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Aulas Laboratoriais de Bioquímica Clínica 2017/2018 Júlia Leão Doseamento da Glicose • Técnica enzimática: glicose-oxidase – da especificidade à técnica. • Amostras: plasma ou soro. Método da Glicose-oxidase: GLICOSE + 𝑂2 ÁCIDO GLUCURÓNICO + 𝐻2𝑂2 2 𝐻2𝑂2 + AMINO-4-ANTIPIRINA + FENOL 4 𝐻2𝑂 + QUINONEIMINA GLICOSE-OXIDASE PEROXIDASE composto corado A intensidade da coloração medida espectrofotometricamente a 505nm é proporcional à quantidade de glicose presente na amostra. TÉCNICA Comprimento de onda, tamanho da cuvete, temperatura e branco. Usar sempre o Semi Micro e pipetar direto para os microtubos. Amostra 1 (A) Controle (C) Padrão (P) BrancoAmostra 2 (B) • Adicionar 10µ𝑳 da amostra (soros A, B, C e P); • 1000µ𝑳 do Reagente 1. • Adicionar 1000µ𝑳 do Reagente 1. • Vortexar; • 25min de repouso até atingir a T ambiente; • Ler absorvância. Descartar os microtubos no lixo vermelho; No lixo verde descartar os testes, luvas, papel, pontas. Espectrofotômetro Duplo Feixe, isto significa que uma cuvete com o branco ficará sempre dentro do espectrofotômetro. Primeiro fazer o ’’zero’’ com o reagente branco previamente preparado. 1 2 Deixar a cuvete mais afastada dentro do espectrofotômetro com o reagente branco. Prosseguir análise na outra cuvete com os reagentes A, B, C e P. No espectrofotômetro: • Clicar na opção FIXED; • Alterar o comprimento de onda para 500nm; • Fazer o branco; • Para as amostras clicar em RUN. Cálculos Exemplo: ABS A 0,312 B 0,300 C 0,300 P 0,319 𝐴𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐴𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 x [padrão] = [amostra] mg/dL A= 0,312 0,319 x 100 = 97,80 mg/dL C= 0,300 0,319 x 100 = 94,04 mg/dL B= 0,300 0,319 x 100 = 94,04 mg/dL Valores de Referência: 4,2-6,4 mmol/L 75-115mg/dL Pesquisa de Glicosúria • O aparecimento de glicosúria está dependente dos valores de glicemia ultrapassarem o ‘‘limiar renal’’ para excreção da glicose; • O limiar renal aumenta com a idade. Idosos diabéticos podem não ter glicosúria. • Eventualmente, pode haver glicose sérica elevada e não haver glicosúria, por isso, não poderia ser um critério na monitorização da glicosúria. 180mg/dL ou 10mmol/L Glicosúria renal – glicose sérica normal, problema na reabsorção da glicose no túbulo proximal. 1- Submerja completamente as áreas de reagente das tiras na urina. Remover imediatamente para evitar a dissolução dos reagentes. 2- Remover o excesso de urina. 3- Deixar em cima do próprio frasco da urina mas se possível bater a tira de urina lateralmente em papel absorvente. 4- Ler os resultados após 1 minuto. Leucócitos – 2 minutos. Teste de Gravidez • Amostra: urina – de preferência a primeira da manhã, há maior concentração de hCG. • A hormona hCG é secretada pelas células trofoblásticas, de origem placentária. O rápido aumento da hCG no soro e na urina nos dias seguintes à fertilização faz com que seja um marcador fiável de gravidez. • Fundamento do teste: teste imunocromatográfico em ‘‘sandwich’’ utilizando anticorpos anti-hCG. Falsos negativos: • Níveis não detectáveis de hCG, realização do teste antes de 8 dias após a fecundação. Falsos positivos: • Doença trofoblástica e alguns tipos de tumores. Técnica • Deixar o teste em local plano; • Adicionar 3 gotas de urina no local marcado; • Ler após 3-4 minutos. • Mergulhar a tira verticalmente na urina até a marcação por pelo menos 10-15 segundos; • Colocar a tira em uma superfície plana não absorvente; • Ler o resultado após 3-4 minutos. Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes Teste de Rastreio Teste imunológico: • Usam-se tiras revestidas com anticorpo anti-Hb humana; • Sem interferências da dieta, mais especificidade; • Só detecta a fração globina da Hb humana, não havendo o risco de falsos positivos com alimentos, como a carne. • Sangue proveniente de hemorragias do trato digestivo alto não é detectado com esta técnica – usar método da Resina de Guaiaco. • Detecta apenas sangue vindo do intestino grosso, sendo mais útil para o rastreio de câncer de cólon e reto. Doseamento da Ureia produto da degradação final do metabolismo das proteínas • Amostra: soro, plasma ou urina. • Fundamento: Método de Berthelot. UREA + 𝑯𝟐O 𝑵𝑯𝟑 + 𝑪𝑶𝟐 UREASE Os íons de amônio formados vão reagir com salicilato e o hipoclorito do reagente e vão formar o 2-2-dicarboxilindofenol. Valores esperados no soro: 15-45mg/dL Obs.: as crianças têm valores de referência próprios. Os valores de ureia sofrem variações com dietas ricas em proteínas. Analisar os resultados da ureia em conjunto com outros dados. Técnica Comprimento de onda, tamanho da cuvete, temperatura e branco. Primeira parte, pipetar em microtubos. Depois de incubar, adicionar reagente 2 aos mesmos microtubos. 1 2 Padrão BrancoAmostra 1 • 10µL do Padrão; • 1000µL do Reagente 1. • 10µL da Amostra; • 1000µL do Reagente 1. • 1000µL do Reagente 1. • Vortexar; • Incubar por pelo menos 5 minutos; 2 Padrão BrancoAmostra • Adicionar 200µL Hipoclorito de Sódio – Reagente 2 – em todos os tubos. • Vortexar; • Incubar por 10 minutos; • Ler absorvância. Cálculos ABS A 0,330 B 0,333 C 0,326 P 0,455 Branco 0,000 Exemplo: 𝐴𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐴𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 x [padrão] = [amostra] mg/dL A= 0,330 0,455 x 50 = 36,26 mg/dL C= 0,326 0,455 x 50 = 35,82 mg/dL B= 0,333 0,455 x 50 = 36,59 mg/dL Valores esperados no soro: 15-45mg/dL Doseamento da Creatinina • Amostra: soro, plasma ou urina. • Está aumentada na insuficiência renal. Creatinina • É sintetizada no rim e no fígado e armazenada no músculo sob a forma de creatina fosfato, composto utilizado na contração muscular. • Parte da creatinina livre no músculo é convertida na forma anidra- creatinina. • A quantidade de creatinina formada é em função da massa muscular. • É eliminada por filtração glomerular. Teste de avaliação da função renal. Reação de Jaffé Mede-se em modo cinético dois pontos o complexo vermelho- alaranjado formado por reação da creatinina com o ácido pírico em meio alcalino. O aumento da densidade óptica medida a 492nm é proporcional a concentração de creatinina. A reação é inespecífica, por isso o ‘‘lag time’’ de 20-30 segundos possibilita remoção de algumas interferências. • Ácido ascórbico; • Cetonas; • Acetoacetato; • Piruvato; • Cefalosporinas. Creatinina • A creatinina depende da capacidade de eliminação dos rins e da massa muscular. Creatinina diminui: • Hemodiluição; • Desnutrição; • Miopatia; • Distrofia muscular. Creatinina aumenta: • Insuficiência renal; • Leucemia, gota, pré-eclâmpsia; • Hipertireoidismo; • Exercício físico violento. Técnica Comprimento de onda, tamanho da cuvete, temperatura e branco. Pipetar direto na cuvete. Para eliminar os interferentes. Diluição da Urina: 50x Volume final desejado x 1 50 = volume de urina a ser pipetado Exemplo: 1000µL x 1 50 = 20µL de urina PADRÃO AMOSTRA • 1000µL do Reagente de Trabalho; • 100µL da Solução Padrão. • 1000µL do Reagente de Trabalho; • 100µL da Amostra. • Tampar a cuvete com parafilme – só colocar por cima – e inverter para homogeneizar; • Depois de 30 segundos ler a absorvância (A1) do padrão, da amostra e da urina. • Exatamente 2 minutos depois ler a absorvância (A2) do padrão, da amostra e da urina novamente. URINA • 1000µL do Reagente de Trabalho; • 100µL da Urina previamente diluída. Cálculos Soro ABS 𝑇0 0,833 𝑇2 0,870 Padrão ABS 𝑇0 0,736 𝑇2 0,802 Soro 𝑇2 − 𝑇0 = ΔA amostra 0,843 – 0,798 = 0,037 Padrão 𝑇2 − 𝑇0 = ΔA padrão 0,802 – 0,736 = 0,066 S=0,037 0,066 x 1,9 = 1,06 mg/dL Urina ABS 𝑇0 0,781 𝑇2 0,833 Urina 𝑇2 − 𝑇0 = ΔA padrão 0,833 – 0,781 = 0,052 U= 0,052 0,066 x 1,9 = 1,49 mg/dL 1,49 x 50 (fator de diluição) = 74,84 mg/dL Clearance Creatinina = 𝟕𝟒,𝟖𝟒 𝟏,𝟎𝟔 𝒙 𝟏,𝟎𝟒 = 73,43 mL/min 1500mL urina 1440’ x 1’ X = 1,04mL urina/min Valores esperados: Homens: 75-130mL/min Mulheres: 65-120mL/min Análise Microscópica do Sedimento Urinário Urina tipo II • Amostra da primeira urina da manhã – mais concentrada. • Desprezar o primeiro jato – saem muitas células epiteliais do trato urinário inferior, ou células descamadas. O sedimento prepara-se por centrifugação de 10mL de urina – 1600-1800 rpm. Decantar 9mL e ressuspender 1mL no final. Exame Físico-Químico Aspecto: • Límpida – quando se vê perfeitamente o fundo do frasco; • Turva – uratos, fosfatos, leucócitos, células epiteliais, muco, bactérias, cristais. Cor: • Amarela; • Verde – infecção por Pseudomonas, corantes; • Castanha – pigmentos biliares, contaminada com fezes; • Preta – melanoma, alcaptonúria, alfa-metildopa; • Vermelha – hematúria, rifampicina. Exame Físico-Químico com tiras reativas Densidade: normal de 1,014 – 1,025 • Cetoacidose e níveis de proteína > 100mg/dL podem elevar o resultado. pH: mais frequente ácido a neutro • Dietas ricas em proteínas – pH ácido; • Infecção por Proteus – pH básico; • pH básico não tem cristais de ácido úrico. Proteínas: albumina • Permeabilidade glomerular alterada; • Albumina de origem renal – glomerulonefrites, síndrome nefrótico, tuberculose renal, neoplasias renais. • As tiras reativas não detectam paraproteínas; • Urina muito alcalina interfere na pesquisa de proteinúria. Exame Físico-Químico com tiras reativas Glicose: • Diabetes - hiperglicemia, glicose ultrapassa limiar renal. • Glicosúria renal – normoglicemia, há um problema na reabsorção da glicose no túbulo proximal; • Litíase renal, glomerulonefrites, tumores renais, estados febris, lúpus; Corpos cetônicos: • Dietas com muita proteína – glicemia normal; • Jejum prolongado – glicemia normal, sem HC há produção de corpos cetônicos; • Febre; • Cetoacidose diabética – hiperglicemia. Leucócitos: • Infecções urinárias, pielonefrites, glomerulonefrites agudas, tuberculose renal. Exame Físico-Químico com tiras reativas Urobilinogénio e Bilirrubina: • Avaliam a função hepática e o metabolismo da bilirrubina. Nitritos: • Indicador de infecção urinária se leucócitos também forem positivos, se leucócitos forem negativos houve contaminação na amostra; • Indicador de bacteriúria. Sangue: • Hematúria – eritrócitos na urina não hemolisados. Cálculo renal. Mais de 5 eritrócitos por campo; • Hemoglobinúria – eritrócitos na urina hemolisados. Anemia hemolítica, fármacos. Análise Microscópica do Sedimento Urinário Contagem do número de elementos por campo na objetiva de 40x. Observam-se: • Eritrócitos; • Leucócitos; • Células epiteliais do trato urinário inferior, ou células desscamadas – sem significado clínico; • Células epiteliais do trato urinário superior, ‘‘small round cells’’ – tem significado clínico; • Cilindros; • Cristais. Cristais Cristais de Ácido Úrico: • Urinas ácidas; • Pedras nos rins, nefropatia. Cristais Oxalato de Cálcio • Alimentos ricos em ácido oxálico; • Intoxicação por produtos químicos e ácido ascórbico; • Urina normal ou ácida; • Pedra nos rins. Cristais de Fosfato Triplo de Amónio e Magnésio • Cálculos renais; • ‘‘Tampa de caixão’’; • Urina neutra ou alcalina. Leveduras Deve-se apenas informar a presença. Fosfatase Alcalina • Amostra: soro ou plasma heparinizado; Método colorimétrico: p-aminofenilfosfato + 𝐻2O fosfato + p-nitrofenol Fosfatase Alcalina: • Responsável pela hidrólise de ésteres fosfóricos; • Remoção de grupo fosfato na presença de Zn e Mg; • Ligada a membrana; • Em maior concentração no fígado (ALP1), epitélio do trato biliar e osso (ALP2); ALP Fosfatase Alcalina Maior atividade hepática: • Obstrução biliar, colestase intra ou extra-hepática, tumores hepáticos, hepatites, drogas hepatotóxicas; Maior atividade óssea: • Maior atividade osteoblástica, crescimento normal ósseo, consolidação de fraturas, Doença de Paget, Osteomalácia, Raquitismo, deficiência em Vitamina D, hiperparatiroidismo, metástases ósseas, osteosarcoma. Menor atividade da ALP: • Deficiência em Zn, hipofosfatasia, hipofosfatemia, hipofosfatúria hereditária, desnutrição, doença Celíaca. Pipetar direto na cuvete: • 20µL da amostra; • 1000µL do reagente de trabalho. • Tampar com parafilme e inverter para homogeneizar a solução; • Ler absorvância inicial e ligar o cronometro; • Ler absorvância depois de 1, 2 e 3 minutos • Fazer o branco contra o ar. 1 2 3 Amostra e Controle Amostra ABS 𝑇0 0,459 𝑇1 0,488 𝑇2 0,512 𝑇3 0,542 Exemplo: Controle ABS 𝑇0 0,738 𝑇1 0,761 𝑇2 0,785 𝑇3 0,811 AMOSTRA: 𝑇1 − 𝑇0 = ΔA amostra 0,488 – 0,459 = 0,029 𝑇2 − 𝑇1 = ΔA amostra 0,512 – 0,488 = 0,024 𝑇3 − 𝑇2 = ΔA amostra 0,542 – 0,512 = 0,030 Média ΔA amostra = 0,028 PADRÃO: 𝑇1 − 𝑇0 = ΔA amostra 0,761 – 0,738 = 0,023 𝑇2 − 𝑇1 = ΔA amostra 0,785 – 0,761 = 0,024 𝑇3 − 𝑇2 = ΔA amostra 0,811 – 0,785 = 0,026 Média ΔA amostra = 0,024 U/L = 2760 x ΔA 405nm/min 2760 x 0,028 = 77,28 U/L U/L = 2760 x ΔA 405nm/min 2760 x 0,024 = 66,24 U/L Valores de referencia a 30°C: Homem/mulher 73-207 U/L Eletroforese de Proteínas
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