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Prof. Rafael Beck 2019/2 Mancais de Rolamento Unidade II – Parte II Conteúdo Estrutura da unidade: 1. Introdução 2. Tipos de rolamentos 3. Vida do mancal 4. Identificação 5. Lubrificação 6. Montagem 7. Folga e pré-carga 1 - Introdução Em mancais de rolamento, a transferência da carga se dá por meio dos elementos rolantes. O atrito na partida é cerca de duas vezes o atrito em operação. Ainda assim, muito inferior ao atrito em mancais de escorregamento. A carga, velocidade e viscosidade do lubrificante são parâmetros que afetam a funcionalidade do rolamento. 1 - Introdução Figura 1.1 – Construção e nomenclatura. 2 – Tipos de Rolamentos Figura 2.1 – Tipos de rolamentos de esferas. 2 – Tipos de Rolamentos Figura 2.2 – Tipos de rolamentos de rolos. 2 – Tipos de Rolamentos Figura 2.3 – Rolamentos auto compensadores de esferas e de rolos. 3 – Vida do Mancal A falha do rolamento consiste na primeira evidência de fadiga. Esta normalmente caracterizada pelo lascamento das superfícies rolantes. Figura 3.1 – Alguns exemplos de falha de rolamentos. 3 – Vida do Mancal Figura 3.2 – Curva carga-vida confiabilidade de 0,90. Quando rolamentos idênticos são testados em cargas diferentes e contabilizada a vida de cada grupo, a curva log-log é obtida. C = 0,90 3 – Vida do Mancal Um ajuste por regressão leva à, 𝐹𝐿1 𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (1) Para rolamentos de esferas 𝑎 = 3 e para rolamentos de rolos cilíndricos ou cônicos 𝑎 = 10 3 . Os fabricantes chamam de capacidade de carga, 𝐶10, à carga correspondente a uma vida de 106 revoluções, ou 𝐿10. 3 – Vida do Mancal Note que 𝐶10 é equivalente a 𝐹 na equação (1). Ainda, 𝐿10 é equivalente a 𝐿 na mesma equação. Podemos então escrever, 𝐶10𝐿10 1 𝑎 = 𝐹𝐿1 𝑎 (2) A vida 𝐿10 pode ser obtida pelo produto 60𝐿𝑅𝑛𝑅 , onde 𝐿𝑅 corresponde à vida nominal em horas e 𝑛𝑅 à rotação nominal em rpm. 3 – Vida do Mancal 𝐶10 60𝐿𝑅𝑛𝑅 1 𝑎 = 𝐹𝐷 60𝐿𝐷𝑛𝐷 1 𝑎 (3) Do mesmo modo, uma vida desejada 𝐿 pode ser obtida pelo produto 60𝐿𝐷𝑛𝐷, onde 𝐿𝐷 corresponde à vida desejada em horas e 𝑛𝐷 à rotação desejada em rpm. Finalmente chegamos na relação, 𝐶10 = 𝐹𝐷 60𝐿𝐷𝑛𝐷 60𝐿𝑅𝑛𝑅 1 𝑎 (4) 3 – Vida do Mancal Podemos estimar a capacidade de carga 𝐶10 para outros valores de confiabilidade que não o de 90%. Isso é feito expressando a vida por meio de uma variável adimensional 𝑥 = 𝐿 𝐿10 e utilizando a distribuição de Weibull de três parâmetros. 𝑅 = 𝑒𝑥𝑝 − 𝑥 − 𝑥0 𝜃 − 𝑥0 𝑏 (5) onde 𝑅 é a confiabilidade, 𝑥 a variável adimensional e 𝑥0 , 𝜃 e 𝑏 são parâmetros estatísticos da distribuição de Weibull. 3 – Vida do Mancal Figura 3.3 – Curvas de confiabilidade constante. Catálogo – A (log𝑥10 = 𝐿10 𝐿10 = 1 ; 𝑙𝑜𝑔𝐶10) B = 𝑙𝑜𝑔𝐶10 para confiabilidade 𝑅𝐷 D é o ponto de projeto = log𝐹𝐷 correspondente à vida 𝑙𝑜𝑔𝑥𝐷 = 𝐿𝐷 𝐿10 e confiabilidade 𝑅𝐷 3 – Vida do Mancal Para obter a relação entre carga, vida e confiabilidade, é necessário mover-se do ponto D ao ponto A via ponto B. A relação final é, (6) 𝐶10 = 𝐹𝐷 𝑥𝐷 𝑥0 + 𝜃 − 𝑥0 1 − 𝑅𝐷 1 𝑏 1 𝑎 𝑅 ≥ 0.90 Como as cargas são frequentemente variáveis, podemos multiplicar 𝐹𝐷 por um fator de aplicação 𝑎𝑓. A tabela I apresenta fatores para algumas aplicações. 3 – Vida do Mancal Tabela I – Fatores de aplicação de carga. Tipo de Aplicação Fator de Carga Engrenamento preciso 1,0 – 1,1 Engrenamento comercial 1,1 – 1,3 Aplicações com vedações de mancal ruins 1,2 Maquinaria sem impacto 1,0 – 1,2 Maquinaria com impacto leve 1,2 – 1,5 Maquinaria com impacto moderado 1,5 – 3,0 3 – Vida do Mancal Como eixos normalmente usam dois mancais, a confiabilidade global do eixo está relacionada com a confiabilidade do mancal A e B da seguinte maneira. (7) 𝑅 = 𝑅𝐴𝑅𝐵 Geralmente a confiabilidade de um mancal individual é inferior à confiabilidade global. Se por exemplo for solicitada uma confiabilidade global do eixo de 0,99 , é recomendado que cada mancal tenha confiabilidade de 0,99 = 0,995 pelo menos. 3 – Vida do Mancal Rolamentos de esferas suportam a cargas radiais e certo carregamento axial. Sejam 𝐹𝑎 a carga axial e 𝐹𝑟 a carga radial, é possível determinar uma carga radial equivalente 𝐹𝑒 que produz o mesmo dano do que as cargas 𝐹𝑎 e 𝐹𝑟. Define-se ainda um fator de rotação 𝑉 = 1 para o caso em que a pista interna gira e 𝑉 = 1,2 no caso em que a pista externa que gira. Observa-se que para rolamentos auto compensadores, 𝑉 = 1 em qualquer situação. 3 – Vida do Mancal Formam-se assim dois grupos adimensionais: Plotando os dois grupos adimensionais obtemos a figura 3.4, onde os pontos podem ser ajustados por duas retas que definem duas regiões. 𝐹𝑒 𝑉𝐹𝑟 𝐹𝑎 𝑉𝐹𝑟 e (8) 3 – Vida do Mancal Figura 3.4 – Relação entre os grupos adimensionais. A intersecção das retas define a abscissa 𝑒 𝐹𝑒 𝑉𝐹𝑟 = 𝑋 + 𝑌 𝐹𝑎 𝑉𝐹𝑟 𝑠𝑒 𝐹𝑎 𝑉𝐹𝑟 > 𝑒 𝐹𝑒 𝑉𝐹𝑟 = 1 𝑠𝑒 𝐹𝑎 𝑉𝐹𝑟 ≤ 𝑒 (9) (10) 3 – Vida do Mancal É comum agrupar as equações (9) e (10) em uma única equação, onde 𝑖 = 1 se 𝐹𝑎 𝑉𝐹𝑟 ≤ 𝑒 e 𝑖 = 2 se 𝐹𝑎 𝑉𝐹𝑟 > 𝑒. (11) 𝐹𝑒 = 𝑋𝑖𝑉𝐹𝑟 + 𝑌𝑖𝐹𝑎 A tabela II lista valores de 𝑋1, 𝑌1, 𝑋2 e 𝑌2 como função de 𝑒, que por sua vez, é função de 𝐹𝑎 𝐶0 , sendo 𝐶0 a capacidade de carga estática do rolamento. Como rolamentos de rolos não resistem à carga axial, 𝑌 = 0 para esses rolamentos. 3 – Vida do Mancal Tabela II – Fatores de carga radial equivalente para rolamentos de esferas. *Use 0,014 se 𝐹𝑎 𝐶0 < 0,014 . 4 – Identificação A American Bearing Manufacturers Association (ABMA) define as seguintes séries dimensionais para rolamentos. Figura 4.1 – Séries dimensionais segundo a ABMA. 4 – Identificação A identificação se dá por 5 algarismos. Figura 4.2 – Algarismos para identificação de rolamentos. 4 – Identificação A tabela abaixo traz alguns exemplos para rolamentos de uma carreira de esferas. Tipo de Rolamento Série Tipo Largura Diâmetro Externo Uma carreira de esferas 68 6 (1) 8 69 6 (1) 9 60 6 (1) 0 62 6 (0) 2 63 6 (0) 3 Nota: Normalmente omite-se a número da largura, marcados com ( ). Tabela III – Exemplos de identificação de rolamentos. 4 – Identificação Seguem algumas regras pra identificação do furo. 1) Rolamentos miniatura (diâmetros de 1 a 9 mm): Usam apenas 3 dígitos, sendo o último o diâmetro do furo. 601 – diâmetro 1 mm 602 – diâmetro 2 mm 609 – diâmetro 9 mm 4 – Identificação 2) A regra é fixa para as quatro dimensões abaixo. xx00 – diâmetro 10 mm xx01 – diâmetro 12 mm xx02 – diâmetro 15 mm xx03 – diâmetro 17 mm 4 – Identificação 3) Para furos iguais e acima de 20 mm, multiplicamos os dois últimos algarismos por 5. xx04 – diâmetro 20 mm xx05 – diâmetro 25 mm xx96 – diâmetro 480 mm 4 – Identificação 4) Para furos iguais maiores do que 480 mm, acrescenta-se uma (/) após a série do rolamento, seguida da dimensão do furo. xx/500 – diâmetro 500 mm xx/1800 – diâmetro 1800 mm xx/7800 – diâmetro 7800 mm 4 – Identificação Tabela IV – Exemplos de numeração de rolamentos. Nota: Dados extraídos do catálogo NSK. 4 – Identificação Tabela V – Exemplos de vedações e blindagens. Nota: Dados extraídos do catálogo NSK. Vedaçõesblindagens, quando existentes, são classificadas por letras e postas como sufixos após o número do rolamento. 5 – Lubrificação As funções da lubrificação em mancais de rolamento são: • Prover um filme lubrificante entre as superfícies em contato. • Ajudar a distribuir e dissipar o calor. • Evitar a corrosão das superfícies do rolamento. • Proteger da entrada de materiais estranhos e contaminantes. Segundo Liebensperger, a mudança de viscosidade dentro e fora da pressão de contato é equivalente à diferença existente entre as viscosidades do asfalto frio e do óleo leve de lubrificação de uma máquina de costura. 5 – Lubrificação Tanto óleo como graxa podem ser utilizados como lubrificante em mancais de rolamento. Abaixo seguem algumas orientações. Graxa Óleo 1. Temperatura não superior a 200°F (93°C) 1. Velocidades altas 2. Velocidade baixa 2. Temperaturas altas 3. Proteção incomum contra a entrada de materiais estranhos 3. Vedações heréticas puderem ser usadas 4. Recintos simples de mancal forem desejados 4. O tipo de mancal não se presta à lubrificação por graxa 5. Operação por longos períodos, sem atenção, for desejado 5. O mancal for lubrificado por fornecedor central compartilhado com outros componentes Tabela VI – Critérios para escolha entre graxas e óleos na lubrificação de rolamentos. 6 – Montagem A figura abaixo representa as montagens comuns para rolamentos de contato angular. Figura 6.1 – Tipos de montagem de rolamentos de contato angular. Face a Face (DF): Cargas radiais e axiais em ambos os sentidos. Porém menor capacidade de suportar cargas de momento. Costa a Costa (DB): Cargas radiais e axiais em ambos os sentidos. Maior capacidade de suportar cargas de momento. Tandem (DT): Cargas radiais e axiais em apenas um sentido. Porém, essa montagem é usada para grandes cargas axiais. 7 – Folga e Pré-Carga Os rolamentos possuem uma folga que é inerente à fabricação. A folga mais comum é a C3 (mais folgado). No entanto, podemos encontrar rolamentos C1 e C2, sendo o C1 o de menor folga e mais caro. Figura 7.1 – Folga em rolamentos. 7 – Folga e Pré-carga A pré-carga é utilizada para eliminar a folga do rolamento, reduzindo ruído e vibração, e aumentando a vida útil do mancal. É comum a utilização de arruelas onduladas ou molas helicoidais para produzir pré-carga. Valores de pré-carga são encontrados nos catálogos dos fabricante e devem sempre ser seguidos.
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