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TÍTULO I Dos Crimes Contra a Pessoa CAP. 01 – DOS CRIMES CONTRA A VIDA Prof.º Edigardo Neto DOS CRIMES CONTRA A VIDA DOS CRIMES CONTRA A VIDA HOMICÍDIO Bem jurídico – Vida da pessoa Extrauterina – Crime por excelência Espécies Simples (caput); Privilegiado – causa especial de redução da pena (obrigatória) - §1º; Relevante valor social – coletivo Relevante valor moral – particular Domínio de violenta emoção – se influência = atenuante Qualificado - §2º, I ao VII; Feminicídio - §2º - A; Culposo - §3º; Majorado - §4º, primeira parte; Doloso Majorado - §4º, segunda parte e Perdão Judicial - §5º; Milícia Privada ou Grupo de Extermínio - §6º; Majorante do Feminicídio - §7º. Exame de corpo de delito Art. 158 e 167, CPP – infrações que deixam vestígios – indispensável. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Simples – Caput. Comum. OBS.: O genocídio tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, não atraindo a competência do Júri. Mas o STF, no RE 351.487/RR, sublinhou que havendo concurso formal com homicídio doloso a competência é do Júri Fed. Irmãos Xifópagos? Início da vida? Parto. Início do parto? Dilatação do útero. Elemento subjetivo – dolo. Consumação e Tentativa – crime material. 4 DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Privilegiado - §1º. Relevante valor social – Coletividade. Relevante valor moral – interesses particulares. Sob o domínio de violenta emoção – intenso choque emocional. (reação imediata). Circunstâncias incomunicáveis (Art. 30). 5 DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio qualificado (int. analógica) § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (diz respeito ao executor); II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum (objetivas); IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (objetivas); V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime (conexão): Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Qualificado - §2º. Paga = valor ou vantagem recebida antecipadamente; Promessa de recompensa = pagamento futuro; Motivo torpe (fórmula casuística) = repugnante, nojo ou sensação de repulsa; A vingança e o ciúme não fundamentam – (caso concreto). Motivo fútil = insignificante, desproporcional; Veneno; Fogo = meio extremamente cruel; Explosivo = perigo a um número indeterminado de pessoas; Asfixia = supressão da respiração; Tortura = meio cruel de matar, não é fim em si mesma (Lei nº. 9.455/97); Insidioso = sem conhecimento da vítima; Cruel = sofrimento excessivo e desnecessário; DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (diz respeito ao executor); II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Perigo comum = atinge um número indeterminado de pessoas; Traição = enganar, ser infiel; Emboscada = espécie de traição onde o agente se coloca escondido, tocaia; Dissimular (fórmula casuística) = ocultar a intenção homicida; Para assegurar outro crime = conexão; Dolo eventual X qualificadoras = é incompatível com a qualificadora do inciso IV; Competência do Júri DOS CRIMES CONTRA A VIDA Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Feminicídio significa a perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificado como um crime hediondo no Brasil. O feminicídio se configura quando é comprovada as causas do assassinato, devendo ser este exclusivamente por questões de gênero, ou seja, quando uma mulher é morta simplesmente por ser mulher. Alguns estudiosos do tema alegam que o termo feminicídio se originou a partir da expressão "generocídio", que significa o assassinato massivo de um determinado tipo de gênero sexual. Agressões físicas e psicológicas, como abuso ou assédio sexual, estupro, escravidão sexual, tortura, mutilação genital, negação de alimentos e maternidade, espancamentos, entre outras formas de violência que gerem a morte da mulher, podem configurar o feminicídio. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) O feminicídio pode ser classificado em três situações: Feminicídio íntimo: quando há uma relação de afeto ou de parentesco entre a vítima e o agressor; Feminicídio não íntimo: quando não há uma relação de afeto ou de parentesco entre a vítima e o agressor, mas o crime é caracterizado por haver violência ou abuso sexual; Feminicídio por conexão: quando uma mulher, na tentativa de intervir, é morta por um homem que desejava assassinar outra mulher; De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nos últimos anos pelo menos 50 mil mulheres foram mortas no Brasil, sendo os assassinatos enquadrados como feminicídio. O estudo ainda aponta que 15 mulheres são assassinadas por dia no país, devido a violência por gênero. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos.Aumento de pena § 4o No homicídio culposo (MAJORADO), a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso (MAJORADO) o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Culposo §3º - Modalidades: Imprudência; Negligência; Imperícia. Culposo MAJORADO - §4º. Inobservância das regras técnicas = deixa de empregá-las; Negação do socorro = maior juízo de reprovação Doloso MAJORADO - §4º. Vítima menor de 14 anos; Vítima maior de 60 anos. Perdão judicial - §5º. Direito subjetivo do acusado Faculdade do Juiz CTB (Art. 302 e 303) falta na lei = aplicação majoritária DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Qualificado – Privilegiado = possibilidade, desde que as qualificadoras sejam de natureza objetiva. Qualificado – privilegiado = Hediondo? Militar matando um civil? Justiça comum Transmissão dolosa do HIV ? Homicídio Praticado contra mulher grávida ? Concurso com aborto DOS CRIMES CONTRA A VIDA Aumento de pena § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio (MILICIA PRIVADA). (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) Antes – a atividade típica de grupo de extermínio servia para agravar a pena-base, quando simples, como hediondo. Agora – É cause de aumento, dependendo de reconhecimento pelos jurados. Milícia – Grupo de pessoas armado com finalidade de devolver a segurança retirada, restaurando a paz, mediante coação, ignorando o monopólio do Estado, valendo-se de violência ou grave ameaça. Grupo de extermínio – Justiceiros que atuam na ausência do poder público realizando chacina de pessoas supostamente perigosas. Nº mínimo? Falta de técnica legislativa. Utilização do que determina o Quadrilha ou Bando – Art. 288, CP. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Aumento de pena § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) A lei acrescentou ainda o § 7º ao art. 121 do CP estabelecendo causas de aumento de pena para o crime de feminicídio. De acordo com o Instituto Avante Brasil (www.institutoavantebrasil.com.br) uma mulher morre a cada hora no Brasil. Quase metade desses homicídios são dolosos praticados em violência doméstica ou familiar através do uso de armas de fogo. 34% são por instrumentos perfuro-cortantes (facas, por exemplo), 7% por asfixia decorrente de estrangulamento, representando os meios mais comuns nesse tipo ocorrência. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. Suicídio – Eliminação voluntária e direta da própria vida. Participação moral Induzir Instigar Participação material Prática de algum ato de execução ? Elemento subjetivo do tipo – dolo Consumação e tentativa – crime material Causas de aumento de pena Motivo egoístico – satisfazer interesses pessoais do agente. Vítima menor – menos de 18 anos. Tem diminuída a capacidade de resistência. Roleta russa / Pacto de morte. Testemunhas de Jeová. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Elementos: Estado puerperal – “é o estado que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno. Há profundas alterações psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe, deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo” Guilherme Nucci; O próprio filho da parturiente; Durante o parto ou logo após. Prova pericial – desnecessidade . Marco inicial – início do parto. Erro sobre a pessoa - Putativo Concurso de pessoas – Art. 30, CP. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. Para fins de proteção da lei penal – desde a NIDAÇÃO (implantação do óvulo já fecundado na parede do útero) – 14 dias após a fecundação Falta de conceito pela lei. Conceito doutrinário e jurisprudencial – expulsão prematura do feto. Quebra da regra do concurso de pessoas – Adoção da teoria Pluralista. O início do parto faz com que encerre a possibilidade do aborto. Espécies: Natural ou espontâneo; Provocado (dolo ou culpa). Não há previsão legal para a forma culposa. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Consumação e tentativa – Dolo – com a efetiva morte do feto. Formas comissivas e omissivas – na omissão somente se houver a figura do garante – Art. 13, § 2º. Meios abortivos: Químicos (substâncias – fósforo, arsênico...) Orgânicos (quinina, ópio...) Físicos Mecânicos (traumatismo, curetagem do útero...) Térmicos (bolsas de água quente...) Elétricos (choques...) Psíquicos ou morais (sugestão, sustos, choque moral...) DOS CRIMES CONTRA A VIDA Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafoúnico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Se durante a operação, porém antes da interrupção da gravidez, a gestante desistir do aborto, responderá por aborto não consentido o terceiro que insistir em provocá-lo. A gestante, em fase do arrependimento ineficaz, responderá pelo Art. 124, não se aplicando a desistência voluntária, mas uma atenuante do Art. 66, CP. Dissenso presumido – Art. 126, parágrafo único – Desconsidera a vontade da gestante quando menor de 14 anos, alienada ou débil mental, ou se o seu consentimento foi obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência, aplicando-se ao terceiro a pena do Art. 125, CP. DOS CRIMES CONTRA A VIDA Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores (Arts. 126 e 127) são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Os resultados somente podem ser produzidos culposamente – preterdolo. Se queria lesionar ou matar além do aborto, responde pelos dois em concurso de crimes (formal impróprio). Aborto legal : Terapêutico ou profilático; Sentimental. Morte de fetos gêmeos por agente. Agressão a mulher sabidamente grávida. Se queria abortar – Art. 125. Se não queria – Art. 129, § 2º, V. Gestante que tenta se matar – tentativa de aborto. Desistência voluntária e Arrependimento eficaz – possibilidade.
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