Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS(DTA) Profª Esp. Vânia Paz mariavaniapaz@bol.com.br 1 CONTAMINAÇÃO ALIMENTAR/ SURTOS O que é contaminação? Podem ocorrer: Do ambiente Das matérias-primas Dos manipuladores Das superfícies É a entrada de microrganismos no alimento. As enfermidades causadas pelo consumo de alimentos(ou água) contaminados são denominadas de D.T.A. 4 D.T.A Parasitos Vírus Fungos Bactérias Agrotóxicos, Fungicidas, antibióticos e medicamentos Sustâncias radiativas Metais (Cd, Zn) 5 Doença transmitida por alimento (DTA) Síndrome atribuída à ingestão de alimentos ou água contaminados por: Bactérias, vírus, parasitas, toxinas, PRION Produtos químicos, agrotóxicos e metais pesados Em quantidades que afetam a saúde do consumidor Infecção Multiplicação de microrganismo patogênico nos intestinos Toxinose(intoxicação) Ingestão de toxinas pré-formadas Toxinfecção Ingestão de microrganismos que liberarão toxinas no trato intestinal PATOGÊNICOS Causam Doenças de Origem Alimentar: Perigos - Distribuição 7 Classificação das DTAs As doenças transmitidas por alimentos são classificadas em: INFECÇÃO - é uma doença que resulta da ingestão de alimentos contendo microrganismos vivos prejudiciais, como Salmonella, Shigella, Bacilus cereus, vírus da hepatite A e Trichinella spirallis. As infecções podem ser: Não invasiva-Toxicidade(Mo toxigênicos) Infecção mediada por toxina(toxiinfecção) -Produção da toxina dá-se após a ingestão do alimento, quando este possui uma determinada quantidade de microrganismos patogénicos, capazes de produzir ou de liberar toxinas quando ingeridos: -Produção de toxina no intestino(Bacillus cereus clássico, Vibrio cholerae,etc); - Liberação de toxina no intestino(Clostridium perfringens). - Invasiva – Agressividade (Mo invasivos) - Celular: colonização, penetração e invasão de tecidos-destruição das células locais(Salmonelose, Shigelose, Yersínia entrocolitica, Campylobacter jejuni) - Sistêmica: penetração através do intestino e disseminação pelo sangue(Salmonella typhi,etc) INTOXICAÇÃO(TOXINOSE) – causada por alimentos quando as toxinas estão presentes no alimento ingerido, mesmo que os microrganismos que lhes deram origem tenham sido eliminados (e.g. toxina produzida pelo Clostridium botulinum, Staphylococus aureus e cepas especificas de Bacillus cereus) Dose Infectante - Consiste no número mínimo de microrganismos necessários para causar a doença; Doença transmitida por alimento (DTA) Manifestam-se: Doença aguda - apresentam sintomas clínicos gastrintestinais, relacionado com o período de incubação; Doença Crônica – decorrência da doença aguda ou no caso do agente ser cumulativo (a excreção do agente é pobre ou não ocorre no consumidor) . Surto SURTO = Aumento na ocorrência de um agravo à saúde acima dos níveis esperados. SURTO ALIMENTAR=Episódio em que duas ou mais pessoas ingerem alimentos e/ou água de mesma origem e apresentam sintomas clínicos semelhantes(doença); (OPAS). Como ocorre um surto? Contaminação (por matérias-primas; pessoal; pragas, ambiente) Multiplicação (dose infectiva e/ou produção de toxina) Sobrevivência (relação tempo X temperatura; higiene alimentar) Ingestão do alimento (resistência do consumidor) Falhas de Tempo X Temperatura Tratamento térmico insuficiente Resfriamento inadequado Manutenção (a frio ou a quente), não controlada Preparo antecipado sem manutenção adequada Contaminação cruzada Uso de matéria-prima de má procedência Principais fatores contribuintes SURTO Perigos - Distribuição 12 1- Dar exemplos de surtos, encaixando-os nas 4 causas acima. 2- Recomendar leitura dos materiais (Elementos de Apoio e RT II) ALIMENTOS MAIS ENVOLVIDOS EM SURTOS • Pratos muito manipulados (empadão, salpicão, etc.) • Preparação a base de maionese; • Pratos preparados de véspera quando mal conservados( feijoada, carne assada, cozido etc.) • Doces e salgados recheados. Magnitude das DTA Importante causa de morbidade e mortalidade no mundo, especialmente as Doenças Diarreicas Agudas (DDA). A ocorrência de DTA vem aumentando modo significativo a nível mundial; OMS* estima mais de 2 milhões de óbitos por DDA ao ano; (Grande parte atribuídos a ingestão de água e alimentos contaminados); Países industrializados ( Anualmente mais de 30% população tem DTA) Magnitude das DTA no Brasil Notificação obrigatória - Casos de botulismo, cólera, febre tifóide; - Surtos de DTA; - Desconhecimento da morbidade de casos individuais de DTA; Fatores que contribuem para a emergência de DTA’s - Crescente aumento das populações; - grupo populacionais vulneráveis ou + expostos; - urbanização desordenada; - Maior exposição das populações a alimentos – “Fast foods” - Consumo de alimentos em vias públicas; - mudanças de hábitos alimentares; - aumento no uso de aditivos; - mudanças ambientais; deslocamento da população; - globalização; Fatores que contribuem para a emergência de DTA’s Falta de informação da população sobre as D.T.A; Mudanças dos agentes patógenos (emergentes e reemergentes) que ocupam um papel cada dia mais importante; - deficiência no controle da qualidade dos alimentos pelos orgãos públicos; Carência de programas de vigilância epidemiológica ou falta de continuidade devido a mudanças na política econômica; Desconhecimento dos perfis epidemiológicos e pouca capacidade de resolução dos Laboratórios de Saúde Pública; Notificação Compulsória - “Consiste na comunicação da ocorrência de casos individuais, agregados de casos ou surtos, suspeitos ou confirmados da lista de agravos relacionados na Portaria nº204/16 - MS, feitas as autoridades sanitárias, visando a adoção das medidas de controle pertinentes.” Notificação é obrigatória para: - Profissionais de saúde (no exercício da profissão); - Responsáveis por organizações, estabelecimentos públicos e particulares de saúde; A Portaria SVS/MS nº204 de 17 de fevereiro de 2016, define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública nos Serviços de Saúde, públicos e privados, em todo território nacional. A Ocorrência de surtos é de notificação compulsória! Legislação Notificação Previsto em Lei “Art. 2º da Portaria do MS Nº1461 de 22/12/1999”-Estabelece: Todo e qualquer surto ou epidemia..deve ser notificado, imediatamente, às Secretarias Municipal e Estadual de Saúde e a FUNASA. CRITÉRIOS: magnitude, potencial de disseminação, transcedência, vulnerabilidade, disponibilidade de medidas de controle, compromisso internacional com a erradicação,etc Sistema de Vigilância das DTA 1998: Implantação da Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por Alimentos (VE-DTA) Processo integrado com: ANVISA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento OPAS / OMS Sistema de Vigilância das DTA Conhecimento do surto pela Secretaria Municipal de Saúde Formal: VISA, laboratório, hospital, presídio, escolas Informal: população, imprensa Notificação aos órgãos hierárquicos superiores por telefone, e-mail ou fax SMS digita no SINAN-NET a ficha de notificação Fluxo VE-DTA Investigação de surtos integrada no município* Vigilância Vigilância Laboratório Sanitária Epidemiológica Saúde Pública Relatório final Digitado no SINAN-NET pela SMS SES – análise de consistência Ministério Sistema VE-DTA 1-Vigilância Epidemiológica Investigação epidemiológicaEstudo descritivo Identificação dos expostos Lista de alimentos Entrevistas com doentes e não doentes Estudo de coorte retrospectivo ou caso-controle Coleta de amostras clínicas Análise dos dados Formulário 2 da VE-DTA: Inquérito coletivo Nome Sexo e Idade Doente ou não doente Hospitalização Data e hora da refeição Data e hora dos primeiros sintomas Sinais e sintomas Alimentos consumidos Coleta de amostras e uso de medicamentos 25 469, 639, 860, 863 Sistema VE-DTA 2-Vigilância Sanitária Investigação sanitária Inspeção no local Manipuladores Coleta de amostras de alimentos 3- Laboratório(Lacen’s) Orientação para coleta, transporte e armazenamento Análise das amostras Encaminhamento de cepas às referências Discussão dos resultados 26 469, 639, 860, 863 Sistema VE-DTA Encerramento do surto Deve ser feito em conjunto com todas as áreas envolvidas Até 60 dias após a notificação Utilizar formulário da VE-DTA Digitar no SINAN-NET Divulgar resultados 27 469, 639, 860, 863 80 40 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15 20 0 35 0 5 0 5 0 0 0 0 15 25 0 40 0 5 40 25 35 0 0 30 18 36 24 1 1 1 10 2 28 2 1 2 2 1 10 Salmonella spp 10 10 1 Salmonella spp 2 Salmonella spp (aguardando sorotipo) Salada de maionose 4 2 6 0 9 2 0 0 7 29 Creme de maionese feito com ovos crus, preparado dia 05/09/2007, às 10:00hs pelo manipulador x, na cozinha do Hotel X. x ovos crus + x ml óleo + x gotas de limão... 30 Situação atual da VE-DTA no Brasil Dados Atualizados em Janeiro de 2016 Não implantado em todas UF Discrepâncias no número de registros de surtos entre regiões e UF; 31 Estudo: fundamentada no método científico Frequência: número, taxas e risco Distribuição: tempo (sazonalidade, tendência), lugar (distribuição geográfica, área urbana/rural), pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.) Determinantes:causas e fatores que influenciam; identificação de fatores de risco. Os achados podem fornecer evidências suficientes para implementar medidas de prevenção e controle Estados ou eventos: infecto-contagiosas, crônicas, fenômenos naturais, intoxicações, intoxinações, envenenamentos, etc. Populações específicas; um grupo dentre outros Aplicação: subsidia ações, possibilita monitorizar Fig-01-Série histórica de surtos e casos de DTA, Brasil,2011 a 2015. - 2014 –registrados 886 surtos; 15.700 doentes; contra 861 surtos e 17.455 pessoas doentes-2013. - 2015 – houve redução de 35% de casos surtos(575) e 41% de pessoas doentes(9.267), comparando com 2014. Fig-02 - Série Histórica de surtos de DTA no Brasil, 2000 a 2015. “ Inclui-se nesta série o número de pessoas expostas pelas DTA e o número de óbitos.” - A taxa de letalidade nos anos 2013 a 2015 chegou a uma média de óbitos 0,06% comparado ao histórico acumulado de 15 anos de 0,07% de taxa de letalidade; Fig- 05 – Agentes etiológicos responsáveis pelos surtos de DTA, Brasil, 2000 a 2015. Obs: Em 58,5% dos registros não foi possível identificar o agente etiológico responsável pelo surto de DTA em 2015. - As bactérias salmonella, S. aureus e E. coli- mostram-se como os principais agentes etiológicos + associados aos surtos; DIAGNÓSTICO DE DTA OBJETIVO: - Esclarecimento de ocorrência de natureza epidemiológica relacionada ao consumo de alimentos; Permite identificar perigos de maior incidência e prevalência; Depende: - Caracterização do agente através dos sintomas e período de incubação e por análise laboratorial; - da associação com o consumo de uma mesma refeição (surtos fechados)-os comensais têm relação entre si; - ou envolve consumidores que não partilharam da mesma refeição, mas tem em comum o consumo de produtos de distribuição ampla; Portanto: Para o dimensionamento total das DTA é necessário um sistema de notificação e de associação entre os casos. Primeiro caso: surto por botulismo alimentar Desenvolvimento Alimento com toxina (enlatados, outros) Consumo sem tratamento térmico SURTO SURTO Perigos - Distribuição 42 Destacar que nos casos de botulismo, embora um caso não seja mais considerado surto (já foi), as medidas de investigação serão como as de surto. Segundo caso: surto por toxina estafilocócica Desenvolvimento Frango cru Cocção adequada Alimento cozido NÃO contaminado Recontaminação na manipulação Alimento cozido contaminado Falhas de tempo X temperatura Produção de enterotoxina SURTO Fritura SURTO Perigos - Distribuição 43 Exemplo Setor: Padaria e Confeitaria Alimento envolvido: Coxinha de galinha Surto: 70 casos Sintomas: dores abdominais fortes, vômitos, diarréia e calafrios Período de incubação: 2h Agente: toxina estafilocócica (S. aureus > 1,7 x 106/g) SURTO Exemplo Falhas no preparo: Uso de frango carcaça Desossa e desfiamento: higiene pessoal inadequada Acondicionamento em recipientes fundos (> 10cm) Resfriamento a temperatura ambiente por várias horas Mistura aos outros ingredientes e preparo do recheio Modelagem do salgadinho Fritura SURTO Ações corretivas: 1.Uso de filé ou peito de frango 2.Desfiamento com equipamento ou mãos higienizadas 3.Controle do Tempo X Temperatura 4.Uso de recipientes rasos 5.Treinamento em Boas Práticas SURTO Terceiro caso: surto por Clostridium perfringens Desenvolvimento Carne crua contaminada Cocção adequada Produto cozido com presença de esporos, pois estes sobrevivem ao tratamento térmico Manutenção e/ou resfriamento inadequado SURTO SURTO Exemplo Empresa: Rotisserie Alimento envolvido: Carne assada Sintomas: Dores abdominais, grande produção de gases e diarréia Período de incubação: 10 a 12 horas Agente: Clostridium perfringens ( 4,0 x 106/g) SURTO Exemplo Falhas no processo: 1. Manutenção após o preparo em recipientes fundos e a temperatura ambiente por várias horas 2. Fatiamento 3. Arrumação nos recipientes para exposição com ou sem molho 4. Exposição em balcão refrigerado a 15OC SURTO Ações corretivas: 1. Substituir os recipientes fundos por rasos 2. Após 30 min, cobrir e colocar sob refrigeração 3. Exposição em balcão mantido abaixo de 5oC 4. Controle do Tempo X Temperatura do alimento na distribuição 5. Treinamento em Boas Práticas Exemplo SURTO Profa. Vânia Paz mariavaniapaz@bol.com.br Nós não estamos perdendo esta guerra. Mas, infelizmente, esta é uma guerra que provavelmente não podemos vencer. Necessitamos pensar na batalha contra doenças de origem alimentar em termos diferentes de vencer e perder, mas como uma atitude a ser repetida todos os dias e bem realizada, pois senão iremos perder a batalha. Dr. Arthur Liang Obrigada!!! Bibliografia Forsythe,S.J. Microbiologia da segurança alimentar. Editora Artmed, 2002, 424p GERMANO, Pedro Manuel Leal; Maria Izabel S. Germano. Higiene e Vigilância sanitária de Alimentos. 5 ed. Barueri-SP: Manole,2015. MANUAL de Elementos de Apoio para o Sistema APPCC. Rio de Janeiro:SNAC/DN, 2001. SILVA Junior, Eneo Alves da; Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Serviços de Alimentação. São Paulo: Livraria Varela,1995. FICVETA2 Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde FORMULÁRIO 2 - INQUÉRITO COLETIVO DE SURTO DE DOENÇA TRANSMITIDA POR ALIMENTO 2 7 8 9 10 11 12 13 1 Nome dos comensais (doentes e não doentes) 3 4 5 6 Refeição suspeita Primeiros sintomas Sinais e sintomas 6 Alimentos consumidos na refeição suspeita Exames laboratoriais dos comensais Evolução Nº ordem Sexo Idade Condição clínica Hospitalização DiaHora Dia Hora Periodo de incubação (em horas) Febre Náuseas Vômitos Cólicas Diarréia Manifestação Alergica Manifest. Neurológica Hospitalização Uso de antibiótico Material Data da Colheita Resultado Cura Óbito _________/________/___________ ______________________________________________ __________________ _______________________________________ _____________________________________ ______________________________________ Data Local da investigação Nome do investigador Função do investigador Local de trabalho Assinatura 3.Sexo 4.Idade 5.Condição clínica 6. Hospitalização 10. Sinais e sintomas 11. Alimentos consumidos na refeição suspeita 12. Tipo de material 12. Uso de antibiótico 12. Resultado M= Masculino A=ano S= Doente S=Sim S=Sim S=Sim 1=Sangue 4=Urina antes da colheita 1= Shigella F= Feminino M=mês N= Não doente N=Não N=Não N=Não 2=Fezes 5=Tecidos S= Sim 2= Salmonella D=dia 3=Vômitos 6=Outros N= Não 3= S. aureus 4= B.cereus Local de ocorrência é o provável local onde as pessoas se contaminaram 5= C.perfringens Local de Investigação - Locais (is) onde os casos foram investigados (serviço de saúde, residência, estabelecimento) 6= E. coli Manifestações Alérgicas - urticária, edema de face ou de membros, dificuldade de deglutir e respirar 7= Outros Manifestações Neurológicas - ** Perda da consciência, dilatação das pupilas, dificuldade de deglutir, falar e respirar, paralisia respiratória, 7=Outros dormência, debilidade nos membros inferiores, paralisia, dificuldade motora, pé caído ou mão caída. LOCAL DE OCORRÊNCIA: _________________________________ ENDEREÇO:__________________________________________________________ DATA DE NOTIFICAÇÃO: ____/____/_____ UNIDADE: ____________________MUNICÍPIO: __________________REGIONAL: ________________________
Compartilhar