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INDENIZAÇÃO POR OFENSA À HONRA DIREITO UNIP – Campus Marquês 4º semestre – Responsabilidade Civil São Paulo - 2019 RESPONSABILIDADE CIVIL • Art. 186. Código Civil - “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. • Art. 927 CC “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. • Pressupostos da Responsabilidade Civil: • Conduta, Nexo-causal, Dano • Culpa (Responsabilidade Subjetiva) ou Risco (Resp. Objetiva) A HONRA INTEGRA O DIREITO DE PERSONALIDADE • Art.5º, X, da CF/88 – “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” • Honra Objetiva - juízo que os outros fazem de nós • Honra Subjetiva - conceito que a pessoa tem de si DANO MORAL • “Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” Carlos Roberto Gonçalves in “Direito civil brasileiro”. 4ª edição rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009, pg. 359 apud sentença ao 0003214-78.2019.8.26.0019 pelo Juiz de Direito Dr. Fábio D’Urso, Juizado Especial Cìvel de Americana DANO MORAL • “(...) dano moral é o prejuízo que afeta os ânimos psíquico, moral e intelectual da pessoa. É aquele que ocasiona um distúrbio anormal na vida do indivíduo. Não é, portanto, qualquer dissabor natural da vida que pode caracterizá-lo de modo a acarretar o dever de indenizar por danos morais. (...)” Trecho da Sentença ao 033527-84.2014.8.26.0114 - 5ª Vara Cível de Campinas Juíz de Direito Dr. Luiz Henrique Lorey DANO MORAL • “(...) “Parece mais razoável, assim, caracterizar o dano moral pelos seus próprios elementos; portanto, como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos”; e se classificando, assim, em dano que afeta “ a parte social do patrimônio moral ( honra, reputação, etc.) e dano que moleste “ a parte afetiva do patrimônio moral ( dor, tristeza, saudade, etc.) e dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz, deformante, etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc Youssef Said Cahali, Dano e Indenização, ed.1980, p.7 apud Apelação Cível 1002437-52.2018.8.26.0006, Dr. Heraldo de Oliveira, Voto 44276 Desembargador-Relator, 13ª Câmara de Direito Privado TJ-SP” REPARAÇÃO CÍVEL NOS CRIMES CONTRA A HONRA • Os crimes contra a honra são tipificados em calúnia (Art 138 do CP) e difamação (Art 139), quando lesionarem a honra objetiva e a injúria (Art 133) a honra subjetiva. • “Art. 935 do CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.” (grifo nosso) O DEVER DE REPARAR • (...) A violação de um dever consignado numa relação jurídica ocasiona um ato ilícito, que, a seu turno, deve ser imputável àquele causador do dano, desde que preenchidos todos os requisitos da responsabilidade civil: conduta (comissiva ou omissiva, onde serão analisadas a culpa e dolo do agente), dano (resultado material) e liame obrigacional (nexo de causalidade). Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2013, p. 53): "[…] a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente (legal ou contratual), subordinando- se, dessa forma, às consequências do seu ato (obrigação de reparar) (...) ". Trecho da Sentença ao 1001289-34.2019.8.26.0438 - 2ª Vara de Penápolis Dra. Christiene Avelar Barros Cobra Lopes, Juíza de Direito DOS TIPOS PENAIS • Art. 138 do Código Penal - “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime” • Art. 139 – “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação” • Art. 140 - “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro” A doutrina classifica estes tipos penais como a defesa pelo direito público pelo bem jurídico do patrimônio moral do indivídio. DANO MORAL IN RE IPSA Alguns julgados do Superior Tribunal de Justiça já pacificaram o dano moral in re ipsa (pela força dos próprios fatos) • Inserção em cadastro de inadimplentes - Ag 1.379.761, REsp 1.059.663 • Inclusão em cadastro de inadimplentes indevida por entidade bancária - REsp 786.239 • Atraso de vôo - REsp 299.532 • Diploma sem reconhecimento - REsp 631.204 • Equívoco administrativo - REsp 608.918 JUSBRASIL - STJ define em quais situações o dano moral pode ser presumido https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/3167669/stj-define-em-quais-situacoes-o-dano- moral-pode-ser-presumido, acesso em 13/set/19 REPARAÇÃO DO DANO MORAL • “(...) A reparação do dano moral significa uma forma de compensação e nunca de reposição valorativa de uma perda, e deve ser fixada segundo o prudente arbítrio do julgador, sempre com moderação, observando-se as peculiaridades do caso concreto e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, de modo que o valor não seja tão elevado que se constitua em fonte de enriquecimento sem causa, tampouco insignificante a ponto de não atender ao seu caráter punitivo. (...) “ Trecho da Sentença ao 1038087-18.2018.8.26.0506 – 3ª Vara de Ribeirão Pires Juíz de Direito Dr. Renato Augusto Pereira Maia DA ESFERA CÍVEL E PENAL • Uma condenação penal gera o dever de reparação do dano, sem prejuízo de eventual condenação pecuniária criminal • Entretanto, nem todo dano moral ilícito cível é um crime contra a honra Ilícito cível contra direitos da personalidade e consequente dever de reparação Crimes contra a Honra REPARAÇÃO PELO DANO MORAL Para a comprensação de um prejuízo extrapatrimonial como o dano moral devem ser ponderados: • Compensação pela dor sofrida • Condição financeira do ofensor • Condição financeira da vítima • Comportamento do ofensor após a prática do ilícito MERO ABORRECIMENTO NÃO É DANO MORAL • (...) Contrariedade, mero dissabor, aborrecimento, mágoa e irritação, que estão fora da órbita do dano moral, fazendo, isto sim, parte da normalidade do dia-a-dia. São situações que não são intensas e duradouras a ponto de romper o equilíbrio psicológico das pessoas. O ressarcimento por dano moral não pode decorrer de qualquer melindre, do mero aborrecimento ou incômodo. (...) • José Augusto Genofre Martins, Desembargador Relator, Apelação Cível nº 1009103- 49.2017.8.26.0606, 31ª Câmara de Direito Privado, TJ-SP MERO ABORRECIMENTO NÃO É DANO MORAL • (...) A reparação por danos morais só tem cabimento diante de comprovada lesão a bem extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade: vida, integridade física, liberdade, honra, nome etc. (...) . Faz-se necessário, portanto, prova inequívoca de fato suficiente a ocasionar constrangimento ou aborrecimento relevante, capaz de ferir a honra da requerente. Ao contrário, cuida-se [no caso em tela] de dissabores que não podem ser tidos como ofensivos à moral da pessoa comum. (...) Ibdem, Apelação Cível nº 1009103-49.2017.8.26.0606 QUESTÃO Sobre o dano moral e indenização por ofensas à honra é INCORRETO afirmar • A) Dano moral éo que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade • B) A condenação penal por crime contra a honra não tem efeitos na esfera cível, porque são institutos diferentes. • C) A indenização por dano moral e ofensas à honra não deve ser tão elevada que se constitua em fonte de enriquecimento sem causa, tampouco insignificante a ponto de não atender ao seu caráter punitivo • D) Danos morais têm cabimento diante de comprovada lesão a bem extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade, inclusive nos crimes contra a honra • E) Conforme jurisprudência, meros dissabores e aborrecimentos não podem ser tidos como ofensivos à moral da pessoa comum.