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Disfunções do Assoalho Pélvico FISIOTERAPIA NA SAUDE DA MULHER Eleonora Vasconcelos 2019 ESTÁTICA PÉLVICA OS ÓRGÃOS PÉLVICOS SÃO MANTIDOS EM SUAS POSIÇÕES FISIOLÓGICAS PELO APARELHO DE FIXAÇÃO: APARELHO DE FIXAÇÃO SISTEMA DE SUSPENSÃO SISTEMA DE SUSTENTAÇÃO SISTEMA DE CONTENSÃO LIG. PUBOVÉSICO- UTERINO CARDINAL ÚTERO SACRO DIAFRAG. PÉLVICO DIAFRAG. URO- GENITAL APONEUROSES E FÁSCIAS DISTOPIAS E PROLAPSOS GENITAIS CONSIDERAÇÕES: FATOR ANATÔMICO: Alterações anatômicas são fatores facilitadores da instalação dos prolapsos genitais e IU. Idade Paridade Partos vaginais mal conduzidos ou traumáticos Alterações hormonais Obesidade Tosse crônica Tipo de atividade física DISTOPIAS E PROLAPSOS GENITAIS E IU O emprego do Fórceps com imperícia para ajudar a descida e rotação da apresentação fetal, poderá lesar fascias, músculos dos diafragmas perineais, vagina, uretra, bexiga e ânus DISTOPIAS E PROLAPSOS GENITAIS E IU Durante o climatério e a senectude os fibroblastos da pelve apresentam transformações involutivas semelhantes às da pele. DISTOPIAS E PROLAPSOS GENITAIS E IU PERÍODO EXPULSIVO PROLONGADO PARTOS LABORIOSOS DISTOPIAS E PROLAPSOS GENITAIS CONSIDERAÇÕES: FATOR ENDÓCRINO: Para a manutenção da estática pélvica o estrogênio é necessário e imprescindível, mantendo o trofismo das estruturas pélvicas. DISTOPIAS GENITAIS CONCEITO: SÃO DESLOCAMENTOS PARCIAIS OU TOTAIS DE UM ORGÃO DE SUA LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA HABITUAL, QUASE SEMPRE EM CARÁTER PERMANENTE. PARA MANTER O APARELHO GENITAL EM SUA TOPOGRAFIA NORMAL, FAZ-SE NECESSÁRIO A INTEGRIDADE DE TRÊS FATORES: ANATÔMICO, ENDOCRINO E DINÂMICO. DISTOPIAS VAGINAIS DISTOPIAS VAGINAIS Sensação de pressão vaginal (“bola na vagina”) Estrutura exteriorizando-se pela vagina Incontinência urinária Disfunção sexual. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO Prolapsos ou Distopias Genitais A maioria das descrições de prolapso leva em consideração o órgão que prolapsou : Ureterocele prolapso da parede vaginal anterior Cistocele prolapso da bexiga. Prolapso uterino prolapso do útero. Enterocele parte do intestino pode deslizar para baixo entre o reto e a parede posterior da vagina. Retocele Ocorre quando a extremidade do reto perde a sustentação e protrai na parede posterior da vagina. Prolapso de cúpula vaginal (eritrocele). Prolapso Uterino Para a melhor compreensão da etiopatogenia dos prolapsos é necessário o conhecimento da teoria de DeLancey (1992), que divide as estruturas que sustentam a vagina em três níveis, correspondentes a três diferentes áreas ou grupos de suporte: Nível I – sustenta o útero e o terço superior da vagina; formado pelas fibras do complexo uterossacro-cardinal e pelas fibras superiores do paracolpos. Lesões deste nível determinam prolapso uterino ou de cúpula vaginal nas mulheres histerectomizadas e/ou enterocele Nível II – sustenta o terço médio; formado pelas fibras do paracolpos, que ligam a vagina à parede pélvica. Lesões nessa região determinam prolapso da parede vaginal anterior (cistocele) e/ou posterior (retocele). Nível III – compreende a fusão da vagina com as estruturas adjacentes – o músculo elevador do ânus lateralmente, o corpo perineal posteriormente e a uretra anteriormente. Lesões deste nível quando ocorrem anteriormente determinam incontinência urinária; as lesões posteriores atingem o corpo perineal, podendo ocorrer ruptura perineal, incontinência fecal ou de flatos. Há grande probabilidade de ocorrer cistocele, uretrocele e retocele simultaneamente. A uretrocele praticamente é sempre acompanhada de cistocele (cistouretrocele). A cistocele e a uretrocele geralmente se desenvolvem quando a fáscia pubocervical fica enfraquecida. A enterocele em geral ocorre após histerectomia. A fragilidade das fáscias pubocervical e retovaginal permite o prolapso do ápice vaginal, que contém o peritônio e o intestino delgado. A retocele resulta do rompimento do músculo elevador do ânus. Primeiro grau: Até a parte superior da vagina Segundo grau: Até o introito vaginal Terceiro grau: além do introito vaginal O prolapso de parede vaginal anterior (PPVA), conhecido como cistocele, é a mais freqüente forma Sinais e sintomas São comuns a sensação de plenitude ou pressão pélvica ou vaginal e a percepção de exteriorização de órgãos. Os órgãos podem projetar-se para o canal vaginal ou para o introito, em particular durante o esforço e a tosse. Dispareunia ( dor na relação sexual)pode ocorrer. A incontinência urinária de esforço em geral acompanha a cistocele ou a uretrocele. Pode se desenvolver incontinência urinária por transbordamento ou, particularmente quando o nervo sacral é lesado, a urgeincontinência. Enterocele pode causar dor lombar. A retocele pode causar constipação intestinal e defecação incompleta; as pacientes podem ter de exercer pressão manual na parede vaginal posterior para então evacuar Prolapso Uterino No prolapso de primeiro grau, o útero desce através do canal vaginal, mas não ultrapassa o plano da vulva. No prolapso de segundo grau, o útero ocupa todo o interior do canal vaginal e o colo uterino sobressai por fora da vulva. No prolapso de terceiro grau, todo o útero sobressai para fora da vulva. DISTOPIAS UTERINAS III GRAU II GRAU I GRAU Prolapso tratamento Pessários e exercícios de Kegel Cirurgia reparadora das estruturas de suporte, se necessário O tratamento pode consistir inicialmente em pessário e exercícios de Kegel Pessários são próteses inseridas no interior da vagina com o intuito de manter a redução das estruturas que sofreram prolapso. Apresentam formas e tamanhos variados e alguns são infláveis. Podem causar ulceração vaginal, se não apresentarem o tamanho adequado ou se não forem limpos rotineiramente Um pessário é um dispositivo médico inserido na vagina, quer para proporcionar suporte estrutural, quer como método de administração de medicamentos. Há alguns tipos de pessários, entre os quais: Um pessário terapêutico é um dispositivo médico semelhante ao anel externo de um diafragma. Os exercícios de Kegel incluem contrações isométricas do músculo pubococcígeo. Isolar a musculatura correta é difícil (cerca de 50% das pacientes não conseguem fazê-lo), mas importante, já que a manobra de Valsalva é prejudicial e a contração das nádegas ou das coxas não ajuda. Inicia-se melhor a contração do músculo adequado pedindo-se para a paciente para simular uma tentativa de segurar a urina. Três séries de oito a dez contrações são realizadas diariamente; as contrações devem durar inicialmente de 1 a 2 s e, quando possível, aumentadas para 10 s cada. Os exercícios podem ser facilitados com o uso de cones vaginais com peso, os quais podem auxiliar a paciente a se concentrar na contração do músculo correto, com aparelhos de biofeedback ou estimulação elétrica, que causam a contração muscular Os exercícios de Kegel servem para combater a perda involuntária de urina, tanto no homem quanto na mulher, porque tonificam e fortalecem o músculo chamado Pubiococcígeo, localizado no assoalho pélvico. Os exercícios de kegel podem ser realizados em qualquer posição, seja sentado, deitado ou de pé, e podem inclusive ser realizados com o auxílio de bolas de ginástica. No entanto, é mais fácil iniciar estando deitado com as pernas dobradas Para fazer os exercícios de Kegel deve-se seguir os seguintes passos: Esvaziar a bexiga; Identificar o músculo pubococcígeo: para isso, tentar interromper o jato de xixi enquanto urina; Voltar a contrair o músculo pubococcígeo depois de urinar para se certificar que sabe contrair o músculo corretamente; Realizar 10 contrações seguidas do músculo;Relaxar por alguns instantes; Retomar o exercício, fazendo, pelo menos, 10 séries de 10 contrações todos os dias. A reparação cirúrgica das estruturas de suporte (colporrafia anterior e posterior) pode ajudar a aliviar os sintomas graves ou que não melhoram com tratamento não cirúrgico. A cirurgia para tornar o períneo mais curto e fixo (perineorrafia) também pode ser necessária. A colporrafia (reparação cirúrgica da vagina) é geralmente adiada, se possível, até que a paciente não deseje mais ter filhos no futuro, pois um parto vaginal subsequente pode romper o reparo. A incontinência urinária pode ser tratada cirurgicamente ao mesmo tempo que a colporrafia. Após a cirurgia, as pacientes devem evitar levantar peso por 3 meses. Depois da cirurgia de reparação de cistocele ou de uretrocele, utiliza-se cateter uretral por menos de 24 h Os objetivos das cirurgias para correção dos prolapsos genitais visam ao restabelecimento ou manutenção da (Shull et al, 1992): 1. Anatomia vaginal normal; 2. Função vesical; 3. Função intestinal; 4. Função sexual. As principais complicações citadas por Cervigni (2001), podem incluir: 1. Infecção 2. Formação de Seromas 3. Erosão e formação de fístulas 4. Retração cicatricial Incontinência Urinária De acordo com a definição da International Continence Society (ICS) entende-se por incontinência toda perda involuntária de urina, clinicamente demonstrável, que cause problema social ou higiênico à mulher. (ABRAMS et al., 2002). A Sociedade Internacional de Continência publicou novas definições dos sintomas urinários, para serem compatíveis com as publicações da Organização Mundial de Saúde (OMS): Incontinência urinária (IU), como a queixa de perda involuntária de urina. Incontinência urinária de esforço (IUE) queixa da perda involuntária da urina sincrônica ao esforço, espirro ou tosse. Incontinência urinária de urgência (IUU), como a queixa de perda involuntária da urina associada ou imediatamente precedida por urgência miccional. Incontinência urinária mista (IUM), como a queixa de perda involuntária de urina associada com urgência e com esforço, espirro ou tosse. Sintomas Urinários Padronização da Sociedade Internacional de Continência: Nictúria (acordar uma ou mais vezes à noite para urinar). Polaciúria (urinar com muita freqüência durante o dia). Urgência (desejo súbito e incontrolável de urinar, difícil de ser adiado). Urge-incontinência (perda involuntária de urina acompanhada ou imediatamente precedida por urgência). Enurese noturna (perda urinária que ocorre durante o sono). (ABRAMS et al., 2002). Tratamento Conservador Em 1996, o Departamento de Saúde Norte-Americano de normas para o tratamento da incontinência urinária de esforço feminina, recomendou-o “como primeira escolha o tratamento menos invasivo e com menor potencial de complicações adversas”. Tratamento Conservador A tentativa de tratamento conservador não causa problemas na saúde da paciente e não invalida uma eventual e necessária cirurgia no futuro, podendo até melhorar o resultado final desta. Martins (2000). Objetivos Gerais do Tratamento Fisioterapêutico Informar a paciente sobre os fatores capazes de provocar ou agravar a incontinência. Promover os melhores resultados possíveis quanto à continência. Melhorar a coordenação e a força dos músculos do assoalho pélvico. Aumentar a pressão de fechamento uretral. Aumentar a capacidade da paciente para contrair os músculos do assoalho pélvico diante do aumento súbito da pressão intra-abdominal. Informar a paciente sobre as possibilidades terapêuticas e encaminhá-la para exame e tratamento sempre que os problemas fugirem da alçada do fisioterapeuta. As metas individuais devem ser específicas e personalizadas atendendo as particularidades que cada paciente apresenta. Tratamento Fisioterapêutico Entre as modalidades de tratamento fisioterapêutico da incontinência urinária de esforço encontram-se a terapia comportamental, a cinesioterapia, os cones vaginais, a eletroestimulação perineal e o biofeedback. Tratamento Fisioterapêutico No caso ideal, o tratamento deve ser primeiro preventivo e depois de reabilitação. Enquanto preventivo, o objetivo é promover a continência e prevenir a incontinência e diz respeito às pessoas que correm o risco de evoluir para incontinência principalmente da terceira idade. Exercícios preventivos Eleonora Vasconcelos 1. Contraia e relaxe A ideia aqui é fazer o simples exercício de contrair e relaxar os músculos do assoalho pélvico. Você pode começar fazendo cinco vezes e, quando se sentir mais segura(o), passar para dez e repetir em mais duas séries. Conte até cinco de modo pausado e, a cada número, contraia e relaxe. 2. Contraia, sustente e relaxe Faça força de contração do assoalho pélvico, como no exercício anterior, segure por cinco segundos e depois relaxe. Repita mais quatro vezes. Esse exercício também pode ser feito em qualquer lugar e horário, contanto que você esteja sentada(o), com a coluna ereta e os pés apoiados no chão 3. Contraia durante a respiração Agora vamos dificultar um pouquinho: você vai ter que contrair a musculatura do assoalho pélvico, inspirar e expirar, e só depois relaxar. Então, vamos lá: contraia e sustente a contração, puxe o ar, solte o ar e, agora sim, relaxe. Repita outras quatro vezes. 4. Contraia progressivamente em 3 tempos Quando estiver pronta(o) para mais um desafio, faça este exercício: o objetivo é treinar a contração do assoalho pélvico em três tempos. Contraia, contraia mais e mais uma vez. Só depois relaxe. Quando estiver craque, repita outras quatro vezes. 5. Contração do assoalho pélvico associada à tosse É isso mesmo que você entendeu: a ideia aqui é contrair o assoalho pélvico e forçar uma tosse. Contraia e tussa. Repita cinco vezes no total Adução deitado: deitado no solo, realize a adução (movimento de fechar as pernas) com uma resistência entre os joelhos. Essa resistência pode ser uma bola ou uma almofada. O movimento consiste em comprimir o objeto e relaxar Elevação da Pelve com adução de pernas: deite no solo com um objeto entre as pernas (bola ou almofada) e comprima-o. Então, eleve o quadril, deixando o corpo apoiado apenas nos ombros e nos pés. Volte à posição inicial e repita. Extensão de quadril com pés elevados: deite no chão e apoie os pés em um banco ou bola de pilates. Sempre com os joelhos esticados, eleve o quadril, mantendo ombro e braços no solo. Volte à posição inicial e repita Agachamento com adução de pernas: faça o movimento de agachamento normal, mas com uma bola pequena ou almofada entre as pernas e encostada na parede. Inicie em pé e faça o movimento de adução, agache, dobrando os joelhos para a frente, e mantenha a coluna ereta enquanto continua pressionando o objeto. Volte à posição inicial e repita.