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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE PSICOLOGIA Trabalho de Pesquisa Cientifica, Apresentado a Disciplina de Recursos Humanos IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR PARA PRODUTIVIDADE ORGANIZACIONAL Autora: VICTORIA FERREIRA Estudante n.º: 4099 Docente: Me. Ana Cassoma Luanda, 2019 DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE PSICOLOGIA VICTORIA FERREIRA IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR PARA PRODUTIVIDADE ORGANIZACIONAL Trabalho de Pesquisa Cientifica apresentado ao Curso de Psicologia na Disciplina de Gestão de Recursos Humanos, do Instituto Superior de Ciência e Relações Internacionais, como parte das exigências para a obtenção de nota. Docente: __________________________ Msc. Ana Cassoma Luanda, 2019 RESUMO O presente trabalho tem como tema central a saúde mental do trabalhador e como os ambientes organizacionais e seus gestores contribuem para que a saúde seja boa ou ruim. Buscamos apresentar de forma clara até que ponto o trabalho é benéfico na vida de cada indivíduo e quando é que ele passa a ser considerado sofrimento, trazendo como consequências doenças psicológicas e depressivas. O trabalhador, por muitas vezes entra em um estado intermediário entre saúde e doença, desenvolvendo doenças ocupacionais como síndromes, depressão e estresse, com sintomas que evoluem de pouco aparentes, quando no início, até ocorrências que podem ser muito graves, quando passa para fazes mais agudas, tornando-se a doença. A saúde mental do trabalhador está directamente ligada na forma com as organizações e os gestores tratam e cuidam dos seus subordinados, principais razões que prejudicam a saúde mental dos colaboradores são: sofrer humilhações, perseguições, além de agressões físicas e verbais, alta demanda de trabalho diário e principalmente o desequilíbrio entre o esforço e recompensa adequada à dedicação. Às vezes um simples reconhecimento, um elogio faz toda diferença na motivação e no lado emocional do trabalhador, pois o mesmo se sentirá útil e importante para aquela organização dessa forma terá um equilíbrio entre o trabalho e a sua saúde mental. Palavras-chave: Saúde mental, trabalho, liderança, organizações. ÍNDICE GERAL INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 01 1. SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR DO BEM-ESTAR AO SOFRIMENTO ……………………………………………………....…….…….. 02 2. A INFLUÊNCIA DO LÍDER NA SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR………………………………………………………..………. 05 3. PROMOVENDO A SAÚDE MENTAL NO AMBIENTE DE TRABALHO……………………………………………………………….…….. 07 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 13 1 INTRODUÇÃO Este trabalho buscou compreender e tornar mais conhecido como as atitudes negativas ou positivas de um líder podem influenciar na saúde dos seus liderados, como as organizações hoje vem se empenhando em desenvolver métodos para manter um ambiente saudável e agradável aos seus colaboradores, buscando cuidar cada vez mais do seu capital humano. A metodologia utilizada foram leituras voltadas para o tema, bibliografias de autores conceituados e observações próprias. Pensar na saúde no trabalho e saúde do trabalhador é um assunto que está sempre em desenvolvimento, trabalhar é uma necessidade particular de todos os seres humanos e pode ser considerado um factor importante de promoção da saúde. Através do trabalho o ser humano se realiza e se desenvolve em suas várias dimensões: psicológica, social e económica. No entanto nem sempre o trabalho cumpre esse papel, cabendo então se investigar em que momento ele deixa de promover a saúde e passa a ter influência negativa sobre o indivíduo. A saúde do trabalhador, vem sendo hoje um ponto a mais para as organizações se preocuparem, com a pressão cada vez maior por causa da grande competitividade do mercado, os colaboradores vem desenvolvendo quadros clínicos de doenças ocupacionais cada vez mais constantes. Nenhum ser humano possui o poder de transformar outras pessoas, nem tão pouco pode obrigar alguém a ter outro tipo de comportamento, mas podemos influenciá- las a mudarem de atitude através de nossa conduta. Com foco, determinação e investimento no relacionamento interpessoal, o líder faz com que as pessoas busquem o objectivo e crescimento que tanto sonham na empresa em que trabalham. O líder é aquele que consegue através de suas atitudes e acções influenciar outras pessoas, é o que norteia os liderados dentro de uma organização, que busca o bem-estar, a qualidade de vida e cuida também da saúde física e mental dos seus colaboradores, pois ela reflecte nos resultados da empresa. Cabe ao líder compreender que a doença mental do colaborador é o resultado do ambiente e das relações que este sujeito está exposto dentro de uma organização, e justamente porque o colaborador passa a maior parte do seu tempo neste ambiente, é preciso promover locais de trabalho em que o indivíduo sinta satisfação em trabalhar, tentando trazer assim resultados positivos tanto para o próprio individuo quanto para a organização. 2 1. SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR DO BEM-ESTAR AO SOFRIMENTO Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, a saúde mental é definida como o equilíbrio emocional entre património interno e as exigências e vivências externas, é a capacidade que o ser humano tem de administrar a própria vida e suas emoções, é ser capaz de ter domínio sobre suas próprias acções sem perder a noção de tempo e espaço. Diante dessa definição podemos dizer que saúde mental está vinculada ao bem- estar, à qualidade de vida, o poder de amar, trabalhar e de interagir com as pessoas. Levando o tema para a saúde mental do trabalhador, logo entendemos que o local de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador tem total ligação ou influencia para uma boa saúde mental de cada indivíduo. Sem dúvidas o trabalho ocupa uma parte significativa da vida. Ele pode tanto trazer prazer e bem-estar, quanto trazer angustia e sofrimento. Assim como o trabalho é fonte de felicidade também pode ser causa de muitos problemas psíquicos. Para Dejours (1992), o trabalho deveria aparecer na própria definição do conceito de saúde, pois ele ocupa um lugar muito importante na luta contra doença, ou seja, nem sempre aparece como fonte de doença ou de infelicidade; ao contrário, é as vezes, operador de saúde e de prazer, o trabalho nunca é neutro em relação à saúde e favorece, seja doença, seja saúde. (p.164). Deste modo é comum ouvirmos a pergunta; “mas porque alguns adoecem e outros não” e ainda a partir desta pergunta podemos formular uma outra pergunta; “todos os trabalhadores são idênticos, o cotidiano de todos é o mesmo”. Pesquisas que analisam o cotidiano laboral e as diferenças entre trabalho prescrito e trabalho real apontam a existência de uma série de diferenças entre postos de trabalho que parecem, em primeiro momento idênticos, mas que apresentam inúmeras características diferentes. Podemos citar comoexemplo os locais de trabalho dos caixas de banco, cujos ritmos, pressões e responsabilidades são muito diferentes, quer se trate de empresa A ou B, quer se trate de agencias localizadas em grandes centros urbanos ou agencias localizadas em pequenas cidades ou bairros onde todos se conhecem. Vivemos em um mundo globalizado com novas tecnologias, mudanças rápidas e intensas, o crescimento acelerado de desenvolvimento e o aumento de actividades em vários sectores dentro das organizações e ainda com clientes cada vez mais exigentes, tudo isso exige cada vez mais dos trabalhadores e tem trazido consequências graves a 3 saúde do trabalhador. Estas constantes pressões e cobranças cada vez maiores acabam afectando de alguma maneira os sentimentos de indignidade, de inutilidade e de desqualificação, com todos estes sentimentos juntamente com o cansaço surgem os episódios depressivos. Existem ainda outros factores que associados ao cansaço trazem à tona episódios depressivos, são eles: Frustração: pode acontecer quando um trabalhador se dedica ao trabalho e vê outro recebendo o mérito ou se este trabalhador tem um conteúdo de trabalho inadequado as suas potencialidades ou as suas necessidades, pode se sentir cada vez mais frustrado. Medo: está presente em todos os indivíduos e também em todos os tipos de profissões, principalmente aquelas que estão expostas a riscos relacionados à integridade física. Insatisfação: gerada pela vontade de crescer, a busca algumas vezes inatingível de melhores resultados, pode se tornar um estado de profundo desgaste profissional, geralmente acontece com trabalhadores muito dedicados e com mania de perfeição, que se frustram ao perceber que suas expectativas não serão atingidas. Fadiga: resultante da carga excessiva de trabalho. Ansiedade: no ambiente de trabalho é facilmente percebida em relação ao desempenho de cada indivíduo, principalmente quando se trata de produtividade, ritmo, cota de produção, rendimento para obtenção de premiações ou bonificações. O trabalhador, por muitas vezes entra em um estado intermediário entre saúde e doença, desenvolvendo doenças ocupacionais como síndromes, depressão e estresse, com sintomas que evoluem de pouco aparentes, quando no início, até ocorrências que podem ser muito graves, quando passa para fazes mais agudas, tornando-se a doença. No caso da depressão o trabalhador apresenta sensação de ausência de prazer de viver, tristeza que afecta os pensamentos, sentimentos e o comportamento social, normalmente os depressivos demonstram sentimento de culpa e derrota. O estresse é caracterizado pela luta do organismo no sentido de recobrar o equilíbrio físico e mental, é um esgotamento com interferência na vida pessoal do indivíduo e não necessariamente em sua relação com o trabalho. 4 Já a síndrome de Burnout merece mais atenção, pois resulta de um estresse crónico e está relacionado ao mundo do trabalho. Os trabalhadores com esta síndrome exibem desapontamento e tristeza. No decreto 3048/99 que regulamenta a Previdência Social, o grupo V da Classificação Internacional de Doenças (CID) 10, referente aos transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, menciona no Inciso XII a “Síndrome de Burnout”, “Síndrome do Esgotamento Profissional”, também identificada como “Sensação de Estar Acabado”, segundo este decreto o profissional tem direito a afastar- se do trabalho para tratamento uma vez que tenha sido diagnosticada a síndrome. A divulgação deste decreto trouxe novos desafios aos profissionais de saúde e de Recursos Humanos nas organizações públicas e privadas. A saúde mental do trabalhador está directamente ligada na forma com as organizações e os gestores tratam e cuidam dos seus subordinados, principais razões que prejudicam a saúde mental dos colaboradores são: sofrer humilhações, perseguições, além de agressões físicas e verbais, alta demanda de trabalho diário e principalmente o desequilíbrio entre o esforço e recompensa adequada à dedicação. Não falamos apenas em retorno financeiro. Às vezes um simples reconhecimento, um elogio faz toda diferença na motivação e no lado emocional do trabalhador, pois o mesmo se sentirá útil e importante para aquela organização dessa forma terá um equilíbrio entre o trabalho e a sua saúde mental. 5 2. A INFLUÊNCIA DO LÍDER RELACIONADO À SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR O papel do líder não se resume em apenas dar ordens, mas sim em guiar de forma eficaz seus liderados a manter o equilíbrio, visando o resultado sem afectar a saúde mental daqueles que estão aos seus cuidados. Durante anos a saúde mental dos colaboradores tem sido negligenciada nas organizações, é assombroso o número de pessoas afectadas principalmente pelos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho. Este problema vem atingindo diariamente os funcionários independentes do nível hierárquico ou da função exercida na organização. Devido à busca desenfreada por resultados e cumprimento de metas, podemos observar que muitos “líderes” colocam fardos pesados e responsabilidades além dos limites que o indivíduo pode suportar, onde acabam gerando a tão temida desmotivação de seus colaboradores e um péssimo clima organizacional. “Esse novo cuidado no campo da saúde mental requer uma maior disponibilidade por parte do profissional, principalmente quando se é o profissional de referência. Essa atitude de disponibilidade geralmente vai além das competências técnicas para o exercício das funções que são exigidas. Esse acúmulo de exigências pode gerar tensões, adoecimentos e desequilíbrio psíquico (Silva,E.A,2007).” No estudo de Silva, E.A (2007) verificamos que quando o fardo é posto sobre alguém que não possui habilidades, ou que não recebeu um treinamento para tal exigência, a pessoa se torna alvo fácil para adquirir problemas psíquicos. A influência do líder é imprescindível nessas acções e não dar crédito a saúde mental dos colaboradores pode ocasionar consequências gravíssimas resultando em grandes perdas principalmente em capital humano, aumentando a rotatividade de funcionários e consequentemente uma má fama perante a sociedade. Uma boa liderança prevê os desmoronamentos de uma equipe desmotivada por acúmulos de exigências das quais não tiveram nenhum tipo de apoio, por estas razões o líder busca constantemente as melhores formas de delegar funções e desenvolver habilidades em seus liderados visando sempre à satisfação e o bem-estar de sua equipa. Enriquez. E . (2006) frisa o comportamento das pessoas em busca de soluções para lhe dar com as situações adversas, principalmente contra o estresse. Grande é a responsabilidade de um líder perante seus liderados, pois as suas atitudes e principalmente suas reacções podem guiar uma equipe sob o seu comando tanto à 6 glória como à derrota. Sabemos que líder não é simplesmente um chefe, aquele que vem somente para delegar e cobrar resultados. Estas formas de lidar com as pessoas no ambiente de trabalho tornaram-se um modelo ultrapassado que o mundo corporativo não tem suportado mais. “Assim, os indivíduos estão sempre em situação de prova, em estado de estresse, sentem queimaduras internas, tomam excitantes ou tranquilizantes para dar conta da situação para mostrar sua "excelência" e quando esses indivíduos não são mais úteis, eles são descartados (Enriquez, 2006, p. 5).” Muitos são os benefícios de possuir uma boa liderança nas organizações, pois cabe a ela a grande responsabilidade de guiar e desenvolver pessoaspara atingirem o alvo da empresa. O líder tem um papel fundamental para que todo processo de satisfação venha ter êxito. O laço que liga contentamento dos colaboradores, organização e clientes, depende totalmente de líderes que visam à qualidade e gozo daqueles que estão ao seu redor. Funcionários motivados geram produtos e serviços qualificados, o que resulta em clientes felizes e contentes que compartilham e indicam a organização perante a sociedade como uma excelente empresa. O Líder não deve visar apenas a produtividade na corporação, mas deve ter como prioridade o capital humano, e o que cada liderado pode oferecer ou contribuir para o crescimento do grupo. A liderança é eficaz quando valoriza seus liderados como elementos fundamentais para se chegar ao sucesso. As pessoas querem ser vistas, ouvidas e reconhecidas pelos seus esforços e trabalhos apresentados na organização, porém ainda nos dias atuais é comum notarmos muitas empresas que se for preciso humilham, degradam e afligem seus funcionários para que venham desempenhar com mais excelência seus papéis. Inúmeros funcionários são tratados como maquinas, sem nenhum tipo de oportunidade de expor suas ideias e opiniões ou ainda desenvolver seus talentos na própria empresa. A falta de reconhecimento atinge directamente a motivação e o contentamento de toda uma equipe. Uma boa liderança é humanista, e serve de apoio para que cada colaborador venha estar satisfeitos com suas funções e ambiente de trabalho, como relata Arnold e Plas (1996, p. 35). Na liderança voltada para o indivíduo, você leva em consideração as insatisfações, apoia a vida pessoal e familiar, promove a honestidade sem medo e garante acesso aos chefes e encoraja as pessoas a assumir riscos. Quando um líder adota essas cinco atitudes humanistas intransigentes, as motivações, energias e objetivos dos 7 empregados entram em sincronia com as energias e metas da organização. (ARNOLD E PLAS, 1996, p. 35). A liderança eficaz não traz benefícios apenas para seus liderados, mas por meio de sua boa gestão favorece um ambiente saudável e produtivo capaz de manter por longo prazo a fidelidade e comprometimento entre empregados e empregador. Quando a liderança dá o melhor de si mesma no ambiente de trabalho, suas atitudes começam a despertar em seus liderados o desejo de serem semelhantes tanto no agir como no pensar, ou seja, se o líder plantar boas sementes por meio de compreensão, reconhecimento e motivação, logo sua colheita será frutífera e saudável no convívio com outras pessoas. Ser referência e inspiração aos que estão em seus cuidados faz toda a diferença na hora de conduzi-los. O ser humano não possui o poder de transformar as pessoas, nem tão pouco pode obrigar alguém a ter outro tipo de comportamento, mas podemos influenciá-las a mudarem de atitude através de nossa conduta. Com foco, determinação e investimento no relacionamento interpessoal, o líder faz com que as pessoas busquem o objectivo e crescimento que tanto sonham na empresa em que trabalham. 3. PROMOVENDO A SAÚDE MENTAL NO AMBIENTE DE TRABALHO Pensar na saúde no trabalho e saúde do trabalhador é um assunto em desenvolvimento, trabalhar é uma necessidade particular do ser humano e pode ser considerado um factor importante de promoção da saúde. Através do trabalho o ser humano se realiza e se desenvolve em suas várias dimensões: psicológica, social e económica. No entanto nem sempre o trabalho cumpre esse papel, cabendo então se investigar em que momento ele deixa de promover a saúde e passa a ter influência negativa sobre o indivíduo. O trabalho é o local onde a maioria das pessoas passa a maior parte do seu dia, desse modo o ambiente de trabalho irá reflectir directamente sobre a personalidade do indivíduo. Actualmente as empresas já tem a ideia que o ambiente organizacional reflecte na saúde mental do trabalhador, que por sua vez reflecte nos resultados e na reputação da empresa com o mercado. Para que o ambiente de trabalho ofereça todas as condições necessárias para o desenvolvimento harmónico das actividades entre os sectores é necessário que existam metas palpáveis e acima de tudo sinergia entre os colaboradores. As constantes pressões por resultados cada vez melhores podem ter efeito prejudicial tanto para a empresa 8 quanto para o trabalhador, os transtornos psicológicos já são a terceira maior causa de afastamentos trabalhistas no Brasil e esses números só tendem a aumentar em empresas que deixam de lado o aspecto humano do seu colaborador. As relações entre homem e trabalho são complexas e ao falar em saúde mental, devemos considerar que estas relações devem ser examinadas de acordo com o tempo, lugar da organização em que este trabalhador está inserido. Quadros como ansiedade, depressão e abuso de substâncias atingem empregados, seus familiares e colegas de equipe. Isso provoca a deterioração das relações sociais no ambiente de trabalho, desmotivação, queda de produtividade e acidentes durante a execução das tarefas diárias. A promoção da saúde mental tem como principal objectivo aquilo que mantem e melhora o bem-estar mental. Os factores que garantem uma boa saúde mental no trabalho são: Participação dos trabalhadores nos processos de melhoria da organização do trabalho; Envolvimento activa e consulta dos trabalhadores na melhoria do seu ambiente de trabalho; Todas as medidas destinadas a melhorar o bem-estar no trabalho, por exemplo possibilidade de horário flexível ou de tele trabalho; Encontrar sentido no trabalho realizado; Ter condições para tomar decisões no trabalho; Ter condições para organizar o trabalho de acordo com seu próprio ritmo; Abordar a questão da alimentação saudável; Promoção da saúde mental através da oferta de cursos para gestores sobre formas de lidar com o estresse e a tensão mental possivelmente encontrado em suas equipes; Exercícios e actividades físicas; O investimento na saúde mental e no bem-estar dos trabalhadores tem inúmeros benefícios para as empresas como por exemplo: um melhor desempenho e uma maior produtividade dos trabalhadores, diminuição da rotatividade e do absenteísmo. Nos últimos anos percebe-se que as organizações vêm se preocupando com a saúde das pessoas na busca de maior produtividade e eficiência na sua actuação. Empresas públicas e privadas desenvolvem acções que visam diminuir a ocorrência do absenteísmo, da rotatividade, da falta de motivação das pessoas. A organização do trabalho, o sistema hierárquico, as relações de poder e de comando, os objectivos e 9 metas da organização, o aumento do ritmo de trabalho, entre outras variáveis existentes nas organizações podem vir a ser causas de algum tipo de sofrimento e/ou adoecimento no trabalho. O ambiente de trabalho e a forma como o trabalho é organizado e gerido podem ter efeitos na saúde mental dos trabalhadores. O trabalho pode ser benéfico para a saúde mental, proporcionando ao indivíduo um sentimento de inclusão social, estatuto e identidade e estruturando a ocupação do tempo, porém, em contrapartida é importante ressaltar que o mesmo trabalho pode trazer muitos riscos psicossociais aumentando o risco de ansiedade, depressão e esgotamento. Segundo Albuquerque e França (1998), Qualidade de Vida no Trabalho é: O conjunto de acções de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho. Em outra óptica,percebe-se que a partir do trabalho, o ser humano pode manter sua vida, comprar alimentos e suprir suas necessidades, de modo que o trabalho rege a vida em todas as instâncias. É depois do trabalho que se tem tempo disponível; e que, muitas vezes, esse tempo é dedicado ao aperfeiçoamento para o mercado de trabalho. A vida profissional, via de regra, é prioridade em relação à vida pessoal, como se o ser não fosse único, como se um mesmo indivíduo se fragmentasse em dois: um durante o trabalho e outro após o trabalho. A título de reflexão sobre acções que promovam satisfação no trabalho e saúde dos trabalhadores, sugere-se projectar e avaliar mudanças na concepção e organização do trabalho e que sejam direccionadas para os aspectos psicossociais do trabalho. Essas mudanças devem considerar, por exemplo: Prévia conceituação, discussão e consolidação interna, na organização, sobre as prioridades e conteúdo das mudanças, com a participação directa dos trabalhadores de todos os níveis hierárquicos; Mudanças nas formas de reconhecimento e valorização dos trabalhadores e de seu trabalho, seja por meio de comunicação verbal ou escrita, formal ou informal, pessoal ou colectiva, como por meio de incentivos ou recompensas a ideias, esforços e trabalhos realizados, com ênfase na clareza de apresentação e critérios de concessão dos mesmos; 10 Implementar a autonomia e o controle no trabalho exercidos pelos trabalhadores, com aumento das participações individual e colectiva em processos decisórios. Isso pode ser obtido pela valorização da análise e das decisões e consenso entre chefias e empregados e pela promoção do envolvimento dos empregados nas actividades de planeamento e organização e não apenas de execução do trabalho. Essas mudanças devem ser acompanhadas da clara definição das competências e das responsabilidades envolvidas e evitando-se conflitos, ambiguidade de papéis e polivalência com excesso de pressões; Enriquecimento do trabalho e aumento do conhecimento e das habilidades a partir do envolvimento dos trabalhadores em todo o processo de trabalho, desde a concepção até a avaliação dos resultados, por meio de tarefas mais interessantes e complexas, que utilizem os conhecimentos e habilidades de que o trabalhador já dispõe e/ou a necessidade de aprendizagem e desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, que signifiquem desafios dentro das expectativas dos trabalhadores; Possibilidade, para todos os envolvidos, de desenvolvimento da carreira e de segurança no emprego. Por meio, por exemplo, de desenvolvimento e avaliação de carreira, de competências; com o envolvimento dos empregados na concepção geral, definição de prioridades e critérios de avaliação, bem como incentivo para actividades e oportunidades de qualificação e de exercício de valores de cidadania; Aumento do suporte social. Por exemplo, por meio de sensibilização e capacitação de chefias e profissionais (de Recursos Humanos, Saúde, Segurança) para oferecer suporte, orientação ou encaminhamento adequado para questões ligadas à vida no trabalho ou afectada pelo trabalho; Priorizar o fluxo, o suporte e a qualidade das informações operacionais e organizacionais. Por exemplo, por meio da agilização na transmissão de informações entre os diversos níveis hierárquicos de forma que as informações cheguem completa e rapidamente às pessoas que delas necessitam; disponibilizar informações transparentes e claras sobre mudanças que estão sendo cogitadas ou acontecerão na empresa para diminuir boatos e tensões resultantes da incerteza e de informações mal planejadas, conflituantes ou tardias; Melhorias das condições do ambiente físico de trabalho por meio de adequação das condições ambientais (ruído, temperatura, iluminação), do leiaute de 11 edifícios, áreas e postos de trabalho, circulação, repouso, lazer, do mobiliário e equipamentos, em conformidade com as normas técnicas e legislação mais avançadas em cada um desses aspectos. É imprescindível suscitar, facilitar e tornar prática reconhecida e valorizada internamente o envolvimento dos empregados na priorização, definição, acompanhamento e avaliação dessas mudanças. A implementação desse tipo de mudanças deve ser feita de modo que elas correspondam às necessidades, expectativas e desejos dos trabalhadores (quando não puderem atendê-los, que sejam muito bem expostos os motivos) e que sejam compatíveis com as características e as exigências das tarefas. Se tais pré-condições não forem respeitadas, as mudanças serão facilmente caracterizadas por aumento do volume de trabalho, das exigências e das responsabilidades, dos conflitos interpessoais, constituindo novas fontes de sobrecarga para o trabalhador e, portanto, fontes de insatisfação e de riscos para a saúde e o bem-estar. Como quaisquer outras mudanças, as relativas à concepção e organização do trabalho representam dispêndio financeiro e de tempo, requerem o envolvimento de todos os níveis hierárquicos da empresa e, especialmente, dos profissionais das áreas de saúde no trabalho e de recursos humanos em todas as suas fases, desde a concepção das mudanças, seu planeamento, organização, implementação, avaliação, acompanhamento e reavaliação (Paraguay, 2003). Evidentemente, esse tipo de processo pode ser de longa maturação e duração, com uma implantação onde frequentemente ocorrem limitações decorrentes do contexto da empresa, sejam de carácter económico, administrativo, de disponibilidade de recursos humanos e de tempo. Nesse sentido, mesmo em situações mais favoráveis, as mudanças devem ser feitas a partir das prioridades identificadas e elas podem e devem ser voltadas para implementar os aspectos psicossociais do trabalho que aparecem como principais fontes de satisfação no trabalho - e de alterar os aspectos que aparecem como principais fontes de insatisfação no trabalho em cada situação. 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho buscou compreender e tornar mais conhecido como as atitudes negativas e ou positivas de um líder podem influenciar na saúde dos seus liderados, e como as organizações hoje vem se empenhando em desenvolver métodos para manter um ambiente saudável e agradável aos seus colaboradores, buscando cuidar cada vez mais do seu capital humano. Percebe-se que, o número de doenças directamente relacionadas ao estresse tem aumentado e junto também tem aumentado a preocupação, formas de prevenção e cura. O estresse e seus estados crónicos afectam directamente à execução de tarefas e desenvolvimento do trabalho. E mesmo o trabalho para ser bem executado precisa ser feito com atenção, concentração, raciocínio e muitas vezes resulta em desgaste físico e mental, actuando directamente na qualidade de vida. Pensar na saúde no trabalho e saúde do trabalhador é um assunto em desenvolvimento, trabalhar é uma necessidade particular do ser humano e pode ser considerado um factor importante de promoção da saúde. Enriquecimento do trabalho e aumento do conhecimento e das habilidades a partir do envolvimento dos trabalhadores em todo o processo de trabalho, desde a concepção até a avaliação dos resultados, por meio de tarefas mais interessantes e complexas, que utilizem os conhecimentos e habilidades de que o trabalhador já dispõe e/ou a necessidade de aprendizagem e desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, que signifiquem desafios dentro das expectativas dos trabalhadores podem resultar em ambientes de trabalho mais prazerosos e menos desgastantes. Verificamos que a saúde mental do trabalhador está directamente ligada naforma com as organizações e os gestores tratam e cuidam dos seus subordinados, principais razões que prejudicam a saúde mental dos colaboradores são: sofrer humilhações, perseguições, além de agressões físicas e verbais, alta demanda de trabalho diário e principalmente o desequilíbrio entre o esforço e recompensa adequada à dedicação. O trabalhador se dedica ao trabalho, mas não tem uma recompensa adequada à dedicação. Não falamos apenas em retorno financeiro. Às vezes um simples reconhecimento, um elogio faz toda diferença na motivação e no lado emocional do trabalhador, pois o mesmo se sentirá útil e importante para aquela organização, dessa forma terá um equilíbrio entre o trabalho e a sua saúde mental. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/52519/saude-mental-do- trabalhador-a-importancia-do-equilibrio-psicologico Fonte: http://g1.globo/ciência-e-saude/noticia/2011/04/conhecadoencasmentais. DEJOURS, C. (1992). A loucura do trabalho: Estudo de psicopatologia do trabalho. (A. I. Paraguay e L.L. Ferreira, trad.;5 ed.) São Paulo: Cortez Oboré. ENRIQUEZ, E. (2006). O homem do século XXI: sujeito autónomo ou indivíduo descartável. Revista de Administração de Empresas. RAE-electrónica SILVA, E. A. Dores dos cuidadores em saúde mental: estudo exploratório das relações de descuidado dos profissionais de saúde mental em Centros de Atenção Psicossocial de Goiânia - GO. 2007. 165p. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica e Cultura), Universidade de Brasília – UnB.
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