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CRIMINALISTICA

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Atualizada pela Coordenação Técnica Pedagógica – CFAP/2019 
 
 
 
 
 
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EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA PEDAGÓGICA: 
 
Cel QOPM Edilene Soares da Silva (Diretra da Diretoria de Ensino) 
Cel QOPM Harlan da Silva Nascimento (CMT do CFAP); 
TC QOPM Anderson Fernando Holanda Maciel (Sub CMT do CFAP); 
Major QOPM Josemar Costa Pinto Junior (Chefe da Divisão de Ensino); 
 
Responsável pela edição e aprimoramento textual: 
 Cel QOPM Harlan da Silva Nascimento – Cmt. CFAP
 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
Este trabalho representa um esforço coordenado dos integrantes do Centro de 
Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CFAP e objetiva fomentar a produção de 
conhecimento, padronização de procedimentos operacionais e proporcionar subsídios àqueles 
interessados em adquirir informações, proporcionando também base teórica que deverá ser 
usada por todas as Unidades Polos de Ensino da PMMA, por ocasião de Cursos de Formação 
ou atualização, bem como poderá ser aprimorada e utilizada em outras atividades de ensino 
que, com certeza, acontecerão. Certamente, os conhecimentos não foram exauridos e também 
não foi essa a nossa pretensão, mas sim deixarmos nossa parcela de contribuição nesse 
contexto. 
 
 
 
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MENSAGEM DO COMANDANTE 
 
Caros alunos e alunas do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar do 
Estado do Maranhão. Vocês foram selecionados entre muitos, candidatos para uma carreira 
promissora e de ascensão, a qual tem como meta a preservação da ordem pública e segurança 
interna do nosso Estado. Parabéns pela vitoriosa caminhada feita até aqui. Foram 
ultrapassados os desafios iniciais das entrevistas, dos exames e das avaliações para serem 
considerados “aptos” a uma nova etapa desta seleta carreira. 
São notórias as expectativas e perguntas, no entanto, venham com o compromisso 
e disposição para um aprendizado constante que tem o objetivo de ampliar seus 
conhecimentos e habilitá-los de maneira que possam atuar como agentes de segurança de 
forma preventiva e/ou repressiva como força de dissuasão em caso de perturbação da ordem, 
mantenedores da ordenação pública e multiplicadores de uma polícia baseada na proximidade 
com a comunidade. 
A formação profissional é óbvia e exige de seus aprendizados dedicação 
intelectual, moral, física, espiritual e muitas vezes abdicação de seus familiares e amigos. 
Valorizem os sacrifícios que venham enfrentar e os limites conquistados. Aprenderão a amar 
a verdade e respeitar acima de tudo e todos à justiça, e assim promovê-la sempre a todo custo 
na busca de uma sociedade mais justa e igualitária. 
Temos a expectativa de que todos vocês concluam com êxito todas as etapas neste 
processo de formação que ora se inicia. A sociedade maranhense certamente anseia por novos 
agentes de segurança pública e acredita numa pacificação social. 
Sendo assim, em nome da Polícia Militar do Estado do Maranhão, sejam bem-
vindos! 
Que o Senhor nosso Deus os proteja e vos abençoe! 
 
Cel QOPMA Ismael De Souza Fonsêca 
Comandante Geral Da Polícia Militar Do Maranhão 
 
 
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PALAVRAS DO COMANDANTE DO CFAP 
 
A sociedade prima por uma instituição policial militar que seja capaz de garantir 
os direitos e prerrogativas constitucionais e acompanhe a sua evolução no enfretamento dos 
problemas da segurança pública, focando não apenas na solução, mas em como manter a paz 
social, sem, contudo, deixar de respeitar a condição humana. 
A formação do profissional de segurança pública deve priorizar uma vasta gama 
de conhecimentos de caráter teórico e técnico, objetivando a sua preparação para atuar como 
um defensor dos direitos e garantias constitucionais, regulando e fiscalizando as condutas 
sociais de modo a preservar o Estado de Ordem. 
Como a missão precípua do profissional policial militar, a Carta Magna prevê de 
modo principiológico a hierarquia e a disciplina, como meio de garantir o controle social, bem 
como, a observância de um espírito de proficiência as Leis e normas de modo a criar uma 
consciência disciplinada e disciplinadora, junto à sociedade nesse processo de busca de 
igualdade e respeito entre nós. 
A flexibilização, universalidade e pluralidade são a nova ordem social, interpretar 
e aplicar conceitos legais com vista a atender aos anseios da sociedade cobram de sua 
formação uma autonomia e multidisciplinariedade das ciências. Aplicando-se processos de 
aprendizagem e não apenas ensino, pois se busca que o policial em formação seja capaz de 
cumprir ordens, interpretando a sua essência legal. 
Para aglutinar os conhecimentos científicos e técnicos necessários ao 
aprimoramento profissional do Policial Militar, este Centro de Formação apresenta o Plano de 
Curso com o objetivo de administrar as atividades de gestão do ensino, direcionar a política 
pedagógica a ser implementada nas diversas instruções e planificar as rotinas administrativas 
a serem desenvolvidas durante o Curso de Formação de Soldados, para os candidatos sub 
judice 2019 frutos de demandas judiciais. 
Muito obrigado! 
 Cel QOPM Harlan Silva do Nascimento 
Comandante do CFAP 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1. CRIMINALÍSTICA: DEFINIÇÕES E OBJETIVOS ............................................................ 6 
1.1 Histórico ............................................................................................................................... 6 
1.2 Definição da Criminalística .................................................................................................. 7 
1.3 Distinções entre a Criminalística e a Criminologia .............................................................. 9 
2. LOCAL DE CRIME ............................................................................................................ 10 
2.1 Classificação do local de crime .......................................................................................... 10 
2.2 Quanto a Área ..................................................................................................................... 10 
2.3 Quanto à natureza do crime ................................................................................................ 11 
2.4 Quanto ao Exame................................................................................................................ 13 
2.5 Corpo de delito ................................................................................................................... 13 
3. METODOLOGIA DA PRODUÇÃO DE PROVA EM LOCAL DE CRIME .................... 14 
3.1 Prova ................................................................................................................................... 15 
4. IDENTIFICAÇÃO, DESCRIÇÃO E PRESERVAÇÃO DE PROVAS OBJETIVAS E 
SUBJETIVAS. .......................................................................................................................... 16 
4.1 Provas objetivas: ................................................................................................................. 16 
4.1.1 Tipos de vestígios ............................................................................................................ 16 
5. TOXICOLOGIA .................................................................................................................. 17 
5.1 Drogas: Lei 11.343/2006 ....................................................................................................17 
6. ASPECTOS CRÍTICOS EM LOCAL E PRESERVAÇÃO DE PROVA DE CRIME ....... 19 
6.1 Conduta operacional na primeira intervenção .................................................................... 20 
7. LOCAIS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO......................................................................... 24 
7.1 Ação policial no Local de acidente de Trânsito .................................................................. 24 
7.2 Procedimentos da Policia Militar nos locais de acidente de Trânsito ................................ 25 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 29 
 
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1. CRIMINALÍSTICA: DEFINIÇÕES E OBJETIVOS 
 
1.1 Histórico 
A Criminalística teve seu começo no final do séc. XIX, quando Hans Gross, 
Professor e Magistrado, ao perceber que os métodos utilizados pela polícia, baseados na 
tortura e castigos corporais, não mais se mostravam eficazes. Assim, propôs que os métodos 
da Ciência moderna fossem utilizados para solucionar crimes. A partir do estudo de diversas 
ciências produziu a obra “Handbuch für Untersuchungsrichter als System der Kriminalistik”, 
ou simplesmente “System der Kriminalistik”, que pode ser traduzido como “Manual para 
Juízes de Instrução”. A literatura deixa dúvidas quanto à data da primeira edição deste 
trabalho: 1870, 1883 ou após 1890. Criou ainda em 1899, o “Arquivo de Antropologia 
Criminal e de Criminalística” (Archiv für Kriminal- Antropologie und Kriminalistik) que, em 
junho de 1944, já contava com 114 volumes. Tais obras proporcionam aos criminalistas 
atuantes e aos peritos criminais, preciosas informações no âmbito geral da Criminologia e 
também da Criminalística. Com isso, Gross é reconhecido como fundador da Criminologia e 
também da Criminalística, termo por ele criado. 
Figura 01: Hans Gross (1847-1915) 
Em continuação, Edmond Locard, médico e advogado nasceu em Saint-Chamond 
em 13 de dezembro de 1877, e também conhecido como um dos pioneiros da Criminalística 
na França. Seus métodos são universalmente reconhecidos e lhe valeram a alcunha de “Pai da 
Moderna Criminologia”. 
Em 10 de janeiro de 1910 Locard criava o “Laboratório de Polícia” ou, segundo 
outros, do “Laboratório de Polícia Técnica” de Lyon, o primeiro do gênero em todo o mundo. 
Os estudos realizados por Locard sobre as impressões digitais levaram-no a 
demonstrar em 1912, que os poros sudoríparos que se abrem nas cristas papilares dos 
desenhos digitais, obedecem também aos postulados da “imutabilidade” e da “variabilidade”; 
criou assim a técnica microscópica de identificação papilar a que deu o nome de 
“Poroscopia”. 
 
 
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Figura 02: Edmund Locard (1877-1966) 
 
No domínio da documentoscopia, Locard criou o chamado “Método 
Grafométrico”, baseado na avaliação e comparação dos valores mensuráveis da escrita. 
Apresentou notáveis contribuições no tocante à falsificação dos documentos escritos e 
tipográficos, ao grafismo da mão esquerda e à anonimografia. Interessou-se, além do mais, 
pela identificação dos recidivistas, publicando artigos e obras neste domínio. 
Entre os anos de 1931 a 1940 publicou a sua obra clássica, o “Traité de 
Criminalistique”, em seis volumes. O resumo do que se contém nesta obra acha-se 
condensado no manual de “Technique Policière” cuja segunda edição foi traduzida para o 
castelhano, sob o título de “Manual de Técnica Policiaca”. 
 
1.2 Definição da Criminalística 
 
A criminalística é considerada uma disciplina nascida da Medicina Legal, que é 
quase tão antiga quanto à própria humanidade. Uma vez que em épocas passadas o médico era 
pessoa de notório saber, sendo sempre consultado. No século XIX era a medicina legal que 
tratava da pesquisa, da busca e da demonstração de elementos relacionados com a 
materialidade do crime. Mas com os avanços dos diversos ramos das ciências, como a 
Química, a Biologia e a Física, houve a necessidade de uma maior especialização, o que fez 
com que outros profissionais passassem a ser consultados. Desse modo, surge à necessidade 
da criação de uma nova disciplina para a pesquisa, análise e interpretação de vestígios 
encontrados em locais de crimes. 
Logo, desde o seu surgimento a criminalística visa estudar o crime de forma a não 
distorcer os fatos, zelando pela integridade e sempre perseguindo a evidência, com o fim de 
promover a justiça e como um meio de obter os argumentos decisórios para a prolação da 
sentença (ZARZUELA, 1996). Dois são os seus princípios básicos: 
a) Princípio de Locard (1877-1966): “Todo o contato deixa um traço (vestígio)”; 
b) Princípio da Individualidade: Dois objetos podem parecer indistinguíveis, mas 
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não há dois objetos absolutamente idênticos. 
É a combinação destes dois princípios que torna possível a identificação e a prova 
científica. De acordo com o Princípio da Troca de Locard, qualquer um, ou qualquer coisa, 
que entra em um local de crime leva consigo algo do local e deixa alguma coisa para trás 
quando parte. Nesse sentido, a criminalística baseia-se no fato de que um criminoso deixa no 
lugar do crime, alguns vestígios, e por outro lado também recolhem na sua pessoa, na sua 
roupa e no seu material, outros vestígios, e todos eles imperceptíveis, mas característicos da 
sua presença ou da sua atividade (princípio de LOCARD). A criminalística ocupa-se 
fundamentalmente em determinar de que forma se cometeu o delito e quem o cometeu, ou 
seja, a criminalística utiliza uma série de técnicas, procedimentos e ciências que estabelecem a 
verdade jurídica acerca do ato criminal. 
Vejamos algumas definições de criminalística que nos permitem ampliar esse 
entendimento, começando por um entendimento mais básico: “Criminalística é uma ciência, 
dentre aquelas consideradas auxiliares do Direito Penal”. Nesse sentido tem por objeto a 
descoberta do crime, bem como a identificação de seus autores. Ainda em busca de uma 
definição ampla, vejamos o que diz a Enciclopédia Saraiva de Direito sobre Criminalística: 
“Conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribuições de varias ciências, indica os 
meios para descobrir os crimes, identificar os seus autores e encontra-los, utilizando-se da 
química, da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da psiquiatria, da datiloscopia etc. 
que são consideradas ciências auxiliares do Direito Penal”. 
Com isso, para Leonardo Rodrigues, que faz uma moderna concepção do termo: 
“Criminalística é o uso de métodos científicos de observações e análises para descobrir e 
interpretar evidências”. Eraldo Rabelo faz uma conceituação mais abrangente, abordando 
vários aspectos da matéria: “Disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos do 
conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciárias 
de investigação criminal, tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à 
pessoa física, no quer tiver de útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à 
identificação dos autores respectivos”. 
Trata-se de uma conceituação abrangente, em que são enquadrados todos os 
aspectos estruturais, funcionais e dinâmicos da matéria. Ou seja, contempla tanto a 
caracterização científica da Criminalística - como regida por leis, métodos e princípios 
próprios, com plena independência das demais ciências - quanto a sua função instrumental de 
auxílio à Justiça, no que tange ao esclarecimento das infrações penais. 
Das conceituações existentes em torno do tema, infere-se que a investigação9 
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criminalística baseia suas tarefas profissionais em estudo científico das evidências materiais, 
de cuja análise e interpretação resultam a prova técnica elaborada de forma a se impor 
irrefutável quanto à materialização do fato típico, o estabelecimento da identidade do autor e o 
seu respectivo modus operandi. Assim, temos que os objetivos da criminalística são: 
a) Dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito penal; 
b) Verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer 
a dinâmica do fenômeno; 
c) Indicar a autoria do delito, quando possível; 
d) Elaborar a prova técnica, através da indiciologia material. 
 
1.3 Distinções entre a Criminalística e a Criminologia 
 
Sabendo da definição da Criminalística que é o conjunto de procedimentos 
científicos de que se vale a justiça moderna para averiguar o fato delituoso e suas 
circunstâncias, isto é, o estudo de todos os vestígios do crime, por meio de métodos 
adequados a cada um deles. A Criminologia trata- se de um conjunto de conhecimentos que se 
ocupa do crime, da criminalidade e suas causas, da vítima, do controle social do ato 
criminoso, bem como da personalidade do criminoso e da maneira de ressocializá-lo. 
Tendo em vista tais definições, obtemos a distinção entre a criminalística e a 
criminologia que se respalda na seguinte relação: 
✓ A Criminologia estuda o criminoso e o quê leva alguém a delinquir 
(porquê?). 
✓ A Criminalística estuda o local do crime, buscando apurar como ele se deu. 
(como?). 
 
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2. LOCAL DE CRIME 
 
Local de Crime é aquele local onde ocorreu um fato de qualquer natureza e que 
necessita da intervenção da polícia para o seu devido esclarecimento. 
Então, todo local onde tenha ocorrido uma contravenção, um crime, (independente 
de sua natureza) um acidente de tráfego ou de trabalho, um achado de cadáver, um local de 
feto encontrado, um incêndio, um atentado terrorista, etc., recebe a denominação de “LOCAL 
DE CRIME” ou de “LOCAL DO FATO”, por que se torna necessário a elucidação das 
circunstâncias em que o mesmo se verificou. 
 
2.1 Classificação do local de crime 
 
Para alguns estudiosos, é muito difícil estabelecer critérios de classificação de 
temas cuja amplitude não é especificamente definida. Contudo, a experiência nos conduz a 
classificá-lo da seguinte maneira: 
✓ Quanto ao local em si: diz respeito às características físicas da área do local e 
divide-se em Local Interno, Local Externo e Local em veículo. Estes por sua vez, se 
subdividem em Ambiente Mediato e Ambiente Imediato. 
✓ Local Interno: é uma área restrita, ou seja, compreendida no interior de 
recintos fechados que tanto podem ser prédios, como áreas delimitadas por cercas ou muros. 
✓ Local Externo: se refere às áreas não restritas, tais como: as vias públicas, 
terrenos baldios, matas, florestas, campos e logradouros públicos. 
✓ Local em Veículo: diz respeito a qualquer fato delituoso ocorrido no interior 
de um veículo, quer em movimento, parado ou estacionado. 
 
2.2 Quanto a Área 
 
✓ Imediato: é a área onde se verificou o fato. É o próprio cenário do crime onde 
o perito deve concentrar toda sua atenção e desenvolver todos os seus conhecimentos e praxes 
técnico-científicas. 
É esta parte do local que “fala” e que conduz ao esclarecimento do fato ocorrido 
✓ Mediato: Compreende as imediações do local onde ocorreu o fato. A 
investigação do ambiente mediato deve ser feita com bastante atenção e cuidados outros, haja 
vista que, é essa porção do local que conduzirá os peritos a perceberem e a interpretarem a 
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dinâmica do fato. 
✓ Relacionado: Aquele que, apesar de diverso das áreas imediata e mediata da 
cena do crime, apresenta relações com o fato delituoso, nele se encontrando, por exemplo, 
objetos, armas, documentos, ou instrumentos que, de alguma forma, guardam ligação com a 
infração penal cometida. 
É de suma importância fazer-se esta classificação, devido a alguns crimes ou 
simples fatos que requerem a intervenção da Polícia ocorrer indiferentemente, quer em local 
interno, quer em local externo bem como no interior de veículos automotores como, por 
exemplo: homicídio, suicídio, achado de cadáver, acidente do trabalho, etc., que 
indiferentemente podem ocorrer num como nos outros. No entanto existem crimes ou simples 
fatos que ocorrem em locais específicos, por exemplo: um furto qualificado, ou 
arrombamento, ocorrem quase sempre em locais internos, enquanto um acidente de tráfego 
ocorre somente nas vias públicas. 
Não deve ser confundido LOCAL EM VEÍCULO com LOCAL DE ACIDENTE 
DE TRÁFEGO. 
 
2.3 Quanto à natureza do crime 
 
Na ótica de Lima (2006, p. 63), o estudo do local de crime, sob esse aspecto, tem 
a finalidade de determinar a natureza jurídica do fato ocorrido, isto é, procura responder a 
seguinte pergunta: “o que aconteceu?”. 
Quanto a tal critério, considerando os que são de maior interesse prático para o 
dia-a-dia policial, assim como a maior incidência do fluxo de exames periciais, temos: 
a) Local de crime contra a pessoa 
Caracteriza o lugar onde tenha ocorrido qualquer ato de ofensa à integridade física 
da pessoa humana, característico da prática de fato delituoso. Sobre essa classificação, 
exemplifica Espíndula (2009, p. 45): 
Podemos colocar vários exemplos de crimes contra a pessoa, no entanto, os mais 
comuns, ou aqueles que ocorrem com mais frequência, são os homicídios e os suicídios, 
envolvendo a morte da vítima: e, as tentativas de consumação de homicídios e os disparos de 
arma de fogo em geral, dentre aqueles em que a vítima não veio a falecer. 
 
 
 
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Figura 03: Crime contra pessoa. 
 
b) Local de crime contra o patrimônio 
Referem-se aos sítios onde os bens materiais possam ter sido danificados e/ou 
subtraídos de maneira criminosa, como, por exemplo, os locais de furto, de roubo, de dano, 
entre outros. 
De acordo com Espíndula (2009, p. 45), tais locais de crime englobam “todos os 
delitos praticados, cuja intenção do autor era a de obter vantagem (ilícita) pecuniária ou 
patrimonial, por meio da apropriação de objetos, bens ou valores”. 
Figura 04: Crime contra patrimônio 
 
c) Local de crime contra a natureza 
A questão ambiental é um assunto em atual evidência e seus crimes afetam 
diretamente a coletividade, em razão de sua amplitude difusa. Os locais desse tipo de crime 
referem-se às áreas em que os recursos naturais, objetos do direito difuso, são criminalmente 
destruídos, contaminados ou danificados. Alguns exemplos podem ser elencados, tais como 
os locais de queimadas, de desmatamentos, os lançamentos de dejetos em mares e rios, etc. 
Figura 05: Crime contra natureza 
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d) Locais de acidente de trânsito 
São sítios altamente complexos, principalmente, no que tange ao seu isolamento e 
à sua preservação, chegando a situações em que os locais são desfeitos por estarem 
prejudicando o fluxo do tráfego ou estarem oferecendo risco de ocorrência de outros 
acidentes. 
Figura 06: Crime contra o trânsito. 
 
2.4 Quanto ao Exame 
Nível de preservação do local em relação às condições de realização dos exames 
periciais. 
✓ Local Idôneo: São aqueles mantidos nas condições originais que foram 
deixados pelos atores da infração, sem alteração do estado das coisas,após a prática da 
infração penal, até a chegada dos peritos. 
✓ Local Inidôneo: São aqueles em que após a prática de uma infração penal e 
antes da chegada e inspeção dos peritos no local, eles apresentam-se alterados, quer nas 
posições originais dos vestígios, quer na subtração ou acréscimos destes, modificado de 
qualquer forma o estado das coisas. (SÊMPIO. 2003, p. 09). 
 
2.5 Corpo de delito 
 
O Art. 158 do CPP diz: “quando a infração penal deixar vestígios será 
indispensável o exame de corpo de delito direto ou indireto, não podendo supri-lo a 
confissão do acusado”. 
O Corpo de Delito é o elemento principal de um local de crime, em torno do qual 
gravitam os vestígios e para o qual convergem as evidências. É o elemento desencadeador da 
perícia e o motivo e razão última de sua implementação. 
As diferentes espécies de exames de corpo de delito são realizadas em particular, 
por três categorias de Peritos: Peritos Criminalisticos, Peritos Médicos Legistas e Peritos 
Odontolegistas. 
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3 METODOLOGIA DA PRODUÇÃO DE PROVA EM LOCAL DE CRIME 
 
Essa metodologia é utilizada para que o policial possa desempenhar suas funções 
no local de crime. De acordo com o Art. 6° do CPP- Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro 
de 1941, em que visa o conhecimento da prática da infração penal, temos: 
I - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos 
peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
II - Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
III - Ouvir o ofendido 
Com isso, a atuação do policial no local de crime compreende as várias fases que 
se constituíram em normas. 
Ao tomar conhecimento de um fato ocorrido: checar a fonte de informação (nome, 
endereço, idade, que relação ou interesse tem com o fato, se a informação for por telefone de 
que número esta ligando e ligar para o numero fornecido para a devida confirmação, etc.) com 
a finalidade de evitar “trotes”; Dar ciência a autoridade policial competente, narrando a 
natureza do fato e fornecendo-lhe as informações que lhes foram prestadas inerentes ao 
mesmo, tais como: data, hora e local exato da ocorrência, vias de acessos favoráveis, etc.; 
Ao chegar ao local providenciar o isolamento do mesmo a fim de preservá-lo, par 
que o policial execute esta tarefa, é necessário a observação do seguinte: 
a) Não permitir a entrada de qualquer pessoa nas áreas que contenham vestígios, 
antes da chegada do perito criminalístico; 
b) Em certos casos, não permitir a retirada de qualquer objeto ou pessoa, que se 
encontre no recinto, por ocasião de sua chegada ao local; 
c) Não permitir, que pessoas presentes, sob quaisquer pretextos, toquem nos 
objetos ou mudem suas posições, incluindo-se também nestas proibições; 
d) Não permitir sob nenhum pretexto que, antes da chegada do perito 
criminalístico ou criminal, qualquer outro profissional, independente de sua autoridade, 
adentre na área onde se verificou o fato, isto é, no cenário do crime. 
Se o fato tiver ocorrido em um local interno, interdita-lo totalmente; no caso de 
locais externos, interditar a área que contenha vestígios; se numa via terrestre, solicitar o 
auxílio de policiais do Batalhão de Trânsito no sentido de organizarem o trânsito procurando 
tanto quanto possível, não interromper o fluxo de veículos; quando a ocorrência for tipificada 
como sendo um local em veículo, os cuidados deverão ser redobrados, dados as grandes 
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variedades de fatores que poderão interferir no mesmo, contaminando-o e consequentemente 
mascarando os vestígios ali existentes. 
Arrolar de imediato as testemunhas, se por acaso houver, no que deverá tomar 
bastante cuidado. Em caso de manchas e, principalmente se o local for externo, protege-las 
das intempéries, (chuva, vento, etc.) utilizando-se de caixas de papelão ou similares, que 
apenas protejam e não as toque. Tomar bastante cuidado com superfícies polidas e/ou 
metálicas, pois as mesmas podem se constituir em suportes de fragmentos de impressões 
digitais. 
OBSERVAÇÕES: 
“NÃO EXISTE CRIME PERFEITO, O QUE EXISTE É UM LOCAL MAL 
INVESTIGADO”. (Autor desconhecido) 
“TEMPO QUE PASSA É VERDADE QUE FOGE”. (Edmond Locard) 
 
3.1 Prova 
 
É o conjunto de meios idôneos e praticados no processo ou nele estranhados e 
tendentes à afirmação da existência positiva ou negativa de um fato destinado a fornecer ao 
juiz o conhecimento da verdade, a fim de gerar sua convicção quanto à existência ou 
inexistência dos fatos deduzidos em juízo. Todo meio usado pela inteligência do homem para 
a percepção da verdade. (ARANHA. 1994, p. 217) 
✓ Prova Objetiva: tem por base os vestígios encontrados nos locais de crime, 
que são interpretados pelos Peritos por meio dos exames. Exemplo: laudo pericial. 
✓ Prova Subjetiva: tem por base as informações colhidas da vítima, das 
testemunhas ou de qualquer pessoa relacionada com o fato. Exemplo: boletim de ocorrência 
expedido pela Polícia Militar. 
 
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4 IDENTIFICAÇÃO, DESCRIÇÃO E PRESERVAÇÃO DE PROVAS OBJETIVAS E 
SUBJETIVAS. 
 
4.1 Provas objetivas: 
 
✓ Vestígio: Constituem-se em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa 
ter relação com o fato investigado. A existência do vestígio pressupõe a existência de um 
agente provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um suporte adequado (local 
em que o vestígio se materializou). 
✓ Evidência: é o vestígio que, após analisado pela perícia técnica e científica, 
possui relação como crime. 
✓ Indício: Expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma das 
informações (periciais ou não) relacionadas com o crime. De acordo com o Decreto - Lei nº 
3.689/1941 do CPP - TÍTULO VIIDA PROVA CAPÍTULO X DOS INDÍCIOS, temos: 
 
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo 
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras 
circunstâncias. 
 
4.1.1 Tipos de vestígios 
 
• Vestígio Verdadeiro: é aquele que tem uma relação direta com o autor do 
vestígio. Exemplo: a escrita; um fragmento de impressão digital, um documento; um objeto de 
uso pessoal; etc. 
• Vestígio forjado: é aquele deixado com o propósito de confundir o 
investigador ou mascarar o vestígio verdadeiro. Exemplo: a falsificação ou auto - falsificação 
de uma escrita; o transplante de um fragmento de impressão digital; a alocação de um 
documento ou objeto pessoal de outrem; etc. 
• Vestígio Ilusório: é todo elemento encontrado no local do crime que não 
esteja relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha 
ocorrido de maneira intencional. A produção de vestígio ilusório noslocais de crime é muito 
grande, tendo em vista a problemática da falta de isolamento e preservação de local. Este é o 
maior fator da sua produção, pois contribuem para isso desde os populares que transitam pela 
área de produção dos vestígios, até os próprios policiais pela sua falta de conhecimento das 
técnicas de preservação. 
 
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5 TOXICOLOGIA 
 
É a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de substâncias 
químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir o aparecimento 
deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas substâncias químicas. 
Dentre das áreas da toxicologia, a área de toxicologia social, é aquela que será 
mais utilizada pela autoridadepolicial, pois esta se refere do efeito nocivo dos agentes 
químicos usados pelo homem em sua vida de sociedade seja sob o aspecto individual ou 
social. 
 
5.1 Drogas: Lei 11.343/2006 
 
Art.1º Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como “drogas as 
substâncias ou os produtos capazes de causar dependência”, assim especificados em lei ou 
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
As drogas podem ser classificadas quanto a sua origem em: 
a) Naturais: são aquelas que possuem efeitos alucinógenos naturalmente, sem 
precisar da adição de produtos químicos em laboratório. Exemplo: THC( tetra- hidrocarbinol), 
substância psicoativa presente na Cannabis Sativa(maconha); 
b) Semi-sintéticas: são aquelas que são feitas a partir de substâncias naturais, 
porém são alteradas por substâncias químicas em laboratório. Exemplo: Cocaína. 
c) Sintéticas: são aquelas que são produzidas em laboratório, por substâncias 
psicoativas que provocam alucinações 
Exemplo: metilenodioximetanfetamina (MDMA) o Ecstasy. 
As drogas podem ser classificadas também quanto os seus aspectos legais, desta 
forma elas podem ser lícitas (legais) que são aquelas que podem ser comercializadas 
livremente de forma legal, que não está proibido legalmente, como por exemplo, o álcool o 
tabaco; e ilícitas que são aquelas proibidas por lei tanto o seu uso como comercialização. 
A Lei 11.343/06 instituiu o Sisnad- Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre 
Drogas, na qual tem sua finalidade e objetivo determinados nesta lei, esta mesma lei em seu 
artigo 50. Fala sobre a prisão em flagrante e da atuação da autoridade policial no processo de 
investigação. 
Algumas Drogas: 
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Figura 07: Drogas 
 
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6 ASPECTOS CRÍTICOS EM LOCAL E PRESERVAÇÃO DE PROVA DE CRIME 
 
Objetivando a preservação do local de crime é necessária à atenção especial aos 
vestígios encontrados cuidando para que não sejam destruídos nem alterados as posições e 
localizações dos mesmos. Porém para que seja realizada uma correta preservação desse local, 
é preciso que o mesmo seja isolado. 
Faz parte do procedimento de preservação do local de crime a vigilância por 
partes das autoridades policiais a fim de impedir a entrada de pessoas no local e impedir que 
as ações de agentes naturais, como a chuva alterem o local. 
A norma que rege o artigo 6º, incisos I, II e III, do Código de Processo Penal, que 
determina: 
Artigo 6º: 
I – se possível e conveniente, dirigir-se ao local, providenciando para que se não 
alterem o estado e conservação das coisas, enquanto necessário; dirigir-se ao local 
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos 
peritos criminais; 
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
IV – ouvir o ofendido; 
 
Um esforço deve ser feito para não modificar as provas, para que seja possível 
avaliar a situação. Preservando a cadeia de custódia que é o processo usado para manter e 
documentar a história cronológica dos elementos materiais, que visa garantir a idoneidade e o 
seu rastreamento desde a identificação e coleta, até sua destinação final. 
Com isso, os procedimentos devem ser dados da seguinte forma: 
✓ Isolamento: delimitação da área física interna e externa do local de crime, por 
meio de recursos visíveis como cordas, fitas zebradas e outros, com a finalidade de impedir a 
entrada de pessoas não autorizadas; 
✓ Perímetro de isolamento: é a área demarcada e isolada, que compreende o 
local de crime Imediato e Mediato; 
✓ Preservação: não alteração do estado das coisas; 
✓ Guarnecimento: custódia do local pelo Estado, ou seja, pelos policiais. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 08: Esquema representativo dos passos que ocorrem na investigação da cena do crime, segundo 
Siegel (2005) 
 
Logo, a finalidade básica da preservação é evitar que os vestígios produzidos na 
cena do delito se deteriorem, se percam, ou sejam alterados de posição, por ações de pessoas 
estranhas aos acontecimentos delituosos. 
Facilitando assim a elucidação dos fatos bem como a aplicação da lei. Segundo 
Sganzerla (2012): “As provas são os materiais que permitem a reconstrução histórica e sobre 
as quais recai a tarefa de verificação das hipóteses, isso com a finalidade de persuadir o juiz, 
tendo este como seu destinatário final.” 
Que aborda a importância do isolamento de local de crime, pois,compete aos 
seguintes tópicos: 
✓ A idoneidade dos vestígios e provas; 
✓ A determinação da autoria do delito; 
✓ Os fatos determinantes nas circunstâncias do delito; 
✓ Influir decisivamente na aplicação das leis. 
 
6.1 Conduta operacional na primeira intervenção 
A polícia militar tem papel fundamental na preservação e isolamento do local do 
crime, impedindo que as evidências sejam contaminadas ou introduzias no local fazendo que 
a eficácia na perícia criminal seja mais atuante e discriminada evitando qualquer dano e 
também na forma importante no que tange chegar ao local do crime primeiramente. 
De acordo com a legislação, temos: 
CPP - Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941 Art. 169. Para o efeito de 
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exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará 
imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que 
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. 
CPPM - Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de Outubro de 1969. 
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, 
verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível: 
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a 
situação das coisas, enquanto necessário; 
Art. 339. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticado o crime, a 
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas, até a 
chegada dos peritos. 
Logo, as ações do primeiro policial no local se competem aos seguintes tópicos: 
✓ Quanto à conduta operacional na primeira intervenção: 
a) Atentar a todas as movimentações de pessoas e veículos quando da 
aproximação e chegada ao local; 
b) Estacionar o veículo, em local seguro, em que possa visualizar o local do 
crime; 
c) Abordar o local com todo cuidado, especialmente com a sua segurança pessoal; 
d) Somente um entra no local. O outro cuida da segurança deles; 
e) Elaborar um diagnóstico preliminar, identificando a existência ou não de 
vítimas; 
f) Traçar um plano de ação, com base na avaliação dos riscos, acionando o apoio, 
se necessário; 
g) No caso da existência de vítimas, adentrar o local em linha reta, ou pelo menor 
trajeto possível, verificar os sinais vitais e providenciar as ações de primeiros socorros. Caso 
necessário, acionar o Corpo de Bombeiros e/ou o Serviço de Atendimento Médico de 
Urgência; 
h) Em caso de óbito evidente, não tocar no corpo e nas vestes, exceto em 
situações de salvamento ou socorro de outras vítimas; 
i) Evitar cobrir o cadáver, independentemente do local ou tipo de cobertura; 
j) Sair do local pelo mesmo percurso de entra; 
k) Selecionar e isolar o perímetro dos locais de crime imediato e mediato. Nem os 
próprios policiais poderão se deslocar dentro da área isolada; 
l) Após as providênciasiniciais, prosseguir com a vigilância e preservação dos 
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vestígios, até a chegada dos peritos criminais. Comunicar a central de operações. 
✓ Quanto à conduta operacional no isolamento e preservação: 
a) Sinalizar, desviar e controlar o trânsito de veículos e de pedestres, impedindo o 
acesso ao local do crime; 
b) No caso de evento em via pública, acionar o órgão responsável pelo trânsito 
local para efetuar o controle de tráfego e o isolamento da via; 
c) Identificar as pessoas que estejam no local do crime (nome, filiação, data de 
nascimento, documentos de identidade, endereço e telefone de contato) e, caso possuam 
qualquer dado ou informação acerca dos fatos, arrolá-las como testemunha; 
d) Não mexer em armas, objetos ou instrumentos possivelmente vinculados ao 
crime, impedir que suas posições sejam modificadas; 
e) Não comer, beber, fumar, ou realizar outras atividades de caráter pessoal no 
local do crime; 
f) Realizar constante análise das condições de segurança no local e, caso 
necessário, adotar medidas corretivas e acionar apoio; 
g) No caso de suspeita de alteração do local de crime, identificar o possível 
causador, registrar a situação e informar aos peritos que comparecerem ao local; 
h) Recepcionar os demais PSP que chegarem ao local, relatando as informações 
necessárias; 
i) Informar ao responsável pelo trabalho pericial sobre possíveis vestígios 
deixados por terceiros que adentraram ao local do crime (por necessidade ou 
equivocadamente); 
j) Acompanhar, quando solicitado, os trabalhos periciais, anotando e conferindo o 
material apreendido e fazendo o registro no BO; 
k) Sem prejudicar as ações procedimentais de segurança e de preservação do local 
de crime, recepcionar e dar assistência especial aos familiares de vítimas, adotando medidas 
que sejam capazes de conter, com o devido respeito e atenção, comportamentos agressivos ou 
que interfiram na atividade de preservação do local do crime; 
l) Recepcionar a imprensa quando necessário, e divulgar as informações de forma 
objetiva, respeitando o canal de comando e a competência técnica. Impedir que repórteres e 
fotógrafos acessem o local de crime antes da realização dos trabalhos periciais; 
m) No caso de iminente risco de perda dos vestígios (decorrente de condição 
meteorológica, por exemplo), e não estando ainda no local os peritos criminais, efetuar o 
levantamento fotográfico e fazer a coleta dos vestígios; 
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n) Zelar pela cadeia de custódia; 
o) No caso de troca de equipe ou guarnição de serviço, transmitir ao sucessor 
todos os dados e informações colhidas durante a preservação do local do crime. 
✓ Quanto à conduta operacional após os trabalhos periciais: 
a) Após a realização dos trabalhos periciais, anotar os dados funcionais dos 
peritos e demais PSP que estiveram no local; 
b) Liberar o local somente com a expressa autorização da autoridade policial; 
c) Registrar as circunstâncias identificadas no local do crime (chuva ou sol; dia ou 
noite; topografia; vias de acesso; aberto ou fechado; acidentes geográficos; edificações 
próximas, outras julgadas relevantes) em boletim de ocorrência ou documento similar. 
 
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7 LOCAIS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO 
 
Os locais de acidente de trânsito podem ser estudados através da compreensão dos 
sítios de colisão ou impactos que se referem à área na via (ou fora dela) onde efetivamente 
houve a interação entre o(s) veículo(s) e outros “participantes” diretos do acidente, o que pode 
englobar construções e outros objetos fixos, pessoas e animais. 
 
Figura 09: Sítio de colisão. 
 
Porém, no local podemos ter dois diferentes sítios a serem analisados para a 
elucidação dos fatos ocorridos no acidente, que são: 
✓ Sítio de colisão: área na via que demarca a interação entre o(s) veículo(s) e os 
demais elementos diretamente envolvidos. Por exemplo: em uma colisão com objeto fixo você 
poderá demarcar somente a área onde houve interação direta entre o veículo e o objeto 
(suponhamos, um poste) como Ponto de Colisão. 
✓ Sítio do Acidente: engloba todos os elementos que direta ou indiretamente 
influenciaram ou “participaram” do acidente. 
Por exemplo: um buraco 15 metros antes do sítio de colisão poderá fazer parte do 
sítio do acidente. 
 
Figura 10: Sítio do acidente e Sítio de Colisão 
 
7.1 Ação policial no Local de acidente de Trânsito 
Em relação à ação dos primeiros policiais em um local de acidente de trânsito, 
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Com 
vítima 
PM isola 
o LC 
PC - 
ICRIM 
Sem 
vítima 
PM 
Lavra o 
BO 
compete aos mesmos, o que discorre na Legislação 5970/73, que exclui da aplicação do 
disposto nos artigos 6º, inciso I, 64 e 169, do Código de Processo Penal, nos casos de 
acidente de trânsito, e, dá outras providências no seguinte artigo: 
 
Art 1º Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro 
tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do 
local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos 
veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o 
tráfego. 
 
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial 
lavrará boletim da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e 
todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade. 
Como se pode observar, esta é uma lei que, autorizando o descumprimento de 
outra, pode prejudicar, sobremaneira, os exames periciais em locais de acidente de trânsito, 
uma vez que a exceção tende a se tornar regra, pois, inúmeras situações que não justificariam 
tal medida acabam tendo os locais desfeitos pelos policiais militares e, principalmente, pelos 
policiais rodoviários. 
Tal medida é justificada de acordo com Espíndula (2009, p. 49), pois, esses tipos 
de locais geram uma dificuldade natural no que diz respeito ao fluxo do sistema de trânsito, 
onde vários riscos são verificados no dia a dia, chegando-se a situações em que os locais são 
desfeitos por estarem prejudicando o fluxo do tráfego ou estarem oferecendo risco de 
ocorrência de outros acidentes. 
 
7.2 Procedimentos da Polícia Militar nos locais de acidente de Trânsito 
 
 
 
 
 
a) Tomar conhecimento das pessoas envolvidas e testemunhas que saibam 
efetivamente dos fatos, cuidando para que não se afastem do local antes de serem 
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devidamente identificadas e qualificadas; 
b) Examinar os documentos dos condutores e dos veículos, quanto à autenticidade 
e validade; Do condutor: Documentos de Habilitação: Carteira Nacional de Habilitação 
(CNH); a Permissão para Dirigir (PPD), as autorizações para conduzir ciclos, veículos de 
propulsão humana e tração animal. 
c) Verificar junto ao Centro de Operações a situação dos veículos envolvidos 
através das placas de identificação, mesmo que a documentação esteja aparentemente regular 
(Ações corretivas nº 5 e 6); 
d) Verificar as situações que envolvem o acidente em relação ao cometimento de 
qualquer crime previsto no CTB, ou outro texto legal, para possível condução dos criminosos 
a repartição pública competente; 
e) Verificar pelas condições que se deram o acidente, se um dos envolvidos 
estava em fuga de crime cometido logo anteriormente; 
f) Manter os ânimos das partes sempre estáveis, a fim de evitar maiores 
desentendimentos e viasde fato; 
g) Preencher o BO/PM e BOAT; 
h) Fotografar as partes laterais direita e esquerda, frente e traseira dos veículos 
acidentados, devendo ser justificada a impossibilidade de juntada das imagens; 
i) Ser imparcial na confecção dos: BO/PM e BOAT, quanto à determinação de 
dolo ou culpabilidade entre os envolvidos, não fazendo julgamentos precipitados, nem 
comentar as causas do acidente com pessoas envolvidas, terceiros ou imprensa; 
j) Esclarecimento: Para declarações à imprensa fornecer dados objetivos 
(número de envolvidos, veículos, vítimas, danos causados etc...), não fazendo juízo de valor e 
nem emitindo uma opinião antecipada dos fatos. 
Descrição do fato – Nesta parte o policial militar fará um relato objetivo e sucinto 
do acidente. A quantidade de informações deve ser a maior possível, desde que necessária ao 
esclarecimento dos fatos, mas limitada aos aspectos objetivos, não devendo o relatório trazer 
opiniões pessoais do relator, pois os dados subjetivos podem gerar expectativa de falsos 
direitos das partes envolvidas. 
O Relatório 
O relatório deve conter as seguintes informações: 
✓ Fonte da informação: Por exemplo: De acordo com as testemunhas..., 
Segundo versão dos condutores..., Pelos vestígios encontrados no local...; 
✓ Local de circulação dos veículos: especificação do nome da via em que 
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circulavam; Sentido de circulação dos veículos; 
✓ Descrição do acidente: Por exemplo: no cruzamento das vias ocorreu o 
abalroamento..., Frente ao nº 251 ocorreu a colisão..., Na altura do posto do INSS ocorreu o 
tombamento...; 
✓ Consequências do acidente: Danos de pequena, média ou grande monta; 
✓ Providências tomadas: Segundo versão dos condutores, VE-1 trafegava pela 
Av. Anhanguera no sentido oeste-leste, VE-2 trafegava pela Alameda Progresso no sentido 
norte-sul. No cruzamento das vias ocorreu o abalroamento entre os veículos que provocou 
danos materiais de média monta em VE-1 e pequena monta em VE-2 e vítima com 
escoriações leves, que era passageira do VE-2. Foi feita a remoção do VE-1, através do 
guincho da PM, com fundamento no art. 230, V do CTB. VE-2 liberado ao condutor no local. 
Croqui 
Diagrama do acidente: também denominado croqui, é a parte mais importante do 
BOAT, em que se baseiam os peritos para a reconstituição do acidente, e de onde o julgador, 
nas ações cíveis e criminais, colhe elementos para fundamentar sua convicção no momento de 
decidir controvérsias entre as partes. 
Na confecção deste recomenda-se: 
✓ Desenhar o traçado viário na parte em que ocorreu o acidente; 
✓ Identificar as vias e o respectivo sentido de circulação; 
✓ Orientar o diagrama com a determinação dos principais pontos cardeais: norte, 
sul, leste e oeste; 
✓ Fixar o ponto de repouso dos veículos; 
✓ Determinar o sentido de circulação dos veículos; 
✓ Determinar a sinalização existente, tanto a horizontal como a vertical; 
✓ Posicionar o PI (ponto de impacto); 
✓ Determinar, se houver, fatores materiais adversos (buracos na pista, manchas 
de óleo, saliência na pista, etc.); 
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✓ Referir qualquer vestígio ou sinal decorrente do acidente (manchas de sangue, 
cacos de vidro, lanternas quebradas, marcas de frenagem, etc.). 
Figura 11: Diagrama do acidente. 
 
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