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01 e 08 10 2019 - PONTO 2 (JURISDIÇÃO (INTER)NACIONAL CONCORRENTE)

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PONTO 2 
JURISDIÇÃO INTERNACIONAL CONCORRENTE
1. ASPECTOS GERAIS
A. CONCEITO
Haverá jurisdição internacional concorrente, quando a legislação brasileira não excluir a possibilidade de que os mesmos fatos, analisados e julgados pela autoridade de outro Estado, produzam efeitos no Brasil. 
B. FUNDAMENTO
		LINDB (1942)
		CPC (1973)
	CPC (2015)
	Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
	Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
*III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no nº I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
	Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
*Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
*Art. 25.  Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
	
2. FOROS CONCORRENTES 
	
Exemplo citado por Dinamarco: Cidadão italiano, domiciliado no Brasil, poderá ser demandado no Brasil (em razão do domicílio – CPC, art. 21, I) ou na Itália (em razão da nacionalidade, CPC italiano, art. 4º), a critério do autor. Eventual sentença italiana poderá produzir efeitos no Brasil.[1: DINAMARCO, VOL. 1, 2017, P. 509]
A. FORUM SHOPPING 
Conceito – Designa o direito do autor de escolher, entre as várias jurisdições possíveis, àquela que lhe for mais favorável. 
	
B. FORUM NON CONVENIENS (FORO NÃO CONVENIENTE) 
Conceito – Instrumento que permite/possibilita a autoridade judiciária recusar/afastar o julgamento de certa demanda quando entender que houve abuso do direito de demandar ou que o ajuizamento da ação em outro país será melhor para as partes, em razão da facilidade de acesso aos meios de prova, a exequibilidade da sentença ou aos custos do processo.
3. HIPÓTESES DE JURISDIÇÃO CONCORRENTE (CPC Arts. 21 e 22)
O RÉU tiver domicílio no Brasil (NCPC, art. 21, I);
A obrigação tiver que ser cumprida no território nacional (NCPC, art. 21, II);
O fundamento seja um fato ocorrido ou ato praticado no Brasil (NCPC, art. 21, III);
Envolver alimentos (NCPC, art. 22, I);
Houver relação consumerista (NCPC, art. 22, II).
A. RÉU DOMICILIADO NO BRASIL (CPC, ART. 21, I)
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
Regra Geral – A justiça brasileira poderá julgar uma demanda, quando o réu, independentemente de sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. 
- actio sequitur forum rei
[...] JURISDIÇÃO INTERNACIONAL CONCORRENTE DA AUTORIDADE JUDICIAL BRASILEIRA. Insere-se na esfera da jurisdição internacional concorrente da autoridade judicial brasileira a ação condenatória por danos decorrentes de abalroamento de veículos ocorrido no território da República Oriental do Uruguai, na qual litigam nacional uruguaio com domicílio no Uruguai (autor) e nacional brasileira com domicílio no Brasil (ré). Irrelevância do local do ilícito extracontratual em causa, da nacionalidade do autor ou do seu domicílio, para fins de identificação da jurisdição pata a causa. Jurisdição internacional concorrente do Brasil fundada no domicílio da ré, por incidência da norma ‘actio sequitor forum rei’, prevista no art. 12, “caput”, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, no art. 88, I, do Código de Processo Civil e no art. 7º, alínea b, do Protocolo de São Luiz em Matéria de Responsabilidade Civil Emergente de Acidentes de Trânsito entre os Estados Partes do MERCOSUL, que, anexo ao Tratado de Assumpção, integra o ordenamento jurídico brasileiro desde a promulgação do Decreto n. 3.856/01 [...] (TJ-RS - Apelação Cível: AC 70061035572 RS; Relator(a): Umberto Guaspari Sudbrack; Julgamento:23/04/2015; Órgão Julgador: Décima Segunda Câmara Cível; Publicação: Diário da Justiça do dia 29/04/2015).
B. CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO CONTRATUAL NO BRASIL (CPC, ART. 21, II)
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
[...]
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
Regra – A demanda poderá ser analisada e julgada pelo juiz, em concurso com a autoridade de outro país, quando o contrato tiver que ser cumprido no território nacional, ainda que a obrigação tenha sido contraída no estrangeiro ou que o réu não tenha domicílio no território nacional.
(OAB/FGV/2013) – A sociedade empresária Airplane Ltda., fabricante de aeronaves, sediada na China, celebrou contrato internacional de compra e venda com a sociedade empresária Voe Rápido Ltda, com sede na Argentina. O contrato foi celebrado no Japão, em razão de uma feira promocional que ali se realizava. Conforme estipulado no contrato, as aeronaves deveriam ser entregues pela Airplane Ltda., na cidade do Rio de Janeiro, no dia 1º de abril de 2011, onde a sociedade Voe Rápido Ltda. possui uma filial e realiza a atividade empresarial de transporte de passageiros. Diante da situação exposta, à luz das regras de Direito Internacional Privado veiculadas na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no estatuto processual civil brasileiro (Código de Processo Civil – CPC), pode-se afirmar que não sendo as aeronaves entregues no prazo avençado, o Poder Judiciário brasileiro é competente para julgar eventual demanda em que a credora postule o cumprimento do contrato. 
Princípio actio sequitur forum executionis 
C. FATO OCORRIDO OU ATO PRATICADO NO BRASIL (CPC, ART. 21, III)
Art. 21.  Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
[...]
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Hipóteses contidas na norma –
Atos jurídicos (questões contratuais) – 
Fatos jurídicos (questões extracontratuais) – 
Ato ilícito praticado no Brasil 
(FGV/OAB/2012) (caso Gol) – Um jato privado, pertencente a uma empresa norte-americana, se envolve em um incidente que resulta na queda de uma aeronave comercial brasileira em território brasileiro, provocando dezenas de mortes. A família de uma das vítimas brasileiras inicia uma ação no Brasil contra a empresa norte-americana, pedindo danos materiais e morais. A empresa norte-americana alega que a competência para julgar o caso é da justiça americana. Segundo o direito brasileiro, o juiz brasileiro tem competência concorrente porque o acidente ocorreu em território brasileiro.
Ato ilícito praticado fora do Brasil
 
- Teoria dos efeitos (effects theory).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE IMAGEM EM SÍTIO ELETRÔNICO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PARA EMPRESA ESPANHOLA. CONTRATO COM CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORONO EXTERIOR.
[...] 
14. Quando a alegada atividade ilícita tiver sido praticada pela internet, independentemente de foro previsto no contrato de prestação de serviço, ainda que no exterior, é competente a autoridade judiciária brasileira caso acionada para dirimir o conflito, pois aqui tem domicílio a autora e é o local onde houve acesso ao sítio eletrônico onde a informação foi veiculada, interpretando-se como ato praticado no Brasil, aplicando-se à hipótese o disposto no artigo 88, III, do CPC. 15. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ, Processo: REsp 1168547/RJ; RECURSO ESPECIAL; 2007/0252908-3; Relator(a): Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140); Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Data do Julgamento: 11/05/2010; Data da Publicação/Fonte: DJe 07/02/2011)
(FGV/OAB/2010 – ADAPTADA) – Jogador de futebol de um importante time espanhol e titular da seleção brasileira é filmado por um celular em uma casa noturna na Espanha, em avançado estado de embriaguez. O vídeo é veiculado na internet e tem grande repercussão no Brasil. Temeroso de ser cortado da seleção brasileira, o jogador ajuíza uma ação no Brasil contra o portal de vídeos, cuja sede é na Califórnia, Estados Unidos. 
Pode-se afirmar que neste caso, o juiz brasileiro terá competência, porque os danos à imagem ocorreram no Brasil.
D. ALIMENTOS (CPC, ART. 22, I)
Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
Quando o credor for domiciliado ou residente no Brasil (NCPC, art. 22, I, “a”):
Lei 5.478/68 (Dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providências), Art. 26. É competente para as ações de alimentos decorrentes da aplicação do Decreto Legislativo nº. 10, de 13 de novembro de 1958, e Decreto nº. 56.826, de 2 de setembro de 1965, o juízo federal da Capital da Unidade Federativa Brasileira em que reside o devedor, sendo considerada instituição intermediária, para os fins dos referidos decretos, a Procuradoria-Geral da República.
Quando houver vínculos do Réu (alimentante) com o Brasil (NCPC, art. 22, I, “b”)
Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
[...]
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
Instrumentos Internacionais – 
Plano Global 
Convenção das Nações Unidas sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (Convenção de Nova York), de 1956 (promulgada pelo Decreto n° 56.826, de 2 de setembro de 1965).
Convenção sobre a Cobrança Internacional de Alimentos para Crianças e Outros Membros da Família e o Protocolo sobre a Lei Aplicável às Obrigações de Prestar Alimentos, de 2007 (promulgada pelo decreto nº 9.176, de 19 de outubro de 2017).
Plano Regional – Convenção Interamericana sobre Obrigação Alimentar, de 1989 (promulgada pelo decreto nº 2.428, de 17 de dezembro de 1997).
E. RELAÇÃO DE CONSUMO (CPC, ART. 22, II) 
Art. 22 – Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
[...]
II – decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil.
	
Competência da autoridade judiciária brasileira 
Critério adotado pelo NCPC – 
DIREITO DO CONSUMIDOR. FILMADORA ADQUIRIDA NO EXTERIOR. DEFEITO DA MERCADORIA. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA NACIONAL DA MESMA MARCA ("PANASONIC"). ECONOMIA GLOBALIZADA. PROPAGANDA. PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR. PECULIARIDADES DA ESPÉCIE. SITUAÇÕES A PONDERAR NOS CASOS CONCRETOS. NULIDADE DO ACÓRDÃO ESTADUAL REJEITADA, PORQUE SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO NO MÉRITO, POR MAIORIA. [...] III — Se empresas nacionais se beneficiam de marcas mundialmente conhecidas, incumbe-lhes responder também pelas deficiências dos produtos que anunciam e comercializam, não sendo razoável destinar-se ao consumidor as consequências negativas dos negócios envolvendo objetos defeituosos. IV — Impõe-se, no entanto, nos casos concretos, ponderar as situações existentes. V — Rejeita-se a nulidade arguida quando sem lastro na lei ou nos autos (STJ: RESP 63.981 DE 13/08/2001).
DIREITO DO CONSUMIDOR E INTERNACIONAL PRIVADO. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL E RELAÇÃO DE CONSUMO. A Justiça brasileira é absolutamente incompetente para processar e julgar demanda indenizatória fundada em serviço fornecido de forma viciada por sociedade empresária estrangeira a brasileiro que possuía domicílio no mesmo Estado estrangeiro em que situada a fornecedora, quando o contrato de consumo houver sido celebrado e executado nesse local, ainda que o conhecimento do vício ocorra após o retorno do consumidor ao território nacional (Informativo nº 0580 - Período: 2 a 13 de abril de 2016; REsp 1.571.616-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 5/4/2016, DJe 11/4/2016).
Norma de Direito Material aplicável à demanda – 
Regra geral de acordo com a doutrina e a jurisprudência – 
Exceção – 
Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional (Convenção de Varsóvia), de 12 de outubro de 1929 (promulgada pelo decreto nº 20.704 de 24 de novembro de 1931).
Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional (Convenção de Montreal), de 28 de maio de 1999 (promulgada pelo decreto nº 5.910, de 27 de setembro de 2006).
Prazo Prescricional – 
Prazo prescricional. Convenção de Varsóvia e Código de Defesa do Consumidor (CDC). O art. 5º, § 2º, da CF refere-se a tratados internacionais relativos a direitos e garantias fundamentais, matéria não objeto da Convenção de Varsóvia, que trata da limitação da responsabilidade civil do transportador aéreo internacional (RE 214.349, rel. min. Moreira Alves, julgamento em 13-4-1999, Primeira Turma, DJ de 11-6-1999.) Embora válida a norma do CDC quanto aos consumidores em geral, no caso específico de contrato de transporte internacional aéreo, com base no art. 178 da CF de 1988, prevalece a Convenção de Varsóvia, que determina prazo prescricional de dois anos (STF, RE 297.901, rel. min. Ellen Gracie, j. 7-3-2006, 2ª T, DJ de 31-3-2006).
Indenização tarifada (Prevalência das Convenções sobre o CDC) – (RE 636.331 e RE com Agravo (ARE) 76661).
DIREITO DO CONSUMIDOR. TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL. CONFLITO ENTRE LEI E TRATADO. INDENIZAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL PREVISTO EM CONVENÇÃO INTERNACIONAL. APLICABILIDADE. 1. Salvo quando versem sobre direitos humanos, os tratados e convenções internacionais ingressam no direito brasileiro com status equivalente ao de lei ordinária. Em princípio, portanto, as antinomias entre normas domésticas e convencionais resolvem-se pelos tradicionais critérios da cronologia e da especialidade. 2. Nada obstante, quanto à ordenação do transporte internacional, o art. 178 da Constituição estabelece regra especial de solução de antinomias, no sentido da prevalência dos tratados sobre a legislação doméstica, seja ela anterior ou posterior àqueles. Essa conclusão também se aplica quando o conflito envolve o Código de Defesa do Consumidor. 3. Tese afirmada em sede de repercussão geral: “Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor”. (STF, ARE 766.618/SP - SÃO PAULO; RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO; Relator(a):  Min. ROBERTO BARROSO; Julgamento:  25/05/2017; Órgão Julgador:  Tribunal Pleno; Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO: DJe-257 DIVULG 10-11-2017 PUBLIC 13-11-2017). (Grifamos)
Fundamento – 
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo,quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 1995)
 Para maioria dos ministros – 
[...] nós temos aqui duas normas de mesma hierarquia: o Código de Defesa do Consumidor, que é uma lei ordinária, e a Convenção de Varsóvia, que é uma norma internacional equiparada a lei ordinária.
A regra de solução da antinomia é a da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que tem duas regras importantes aplicadas aqui. Primeira, a regra da especialidade - e a Convenção de Varsóvia certamente é uma norma especialíssima em relação ao Código do Consumidor, já que trata de uma especial relação de consumo, que é a relação de serviço de transporte internacional -; e a do §1º do mesmo artigo 2º, que trata do critério da antiguidade (MINISTRO TEORI ZAVASCKI).
Doutrina internacionalista – 
Parece-me, aliás, que, conquanto os referidos tratados não versem sobre direitos humanos, a eles o Poder Constituinte conferiu excepcional status supralegal, ao erigir, no texto magno, regra segundo a qual as leis internas devem observar os acordos internacionais sobre transporte aéreo, aquático e terrestre firmados pela República Federativa do Brasil (Ministra Rosa Weber em seu voto-vista no RE 636.331/RJ)
[...] a ordenação internacional dos transportes depende em grande parte de tratados e convenções internacionais. É matéria, portanto, fundamentalmente regida pelos acordos que o Brasil vier a firmar e pelos que já pactuou na matéria. 
[...]
Ponto importante a notar é que os tratados internacionais têm força de lei na ordem interna. Revogam, portanto, os atos que com eles conflitem. Devem obediência apenas à Constituição e têm, em princípio, a mesma hierarquia das leis ordinárias ou comuns. 
Por força do preceito sob comento, os acordos aí ventilados têm uma força supralegal, na medida em que fica ordenado o seu cumprimento, o que significa dizer que seu descumprimento só pode dar-se na forma do direito internacional, é dizer, com a denúncia da avença. O artigo resolve, pois, tormentoso problema posto pela tradição do nosso direito. Pode uma lei ordinária revogar um tratado internacional? 
Não é o caso de cuidar do problema aqui em toda a sua dimensão. O que cumpre é deixar certo que, se de acordo de transporte internacional se tratar, a lei ordinária não poderá descumpri-lo, uma vez que o caput do art. 178 subordina a ordenação da matéria ao disposto na avença internacional. O único caminho é, pois, o da denúncia” (BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição do Brasil. 7. vol. 2. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 160-161) (Grifamos)
Mudança de Entendimento –
(OAB, XX EXAME UNIFICADO – julho de 2016 – essa questão, está desatualizada, depois da decisão do STF) - Heitor agraciou cinco funcionários de uma de suas sociedades empresárias, situada no Rio Grande do Sul, com uma viagem para curso de treinamento profissional realizado em determinado sábado, de 9h às 15h, numa cidade do Uruguai, há cerca de 50 minutos de voo. Heitor custeou as passagens aéreas, translado e alimentação dos cinco funcionários com sua própria renda, integralmente desvinculada da atividade empresária. Ocorre que houve atraso no voo sem qualquer justificativa prestada pela companhia aérea. Às 14h, sem previsão de saída do voo, todos desistiram do embarque e perderam o curso de treinamento. Nesse contexto é correto afirmar que, 
Por se tratar de transporte aéreo internacional, para o pedido de danos extrapatrimoniais não há incidência do Código de Defesa do Consumidor e nem do Código Civil, que regula apenas Contrato de Transporte em território nacional, prevalecendo unicamente as Normas Internacionais. 
Ao caso, aplica-se a norma consumerista, sendo que apenas Heitor é consumidor por ter custeado a viagem com seus recursos, mas, como ele tem boas condições financeiras, por esse motivo, é consumidor não enquadrado em condição de vulnerabilidade, como tutela o Código de Defesa do Consumidor. 
Embora se trate de transporte aéreo internacional, há incidência plena do Código de Defesa do Consumidor para o pedido de danos extrapatrimoniais, em detrimento das normas internacionais e, apesar de Heitor ter boas condições financeiras, enquadra-se na condição de vulnerabilidade, assim como os seus funcionários, para o pleito de reparação. 
Por se tratar de relação de Contrato de Transporte previsto expressamente no Código Civil, afasta-se a incidência do Código de Defesa do Consumidor e, por ter ocorrido o dano em território brasileiro, afastam-se as normas internacionais, sendo, portanto, hipótese de responsabilidade civil pautada na comprovação de culpa da companhia aérea pelo evento danoso.
4. ELEIÇÃO DE FORO (CHOICE OF FORUM)
A. TERMINOLOGIAS
	
 
B. CONTRATOS NACIONAIS E INTERNACIOAIS
	
Contratos internos/nacionais – Possibilita apenas que as partes escolham o lugar, dentro do território nacional, onde eventual demanda será proposta. 
Contratos internacionais – Ao se estabelecer, por meio da cláusula, o foro de Miami, Nova York, Lisboa ou São Paulo está se definindo, em primeiro lugar, o país que poderá conhecer e julgar eventual demanda e, só depois, o foro.[2: [...] a terminologia adequada no plano internacional não deveria ser eleição de foro, e sim, acordo de eleição de jurisdição e foro, pois as partes escolhem em primeiro lugar o país cujo judiciário irá julgar a causa e também, dentro da jurisdição escolhida, o foro (TIBURCIO, 2016, P. 146)]
Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional em Matéria Contratual, de 1994 (promulgado pelo decreto nº 2.095, de 17 de dezembro de 1996), que trata expressamente da “eleição de jurisdição”.
(CAPÍTULO I - Eleição de Jurisdição), Art. 5º, 1. O acordo de eleição de jurisdição pode realizar-se no momento da celebração do contrato, durante sua vigência ou uma vez suscitado o litígio.
STJ:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL. CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO E REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. RUPTURA UNILATERAL. JURISDIÇÃO. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO. PROTOCOLO DE BUENOS AIRES. VALIDAÇÃO. FORUM NON CONVENIENS. INAPLICABILIDADE. [...] 2. Existência de cláusula de eleição de jurisdição no contrato celebrado entre as partes. [...] 5. Havendo previsão contratual escrita e livremente pactuada entre as partes, elegendo a jurisdição brasileira como competente para a solução de eventuais conflitos, deve ela ser plenamente observada (STJ, REsp 1633275/SC; RECURSO ESPECIAL; 2012/0176312-5; Relator(a): Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147); Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA; Data do Julgamento: 08/11/2016; Data da Publicação/Fonte: DJe 14/11/2016)
B. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE JURISDIÇÃO NACIONAL (CPC, ART. 22, III, PRIMEIRA PARTE)
Art. 22.  Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
[...]
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Conceito – É a cláusula, inserta em contrato internacional, por meio da qual as partes expressamente optam pela jurisdição brasileira. 
[...] 2. Eleição de foro. Se as partes, uma domiciliada no Uruguai, outra domiciliada no Brasil, contrataram que suas divergências pertinentes ao contrato a que se vincularam seriam solvidas no foro da comarca de São Paulo, Brasil, esse é o foro competente, e não o do Uruguai. [...] (STF, AgR/REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI: CR 3166, 1980).
Fundamento:
Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional em Matéria Contratual, de 1994 (promulgado pelo decreto nº 2.095, de 17 de dezembro de 1996)
(CAPÍTULO I - Eleição de Jurisdição), Art. 5º, 1. O acordo de eleição de jurisdição pode realizar-se no momento da celebração do contrato, durante sua vigência ou uma vez suscitado o litígio.
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL. CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO E REPRESENTAÇÃO COMERCIAL.RUPTURA UNILATERAL. JURISDIÇÃO. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO. PROTOCOLO DE BUENOS AIRES. VALIDAÇÃO. [...] 3. Ao propor a demanda no Juízo da Comarca de Blumenau - SC, limitou-se a autora a observar a cláusula de eleição de jurisdição previamente ajustada, perfeitamente validada pelas regras do Protocolo de Buenos Aires. [...] (STJ, REsp 1633275/SC; RECURSO ESPECIAL; 2012/0176312-5; Relator(a): Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147); Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA; Data do Julgamento: 08/11/2016; Data da Publicação/Fonte: DJe 14/11/2016)
Art. 63.  As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
C. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE JURISDIÇÃO INTERNACIONAL (NCPC, ART. 25) 
Art. 25.  Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
	
Conceito – É a cláusula, inserta em contratos internacionais, por meio da qual as partes, expressamente, afastam a possibilidade de julgamento de eventual demanda pela autoridade judiciária brasileira.
Fundamento 
Protocolo de Buenos Aires sobre Jurisdição Internacional em Matéria Contratual, de 1994 (promulgado pelo decreto nº 2.095, de 17 de dezembro de 1996).
Art. 4.1. Nos conflitos que decorram dos contratos internacionais em matéria civil ou comercial serão competentes os tribunais do Estado-Parte em cuja jurisdição os contratantes tenham acordado submeter-se por escrito, sempre que tal ajuste não tenha sido obtido de forma abusiva. 
(CESGRANRIO/ PETROBRÁS/ADVOGADO/2011) – Duas empresas, uma brasileira e uma uruguaia, assinam no Brasil um contrato de compra e venda e concordam em submeter eventuais divergências às Cortes de Montevidéu, no Uruguai. Essa cláusula de foro é válida, porque, entre empresas do Mercosul, se aplica o Protocolo de Buenos Aires sobre o tema.
Invalidade – 
RECURSO ESPECIAL - PREQUESTIONAMENTO - SÚMULAS 282/STF E 211/STJ - REEXAME DE PROVAS E INTERPRETAÇÃO CONTRATUAL - SÚMULAS 5 E 7 - JURISDIÇÃO INTERNACIONAL CONCORRENTE - ELEIÇÃO DE FORO ESTRANGEIRO – AUSÊNCIA DE QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA - VALIDADE – DIVERGÊNCIA NÃO-CONFIGURADA. 1. Em recurso especial não se reexaminam provas e nem interpretam cláusulas contratuais (Súmulas 5 e 7). 2. A eleição de foro estrangeiro é válida, exceto quando a lide envolver interesses públicos. 3. Para configuração da divergência jurisprudencial é necessário demonstrar analiticamente a simetria entre os arestos confrontados. Simples transcrição de ementa ou súmula não basta (STJ, REsp 242383 /SP, de 2005; Relator(a): Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS; Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA; Data do Julgamento: 03/02/2005; Data da Publicação/Fonte: DJ 21/03/2005 p. 360).
5. LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL
A. ASPECTOS GERAIS
	
Listispendência – É um fenômeno fático alusivo a existência de dois (ou mais) processos idênticos concomitantes.
NCPC, art. 337 [...]
§ 1o. Verifica-se a litispendência [...] quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
[...]
§ 3o. Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
B. LITISPENDÊNCIA INTERNACIONAL (CPC, ART. 24)
Art. 24 – A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Conceito – Haverá litispendência internacional ou transnacional quando houver duas demandas idênticas tramitando, simultaneamente, em mais de um país.
Conflito normativo:
Convenção de Direito Internacional Privado, de 1928 (Código de Bustamante).[3: Adotada na Sexta Conferência Internacional Americana, reunida em Havana, Cuba, e assinada a 20- 2-1928. Aprovada, no Brasil, pelo Dec. nº 5.647, de 8-1-1929 e promulgada pelo Dec. nº 18.871, de 13-8-1929.]
Art. 394 – A litispendência, por motivo de pleito em outro Estado contratante poderá ser alegada em matéria cível, quando a sentença, proferida em um deles, deva produzir no outro os efeitos de coisa julgada.
Código de Processo Civil, de 1973 e CPC, de 2015.
CPC, 1973, Art. 90 – A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas.
[...]
CPC, 2015, Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas / ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Competência Internacional — Jurisdição concorrente — Ação de divórcio proposta pela mulher, no Brasil — Ação idêntica, ajuizada pelo marido, pendente na Bolívia — Irrelevância — Preliminar de litispendência internacional acolhida em primeiro grau, com base no art. 384 do Código de Bustamante — inadmissibilidade — Norma com eficácia suspensa — Recurso provido - Incidência e aplicação do art. 90 do Código de Processo Civil. Estando suspensa a eficácia do art. 384 do Código de Bustamante, por força do art. 90 do Código de Processo Civil em vigor, é irrelevante à instauração e desenvolvimento de processo de ação de divórcio ajuizada, no Brasil, pela mulher, a pendência a ação idêntica, proposta pelo marido, perante a jurisdição boliviana (TJSP - Apelação Cível n. 233.738-1; Relator: Cezar Peluso). 
Tratamento atual
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas [...].
Regra geral – 
(CESPE/OAB/2008 – Adaptada) – No curso de um processo no qual se discute o cumprimento de obrigação firmada entre brasileiro e estrangeiro domiciliado em seu país natal, e cuja execução teria de ocorrer em território nacional, o réu noticiou, nos autos, a existência de ação intentada no exterior com o mesmo objetivo. Em face dessa situação hipotética, pode-se afirmar que a existência de ação idêntica em trâmite perante órgão judiciário estrangeiro não interfere no processamento do feito, no Brasil, podendo a autoridade judiciária local, inclusive, julgar causas que a ele sejam conexas.
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL. CONTRATO DE CONVERSÃO DE NAVIO PETROLEIRO EM UNIDADE FLUTUANTE. GARANTIA REPRESENTADA POR "PERFOMANCE BOND" EMITIDO POR EMPRESAS ESTRANGEIRAS. CARÁTER ACESSÓRIO DESTE ÚLTIMO. JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL BRASILEIRO EM FACE DA DENOMINADA COMPETÊNCIA CONCORRENTE (ART. 88, INC. II, DO CPC). [...] À justiça brasileira é indiferente que se tenha ajuizado ação em país estrangeiro, que seja idêntica a outra que aqui tramite. Incidência na espécie do art. 90 do CPC. Recurso especial não conhecido, prejudicada a medida cautelar (STJ, REsp 251438 /RJ; Relator(a): Ministro BARROS MONTEIRO; Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Data do Julgamento: 08/08/2000; Data da Publicação/Fonte: DJ 02/10/2000 p. 173).
Exceções:
Art. 24. [...] ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
venire contra factum proprium
PROCESSO CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS INTERPOSTOS NA VIGÊNCIA DO CPC/1973. CONTRATO INTERNACIONAL. COMPETÊNCIA CONCORRENTE. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO. PERMISSÃO LEGAL E CONTRATUAL PARA ESCOLHA DE OUTRO FORO. AÇÕES AJUIZADAS NA INGLATERRA. SENTENÇAS PROFERIDAS. AJUIZAMENTO DE AÇÃO DECLARATÓRIA NO BRASIL PELA PARTE SUCUMBENTE NO TERRITÓRIO INGLÊS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE DE BENEFICIAR-SE DA PRÓPRIATORPEZA [...] 2. Apesar de reconhecer a jurisdição concorrente com fundamento no art. 88, I, do CPC/1973 e no próprio contrato (cláusula 14.2), o TJRJ afastou a jurisdição do Poder Judiciário brasileiro, tendo em vista que contratantes e contratadas ajuizaram demandas no foro inglês e, somente depois de sentenciados os respectivos processos, a empresa cessionária dos supostos direitos das partes sucumbentes propôs ação declaratória no Brasil com o propósito de rediscutir questões decididas pela Justiça alienígena. Em tais circunstâncias, diante dos princípios da boa-fé objetiva e da segurança jurídica, os quais também devem ser respeitados no plano internacional, mantém-se a extinção da presente declaratória por faltar jurisdição à magistratura brasileira. (STJ, RECURSO ESPECIAL Nº 1.091.299 – RJ; 2008/0207981-6; Relator(a): Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA (1146); Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Data do Julgamento: 14/06/2016; Data da Publicação/Fonte: DJe 23/08/2016 RSDCPC vol. 113 p. 51)
(FUNDEP/PROCURADOR DO MUNICÍPIO DE UBERABA – MG/2016 – adaptada) – Duas sociedades empresariais brasileiras, para viabilizar suas atividades em diversos países, criaram respectivamente subsidiárias estrangeiras. Firmaram, entre si, contrato de prestação de serviço com cláusula de eleição de foro, a qual previa, em primeiro lugar, a regência de obrigações pela lei inglesa e, em segundo, a propositura das ações decorrentes dessa relação jurídica perante a Justiça britânica. Houve desentendimentos entre elas, e duas sociedades subsidiárias de uma das empresas propuseram duas ações na Justiça do Reino Unido. Como ficaram vencidas, a sociedade empresarial, representando-as, ajuizou, perante a Justiça brasileira, uma nova ação, argumentando que preferiram não recorrer na Inglaterra porque seria extremamente dispendioso e inviabilizaria o litígio, além de haver restrições ao direito de defesa. Diante desses fatos, pode-se afirmar que o Poder Judiciário brasileiro deve extinguir a ação sem resolução de mérito, concluindo que a autoridade judiciária brasileira seria incompetente para julgá-la porque o comportamento da autora, que, após haver sucumbido nas duas ações propostas na Inglaterra, propôs outra ação no Brasil, implica, de acordo com o Direito Civil brasileiro, violação da boa-fé objetiva.
d) Teoria da indiferença (Art. 24, Parágrafo único)
Art. 24, Parágrafo único – A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
C. EXCEÇÃO À COISA JULGADA ESTRANGEIRA 
	Sentença estrangeira transitada em julgado dispondo sobre a guarda e visitação de menores ou alimentos não impede a instauração de nova ação perante o poder judiciário brasileiro, vez que a sentença de guarda e alimentos não é imutável.
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. PLEITO DE HOMOLOGAÇÃO. REQUISITOS LEGAIS. PREENCHIMENTO. GUARDA E ALIMENTOS. EXISTÊNCIA DE DECISÃO NA JUSTIÇA BRASILEIRA. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO PARCIALMENTE DEFERIDA. [...] III. A EXISTÊNCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA TRANSITADA EM JULGADO NÃO IMPEDE A INSTAURAÇÃO DE AÇÃO DE GUARDA PERANTE O PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO, EIS QUE A SENTENÇA DE GUARDA E ALIMENTOS NÃO É IMUTÁVEL. IV. O DEFERIMENTO DO EXEQUATUR À SENTENÇA ESTRANGEIRA QUANDO JÁ EXISTE DECISÃO PERANTE O JUDICIÁRIO BRASILEIRO ACERCA DOS ALIMENTOS E GUARDA DE MENORES IMPORTARIA EM OFENSA À SOBERANIA DA JURISDIÇÃO NACIONAL. V. A JURISPRUDÊNCIA MAIS RECENTE DESTA CORTE É ORIENTADA NO SENTIDO DE QUE A EXISTÊNCIA DE DECISÃO NO JUDICIÁRIO BRASILEIRO ACERCA DE GUARDA E ALIMENTOS, AINDA QUE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA, IMPEDE A SUA HOMOLOGAÇÃO NA PARTE EM QUE VERSA SOBRE OS MESMOS TEMAS, SOB PENA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ORDEM PÚBLICA E SOBERANIA NACIONAL. VI. AUSÊNCIA DE ÓBICES À HOMOLOGAÇÃO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA NA PARTE RELATIVA AO DIVÓRCIO DO CASAL. VII. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DEFERIDO EM PARTE, NO QUE CONCERNE AO DIVÓRCIO (STJ, SEC 6485 /EX - SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA 2011/0221419-0; RELATOR(A): MINISTRO GILSON DIPP; ÓRGÃO JULGADOR: CE - CORTE ESPECIAL; DATA DO JULGAMENTO: 03/09/2014; DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE: DJE 23/09/2014).
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BASSO, Maristela. Curso de Direito Internacional Privado. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de processo civil anotado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016 
DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de direito internacional privado / Florisbal de Souza Del’olmo, Augusto Jaeger Junior. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 19. ed. Salvador: Ed. Juspodivm, 2017. 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil: volume I. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2017.
DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado / Jacob Dolinger e Carmen Tiburcio. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
GODINHO, Thiago José Zanini. Elementos de direito internacional público. São Paulo: Atlas, 2010.
GOMES, José Jairo. Lei de introdução às normas do direito brasileiro: LINDB. São Paulo, Atlas, 2012.
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
GONÇALVES, Maria Beatriz Ribeiro. Direito internacional público e privado. Ed. Juspodivm. 2017.
JO, Hee Moon. Moderno direito internacional privado. São Paulo: LTr, 2001.
MARINONI, Luiz Guilherme. Novo Código de Processo Civil Comentado / Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero. 2. ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2016. 
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Privado. 2. ed. São Paulo: Forense, 2017. 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único. 9. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. 
PORTELA, Paulo Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado: Incluindo noções de direitos humanos e de direito comunitário. 10. ed. Salvador: Juspodivm, 2018
RAMOS, André de Carvalho. Comentários à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro / André de Carvalho Ramos e Erik Frederico Gramstrup. São Paulo: Saraiva Educação, 2016.
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direito Internacional Privado. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado: Teoria e Prática. 18. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2016.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Vol. 1: Lei de introdução e parte geral. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 
TIBURCIO Carmen. Extensão e limites da jurisdição brasileira: competência internacional e imunidade de jurisdição. Salvador: JusPODIVM, 2016.

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