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Direito Internacional 1 Estácio

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REVISÃO AV1 – DIREITO INTERNACIONAL 
 
Tratados São as principais fontes do Direito Internacional Público. Eles revogam leis 
anteriores incompatíveis e devem ser observados pelas leis posteriores, por isso, possuem, no 
mínimo, status supralegal. Isso é reforçado pelo fato de não poderem ser revogados por lei 
interna posterior. 
Os Estados, na assinatura ou, até mesmo, na ratificação podem apresentar reservas. 
Reserva é a declaração unilateral do Estado a fim de excluir ou modificar os efeitos 
jurídicos de certas disposições do tratado em relação a ele. Após a ratificação não é mais 
permitida. Em outras palavras, trata-se de uma emenda negativa e o (s) artigo (s) reservado (s) 
não opera efeitos entre o Estado reservante e os que não objetaram a reserva. 
 
Quando um Estado deseja deixar de ser parte de um tratado internacional, ele se utiliza 
da denúncia, que ´o ato unilateral de um Estado pelo qual manifesta sua vontade de se retirar do 
tratado. 
Não é admitida denúncia de parte do tratado, mas do texto inteiro devido à regra da 
indivisibilidade convencional. 
Os tratados de direitos humanos possuem status de norma materialmente constitucional 
pois o art. 5º, § 2º os inclui em seu catálogo de direitos fundamentais, independentemente se 
aprovados por maioria simples ou pela qualificada. 
Os tratados de direitos humanos aprovados pela maioria de 3/5 por cada casa do 
Congresso Nacional possuem eficácia constitucional formal, em outras palavras, status de 
emenda constitucional, o que os diferencia dos aprovados por maioria simples pelos seguintes 
motivos: 
 
1- REFORMAM A CONSTITUIÇÃO; 
2- NÃO PODEM SER DENUNCIADOS POIS SÃO CONSIDERADOS CLÁUSULAS PÉTRAS (ART. 60, 
§ 4º) 
3- SÃO PARADIGMAS PARA O CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE . 
 
Quando um tratado é menos benéfico do que a constituição, é aplicado o princípio do pró 
homine, assim, a constituição, se mais benéfica, será aplicada em detrimento do tratado. 
 
SITUAÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO 
 
Para ingressar em um país, quando não há dispensa, o estrangeiro precisa receber visto. 
Não há direito subjetivo ao visto, pois este é ato discricionário do Estado. Há situações, contudo 
em que a pessoa realmente não está apta a recebê-lo, tais como o menor de 18 anos 
desacompanhado do responsável legal, os nocivos à ordem pública e interesses nacionais. 
 
DEPORTAÇÃO- retirada do estrangeiro por questões de ausência de visto quando exigido 
ou permanência irregular, como o exercício de atividade incompatível com o visto recebido ou 
expiração do prazo. Nada impede que o anteriormente deportado volte ao país, recebendo um 
visto válido, quando sua situação estiver regularizada, tais como o pagamento de despesas feitas 
por causa da deportação. 
 
 
NACIONALIDADE 
Trata-se do vínculo jurídico normativo que une um indivíduo a determinado Estado. É 
diferente de naturalidade, que é o local físico onde a pessoa nasceu. Exemplo: nascido no RJ, um 
indivíduo pode ter nacionalidade e naturalidade brasileira; naturalidade brasileira e 
nacionalidade italiana (pais a serviço da Itália no Brasil). 
 
Se, por exemplo, um casal de brasileiros tiver um filho em Londres, Paris, ou qualquer 
outra cidade, desde que registre a criança em uma embaixada brasileira – art. 12, I, “c”, esta 
criança será brasileira nata, ainda que de naturalidade londrina ou parisiense. 
Se um dos pais estiver a serviço do Brasil, será brasileira nata por força do art. 12, I, “b”. 
 
Quanto à naturalização, a Lei de Migração traz diferentes espécies, mas a Constituição 
Federal traz apenas dois requisitos para duas situações: 
PESSOA ORIUNDA DE PAÍS DE LÍNGUA PORTUGUESA- residência no Brasil por um ano e 
idoneidade moral. 
PESSOA ORIUNDA DOS DEMAIS PAÍSES – 15 ANOS de residência no Brasil de forma 
ininterrupta e ausência de condenação criminal. 
Caberá ao Estado, unilateralmente, decidir a viabilidade e conveniência do pedido. 
O brasileiro naturalizado pode ser extraditado de acordo com o art. 5º , LI, ou seja, crime 
comum antes da naturalização ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de drogas. De 
acordo com a Súmula 421 do STF, a existência de filho ou cônjuge brasileiro não impede a 
extradição. 
 
ASILO POLÍTICO (TERRITORIAL E DIPLOMÁTICO) 
 
Asilo político é gênero do qual são espécies o asilo territorial e o diplomático e 
não equivale a refúgio. MAZZUOLI (2015, p. 819) ensina que asilo territorial é o 
recebimento de um estrangeiro em território, o qual não cumpriu os requisitos para 
obtenção do visto ou qualquer procedimento de ingresso a fim de evitar perseguição ou 
punição por crime de natureza política ou ideológica cometido em um determinado país, 
geralmente na sua pátria-mãe. 
O asilo territorial é abordado pela Convenção sobre Asilo Territorial. 
 
No que tange aos crimes comuns, reprováveis em qualquer parte do 
planeta, os Estados se auxiliam mutuamente, visando à sua repressão 
internacional, sendo o instituto da extradição um importante 
instrumento relativamente a essa cooperação; mas, no caso dos crimes 
políticos (ou dos de natureza ideológica), essa regra deixa de valer, uma 
vez que o seu objeto não viola bens jurídicos universalmente protegidos 
(como nos casos em que se opera a extradição) mas sim certa ideologia 
governamental, que geralmente não dura mais que o período em que 
está no poder a autoridade. (MAZZUOLI, 2015, p. 819) 
 
E você sabe por que isso acontece? Porque tais “crimes” fogem à configuração do 
direito penal comum, afinal, apenas é visto como delito pela autoridade que está no 
poder, configurando uma perseguição e, por esse motivo, o asilo é uma instituição 
humanitária que não exige reciprocidade na sua concessão. 
O asilo territorial tem as suas regras estabelecidas pela Convenção sobre Asilo 
Territorial, que foi promulgada pelo Brasil pelo Decreto nº 55.929, de 19 de abril de 
1965, a qual o Brasil assinou sem reservas. Trata-se de um pequeno tratado, com apenas 
quinze artigos. 
A condição de asilado é pedida com a saída voluntária do asilado do país; pela 
naturalização; pelo indulto no país ocorreu o crime. 
Já o asilo diplomático é uma construção da América Latina e é considerada uma 
forma provisória e precária de asilo por ser uma ponte para o asilo territorial. Nesta 
modalidade, dentro do próprio país em que é perseguido, o indivíduo pede para entrar 
em uma determinada embaixada, e requer proteção, visto que, ao contrário de 
consulados, embaixadas têm imunidade de jurisdição, não podendo a polícia invadi-la 
para capturar o indivíduo. 
Nem mesmo países europeus podem desrespeitar o asilo diplomático sob alegação 
de que é costume latino americano. 
O instrumento normativo do asilo diplomático é a Convenção sobre Asilo 
Diplomático, assinada em Caracas em 28 de março de 1954 e promulgada pelo Brasil 
pelo Decreto nº 42.628, de 13 de novembro de 1957. O Brasil a assinou sem reservas. 
 
 
REFÚGIO ASILO 
Aplica-se a casos em que diversas pessoas 
precisam de proteção devido à uma 
perseguição generalizada. 
Aplica-se em caso individual de 
perseguição política. 
Funda-se em motivos religiosos, raciais, 
de nacionalidade, de grupo social e de 
opiniões políticas. 
Funda-se em motivos políticos. 
O mero temor de perseguição é suficiente 
para a concessão do refúgio. 
É necessário que haja efetiva 
perseguição, pois o mero temor de 
perseguição não é suficiente para a 
concessão de asilo. 
Em regra, o refúgio ocorre fora do país. Pode ocorrer tanto no país onde ocorre a 
perseguição, dentro da embaixada de um 
outro país (asilo diplomático) ou fora do 
país, no caso do asilo territorial. 
 A Convenção doEstatuto dos Refugiados 
de 1951 traz em seu bojo causas de 
cassação, perda e exclusão da condição 
de refugiado. 
Não há causas ensejadoras de cassação, 
perda e exclusão da condição de asilado. 
Efeito declaratório. Efeito constitutivo. 
Instituição convencional de caráter 
universal. 
Constitui uma decisão política, cujo 
cumprimento não se sujeita a organismo 
internacional algum. 
Medida de caráter humanitário. Medida de caráter político. 
FONTE: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA (S/D) 
 
COSTUME INTERNACIONAL e TEORIA DO OBJETOR PERSISTENTE 
 
Costume internacional é a prática geral aceita como direito, resultando de uma 
prática geral e consistente dos atores da comunidade internacional em reconhecer como 
válida e juridicamente exigível uma obrigação. 
QUESTÃO PSICOLÓGICA E REPETIÇÃO- Tais itens integram os dois elementos 
formadores do costume internacional. 
Elementos formadores: 
Elemento material (objetivo)- repetição generalizada, reiterada, consistente dos 
atos praticados pelos sujeitos de Direito Internacional, exceto indivíduos, diante de um 
quadro prático. A repetição de atos estatais ou organizacionais dá origem a um hábito 
que pode ser comissivo ou omissivo (uma abstenção). 
 
Elemento psicológico (subjetivo)- Convicção do que o que se pratica deve ser real 
e juridicamente cumprida. Crença de que a prática é obrigatória por ser justa e 
pertencente ao universo do direito. 
Um novo Estado tem que cumprir com os costumes internacionais, pois ele entra 
na sociedade e deve recebê-la como ela já está. Exceções de não obrigatoriedade de um 
costume para novos Estados: o costume não estar claro ou ir contra os seus ideais mais 
caros. 
A teoria do objetor persistente é utilizada por Estados que se opuseram ao 
costume internacional desde o início, descumprindo-o reiteradamente desde a sua 
formação e, justamente por isso, o costume não é obrigatório para este Estado. 
 
 
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL 
O art. 38 da Corte Internacional de Justiça reúne diversas fontes do Direito 
Internacional Público, entretanto, não é um rol taxativo porque, por exemplo, atos 
unilaterais são fontes de DIP mas não se encontram no art. 38 do Estatuto da CIJ. 
De acordo com o art. 38, d, do Estatuto, as decisões judiciárias e a doutrina dos 
juristas mais qualificados das diferentes nações são meios auxiliares para a 
determinação das regras de direito. Assim, NÃO são fontes de DIP. E, no caso da 
jurisprudência, buscou-se não a tornar fonte de DIP a fim de não criar um sistema de 
precedente judicial vinculativo. 
Logo, são fontes segundo o art. 38 as convenções, costumes, princípios gerais de 
direito. Como meios auxiliares estão jurisprudência e doutrina. 
 
NÃO É FONTE segundo o art. 38: atos unilaterais e usos e práticas do comércio 
internacional.

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