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Uma estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e seqüências de ação da organização em um todo coeso. Uma estratégia bem formulada ajuda a organizar e alocar os recursos de uma organização em uma postura única e viável, baseada em suas competências e deficiências internas relativas, mudanças antecipadas no ambiente e movimentos contingentes por parte dos oponentes inteligentes. As metas (ou objetivos) estabelecem o que vai ser atingido e quando os resultados devem ser obtidos, mas não estabelecem como os resultados devem ser atingidos. Todas as organizações têm metas múltiplas dentro de uma hierarquia complexa. Desde objetivos de valor, que expressam as premissas de valor amplas para onde a empresa deve se dirigir, passando por objetivos organizacionais gerais, que estabelecem a natureza pretendida do empreendimento e as direções nas quais a empresa deve se mover, até uma série de metas menos permanentes, que definem objetivos para cada unidade organizacional, suas subunidades e, finalmente, todas as principais atividades programadas dentro de cada subunidade. Os principais objetivos – aqueles que afetam a direção geral e a viabilidade da entidade – são chamados de objetivos estratégicos. As políticas são regras ou diretrizes que expressam os limites dentro dos quais a ação deve ocorrer. Essas regras sempre têm a forma de decisões contingentes para resolver conflitos entre objetivos específicos. Por exemplo: “Não exceder três meses para o estoque de qualquer item sem aprovação corporativa”. Como os objetivos que suportam, as políticas existem em uma hierarquia em toda a organização. As principais políticas – aquelas que orientam a direção geral e a postura da entidade ou que determinam sua viabilidade – são chamadas de políticas estratégicas. Os programas especificam a seqüência de ações passo a passo, necessária para atingir os principais objetivos. Expressam como os objetivos vão ser atingidos dentro dos limites estabelecidos pela política. Asseguram que recursos sejam comprometidos para atingir as metas e fazem um acompanhamento dinâmico, por meio do qual podemos medir o progresso. Os principais programas que determinam a força e a viabilidade geral de uma entidade são chamados de programas estratégicos. As decisões estratégicas são aquelas que determinam a direção geral de um empreendimento e sua viabilidade final à luz das mudanças previsíveis, imprevisíveis e irreconhecíveis que podem ocorrer nos principais ambientes adjacentes. Elas sutilmente moldam as verdadeiras metas do empreendimento. Ajudam a delinear os limites amplos dentro dos quais a empresa opera. Ditam tanto os recursos que a empresa terá disponíveis para suas tarefas como os principais padrões para os quais esses recursos serão alocados. E determinam a eficácia da empresa – se suas principais forças estão na direção certa considerando seus potenciais recursos – em vez de dizer se as tarefas individuais são desempenhadas eficientemente. Gerenciamento voltado para a eficiência, junto com a miríade de decisões necessárias para manter a vida diária e os serviços da empresa, formam o domínio de operações. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Ao desenvolver uma estratégia para lidar com o desconhecido, que fatores devem ser considerados? Embora cada situação estratégica seja única, há alguns critérios comuns que tendem a definir uma boa estratégia? O fato de uma estratégia ter funcionado bem no passado não é critério suficiente para julgá-la. Evidentemente, outros fatores além da estratégia – incluindo sorte, recursos esmagadores, implementação soberba ou estúpida e erros do inimigo – ajudam a determinar os resultados finais. Além disso, no momento em que se formula a estratégia, não podemos usar o critério de sucesso anterior porque o resultado ainda não é concreto. Precisamos claramente de algumas diretrizes para definir uma estrutura estratégica eficaz. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Esses critérios incluem clareza, impacto motivacional, consistência interna, compatibilidade com o ambiente, adequação à luz dos recursos, grau de risco, combinação dos valores pessoais com os principais números, horizonte de tempo e funcionalidade. Além disso, exemplos históricos – dos ambientes empresarial e militar-diplomático – sugerem que estratégias eficazes devem pelo menos englobar alguns outros fatores críticos e elementos estruturais. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Objetivos claros, decisivos: todos os esforços estão dirigidos para metas gerais claramente compreendidas, decisivas e alcançáveis? Metas específicas de unidades subordinadas podem mudar no calor de campanhas ou de competição, mas as metas dominantes de estratégia para todas as unidades devem permanecer claras o suficiente para gerar continuidade e coesão das escolhas táticas durante o horizonte de tempo da estratégia. Nem todas as metas precisam ser escritas ou numericamente precisas, mas devem ser claras e decisivas – ou seja, se forem atingidas, devem assegurar viabilidade e vitalidade contínua da entidade frente a frente com seus oponentes. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Manter a iniciativa: a estratégia preserva a liberdade de ação e aumenta o comprometimento? Estabelece o ritmo e determina o curso dos fatos em vez de reagir a eles? Uma postura reativa prolongada resulta em inquietação e baixa moral, além de eliminar a vantagem de precisão e intangíveis para os oponentes. Finalmente, tal postura aumenta custos, diminui o número de opções disponíveis e diminui a probabilidade de atingir sucesso suficiente para assegurar independência e continuidade. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Concentração: a estratégia concentra poder superior em local e momento considerados decisivos? A estratégia definiu precisamente o que vai tornar a em- presa superior em poder – ou seja, “melhor” em dimensões críticas – em relação a seus oponentes. Uma competência diferenciada gera mais sucesso com menos recursos é a base essencial para ganhos (ou lucros) mais altos do que os do concorrente. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Flexibilidade: a estratégia foi propositalmente construída em direcionadores de recursos e dimensões para flexibilidade e manobra? Capacidades reservadas, manobras planejadas e reposicionamento permitem o uso de recursos mínimos ao mesmo tempo em que mantêm os oponentes em desvantagem relativa. Como corolários de concentração e concessão, permitem ao estrategista reutilizar as mesmas forças para dominar posições selecionadas em diferentes momentos. Elas também forçam oponentes menos flexíveis a usar mais recursos para manter posições predeterminadas, ao mesmo tempo em que exigem comprometimento fixo mínimo dos recursos de alguém para fins defensivos. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Liderança coordenada e comprometida: a estratégia garante liderança responsável e comprometida para cada uma de suas principais metas? Líderes devem ser escolhidos e motivados, de forma que seus próprios interesses e valores se ajustem às necessidades de seus papéis. Estratégias bem-sucedidas exigem comprometimento, não apenas aceitação. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Surpresa: a estratégia faz uso de rapidez, segredo e inteligência para atacar oponentes expostos ou despreparados em momentos inesperados? Com surpresa e no momento correto, pode-se atingir sucesso independente da proporção de energia empregada e pode-se, decididamente, mudar posições estratégicas. CRITÉRIOS PARA UMA ESTRATÉGIA EFICAZ Segurança: a estratégia assegura bases de recursos e pontos operacionais vitais para a empresa? Desenvolve um sistema de informações eficaz o suficiente para evitar surpresas por parte dos oponentes? Desenvolve a logística completa para dar suporte a cada uma de suas principais forças? Usa coalizão efetiva para estender a base de recursose zonas de aceitação amigável para a empresa?. ESCOLA DE DESIGN: UM PROCESSO DE CONCEPÇÃO A perspectiva original – criada por Selznick (1957), seguida por Chandler (1962) e melhor definida por Andrews (em Learned et al., 1965) – vê a formação da estratégia como a obtenção do ajuste essencial entre as forças e as fraquezas internas com as ameaças e oportunidades externas. A gerência sênior formula estratégias claras, simples e únicas, em um processo deliberado de pensamento consciente – que não é nem formalmente analítico nem informalmente intuitivo – de forma que todos possam implementar as estratégias. Essa era a visão dominante do processo estratégico, pelo menos nos anos 70, e, podem alegar alguns, ainda é hoje devido à sua influência implícita em grande parte da teoria e da prática. Porém, a escola de design não se desenvolveu no sentido de fazer surgir variantes dentro de seu próprio contexto. Ao contrário, ela se combinou com outras visões em contextos bem diferentes. ESCOLA DE PLANEJAMENTO: UM PROCESSO FORMAL A escola de planejamento cresceu em paralelo com a escola de design – na verdade, o livro de H. Igor Ansoff apareceu em 1965, assim como o texto inicial de Andrews. Mas, no volume inicial da publicação, a escola de planejamento predominou até meados dos anos 70, hesitou nos anos 80, mas continua a ser um ramo im portante da literatura atual. O livro de Ansoff reflete a maioria das suposições da escola de design exceto uma muito importante: de que o processo não é apenas cerebral, mas também formal, podendo ser decomposto em passos distintos, delineados por listas de verificação e suportado por técnicas (especialmente em relação a objetivos, orçamentos, programas e planos operacionais). Isso significa que os funcionários da área de planejamento substituíram gerentes seniores, de fato, como verdadeiros participantes no processo. ESCOLA DE POSICIONAMENTO: UM PROCESSO ANALÍTICO A terceira das escolas prescritivas, comumente chamada de posicionamento, foi a visão dominante da formação da estratégia nos anos 80. Recebeu um ímpeto especial de Michael Porter em 1980, seguindo um trabalho anterior sobre posicionamento estratégico acadêmico (notadamente por Hatten e Schendel) e em consultoria pelo Boston Consulting Group e o projeto PIMS – tudo precedido por uma vasta literatura sobre estratégia militar, da época de Sun Tzu no ano 400 a.C. Nessa visão, a estratégia reduz-se a posições genéricas selecionadas por meio de análises formalizadas das situações do segmento. Assim, os planejadores tornam-se analistas. Isso provou ser especialmente lucrativo, tanto para consultores como para acadêmicos, que podem se concentrar em dados difíceis e promover suas “verdades científicas” para publicações e empresas. Essa literatura cresceu em todas as direções para incluir grupos estratégicos, cadeias de valor, teoria dos jogos e outras idéias – mas sempre com essa inclinação analítica. ESCOLA EMPREENDEDORA: UM PROCESSO VISIONÁRIO Enquanto isso, em outras frentes, surgiam abordagens totalmente diferentes para a formação da estratégia. De forma muito parecida com a escola de design, a escola empreendedora centrava o processo no presidente; mas, ao contrário da escola de design e da escola de planejamento, baseava esse processo nos mistérios da intuição. Isso mudou a estratégia, que passou de projetos, planos ou posições precisas para visões vagas ou perspectivas amplas, para ser vista, em certo sentido, sempre por meio de metáforas. Isso focou o processo em contextos particulares – início, nicho ou propriedade privada, assim como “recuperação de posição” pelo líder poderoso – embora tenha sido certamente mencionado que toda organização precisa da visão de um líder criativo. Nessa visão, porém, o líder mantém tal controle sobre a implementação de sua visão formulada que a distinção central entre as três escolas prescritivas começa a ser derrubada. ESCOLA COGNITIVA: UM PROCESSO MENTAL No front acadêmico, a origem das estratégias gerava um interesse considerável. Se as estratégias se desenvolveram na cabeça das pessoas como estruturas, modelos, mapas, conceitos ou esquemas, o que poderíamos entender sobre esses processos mentais? Nos anos 80 e continuando hoje, a pesquisa vem desenvolvendo constantemente uma tendência cognitiva na criação da estratégia e em cognição como processamento de informação, mapeamento da estrutura de conhecimento e obtenção de conceito – esse último importante para a formação da estratégia, embora seja aquele em que o progresso tem sido mínimo. Enquanto isso, um outro ramo mais novo dessa escola adotou uma visão mais subjetiva, interpretativa ou construtivista, do processo de estratégia: a cognição é usada para construir estratégias como interpretações criativas, e não simplesmente para mapear a realidade de uma forma mais ou menos objetiva, porém distorcida. ESCOLA DE APRENDIZADO: UM PROCESSO EMERGENTE De todas as escolas descritivas, a escola de aprendizado cresceu em uma onda legítima e desafiou as sempre dominantes escolas prescritivas. Iniciada com o trabalho de Lindblom sobre incrementalismo desarticulado (Bray- brooke e Lindblom, 1963) e passando pelo incrementalismo lógico de Quinn (1980), as noções de risco de Bower (1970) e Burgelman, as idéias sobre estratégia emergente de Mintzberg et al. e a noção de retrospectiva com sentido de Weick (1979), surgiu um modelo de criação de estratégia como aprendizado que era diferente das escolas anteriores. Nessa visão, as estratégias eram emergentes, os estrategistas podiam ser encontrados em toda a organização, e as chamadas formulação e implementação entrelaçavam-se. ESCOLA DE PODER: UM PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO Uma corrente tênue, mas muito diferente da literatura, concentrou-se na criação de estratégia baseada em poder. Parecem existir duas orientações separadas. Micro poder vê o desenvolvimento da estratégia dentro da organização como essencialmente político – um processo envolvendo barganha, persuasão e confrontação entre os atores que dividem o poder. Macro poder vê a organização como uma entidade que usa seu poder sobre os outros e entre seus parceiros de alianças, joint- ventures e outras redes de relacionamento para negociar estratégias “coletivas” de seu interesse. ESCOLA CULTURAL: UM PROCESSO SOCIAL Coloque o poder de frente para um espelho e sua imagem reversa é a cultura. Enquanto o primeiro termo concentra-se em interesse próprio e fragmentação, o último concentra-se em interesses comuns e integração – formação de estratégia como um processo social baseado em cultura. Novamente encontramos uma corrente tênue da literatura, concentrada particularmente na influência da cultura para desencorajar mudança estratégica importante. A cultura tornou-se uma questão importante na literatura norte-americana depois que o impacto da administração japonesa foi totalmente percebido nos anos 80; mais tarde, foi dada alguma atenção para as implicações da formulação de estratégia. Porém, a Suécia desenvolveu uma pesquisa interessante nos anos 70, tendo a cultura como tema central, embora dificilmente exclusivo, estimulada pelo trabalho inicial de Rhenman e Normann, e feita por pessoas como Hedberg e Jonsson, dentre outros. ESCOLA AMBIENTAL: UM PROCESSO REATIVO Talvez não estritamente gestão estratégica, se alguém definir o termo dizendo que ele se refere à maneira como as organizações usam graus de liberdade para manobrar entre seus ambientes, a escola ambiental entretanto me- rece alguma atenção por iluminar as demandas do am- biente. Nessa categoria, incluímos a chamada “teoria de contingência” que considera as respostas esperadas das organizações que enfrentam determinadas condições ambientais e textos da “ecologia da população ”, que impõem limites severos às escolhas estratégicas. A “teoria institucional”, que trata das pressões institucionais enfrentadas pelas organizações,talvez seja um híbrido das escolas de poder e cognitiva. ESCOLA DE CONFIGURAÇÃO: UM PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO Uma teoria e prática mais ex tensa e integradora. Um lado dessa escola, mais acadêmico e descritivo, vê as organizações como configurações – agrupamentos coerentes de características e comportamentos – e integra as alegações de outras escolas – cada configuração, na verdade, em seu próprio lugar. Planejamento, por exemplo, prevalece em organizações tipo máquina, sob condições de estabilidade relativa, enquanto que o espírito empreendedor pode ser encontrado nas configurações mais dinâmicas de empresas iniciantes e em recuperação de posição. Mas, se as organizações podem ser descritas em tais condições, as mudanças devem então ser descritas como transformações drásticas – o salto de uma condição para outra. E assim, desenvolveu-se uma teoria e prática de transformação – mais prescritiva e orientada para a prática (e promovida pelos consultores). LINK
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