da chanfradura coro- noide. OUTRAS POSSÍVEIS ANOMALIDADES Tumores do SNC; Macrocefalia; Deficiência mental; Tonteira e baixa estatura; Escoliose. TRATAMENTO Não existe tratamento específi- co; É direcionado para a prevenção das complicações; Remoção das lesões faciais (es- tética); Transformação maligna: tumor maligno da bainha de nervo pe- riférico – taxa de sobrevida de 15% em 5 anos. ESTOMATOLOGIA II – PUC MINAS 2018 Michele Carvalho 99654-2337 NEURILEMOMA “Schwanoma” O neurilemoma é uma neoplasia benigna neural com origem nas células de Schwann. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Normalmente acontece na regi- ão de cabeça e pescoço; Jovens e adultos de meia idade; Língua é o local mais comum. É um tumor de crescimento len- to e encapsulado que surge em associa- ção com um tronco nervoso. O aumento de volume é assin- tomático, bem delimitado, consistência macia, coloração da mucosa. OBS: clinicamente não é possível dife- renciar o neurilemoma do neurofibro- ma. HISTOLÓGICO É um tumor encapsulado que demonstra dois padrões microscópicos em quantidades variáveis: antoni A e antoni B. O padrão antoni A é caracteriza- do por fascículos paralelos de células de Schwann fusiformes. Essas células for- mam um arranjo em paliçada ao redor de uma área acelular eosinofílica cen- tral, conhecida como corpos de Verocay. O padrão antoni B é menos celu- lar e menos organizado, e as células fusiformes são arranjadas aleatoriamen- te dentro de um estroma frouxo. TRATAMENTO Excisão cirúrgica; Recidiva rara. NEOPLASIAS MESENQUIMAIS MALIGNAS A maioria das neoplasias me- senquimais malignas têm o sufixo sar- coma.
Compartilhar