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Morfossintaxe_da_Língua_Portuguesa_20183_EAD_SEC

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EAD
MORFOSSINTAXE DA LÍNGUA 
PORTUGUESA
 Profª. Drª. Vera Lúcia Massoni Xavier da Silva 
APRESENTAÇÃO 
 
Nesta disciplina vamos abordar um aspecto fantástico da Língua Portuguesa: a 
Morfossintaxe. O próprio nome da disciplina já nos diz alguma coisa: morfo equivale à 
Morfologia e sintaxe à Sintaxe, responsável pela estrutura da língua. A decodificação 
que efetuamos aqui pouco nos diz, pois há inúmeros aspectos a serem tratados nessa 
nossa caminhada. 
 
Iniciemos considerando as palavras. Você sabe que as palavras são construídas e, no 
cotidiano, nem sempre nos damos conta disso. 
 
Na língua, as palavras podem ser construídas, inventadas, criadas, porque existem 
caminhos abertos para que assim o façamos. Mas, cuidado, os caminhos não são tão 
livres assim, pois toda criação deve levar em conta a estrutura da língua. 
 
Vamos abordar, em Morfossintaxe da Língua Portuguesa, a criação de palavras na 
língua, sem delegar ao segundo plano a estrutura a que devemos nos vincular para a 
produção de significados. Nossa matéria-prima de estudo serão os morfemas, 
elementos portadores de significado, pertencentes à segunda articulação da linguagem 
humana. 
 
Profª. Drª. Vera Lúcia Massoni Xavier da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
EMENTA: Noções básicas de morfologia. Morfemas e alomorfes. Estrutura e formação 
de palavras. Flexão Nominal. Organização da frase. Estrutura da oração. 
 
OBJETIVOS: Propiciar conhecimentos sobre a estrutura e formação de palavras na 
Língua Portuguesa; Explicitar a diferença entre morfema derivacional e morfema 
flexional; Propiciar conhecimentos sobre a estrutura da frase em português. 
 
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS: noções básicas de morfologia portuguesa; 
Morfologia, morfema, morfe.; Estrutura mórfica dos vocábulos: morfema lexical, 
morfema gramatical.; Flexão; Flexão nominal: gênero e número.; Gradação; 
Aumentativo e diminutivo.; Comparativo e superlativo.; Derivação; Tipos: derivação 
prefixal, derivação sufixal, derivação prefixal e sufixal, parassíntese, derivação imprópria, 
derivação regressiva.; Composição; Tipos: justaposição - aglutinação. 
 
METODOLOGIA: Adotamos para a disciplina uma metodologia que alia a teoria à 
prática, propiciada por meio de atividades que permitam, a partir de exemplos, a 
reflexão sobre a estrutura da língua. 
 
AVALIAÇÃO: No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, 
sem, entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na 
avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço 
pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize 
as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de 
estabelecimento de prazos. 
 
 
3 
 
A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes 
instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 
1) Trabalhos individuais avaliativos realizados no AVA; 
2) Provas semestrais realizadas presencialmente; 
 
As estratégias de recuperação incluirão: 
1) retomada eventual dos conteúdos abordados nas unidades, quando não 
satisfatoriamente dominados pelo aluno; 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALVES, I.M. Neologismo. São Paulo: Ática, 1990. 
BARROS, E.M. Nova gramática da língua portuguesa. São Paulo: Atlas, 1985. 
BASÍLIO, M. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 2006. 
CÂMARA JR., J. M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1970. 
CÂMARA JR., J. M. Problemas de linguística descritiva. Petrópolis: Vozes, 1969. 
CARONE, F.B. Morfossintaxe. São Paulo: Ática, 2000. 
KEHDI, V. Morfemas do português. São Paulo: Ática, 1990. 
____. Formação de palavras em português. São Paulo: Ática, 1992. 
KOCH, I.V.; SILVA, M.C.P. de S. Linguística aplicada ao português: morfologia. São 
Paulo: Cortez, 2004. 
LOPES, E. Fundamentos da linguística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1980. 
MACAMBIRA, José Rebouças. Português estrutural. São Paulo: Pioneira,1978 
MARTINET, André. Elements de linguistique générale. Paris: PUF, 1960 
MONTEIRO, J.L. Morfologia Portuguesa. Campinas: Pontes, 1991. 
SANDMANN, A.J. Formação de palavras no português brasileiro contemporâneo. 
Curitiba: Ícone, 1989. 
____. Morfologia lexical. São Paulo: Contexto, 1992. 
 
4 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1- MORFOLOGIA: PRESSUPOSTOS BÁSICOS ........................................................... 5 
UNIDADE 2- MORFEMAS: CONCEITO E PRINCÍPIOS DE ANÁLISE MÓRFICA ................. 10 
UNIDADE 3- TIPOS DE MORFEMAS ............................................................................................. 17 
UNIDADE 4- PROCESSOS DE DERIVAÇÃO ................................................................................ 22 
UNIDADE 5- COMPOSIÇÃO ........................................................................................................... 28 
UNIDADE 6- FLEXÃO NOMINAL ................................................................................................... 37 
UNIDADE 7- SINTAXE: PRINCÍPIOS BÁSICOS ............................................................................ 48 
5 
 
UNIDADE 1- MORFOLOGIA: PRESSUPOSTOS BÁSICOS 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar os pressupostos básicos da Morfologia. 
 
Nesta unidade, discutimos alguns pressupostos linguísticos, com vistas a detectar o 
objeto de estudo da Morfologia. 
 
Os fonemas constituem a primeira unidade mínima da Linguística; estão destituídos de 
qualquer significado, funcionam, na língua, apenas como discriminadores de 
significados em potencial. Assim como os fonemas, são as sílabas, isto é, dois ou mais 
fonemas articulados que não ultrapassam os limites do campo a que pertencem, as 
unidades não significativas: plano de expressão. Mas qual é, de fato, o objeto da 
Morfologia? Vamos a ele? 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Sabemos que uma palavra qualquer como “faca”, por exemplo, quer dizer alguma 
coisa, dá uma imagem que não reside em uma de suas duas sílabas, pois estas, 
separadamente, não abrangem a imagem procurada. Dessa forma, somos tentados a 
concluir que a imagem abarca toda a extensão da palavra. Mas o que dizer de palavras 
como facada e facas? 
 
Pelo confronto, faca, facas, facada, percebemos que a imagem procurada reside em 
“fac”(objeto cortante), que se articula com um a ou com segmentos ada e s. Neste 
caso, o s e ad” já não são mais elementos desprovidos de significação, são partes das 
palavras e não das sílabas que as compõem. Em ada, podemos ter, por exemplo, a 
significação de “golpe desferido com alguma coisa”, em s, observamos a ideia de 
número plural. Portanto, tais elementos, justamente por serem portadores de 
significado, pertencem ao plano de conteúdo. 
 
6 
 
Pode-se afirmar que a distinção entre plano de conteúdo e plano de expressão é de 
natureza qualitativa: ausência ou presença de significado. 
 
Você já ouviu falar em plano de expressão e plano de conteúdo, mas vale a pena 
recordar. 
 
Plano de expressão é um veículo por onde se transite um conteúdo; plano de 
conteúdos é o conteúdo a ser transmitido. Resta, no entanto, explicitar como o plano 
de expressão e o plano de conteúdo se articulam. 
 
Articulação 
Pode-se dizer que articulação, isto é, propriedade que têm as formas linguísticas de 
serem suscetíveis de análise, é uma característica específica da linguagem humana. 
 
Martinet (1960) estabeleceu o princípio da dupla articulação da linguagem verbal. A 
primeira é a articulação das unidades significativas e ocorre como, por exemplo, 
“menina”: menin-, significação básica da palavra; a-, marca de gênero. Nessa 
perspectiva, as unidades com significação pertencem ao plano de conteúdo. 
 
A segunda articulação situa-se no plano de expressão e refere-se às unidades mínimas 
desprovidas de significado, isto é, os fonemas. 
 
Substância e Forma 
A substância é a matéria-prima,pode-se dizer que é um conglomerado de elementos 
que devem ser arranjados, estruturados, isto é, devem ter uma forma. 
 
Os conceitos de forma e substância se aplicam a todas as coisas, em todos os níveis; 
por exemplo, leite, farinha, açúcar e ovos são substâncias que, para se transformarem 
 
7 
 
em bolo, precisam de uma forma (medida para todos esses elementos). Em termos 
linguísticos, os fonemas são a substância que, tomados isoladamente, nada significam e 
não constituem língua, mas se estruturarmos esses elementos, isto é, se lhes dermos 
forma, eles constituirão as sílabas, estas as palavras, e aqui, sim, há significado, como 
em : b + o (bo), l + o (lo) bolo. 
 
O plano de expressão possui forma e substância, e o mesmo se dá com o plano de 
conteúdo. Assim, observamos: 
 
 Forma- fonemas- Fonologia (estudo dos fonemas) 
 
 
Plano de expressão 
 
 
 Substância- sons- Fonética (estudo das possibilidades 
articulatórias dos sons) 
 
 
 Forma- morfemas- Morfologia (estudo dos elementos 
providos de significado) 
 
Plano de conteúdo 
 
 Substância- tudo o que queremos expressar-
Semântica (estudo do significado das palavras) 
 
 
8 
 
Nosso estudo, neste momento, será centralizado na forma do conteúdo, isto é, nos 
morfemas. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Níveis de Construção do Plano de Conteúdo 
Podemos estabelecer cinco níveis: 
 
1- Nível do morfema- unidades mínimas portadoras de significado, que se articulam 
com outros morfemas para formar uma unidade de nível superior ou de segundo nível 
(“cas/a/s”). 
 
2- Nível do vocábulo- unidade construída por um ou mais morfemas, articula-se com 
outros vocábulos (“casas bonitas”). 
 
3- Nível da lexia- Pode ter a conformação de um vocábulo, mas o que nela se 
considera é seu comportamento dentro de uma unidade maior. Um vocábulo 
qualquer, como “diplomata”, por exemplo, pode ocupar papel central (substantivo) ou 
marginal (adjetivo), como em: 
 
 Diplomata americano e Americano diplomata 
 
Assim, lexia é a unidade de comportamento e nem sempre é confundida formalmente 
com o vocábulo, pois pode ser composta de dois ou mais vocábulos (“guarda-roupa”, 
“rodapé”) ou complexa, como “Deus nos acuda” (frase volitiva), que pode assumir 
comportamento léxico de substantivo (“Foi um Deus nos acuda”). 
 
 
9 
 
4-Nível do sintagma- tem as lexias como constituintes e é uma construção que se faz 
no plano da estruturação sintática: SN (sintagma nominal) e SV (sintagma verbal), por 
exemplo. 
 
5-Nível da oração- resultado da articulação entre SN e SV. 
 
Os pássaros cantam 
SN SV 
 
PARA TREINAR!!! 
1- Sabemos que uma palavra qualquer pode ser dividida em elementos portadores de 
significado e elementos sem significado. Considerando a palavra “meninada”, 
explicite esses elementos. 
2- O nível da lexia aborda o comportamento das unidades na língua. Tomando-se as 
expressões “cantor brasileiro” e “brasileiro cantor”, explicite as lexias aí presentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
1- MENIN- MORFEMA LEXICAL – GUARDA A SIGNIFICAÇÃO BÁSICA DA PALAVRA / ADA 
MORFEMA DERIVACIONAL, CUJO SIGNIFICADO É CONJUNTO DE MENINOS 
2- Em cantor brasileiro, o termo cantor é substantivo e brasileiro funciona como adjetivo; já em 
brasileiro cantor, brasileiro é substantivo e cantor é adjetivo. Essa classificação é feita com base 
na ordem das palavras, pois comumente o substantivo precede o adjetivo. 
 
10 
 
UNIDADE 2- MORFEMAS: CONCEITO E PRINCÍPIOS DE ANÁLISE MÓRFICA 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conceituar morfema; Definir formas livres, presas e dependentes.; Explicitar 
os princípios da análise mórfica. 
 
Nesta unidade, abordamos a forma do plano de conteúdo: o morfema e os princípios 
básicos de análise morfológica. Vamos a eles? 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
De certa maneira, você já é capaz de definir morfema: unidade mínima significativa, 
elemento da primeira articulação da linguagem humana. 
 
O morfema apresenta-se formalizado em fonemas, que se concretizam por meio de 
sons. Em outras palavras, os sons tomam forma nos fonemas, que se unem para a 
constituição dos morfemas. No entanto, vale dizer que a transição de fonema a 
morfema implica uma diferença qualitativa, isto é: 
 
unidade sem significado= fonema X unidade com significado = morfema. 
 
Você pode questionar se sempre o morfema possui mais de um fonema. A resposta é 
negativa, pois poderá haver coincidência entre morfema e fonema, como “a” morfema 
indicador de gênero e “a” fonema, mas são entidades diferentes que pertencem a 
níveis de análise diferentes. 
 
Formas Presas, Livres e Dependentes 
Segundo Bloonfield (1933), formas livres são aquelas que podem constituir, isoladas, 
um enunciado suficiente para a comunicação; formas presas são aquelas que, sozinhas, 
não constituem uma comunicação, um enunciado. Parece confuso, mas é bem simples, 
basta observar o exemplo abaixo. 
 
11 
 
Tomando-se a palavra leal, observamos tratar-se de uma forma livre, assim como 
também é uma forma livre mínima desleal. Por que são formas livres? Simplesmente 
pelo fato de serem formas comunicativas. Parece até que falei a mesma coisa, mas 
não. Veja bem. Se alguém me perguntar: “Como ele é?”. Posso responder “leal”, ou 
“desleal”. No entanto, quando tomamos o des (prefixo negativo, portanto significativo), 
observamos que não se trata de uma forma livre, pois à questão formulada acima não 
posso responder dês. Por essa razão, é chamada de forma presa, isto é, forma que se 
agrega a outras formas, mas que sozinhas não são comunicativas. 
 
Vocábulos como girassol, couve-flor são formas livres mínimas, porque cada uma 
conserva seu conteúdo semântico, quando desfeita a composição. 
 
Assim, uma palavra pode ser constituída por: 
-uma forma livre mínima - leal; 
-duas ou mais formas livres mínimas - couve-flor; 
-uma forma livre e duas ou mais formas presas- in (forma presa) - feliz (forma livre) -
mente (forma presa); 
 
Segundo Mattoso (1970), não cabem nessa classificação certas palavras peculiares pela 
atonicidade (palavras átonas, tais como: artigos, preposições, algumas conjunções, 
pronomes oblíquos átonos), que, por si só, não são capazes de constituir comunicação. 
Para Carone (2000), devem ser incluídos também os pronomes oblíquos tônicos mim, 
ti, si. 
 
Ressalte-se que tais palavras poderão ser tratadas como formas livres, quando 
construírem enunciados como: “O que você ditou: dê ou mê? – Mê”. Observe que de 
preposição (de) e pronome (me) houve a mudança para substantivos. 
 
12 
 
Mattoso (1970), para preencher as lacunas, introduz um terceiro conceito: o de formas 
dependentes. Essas formas não são livres, porque não constituem comunicação e não 
são presas, porque são separáveis como vocábulos formais. 
 
Introduzindo a noção de forma dependente, Mattoso (1970) ampliou o conceito de 
vocábulo formal: unidade a que se chega, quando não é possível a divisão em duas ou 
mais formas livres ou dependentes. 
 
Cabe aqui a diferença entre vocábulo fonológico e vocábulo formal. 
 
A integração dos clíticos (partículas átonas) a um vocábulo dotado de tonicidade 
constitui um único vocábulo fonológico. Assim, dá-lo equivale a um dissílabo 
paroxítono, sendo um único vocábulo fonológico, mas dois vocábulos mórficos ou 
formais. 
 
A forma dependente é um vocábulo formal e não vocábulo fonológico, ao contrário 
das palavras compostas por justaposição, que são constituídas por mais de um 
vocábulo fonológico, mas o conjunto é apenas um vocábulo formal. Quando se 
aglutinam, há coincidência: vocábulo formal e fonológico (pernalta = um formal e um 
fonológico). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Morfemas lexicais e morfemas flexionais 
Martinet (1960) denominaas unidades da primeira articulação, isto é, os morfemas, de 
monemas. O autor citado distingue os lexemas (unidades que se situam no léxico) e os 
morfemas, unidades que se situam na gramática. 
 
13 
 
Vale dizer que você poderá deparar com outra designação: lexema = unidade do 
léxico e gramema = unidade da gramática. Optamos, porém, pela designação de 
morfemas lexicais e morfemas gramaticais. Vamos entendê-los? 
 
Os morfemas lexicais guardam a significação básica da palavra. Por exemplo, em pata, 
o morfema lexical é pat e diz respeito ao vocabulário da língua, ao dicionário, 
enquanto que a é um morfema gramatical e diz respeito à gramática da língua, pois é 
indicativo de gênero. 
 
No vocábulo infelizmente, observamos um morfema lexical, feliz, e dois morfemas 
gramaticais, in e mente. 
 
Acrescentamos que não se pode confundir o conceito de formas livres, dependentes e 
presas com o de morfemas, pois são conceitos estabelecidos a partir de critérios 
diferentes; os primeiros situam-se no nível da frase, isto é, do funcionamento das 
unidades linguísticas no enunciado; os segundos, no nível do vocábulo, da 
possibilidade ou não de aceitarem a divisão em menores unidades significativas ou da 
primeira articulação. 
 
Análise Mórfica 
Análise mórfica consiste na descrição da estrutura do vocábulo mórfico, depreendendo 
seus morfemas. 
 
A depreensão dos morfemas realiza-se a partir da cadeia sintagmática, isto é, de um 
conjunto de unidades articuladas que forma um todo maior, seja vocábulo ou frase. 
 
Para a análise de uma língua estrangeira, basta verificar a cadeia fonológica que se 
repete, assim como a vizinhança anterior e posterior nos segmentos analisados. Isso 
 
14 
 
pode levar a conclusões sobre a distribuição e a delimitação dos morfemas dessa 
língua. 
 
A depreensão dos morfemas se dá na cadeia sintagmática, mas só se completa graças 
à existência de reservas de segmentos. Essas reservas constituem o paradigma, 
conjunto de unidades ausentes que poderiam substituir aquela, presente no sintagma. 
 
O princípio básico da análise mórfica é a comutação, isto é, troca de um segmento no 
plano de expressão, o que ocasiona alteração no plano de conteúdo. 
 
Vejamos algumas comutações possíveis: 
am / a / va- morfema de pretérito imperfeito 
am / a / ra - morfema de pretérito mais-que-perfeito 
am / a / sse -morfema de imperfeito do subjuntivo 
 
A comutação permite a segmentação do vocábulo formal em seus elementos 
constitutivos, isto é, em morfemas. 
 
Para a análise mórfica, devemos levar em conta dois outros princípios: alomorfia e 
mudança morfofonêmica 
 
A alomorfia é a possibilidade de variação de um morfema. Um bom exemplo se dá 
com a flexão de número. A marca de plural é / s /, mas após /r/, /s/, /z/ a realização 
do plural se dá pelo alomorfe (variante do morfema) /es/, que tem a mesma função do 
/s/. A alomorfia pode ocorrer também nos morfemas lexicais como: /ordem/, /orden/ e 
/ordin/, que tem a mesma significação em ordem, ordenar e ordinária, 
respectivamente. 
 
 
15 
 
A alomorfia pode ser ou não condicionada fonologicamente. A não condicionada 
implica variações livres, sem causa fonológica como em: faz, fiz, fez. A fonologicamente 
condicionada consiste na aglutinação de fonemas, nas partes finais e iniciais de 
constituintes, acarretando mudanças fonéticas. Trata-se de uma mudança 
morfofonêmica, porque, operando entre fonemas, afeta o plano mórfico da língua. 
Como exemplo desse tipo, citamos /in/, que se reduz a /i/ diante de consoante nasal: 
incapaz e imoral. 
 
Cumulação e Neutralização 
Cumulação é o nome dado ao morfema que contém em si dois ou mais valores, cuja 
existência podemos comprovar pela comutação (troca), mas não podemos isolar pela 
segmentação. Assim, em amas, é impossível dizer onde, no morfema s, reside a 
segunda pessoa e onde está o número singular. 
 
Neutralização é a perda de oposição entre unidades significativas diferentes. Bom 
exemplo disso é a perda da oposição entre a primeira e terceira pessoas gramaticais 
em vários tempos verbais: cantava; cantaria (eu / ele). 
 
PARA TREINAR!!! 
1- Afirmamos anteriormente ser possível detectar os morfemas lexicais e 
gramaticais, mesmo de uma língua estrangeira desconhecida. Observe dados da língua 
falada em Samoa (Oceano Pacífico), citados por Gleason (1995, p. 29) e responda ao 
que se pede. 
Manao –quer mannao- querem 
Matua – é velho matutua- são velhos 
Malosi- é forte malolosi- são fortes 
a) Qual é o morfema lexical das palavras acima? 
b) Quais são os morfemas gramaticais das palavras acima? 
 
16 
 
 
2- Como você faria o plural das palavras abaixo também da língua de Samoa? 
a) Punou- retesa ___________ -retesam 
b) Pese- canta ___________ -cantam 
 
3- Decomponha os morfemas lexicais e gramaticais das palavras abaixo: 
Infelizmente 
Imoral 
Lealdade 
4- Explique o fenômeno ocorrido em: faz - fez - fiz e dúvida/indubitável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
1- A) Manao, matua, malosi B) n,tu, lo 
2- Punnou/ pesese 
3- In – morfema derivacional- feliz –morfema lexical, mente morfema derivacional/ i - Morfema derivacional 
moral- morfema lexical; leal morfema lexical; dade- morfema derivacional 
4- A alomorfia pode ser ou não condicionada fonologicamente. A não condicionada implica variações livres, sem 
causa fonológica como em: faz, fiz, fez. A fonologicamente condicionada consiste na aglutinação de fonemas, nas 
partes finais e iniciais de constituintes, acarretando mudanças fonéticas. Trata-se de uma mudança morfofonêmica, 
porque, operando entre fonemas, afeta o plano mórfico da língua. Como exemplo desse tipo, citamos /in/, que se 
reduz a /i/ diante de consoante nasal: incapaz e imoral. 
 
17 
 
UNIDADE 3- TIPOS DE MORFEMAS 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar os tipos de morfemas. 
 
Como dissemos anteriormente, optamos pelas designações de morfemas lexicais e 
morfemas gramaticais. Os morfemas gramaticais podem ser: classificatórios, flexionais, 
derivacionais e relacionais. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Os morfemas classificatórios são constituídos pelas vogais temáticas: a, e, i, nos verbos, 
e a, e, o, nos nomes. A ausência de vogal temática cria as formas atemáticas, que se 
circunscrevem às palavras terminadas em consoantes e vogais tônicas (mar, café). 
 
Morfemas flexionais “fletem” ou alteram os morfemas lexicais, adaptando-os à 
expressão das categorias gramaticais que a sua classe admite: nos nomes (gênero e 
número); nos verbos (modo, tempo, número e pessoa). 
 
Os morfemas flexionais são cinco: aditivos, subtrativos, alternativos, morfema zero, 
morfema latente. 
 
Aditivos- resultam do acréscimo de um ou mais fonemas ao morfema lexical: 
mesa- mesas 
doutor- doutora 
 
Em mesa, pela adição do s, observamos a indicação do número plural; em doutora, o 
acréscimo de a indica o feminino. 
 
 
 
18 
 
Subtrativos - resultam da supressão de um segmento fônico do morfema lexical: 
órfão - órfã 
 
Alternativos- resultam da alternância de um fonema no interior do vocábulo: 
 formoso /o / - formosa / / 
 povo /o / -povos / / 
 
Nos exemplos acima, a alternância é um traço secundário, já que o /a/ indica o 
feminino (formosa) e o /s/ o número (povos). Daí considerarem-se estes casos de 
alternância, morfemas redundantes, isto é, mais de um traço para indicar uma 
categoria gramatical. Tal fato, porém, não se dá nos pares avô / avó, em que se 
constata que é a alternância que indica o gênero, pois o morfema indicador deste /a / 
está ausente. 
 
Morfema zero Ф- é a ausência de marca para expressar determinada categoria 
gramatical. Esse morfema só ocorre quando há oposição. Assim, por exemplo, 
professor caracteriza-se por morfema zero de gênero, porque é masculino, e número 
(singular), opondo-se a professora / professoras,cujos morfemas a e s indicam, 
respectivamente, o gênero feminino e o número plural. 
 
Morfema latente ou alomorfe zero- tem como característica a ausência de marca; não 
apresenta, portanto, morfema gramatical próprio para indicar qualquer categoria. Se 
você observar as palavras lápis e artista, notará que lápis é usado para o singular e 
para o plural e artista pode ser empregado para o masculino e o feminino. Você deve 
estar se questionando quanto ao responsável pela atribuição do número e do gênero 
dessas palavras. Trata-se do artigo definido ou indefinido. Assim, para se referir ao 
plural, dizemos os lápis; analogamente, para o feminino empregamos o artista/a 
 
19 
 
Atenção: Os morfemas flexionais não criam 
novas palavras 
Vogais e consoantes de ligação são elementos 
introduzidos nas palavras em razão de efeitos 
eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo 
possibilitar a pronúncia de uma determinada 
palavra. 
gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-
ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-
inho, pobr-e-tão. 
 
artista. A designação latente provém do fato de que as significações se revelam no 
contexto. 
 
Morfemas derivacionais são aqueles que criam novas palavras na língua, a partir de um 
morfema lexical: casa- casebre- casinha. Diferentes dos flexionais, tais morfemas não 
pertencem a um paradigma coeso, fechado (singular/plural; masculino/feminino), mas, 
sim, a uma classe aberta com inúmeras possibilidades a serem utilizadas pelos falantes. 
 
Na verdade, os morfemas 
derivacionais não constituem um 
quadro regular. Sabe o que 
significa isso? É simples, a partir de 
envolver, por meio do morfema 
derivacional- mento, obtemos a 
palavra envolvimento, mas para consolar, a derivação possível é consolo e não 
consolamento. 
 
O resultado da derivação é o surgimento de um novo vocábulo, e pode-se dizer que é 
o processo mais produtivo de formação de palavras. 
 
Morfemas relacionais ordenam os elementos da frase, concatenando os morfemas 
lexicais entre si. Trata-se das preposições, das conjunções e dos pronomes relativos. 
 
PARA TREINAR 
1- Classifique os morfemas flexionais em cada par de vocábulos: 
pastor – pastora 
alemão - alemã 
o, a estudante 
 
20 
 
formoso - formosa 
o, os ônibus 
 
2- O que é morfema Ø? Dê exemplos. 
 
3- Diferencie morfemas flexionais e morfemas derivacionais. 
 
4- Analisando os exemplos abaixo, explique os motivos que nos levam a considerar 
a expressão de grau como um mecanismo de derivação: 
um carro novo 
uns carros novos 
um carrinho novinho 
um carrinho novo 
um carro pequeno novo 
 
5- Divida e classifique os morfemas das palavras abaixo: 
indiretamente 
professora 
cliente 
heroína 
gasogênio 
facilidade 
capinzal 
 
 
6- Você sabe a diferença entre vogal temática e morfema flexional? Se não sabe está 
na hora. A vogal temática nominal enquadra os nomes em terminações: a, e, o. A 
vogal temática verbal classifica os verbos em três conjugações: a; e; i. Não se pode 
 
21 
 
generalizar: o a é sempre vogal temática, pois há casos em que é morfema flexional de 
gênero feminino. Por exemplo, em mesa, o a é vogal temática, mas em menina é 
morfema flexional. Sabe por quê? É simples. Quando a palavra possui o masculino 
equivalente é morfema flexional, quando não a possui é vogal temática. Com base 
nessas informações classifique as vogais das palavras abaixo. 
Menina 
Gata 
Cachorro 
Doutora 
Médica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
1 - ADITIVO; SUBTRATIVO, LATENTE, ALTERNATIVO, LATENTE 
2 - é a ausência de marca para expressar determinada categoria gramatical. 
3 - Morfemas flexionais fletem as palavras, não propiciando uma classe aberta, isto é, se for morfema 
flexional de número só há possibilidade de singular ou plural. 
O morfema derivacional constitui um inventário aberto de possibilidades, propiciando ao falante 
inúmeras possibilidades de criação vocabular. 
4- Nem sempre o sufixo inho indica pequenez e para expressar a ideia de pequeno podemos recorrer a 
vários expedientes da língua, conforme ilustrado nos exemplos acima. 
5-indiretamente in- morfema derivacional; direta- morfema lexical; mente- morfema derivacional 
Professora- professo morfema lexical; a- morfema flexional aditivo 
Cliente- client- morfema lexical; e- vogal temática nominal 
Facilidade- fácil- morfema lexical- dade- morfema derivacional 
Capinzal- capin- morfema lexical; z- consoante de ligação- AL morfema derivacional 
6- Menina- a- morfema flexional de gênero 
Gata- a- morfema flexional de gênero 
Cachorro- o- vogal temática 
Doutora- a morfema flexional de gênero 
Médica- a morfema flexional de gênero 
 
22 
 
UNIDADE 4- PROCESSOS DE DERIVAÇÃO 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Explicitar os mecanismos utilizados para a derivação 
 
Nesta unidade, vamos abordar o processo de formação de palavra, denominado 
derivação. Trata-se de procedimento mais produtivo para o enriquecimento do léxico, 
e consiste na formação de palavras novas por meio de afixos agregados a um 
morfema lexical. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Sabemos que a língua, como organismo vivo que é, está em constante transformação, 
ou seja, termos entram em desuso, e termos novos passam a integrar o vir-a-ser da 
língua. 
 
Nesse caso, o falante exerce papel preponderante, já que é livre para criar termos 
novos. No entanto, há que se ressaltar que essa liberdade é relativa, pois para a criação 
deve-se levar em conta a estrutura da língua. 
 
No que diz respeito à derivação, é preciso considerar algumas condições: 
 
1º) Possibilidade de depreensão sincrônica dos morfemas componentes. Algumas 
palavras, no estágio atual da língua, são consideradas primitivas e não 
derivadas, já que não é possível a recuperação do morfema lexical. Como 
exemplo, citamos as palavras: submisso, perceber, conduzir, admitir. Você deve 
perceber que não existe, no estágio atual da língua, os morfemas lexicais misso, 
ceber, duzir e mitir. 
2º) Possibilidade de o afixo, como forma mínima, estar à disposição dos falantes 
nativos, no sistema. (A maior ou menor produtividade do afixo auxilia o falante 
 
23 
 
não só a formar determinadas palavras e não outras, como também a interpretar 
determinados vocábulos como morfologicamente complexos ou simples. 
 
Segundo Basílio (2006), as palavras são estruturadas em camadas que podem atingir 
vários níveis. 
 
Existe o vocábulo simples (formado de morfema lexical - mar, sol, azul, ou 
morfema lexical + V.T. + morfemas flexionais) e o vocábulo complexo, ou 
seja, a palavra que contém mais de um elemento e é estruturada 
basicamente como a combinação de uma base (radical) com um afixo. Esta 
base pode, por sua vez, ser também complexa, isto é, também estruturada 
em termos de base + afixo. Assim, podemos ter vários níveis ou camadas na 
estrutura de uma palavra. 
centr(o) --> base (substantivo) 
central --> centro (base) + al (sufixo)= adjetivo 
central (base)+ izar (sufixo verbalizador) -> verbo 
DES (prefixo) + centralizar (base) -> verbo 
Descentralizar (base) + ção (sufixo substantivador indicando ação, resultado). 
(BASÍLIO, 2006, p. 13-14). 
 
A autora citada acima considera que, em todos os níveis, há uma construção de BASE 
+ AFIXO. Nesta perspectiva, a palavra não é formada de uma sequência de morfemas, 
mas constituída, estruturalmente, de uma base acrescida de afixo. 
 
Para Kehdi (1992), os afixos (prefixos e sufixos) exercem funções sintático-semânticas. 
Os prefixos agregam-se a verbos e adjetivos, à exceção de descaso, desfavor e 
desrespeito, e não alteram a classe gramatical. Neste caso, desempenham apenas 
papel semântico (de significado), como se pode observar em: ver – rever (verbo dando 
origem a verbo); igual–desigual (adjetivo originando adjetivo). 
 
Diferentemente, os sufixos contribuem para a mudança de classe gramatical,além da 
mudança semântica. Assim de civil (adjetivo) formamos civilizar (verbo) 
 
 
 
 
24 
 
A derivação parassintética forma os 
verbos incoativos, isto é, marcam o 
início da ação 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Koch e Silva (2004) propõem quatro tipos de derivação: prefixal, sufixal, prefixal e 
sufixal e parassintética. 
 
A derivação prefixal caracteriza-se pelo acréscimo de prefixos ao morfema lexical, tais 
como se observa em: reter, ilegal, compor. 
 
Na derivação sufixal, agregam-se sufixos ao morfema lexical, como, por exemplo: 
saboroso, grandalhão, vozinha, ponteira. 
 
A derivação prefixal e sufixal caracteriza-se pelo acréscimo de prefixos e sufixos ao 
morfema lexical: deslealdade, infelizmente. 
 
Derivação parassintética caracteriza-se pelo acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo 
ao morfema lexical: entardecer, esverdear. 
 
Você pode estar se questionando se a 
prefixal e sufixal e a parassintética não significam a mesma coisa. Não, pois na primeira 
não existe obrigatoriedade de o prefixo e o sufixo ocorrerem ao mesmo tempo. Assim, 
podemos ter: desleal, apenas prefixal, e lealdade, apenas sufixal. Diferentemente, na 
derivação parassintética só existe a forma básica, como verde, em que, com o 
acréscimo de prefixo e sufixo, formamos esverdear, não existindo, portanto, verdear 
nem esverde. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Outros tipos de derivação 
Derivação regressiva caracteriza-se pela subtração de morfemas. A palavra resultante 
não tem o mesmo significado ou uso da palavra derivante. 
 
25 
 
 Derivações regressivas deverbais: 
 jogar/jogo ensinar/ensino 
 amparar/amparo esperar/espera 
 começar/começo buscar/busca 
 atacar/ataque tocar/toque 
 lutar/luta revidar/revide 
 Segundo Basílio (2006), 
 
[...] temos um caso de derivação regressiva quando uma palavra é 
interpretada como sendo uma construção base + afixo e, então, o afixo é 
retirado para se formar uma outra palavra constituída apenas da suposta 
base. (Não confundir com, por exemplo, palavras como gatão/gato -> isso 
não é derivação regressiva, pois a palavra gato já existe, e temos sua 
ocorrência com ou sem o aumentativo.) 
O processo de formação dos substantivos a partir de verbos (os deverbais) 
apresenta dois problemas: a questão morfológica e a questão semântica. 
(BASÍLIO, 2006, p. 39-43). 
 
 
Questão Morfológica: 
Até que ponto deveríamos considerar tais formações como formações regressivas? 
Veja: apertar / aperto 
 ameaçar / ameaça 
 cortar / corte 
 
Se considerarmos como derivação regressiva, pelo menos temos que considerar que se 
trata de um caso misto, pois ocorre o acréscimo das vogais (a, e, o). 
 
Estamos lidando com dois níveis de análise: o flexional (onde se situa o processo de 
formação do infinitivo) e o derivacional, cuja base é o tema verbal. 
 
(Tema verbal + a, e, o para formar substantivos a partir de verbos). 
 
 
26 
 
Questão Semântica: 
O nome deriva do verbo ou o verbo deriva do nome? 
 
As gramáticas normativas apontam para a seguinte distinção: quando o significado é 
de "ação", como em luta, a formação é deverbal; portanto, derivação regressiva. 
Quando o significado é um objeto concreto ou substância, o substantivo é o básico e 
não há derivação regressiva, como se constata em água /aguar, perfume/perfumar. 
 
Mas, e quando o substantivo não é nem ação e nem objeto concreto, como em atraso 
e demora, por exemplo? Nesse caso, a proposta de análise de Basílio (2006) é que 
 
Podemos dizer que uma formação é deverbal quando puder ser usada com 
sentido verbal, tal qual se observa em: A demora de Maria está aborrecendo 
Pedro. Pedro está ficando aborrecido porque Maria está demorando. 
Portanto, demora (deverbal - Derivação Regressiva). (BASÍLIO, 2006, p. 42). 
 
Segundo o raciocínio de Basílio (2006), em O enfeite de Maria não durou muito, não 
podemos ter Maria não demorou muito se enfeitando ou Maria não demorou muito 
sendo enfeitada. Portanto: enfeite = substantivo básico. 
 
Abreviação ou redução: A palavra formada é sinônima da derivante, sendo apenas 
usada, às vezes, num estilo mais coloquial. 
Ex: 
botequim -> boteco microcomputador -> micro 
São Paulo -> Sampa psicanálise -> análise 
grã-fina -> granfa delegado -> delega 
videocassete -> vídeo 
 
Derivação imprópria ou conversão é enriquecimento vocabular ocasionado pela 
mudança da classe de palavras, sem modificar o significante. Segundo Koch e Silva 
 
27 
 
(2004, p. 33), trata-se de um processo sintático semântico e não morfológico. Alguns 
exemplos de conversão: 
a) de substantivo próprio a comum = quixote, campanha. 
b) de substantivo comum a próprio: Figueira, Oliveira, Coelho. 
c) de adjetivo a substantivo: brilhante, ouvinte. 
d) de substantivo a adjetivo: burro. 
e) de verbo a substantivo: afazer, pesar, andar. 
f) de adjetivo a advérbio: (falar) alto, (custar) caro. 
g) de invariáveis a substantivos: (o) sim, (o) não. 
 
PARA TREINAR 
“Você que inventou a tristeza 
Ora, tenha a fineza 
de desinventar”. 
1- Nos versos acima, dê o processo de formação das palavras grifadas. 
2- Identifique as regras de derivação que foram violadas na formação das palavras 
abaixo: 
a) barrigável 
b) mesador 
c) bonitamento 
d) sozinhamente 
e) consequencialmente 
 
 
GABARITO 
TRISTEZA- DERIVAÇÃO SUFIXAL 
FINEZA-DERIVAÇÃO SUFIXAL 
DESINVENTAR- DERIVAÇÃO PREFIXAL 
a) barrigável- Derivação sufixal 
b) mesador- derivação sufixal- já existe uma palavra na língua 
c) bonitamento- derivação sufixal- já existe uma palavra na língua 
d) sozinhamente- derivação sufixal- já existe o advérbio equivalente 
e) consequencialmente- derivação sufixal-impossibilidade de uso d emente 
 
28 
 
UNIDADE 5- COMPOSIÇÃO 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: Conceituar a composição de palavras; Explicitar os mecanismos empregados 
para a formação de palavras compostas 
 
Nesta unidade, abordamos o processo de formação de palavras denominado 
composição, isto é, combinação de dois morfemas lexicais que se unem para formar 
uma nova palavra, um novo signo na língua portuguesa. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A combinação de morfemas lexicais para a formação de um novo termo no léxico 
pode dar-se por justaposição ou por aglutinação. Sabem o que é isso? 
 
Justaposição consiste na combinação de dois vocábulos, colocados lado a lado, 
mantendo a sua autonomia fonética. Os vocábulos são grafados: 
unidos: girassol, passatempo; 
separados com hífen: amor-perfeito, pé-de-moleque; 
separados sem hífen: Nossa Senhora, roupa branca (roupa de baixo, íntima), (roupa 
branca vermelha). 
 
Na aglutinação, os vocábulos se fundem num todo fonético, com um único acento, 
ocorrendo a perda ou alteração de algum de seus elementos (acento tônico, vogais ou 
consoantes), como se pode verificar nas palavras: planalto (plano + alto), aguardente 
(água + ardente), pontiagudo (ponte + agudo), boquiaberto (boca + aberto). 
 
Segundo Carone (2000), 
 
Justaposição e aglutinação não são duas formas diferentes de composição, 
mas dois estágios de um mesmo processo. Um composto pode formar-se já 
 
29 
 
aglutinado, como é o caso de plan(o)alto. Nem sempre, porém. Ainda se 
hesita entre as formas hidroelétrico e hidrelétrico, ambas dicionarizadas. 
(CARONE, 2000, p. 37, grifo da Autora). 
 
A tendência de construções com elementos justapostos é tornarem-se cada vez mais 
coesas, caminhando para a aglutinação. 
 
Vale dizer que na aglutinação as palavras passam por processo, ou melhor, etapas, 
como se pode verificar abaixo. 
a) o primeiro elemento perde a autonomia fonética; 
b) integra-se num grupo de força, sob o domínio da sílaba tônica do segundo 
elemento; 
c) passa a constituir um só vocábulo fonológico; 
d) ocorrência de desfigurações no corpo fonemático do composto; 
e) com o passar do tempo, o composto se torna irreconhecível, como é o casode 
fidalgo -> composto (filho-de-algo), cuja formação só é interessante em seu aspecto 
histórico, pois, hoje, essa palavra é simples, com o radical fidalg, sobre o qual se deriva 
fidalguia. 
 
Koch e Silva (2004) nos dão também outros exemplos, tais como: agrícola, aqueduto, 
Fonseca (fonte seca), embora (em boa hora). 
 
Portanto, só se leva em conta a aglutinação, do ponto de vista sincrônico, quando for 
possível a depreensão de dois morfemas lexicais. 
 
Segundo Carone (2000), outro aspecto importante na composição é o fato de as 
palavras que a formam relacionarem-se, sintaticamente, por: 
Subordinação: 
 1. verbo e complemento: estraga-prazeres, porta-bandeira; 
 2. substantivo e adjunto (adjetivo): cabra-cega, aguardente; 
 
30 
 
O verbo presta-se à formação de compostos, 
mas o resultado nunca é um verbo, como se 
constata em: estraga-prazeres, guarda-roupa. 
 
Podemos reconhecer a metáfora, uma 
vez conhecido o significado. Mas não 
podemos inferir o significado pela 
simples observação das formas. 
 
3. substantivo e adjunto (SP): pé-de-moleque, mula-sem-cabeça; 
 4. substantivo e aposto: couve-flor, cirurgião-dentista; 
 5. verbo e adjunto: bota-fora, abaixo-assinado, pisa-mansinho; 
 6. adjetivo e adjunto: sempre-viva; 
 7. uma oração completa: bem-te-vi, malmequer 
 
 
 
 
Coordenação: 
 1. de verbos: vaivém, leva e traz; 
 2. de adjetivos: auriverde, rubro-negro, franco-luso-brasileiro. 
 
Basílio (1982) acentua que a composição, normalmente, serve à nomeação de seres e 
coisas. A nomeação pode ser descritiva ou metafórica. 
 
Descritiva: um ser, entidade, substância, é denominado a partir de suas características 
objetivas mais relevantes. Neste caso, são bons exemplos sofá-cama, papel-alumínio, 
peixe-espada, navio-escola, carta-bilhete, água-de-cheiro, livre-arbítrio, guarda-
vestido. 
 
Navio-escola: significado transparente. Guarda-vestido: mobília ou mala? (não muito 
transparente) 
 
 
Metafórica é a descrição em termos de propriedades transferidas por associação, como 
se constata em olho-de-sogra, louva-a-deus, pé-de-meia, (peixe-espada -> caso 
misto) 
 
31 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Há caso de neologismos formados por composição subordinativa e por composição 
coordenativa. 
 
A composição subordinativa pode ocorrer a partir de: 
a) dois substantivos: o primeiro exerce o papel de determinado e o segundo de 
determinante: 
Operação (determinado) desmonte (determinante) 
Político (determinado) galã (determinante) 
 
b) Base/Verbal + Objeto Direto 
empurra - êmbolo 
lava - louça 
 
c) Adjetivo + Substantivo 
 ou 
Substantivo + Adjetivo: 
"O controle da pinta (substantivo)-preta (adjetivo) em cítricos" 
Média (adjetivo) – metragem (substantivo) 
 
d) Numerais: "três-em-um", "seis-em-um" 
 
No vocabulário da publicidade de imóveis e hotelaria está se generalizando o emprego 
de compostos em que não se revelam, de maneira explícita, certos componentes. 
Como exemplos, citamos: "Um ponto alto em Vila Madalena é a classe de um quatro 
dormitórios", em que o composto quatro dormitórios, implicando um apartamento 
com quatro dormitórios, exerce função substancial. 
 "[...] o primeiro cinco estrelas [...]" 
 
32 
 
A composição coordenativa não apresenta a relação determinado e determinante, 
podendo se expressar por meio de: 
 
a) neologismo adjetival (dois ou mais adjetivos), como se constata nos exemplos 
abaixo: 
Explorações rítmico-harmônicas; tiroteio lírico-humorístico; delegação jordaniano-
palestina; jovem sueco-argentina; 
 
b) neologismo substantival (dois ou mais substantivos), tais como: 
"No outono-inverno, a moda..."; "telespectador-eleitor-contribuinte”. Podem ocorrer, 
ainda, substantivos que desempenham, contextualmente, papel adjetival, como se 
observa em: "[...] o diálogo governo-guerrilha"; "[...] relação ídolo-fã"; "[...] coleção 
outono-inverno"; 
 
c) neologismos com função adjetival formados de: 
 verbo + substantivo: "operação caça-fantasma"; 
 substantivo + conjunção + substantivo: "estilo capa-e-espada". 
 
Composição Satírica 
É composta da associação dos mais variados matizes semânticos; despertam a atenção 
do leitor. Tal estranhamento é provocado por: 
 
a) quantidade de elementos compostos: Ex: "[...] o show do candidato-deputado-
cantor Agnaldo Timóteo"; 
b) caráter incomum da associação. Ex: "[...] Diane Wiest (atriz-fetiche de Wood Allen)"; 
"X e Y são ministros-confeitos, destinados a enfeitar o bolo (do Ministério)[...]". 
 
 
33 
 
Por vezes, a intenção é provocar riso e ironia, como, por exemplo: casar e descasar; 
móvel (de automóvel) -> papamóvel e, por analogia, "Franco-móvel", "momóvel”. 
 
Pode ainda apresentar base não autônoma: dromo -> sambódromo, camelódromo, 
fumódromo, surfódromo; optativa e obrigatória --> optatória. 
 
Como a unidade lexical sintagmática criada encontra-se ainda em vias de lexicalização, 
não costuma vir unida por hífen. (A tradição gramatical considera composta a unidade 
léxica, cuja lexicalização não mais é posta em dúvida pelos falantes), como se verifica 
em: meio-claro, meio-corpo, amigo-da-onça; mas meio ambiente, meio de 
comunicação, produção independente (ver produção muito independente), cesta 
básica, condomínio fechado, crimes de colarinho branco, farmácia de manipulação, 
estrada de ferro, casa de detenção, plano verão ou plano de verão. 
 
Propriedade dos compostos 
1) O composto funciona sintaticamente como uma só palavra. 
 
2) O composto tem uma ordem rígida de sucessão dos termos, e entre eles não se 
pode introduzir nenhum outro elemento, como em: amor-perfeito, perfeito-amor, 
delicado amor-perfeito/amor-perfeito delicado, amor-delicado-perfeito* (*inaceitável). 
 
3) Os elementos do composto não podem, isoladamente, ser substituídos ou 
suprimidos. 
 
Vou colher amores-perfeitos --> rosas 
 
Mas não “Vou colher amores Ø” ou “Vou colher Ø perfeitos”. 
 
34 
 
4) Os compostos apresentam, com frequência, construções sintáticas anômalas, 
diferentes do que ocorre com a combinação dos termos dos sintagmas livres, como 
em: 
mestre-escola (sem a preposição de); 
estrada de ferro; 
surdo-mudo ¦ --> associação sem conjunção; 
ganha-perde ¦ 
 
Outros processos de formação de palavras 
Reduplicação (ou duplicação silábica) é a repetição de uma sílaba na formação de 
novas palavras, como em: Zezé, Juju. 
 
Quando a reduplicação é imitativa, têm-se as onomatopeias. tique-taque, zás-trás, 
zumzum, etc. 
 
Sigla, ou composição acronímica, é a redução de longos títulos às letras iniciais ou às 
sílabas iniciais das palavras que as compõem, tais como em: IPESP, ARENA, PMDB, PT, 
PSDB. 
 
Uma vez criadas, passam a ser sentidas como primitivas que possibilitam a formação 
de novas palavras (derivação), como se verifica em: peemedebista, arenista, 
dedetização, etc. 
 
Hibridismos são compostos derivados, cujos elementos provêm de línguas diferentes, 
por exemplo: grego e latim – automóvel. 
Latim e grego – sociologia. 
Árabe e grego – alcoômetro. 
Francês e grego – burocracia. 
Tupi e grego – caiporismo. 
 
 
35 
 
Para Koch e Silva (2004, p. 36), o hibridismo não é um processo de formação de 
palavras, pois o falante nativo, exceção feita ao estudioso, não consegue depreender 
sincronicamente a origem da palavra. Assim, é mais adequado considerá-lo nos casos 
de composição (sociologia) ou derivação (goleiro). 
 
PARA TREINAR!!! 
1. No texto abaixo, saliente os vocábulos formados por derivação e/ou composição, 
explicitando o(s) processo(s) usado(s): 
 Oswald de Andrade foi um vagamundo que tentou 
bandeiranacionalizar a arte de seu tempo e, tendo chegado aos 
sessentaanos, declarou-se um sexappealgenário. No começo do século, 
Martins Fontes, poeta pré-vinte e dois, queria construir o brasilirismo. Hoje, 
na era da informação, diante do paraláparacáparlar (GuimarãesRosa), é 
preciso ser um anarquiteto, como Augusto de Campos, para se viver 
efetivamente, com a informação adequada, acabar com as formas gastas 
pelo tempo e fazer com que a realidade possa brotar de uma nova forma - 
como uma constelação de palavras-montagem. (FIRPO, Júlio. Revista Diners, 
8/68, apud SOARES; RODRIGUES, 1975, p.43). 
 
2- Determine o processo de formação de palavra dos vocábulos abaixo: 
 - avermelha - o homossexual 
 - indesejável - malular 
 - refinar - showmício 
 - tragicômico - foto 
 - Vossa Senhoria - FUNAI 
 - sociopolítico - TIÃO 
 - cassação - Bombom 
 - dedetização - petrodólar 
 - PT/petista - ziriguidum 
 - pé-de-valsa - televisão 
 - sem teto - telejornal 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
1- VAGAMUNDO- COMPOSIÇÃO NEOLÓGICA 
Bandeiranacionalizar- COMPOSIÇÃO NEOLÓGICA 
Sessentaanos- COMPOSIÇÃO NEOLÓGICA 
Sexappealgenário- COMPOSIÇÃO NEOLÓGICA 
Brasilirismo- COMPOSIÇÃO NEOLÓGICA 
Paraláparacáparlar- COMPOSIÇÃO NEOLÓGICA 
Anarquiteto- COMPOSIÇÃO NEOLÓGICA 
 
2 
- avermelha - DERIVAÇÃO PREFIXAL - o homossexual 
- indesejável DERIVAÇÃO PERFIXAL E SUFIXAL 
- refinar- DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA 
- tragicômico - COMPROSIÇÃO POR AGLUTINAÇÃO 
- foto- REDUÇÃO 
- FUNAI- sIGLA 
- sociopolítico- COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO 
 
37 
 
UNIDADE 6- FLEXÃO NOMINAL 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: explicitar os mecanismos de flexão nominal em língua portuguesa. 
 
Nesta unidade, estudamos os mecanismos responsáveis pela flexão nominal nas 
palavras de nossa língua. 
 
O paradigma flexional dos nomes portugueses (substantivos e adjetivos) é sempre 
estabelecido por oposições desinenciais. O feminino se caracteriza por um /a/ (forma 
marcada), que contrasta com a ausência de desinência do masculino, ou morfema /Ф/ 
(forma não marcada). O número, que cria o contraste entre forma singular e plural, é 
também caracterizado por flexão, através do morfema flexional /s/ no plural e da 
forma não marcada no singular. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A marca de flexão é sempre uma desinência. Você sabe o que é desinência? 
 
Desinências são os morfemas terminais de palavras variáveis. Servem para indicar as 
flexões de gênero e número (desinência nominais) e de modo-tempo e número-
pessoa (desinências verbais). 
 
Embora se coloquem à direita do radical, como os sufixos, apresentam duas diferenças 
importantes com relação a esses. As desinências, através da concordância a elas 
associada, colocam a palavra na frase: “Os alunos estudiosos progridem”. 
 
Os e estudiosos, como elementos subordinados a alunos, concordam com esse 
substantivo em gênero e número. 
 
38 
 
Desinência é diferente de sufixo, pois este possibilita a criação de uma palavra nova, 
que se acrescenta ao léxico da língua: ferro + eiro = (novo substantivo). A desinência 
não forma nova palavra. 
 
Outra diferença importante a levar em conta é que as desinências são morfemas que 
não se podem dispensar; por exemplo, toda forma verbal está associada às noções de 
tempo e modo, número e pessoa. 
 
Essas considerações permitem-nos rever o problema do grau interpretado em nossas 
gramáticas como flexão. Para tanto, observemos o exemplo: um carrinho novo. 
Notemos que, em vez de carrinho, poderíamos dizer carro pequeno, ou seja, inho não 
é elemento de emprego obrigatório. Portanto, inho é sufixo, e estamos diante de um 
exemplo de derivação sufixal. 
 
De modo igual se comportam os adjetivos. Por exemplo: lindíssima, super linda, linda 
de morrer, linda, linda, linda. Assim quando há mais de uma possibilidade para 
expressão de uma determinada ideia, não se trata de flexão, mas de derivação. 
 
Embora, nas gramáticas, o adjetivo e o substantivo sejam considerados como duas 
categorias distintas, a flutuação categorial entre eles é grande. 
 
Funcionalmente, muitos nomes, conforme o contexto, podem ser substantivos 
(determinados) ou adjetivos (determinantes). 
Ex: diplomata mexicano ou mexicano diplomata 
 ¦ ¦ ¦ ¦ 
 substantivo adjetivo substantivo adjetivo 
 
 
39 
 
Formalmente, a diferença entre essas duas classes gramaticais é também muito 
pequena. Tanto os substantivos quanto os adjetivos são marcados por vogais temáticas 
(criança, mestre, medo, agrícola, verde, cinzento) ou por formas atemáticas terminadas 
em vogais tônicas ou consoantes (filó, gibi, urubu, inspetor; cru, nu, burguês, tentador). 
 
Flexão de gênero 
Segundo Mattoso (2008, p.78-79), "a flexão de gênero é exposta de uma maneira 
incoerente e confusa nas gramáticas tradicionais do português". Vamos observar por 
quê? 
 1ª Incoerência: o gênero costuma ser associado intimamente ao sexo dos seres. 
 Duas considerações contra essa interpretação: 
 
a) o gênero abrange todos os nomes substantivos portugueses, quer se refiram a seres 
animados, providos de sexo, quer designem apenas "coisas" como: mesa, ponte, tribo, 
que são femininos (precedidos de a) ou sofá, pente, prego (que são masculinos - 
precedidos de o); 
 
b) o conceito de sexo não está necessariamente ligado ao de gênero: mesmo em 
substantivos referentes a animais e pessoas há, algumas vezes, discrepâncias entre 
gênero e sexo. Assim, a testemunha, a cobra são sempre femininos, e o cônjuge, o 
tigre, sempre masculinos, quer se refiram a seres do sexo masculino ou feminino. (Não 
cabe falar em distinção de gênero expressa pelas palavras macho e fêmea, não só 
porque tais apostos não são necessários, mas também porque o gênero não muda 
com a indicação do sexo. Continua-se a ter a cobra macho (feminino) e o tigre fêmea 
(masculino), conforme indicam os artigos a e o. Desse modo, não procedem as 
designações de epiceno, sobrecomum e comum de dois, usadas pela gramática 
tradicional: a vítima, a criança, o indivíduo, o algoz, (o, a) colega, (o, a) estudante, etc. 
 
 
40 
 
Assim, em português, cabe ao artigo marcar, explícita ou implicitamente, o gênero dos 
nomes substantivos. Consequentemente, a flexão de gênero nos nomes é um traço 
redundante, acessório. 
 
2a Incoerência: ausência de distinção entre processo flexional e processo lexical. 
Processo flexional - ex: garoto/garota 
Processo lexical – heteronímia (palavra diferente) dos radicais bode/cabra; 
homem/mulher; por derivação: conde/condessa, diácono/diaconisa, barão/baronesa; 
galo/galinha; por sufixos que só aparecem no masculino — perdigão/perdiz — ou em 
ambas as formas: imperador/imperatriz 
 
Para Mattoso (2000, p. 78) o masculino é uma forma geral, não-marcada; o feminino 
indica uma especialização qualquer (jarra é uma espécie de jarro, barca, um tipo 
especial de barco). Ao contrário do que afirmava a tradição gramatical (masculino -> o 
se opõe ao feminino a), Mattoso propõe a descrição do masculino em Ф oposto a um 
feminino a. O argumento do autor é que não podemos considerar o como marca de 
masculino por opor-se a a (garoto-garota), porque esse mesmo raciocínio nos 
obrigaria a considerar como masculino o e de mestre (mestre/mestra). O e pode estar 
ligado a um ou outro gênero — cf. ponte (fem.) e monte (masc.). Assim, a solução mais 
plausível é considerar o masculino como forma desprovida de flexão específica, em 
oposição ao feminino, caracterizado pela flexão em a. A vogal final do masculino seria, 
então, uma vogal temática. 
 
Assim como o masculino é não marcado, também o é o singular. Vamos entender isso. 
Se dissermos “Os pais amam os filhos”, pais pode implicar apenas os pais (masculino) 
ou pais e mães (masculino e feminino). Analogamente, filhos pode se referir apenas ao 
masculino ou ao masculino e feminino também. O mesmo não se pode depreender de 
 
41 
 
“As mães amam os filhos”, em que mães só se refere ao feminino. Entendeu o que é 
marcado e não marcado? 
 
Para Kehdi (1990, p.30),a observação de alguns fatos leva-nos a rever essa posição. 
Note-se que, quando se acrescenta a uma palavra feminina uma terminação que 
contenha o, essa palavra passa a masculina: 
 
Ex: mulher (fem.)/mulheraço (masc.); 
 cabeça (fem.)/cabeçalho (masc.). 
 
O povo, em sua linguagem espontânea, cria formas masculinas sempre em o. 
 
Ex: coisa/"coiso", corujo, crianço, madrasto. 
 
Essas observações, segundo o autor, conduzem-nos à conclusão de que o está 
intimamente ligado à noção de masculino. Para ele, a flexão de gênero não se reduz a 
uma oposição Ф/a e, sim a uma oposição o/a. 
 
Regras para formação de feminino 
Do ponto de vista flexional, ao lado da regra básica de formação do feminino 
(acréscimo do morfema aditivo a, em oposição ao Ф do masculino), existem os 
seguintes casos de alomorfia: 
 
a) subtração da forma masculina: 
 Exs: órfão – órfã, 
 réu - ré (morfema subtrativo), 
 mau - má; 
 
 
42 
 
b) alternância vocálica redundante e não redundante: 
Redundante, pois além do a existe mudança de / o / para / ó /: 
sogro - sogra /ô/ - /ó/, 
 este - esta /ê/ - /é/ (morfema aditivo e alternativo). 
 
Não redundante: 
 avô-avó (e seus derivados); 
 
c) distinção de gêneros diferentes sem flexão: 
 o, a intérprete; o, a mártir (morfema latente). 
 
Ao lado desses morfemas flexionais (aditivo, subtrativo, alternativo e redundante), o 
gênero é também indicado pelos morfemas derivacionais femininos: 
 diácono - diaconisa , cônsul - consulesa, 
 abade - abadessa , maestro – maestrina. 
 
No feminino das palavras em ão, ocorrem ora morfemas subtrativos, como em 
irmão/irmã, ora morfemas aditivos. Nesse caso, existem sempre mudanças 
morfofonêmicas, que se caracterizam ou pela perda da vogal nasal, como em leão - 
leoa (leão + a = le(ã)oa = leoa), ou por uma alteração no sufixo derivacional 
aumentativo próprio da forma masculina, decorrente do acréscimo do morfema a, 
como em valentão-valentona. 
 
Outras vezes, a flexão de gênero é marcada pelo acréscimo de um morfema 
derivacional diminutivo à forma feminina, como em galo - galinha. Também entre os 
morfemas derivacionais estão as formas em eu, como europeu - europeia, nas quais o 
acréscimo do morfema a ao sufixo derivacional acarreta uma mudança morfofonêmica 
 
43 
 
que se caracteriza pela supressão da vogal assilábica e ditongação: europeu + a = 
europea = europeia. 
 
A alomorfia no radical funciona como um traço redundante na distinção entre 
masculino e feminino, mas a flexão se opera pela desinência. 
 Ex: frade – freira, teu - tua, 
 judeu – judia, meu - minha. 
 
Supleção ou heteronímia: é o processo segundo o qual uma forma supre a inexistência 
de outra. (Por exemplo, o verbo ser possui várias raízes supletivas - sou =/= és =/= 
fui.) O plural de certos pronomes pessoais não é marcado flexionalmente, mas 
supletivamente (cf. eu =/= nós; tu =/= vós). 
 
Assim, também há masculinos que não têm femininos correspondentes em termos 
morfológicos. Mulher não é feminino de homem. O feminino de genro deveria ser 
genra, mas como não há na língua tal palavra, apelamos para o processo supletivo, 
(nora), mas não há flexão de gênero. Outros exemplos são: pai - mãe; cão - cadela; 
cavalo - égua; boi - vaca. 
 
Na realidade, como já vimos anteriormente, diferentemente do que dizem as 
gramáticas, só há dois gêneros (onça sempre será feminino e cadáver, sempre 
masculino, uma vez que é a forma do artigo ou do determinante que fundamenta a 
descrição). Analisando por esse ângulo, podemos dizer que os nomes portugueses se 
diversificam em três grupos: 
 
1) nomes substantivos de dois gêneros com uma flexão redundante. Ex: (o) lobo - (a) 
loba; (o) mestre - (a) mestra; (o) pintor - (a) pintora; 
 
44 
 
2) nomes substantivos de dois gêneros sem flexão aparente. Ex: (o, a) estudante; (o, a) 
dentista; (o, a) selvagem; (o, a) mártir; 
 
3) nomes substantivos de gênero único. Ex: (a) tribo; (a) flor; (o) cadáver; (a) vítima; (a) 
mosca; (a) tábua; (a) mulher; (o) homem; (a) testemunha; (o) bode; (a) cabra. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Flexão de Número 
À semelhança do que ocorre no gênero, observamos a oposição: singular não 
marcado (Ф) e plural marcado pelo morfema (s) 
 
O /s/ marca, no plural, os nomes terminados em: 
a) vogais orais e nasais: cajás, romãs 
b) m: álbum (ns) 
c) ditongos orais: céus 
d) ditongos nasais átonos e alguns tônicos: bênçãos - irmãos 
 
Fora dessa regra geral, há plurais com mudanças morfofonêmicas exigidas por certas 
estruturas vocabulares. 
 
a) Nomes terminados no singular em s (precedidos de vogal tônica) r, z e n formam o 
plural com o alomorfe es: país - países; pilar - pilares; vez - vezes; cânon - cânones. 
(Pela impossibilidade, em nossa língua, de grupos finais ss, rs e zs, postula-se uma 
forma teórica com e (*mar(e), *país(e), *vez(e), *cânon(e)). 
 
b) Se o nome terminado em s ou x for paroxítono, não se reporá a vogal temática; o 
plural será marcado apenas sintaticamente. Ex: lápis - os lápis; ônibus - os ônibus; tórax 
- os tórax; ônix - os ônix. 
 
45 
 
c) Os nomes que possuem a forma teórica em *le sofrem algumas modificações 
morfofonêmicas. 
 
1) *carnavale + s = carnavales -> carnavaes -> carnavais 
 *azule + s = azules -> azues -> azuis 
 
Ou seja: acréscimo da desinência, síncope da líquida intervocálica e ditongação. 
2) Se a vogal antes de *le for /i/, há duas possibilidades: 
 2.1) /i/ átono: 
 *fóssile -> *fossele + s = fósseles -> fóssees -> fósseis. 
 
Segundo MACAMBIRA (1978, p.30), há outra explicação: 
 fácile -> fáciles -> fácies -> fáciis -> fáceis 
 2.2) /i/ tônico: 
 *barrile -> barriles -> barries -> barriis -> barris 
 
d) Vocábulos terminados em ão. 
 
Há três possibilidades, dado que para alguns desses nomes não há, ainda, uma forma 
plural definitivamente fixada (embora se note, na linguagem corrente, uma preferência 
sensível pela formação em ões). 
1) Plural sem alomorfia: 
 cristão + s = cristãos 
 mão + s = mãos 
 
2) Antes de receber o s, dá-se a troca do o por e: 
 capitão - capitães 
 cão - cães 
 
46 
 
3) Além da troca da vogal temática, há alternância na vogal a do radical: 
 sermão - sermões 
 paixão - paixões 
 
Exceções de número 
1) Coletivos: a forma singular envolve uma significação de plural. Ex: multidão, alcateia, 
ramagem. 
 
É claro que quando tais nomes designam mais de um desses conjuntos, também se 
flexionam: multidões, alcateias, ramagens. 
 
2) Certos nomes em que a forma de plural se refere a um conceito linguisticamente 
indecomponível (pluralia tantum). Ex: óculos, algemas, exéquias, núpcias, férias, 
alvíssaras. 
 
PARA TREINAR 
1- O par boi/vaca pode ser considerado flexão nominal de gênero? Explique. 
 
2- Determine nos nomes abaixo as ocorrências de morfemas e alomorfes 
marcadores de gênero, a partir do quadro abaixo: 
1) nomes substantivos de dois gêneros com flexão redundante; 
2) nomes substantivos de dois gêneros sem flexão aparente; 
3) nomes substantivos de gênero único. 
 
maestro-maestrina tribo vítima tataravô-tataravó anão-anã 
profeta-profetisa paciente cobra beberrão-beberrona dentista 
leitão-leitoa autor-autora barão-baronesa 
 
 
47 
 
3) Dadas as palavras abaixo, explique a flexão de número. 
 
lençol-lençóis coronel-coronéis fuzil-fuzis réptil-répteis 
Ônix cútis corpo-corpos fogõezinhos 
pilar-pilares exéquias algoz-algozes nuvem-nuvens 
varal-varais mesa-mesas mulher-mulheres eleição-eleições 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
1 - O par boi/vaca pode ser considerado flexão nominal de gênero? Explique. 
Sim, pois o gênero é dado pro heteronímia 
2- 
1) nomes substantivos de dois gêneros com flexão redundante; 
2) nomes substantivos de dois gêneros sem flexão aparente; 
3) nomes substantivos de gênero único. 
 
maestro-maestrina-1 Tribo-3 Vítima-3 tataravô-tataravó1anão-anã1 
profeta-profetisa-1 Paciente-2 Cobra-3 beberrão-beberrona1 Dentista2 
leitão-leitoa-1 autor-autora1 barão-baronesa1 
 
48 
 
UNIDADE 7- SINTAXE: PRINCÍPIOS BÁSICOS 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos: explicitar os princípios básicos da estrutura sintática da língua portuguesa. 
Nesta unidade, abordaremos alguns princípios que regem a estrutura sintática da 
língua portuguesa. Como dissemos, na apresentação da disciplina, a língua não se 
configura como algo aleatório, não se configura como um amontoado de palavras, 
mas, a partir da substância, nós efetuamos arranjos. É por essa razão que afirmamos 
que língua é forma e não substância. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Sabemos que as palavras integrantes do léxico da língua pertencem a uma 
determinada categoria gramatical. Nessa perspectiva, qualquer pessoa, ainda que não 
saiba especificar a categoria gramatical, sabe que mesa, homem e gato pertencem à 
mesma categoria, ou, pelo menos, conseguem diferenciar esses nomes de palavras 
como cantar, beber, partir. 
 
Você poderia ser tentado a dizer que as palavras acima são comuns e que todos as 
conhecem, por isso sabem que pertencem a categorias diferentes. No entanto, afirmo 
que não é assim, pois, mesmo construindo uma frase com uma palavra inventada, 
qualquer falante a reconhecerá como pertencente à língua e a uma dada categoria. 
Assim, se eu disser “Ele vepotou as coisas nos devidos lugares”; “Elas vepotaram ontem 
à noite”; “Uma famosa atriz de TV vepota todos os dias”, qualquer falante saberá que 
vepotar, palavra inventada, pertence a mesma categoria de cantar, dançar, comer e 
partir, tanto que vepotou concorda com ele; vepotaram com elas e vepota com 
famosa atriz. 
 
 
49 
 
As diferentes categorias da língua − nomes (substantivos e adjetivos), pronomes, 
verbo, advérbio, conjunção, preposição − estruturam-se para formar a frase. Mas o 
que é frase? 
 
Frase é uma unidade de comunicação, independentemente de suas dimensões e 
estrutura. É preciso deixar clara a diferença entre frase e oração. Enquanto a frase 
possui comunicação, ainda que não seja constituída em torno de um verbo, na oração 
o verbo é indispensável. Assim, em Fogo ou Socorro, estamos diante de frase e não de 
oração, mas em Quero que você seja feliz, observamos duas orações: quero e que 
você seja feliz. 
 
Vale a pena tecermos alguns comentários sobre as interjeições. Vamos a elas? 
Interjeições não são vocábulos, porque não são constituídas por morfemas, isto é, não 
possuem a primeira articulação; só a segunda (fonológica). 
 
As interjeições só serão vocábulos se ocorrerem em contexto sintático (Meus ais de 
amor). Na verdade, Carone (2000) assinala que as interjeições são um tipo rudimentar 
de frase, sem estrutura mórfica e sintática, mas dotadas de entonação que as habilita à 
expressão de modalidades diversas: 
Interrogativa: hem? Ahn? 
Imperativa- Pst! Cht! 
Optativa- Oxalá 
Exclamativa- Epa! Oba! 
Negativa- Hum-hum; ahn, ahn 
 
A frase nominal é constituída de elementos secundários que, na oração, se estruturam 
em torno de um verbo. São denominadas em consonância com a classe de palavra 
que é seu centro e ponto mais alto. Podem ser: 
a) Substantival – O Crime da Mala; Amor Bandido. 
 
50 
 
b) Adjetival- Bonitinha, mas ordinária. 
c) Adverbial: Longe dos Olhos, Perto do Coração. 
 
Observe o efeito que Ricardo Ramos (1978) obteve, ao construir um texto apenas com 
frases nominais. Na verdade, embora não deparemos com nenhum verbo, nós, 
leitores, conseguimos produzir sentido para o texto: trata-se do cotidiano de uma 
pessoa, desde a hora em que se levanta até sua chegada ao escritório onde trabalha. 
 
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, 
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, 
água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, 
abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, 
blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com 
plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e 
fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, 
memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, 
cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, 
projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, 
papel. Mictório, pia, água. Táxi. [...]. (RAMOS, 1978, p.58). 
 
Frase nominal dirrema ou bimembre- apresenta embrião de estrutura oracional, mas é 
igualmente desprovida de verbo, conforme Carone (2000, p.49). Os dois elementos 
nominais que a estruturam relacionam-se aos moldes de sujeito e predicado. Na frase 
nominal, esses termos são denominados tema (um substantivo) e rema (substantivo ou 
adjetivo), como se verifica nos exemplos abaixo. 
 
Desnecessárias (rema) as recomendações (tema) sobre as leis do trânsito. 
 
Próxima estação, Liberdade, em que estação é o tema e próxima é seu adjunto 
adnominal; já liberdade é o rema, conforme Carone (2000, p.51). 
 
Frase verbal é a frase que contém verbo, com se constata em Siga adiante. 
 
 
51 
 
Princípios da organização da estrutura frasal 
Para verificarmos a organização da estrutura da frase, observe atentamente os 
exemplos abaixo. 
José mora perto de uma loja 
Maria comprou vários brinquedos 
O aluno inteligente fez a prova 
A criança sonha ansiosamente com o presente do Papai Noel 
Você viverá 
 
Vamos efetuar a decomposição de cada frase em unidades menores e detectar a 
equivalência entre essas unidades, por meio da comutação, que implica: segmentação- 
determinar os subconjuntos em que pode ser decomposta a proposição; substituição- 
verificar quais desses subconjuntos exercem a mesma função. 
 
Então, teríamos: 
 mora perto de uma loja 
 comprou vários brinquedos 
a) José fez a prova 
sonha ansiosamente com o presente do Papai Noel 
 viverá 
b) José 
Maria 
O aluno inteligente mora perto de uma loja 
A criança 
Você 
 
Você percebe que em cada subconjunto a integridade da oração se mantém. Em 
outras palavras, em a, posso utilizar qualquer predicação e, em b, posso empregar 
 
52 
 
qualquer elemento sem que se destrua a oração. Cada um desses elementos constitui 
uma unidade sintático-semântica: o sintagma 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Sintagma é um conjunto de elementos que constituem unidade significativa dentro da 
oração e mantêm entre si relações de dependência e de ordem. Organizam-se em 
torno de um elemento central - o núcleo 
 
Nos exemplos acima, José, o aluno inteligente, a criança e você constituem o núcleo, 
no caso um nome (substantivo ou pronome). Por se organizarem em torno de um 
núcleo nome (substantivo ou pronome) são denominados sintagmas nominais 
 
Já em mora perto de uma loja, comprou vários brinquedos, fez a prova, sonha 
ansiosamente com o presente do Papai Noel e viverá, observamos ser o verbo o 
núcleo; daí termos o sintagma verbal. 
 
Com você deve ter percebido, o que a gramática tradicional denomina sujeito e 
predicado, como constituintes da oração, podemos denominar, também, de sintagma 
nominal e sintagma verbal. 
 
A estrutura de base da oração é sintagma nominal (SN) e sintagma verbal (SV). 
Os garotos / empinavam papagaios de papel. 
 SN / SV 
 
Nós / assistimos a uma conferência sobre tóxicos. 
SN / SV 
 
 
 
53 
 
Você poderia me questionar como se estrutura a oração quando o sujeito é 
inexistente. É simples. Em Chove, por exemplo, o SN é vazio, existe apenas como 
posição estrutural; a posição não está lexicalmente preenchida. 
 
Há outros sintagmas que podem ocorrer na oração: 
sintagma adjetival- SA, cujo núcleo é um adjetivo, como se constataem: A cama são 
palhas, em que palhas é um sintagma adjetival; 
sintagma preposicional- SP, formado de preposição + SN: casa de pedra. 
 
A estrutura de base é obrigatória, mas outros elementos podem integrar a oração, 
tendo as seguintes características: 
A) são facultativos; 
B) são móveis, podendo ser deslocados de sua posição normal; 
C) apresentam-se geralmente sob a forma de um SP. 
 
As flores enfeitam os jardins na primavera 
O padeiro entrega o pão na minha casa de madrugada 
 
Sintagma preposicionado 
O sintagma preposicionado é constituído por preposição + SN, podendo veicular 
informações sobre as circunstâncias em que se efetivam os fatos contidos na 
proposição (tempo, lugar, modo, causa, etc.). 
No verão, os dias são mais longos que as noites 
Lentamente, a noite descia sobre a terra. 
 
PARA TREINAR 
1- Nas frases abaixo, assinale os sintagmas nominais e os sintagmas verbais. 
a) Marieta gosta de doce. 
 
54 
 
b) José adora viajar para Paris. 
c) Pedro comprou muitos doces. 
d) O homem morreu. 
 
2- Na frase abaixo, observamos ambiguidade (mais de uma possibilidade de 
estrutura e de significado) sintática estrutural. Leia-a e responda ao que se 
pede. 
O menino encontrou a bola com um binóculo 
a) Explicite a ambiguidade; 
b) Explique a estrutura de: Com o binóculo, o menino encontrou a bola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO 
1 
a) Marieta gosta de doce. 
SN / SV 
b) José adora viajar para Paris. 
SN / SV 
c) Pedro comprou muitos doces. 
 SN / SV 
d) O homem morreu. 
 SN / SV 
2a) O menino usou o binóculo para encontrar a bola / O menino encontrou uma bola e um binóculo 
juntos 
b) Com o binóculo, o menino encontrou a bola 
 SP / SN / SV 
Sintagma preposicionado 
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