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O princípio do devido processo legal, o qual corresponde à expressão inglesa “due process of law”. Law, que, significa Direito, e não lei, diz a respeito do processo que deve estar em conformidade com o Direito como um todo, e não apenas em consonância com a lei. Sendo assim, este princípio confere a todo indivíduo o direito de um processo justo. De tal modo, que existem causas impeditivas de declaração de nulidade quando o ato não trouxer prejuízo ao acusado. E os atos, mesmo com defeitos insanáveis, produzirão os efeitos como se válidos fossem.
O artigo 563 do Código de Processo Penal estipula que “nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”. Este artigo visa o princípio do prejuízo (pas nullité sans grief), que opera como princípio geral de que, inexistindo prejuízo, não se proclama a nulidade do ato processual, embora produzido em desconformidade com a lei.
A razão de ser do princípio é evitar que seja declarado nulo um ato, que ainda que procedido de forma diversa da lei, tenha atendido a sua finalidade sem causar prejuízo a nenhuma das partes, sendo assim um ato juridicamente válido.
Ademais, cabe ressaltar, que o princípio do prejuízo é aplicável aos casos de nulidade relativa, na qual é necessário que a parte prove o efetivo prejuízo que obteve, para então o ato ser declarado nulo. 
Contudo, a parte que deu causa, ou ainda que concorreu para a causa, não poderá vir a alegar a nulidade do ato processual, ante à ausência de interesse para tanto, conforme redação do artigo 565 do Código de Processo Penal “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.”.
Ainda, cabe referir, que há o princípio da instrumentalidade das formas no processo penal, o qual deverá ser invocado apenas quando o ato processual for capaz de produzir prejuízos aos interesses das partes ou, ainda, ao regular exercício da jurisdição. Segundo a previsão disposta no artigo 566 do Código Processual Penal: “Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa”.
Nesse sentido:
HABEAS CORPUS. -ORDEM PREJUDICADA QUANTO AO PEDIDO DE LIBERDADE. PACIENTE LIBERADO - Magistério de JÚLIO FABBRINI MIRABETE e DAMÁSIO E. DE JESUS. -NOTIFICAÇÃO PARA O OFERECIMENTO DE DEFESA PRELIMINAR. PACIENTE EM LOCAL INCERTO OU NÃO SABIDO. - Observamos, inicialmente, que a digna Juíza de Direito, corretamente, adotou o rito previsto na lei especial. -Expedido mandado de notificação contra o paciente, resultou o mesmo negativo. Em continuação, nova tentativa notificação também resultou negativa. A Sra. Secretária de Diligência do Ministério Público, também realizando várias diligências, não obteve êxito em localizar o atual endereço do acusado. - A digna Juíza de Direito, então, ordenou a cisão do feito e, em continuação, determinou fosse o réu "citado" por edital, - na realidade tratou-se de notificação editalicia para oferecer resposta à acusação. - Temos, quanto ao ponto, que desnecessária a "notificação editalicia" Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Observe-se: HC 120.246/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 16/04/2009, DJe 18/05/2009. -Tal circunstância, assim, não acarretou qualquer prejuízo, pois com tal medida procurou a Magistrada garantir o mais amplo direito de defesa, pois, não localizado o réu, bastava a intimação da Defensoria Pública, conforme precedente citado. - Não é caso de concessão da ordem, pois muito embora não tenha ainda sido ofertada defesa prévia pela Defensoria, que já deveria ter sido intimada para tal, verificamos, por outro lado, que também não houve recebimento da denúncia, com o que não se verifica prejuízo. - Declaração de voto da eminente Desembargadora Lizete Andreis Sebben, em voto vista, apontando as peculiaridades do caso concreto e ocorrência de fato superveniente (prolação de sentença). ORDEM JULGADA PREJUDICADA QUANTO AO PEDIDO DE LIBERDADE E DENEGADA QUANTO AO MAIS (Habeas Corpus Nº 70053943288, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa, Julgado em 24/04/2014).
(TJ-RS - HC: 70053943288 RS , Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa, Data de Julgamento: 24/04/2014, Segunda Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 06/06/2014)
No caso em tela, observa-se que a digna Juíza de Direito, corretamente, adotou o rito previsto na lei especial, procedendo-se à notificação do réu, através de mandado de notificação, para que ele apresentasse a defesa preliminar, nos termos do caput do artigo 55 da Lei 11.343/06 “Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.” 
Entretanto, o mandado restou negativo e a Sra. Secretária de Diligência do Ministério Público, realizou várias diligências, porém não obteve êxito em localizar o atual endereço do acusado.
Diante disso, a Magistrada determinou a cisão do feito e a notificação do réu por edital. Ademais, a apresentação de defesa preliminar ocorre antes do recebimento da denúncia, ou seja, em momento anterior à citação, daí por que não há falar obrigatoriedade de notificação do acusado por meio de edital.
Sendo assim, bastava que a digna Juíza de Direito determinasse a intimação da defesa do réu. Ocorre que a Magistrada com seu agir, garantiu o mais amplo direito de defesa, não tendo ao acusado qualquer prejuízo. 
Ainda, salienta-se que muito embora não tivesse sido ofertada defesa prévia pela Defensoria, pois não foi intimada, verificou-se, por outro lado, que também não havia sido recebida a denúncia, razão pela qual não se verificou prejuízo.
Por fim, o entendimento do TJRS, fundado em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, foi no sentido de que é que desnecessária a “notificação editalícia”. E que o proceder da Magistrada não acarretou qualquer prejuízo ao paciente, para que o ato fosse declarado nulo. Pois, ainda que não estivesse em conformidade com a lei, o réu teve seu direito de defesa garantido.

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