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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA CURSO SUPERIOR TECNÓLOGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP AUTOR: GUSTAVO HENRIQUE DANTAS O USO DIFERENCIADO DA FORÇA EM ABORDAGEM POLICIAL Artigo a ser apresentado à Banca do Exame do Curso Superior de Tecnólogo em Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA, como requisito para aprovação na disciplina de TCC em Segurança Pública. Orientador: prof. PAULO JORGE DOS SANTOS FLEURY NATAL – RN ABRIL de 2019 2 O USO DIFERENCIADO DA FORÇA EM ABORDAGEM POLICIAL THE DIFFERENTIAL USE OF STRENGTH IN POLICE APPROACH GUSTAVO HENRIQUE DANTAS Prof. PAULO JORGE DOS SANTOS FLEURY RESUMO O presente artigo tem como objetivo central, debater de maneira conceitual sobre o uso diferenciado da força em abordagens pessoais realizadas pela polícia. Foi possível inferir que apesar de todo cidadão ter o direito de ir e vir sem ser molestado, este benefício não tem garantia absoluta. Mas, por outro lado, o responsável pela aplicação da lei em prol da coletividade e de acordo com a legislação vigente, poderá realizar busca pessoal em qualquer do povo que se encontre em fundada suspeita. e utilizando-se do poder de polícia e observando aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência. Deverá a autoridade policial utilizar o uso diferenciado da força nas intervenções durante sua atuação. No caso de haver resistência e agressões em desfavor da abordagem, utilizando os meios necessários e estabelecendo formas de conter o abordado, afim de dominá-lo. A justificativa para a escolha do tema paira sobre sua contemporaneidade, bem como na expectativa de contribuir para o âmbito acadêmico dos cursos de formação das policias do Brasil. O método de pesquisa empreendido segue natureza qualitativa, com pesquisa do tipo bibliográfica. Palavras-chave: uso da força; abordagens policiais; segurança pública. 3 ABSTRACT The main objective of this article is to discuss conceptually the differential use of force in personal approaches by the police. It was possible to infer that although every citizen has the right to come and go without being disturbed, this benefit does not guarantee citizens the full immunity to transit without being searched. But, on the other hand, the person responsible for law enforcement for the benefit of the community and in accordance with current legislation, may conduct a personal search in any of the people who are in a suspect. and using police power and observing the principles of legality, necessity, proportionality, moderation and convenience. The police authority should use the differentiated use of force in the interventions during its performance. In case there is resistance and aggression against the approach, using the necessary means and establishing ways to contain the approach, in order to dominate it. The justification for choosing the theme hovers about its contemporaneity, as well as the expectation of contributing to the academic scope of the police training courses in Brazil. The research method used is qualitative, with bibliographic research. Keywords: use of force; police approaches; public security. 4 1. INTRODUÇÃO É bem verdade que todo cidadão tem o direito de ir e vir sem ser molestado, (disposto no Art. 5, inc. XV da Constituição Federal de 88, no qual menciona ser livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. ), todavia, não garante ao cidadão plena imunidade a ponto de não poder ser abordado ou revistado pela autoridade policial quando necessário. Por outro lado, o responsável pela aplicação da lei em prol da coletividade e de acordo com a legislação vigente poderá realizar busca pessoal em qualquer do povo que se encontre em fundada suspeita. A 'fundada suspeita', prevista no art. 244 do CPP, não pode apoiar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que justifiquem a necessidade da revista, por causa do constrangimento que causa no cidadão. Se por exemplo, dois indivíduos em uma motocicleta utilizando casacos em um local com alto índices de crimes cometidos com armas de fogo, por elementos com essas características, diante disso esses dois estão em fundada suspeita e poderão ser abordados. Também o ‘poder de polícia’, deve ser observado como um conjunto de ações limitadoras dos direitos individuais que autoriza a intervenção do estado, executada por intermédio de seus agentes, em interesse da coletividade. São atos administrativo, discricionário, auto executório e coercitivo. Isso Significa que a abordagem é realizada de oficio. Conforme disposto no Art. 78 do Código Tributário Nacional - Lei 5172/66. Muito se tem discutido, acerca do uso diferenciado da força nas intervenções policiais durante sua atuação. No caso de haver resistência e agressões em desfavor da abordagem de várias formas e graus de intensidades, o aplicador da lei utilizará os meios necessários estabelecendo formas de conter o abordado, afim de dominá-lo. Para lidar com essas situações foram definidos os níveis de uso da força. A PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A), Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública. Além disso, define os níveis de força e a relação de causa e efeito, para avaliação de risco e tomada da decisão adequada para fazer cessar a agressão de acordo com a reação do abordado. como por exemplo, as resistências passivas, resistências ativas com agressões físicas e letais, entre outras promovidas pelo infrator. No qual poderão ser utilizados pelo policial, desde a presença policial e a verbalização, o controle de contato físico e o uso dos EMPO (Equipamento de Menor Potencial ofensivo), até o uso letal da arma de fogo. Isso tudo com o objetivo de cessar uma injusta agressão sofrida pelo agente de segurança. 5 Em consequência disso, para não haver excessos no uso da força por parte dos agentes de segurança pública, a portaria 4.226/10 é taxativa em seu anexo 1, 2. Aodizer que deverá ser obedecido aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência. A inobservância desses princípios poderá causar processos judiciais e penas por excessos cometidos e responsabilização aos envolvidos em alguma intervenção equivocada. O parágrafo único do artigo 23 do Código Penal Brasileiro é muito claro ao dizer que “O agente, em qualquer hipótese responderá pelo excesso doloso ou culposo”, ou seja, responderá pelo crime, mesmo nos casos de estado de necessidade, legítima defesa ou em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Segundo as doutrinas reproduzida pela SENASP (secretaria nacional de segurança pública) no curso de polícia comunitária CONSEG (Conselhos Comunitários de Segurança), ao analisar que antigamente a maioria dos problemas de segurança pública eram resolvidos na força, legado deixado por uma sociedade patriarcal e autoritária, agravado pela falta de estrutura das forças policiais. ‘’ todo o uso diferenciado da força era resolvido na base do Revólver’’. No entanto, com as mudanças nos costumes da sociedade observou-se a necessidade de um novo modelo de policiamento e técnicas e táticas de aproximação, policia e população, afim de unifica-los na luta e prevenção contra a criminalidade. No qual conforme disposto na constituição federal de 1988 no Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas. 6 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Direito de ir e vir dos cidadãos. Conforme Jean Ri vero "A liberdade de locomoção é o poder de autodeterminação, no qual o homem escolhe seus comportamentos pessoais". Esse direito surgiu com a Magna Carta de 1215, produzida pelos nobres ingleses contra o rei João Sem Terra, com o intuito de acabar com as arbitrariedades dos reis absolutistas. que em seu artigo 39 proclamava: "Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra.". Desde então, esse modelo vem sendo adotado pelos Estados Democráticos de Direito. Com passar dos tempos na Declaração Universal dos Diretos Humanos, adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. E foi acrescentado em seu artigo 13 a seguinte legenda, “toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado”. Diante disso nasce então para os países membros da ONU (Organização da Nações Unida). o direito de ir e vir em seus territórios. Todavia, apesar do brasil ser membro da ONU e ter aderido a DUDH em 1948, só foi acrescentado no texto constitucional o direito de ir e vir, Em 1988 quando o Brasil promulga a Constituição Cidadã, que vigora atualmente. E dessa forma agregou diversas liberdades, como a liberdade de locomoção, de pensamento, de opinião, de religião, de consciência e artística. Quanto à primeira delas encontra-se acolhida no art. 5, XV da CF de 88, no qual diz “É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Convém lembrar que, quando o direito de liberdade for violado ou ameaçado, o cidadão poderá dispor do Habeas Corpus, instrumento jurídico utilizado para proteger o direito de ir e vir. 7 2.2. Restrições ao Direito à Liberdade de Locomoção. No entanto, apesar de fundamental, o direito de ir e vir não é um direito absoluto e pode ser suprimido em determinadas situações, observadas nos princípios da lei. São delimitações previstas na legislação brasileira para que se restrinja a ação do Estado em determinadas circunstâncias. Por exemplo na busca pessoal, utilizada para fins preventivos ou repressivos, que visa a procura de produtos de crimes, objetos ilícitos ou lícitos que possam ser utilizados para pratica de crimes que estejam de posse de um abordado em posição suspeita. Será realizado no corpo, nas vestimentas e pertences dele, observando todos os aspectos legais necessários, a busca poderá ser realizada independente de mandado judicial, desde que haja fundada suspeita, (ART 244 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO). Alguns aspectos deverão ser analisados através da atitude do cidadão e o ambiente onde ele está localizado. Como por exemplo: - Ser flagrado cometendo o delito; - Mesmas características física e de vestimentas usada por autor de infrações; - Comportamento suspeito (tenção, nervosismo, aceleração dos passos, mudança brusca de direção); - Envoltórios observáveis na cintura ou em outras partes do corpo; - Individuo parado em local ermo ou de grande incidência de criminalidade; - Pessoa portando objeto duvidoso; - Elemento que tenta se evadir de um bloqueio policial, entre outros. 2.3. Aspectos legais Os agentes de segurança devem estar preparados tática e tecnicamente para realização de busca em pessoas, para que não haja arbitrariedades ou discriminações. A simples ação de abordar e efetuar a busca pessoal está condicionada a existência de indícios que configurem a ‘fundada suspeita’, requisito fundamental e indispensável para a realização do procedimento. O código de processo penal prever que: art. 244 – A busca pessoal independerá de mandado judicial, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja de posse de arma proibida ou de objetos que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada em busca domiciliar. E também o artigo 292 do CPP, dispõe que caberá ao abordado cumprir as ordens emanadas pelo policial, sob pena de incorrer no crime de desobediência, previsto no artigo 330 do código penal (CP). Outro aspecto legal que deve ser utilizando pelo aplicador da lei é o ‘poder de polícia’ que é inerente ao seu cargo, conforme disposto no artigo 78 do código tributário brasileiro, é uma faculdade que dispõe a administração pública para o controle dos direitos e das liberdades das pessoas, pautando-se nos ideais do bem comum. 8 2.4. Atributos do poder de polícia 1) Discricionariedade: compete ao policial decidir e julgar quanto a atividade policiada, segundo critérios de convivência, oportunidade e justiça, inclusive qual atitude de polícia a ser imposta, tudo nos limites da lei. 2) Auto executoriedade: é a atuação policial sem precisar de previa aprovação ou autorização do poder judiciário para ser realizado. 3) Coercibilidade: é a atuação de polícia inevitável, exigindo-se o emprego da força para realiza-lo. Entretanto não pode ser confundido pelo arbítrio, caracterizado pela violência e pelo excesso. 2.5. Modelos de atuação do poder de polícia 1) Ordem policial: principio pelo qual o estado determina restrições as pessoas, para que não se pratique tudo aquilo que possa prejudicaro bem comum ou deixar de fazer algo que poderia evitar prejuízo público. 2) Consentimento de polícia: fiscalização feita pelo estado, conciliando o interesse particular com o interesse público. É uma licença que vincula um direito ou autorização revogável a qualquer momento dependendo das circunstâncias adotadas. 3) Fiscalização de polícia: é a averiguação de oficio ou determinada, do cumprimento das ordens e concessão de polícia. Tem dupla finalidade, a preservação e a repressão das infrações. Quando a fiscalização de policia é exercida em matéria de ordem pública, recebe o nome de policiamento. 4) Sanção policial: é a intervenção punitiva do estado para reprimir a infração. Tratando-se de ofensa à ordem pública o interesse da coletividade se sobressai sobre o privado. É importante lembrar que as buscas pessoais são realizadas em prol de um bem comum e interesse da coletividade, ainda que possa causar eventuais constrangimentos de caráter individual. É importante que a restrição dos direitos individuais se dê o mínimo possível, ou seja, no limite do que possa ser considerado necessário e razoável, para que não possa ser interpretada como excesso e abuso de autoridade. 9 2.6 Ocasiões que o policial deverá utilizar o uso diferenciado da força Quando em uma abordagem um elemento resistir a busca mediante agressão física ou grave ameaça, ele estará incorrendo no crime de resistência, previsto no artigo 329 do CP. Neste caso o policial usará a força adequada para vencer a resistência ou se defender conforme previsão legal. Rover (2000) lembra que: “Os Estados não negam a sua responsabilidade na proteção do direito à vida, Liberdade e segurança pessoal quando autorizam aos seus encarregados de aplicação da lei a utilização da força e arma de fogo quando necessário”. O trabalho do agente de segurança pública é complicado, tendo em vista que é legal a utilização da força em abordagens para conter resistências ou para própria defesa do policial. Porém, isso só será possível se estiver esgotada todas as possibilidades de negociação, persuasão e mediação de conflitos. Conforme FARIA (1999) ‘’Os órgãos de segurança pública existem para servir à sociedade e para proteger os seus direitos mais fundamentais’’. Já Cerqueira (1994, p. 1) acrescenta essa ideia ao relatar que: “O sistema de justiça criminal, no qual se inclui a polícia, atua fundamentalmente para garantir os direitos humanos, em sentido estrito, e, portanto, a lógica de uso da força para conter a violência é perfeitamente compreensível”. 2.7. Legislação Internacional O Código de Conduta para os Encarregados pela aplicação da Lei - CCEAL É o código adotado por intermédio da resolução 34/169 da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 17 de dezembro de 1979. É um instrumento internacional, com o objetivo de orientar os Estados membros quanto à conduta dos agentes de segurança pública. ARTIGO 3.º ‘’Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o cumprimento do seu dever’’. O código objetiva sensibilizar os integrantes das organizações responsáveis pela aplicação da lei, para a enorme responsabilidade que os Estados os confiam na utilização da força. Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradante – ONU. Adotada pelo Resolução 39/46, da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10/12/1984 – ratificada pelo Brasil em 28/09/1989. Os Estados reconhecem em comum acordo os direitos que assistem da dignidade à pessoa humana de acordo com os princípios escolhidos na Carta das Nações Unidas levando em consideração a proteção de todas as pessoas contra a tortura e outros tratamentos degradantes, cruéis e desumanos, que estabelecem na presente convenção a luta contrastais intervenções em todo o mundo. 10 O Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo – PBUFAF É o segundo instrumento internacional mais importante sobre o uso da força e arma de fogo. Esses princípios foram adotados no oitavo congresso das Nações Unidas sobre a “Prevenção do Crime e o Tratamento dos Infratores”, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de setembro de 1990. Os princípios dos PBUFAF concordão com a importância e complexidade do trabalho dos agentes de segurança pública, além de destacar um papel inerente na proteção da vida, liberdade e segurança de todas as pessoas. Orienta para à importante da preservação da ordem pública e paz social, bem como da relevância das qualificações e treinamentos das condutas dos encarregados da aplicação da lei. 2.8. Legislação Nacional A Constituição da República Federativa de 1988, no art. 144, estabelece que a “Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, por intermédio de vários órgãos dos Órgãos de Segurança. (grifo nosso). Pode ser observado no Código Penal as justificativas ou causas de exclusão da antijuridicidade elencada no artigo 23, ou seja, estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. O Código de Processo Penal contém em seu conteúdo dois artigos que permitem o emprego de força pelos agentes de segurança pública no seu estrito cumprimento do dever legal, são eles: Art. 284. ‘’Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga do preso’’. Art. 293. ‘’Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão’’. A Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010, estabelece as diretrizes sobre uso da força pelos agentes de segurança pública. O uso legítimo da força não se confunde com truculência, conforme Balestreri: ‘’A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo racional pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de agentes de segurança pública e criminosos’’. (Balestreri, Direitos Humanos: coisa de Polícia). 11 Conforme ROVER 2000, p. 274. “A segurança pública não é uma profissão em que se possa realizar medidas padronizadas para problemas padronizados que ocorrem em intervalos constantes.” isso quer dizer que para cada reação de um abordado haverá uma ação diferente do policial, porém está ação não segue um padrão sistemático, (como uma receita de bolo), no qual poderá ser totalmente modificadoem fração de segundos conforme a necessidade e a reação do abordado. (imagem retirada do Google imagens sobre uso diferenciado da força) O modelo apresentado é um gráfico em forma de pirâmides com degraus em seis níveis, representados por cores. De um lado esquerdo há a percepção do agente de segurança pública em relação à atitude do suspeito. Do outro lado direito, as respostas de acordo com as reações de forças possíveis em relação à atitude do suspeito. Na prática, sua resposta como agente aplicador da lei será regulada pela reação do suspeito. Ele decide o que quer de você, e, com suas próprias ações ou pelo modo como se comporta, esse elemento justificará a utilização de certo nível de força pelo agente de segurança pública, empregando apenas a força necessária para controlá-lo. 12 COMPORTAMENTO DO SUSPEITO AÇÃO POLICIAL NORMALIDADE: indicativo de atividade criminosa. PRESENÇA POLICIAL: policiamento ostensivo em locais de grande índice de criminalidade. COOPERATIVO: Ao receber voz de prisão, o suspeito é solicito, segue as orientações, e está cooperando. VERBALIZAÇÃO POLICIAL: comando verbal, identificação de uma infração penal, orientações verbais, avaliação, posicionamento, decisão por prisão, procedimentos cabíveis. RESISTENCIA PASSIVA: resiste a prisão, não coopera e nem acata as ordens, resistência verbal, foge da polícia. CONTROLE DE CONTATO: comando verbal, persuasão verbal, técnicas de mão livre, decide sobre a prisão, técnica de distração, contenção e condução pacifica. RESISTENCIA ATIVA: ameaça desarmada, resistência e agressão física, luta corporal. CONTROLE FISICO: comando verbal, uso de técnicas de defesa pessoal, cave de articulação, chave de pescoço, ponto de pressão, imobilização e condução. AGREÇÃO NÃO LETAL: ameaça desarmada, agressão física, ameaça com pedaço de madeira, pedra e outros objetos lesivos. TECNICAS DEFENSIVAS NÃO LETAIS: comando verbal, uso do EMPO (equipamento de menor potencial ofensivo). Exemplo: bastão, gás CS, GÁS OC, disparo com munição elastômero, disparo com a TESER, ENTRE OUTROS. AGREÇÃO LETAL: ameaça portando arma letal, tais como: arma de fogo, arma branca. FORÇA LETAL: comando verbal, mão na arma, sacar, apontar e disparo letal. Esse modelo foi baseado em REMSBERG, sabendo que um “modelo de uso da força” é um recurso visual, destinado a auxiliar na conceituação, planejamento, treinamento e comunicação dos critérios sobre o uso da força pelos policiais. 13 2.9. Princípios básicos sobre o uso da força Os Princípios sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados por consenso em 7 de setembro de 1990 por ocasião do Oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, entre outras recomendações, no item 2 do Preâmbulo salientamos. Em resposta a essas recomendações, o Brasil editou, em dezembro de 2010, a PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, que Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública, no qual deve ser norteado pela preservação da vida, da integridade física e da dignidade de todas as pessoas envolvidas em uma intervenção e, ainda, pelos princípios essenciais relacionados seguir: (imagem retirada do Google imagens sobre uso diferenciado da força) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: É a utilização de força para a execução de um objetivo legal e nos limites da lei. Este princípio deve ser entendido sob os aspectos do Resultado, tendo que ser justificada a motivação para todas as intervenções policiais. Deste modo, a lei protege o resultado da ação agente de segurança pública. (Interpretação dos Princípios 5 do PBUFAF). 14 Exemplo: O princípio da legalidade não está presente se o agente de segurança pública usa de força física e violência para extrair a confissão de uma pessoa. A tortura é vedada em qualquer situação e protegida pelos direitos humanos e na Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradante – ONU. Por outro lado, considera-se que os meios e métodos utilizados pelo agente de segurança pública devem ser legais, ou seja, em conformidade com as normas nacionais e internacionais. Conforme artigo 1º do CEAL, os policiais não cumprem o princípio da legalidade se durante o serviço, usarem armas e munições não autorizadas pela Instituição, tais como armas sem registro ou com numeração raspada, dentre outras. PRINCÍPIO DA NECESSIDADE: É o uso de força em um nível mais auto conforme Interpretação do princípio 4 do PBUFAF, informa que determinado nível de força só pode ser empregado quando outros níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos. Como por Exemplo, se um agente de segurança pública utilizando da força potencialmente letal (disparo de arma de fogo), para defender a sua vida ou de um terceiro que se encontra em perigo iminente de morte, provocado por um infrator, ele estará fundamentado pelo estado de necessidade, isso sempre em que outros meios não tenham sido suficientes para impedir a agressão. PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE: É o nível de força utilizado pelo agente de segurança pública, no qual deve ser conciliável, com a gravidade da ameaça representada pela ação do infrator, e com o objetivo legal pretendido. Essa Gravidade para ser ponderada, deverão ser considerados, entre outros aspectos, a potencialidade, a periculosidade e a forma de agir do agressor, e também a hostilidade do ambiente e os meios disponíveis ao agente de segurança pública no momento da ocorrência. 15 De acordo com a evolução da ameaça o agente de segurança pública readequará o nível de força a ser utilizado, tornando o proporcional às ações do infrator, o que confere uma característica dinâmica a este princípio. Exemplo: uma ação não é considerada proporcional quando um agente de segurança pública, efetua um disparo letal na cabeça de um suspeito que estará reagindo passivamente a abordagem, apenas com gestos e ameaças contra o policial. Neste caso, a verbalização e/ou controle de contato corresponderão ao nível de força indicada proporcionalmente. Objetivo Legal consiste em identificar se o resultado da ação policial está pautado na lei. Visa à proteção da vida, integridade física e patrimônio das pessoas; além da manutenção da ordem pública e a restauração da paz social. (Interpretação do princípio 5 “a” dos PBUFAF). PRINCÍPIO DA MODERAÇÃO É o emprego de força pelos agentes de segurança pública que deverá ser medido, com o objetivode reduzir possíveis efeitos negativos decorrentes de uma abordagem policial. O nível de força utilizado pelo agente de segurança pública na intervenção deverá ter a intensidade e a duração suficientes para conter a agressão. Este princípio visa evitar o excesso no uso de força. Considera-se imoderada a ação do agente de segurança pública que após cessada ou reduzida a agressão, continua empregando o mesmo nível de força. Exemplo: O agente de segurança pública que continua apertando o pescoço do agressor, mesmo quando ele já estiver caído ao solo imobilizado ou algemado, sem qualquer outro tipo de reação, ou persistir no uso do bastão, gás /agente químico. (Interpretação do princípio 5 “a” dos PBUFAF). PRINCÍPIO CONVENIÊNCIA O princípio da conveniência diz respeito à oportunidade e à aceitação de uma ação do agente de segurança pública em um determinado contexto, ainda que estejam presentes os demais princípios. As consequências do uso de força serão avaliadas de maneira dinâmica, pois se estas forem consideradas mais graves do que a ameaça sofrida pelas pessoas, será recomendável aos agentes de segurança pública reverem o nível de força utilizado. É adequado reavaliar os procedimentos táticos empregados, inclusive considerar a possibilidade de abster-se do uso de força. 16 A força não será empregada quando houver possibilidade de ocasionar danos de maior relevância em relação aos objetivos legais pretendidos. Exemplo: Não é adequado ao agente de segurança pública repelir os disparos de um agressor em uma área com grande movimentação de público devido à possibilidade de se vitimar outras pessoas, mesmo que estejam sendo observados os princípios da legalidade, necessidade e proporcionalidade naquela ação. (interpretação da portaria 4.226/10 anexo 2. princípio da conveniência). 2.10. Novo modelo de polícia O processo de construção da segurança pública passa pela reunião dos esforços de toda a comunidade. Desde os cidadãos e as cidadãs, associações comunitárias, organizações não-governamentais, passando por pesquisadores, estudiosos, profissionais e órgãos municipais, estaduais, distritais e federais, parceiros essenciais nesta empreitada. As instituições de segurança estatais concentram parte importante das iniciativas públicas, contudo estão distantes de representarem a solução de todos os problemas. Pensar a polícia como panaceia em segurança é conduzir equivocadamente as discussões, resultando em soluções paliativas. Entretanto, tratar de inovações organizacionais para as agências policiais é uma vertente necessária da construção da segurança. Neste sentido, insere-se a presente publicação, que busca contribuir com o processo de formação e aperfeiçoamento dos operadores de segurança pública por meio da filosofia de Polícia Comunitária. (interpretação da aula 4, Curso Polícia Comunitária - conseg, produzido pela senasp). 2.11. A Emergência de Novos Modelos Do livro Policiamento Comunitário e o Controle sobre a Polícia As atuais reformas na área policial estão fundadas na premissa de que a eficácia de uma política de prevenção do crime e produção de segurança está relacionada à existência de uma relação sólida e positiva entre a polícia e a sociedade. Fórmulas tradicionais como sofisticação tecnológica, agressividade nas ruas e rapidez no atendimento de chamadas do 190 se revelam limitadas na inibição do crime, quando não contribuem para acirrar os níveis de tensão e descrença entre policiais e cidadãos. 17 Mais além, a enorme desproporção entre os recursos humanos e materiais disponíveis e o volume de problemas, forçou a polícia a buscar fórmulas alternativas capazes de maximizar o seu potencial de intervenção. Isto significa o reconhecimento de que a gestão da segurança não é responsabilidade exclusiva da polícia, mas da sociedade como um todo. Trabalha-se hoje no sentido de se identificar à natureza dessas tarefas e de se realizar as mudanças operacionais e organizacionais para que a polícia as desempenhe de maneira eficaz. Essas ideias se inserem nos conceitos de “policiamento comunitário” e “policiamento orientado ao problema”. O policiamento comunitário (principal abordagem neste documento) expressa uma filosofia operacional orientada à divisão de responsabilidades entre a polícia e cidadãos no planejamento e na implementação das políticas públicas de segurança. O conceito revela a consciência de que a construção de uma relação sólida e construtiva com a sociedade pressupõe um empenho da polícia em adequar as suas estratégias e prioridades às expectativas e necessidades locais. Se não houver uma disposição da polícia de pelo menos tolerar a influência do público sobre suas operações, o policiamento comunitário será percebido como “relações públicas” e a distância entre a polícia e o público será cada vez maior. (interpretação da aula 2, Curso Polícia Comunitária - conseg, produzido pela senasp). 2.12. A Importância da Polícia De acordo com a doutrina de polícia comunitária, A importância da polícia pode ser resumida na célebre afirmativa de Honoré de Balzac: “os governos passam, as sociedades morrem, a polícia é eterna”. Na verdade, não há sociedade nem Estado dissociados de polícia, pois, pelas suas próprias origens, ela emana da organização social, sendo essencial à sua manutenção. Desde que o homem concebeu a ideia de Governo ou de um poder que suplantasse a dos indivíduos, para promover o bem-estar e a segurança dos grupos sociais, a atividade de polícia surgiu como decorrência natural. O Desembargador Antônio de Paula 3, entende que a Polícia pode ser definida como a organização destinada a prevenir e reprimir delitos, garantindo assim a ordem pública, a liberdade e a segurança individual. Afirma ser a Polícia a manifestação mais perfeita do poder público inerente ao Estado, cujo fim é assegurar a própria estabilidade e proteger a ordem social. 18 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo do presente artigo é de conscientizar os cidadãos sobre um pouco do trabalho da polícia, e que em uma abordagem a restrição temporária de um direito constitucional, como o de locomoção, se dá em prol de uma coletividade, com o intuito de prevenir que crimes a contenção futuramente e acabem com a tranquilidade e a ordem pública da sociedade. E também alertar a os agentes de segurança pública para a importância de se qualificar e está bem instruído sobre as condutas certas a serem tomadas em determinadas ocorrências, sempre pautar-se nas doutrinas e princípios norteadores das legislações, para que em suas ações não existam arbitrariedades, truculência ou excessos, e com isso possa cumprir seu principal papel diante da população que é a preservação e a manutenção da ordem pública. Diante disso as autoridades responsáveis pela segurança pública e seus órgãos de segurança, devem investir mais em marketing institucional, com o objetivo de conscientizar e instruir a população, sobre os direitos e deveres que a legislação Brasileira garante, mas também sobre modos de comportamento a serem tomadosquando diante de ações legais policiais a serviço do cidadão. Com por exemplo, propagandas educativas, panfletagens em residências, palestras em escolas e empresas, programas de televisão, entre outros. E dessa forma quebrar a barreira que existe entre a sociedade e polícia, unindo-os com o objetivo de lutar contra a criminalidade, até mesmo uma simples denúncia feita pela população ou uma atitude solidaria do policial, contribuirá para a harmonia e um trabalho em equipe, no qual só quem ganha é a sociedade e quem perde são os bandidos. Conforme disposto na constituição federal de 1988 no Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas. 19 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS . Art. 5, inc. XV da Constituição Federal de 1988. . "A 'fundada suspeita', prevista no art. 244 do CPP . Art. 78 do Código Tributário Nacional - Lei 5172/1966. . PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A), que Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública. . portaria 4.226/2010 anexo1, 2. princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência. . parágrafo único do artigo 23 do Código Penal Brasileiro(7\12\1940) . produzido pela senasp, Curso Polícia Comunitária - conseg pr www.conseg.pr.gov.br/arquivos2/File/material.../PoliciaComunitaria_completo.pdf, (08\02\2008). . caput do artigo 144 da constituição federal de 1988 Liberdade de Locomoção (art. 5º, XV) - Jusbrasil https://beacarrdoso.jusbrasil.com.br/artigos/419590479/... Disponível em: http:https://beacarrdoso.jusbrasil.com.br/artigos/419590479/liberdade-de- locomocao-art-5-xv .https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI221792,91041- Magna+Carta+completa+800+anos .https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf . Código Penal, DECRETO-LEI Nº 2.8848, (7/12/1940) . 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(imagens retiradas do Google imagens sobre o uso diferenciado da força) https://www.google.com/search?biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1&ei=Lj- uXJzWFvLZ5OUP_9KUqA0&q=uso+diferenciado+da+for%C3%A7a&oq=uso+difere &gs_l=img.1.0.0l2j0i8i30j0i30j0i8i30l6.2320.8487..10217...2.0..0.181.1869.0j12......0... .1..gws-wiz-img.....0..0i67j0i5i30.CqRuWqeIkeY#imgrc=-spEupKuwq3vcM: .(Balestreri, Direitos Humanos: coisa de Polícia) (http://www.dhnet.org.br/educar/balestreri/php/dh4.html) .http://www.tjmt.jus.br/INTRANET.ARQ/CMS/GrupoPaginas/105/988/Multiplicador_P ol%C3%ADcia_Comunit%C3%A1ria.pdf. (modelo de polícia comunitária SENASP). . Honoré de Balzac, https://kdfrases.com/frase/126595 . O Desembargador Antônio de Paula 3, Teorias Sobre Policia Comunitária - pt.scribd.com. . ROVER 2000, p. 274. . FARIA (1999) . CERQUEIRA (1994, p. 1)
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