Buscar

Prescrição Penal: Conceito, Natureza Jurídica e Espécies

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
Prescrição Penal 
 Prof. Gabriel Habib 
 
1. Conceito. 
A prescrição penal nada mais é do que a influência curativa do 
tempo na relação do Estado, detentor do direito de punir, com o indivíduo, 
titular do direito à liberdade. 
Portanto, a prescrição consiste na perda por parte do Estado do 
direito de punir e do direito de executar a punição por conta do decurso do 
tempo, isso é, a perda da pretensão punitiva (jus puniendi) e da pretensão 
executória gerando, como consequência, a extinção da punibilidade do 
agente. 
 
2. Natureza Jurídica da Prescrição Penal. 
Natureza jurídica é o lugar que determinado instituo ocupa no 
Ordenamento Jurídico e, sendo assim, sabe-se que um mesmo instituto pode 
ser posicionado em mais de um lugar ao mesmo tempo. É o que ocorre, por 
exemplo, com a prescrição penal. Isso quer dizer que a prescrição penal terá 
natureza jurídica não só de causa extintiva da punibilidade; mas também 
instituto de natureza material. 
OBS.1: como saber se um instituto é de natureza material ou 
processual? Pelo conteúdo do instituto, se ele versar sobre início, meio e fim 
de um processo, trata-se de instituto de natureza processual. Caso contrário, 
se o instituto versar sobre início, meio e fim do jus puniendi (direito de punir) 
terá natureza material. 
OBS.2: os prazos processuais se computam a partir do primeiro dia 
útil seguinte ao seu termo inicial (exclui-se o primeiro dia, mas inclui-se o 
último). Já os prazos de natureza material computam-se incluindo o primeiro 
dia, ou seja, já a partir do termo inicial (inclui-se o primeiro dia e exclui o 
último). 
Sabendo-se, então, que a prescrição é um instituto de natureza 
material e que estes têm seus prazos computados incluindo o primeiro dia. 
 2 
Logo, os prazos prescricionais serão computados incluindo o primeiro dia e 
excluindo o último (inicia-se a contagem logo no primeiro dia). 
P.ex.: a prescrição da pretensão punitiva começa a correr a partir da 
consumação do crime. Então, se um determinado crime foi cometido no dia 
02/02/2015 é a partir dessa data (incluindo o primeiro dia) que se contará o 
prazo prescricional. Ou seja, o termo inicial do prazo será 02 de Fevereiro. 
OBS.: Macete para o cômputo do prazo prescricional – a prescrição 
é instituto de natureza material (e não processual), logo, seu prazo é contado 
incluindo-se o primeiro dia e excluindo o último. Portanto, o macete é o 
seguinte: a prescrição sempre ocorrerá no dia anterior ao do prazo inicial, no 
mesmo mês do prazo inicial e tantos anos após quantos forem os anos 
necessários para prescrição. Por exemplo, se prazo inicial é no dia 
18/06/2013 e a prescrição ocorrerá em 10 anos, o prazo final será no dia 
17/06/2023 
Sabendo-se o termo inicial a partir do qual correrá a contagem do 
prazo prescricional é importante saber, também, o momento em que a 
extinção da punibilidade pela ocorrência da prescrição será declarada e a 
quem compete fazê-lo. 
A resposta vem no art. 61 do CPP: 
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se 
reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de 
ofício. 
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-
lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar 
conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a 
prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou 
reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. 
 
Portanto, no que toca o momento de reconhecimento da prescrição 
e a competência para tanto: qualquer juízo ou tribunal, em qualquer momento 
do processo, ocorrida a prescrição, deve declarar de ofício mesmo que não 
haja requerimento da parte. Trata-se de questão de ordem pública. 
 3 
OBS.: A prescrição poderá ser declarada de ofício pelo Juiz? 
Sim. A prescrição pode ser declarada de ofício pelo juiz a qualquer 
tempo por expressa previsão do art. 61 do CPP que reconhece esta matéria 
como de ordem pública já que põe fim à punibilidade estatal ou impede a sua 
execução, no primeiro caso, a prescrição poderá ser reconhecida pelo juiz 
criminal, no segundo pelo juízo da execução. 
 
2. Espécies de Prescrição. 
A prescrição possui duas espécies a depender da pretensão estatal 
sobre a qual recairá: prescrição sobre a pretensão punitiva e prescrição sobre 
a pretensão executória. 
 
2.1. Prescrição da Pretensão Punitiva x Prescrição da Pretensão 
Executória. 
O estado exerce a pretensão punitiva quando forma um título 
executivo contra o réu, ou seja, quando da sentença penal condenatória 
transitada em julgada. Portanto, trata-se da prescrição que recai sobre a 
Pretensão Punitiva do Estado, o que ocorre até que seja formado um título 
punitivo consistente numa sentença penal condenatória transitada em julgado 
impedindo a formação desta. E a prescrição que recai sobre a pretensão 
executória do Estado, o que ocorre após a formação daquele título. 
 Prescrição da Pretensão 
Punitiva 
Prescrição da pretensão 
Executória 
Título Executivo. Não há título executivo Há título executivo 
Efeitos. Perda do direito de Punir. Perda do direito de 
executar a punição 
Reincidência. Não há geração da 
reincidência 
Há sim a geração da 
reincidência 
Execução Cível Não há formação de título, 
logo, não permite execução 
Há formação de título a 
ensejar execução direta na 
 4 
 Prescrição da Pretensão 
Punitiva 
Prescrição da pretensão 
Executória 
direta na esfera cível esfera cível. 
 
 
3. Prescrição da Pretensão Punitiva (art. 109 do CP1). 
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a 
sentença final, salvo o disposto no §1º do art. 110 deste 
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de 
liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a 
doze; 
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior 
a oito anos e não excede a doze; 
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a 
quatro anos e não excede a oito; 
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a 
dois anos e não excede a quatro; 
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um 
ano ou, sendo superior, não excede a dois; 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 
(um) ano. 
Prescrição das penas restritivas de direito 
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de 
direito os mesmos prazos previstos para as privativas 
de liberdade. 
 
 
1 O art. 109 fala em prescrição antes de transitado em julgado a sentença penal condenatória, logo, a 
norma penal ali contida regula a prescrição da pretensão punitiva. 
 5 
O critério aqui para se estabelecer a prescrição dependerá da pena 
máxima cominada em abstrato. Ou seja, a prescrição dependerá de cada 
crime. 
Ex.1: o crime de furto prescreverá de acordo com o art. 155 c/c 109, 
IV, ou seja, a pretensão punitiva prescreverá em 8 anos. Agora, se o furto for 
qualificado, o art. 155, §4º c/c 109, III determina que a prescrição ocorrerá em 
12 anos. 
Ex.2: Lesão corporal leve prescreverá em quatro anos (art. 129, 
caput c/c 109, V do CP). 
Ex.3: Crime de incêndio prescreverá em 12 anos (art. 250 c/c 109, 
III). 
Ex.4: Crime de prevaricação prescreverá em quatro anos (art. 319 
c/c 109, V). 
Ex.5: Crime contra ordem tributária prescreverá em doze anos (art. 
1º da lei 8137/90 c/c art. 109, III do CP). 
Ex.6: Evasão de divisa prescreverá em doze anos (art. 22, caput da 
lei 7492/85 c/c art. 109, III do CP). 
Atenção!!! As qualificadoras2, as circunstânciasagravantes (ex.: 
art. 61), as circunstâncias atenuantes (art. 65), as causas de aumento 
(majorantes) e as causas de diminuição (minorantes) também serão 
computados para fins de estabelecer o prazo de prescrição da pretensão 
punitiva do Estado? 
Sem dúvidas as qualificadoras serão levadas em consideração já 
que formam um novo tipo penal contendo penas máximas cominadas em 
abstrato próprias. Assim, por exemplo, o crime de furto simples do art. 155, 
caput terá um prazo prescricional diferente do crime de furto qualificado do 
art. 155, §4º. 
As circunstâncias agravantes e atenuantes, ao seu turno, não terão 
como serem computadas para fins de cálculo de prazo prescricional já que a 
 
2 A qualificadora traz pena mínima e máxima, já as causas de aumento trazem frações. Ademais, a 
qualificadora forma um novo tipo penal chamado de tipo derivado, ao passo que as causas de aumento 
da pena não formam um novo tipo penal, apenas modifica a pena de um mesmo tipo penal. Por fim, as 
qualificadoras - por formarem novos tipos penais - vem apenas na parte especial do Código, ao passo 
que as causas de aumento poderão vir tanto ali quanto na parte geral. 
 6 
lei não traz um quantum de agravamento nem de atenuação sendo isto fixado 
pelo magistrado a luz do caso concreto. 
Por fim, as causas de aumento e diminuição serão sim computadas 
para fins de cálculo da prescrição da pretensão punitiva do Estado já que há 
previsão legal do quantum de aumento e diminuição, o que será feito da 
seguinte maneira: se a causa de aumento ou diminuição é fixa, ela será 
somada (se majorante) ou diminuída (se minorante) da pena máxima 
cominada em abstrato; já se a causa de aumento ou diminuição é variável, a 
sua maior fração será somada à pena máxima em abstrato (se majorante) ou 
sua menor fração será diminuída da pena máxima cominada em abstrato (se 
minorante). 
Ex.: no caso do furto praticado durante o repouso noturno do art. 
155, §1º; a causa de aumento é fixa: “a pena aumenta de 1/3”. Portanto, a 
tarefa do operador do Direito é bem simples, basta fazer incidir essa fração 
fixa de 1/3 sobre a pena máxima cominada em abstrato (4 anos + 1/3 = 5 
anos e 4 meses de pena máxima cominada em abstrato, logo, prescrição 
ocorrerá em 12 anos). 
Ex.2: no caso do peculato culposo previsto no art. 312, §3º; a causa 
de diminuição é fixa: “a pena é reduzida de metade”. Logo, basta que o 
operador do Direito faça incidir essa fração reduzindo-a da pena em abstrato 
(1 ano - 1/2 = seis meses de pena máxima cominada em abstrato, logo, 
prescrição ocorrerá em 4 anos). 
Ex.3: no caso do roubo com emprego de arma do art. 157, §2º, I, a 
causa de aumento de pena é variável: de 1/3 a metade. Neste caso, soma-se 
à pena máxima cominada em abstrato a maior fração (10 anos + metade = 15 
anos. Logo, PPP ocorrerá em 20 anos). 
Ex.4: no caso da tentativa prevista no art.14, II, a causa de 
diminuição da pena é variável: de 1/3 a 2/3. Logo, pensando numa tentativa 
de sequestro (art. 148 c/c 14, II), para acharmos a pena máxima cominada 
em abstrato devemos fazer incidir a menor fração de redução (3 anos - 1/3 = 
2 anos. Logo, PPP ocorrerá em 4 anos). 
OBS.: as causas de aumento e diminuição da pena serão 
encontradas de forma residual. Ou seja, qualquer coisa que aumente ou 
 7 
diminua a pena e não é hipótese de circunstância judicial (art. 59), não é 
hipótese de circunstância agravante (art. 61 e 62) e não é hipótese de 
circunstância atenuante (art. 65 e 66) será causa de aumento ou diminuição 
como ocorre, por exemplo, com os arts. 14, II; art. 16; 312, §3º, in fine; 70; 
71; 155, §1º; 157, §2º, II; do CP que é causa geral de diminuição. 
Exceção!!! As causas de aumento e diminuição, portanto, são 
computadas para fins de cálculo da prescrição da pretensão punitiva, salvo 
uma exceção: em uma única hipótese uma causa de aumento variado não 
será computada, qual seja, a majorante variável decorrente do sistema de 
exasperação da pena no concurso de crimes. No concurso de crimes formal 
próprio (ou perfeito) e nos casos de crime continuado, portanto, a majorante 
variável do sistema de exasperação não será levada em consideração para 
fins de cálculo da prescrição e isso ocorre por questões de justiça penal. 
Neste sentido a súmula nº 497 do STF (que, apesar de falar apenas do crime 
continuado, aplica-se também ao concurso formal próprio; ademais, trata de 
prescrição da pretensão executiva, mas a mesma consequência se aplica à 
prescrição da pretensão punitiva). 
Quando se tratar de crime continuado, a prescrição 
regula-se pela pena imposta na sentença, não se 
computando o acréscimo decorrente da continuição. 
 
Conclusão: critério é a pena máxima cominada, na qual não irão se 
considerar as circunstâncias agravantes ou atenuantes por não haver um 
quanto descrito na lei, mas irão sim ser consideradas as qualificadoras, as 
majorantes e minorantes que, se fixas serão somadas ou subtraídas da pena 
máxima em abstrato e, se variantes, aplicar-se-á a fração que resultar na 
maior pena possível a exceção das hipóteses de agravante variáveis 
derivadas do sistema da exasperação do concurso de agentes. 
 
3.1. Termo Inicial da Prescrição da Pretensão Punitiva (art. 111 do 
CP). 
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado 
a sentença final 
 8 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a 
sentença final, começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou; 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a 
atividade criminosa; 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a 
permanência; 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de 
assentamento do registro civil, da data em que o fato se 
tornou conhecido. 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e 
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação 
especial, da data em que a vítima completar 18 
(dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido 
proposta a ação penal. 
 
 Como regra geral, o termo a quo é o da consumação do crime (art. 
111, I do CP) e aqui é necessário saber quando o crime se consuma, ou seja, 
é necessário saber se o crime é material, formal ou de mera conduta. Crime 
material é aquele cuja consumação ocorre com a alteração na realidade 
fática, ou seja, consuma-se com o resultado naturalístico. Crime formal é 
aquele em que o resultado naturalístico é mero exaurimento não sendo 
necessário para consumação que ocorrerá desde a prática da conduta. Tanto 
é assim que os crimes formais são também chamados de crimes de 
consumação antecipada (porque o legislador antecipou a consumação para o 
momento da prática da conduta). Por fim, os crimes de mera conduta são 
aqueles consumados com a mera conduta não existindo resultado 
naturalístico, mas apenas normativo. 
Excepcionalmente, contudo, o termo inicial será outro: 
❖ Caso de tentativa (art. 111, II): quando o termo inicial será o dia 
em que cessou a atividade criminosa. A tentativa poderá consistir em um 
único ato ou em vários atos, no primeiro caso, é a partir daquele único ato 
 9 
que a prescrição começará a correr, no segundo caso, a partir do último ato 
quando cessar a atividade criminosa. 
❖ Crimes permanentes3 (art. 111,III): quando termo inicial será o 
do dia que cessou a permanência evitando, assim, que o agente manipule o 
jus puniendi, ou seja, se assim não fosse o agente poderia protrair a 
consumação deste crime até que a prescrição ocorresse. 
❖ Bigamia e alteração em assentamento de registro civil (art. 
111,IV): quando termo inicial será a data em que o crime passou a ser 
conhecido pelos responsáveispela persecução penal, ou seja, pelo Ministério 
Público. Estes crimes são praticados de forma clandestina, logo, para evitar 
que o fato seja mantido em segredo e, ao final prescreva o prazo para PPP 
só começará a correr do dia em que a conduta criminosa se tornar 
conhecida. 
❖ Crimes cometidos contra a dignidade sexual de menores de 
idade (art. 111, V): prescrição só começará a correr da data em que a vítima 
completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação 
penal. 
 
4. Prescrição da Pretensão Executiva (PPE). 
O art. 110 e seguintes asseveram que a PPE será examinada após 
a sentença penal condenatória transitada em julgado e regula-se pela pena 
aplicada. Ou seja, nesta hipótese já haverá uma sentença criminal transitada 
em julgado e aí será a pena nela imposta que servirá para fins de 
comparação com a tabela do art. 109, alcançando-se assim o tempo 
necessário para que o delito prescreva. 
OBS.: Se o réu for condenado por uma pluralidade de crimes na 
forma do art. 71 (crime continuado) também haverá a exclusão do acréscimo 
decorrente do sistema da exasperação. Ou seja, também para fins de PPE a 
exasperação não será computada (súmula 473 do STF). 
CUIDADO!!! O próprio art. 110, na sua parte final, traz um aumento 
de 1/3 para a tabela prescricional do art. 109 se o agente for reincidente. 
 
3 Permanente é aquele crime cuja consumação se protrai no tempo estando esta permanência sobre o 
controle do agente. 
 10 
Ex.: Imagine que réu reincidente é condenado por roubo a uma 
pena de 5 anos. Nestes casos, o prazo constante no art. 109, III do CP será 
majorado em um terço. Ou seja, ao invés de 12 anos, a pretensão executiva 
do Estado só prescreverá em 16 anos. 
O termo inicial da PPE consta no art. 112 que, em seu inciso I, traz 
a seguinte regra geral: a prescrição começa a correr do dia que transitou em 
julgado para a acusação4 a sentença penal condenatória. 
No entanto, se réu houver recebido a Sursis da pena ou estiver em 
livramento condicional, a prescrição da pena começará a correr do dia da 
sentença que revoga a suspensão condicional da pena ou do dia da sentença 
que revogou o livramento condicional. 
No caso do livramento condicional, contudo, o art. 112, I deve ser 
combinado com o art. 113 que assevera o seguinte: nos casos de sentença 
revogando o tal benefício, o prazo prescricional será regulado pelo tempo que 
resta da pena. A mesma regra (cálculo da prescrição de acordo com o tempo 
restante de pena) será aplicada para o caso de evasão do condenado. 
Outro termo inicial para contagem da prescrição da pretensão 
executória está no art. 112, II do CP. Nos casos de fuga, a prescrição 
começará a contar do dia em que se cessou a execução da pena e o tempo 
para prescrição será regido pelo tempo de pena que faltava. Assim previu o 
legislador por entender que a evasão do preso se deu por única e exclusiva 
incompetência do Estado. 
O próprio art. 112, II - contudo - faz uma ressalva: hipóteses em que 
o tempo de interrupção da execução da pena for computado na própria pena. 
Esta situação excepcional não diz respeito à fuga. O exemplo aqui é a 
superveniência de doença mental. Nestes casos, a pena é interrompida mas 
a prescrição não começará a fluir já que o tempo desta interrupção será 
computado na pena. 
 
4 Transitada em julgado para a acusação, esta não mais poderá recorrer. Ou seja, se houver recursos, ele 
será exclusivo da defesa de sorte que aquela pena não poderá ser aumentada em grau recursal só 
tendendo à diminuir. Assim, aquela pena já é a maior pena possível que o réu receberá, tendo-se por 
consequência, o maior prazo prescricional possível não necessitando que a sentença transite em julgado 
também para a defesa. Caso a defesa consiga diminuir a pena, o prazo prescricional também será 
reduzido automaticamente. 
 11 
Ex.: Preso está cumprindo a PPL a ele imposta, mas durante o 
curso da execução é acometido por uma doença mental que exige 
tratamento. Nestes casos, suspende-se a execução da pena para a 
realização do tratamento até que a situação seja normalizada e, durante esse 
período, o prazo prescricional ficará também suspenso. Após o tratamento 
adequado, agente voltará a cumprir a execução de sua pena e o período pelo 
qual ficou em tratamento será descontado do montante de pena que ainda 
resta cumprir. 
 
 
5. Questões Genéricas sobre Prescrição. 
5.1. Alterações do Prazo Prescricional. 
Os prazos estabelecidos pela tabela do art. 109 podem ser 
alterados da seguinte forma: 
❖ Aumentado de 1/3 no caso de reincidência na PPE (art. 110, in 
fine c/c súmula 220 do STJ). 
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final 
condenatória 
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a 
sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e 
verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os 
quais se aumentam de um terço, se o condenado é 
reincidente. 
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com 
trânsito em julgado para a acusação ou depois de 
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, 
não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo 
inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
 
S. 220/STJ - A reincidência não influi no prazo da 
prescrição da pretensão punitiva. 
 
 12 
❖ Reduzido de metade (1/2) se criminoso era ao tempo do 
crime5 menor de 21 anos ou se na data da sentença6 era maior de 70 anos, 
o que se aplica tanto para a PPP quanto para a PPE conforme disposto no 
art. 115. 
Redução dos prazos de prescrição 
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de 
prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, 
menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da 
sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
 
A súmula 74 do STJ dispõe que para fins de prova da idade, isto 
dependerá de documento hábil: identidade ou outro que tenha fé-pública 
como certidão de nascimento, casamento, carteira de trabalho ou outro. 
Essa previsão do art. 115 é originária de 1940 época em que vigia o 
Código Civil de 1916 que previa a aquisição da capacidade plena. Mudada a 
lei civil reduzindo esta idade de 21 para 18 anos fez surgir no Direito Penal a 
discussão se a idade para diminuição do prazo prescricional também teria 
sido alterada. Entendeu-se, contudo, que a alteração no diploma civil não 
promoveu nenhuma alteração no art. 115 do CP. Da mesma sorte, entende-
se majoritariamente que o Estatuto do Idoso (10741) que prevê idade de 60 
anos para que alguém seja considerado idoso não teria alterado a norma 
contida no art. 115 do CP. Neste sentido, STF no INFO 473. 
Prescrição: Maior de 70 Anos e Estatuto do Idoso - 2 
 
5 Momento da ação ou omissão (Teoria da ação). 
6 Significado da expressão sentença contida no art. 155: Será que só abrange a decisão de primeira 
instância ou também os acórdãos? Primeiramente, por ser mais benéfico ao réu, os tribunais superiores 
entendiam que sentença deveria ser interpretada ampliativamente para incluir também os acórdãos. No 
entanto, logo depois, STF e STJ pacificaram entendimento de que ali se está reconhecendo apenas e tão 
somente a sentença, ou seja, o art. 115, quando fala em sentença merece ser interpretado 
restritivamente e entendido apenas como decisão de primeira instância. 
RÉU QUE COMPLETOU 70 (SETENTA) ANOS DEPOIS DA PRIMEIRA SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE DE DIMINUIÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. 
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NÃO CARACTERIZADA. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. A 
Terceira Seção desta Corte Superior de Justiça firmou o entendimento no sentidode que o termo 
"sentença" contido no artigo 115 do Código Penal se refere à primeira decisão condenatória, seja a 
do juiz singular ou a proferida pelo Tribunal, não se operando a redução do prazo prescricional 
quando o édito repressivo é confirmado em sede de apelação ou de recurso de natureza 
extraordinária. Ressalva do ponto de vista do Relator. 2. Na hipótese em tela, o acusado completou 70 
(setenta) anos após a publicação da sentença condenatória, pelo que se mostra impossível a 
diminuição do prazo prescricional dos ilícitos que lhe foram imputados. 
 13 
Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, 
ressaltando o fato de o paciente haver completado 70 
anos em data anterior à publicação do acórdão que 
julgara embargos de declaração opostos em sede de 
apelação interposta contra a sentença condenatória, 
deferiu habeas corpus impetrado em favor de 
condenado por crime de falsidade ideológica (CP, art. 
299) e crime contra a ordem tributária (Lei 8.137/90, art. 
1º, I), para proclamar a prescrição da pretensão 
punitiva, ante a incidência do art. 115 do CP ("São 
reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o 
criminoso era,... na data da sentença, maior, de 70 anos 
(setenta) anos") - v. Informativo 459. Inicialmente, 
afastou-se a alegação de que o mencionado dispositivo 
teria sido derrogado pelo Estatuto do Idoso (Lei 
10.741/2003). No mérito, tendo em vista o que decidido 
na Ext 591/República Italiana (DJU de 22.9.95), 
asseverou-se que o art. 115 do CP, ao remeter à data 
da sentença, deve ser analisado de modo a conferir a 
tal expressão um sentido mais amplo. O Min. Marco 
Aurélio, relator, no ponto, salientou que esse vocábulo 
apanharia como marco temporal não a data do 
pronunciamento do Juízo, mas aquela em que o título 
executivo penal condenatório se tornou imutável na via 
do recurso. Vencido o Min. Carlos Britto por considerar 
que o termo em questão refere-se à sentença de 1º 
grau. 
HC 89969/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 26.6.2007. (HC-
89969) 
 
❖ Prazo prescricional poderá também ser suspenso (art. 116 do 
CP). 
Causas impeditivas da prescrição 
 14 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, 
a prescrição não corre 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão 
de que dependa o reconhecimento da existência do 
crime; 
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. 
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a 
sentença condenatória, a prescrição não corre durante o 
tempo em que o condenado está preso por outro 
motivo. 
 
Não correrá a prescrição no caso de questões prejudiciais a serem 
solucionadas em outros processos e influenciará o mérito da ação principal 
chamada de questão prejudicada. 
Ex.: crime de bigamia – a prescrição deste crime não correrá 
enquanto estiver em curso no juízo fixo processo sobre a existência ou 
validade do primeiro casamento. 
Ex.2: A propriedade de um bem influenciará ou não a existência de 
um crime de furto, afinal, este tipo prevê a subtração de coisa alheia. Assim, 
eventuais discussões sobre a propriedade de um bem impedem ou 
suspendem o prazo prescricional para o crime de furto. 
Atenção!!! A questão prejudicial não se confunde com a questão 
preliminar. Esta última não suspende nem impede o prazo prescricional. 
Manzini conceitua questão prejudicial da seguinte forma: “questão prejudicial 
é toda questão jurídica cuja solução constitua um pressuposto para a decisão 
da controvérsia principal submetida à juízo”. 
Portanto, a questão prejudicial possui as seguintes características: 
(a) Deve ser julgada antes da questão principal prejudicada, ainda que no 
mesmo ato; (b) Tem autonomia, pode existir autonomamente; (c) Sempre 
influenciará a existência ou não do crime; (d) Algumas vezes poderá 
acarretar a paralisação da questão principal. 
 15 
Questão Prejudicial Questão Preliminar 
Questão de Direito Material Questão de Direito Processual. 
Liga-se ao mérito da questão prejudicada Sempre ligada aos pressupostos 
processuais da questão principal: partes 
capazes; juízo competente; juiz não 
suspeito nem impedido e demanda 
regularmente formulada 
Tem Autonomia Não tem autonomia, não pode ser objeto 
de processo próprio. É sempre discutida 
no bojo de um processo. 
Pode ser solucionada pelo juízo penal ou 
extra penal. 
Sempre será solucionada pelo juízo penal. 
Suspende o Prazo Prescricional Não suspende o prazo prescricional 
 
Também restará suspenso o prazo prescricional se o agente estiver 
cumprido pena no estrangeiro. 
Cuidado!!! Além destas duas hipóteses do art. 116 do CP existem - 
fora do Código Penal - outras hipóteses de suspensão do prazo prescricional. 
São elas: (a) imunidade parlamentar (art. 53, §§ 3º e 4º da CR); (b) réu citado 
por edital que não aparece em juízo nem constitui advogado (art. 366 do 
CPP); (c) art. 368 do CPP; (d) sursis processual (art. 89, §6º da lei 9099/95); 
(e) crimes contra ordem tributária7. 
 
7 Os crimes contra ordem tributária, por excelência, vem positivados na lei 8137/90 trazendo dois 
grandes grupos de crimes: materiais (art. 1º) que possuem conduta instrumental de fraude e conduta 
final de redução ou supressão de tributo e, de outro lado, um grupo de crimes formais (art. 2º) porque 
neles há somente a conduta instrumental da fraude. 
Após a impetração da ordem de HC 81.611, o STF entendeu que o procedimento criminal não poderá 
ser iniciado antes de concluído o PAF (processo administrativo fiscal), que é onde se verificará se 
houve ou não a supressão de tributos. Não poderá haver, sequer, instauração de inquérito policial antes 
da conclusão do PAF. 
Nos casos do art. 1º, portanto, é necessário a instauração de um PAF para averiguar a efetiva supressão 
ou redução de tributo, a decisão deste procedimento é chamada de lançamento definitivo. Em outras 
palavras, só o lançamento definitivo dirá se houve a supressão ou redução do tributos que são 
elementos do tipo. Portanto, o crime do art. 1º desta lei não se tipifica antes do lançamento do tributo. 
 16 
❖ Casos de interrupção do prazo prescricional. O prazo 
prescricional poderá, ainda, se interrompido. Segundo o art. 117 do CP, são 
causas de interrupção do prazo prescricional: (a) recebimento da denúncia ou 
queixa; (b) pronúncia; (c) decisão confirmatória da pronúncia; (d) publicação 
da sentença ou acórdão recorrível; (e) início ou continuação do cumprimento 
da pena; (f) reincidência. Lembrando que ocorrendo a interrupção, o prazo é 
devolvido para o Estado na sua integralidade. 
OBS.: Denúncia oferecida, juiz rejeita. Nestes casos, acusação 
interpõe RESE. Tribunal, então, reforma a sentença recebendo diretamente a 
denúncia. Havendo ali a interrupção do prazo prescricional (súmula 709 do 
STF). 
Neste primeiro caso (recebimento da denúncia ou queixa), a data da 
interrupção é a da publicação desta decisão. 
ATENÇÃO!!! A denúncia ou queixa recebida por juiz absolutamente 
incompetente não interrompe o prazo prescricional que continuará a correr 
normalmente. Ademais, mera ratificação de erro material não tem o condão 
de interromper o prazo prescricional. 
Aditamento à denúncia desafia novo recebimento que poderá ou 
não interromper o prazo prescricional a depender da sua espécies. Em se 
tratando de aditamento objetivo (adição de novos crimes) haverá sim 
interrupção do prazo prescricional, mas isso só ocorrerá para o crime aditado; 
já se aditamento subjetivo (adição de novos agentes) não haverá interrupção 
pois todos os crimes que poderão prescrever já constam nos autos e já 
sofreram interrupção quando do recebimento. 
Cuidado!!! Nos crimes conexosobjetos do mesmo processo, a 
interrupção do prazo prescricional de um deles se estende aos demais (art. 
117, §1º in fine). Ou seja, o aditamento objetivo interrompe a prescrição do 
crime aditado, no entanto, se crime denunciado originalmente e crime aditado 
forem conexos, a interrupção do prazo prescricional deste último importará na 
interrupção do prazo prescricional daquele. 
 
Entendeu o STF que o PAF tem dupla natureza jurídica sendo a um só tempo justa causa e condição 
objetiva de punibilidade. 
Assim, sendo, enquanto o PAF não tiver sido concluído, fica suspenso a prescrição dos crimes 
tributários. 
Vide INFO 333 do STF e súmula vinculante 24 do STF. 
 17 
Além do recebimento, também a pronúncia é causa de interrupção. 
Lembrando que, segundo Tourinho FIlho, a pronúncia é o sinal verde para a 
acusação, ou seja, é a decisão segundo a qual o juiz - sem se utilizar de 
linguagem conclusiva - reconhece a justa causa e autoriza a ida do réu a 
plenário. 
A grande questão de prova aqui diz respeito à desclassificação pelo 
conselho de sentença. Nestes casos, reconhece-se que o crime não era de 
crime doloso contra a vida, ou seja, desde o início o crime não era de 
competência daquele tribunal, logo, os atos praticados por ele são aptos para 
interromper a prescrição? O ato do recebimento e da pronúncia pronúncia 
terão interrompido o prazo prescricional? STJ, na súmula 191, assevera que 
sim. 
Terceira hipótese de interrupção do prazo prescricional é a da 
decisão confirmatória de pronúncia. A pronúncia desafia recurso em sentido 
estrito da defesa, nestes casos, se o tribunal conhece o recurso e lhe nega 
provimento estará confirmando a pronúncia e aí ocorrerá nova interrupção do 
prazo. 
Quarta hipótese de interrupção da prescrição é a publicação da 
sentença ou acórdão condenatório recorrível. Antiga redação do inciso IV do 
art. 117 previa que o que interrompia a prescrição era a sentença 
condenatória recorrível o que gerava muitas discussões acerca da 
possibilidade ou não de interrupção da prescrição pelo acórdão condenatório. 
Hoje, contudo, o referido dispositivo foi alterado para constar que interrompe 
a prescrição a publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível. 
Havendo sentença condenatória em primeira instância, e acórdão 
condenatório em segunda instância, o STF - no INFO 708 - entendeu que o 
acórdão que confirmar a sentença ou que diminuir a pena não seria acórdão 
condenatório nos termos do art. 117, IV do CP, logo, não poderia ser 
considerado marco temporal apto a interromper a prescrição. Ou seja, o 
acórdão que confirmar a sentença ou diminuir a pena até é condenatório pelo 
seu efeito substitutivo, mas assim não pode ser considerado para fins de 
interrupção da prescrição. 
Sentença que concede o perdão judicial interrompe o prazo? 
 18 
Esta sentença não é condenatória, mas sim declaratória de extinção 
da punibilidade. Logo, não sendo sentença condenatória não interrompe a 
prescrição. 
Penúltima hipótese de interrupção do prazo prescricional é o início 
ou continuação do cumprimento da pena. Aqui, falando em cumprimento de 
pena pressupõe-se um trânsito em julgado, logo, a interrupção de prazo aqui 
é da PPE. 
Por fim, a reincidência também é uma hipótese de interrupção do 
prazo prescricional. Esta reincidência é a chamada reincidência futura. A 
reincidência passada influencia o prazo da PPE para aumentá-la em 1/3. 
Ex.: Agente pratica crime de estelionato pelo qual é condenado e 
passa a correr o prazo para a pretensão executiva. Durante o curso desta, o 
condenado - que estava foragido - pratica um crime de roubo. Em relação a 
este roubo inicia-se o prazo prescricional da pretensão punitiva, mas 
interrompe o prazo prescricional da pretensão executiva que já corria em 
relação ao estelionato. 
A controvérsia aqui é a seguinte: basta a prática de nova conduta 
criminosa durante o curso de prescrição de uma pretensão executiva ou há 
necessidade de que este segundo crime seja objeto de sentença 
Damásio de Jesus e Guilherme de Souza Nucci sustenta que basta 
a prática da conduta criminosa para se operar a reincidência nos termos do 
art. 63 do CP. Entretanto, Rogério Greco, minoritariamente, entende que em 
homenagem ao princípio da presunção de inocência só poderá ser falar em 
reincidência aqui se segundo crime já foi passado em sentença penal 
condenatória transitada em julgado. 
Portanto, os incisos I a IV tratam das hipóteses de interrupção do 
prazo da prescrição da pretensão punitiva (sendo os incisos II e III aplicados 
na âmbito do Tribunal do Júri). Já os incisos V e VI dizem respeito à 
interrupção do prazo prescricional da pretensão executiva. 
 
5.2. Imprescritibilidade. 
Existem algumas infrações penais que a lei e a Constituição 
consideram como imprescritíveis, são elas, o crime de racismo (arts. 5º, XLII 
 19 
da CRFB c/c lei 7716/89) e a ação de grupos armados civis ou militares 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV e lei 
7170/83). 
No que toca as medidas sócio-educativas, alguns autores 
entendiam que ela não teria finalidade retributiva, mas sim educativa e, 
justamente, por não terem caráter punitivo não eram alcançadas pelo instituto 
da prescrição. De outra sorte, alguns autores apontavam que era inviável 
negar certa carga retributiva-punitiva nestas medidas e, portanto, seriam sim 
alcançadas pelo instituto da prescrição. Cortes superiores reiteraram 
entendimento em acordo com esta segunda corrente tendo, inclusive, 
sumulado a matéria. 
 
6. Prescrição Intercorrente (ou retroativa). 
Prescrição intercorrente, comumente chamada em provas de 
prescrição retroativa, é aquela que ocorre no curso do processo e será 
calculada pela pena justa aplicada na sentença condenatória e transitada em 
julgado ou recorrível, quando o recurso da acusação é conhecido, mas 
desprovido e ocorre entre os marcos interruptivos. Neste sentido, a súmula 
146 do STF que, mais tarde, foi positivada no art. 110, §1º do CP. 
Ainda aplica-se a prescrição retroativa no ordenamento jurídico 
pátrio e ela funciona assim: 
Após a prolação da sentença caso não haja recurso do MP ou se 
caso houver tal recurso, mas este foi improvido pelo Tribunal, haverá a 
prescrição retroativa se entre a data do recebimento da denúncia e a 
sentença de 1º grau, p. ex., houvesse decorrido o prazo prescricional. 
Ex.: Imagine que determinado cidadão tenha cometido o crime de 
furto simples, cuja pena é de 1 a 4 anos. Considerando essa pena, antes da 
sentença, a prescrição seria avaliada pela pena em abstrato, ou seja, 
pegando a pena de 4 anos (que é a pena máxima) e considerando a regra do 
art. 109, IV, CP prescreveria em 8 anos. Ocorre que o juiz, no momento em 
que sentenciou, entendeu que a pena deveria ser de 1 ano, e dessa 
sentença, suponha que o MP não tenha apelado. O que ocorreu? Transitou 
em julgado para o MP. Logo a pena agora que deve ser levada em 
 20 
consideração é 1 ano (que é a pena em concreto) e não mais os 4 anos (que 
era a pena em abstrato). Agora perceba o seguinte, 1 ano prescreve em 4 
anos (art. 109, V, CP), logo, vamos pegar estes 4 anos e calcular para trás, 
leia-se do trânsito em julgado p/ a acusação para trás. Como que fica isso? 
Neste momento deverá ser feita a análise em relação aos momentos 
processuais anteriores, para verificar se entre as causas interruptivas 
transcorreu tal período (os 4 anos <-- prazo da prescrição da pena em 
concreto que é de 1 ano), e os momentos são os seguintes: 1º) entreo 
oferecimento da denúncia e seu recebimento; 2º) entre o recebimento da 
denúncia e a publicação da sentença condenatória de 1º grau (ou da 
pronúncia na primeira fase do júri); 3º) entre a pronúncia e o acórdão 
confirmatório da pronúncia; 4º) entre a pronúncia e a publicação da sentença 
no plenário do júri. Assim, se entre estas fases ocorrer esse período de 4 
anos houve a prescrição retroativa, e o réu será beneficiado pela extinção da 
punibilidade pelo tempo que o estado teve para punir, mas não puniu. Para 
quem ficou com dúvida nos momentos, vale a pena dar uma conferida no art. 
117 do CP, que a cada situação prevista nos incisos o prazo é interrompido e 
volta a contar desde o início. 
 
7. Prescrição Superveniente. 
A prescrição superveniente, ao contrário da anterior, é aquela cuja 
análise se dará para frente. Ela é regulada pela sentença recorrível que 
aplica a pena justa e correrá entre a data em que esta é proferida até que o 
tribunal julgue o recurso proferindo um acórdão condenatório. 
OBS.: Sendo a sentença absolutória, mas o acórdão condenatório. 
Tal prescrição será contada desde o oferecimento da denúncia até a 
publicação da decisão do órgão colegiado. 
 
8. Prescrição Pela Pena Ideal (= prescrição pela pena hipotética ou 
prescrição pela pena em perspectiva ou prescrição virtual). 
O tema não encontra previsão legal no CP, trata-se de construção 
doutrinária. 
 21 
A prescrição pela pena ideal trata-se do reconhecimento antecipado 
da prescrição com base numa pena hipotética que poderá vir a ser aplicada 
no futuro. 
Ou seja, com base numa pena futura que poderá a vir ser aplicada 
o operador do direito calcula se haverá a prescrição ou não requerendo, ao 
magistrado, que lhe reconheça extinguindo a punibilidade evitando toda uma 
movimentação jurisdicional desnecessária. 
Jurisprudência majoritária e doutrina nunca foram, contudo, 
simpáticos a esta tese sob o argumento de que viola-se o devido processo 
legal. A uma porque nada impede que o réu seja absolvido, o que seria muito 
melhor do que o reconhecimento da prescrição já que não ficaria tal conduta 
não ficaria prescrita na FAC, ademais, nada assegura com total certeza que a 
pena hipotética será aquela fixada em concreto pelo juiz no futuro. 
O STF e STJ, neste sentido, não costumam acartar a tese tendo, 
inclusive, o STJ editado a súmula 438 no seguinte sentido: “É inadmissível a 
extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com 
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte 
do processo penal.”. 
Diante da antipatia da jurisprudência a esta tese, Defensoria pública 
começou a desenvolver um outro caminho para se chegar a um mesmo 
resultado, qual seja, a ausência (ou perda) superveniente do interesse de 
agir. 
O regular exercício do direito de ação tem como condições: a 
legitimidade das partes, o interesse de agir, a justa causa e a possibilidade 
jurídica do pedido. O interesse de agir é alcançado pela conjugação do 
binômio necessidade/adequação, portanto, se a punibilidade está fadada a 
ser extinta pela prescrição não haverá no processo a necessidade por 
ausência de utilidade. Com base nisso, requer-se a rejeição da denúncia por 
inépcia derivada da falta de uma das condições para o regular exercício do 
direito de ação fulcrada no art. 395, II do CPP. 
Quando se parte da prescrição pela pena ideal para a ausência ou 
perda superveniente do interesse de agir o pedido será alterado, ou seja, lá 
se pede a extinção da punibilidade pela prescrição, aqui a rejeição da 
 22 
denúncia por inépcia derivada da falta de uma das condições para o regular 
exercício do direito de ação. 
 
 
 
Sigam-me nas redes sociais: 
Instagram: professorgabrielhabib 
Página no Facebook: professorgabrielhabib 
Twitter: @habibpenal

Continue navegando