Gabaritos_Produção de Texto

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Produção de Texto
As questões a seguir foram elaboradas de acordo com o texto-base da Semana 1 (O ensino de produção textual com base em atividades sociais e gêneros textuais, de Désirée Motta-Roth).
(2 pontos) Sobre os conceitos de língua e linguagem, é correto afirmar que:
São usados, exclusivamente, como instrumentos de comunicação, que pressupõem um falante ideal.
Eles não podem ser separados do aspecto social, das relações interpessoais e dos contextos específicos em que são usados.
Língua é o idioma escrito, e linguagem é a fala.
A linguagem é um fenômeno individual e depende da performance de cada falante.
A linguagem visual não é importante para as práticas sociais.
Justificativa: Língua e linguagem têm um caráter social, não individual. Entendê-las, exclusivamente, como instrumento de comunicação constitui uma visão reducionista que se sustenta nas teorias positivistas, e não nas teorias discursivas que estamos estudando.
A linguagem deve ser entendida como toda manifestação significante, seja ela qual for; todas são muito importantes para as práticas sociais, como a linguagem visual, por exemplo. A língua é a linguagem verbal, tanto oral quanto escrita, ela não é apenas um idioma que se manifesta pela escrita.
 
(2 pontos) O estudo dos gêneros textuais provoca uma mudança no ensino de língua. Sobre isso, é correto afirmar que:
O ensino da língua deve priorizar o ensino da gramática, considerando o texto fora do contexto.
O ensino da língua deve considerar as situações de interação e os gêneros textuais que possibilitam a realização das atividades sociais, em um batimento entre texto e contexto.
O ensino da língua tem de dar destaque às práticas de codificação e decodificação dos gêneros literários em seus contextos.
O ensino da língua não pode considerar as atividades e usos sociais, pois cada classe social usa a língua de uma determinada maneira.
O ensino da língua deve estar voltado, exclusivamente, para as atividades escolares, com destaque aos gêneros argumentativos.
Justificativa: O estudo dos gêneros textuais amplia a concepção de língua, linguagem, falantes, pois a unidade de ensino passa a ser o texto, não mais a palavra isolada, a codificação ou decodificação, tampouco a ênfase no estudo da gramática. Outra contribuição importantíssima é a relevância que o contexto sócio-histórico adquire nesse cenário, pois os usos da língua só têm sentido nas relações sociais estabelecidas pelos interlocutores, falantes de fato, dentro e fora da escola, independentemente da classe social a que pertençam. Portanto, o estudo da língua não deve restringir-se a atividades escolares; ao contrário, deve contemplar os usos linguísticos que os falantes fazem em determinado contexto sócio-histórico.
 
(2 pontos) Não são exemplos de gêneros textuais:
Comentários na rede eletrônica e carta
Música e receita
Vídeo e telejornal
Celular e televisão
Lista telefônica e manual instrucional
Justificativa: Gêneros textuais são enunciados relativamente estáveis usados para atender às necessidades dos falantes, em suas práticas sociais. Celular e televisão são aparelhos eletroeletrônicos, não enunciados.
 
(2 pontos) Um gênero textual é uma combinação entre elementos linguísticos, semânticos, sintáticos, oracionais, textuais, pragmáticos, discursivos; portanto, é uma combinação complexa. Com base nessa afirmação, é incorreto dizer que:
Uma videoaula não é um gênero discursivo.
Uma palestra não é um gênero discursivo.
Uma mensagem no WhatsApp não é um gênero discursivo.
Todo gênero textual é constituído pela escrita.
Todo gênero textual inscreve-se no social.
Justificativa: Todos os gêneros textuais inscrevem-se em dado contexto sócio-histórico. Um áudio enviado por WhatsApp, por exemplo, é um gênero textual, não constituído pela escrita. Uma palestra, uma mensagem, uma videoaula são gêneros discursivos.
 
(2 pontos) É papel da escola:
Ensinar a linguagem usada em contextos exclusivamente acadêmicos, desprovidos da experiência humana, pois esta cabe à família compartilhar.
Oferecer ao aluno um contexto em que ele possa articular conhecimentos e competências por meio de usos da linguagem em situações específicas, para realizar determinadas atividades sociais.
Ensinar a concepção da linguagem com base em regras morfossintáticas, para que o aluno aprenda a ler e a escrever, independentemente do significado.
Trabalhar a perspectiva pedagógica para formar alunos que escrevam textos para serem entregues à professora, com o único fim de serem avaliados por ela.
Ensinar, exclusivamente, a gramática, pois é por meio dela que os alunos desenvolvem as competências linguístico-discursivas que se dão por meio da interação verbal.
Justificativa: A escola tem a função social de ampliar o conhecimento linguístico dos alunos para que eles possam participar, ativamente, das práticas sociais, perpassadas ou não pela escrita. Portanto, a escola deve considerar tudo o que circula dentro e fora de seus muros, não pode se limitar a trabalhar textos acadêmicos, o que provocaria um apagamento das atividades sociais, que são constituídas pelos mais variados gêneros discursivos. Para isso, o ensino de língua tem de contemplar o funcionamento da linguagem na relação dos interlocutores, não somente as estruturas linguísticas desprovidas de significado.
(2 pontos)Para a teoria discursiva, o texto deve ser entendido como:
Um produto completo de significação, que se expressa, unicamente, por meio da escrita.
Uma estrutura linguística organizada pelos processos de coesão e coerência das palavras, cujo sentido deve ser sempre o mesmo para todos os falantes.
Materialidade simbólica em que os sentidos podem circular por meio da linguagem verbal, da pintura, da imagem, da escultura, seja qual for a materialidade significante.
Um conjunto de sons e grafemas que deve ser codificado e decodificado, sem considerar a relação dos interlocutores.
Uma sequência linguística muito extensa.
Justificativa: Para a teoria discursiva, o texto não é concebido como um produto fechado, acabado, sequer é constituído, exclusivamente, por palavras (sejam orais ou escritas). Outras materialidades simbólicas constroem textos. Os sentidos sempre podem ser outros, pois a relação dos interlocutores, a história e a ideologia afetam o processo de produção dos sentidos dos textos.
 
(2 pontos) Compreender que ler e escrever são práticas discursivas cotidianas que não se restringem a habilidades de decodificação e codificação torna correta a seguinte alternativa:
Para ler e escrever os textos que circulam na sociedade, não é suficiente apenas ser alfabetizado, mas sim interpretar quais sentidos o texto produz, quem está dizendo X ou Y, em qual contexto o texto foi produzido e está circulando.
Os graus de escolaridade determinam as habilidades de leitura e escrita.
Os portadores de texto que circulam na sociedade contemporânea provocam a exclusão dos leitores que têm baixo grau de escolaridade.
As práticas escolares de alfabetização garantem a inserção dos alunos nas práticas sociais de leitura e escrita.
Os textos que circulam socialmente apresentam estruturas rígidas, portanto, não são afetados pelas necessidades dos falantes, tampouco pelas características de cada contexto sócio-histórico.
Justificativa: Ser alfabetizado não garante a formação de leitores e autores, o que equivale a dizer que grau de escolaridade não determina as habilidades de leitura e escrita. Além disso, na perspectiva discursiva, ler e escrever não são meras habilidades; muito além dessa visão reducionista, ler e escrever constituem práticas sociais que promovem a inserção do sujeito no processo de construção dos sentidos, independentemente do grau de escolaridade. Há, por exemplo, sujeitos que frequentam a universidade e têm um grau menor de letramento do que outros que frequentam o Ensino Médio, mesmo que aqueles tenham um grau maior de escolaridade do que estes.  Os textos, os falantes e os sentidos sempre são afetados pela história, pelaideologia e pela língua; portanto, para compreender todo esse processo é preciso muito mais que habilidade para ler e escrever.
 
(2 pontos) Segundo a teoria semiótica greimasiana, o percurso gerativo de sentido é constituído de três patamares: as estruturas fundamentais, as estruturas narrativas e as estruturas discursivas. Dessa forma, é incorreto dizer que:
A teoria defende que o conteúdo de um texto não pode ser analisado separadamente do seu plano de expressão, pois um dado conteúdo só pode ser veiculado pelo mesmo plano de expressão.
É uma teoria gerativa, porque concebe o processo de produção do texto como um percurso gerativo, que vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto.
Os contos de fada podem apresentar a categoria semântica de oposição bem X mal
A sequência narrativa exige uma mudança de estado.
O mesmo tema pode ser figurativizado de diferentes maneiras. 
Justificativa: A teoria postula que o plano de conteúdo pode manifestar-se em diferentes planos de expressão; logo, o mesmo tema pode ser figurativizado de diferentes maneiras, em diferentes planos de expressão.
 
(2 pontos) Qual das alternativas apresenta uma sequência narrativa mínima?
Pedro sempre foi rico. Sua família é dona de um império.
A prova de Língua Portuguesa estava muito fácil.
Clara tem um lindo vestido azul que combina muito com seus olhos.
A princesa estava presa na caverna do dragão, mas o príncipe conseguiu derrotar o monstro de fogo e salvá-la, casando-se com ela.
A princesa está presa na caverna do dragão. 
Justificativa: Uma sequência narrativa mínima exige que haja transformação de estado, isto é, o sujeito está em conjunção com um objeto e, com a transformação, passa a um estado de disjunção, ou o contrário. Essa transformação só ocorre na alternativa “A princesa estava presa na caverna do dragão, mas o príncipe conseguiu derrotar o monstro de fogo e salvá-la, casando-se com ela.”
 
(2 pontos) Concordar com a noção de que o texto é um objeto histórico implica considerar as relações polêmicas que estão em jogo no processo de produção de sentidos, especialmente porque vivemos em numa sociedade dividida em classes. Com base nisso, sobre o enunciado “Enxergue o plano de saúde como investimento”, retirado de uma propaganda de uma determinada empresa de plano de saúde, é correto afirmar que:
Todos os leitores com alto grau de escolaridade farão a mesma interpretação.
Plano de saúde vende doença, não saúde.
Os sentidos de saúde estão associados a sentidos muito caros à sociedade capitalista, isto é, investimentos; portanto, o que está em jogo é chamar a atenção para o investimento em saúde e não para o custo da mensalidade do plano.
É certo que todos os leitores têm condições de ter um plano de saúde e que todos querem fazer investimentos.
A propaganda é construída com uma linguagem clara, transparente, por isso não há dúvida quanto aos sentidos de saúde e doença que nela circulam. 
Justificativa: Ao consideramos o texto como objeto histórico, não podemos ignorar a luta de classes que se materializa na língua; logo, nos discursos. Dessa forma, essa é a única alternativa que apresenta uma interpretação que considera os efeitos de sentido produzidos pela luta de classes (quem pode ter um plano de saúde é alguém que tem capital para pagar, assim, pode interessar-se, também, por investimentos, já que o capitalismo é o motor do contexto sócio-histórico da contemporaneidade). A linguagem não é transparente, por isso não é possível afirmar que todos os leitores farão a mesma interpretação, tampouco que o enunciado apresenta elementos para afirmar que todos os leitores têm condições de ter um plano de saúde, mesmo porque sabemos que isso não ocorre. 
(2 pontos) Os textos são construídos de acordo com determinadas categorias e atendem a determinadas necessidades socioculturais. Com base na linguística textual, é correto afirmar que:
Narrativo, descrito e dissertativo são tipos de texto.
Narração é um tipo de texto, mas não constitui um gênero discursivo.
Descrição e dissertação são tipos de texto que se constituem, essencialmente, por argumentos em relação a dado objeto discursivo.
Contos de fadas não têm um caráter sócio-histórico.
A dissertação não implica a argumentação.
Explicação: Conforme o texto-base da Semana 5, de Luiz Carlos Travaglia (2007, p. 41), “O tipo pode ser identificado e caracterizado por instaurar um modo de interação, uma maneira de interlocução (TRAVAGLIA, 1991, capítulo 2), segundo perspectivas que podem variar constituindo critérios para o estabelecimento de tipologias diferentes (TRAVAGLIA, 2001, 2007a, p.101-104). Alguns tipos que podemos citar, divididos em sete tipologias, são: a) texto descritivo, dissertativo, injuntivo, narrativo; b) texto argumentativo “stricto sensu” e argumentativo não-”stricto sensu”; c) texto preditivo e não preditivo; d) texto do mundo comentado e do mundo narrado; e) texto lírico, épico/narrativo e dramático; f) texto humorístico e não-humorístico; g) texto literário e não literário.”
 
(2 pontos) Em relação à produção de texto, é correto afirmar que:
Para produzir textos é fundamental conhecer a caracterização das categorias de cada tipo de texto.
Para produzir textos é necessário ter um modelo a ser seguido.
A produção de texto não admite a fusão ou cruzamento de características de tipos diferentes.
Os gêneros não têm relação com os tipos.
Ao produzir texto, o escrito deve levar em consideração, exclusivamente, o conteúdo temático a ser desenvolvido.
Explicação: É fundamental que a caracterização de cada tipo de texto seja bem compreendida pelo escritor, pois só assim ele saberá que tipo de texto será produzido, qual será o conteúdo temático, quais são as necessidades sociais que se impõem a determinada produção textual, segundo as quais os gêneros serão constituidos. Isso significa que o leitor deve ter um saber sobre a identificação, distinção e caracterização das diferentes categorias de textos para produzir um bom texto.
 
(2 pontos) Em relação aos conteúdos temáticos, é incorreto afirmar que:
O tipo narrativo tem como conteúdo temático os acontecimentos ou fatos organizados em episódios (indicação e detalhamento – geralmente por meio de descrição – de lugar, tempo, participantes/actantes/personagens + acontecimento: ações, fatos ou fenômenos que ocorrem).
O tipo descritivo vai se caracterizar por trazer a localização do objeto de descrição (não obrigatoriamente), características (cores, formas, dimensões, texturas, modos de ser etc.) e/ou componentes ou partes do “objeto” descrito.
No tipo dissertativo, o que importa como informação são as entidades, as proposições sobre elas e as relações entre essas proposições, sobretudo as de condicionalidade, causa/consequência, de oposição (ou contrajunção), as de adição (ou conjunção), de disjunção, de especificação, inclusive exemplificação, de ampliação, de comprovação etc.
Interpretar, analisar e avaliar os temas que circulam do cotidiano são atos que não fazem parte da produção do tipo dissertativo.
Conteúdos que representam os acontecimentos cotidianos caracterizam o tipo narrativo.
Justificativa: O texto dissertativo-argumentativo caracteriza-se pela análise, interpretação e avaliação dos temas que circulam na sociedade. As relações internas do texto dissertativo são marcadas por um raciocínio lógico. Os textos narrativos representam os fatos da vida humana. Suas relações internas são construídas por sequências cronológicas. O texto descritivo não apresenta sequência cronológica entre os enunciados, o foco é dado ao objeto alvo da descrição.
 
(2 pontos) Segundo Travaglia (2007, p. 41), “O gênero se caracteriza por exercer uma função sociocomunicativa específica.” Considerando essa afirmação, é correto dizer que:
A monografia é um gênero textual do tipo predominantemente dissertativo.
Tese é um gênero predominantemente descritivo.
Comédia não se encaixa em gênero algum, pois não cumpre uma função social.
As propagandas não se utilizam do gêneroclassificado, pois nelas prevalece o gênero farsa.
O gênero biografia só é estudado na disciplina de literatura.
Explicação: Todos os gêneros exercem uma função social e atendem às necessidades comunicativas de determinado contexto histórico. Teses e monografias são gêneros dissertativos, próprios do discurso científico. As propagandas valem-se muito do gênero classificado; farsa é um gênero do tipo dramático, em fusão com o tipo narrativo.
 
(2 pontos) Imagine a seguinte situação: você comprou um celular novo e não sabe usar suas múltiplas funções. Uma boa solução para aprender a usar seu novo eletrônico pode ser:
Consultar um texto do tipo descritivo.
Consultar um texto do tipo dissertativo.
Produzir um texto preditivo e enviá-lo ao fabricante do aparelho.
Consultar um texto injuntivo.
Produzir um texto do tipo descritivo, gênero classificado para colocar seu celular à venda.
Explicação: De modo geral, quando os consumidores compram um produto novo e não sabem usá-lo, eles recorrem ao manual de instrução, que é um texto do tipo injuntivo, composto pelo gênero manual. O texto descritivo pode descrever as qualidades do produto, mas não dá instruções de como colocá-lo em funcionamento.