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1-Introdução
Pretendemos neste texto tratar sobre as descobertas e resultados positivos das teorias de Kurt Lewin e Jacob Moreno, no avanço da compreensão da importância da atividade em grupo, brincadeiras e jogos como forma de fortalecer o indivíduo com o grupo e o ambiente escolar no processo ensino aprendizagem e propor sua utilização ao ensino jurídico como método de ensino.
Vamos destacar ao longo do texto, alguns aspectos conceituais e práticos destas teorias para análise da possibilidade de aplicação deste método em cursos jurídicos cujo ‘mito’ foi construído em torno de um ensino tradicional e formal.
O questionamento que trazemos como proposta de análise seria: “Será que a Dinâmica de Grupo e o Psicodrama, teorias baseadas em estudos da psicologia social, cujos resultados de aplicação de atividades de jogos, brincadeiras lúdicas e sócio-educativas no processo de ensinar resultaram positivas, poderiam subsidiar qualitativamente o exercício da docência no ensino jurídico?
Estas teorias defendem a idéia de que os indivíduos de modo geral, têm origem em um grupo, passam a vida entre estes e outros grupos que se formam ao longo da sua vida conforme se desenvolvem, e se inserem a cada um deles, seja em razão do trabalho, estudo, atividade musical, desportiva ou religiosa dando origem a diversidade cultural cada vez mais forte.
Perrenoud (1986 p. 28) explica que as diferenças sociais, culturais e econômicas, colaboram para as desigualdades no ensino formal, assim cabe ao professor garantir que todos os alunos tenham acesso a uma cultura de base comum na luta contra estas diferenças.
Encontrar diferenças deve ser um fator de desenvolvimento de situações de aprendizagem diferenciada. Diferenciar o ensino é organizar as interações e atividades de modo que cada aluno se defronte constantemente com as situações didáticas que lhe sejam mais fecundas.
Afirma ainda que:
A diferenciação reconhece a força do grupo como oportunidade de educação mútua e de aprendizagem. O professor deve ser como animador, ajudar o grupo a construir sua identidade coletiva, aprender a trabalhar em grupo, tomar consciências de suas limitações e dificuldades, e passar agir de acordo com elas. (Perrenoud, 1986 p.16).
Ao se observar o ser humano no seu cotidiano, pode-se constatar o quanto é grande o tempo que ele passa reunido em grupo. Desde o convívio com a família, escolas, igrejas, trabalho e outras atividades como diversão ou guerra.
Este argumento é sustentado por Zander e Cartwritgt (1975) em seu livro ‘Dinâmica de Grupo - Pesquisa e Teoria’, existem uma série de questões que se relacionam justamente com essas colocações. Entre algumas delas seriam as condições necessárias para o desenvolvimento e funcionamento de um grupo eficiente, e como os grupos influenciam o comportamento, o pensamento, a motivação e o ajustamento dos indivíduos.
Obviamente, por esses motivos, que há muito tempo pesquisadores de diversas áreas, principalmente filósofos e psicólogos, dedicam-se a estudar os fenômenos grupais. Desde antiguidade, filósofos gregos como Platão, Sócrates e Aristóteles já introduziam a idéia de que uma melhor interação com os outros, um melhor conhecimento dos outros levava a um melhor conhecimento de si mesmo. Porém foi no século XX que uma forma de estudar os grupos, diferentes das anteriores, foi desenvolvida, chamada ‘Dinâmica de Grupo’.
A expressão Dinâmica de Grupo, desde 1935 era utilizada vagamente por vários autores, porém, somente em 1944 com Kurt Lewin, um psicólogo judeu alemão radicado nos Estados Unidos é que ela veio a ser usada oficialmente.
Até o começo do século XX, quem quisesse estudar sobre a natureza dos grupos teria que recorrer à experiência pessoal ou a explicações complexas e amplas de escritores que não viam a necessidade de uma cumulação de dados empíricos cuidadosamente reunidos. Assim que o estudo da Dinâmica de Grupo resultou de muitos estudos durante um período de vários anos em diversas disciplinas e áreas profissionais. Dentre estas áreas que encorajam e acreditam na aplicabilidade desta atividade estão: o serviço social, educação, psicoterapia e administração.
Historicamente falando a “Dinâmica de Grupo pode ser vista como produto da sociedade específica em que surgiu”. (Cartwrigt 1975). A sociedade americana da década de 30 ofereceu condições culturais e econômicas favoráveis e propícias para o desenvolvimento desta técnica.
Darwin Cartwright e Alvim Zander (1975 p. 36), colegas e discípulos de Kurt Lewin, escreveram a célebre e hoje clássica coletânea organizada em 1952 com outras reedições 1967 e 1975 a seguinte definição: “A Dinâmica de Grupo é um campo de pesquisa dedicado ao desenvolvimento de conhecimento sobre a natureza dos grupos as leis de seu desenvolvimento e suas inter relações com indivíduos, outros grupos e instituições mais amplas”.
Segundo Minicucci (1993, p. 29) a Dinâmica de Grupo “constitui um campo de pesquisa voltado ao estudo da natureza do grupo, às leis que regem o seu desenvolvimento, e às relações indivíduo-grupo, grupo-grupo, e grupos-instituição”.
No mesmo sentido é a opinião de Matta (1975, p.02) que define esta metodologia como:
Um campo de investigação social interdisciplinar que se dedica a pesquisa sistemática, seja básica ou aplicada, em torno do modo como os grupos sociais se formam, desenvolvem e desintegram como ele afetam a conduta do indivíduo que os compõe, como esta modifica o comportamento dos grupos e de que maneira se inter-relacionam indivíduos, grupos, e estes com a vida coletiva na sociedade maior.
Também Lima, (1979, p.217) desenvolveu no Brasil pesquisas pioneiras na divulgação da orientação piagetiana do trabalho de grupo. Segundo ele: “A Dinâmica de Grupo é a explicação de como se estabelece a interação entre os indivíduos que não nascem programados para interagir”.
O professor Balduíno Andreola traz sua contribuição afirmando que:
No mundo agitado em que vivemos marcados pela massificação, é urgente que se criem espaços para que a pessoa humana possa desabrochar a caminho de sua plenitude. Espaços onde se busque ultrapassar as formas de relacionamento marcadas pela máscara, pelos mecanismos inconscientes, pela agressividade, pela competição e pela dominação. Isto só poderá acontecer através da experiência do outro, através da vivência grupal, num clima de liberdade, de aceitação, de diálogo, de encontro, de comunicação e de comunhão. Este é o sentido da Dinâmica de Grupo.(Andreola 1991 p.16)
Ao se observar atentamente as várias conceituações acima, pode-se perceber como são semelhantes às de Zander e Cartwright no que diz respeito principalmente ao concordarem que a Dinâmica de Grupo, é um campo de pesquisa voltado ao estudo de como os grupos nascem, desenvolvem, acabam e também como o grupo influencia o indivíduo e vice-versa.
A explicação mais plausível é que a obra dos autores americanos é um clássico de referência mundial e uma das poucas sobre Dinâmica de Grupo, justificando assim a grande quantidade de consultas e versões.
2-A Teoria de Kurt Lewin - Dinâmica de Grupo.
Kurt Lewin, juntamente com outros dois pesquisadores Lippit e White, desenvolveram um estudo entre 1937 e 1940 na Iowa Child Welfare Reserch Station[1] considerado como o de maior influência nos primórdios da Dinâmica de Grupo. Neste período, mais precisamente 1939 a 1940, passou do interesse da psicologia individual como a frustração e regressão, para psicologia dos grupos, articulada e definida por referencia constante ao meio social no qual se formam, integram-se e desintegram-se.
O objetivo básico dessas pesquisas era :
Estudar a atmosfera de grupo e tipos de liderança. Eles se apoiaram nos progressos anteriores das ciências sociais e nas suas aplicações práticas. Porém conseguiram sintetizar as diversas tendências com grande originalidade e significação provocando grande impacto na época e inspirando pesquisadores ate hoje. Inclusive foi em seu artigo sobre tipos de liderança
que Kurt Lewin utilizou pela primeira vez a expressão ‘Dinâmica de Grupo’.[2]
Primeiramente dedicou-se a estudar os grupos marginalizados, ou minorias psicológicas a partir da própria experiência como judeu. Com este trabalho chegou a duas conclusões:
Primeira toda exploração científica deve operar-se com referência á sociedade global na qual estes fenômenos se inserem; Segundo para abordar e interpretar estes fenômenos somente é possível com aproximação complementar do social e suas variáveis.(MAILHIOT 1977 p.45).
Com estas conclusões passou a opor-se às pesquisas laboratoriais para o estudo da psicologia social, pois as pesquisas só teriam valor se pudessem ser aplicadas e seus resultados constatados de forma eficaz e durável. Segundo ele, a pesquisa em psicologia de grupo deve originar-se de uma situação social concreta a modificar. (MAILHIOT, 1977 p.46)
Em seus estudos sobre resistências emotivas à mudança social, afirma que a adaptação social não pode definir-se operacionalmente. “Deduz que a conduta de todo indivíduo em grupo é determinada de uma parte, pela dinâmica dos fatos, e de outra pela dinâmica dos valores que percebe em cada situação”. (MAILHIOT 1977 p.57).
A mudança social implica em uma modificação do campo dinâmico no qual o grupo se encontra. Podem-se identificar três tipos de fenômenos distintos: os grupos não sentem nem experimentam nenhum desejo a evoluir é o caso de grupos conformistas; tentam mudar, mas esbarram na parte dos membros do grupo que tem interesses diversos, e o caso dos grupos compostos por indivíduos não-conformistas.
Em 1945, já professor em Harvard, funda a pedido do M.I.T. Massachusetts Instituto of. Technology, um centro de pesquisas em dinâmica de grupos, o ‘ Reserch Center for Group Dynamics’. Neste instituto, Lewin contribuía para criar um clima de “fervor intelectual excepcional, exigindo que tudo fosse discutido explorado e decidido pelo grupo como as hipóteses, objetivos, metodologia e experimentação, estabelecendo com seus colaboradores relações igualitárias”.
A metodologia desses cursos era um conjunto de atividades que consistia basicamente em estudos de casos, palestras, jogos de desempenho de papéis etc. Em 1946, em um desses cursos, os participantes por não terem o que fazer à noite, pediram aos observadores para que os deixassem assistir as reuniões em que estes trocavam informações sobre as atividades do dia.
Os alunos começaram então a reagir questionando e refletindo, quando tomaram conhecimento das observações feitas sobre eles. Assim, essas reuniões noturnas com objetivo de organizar as atividades do dia seguinte, tornaram-se um local de discussões acaloradas e interessantes.
Assim surgiu o T. Group- Traninig Group[3], segundo Maria Ferreira Aguiar ( 1989 p.99): “A grande contribuição de Kurt Lewin foi trazer para a psicologia o conceito de grupo como uma entidade psicossociológica com características próprias e a noção de que o comportamento de um indivíduo é altamente influenciado pelos vários grupos aos quais ele pertence. Por meio de contribuição de Lewin, tornou-se possível à abordagem científica dos processos grupais”.
A experiência preparada por Lewin no M.I.T., com seus colaboradores mostrou-se concludente.Eles descobriram que a produtividade de um grupo e sua eficiência estão estreitamente relacionada não somente com a competência de seus membros, mas sobretudo com solidariedade de suas relações interpessoais.
Esta experiência de Kurt Lewin influenciou também um psicólogo americano, professor em Harvard, W.C. Schutz. O resultado de seu trabalho foi publicado em 1958 que inclui ao mesmo tempo uma teoria de comportamento interpessoal e um instrumento que permite avaliar a qualidade funcional da teoria.
Durante o desenvolvimento dos jogos didáticos simula-se a ocorrência de fatos e situações reais ou hipotéticas. Nesse contexto, os jogos didáticos devem ser desenvolvidos tendo como base os objetivos docente-educativos, por meio da simulação das situações reais.
Gimenez (2003) lista os seguintes benefícios dos jogos didáticos: (abaixo transcrevemos na íntegra as condições indicadas pelo autor).
- Desenvolvimento agradável das aulas
- Formação e estímulo do interesse cognoscitivo
- Aumento da compreensão dos conteúdos
- Desenvolvimento das relações interpessoais e a formação de hábitos de convivência
- Desenvolvimento de atitudes e habilidades práticas.
Com a morte de Lewin em 1947, com 57 anos, o T. Group sofreu muitas influências de algumas tendências que já existiam na época e de outras que apareceram depois, o Psicodrama de Moreno.

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