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Unidade 7 - Das pessoas jurídicas

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UNIDADE 7
DAS PESSOAS JURÍDICAS – CC art. 40 ao 69. 
INTRODUÇÃO.
O ser humano para que possa atingir seus fins e objetivos une-se a outros homens formando agrupamentos. Com a necessidade de personalizar tais grupos, para que participem da vida jurídica, com certa individualidade e em nome próprio, a própria norma de direito lhes confere personalidade e capacidade jurídica, tornando-os sujeitos de direitos e obrigações.
Algumas vezes, trata-se de uma formação histórica necessária, como ocorre em relação ao Estado, pessoa jurídica de Dto. Público. “A existência das pessoas jurídicas de Dto. Público decorre de fatores como a lei e o ato administrativo, bem como de fatores históricos, de previsão constitucional e de tratados internacionais, sendo regidas pelo Dto. Público e não pelo Código Civil”. (Carlos Roberto Gonçalves).
Outras vezes, é um grupo de homens que trabalham para fins lucrativos ou não (sociedades ou associações), e finalmente, em certos casos, é um patrimônio afetado pelo seu proprietário a uma finalidade determinada de acordo com normas fixadas pelo instituidor (fundações).
Obs. Cada país adota uma denominação. Ex.: na França, chama-se pessoa moral, em Portugal pessoa coletiva, no Brasil, na Alemanha, na Espanha e na Itália, preferiu-se a expressão PESSOA JURÍDICA.
CONCEITO:
 
“É entidade a que a lei empresta personalidade, capacitando-a a ser sujeito de direitos e obrigações. A sua principal característica é que atua na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que a compõem”. (Carlos Roberto Gonçalves).
“É a unidade de pessoas naturais ou patrimônios, que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações” ( Maria Helena Diniz).
NATUREZA JURÍDICA:
Várias teorias procuram explicar esse fenômeno, pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com individualidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compõem.
I - Teoria da Ficção Legal - (Savigny).
 Ao entender que só o homem é capaz de ser sujeito de direito, concluiu que a pessoa jurídica é uma ficção legal, ou seja, uma criação artificial da lei para exercer direitos patrimoniais e facilitar a função de certas entidades.
 Doutrinária – (Vareilles Sommiéres).
 Varia um pouco esse entendimento, ao afirmar que pessoa jurídica apenas tem existência na infringência dos juristas, apresentando-se como mera ficção criada pela doutrina.
 Obs. Não são aceitas. A critica que se lhe faz é que o Estado é uma pessoa jurídica. Dizer-se que o Estado é uma ficção é o mesmo que dizer que o direito, que dele emana, também será.
 II – Teoria da Equiparação – (Windscheid e Brindz).
 Entende que pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento jurídico às pessoas. É inaceitável porque eleva os bens à categoria de sujeitos de direitos e obrigações, conferindo pessoas com coisas.
III Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica –(Gierke e Zitllmann).
Admitem ao lado da pessoa natural, que é organismo físico, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que têm existência própria distinta da de seus membros tendo por objetivo realizar um fim social.
Obs. Crítica = A pessoa jurídica não tem vontade própria; o fenômeno volitivo é peculiar ao ser humano, daí ser inaceitável. 
IV – Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas – (Hauriou).
Afirma que, como a personalidade humana deriva do direito, da mesma forma este pode concedê-la a agrupamentos de pessoas ou de bens: a personalidade jurídica é um atributo que o ordenamento jurídico concede a entes que o merecem.
V - Teoria da Realidade Técnica.
É a que melhor explica o tratamento dispensado á pessoa jurídica por nosso direito positivo.
“A pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade conferida pelo direito. O Estado, as associações, as sociedades, existem como grupos constituídos para a realização de determinados fins. A personificação desses grupos, todavia, é construção da técnica jurídica, admitindo que tenham capacidade jurídica própria”.
 Ler CC. art. 45.
Obs. Importante destacar, porém, é que a outorga de personalidade jurídica a entidade de existência ideal tem por finalidade, o livre estabelecimento de relação jurídica lícitas, facilitando o comércio e outras atividades negociais.
 
PRESSUPOSTOS EXISTENCIAIS DA PESSOA JURÍDICA.
São três:
1º) A vontade humana criadora = (intenção de criar entidade distinta da de seus membros). Traduz o elemento anímico para a formação de uma pessoa jurídica.
2º) A observância das condições legais = instrumento particular ou público registro e autorização ou aprovação do governo.
3º) Liceidade dos seus objetivos = Objetivos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica (CC, art. 69).
A vontade humana materializa-se no ato de constituição, que denomina ESTATUTO, em se tratando de ASSOCIAÇÕES (sem fins lucrativos), CONTRATO SOCIAL em se tratando de SOCIEDADES SIMPLES ou EMPRESÁRIAS, ESCRITURA PÚBLICA ou TESTAMENTO em se tratando de FUNDAÇÕES. (CC, art. 62).
O ato constitutivo deve ser levado a “REGISTRO” para que comece, então, a existência legal da pessoa jurídica de direito privado (CC, art. 45).
Antes do registro, não passará de mera “Sociedade de Fato ou Sociedade não Personificada”, equiparada por alguns ao nascituro, que já foi concebido, mas que só adquirirá personalidade se nascer com vida. No caso da pessoa jurídica, se o ato constitutivo for registrado. 
O registro do contrato social de uma sociedade empresária faz-se na Junta Comercial, que mantém o Registro Público de Empresas Mercantis.
Os estatutos e os atos constitutivos das demais pessoas jurídicas de direito privado são registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CC. art. 1.150) (LRP. 6.015/73, art. 114).
Os da sociedade simples de advogados serão registrados na OAB (EAOB, arts. 15 e 16, § 3º).
Algumas pessoas jurídicas precisam, ainda, de autorização ou aprovação do Poder Executivo (CC. art. 45), em virtude das peculiaridades de seu objetivo ou de risco que sua atividade representa à economia ou ao sistema financeiro nacional (ex. seguradoras, instituições financeiras, as administradoras de consórcio).
SURGIMENTO DA PESSOA JURÍDICA
A pessoa natural surge no momento do nascimento com vida.
Da mesma forma, a pessoa jurídica possui um ciclo de existência. A sua existência legal, exige a observância da legislação em vigor, que considera indispensável o registro para a aquisição de sua personalidade jurídica. (CC. art. 45).
Permite a conclusão de que a inscrição do ato constitutivo ou do contrato social no registro competente.
Junta Comercial = para as sociedades empresariais em geral.
Cartório de Registro Civil de Pessoa Jurídicas = para fundações, associações e sociedade civis.
Obs. É a condição indispensável para a atribuição de personalidade á pessoa jurídica. Lembre-se, todavia, de que, em algumas hipóteses, exige-se ainda, autorização do governo para o seu funcionamento.
Observa-se que o registro de pessoa jurídica tem natureza constitutiva, por atributo de sua personalidade, diferente do registro civil de nascimento da pessoa natural, eminentemente declaratório da condição de pessoa, já adquirida no instante do nascimento com vida.
LER CC. art. 46 - Lei n. 6.015/73, art. 121.
Para alguns tipos de pessoas jurídicas, independentemente do registro civil, a lei, por vezes, impõe o registro em algum outro órgão, com finalidade cadastral e de reconhecimento de validade de atuação, como é o caso dos Partidos Políticos, que, na forma do § 2º do art. 17 da CF e dos parágrafos do art. 7º da Lei n. 9.096/95, devem ser inscritos no Tribunal Superior Eleitoral.
Da mesma forma, as entidades sindicais obtêm personalidade jurídica com o simples registro civil, mas devem comunicar sua criação aoMinistério do Trabalho, não para efeito de reconhecimento, mas sim, simplesmente, para controle do sistema da unicidade sindical, ainda vigente em nosso país. (CF, art. 8º, I e II).
SOCIEDADES IRREGULARES OU DE FATO
Antes do registro, não falar em pessoa jurídica enquanto sujeito de direito.
A lei é extremamente clara ao referir que a sua existência legal começa a partir do registro. Assim, sem o registro temos somente a chamada Sociedade Irregular, desprovida de personalidade, mas com capacidade para se obrigar perante terceiros. (CC. art. 986).
Obs. Nessas sociedades a responsabilidade dos sócios é pessoal e ilimitada, respondendo este não só com o capital perante a sociedade, mas também com seus bens pertencentes. (CC, art. 990).
Da mesma forma, os credores da sociedade devem primeiramente, executar o patrimônio social (CC. art. 989), para na falta de bens, realizar a responsabilidade ilimitada dos sócios.
Cumpre advertir ainda, que o registro de uma sociedade que haja atuado determinado período de tempo irregularmente não tem efeito retro operante para legitimar os atos praticados nesse intervalo. Durante esse período, pois, a responsabilidade dos sócios é pessoal e ilimitada.
A responsabilidade ilimitada dos sócios, consequência da falta de personificação jurídica, não autoriza o entendimento de que terceiro por ventura haja mantido relação negocial com a sociedade possa utilizar a justificativa da irregularidade de sua constituição para enriquecer ilicitamente.
É indiscutível o fato de que a sociedade irregular ou de fato não pode pleitear direito próprio, por lhe faltar capacidade jurídica, para tanto nenhum juiz admitirá a postulação de um ente social em juízo, sem que se faça prova de sua constituição social, inclusive para se puder aferir a capacidade processual de seu representante.
Da mesma forma, não se imagina uma sociedade irregular participando da fase de habilitação em uma licitação pública. A irregularidade de sua constituição organizacional prejudica o reconhecimento de direitos.
Se esta mesma sociedade houvesse vendido produtos a um terceiro. Cumpriu sua parte no contrato de fornecimento devidamente firmado. O fato de a sua constituição ser irregular não deve ser justificativa para que o adquirente se negue a pagar o valor devido. Agindo assim, violaria o princípio universal que veda o enriquecimento sem causa. Nessa hipótese, se houver a necessidade de se proceder à cobrança judicial, deverão os sócios de fato postular em seus próprios nomes, por conta da falta de personalidade jurídica da referida sociedade.
GRUPOS DESPERSONALIZADOS
Nem todo grupo social constituído para a consecução de fins comuns é dotado de personalidade jurídica.
Maria Helena Diniz = “Há entidades que não podem ser subsumidas ao regime legal das pessoas jurídicas do Código Civil, por lhes faltarem requisitos imprescindíveis à subjetivação, embora possa agir, sem maiores dificuldades, ativa ou passivamente. São entes que se formam independentemente da vontade dos seus membros ou em virtude de um ato jurídico que vincula as pessoas físicas em torno de bens que lhes suscitam interesses, sem lhes traduzir “affectio societatis” Donde se infere que os grupos despersonalizados ou com personificação anômala constituem uma comunhão de interesses ou um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação. ( CPC. Art. 75).
Dentre eles:
* Massa Falida. 
* Herança Jacente e a Vacante. 
* Espólio. 
*Condomínio. 
 
CAPACIDADE E REPRESENTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.
A pessoa jurídica adquire personalidade a partir do seu registro civil. (Ler CC. art. 52).
Portanto, enquanto sujeito de direito, a pessoa jurídica, assim como a pessoa física ou natural, tem preservado os seus direitos à integridade moral, à imagem, ao segredo, etc.
A capacidade da pessoa jurídica é, por sua própria natureza especial. Considerando a sua estrutura organizacional, moldada a partir da técnica jurídica, esse ente social não poderá, por óbvio, praticar todos os atos jurídicos admitidos para a pessoa natural. Ex. uma sociedade casando-se ou reconhecendo filho.
Por isso se diz que a pessoa jurídica detém capacidade jurídica especial. O seu campo de atuação jurídica encontra-se delimitado no contrato social, nos estatutos ou na própria lei. Não deve, portanto, praticar atos ou celebrar negócios que extrapolem da sua finalidade social, sob pena de ineficácia.
Por se tratar de um ente cuja personificação é decorrência da técnica legal, sem existência biológica ou orgânica, a pessoa jurídica, dada a sua estrutura, exige órgãos de representação para poder atuar na órbita social.
Mais técnico seria falar em presentação da pessoa jurídica.
Isto é, por não poder atuar por si mesma, a sociedade ou a associação age, faz-se presente, por meio das pessoas que compõem os seus órgãos sociais e conselhos deliberativos. Essas pessoas praticam atos como se fossem os próprios entes socias.
Pontes de Miranda = “O órgão da pessoa jurídica não é representante legal. A pessoa jurídica não é incapaz. O poder de presentação, que ele tem, provém da capacidade mesma da pessoa jurídica. Se as pessoas jurídicas fossem incapazes, os atos dos seus órgãos não seriam seus. Ora, o que a vida nos apresenta é exatamente a atividade das pessoas jurídicas através dos seus órgãos: os atos são seus, praticados por pessoas físicas”.
O Código Civil, evitando a expressão “representação da pessoa jurídica” de uso comum em nosso direito, dispõe, com mais propriedade, no CC, art. 47. 
CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.
1º) - Quanto a Nacionalidade: Qualifica-se a pessoa jurídica como nacional ou estrangeira.
Nacional = É organizada conforme a lei brasileira e tem no país a sede de sua administração (CC. art. 1.126 ao 1.133) (CF, art.176,§1º e art. 222).
Estrangeira = Qualquer que seja o seu objetivo, não poderá, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país. Se autorizada a funcionar no Brasil sujeitam-se á às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos aqui praticados, deverá Ter representação no Brasil e poderá nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil (CC. arts. 1.134 a 1.141).
2º) – Quanto a Estrutura Interna:
a)- Universitas Personarum = Que é a corporação, um conjunto de pessoas que, apenas coletivamente, goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. Ex. Associações e as Sociedades.
b)- Universitas Bonorum = Que é o patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade. Ex. Fundações.
3º) - Quanto às Funções: 
As pessoas jurídicas são de Direito Público e de Direito Privado.
AS PESSOAS DE DIREITO PÚBLICO PODEM SER:
* De Direito Público Externo: regulamentadas pelo direito internacional, abrangendo: Estados estrangeiros, organizações internacionais, como a ONU, OIT (Organização Internacional do Trabalho), etc.. (Ler CC. art. 42).
* De Direito Público Interno: De Administração Direta (CC. art. 41, I a III), União, Estado, Distrito Federal, Municípios. De Administração Indireta (CC. art. 41, IV e V). São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público, como as :
 a) Autarquias = Pessoas Jurídicas de Dto. Público de capacidade exclusivamente administrativa. Ex. INSS, IBAMA, Embratur, etc..
 b) Fundações Públicas = (surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de dto. público, afetando-o à realização de um fim administrativo, e adotando-o de organização adequada. Ex. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fundação Centro Brasileiro para Infância e Adolescência. (CF. art. 37, XIX) (CC. art. 41, V). 
c) Associações Públicas = (lei n. 11.107/2005, arts.1º, § § 1º a 3º,2º a 6º, I, § 1º), que são consórcios públicos com personalidade jurídica de Direito Público, por conjugarem esforços de entidades públicas, que firmam acordos para a execução deum objeto de finalidade pública. Ex. O consórcio COPATI, formado por municípios cortados pelo rio Tibaji, no Estado do Paraná, com o objetivo de preservar esse rio, celebrado mediante lei, do protocolo de intenções, Lei n. 11.107/2005, arts. 4º, § 5º, 5º e 6º). 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO:
Instituídas por iniciativa de particulares, conforme CC. art. 44, I a III, dividem-se:
a) – AS ASSOCIAÇÕES = São entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não econômicos.
São criadas por meio de assembléias dos interessados, não havendo entre os associados direitos e obrigações.
 As associações civis, podendo ser religiosas, cientificas ou literárias e as de utilidade pública. Constituem, portanto, uma “UNIVERSITAS PERSONARUM”, ou seja, um conjunto de pessoas que colimam fins ou interesses não econômicos.
Resultam da união de pessoas geralmente em grande número (os associados), e na forma estabelecida em seu ato constitutivo, denominado estatuto.
Pelo fato de não perseguir fins lucrativos, a associação não está impedida de gerar renda que sirva para a mantença de suas atividades e pagamento do seu quadro de funcional.
A receita gerada deve ser revertida em benefício da própria associação visando à melhoria de sua atividade. Por isso, o ato da associação (estatuto), não deve impor, entre os próprios associados, direitos e obrigações recíprocas, como aconteceria se tratasse de um contrato social, firmado entre sócios. (CC. art. 53, § único).
O ato constitutivo da associação consiste num conjunto de cláusulas contratuais vinculantes, ligando seus fundadores e os novos associados que ao nela ingressarem, deverão submeter-se aos seus comandos. O estatuto das associações conterá, sob pena de nulidade: (Ler CC. art. 54).
Além da assembleia geral, órgão máximo da associação, é muito comum que o seu estatuto autorize a composição de um conselho administrativo ou diretoria de um conselho fiscal. Compete privativamente a assembleia geral o disposto no CC. art. 59, § único. 
A associação poderá ter finalidade: altruística (associação beneficente), egoística (associação literária, esportiva ou recreativa) econômica não lucrativa (associação de socorro mútuo). 
CF. art. 5º, XVII, plena é a liberdade de associação para fins lícitos. 
A existência legal da associação surge com a inscrição legal de seu estatuto, em forma pública ou particular, no registro competente, desde que satisfeitos os requisitos legais, tendo ela objetivo lícito e estando regularmente organizada. Há casos em que pode ser exigida para a sua constituição uma prévia autorização governamental, que será federal. Ex. Partidos Políticos.
Dever-se-á, então, registrar o estatuto e a autorização governamental para que a associação seja uma pessoa jurídica. (Lei n. 6.015/73, arts. 114 ao 121).
Sem o registro será considerada uma associação irregular, ou melhor, não personificada, que, não tendo personalidade jurídica, será tida como mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. Mesmo irregular, a associação será representada em juízo, ativa ou passivamente, pela pessoa que a administrar. (CPC, art. 75).
Com a personificação da associação para os efeitos jurídicos, ela passará a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e capacidade patrimonial, constituindo seu patrimônio, que não terá relação com os dos associados, adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com os seus membros, por ser uma nova unidade orgânica. Cada um dos associados constituirá uma individualidade e a associação uma outra (CC. art. 50, 2º parte), tendo cada um seus direitos, deveres e bens apesar de não haver, entre os associados, direitos e deveres recíprocos. (CC. art. 53, paragrafo único).
ASSOCIAÇÃO:
- Constituem a reunião de pessoas para a obtenção de um fim.
- Não possuem finalidade lucrativa (somente para a sua mantença).
- O patrimônio (constituído pelos associados ou membros).
- Ser registrada no Cartório de Registro de Pessoas jurídicas.
 
CONSTITUIÇÃO:
- Elaboração, discussão do projeto (estatuto e regimento interno).
- Assembleia geral de constituição da associação.
- Ata do Ato Constitutivo.
- Registro da ata da assembleia, do estatuto, regimento interno (cartório de registro de pessoas jurídicas).
- Inscrição da Receita Federal (CNPJ).
- Inscrição na Secretaria da Fazenda.
- Obtenção de registro no INSS.
- Obtenção de registro na Prefeitura Municipal (alvará).
REGISTRO:
- Requerimento do presidente da associação – 1 via.
- Estatuto social – 3 vias.
- Ata da constituição – 3 vias.
- Documentos pessoais do presidente (RG, CPF).
 
b) – AS SOCIEDADES:
Espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria, é instituída por meio de Contrato Social, com o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros.
O contrato social, desde que devidamente registrado, é o ato constitutivo da sociedade.
LER CC. art. 981.
Classificação das Sociedades:
1) - Sociedades Simples = Visam fim econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios, sendo alcançado pelo exercício de certas profissões ou pela prestação de serviços técnicos. (CC. arts. 997 ao 1.038).
Exemplo: sociedade imobiliária, uma sociedade que presta serviços de pintura, que explora ramo hospitalar ou escolar, que presta serviços de terraplanagem.
2) – Sociedades Empresariais = Visam lucro mediante exercício de atividade mercantis, assumindo as forma de sociedade em nome coletivo, sociedade limitada, sociedade anônima ou por ações, etc. (CC. art. 1.039 ao 1.092).
3) – Empresa Pública = Entidade dotada de personalidade Jurídica de Direito Privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividades econômica. Ex. Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais, Lei n.8.970/97 – Conab, Lei n. 8.029/90.
4) – Sociedade de Economia Mista = Entidade dotada de personalidade jurídica de Direito Privado, para a exploração de atividade econômica, sob forma de Sociedade Anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria a União.
Obs. A simples participação majoritária do Estado, como acionista, não caracteriza a empresa como sociedade de economia mista se a sua criação não se deu por ato legislativo.
São sociedades que regem pelo direito privado, ou seja, por normas comerciais e trabalhistas e também por normas tributárias, mas com cautela do direito público, ante o fato de estarem sujeitas a certos princípios. Exemplo: licitação, porque lidam com recursos ou capitais públicos.
c) AS FUNDAÇÕES (CC, ART. 62 a 69. CPC, art. 764 e s.):
São formadas a partir da indicação de um patrimônio, por testamento ou por escritura pública, com especificação do fim a ser destinado. 
 São as “UNIVERSITAS BONORUM” são universalidades de bens, personalizadas pela ordem jurídica, em consideração a um fim estipulado pelo fundador. É um acervo de bens livres, que recebe da lei capacidade jurídica para realizar as finalidades pretendidas pelo seu instituidor, em atenção aos seus estatutos, desde que religiosas, culturais ou assistenciais. (CC. art. 62,§ único), por ser meramente enunciativa e por indicar a exclusão de fins lucrativos.
A fundação deve almejar a consecução de fins nobres para proporcionar a adaptação à vida social, a obtenção da cultura, do desenvolvimento intelectual e o respeito a valores espirituais, artísticos, materiais ou científicos. Não pode haver abuso, desvirtuando-se os fins funcionais para atender a interesses particulares do instituidor.
Sua natureza consiste na disposição de certos bens em vista de determinados fins especiais, logo esses bens são inalienáveis, uma vez que asseguram a concretização dos objetivos colimados pelo fundador, em certos casos, comprovada a necessidade de venda, esta possa ser autorizada pelo magistrado, ouvindo o Ministério Público, que a tutela para oportuna aplicação do produto em outros bens destinados ao mesmo fim. (CC. arts. 66 e 69).
Seos bens forem insuficientes para constituir uma fundação, os bens doados serão, se outra coisa não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha o fim igual ou semelhante. (CC. art. 63).
Percebe-se que é um patrimônio (propriedade, créditos ou dinheiro), colocado a serviço de um fim especial, que deve Ter sempre um alcance social. Ex. hospital, um instituto cultural ou literário.
Quando a finalidade da fundação tenha se tornado ilícita, impossível, inútil ou vencido o prazo de sua duração, a sua extinção poderá ser promovida pelo Ministério Público ou qualquer interessado. (CC. art. 69).
FUNDAÇÃO:
- Uma ou mais pessoas (natural ou jurídica), um patrimônio (suficiente para a criação) e uma idéia de bem servir a coletividade.
- A fundação pode nascer através de uma escritura pública, com a interveniência do Ministério Público, ou através de testamento com presença apenas do testador.
Em vida = O instituidor vê sua obra nascer e frutificar (escritura pública).
Pós-morte = A instituição só se concretizará após a sua morte, através de pessoa previamente designada e ou, na sua falta, pelo Ministério Público.
Fundação aberta = Aquela que, após sua instituição, possibilitará que suas finalidades tenham abrangência para qualquer pessoa ou público, indistintamente.
Ex. Fundação Bradesco: manter e auxiliar cursos e escola de todos os graus.
Fundação fechada = Privilegia exclusivamente um grupo específico de pessoas, como os funcionários de uma determinada empresa.
Ex. Fundação Itaú Clube: assistência, cultura, recreativa e desportiva aos funcionários.
Obs. A entidade fundacional poderá ter finalidade cultural, educacional, social, política, ecológica, cientifica, hospitalar, previdenciária, voltada para a saúde, etc.
Ex. cuidar de crianças, idosos, deficientes, manutenção de um hospital ou de uma biblioteca, cuidar do meio ambiente, possuir um canal de TV ou emissora de rádio, etc. 
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS:
As pessoas jurídicas respondem, com seu patrimônio, por todos os atos ilícitos que praticarem, por meio de seus representantes.
Independentemente da natureza da pessoa jurídica (dto. público ou privado), estabelecido um negócio jurídico com observância dos limites determinados pela lei ou estatuto, deve ela cumprir o quanto pactuado, respondendo, com seu patrimônio, pelo eventual inadimplemento contratual, na forma do art. 389 do CC.
A responsabilidade da pessoa jurídica, pelos atos ilícitos dos seus empregados é extracontratual. (a ninguém se deve lesar) é perfeitamente aplicável às pessoas jurídicas os artigos 186, 187 e 927, § único do Código Civil, que não fazem acepção de quais pessoas são as destinatárias da norma.
A CF. art. 173, § 5º, dispõe que: LER.
O Código Civil ao cuidar da responsabilidade civil, o fez apenas quanto as pessoas jurídicas que tem finalidade lucrativa ou empresarial ao dispor que respondem pelos produtos postos em circulação.
Essas sociedades (CC. arts. 932, III, 933) respondem objetivamente pelos danos provocados e pelos atos ilícitos praticados pelos seus representantes.
A responsabilidade das Associações (não tem fins lucrativos) encontra respaldo no art. 186 do CC, (responsabilidade subjetiva).
Quanto à responsabilidade civil do Estado é com base no princípio da igualdade de todos perante a lei que ele deve indenizar o dano sofrido por um indivíduo, pois entre todos devem ser os ônus encargos equitativamente distribuídos. 
 
RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Há previsão legal de imputabilidade criminal para pessoas jurídicas, consoante a regra contida no art. 3º da Lei n. 9.605/98 – Dos Crimes Ambientais).
Desse modo, as pessoas jurídicas poderão ser responsabilizadas administrativamente, civil e penalmente, no caso em que a atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por decisão de seus representantes legais.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
Se a pessoa jurídica não confunde com as pessoas físicas que a compõem; se o patrimônio da sociedade personalizada não se identifica com os atos dos sócios, fácil será lesar credores, ou ocorrer abuso de direito, para subtrair-se a um dever, tendo-se em vista que os bens particulares dos sócios não podem ser executados antes dos bens sociais, havendo dívida da sociedade.
O afastamento da personalidade deve ser temporário, perdurando, apenas no caso concreto, até que os credores se satisfaçam no patrimônio pessoal dos sócios infratores, verdadeiros responsáveis pelos ilícitos praticados. Ressarcidos os prejuízos, sem prejuízo de simultânea responsabilização administrativa e criminal dos envolvidos, a empresa, por força do próprio princípio da continuidade, poderá desde que apresente condições jurídicas e estruturais, voltar a funcionar.
Entretanto em situações excepcional de gravidade, poderá justificar-se a desconsideração, em caráter definitivo, da pessoa jurídica, como a extinção compulsória pela via judicial, da personalidade jurídica.
Pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei n. 8.078/90, art. 28 e § 5º, expressa a respeito da teoria da desconsideração da pessoa jurídica.
O Código Civil colocou-se ao lado das legislações modernas, consagrou, em norma expressa, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, Ler CC. art. 50.
Segundo a regra legal, a desconsideração será possível, a requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir, se o abuso consistir em:
a) Desvio da Finalidade = desvirtuou-se o objetivo social, para se perseguirem fins não previstos contratualmente ou proibidos por lei.
b) Confusão Patrimonial = A atuação do sócio ou administrador confundiu-se com o funcionamento da própria sociedade, utilizada como verdadeiro escudo, não se podendo identificar a separação patrimonial entre ambos.
Obs. Nas duas situações faz-se imprescindível a ocorrência de prejuízo – individual ou social – justificador da suspensão temporária da personalidade jurídica da sociedade.
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA:
Assim como a pessoa natural, a pessoa jurídica completa o seu ciclo existencial, extinguindo-se.
Segundo a classificação consagrada na doutrina, poderá ser:
1) Convencional = É aquela deliberada entre os próprios sócios, respeitados o estatuto ou contrato social.
2) Administrativa = Resulta da cassação da autorização de funcionamento, exigida para determinadas sociedades se constituírem e funcionarem. Nesse sentido Caio Mário informa que: “se praticam atos opostos a seus fins, ou nocivos ao bem coletivo, a administração pública, que lhes dera autorização para funcionamento, pode cassá-la, daí resultando a terminação da entidade, uma vez que a sua existência decorrera daquele pressuposto”. 
3) Judicial: Nesse caso, observada uma das hipóteses de dissolução prevista em lei ou no estatuto, o juiz, por iniciativa de qualquer dos sócios poderá, por sentença, determinar a sua extinção.
No CC art. 51, dispõe que: nos casos dissolução da pessoa jurídica ou cassada sua autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para fins de liquidação, até que esta se conclua. Finda a liquidação, inclusive com a satisfação das obrigações tributárias, promover-se-á o cancelamento de inscrição da pessoa jurídica, o que será averbado no mesmo registro onde originalmente foi inscrita.
No caso da dissolução da sociedade, os bens que restarem deverão ser partilhados entre os respectivos sócios, observada a participação social de cada um. LER CC art. 51, § 2.º.
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Autores consultados:
Carlos Roberto Gonçalves
Maria Helena Diniz

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