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1 ESTUDO DE ACIDENTES DO TRABALHO NO PERÍODO DE 2014 A 2016 NOS DOIS CNAE QUE APRESENTARAM MAIORES ÍNDICES NO ESTADO DE SÃO PAULO Gonzalez, Rodrigo Gelanzauskas1 Peixoto, Elaine Alcantara Freitas 2 RESUMO Tece-se um breve panorama das supostas ameaças de acidentes de trabalho dentro de empresas nas quais mais ocorrerem acidentes entre 2014 e 2016, segundo dados oficiais. Após, passa-se às opiniões de autores com ênfase na redução dos acidentes de trabalho e as obrigações que as empresas têm em relação a leis de proteção desses trabalhadores. Para tanto, utilizar-se-á da pesquisa bibliográfica em artigos, trabalhos, livros e sites que tratam do assunto. Traz como um ponto importante, a atenção as Normas Regulamentadoras a que estes trabalhadores estão sujeitos e amparados. Nesse sentido, foram elencados os principais riscos ocupacionais: químico, físico, biológico, acidente, psicossocial e ergonômico. Outro ponto de interesse da investigação é apresentar a importância do profissional da segurança o trabalho e suas obrigações dentro dessas organizações. Palavras-chave: CNAE. Acidente de trabalho. Segurança do Trabalho. Prevenção. Normas Regulamentadoras ABSTRACT A brief overview of the alleged workplace accident threats in companies where accidents occurred during 2014 and 2016. Afterwards, we pass on the opinions of 1Pós-graduando em Segurança do trabalho e meio ambiente. rodrigo@gongel.com.br . Data da entrega:29/01/2019 2 Professor orientador: Mestre, Universidade Santo Amaro- SP – eafpeixoto@prof.unisa.br 2 authors with an emphasis on the reduction of occupational accidents and the obligations that companies have in relation to laws protecting these workers. To do so, it will use bibliographic research in articles, works, books and websites that deal with the subject. It brings as an important point, attention to the Regulatory Norms to which these workers are subject and protected. In this sense, the main occupational risks were listed: chemical, physical, biological, accident, psychosocial and ergonomic. Another point of interest of the research is to present the importance of professional work safety and its obligations within these organizations. Keywords: CNAE. Work accident. Workplace safety.Prevention. Regulatory Standards. INTRODUÇÃO Conforme dispõe o artigo 19 da Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991), acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. No Brasil, o acidente de trabalho deve ser comunicado à Previdência Social por meio da emissão da Comunicação do Acidente de Trabalho (CAT), conforme Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991). O objetivo deste artigo é analisar a ocorrência de acidentes dos dois CNAE que apresentam a maior frequência e pouca variabilidade quanto à frequência no período de 2014 a 2016 no estado de São Paulo e propor reflexão sobre os principais riscos causadores de acidentes em cada CNAE e possíveis medidas de prevenção destes a partir de estudos já publicados. Os dois CNAE que têm os maiores registros em relação a quantidade de acidentes do trabalho liquidados, por consequência, conforme consta no capítulo 49 do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho - AEAT 2016, no estado de São Paulo, período 2014-2016, são, segundo Brasil (2016): • CNAE 8610 – Atividade de atendimento hospitalar com 62.710 acidentes; 3 • CNAE 4711 – Comercio Varejista de mercadoria em geral com predominância de produtos alimentícios – Hipermercados e Supermercados com 23.772 acidentes registrados. A motivação para este artigo é aprofundamento do conhecimento relativo à saúde e segurança do trabalho comitantemente com o conhecimento dos ramos de atividade que precisam maior atenção quanto à prevenção de acidentes no estado de São Paulo. No mesmo pensamento, a maioria dos homens depende exclusivamente de seu trabalho e tem a preocupação com a perda ou até mesmo a redução de sua capacidade laborativa, comprometendo a si próprio e aqueles que são seus dependentes. Mas a Segurança do Trabalho não vem de hoje, na humanidade essa preocupação já podia ser vista antes de Cristo. Segundo Niclotti (2018), Hipócrates, considerado o pai de medicina, identificou pioneiramente a origem das doenças relacionadas ao trabalho com as minas de estanho. Na Bíblia encontra-se: “Quando construíres uma nova casa, farás uma balaustrada em volta do teto, para que não derrame sangue sobre tua casa, se viesse alguém a cair lá de cima”. (DEUTERONÔMIO, 22, 8). No século XV, Paracelso, de acordo com Mundim (2012), estudou as afecções dos mineiros. Em 1700, Bernardino Ramazzini publicou sua obra - As doenças dos trabalhadores, iluminando grandes estudiosos da medicina ao longo dos séculos (RAMAZZINI, 2016). O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico no que diz respeito a transportes e máquinas. Segundo Sposito (2017), desde os contatos iniciais dos europeus com os povos da América, os cálculos a respeito do uso da mão de obra indígena, bem como a plena utilização do trabalho forçado dos ameríndios foram recursos exaustivamente utilizados. Paganine (2015) explica que em 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz, a qual punha um fim ao comércio negreiro; em 28 de setembro de 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre, concedendo liberdade aos filhos de escravos que nascessem a partir daquele momento. Finalmente, no ano de 1885, foi anunciada a 4 Lei dos Sexagenários, que contemplava com a liberdade os escravos com mais de 60 anos. Diz Camissasa (2016) que, no início do século XIX, a Inglaterra já se preocupava com a proteção dos trabalhadores das indústrias têxteis, somente no final daquele século, por volta de 1870 é que se tem notícia da instalação da primeira indústria têxtil no Brasil, no estado de Minas Gerais, já utilizando grande massa trabalhadora não escrava, mas ainda com pouca importância em relação à prevenção de acidentes de trabalho. No Brasil com a chegada das máquinas a vapor deu-se o início da exploração da mão de obra, provocando desgaste prematuro na saúde do trabalhador e a exposição com maior frequência a acidentes do trabalho combinados com baixos salários e jornadas longas. Sussekind et al.(1997) descrevem que a invenção da máquina e sua aplicação à indústria iriam provocar a revolução dos métodos de trabalho e os efetivos movimentos de protesto e até mesmo rebeliões com a destruição de máquinas. De acordo com Nascimento (2004), depois de abolida a escravidão e proclamada a República, iniciou-se o período liberal do direito do trabalho no Brasil, e consequentemente os números de oficinas e manufaturas de calçados, vestuário, móveis, tintas, fundições, começaram a se multiplicar de forma exponencial. Em sua maioria instalada em galpões, fundos de armazéns e locais isentos de qualquer tipo de fiscalização, além disso, as fábricas eram desprovidas de janelas, e dessa forma, contribuíam para a propagação de doenças contagiosas colocando em exposição a vida dos trabalhadores, contribuindo para a baixa expectativa de vida do trabalhador. Marli (2017) afirma que se comparada aos dias de hoje que é de 75,8 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Costa (2005) nos contempla dizendo que no Brasil isso mudaria muito tempo depois, precisamente em 1918, quando se logrou aprovar o projeto de lei sobre acidentes do trabalho, que fora organizado pelaComissão Especial de Legislação Social, tendo à frente, como relator, o deputado Andrade Bezerra e deste projeto surgiu o Decreto 3.724, de 15 de janeiro de 1919, modificado pelo Decreto 13.493, de 05 de março de 1919 e, por fim, regulamentado pelo Decreto 13.498, de 12 de março de 1919, surgindo a primeira lei brasileira em favor do infortúnio laboral. Segundo a Previdência Social (2017) e, de acordo com O Conselho Nacional de Previdência (CNP), entre 2012 e 2016, houve 3,5 milhões de casos de acidente 5 de trabalho em 26 estados e no Distrito Federal, resultando na morte de 13.363 pessoas e gerando custo de R$ 22,171 bilhões para os cofres públicos com gastos da Previdência Social, como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente para pessoas que ficaram com sequelas. Nos últimos cinco anos, entre os anos de 2013 a 2018 , 450 mil pessoas sofreram fraturas enquanto trabalhavam. Em 2011, o jornal A Gazeta disponibilizou dados dos setores mais perigosos e responsáveis pelo maior número de acidentes de trabalho por ano em todo o país: Serviços - 76.256 acidentes/ano; Indústria extrativa e da construção civil - 46.673 acidentes/ano; Transformação de metais e de compósitos - 44.808 acidentes/ano; Escriturários - 40.371 acidentes/ano; Exploração agropecuária - 33.990 acidentes/ano; Técnicos das ciências biológica, bioquímica, da saúde - 29.718 acidentes/ano; Trabalhadores da fabricação de alimentos, Bebidas e fumo - 23.351 acidentes/ano (Silva, 2011, p.13). A partir desses fatos descritos da história da evolução da atividade laboral, e por consequência o crescimento constante dos números de acidentes de trabalho, a proposta é a apresentação de opções para a redução desses índices nos setores que mais apresentaram acidentes no estado de São Paulo. CNAE 8610 - Atividade de atendimento hospitalar. Nos serviços de atendimentos hospitalares compreendem-se requisitos técnicos essenciais à segurança do trabalhador, e de acordo com Martins et al. (2015), a adoção de técnicas e métodos adequados e as práticas de medidas eficazes de higiene e segurança do trabalho eliminam ou minimizam de forma drástica os riscos ocupacionais. Segundo Parra et al.(2014), o estresse ocupacional faz com o que o ritmo desses profissionais se mantenha sempre acelerado, mantido pelo desejo de realizar um trabalho excelente no tempo determinado de toda a demanda exigida em seu ofício, prejudicando não apenas a rotina do dia a dia, como também, o sono, resultando em noites mal dormidas, desestruturação do organismo. Dessa forma, eles correm riscos sérios de submeter-se a acidentes de trabalho, pondo como fator de importância máxima o descanso para um eficaz desempenho. Assim, focam o 6 autoconhecimento como fator primordial, pois se trata de algo indispensável para a saúde, de forma que os colaboradores necessitem buscar maior companheirismo no trabalho em equipe, com o intuito de minimizar os efeitos negativos da superexposição às cobranças organizacionais. Conforme mencionam Santos Junior et al. (2014), o excesso de autoconfiança é talvez a maior causa de acidentes de trabalho em qualquer setor, o que diferencia da área do profissional da saúde é a contaminação. Segundo Oliveira e Mirofuse (1999), as principais infecções a que está sujeito o trabalhador da saúde são a Hepatite B e tuberculose pulmonar, citomegalovirus (CMV.), HIV, rubéola, herpes simples, herpes zoster, gastroenterite infecciosa, infecções respiratórias por vírus, citando ainda as doenças causadas bactérias: Staphylococcus aureus, E. Coli e outras. Caixeta e Barbosa-Branco (2005) sugerem que a implementação de medidas de biosegurança em hospitais estabelecido nas exigências normativas é fundamental para a proteção dos profissionais de saúde. Essas medidas abrangem tanto questões de ordem administrativa, de organização do trabalho, como relacionadas à educação continuada, e ao controle de qualidade e prevenção de acidentes. Nessa mesma pesquisa concluem as autoras que o coeficiente de acidentabilidade foi inversamente proporcional ao porte do hospital; os profissionais de saúde do sexo masculino acidentaram-se mais do que os do sexo feminino; as categorias cirurgião-dentista, médico e técnico de laboratório foram as que mais se acidentaram; a realização de treinamento com conteúdos sobre biossegurança não interferiram positivamente na diminuição de acidentes; os profissionais de saúde com maior tempo de serviço se acidentaram mais, a exceção dos médicos que apresentaram uma relação inversa; o coeficiente de acidentabilidade foi maior entre os profissionais de saúde que afirmaram conhecer todas as normas; não houve relação positiva entre o conhecimento e a adesão quanto ao uso de EPI entre os profissionais de saúde. Waldhelm Neto (2014), Coach, palestrante e estudante do curso de Engenharia de Produção, escritor de livros como: o Livro CIPA Implementando e Mantendo e Segurança do Trabalho – Os Primeiros Passos, afirma a importância do Técnico em Segurança do Trabalho dentro do hospital, a sua atuação junto ao SESMET (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) em relação às demandas emergenciais da empresa, o que precisa ser 7 implantado sempre observando a NR 32, norma bem detalhista, que deve ser utilizada como parceira inseparável, e também os materiais da ANVISA, principalmente os que falam sobre desinfecção hospitalar, resíduos do serviço de saúde. Walhelm Neto (2014), apresenta também a importância da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) (BRASIL, 2018) para conhecer as áreas onde o risco de infecção hospitalar é maior, as principais deficiências da empresa e quais as opções imediatas e não imediatas de melhoria. Menciona que na CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), sempre tem alguém conhecedor das deficiências do ambiente, os riscos e as oportunidades de melhoria. Segundo Brandão et al. (2017), os acidentes podem ser reduzidos, mas muitas variáveis contribuem para a ocorrência com as equipes de enfermagem como: • Falta de capacitação. • Inexperiência. • Indisponibilidade de equipamento de segurança. • Cansaço, dupla jornada de trabalho. • Distúrbios emocionais, excesso de autoconfiança. • Falta de organização do serviço, trabalho em turnos. • Desequilíbrio emocional em situações de emergência. • Tecnologia crescente de alta complexidade. Ainda sobre os dados acima, a falta de capacitação, segundo Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) está ligada diretamente com a má qualidade de Instituições de ensino, tanto que, em 2011 o Ministério da Educação (MEC) anunciou o corte de 2.572 vagas do ensino superior em Enfermagem, como parte de um processo de supervisão pelo qual passaram os cursos, em função dos resultados considerados insuficientes no desempenho dos alunos e futuros profissionais de enfermagem (MARTYRES e BORGES, 2013). Alves (2018) menciona que muitas vezes trabalhador em atendimento é inexperiente e atua sem supervisão e com pouca orientação, e em consequência da falta de capacitação e profissionais que trabalham de maneira incorreta, desrespeitando as normas de segurança, os chamados “atos inseguros” são responsáveis por mais de 90% dos acidentes das mais diversas naturezas. 8 Entre os anos de 2014 a 2016, a redução foi pequena conforme mostra a tabela a baixo retirada no site da Previdência Social. Quadro 1 - Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho - Atendimento Hospitalar Fonte: http://www3.dataprev.gov.br/aeat/ CNAE 4711 – Comércio Varejista de mercadoria em geral com predominância de produtos alimentícios. Por que ainda ocorrem acidentes e como diminuir os números alarmantes de nesse CNAE? Quais os acidentesmais frequentes nos supermercados? Quais as consequências dos acidentes de trabalho nas empresas? Por quê as empresas devem investir em segurança? Almeida et al (2017), estudantes da Universidade de Guarulhos, publicaram uma pesquisa de campo explicando porque ainda ocorrem os acidentes de trabalho no comércio. Segundo eles, o Gerente de uma grande rede varejista disse (ALMEIDA et a., 2017, p. 17): Dentre as principais causas da ocorrência de acidentes de trabalho destacam se a falta de observação das regras e normas de segurança por parte dos funcionários e também a falta de atenção a detalhes no momento de executar determinada tarefa dos funcionários em ambientes que apresentam situações de risco. De acordo com suas pesquisas (ALMEIDA et a., 2017, p. 07) , todos os entrevistados descreveram que já tiveram alguma situação de risco ou já presenciaram algum acidente ocorrido. Os acidentes mais frequentes apontados foram quedas de escadas, acidentes com carrinhos hidráulicos e empilhadeiras dentro dos estoques e cortes com objetos perfurantes como estiletes, material usado para abertura de caixas de papelão e outros trabalhos. Por se tratarem de empresas terceiras sentem que estão expostos a situações inseguras e há negligência por parte do empregador no que se refere à segurança . 9 Schamne (2014) em seu artigo fala que nos supermercados, o principal risco físico encontrado é a variação de temperatura, principalmente na área de panificação e de açougue. A primeira com potencial de aquecimento do local devido à fabricação dos produtos, e a segunda com baixas temperaturas para conservação dos alimentos e também pela presença de câmara fria. Ainda segundo mesma a autora, Schamne, "as recomendações de conforto térmico podem ser encontradas em normas e legislações brasileiras como a CLT, no Capítulo V, Seção VIII, Art. 176, 177 e 178 (1977, p 06). Ainda segundo Schamne também apresenta alguns fatores que possam causar acidentes dentro de um estabelecimento comercial como os Hipermercados e supermercados (2014, p. 34). Arranjo físico inadequado do local de trabalho como, por exemplo, uma disposição incorreta das máquinas e equipamentos, que dificulte a execução da atividade; Máquinas e equipamentos sem proteção, defeituosos s e sem sinalização; Ferramentas inadequadas, perigosas, defeituosas e sem sinalização; Risco de choque elétrico devido ao contato com linha viva, falta de aterramento e improvisações; Ausência de indicação de risco através de sinalização; Probabilidade de incêndio e explosão; Contato com material perfuro cortantes ou de corte; Transporte e movimentação de materiais, bem como o armazenamento inadequado; Presença de animais peçonhentos; Falhas nas edificações como piso inadequado e escorregadio, canaletas, rampas e escadas impróprias. Schamne (2014, p. 35), menciona também que: o principal agente causador de acidentes na área da panificação é o manuseio de materiais a alta temperatura e de utensílios de corte, que podem levar a queimaduras. Já no açougue, o principal risco é na manipulação inadequada das máquinas de corte e de moer. Os riscos químicos que Schamne encontrou no ambiente de supermercado são produtos de limpeza e higienização e a poeira da farinha de trigo utilizada na panificação. "Esta, independente da quantidade e tamanho da partícula, pode causar alergias, problemas respiratórios e dermatológicos" (2014, p. 35). Ainda segundo a mesma autora sobre o ambiente da panificação: onde pode ter a maior concentração de agentes biológicos devido a altas temperaturas, presença de matéria orgânica e umidade relativa, que favorecem a proliferação de fungos e bactérias, podendo causar distúrbios alérgicos e respiratórios. Já no açougue, a falta de limpeza e isolamento pode atrair insetos e descontroles de temperatura 10 podem afetar a conservação das carnes, contribuindo para o surgimento de agentes biológicos (SCHAMNE, 2014, p. 36). Uma das soluções apresentados pelos estudantes Almeida et al (2017, p.7) foi "Investir na prevenção de acidentes através de treinamentos constantes contemplando as normas de segurança e capacitação para o uso de equipamentos e manuseio correto de máquinas. Investir em equipamentos de segurança". Mercados, Supermercados e Hipermercados se enquadram em duas normas: NR 17 - Esta Norma objetiva estabelecer parâmetros e diretrizes mínimas para adequação das condições de trabalho dos operadores de checkout, visando à prevenção dos problemas de saúde e segurança relacionados ao trabalho; NR 12- Segurança no Trabalho em máquinas e equipamentos devidos aos açougues que fazem parte desse segmento, entre outras como a NR1, NR2, NR9, NR23 . A solução encontrada por Almeida et al.(2017) não diverge de outros, sempre há a necessidade de que todos tenham treinamentos efetivos sobre as normas e regra de segurança, é muito importante que tenham equipamentos de segurança adequados para todos como, por exemplo, luvas de aço e botas de borracha para os que trabalham nos açougues e padarias. Os estoques devem ter escadas mais seguras com travas e pisos antiderrapantes. Posso complementar que muitos mercados, no momento da reposição de mercadoria palets e carrinhos hidráulicos ficam posicionados de qualquer forma nos corredores, que possibilitam acidente tanto com funcionários como clientes. Não podemos esquecer que risco ergonômico contemplado pela norma NR 17 faz parte da prevenção de acidente de trabalho, segundo Bento (2009), Fundador e sócio da Escola da Prevenção (BENTO, 2018). Postura Inadequada: Esse é um risco presente em quase todos os setores de trabalho. Muitas vezes o trabalhador começa a jornada de trabalho “esticado”. Está bem disposto, com a produtividade em alta, mas conforme as horas vão passando, acaba perdendo um pouco de energia, o desempenho vai caindo, e consequentemente, a postura “relaxa” e, sem perceber, o trabalhador acaba terminando o dia com uma postura inadequada. Com o passar do tempo começa a notar dores no pescoço, na coluna, nas pernas. Sente-se mais cansado em menos tempo, parece que seu rendimento não é o mesmo de antes. E tudo isso é culpa da postura inadequada. Ainda sobre NR 17, Bento (2018) também explica a importância da utilização de uma cadeira ergonomicamente correta para um operador de caixa que deve ser de acordo com o tipo físico de cada trabalhador, o uso de apoio para os 11 pés também é muito importante como todo arranjo físico dos objetos necessários para a realização do seu trabalho. "Tudo deve ser arrumado de forma prática e que cause o mínimo de esforço do trabalhador". Referente aos estoquistas, Bento (2018), afirma que o problema da postura inadequada muitas vezes não é sua culpa e sim à má organização do espaço físico, onde as prateleiras, armários e mesas, tudo deve estar bem posicionadas de forma que seu trabalho seja facilitado, evitando assim que o trabalhador fique agachado por muito tempo para arrumar algo. Segundo Assai Atacadista em Campinas – SP a responsabilidade do Técnico em Segurança do Trabalho é descrita como: atende aos clientes, funcionários e fornecedores nas suas necessidades. Responsável pela Segurança do Trabalho dos funcionários e clientes na loja. Executando o DMS - Diálogo Mensal de Segurança e o DDS - Diálogo Diário de Segurança com todos os setores, envolvendo encarregados, lideres e funcionários para os cuidados necessários ao trabalho e quanto ao uso dos EPI´s – Equipamento de Proteção Individual. Inspeção diária de toda loja (equipamentos, extintores, hidrantes, luminárias de emergência, área de circulação e saídas de rotas de fugas). Auxilia na emissão de relatório para compra de EPI´s, entrega de EPI´s aos funcionários, com a devida baixano sistema e arquivo de recibo de entrega de EPI´s, treinamento e acompanhamento junto aos funcionários quanto ao uso dos equipamentos e sua utilização. Execução de testes nas bombas de combate a incêndio. Participação nas Integrações de novos funcionários. Colabora nas reuniões mensais de CIPA e Brigada de Incêndio. Auxilia no acompanhamento dos acidentes de trabalho (CAT) Solicitação de cursos específicos para funcionários em atendimento as NRs (empilhadeira, transpalheteira, trabalho em altura, eletricidade, manuseio dos produtos de limpeza entre outros). Conforme descrito nas prerrogativas para preenchimento da vaga (LOVE MONDAYS GLASSDOOR COMPANY, 2019). Segundo Schamne (2014, p. 10): os Supermercados e atacadistas estão sujeitos à fiscalização dos seus serviços por diversos órgãos públicos. A Secretaria Regional do Trabalho tem por obrigação fiscalizar a existência de planos de segurança no estabelecimento como o Laudo Técnico das Condições de Trabalho (LTCAT), PPRA, visando à saúde e segurança por parte do empregador com seus empregados. Já o Conselho Regional de Engenharia, por exemplo, tem responsabilidade de verificara periodicidade da manutenção e operação das máquinas e equipamentos do estabelecimento e a legalidade dos prestadores deste tipo de serviço. Além da Vigilância Sanitária, que zela pela saúde e higiene dos locais de trabalho, garantindo qualidade, saúde e segurança para os trabalhadores e para os consumidores dos produtos produzidos no estabelecimento. 12 Conforme pesquisado nos dados disponíveis da Previdência social, a opção por Comércio Varejista ficou em segundo lugar em acidentes de trabalho entre os anos de 2014 a 2016, e com predominância em produtos alimentícios com foco em Super Mercados e Hipermercado se definiu por ser o setor que mais apresentou acidentes de trabalho dentre o CNAE 4711, conforme tabela retirada do site da Previdência Social. A tabela abaixo mostras todos os comércios registrado pela Previdência Social, e os que se destacou foi o último da tabela: Comércio com predominância em produtos alimentícios com foco em Super Mercados e Hipermercado retirado no site da Previdência Social. Quadro 2 - Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho - Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, com Predominância de Produtos Alimentícios - Hipermercados e Supermercados. Fonte: http://www3.dataprev.gov.br/aeat/ Metodologia A revisão da literatura proposta abarca matérias pertinentes à Segurança do Trabalho, o artigo constitui-se de uma revisão especializada nos dois CNAE que mais apresentaram acidente de trabalho no estado de São Paulo nos anos de 2014, 2015 e 2016, sendo estas as últimas atualizações disponíveis no site da Previdência Social em relação a acidentes de trabalho. A presente pesquisa adota o método estatístico, com análises de documentos oficiais, proveniente dos órgãos do governo, entidades ou empresas, e ainda, análises doutrinárias sobre o tema problema, conceitos e suposições já realizados por doutrinadores e especialistas em Segurança do Trabalho, bem como uma 13 metodologia dogmática, pois parte do pressuposto da verdade real da importância de resguardar a segurança do trabalhador como objetivo maior desta pesquisa, e também da certeza da necessidade de conscientizar os envolvidos sobre as ações de prevenção de acidentes nos setores abrangidos pelos 2 CNAE, da economia no estado de São Paulo. O estudo se vale do método dedutivo, organiza e específica o conhecimento que já se tem, mas não é de conhecimentos novos. Como ponto de partida o plano do inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida, que supõe um conhecimento prévio. Assim, o raciocínio parte das posições dogmáticas, já ditas anteriormente. Para a realização dos trabalhos foi acessado o banco de dados da Previdência Social, realizando-se uma tabulação dos dados, bem como, uma análise por meio de cálculos simples de porcentagem referente ao aumento da quantidade de um ano para outro, e uma perspectiva geral do aumento comparando os dados de 2014 a 2016. Para se obter o resultado correto apresentado nesse trabalho devemos acessar o banco de dados da Previdência Social em uma ordem específica. Digita- se http://www3.dataprev.gov.br/aeat/; em seleções aceleradoras: selecione o ano desejado (nesse trabalho usamos 2014, 2015 e 2016), em estrutura: linha - ano, Coluna - Classe do CNAE 2.0, Sub Coluna - Divisão do CNAE 2.0, Quadro - motivo/situação, Sublinha - não, conteúdo - Quantidade de acidentes. Na opção ordem: Ordem das linhas - sem classificação, Ordem das Colunas - sem classificação, Ordem dos Quadros - sem classificação, quantidades de linha - em branco. Na opção seleção+Categorias: Classe do CNAE 2.0 - selecionar Código e Nomes digitar o CNAE desejado click duplo na categoria apresentada validar no símbolo � verde. Divisão do CNAE 2.0 - não preencher. Em Motivo/Situação, selecionar nome click duplo em Doença do Trabalho com CAT, sem CAT, Típico com CAT e Trajeto com CAT, selecionar Igual e validar no símbolo � verde. No campo UF nome procurar o estado com o cursor (nesse trabalho foi selecionado SP), na Condição selecionar - Igual e validar no símbolo � verde. Acima na página click no símbolo e dessa forma obtêm o resultados da pesquisa. Ainda sobre a operacionalização dos trabalhos, ressalta-se que os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram o que estivessem relacionados a acidentes de trabalho nos CNAE específicos dentro do estado de São Paulo sendo 14 fatais ou não, incluindo pesquisas em artigos científicos publicados, dados do Scielo e Google Acadêmico. As palavras-chave utilizadas na busca foram: acidentes de trabalho, trabalhos específicos pela nomenclatura do CNAE. Primeiramente houve um levantamento da literatura para diagnosticar a origem dos acidentes de trabalho, seguido pela coleta de dados para analisar o aumento ou diminuição dos acidentes no estado de São Paulo. Diante dos dados, são apresentadas ações que podem ser realizadas para reduzir o número de acidentes. A presente revisão de literatura visa demonstrar a situação perigosa que os trabalhadores estão expostos nos CNAE que mais apresentaram acidentes de trabalho no estado de São Paulo seguindo dados oficiais da Previdência Social. Discussão Atendimento Hospitalar é uma atividade com aproximação e não se pode identificar o grau de risco a que os trabalhadores estão sujeitos. Vejo também que o ambiente de trabalho é carregado de muita dor e sofrimento dos pacientes. Os profissionais convivem com casos graves e imprevisíveis todos os dias. Os mesmos estão expostos a inúmeros fatores de risco que comprometem além da sua saúde, o psicológico, e com o acúmulo destes infortúnios, facilitam a ocorrência do acidente de trabalho. Pelo quadro 01, observa uma redução quase imperceptível em relação aos ano 2014 para 2016, considerado que o estudo abrange apenas o estado de São Paulo. Se fosse a nível nacional, os acidentes chegaram a um total de 168.208, segundo a Previdência Social, podendo ser consultado a qualquer momento seguindo a metodologia da pesquisa. Qualquer um quando entra em um pronto socorro pode notar a manipulação de agulhas, gazes, material perfuro-cortante utilizado nos procedimentos, que, por muitas vezes, está contaminado por sangue e fluidos corporais de doenças que não existem curas nos dias de hoje. Por isso a importância do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais): com os riscos do ambiente e as medidas preventivas. Também devemos observar se a Gestão da CIPA realiza as reuniões dentro do que a NR 5 (BRASIL, 1978) que determina, quais os equipamentos de proteção 15 individual (EPI) são necessários, Caso a empresatenha SESMT, ela será responsável pela definição dos EPI’s. Em ambos os casos os EPI's utilizados e em estoque possuem Certificado de Aprovação (CA). A implantação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional que possa auxiliar no reconhecimento e análise dos riscos ocupacionais nestes ambientes, com o objetivo de evitar ou minimizar a ocorrência de acidentes de trabalho, gerenciá-los, embasar as tomadas de decisões, as medidas de controle de prevenção, e a promoção da conscientização sobre práticas seguras entre os profissionais envolvidos. Uma ação que contribui favoravelmente à empresa e empregados. Além de abordar como prevenir e evitar os acidentes de trabalho na área hospitalar deve-se destacar que o trabalho exercido por esses profissionais requer maior qualificação técnica e um amplo conhecimento de segurança nos procedimentos executados. Portanto, nunca é demais a supervisão dos órgãos governamentais para incentivar a formação de profissionais aptos a um melhor desempenho no trabalho hospitalar, e que consequentemente, devido ao despreparo, os profissionais da saúde deixam de tomar precauções essenciais na execução de determinadas tarefas. Em segundo lugar dessa revisão bibliográfica está Comercio Varejista de mercadoria em geral com predominância de produtos alimentícios – Hipermercados e Supermercados, pode-se dizer que não de identificou redução na quantidade de acidentes que pode ser notado no Quadro 2. Por isso deve apostar na segurança dos funcionários com treinamentos e incentivando, cobrando e fiscalizando o uso dos equipamentos de proteção individual, entre outras medidas. Devem ser explicadas as regras para segurança do trabalho, as Normas regulamentadoras expostas na revisão e os benefícios e a importância para cada cargo que será ocupado. É fundamental essa formação de cada profissional saber disso, para que a cultura da segurança do trabalho esteja na consciência dos funcionários. Nos treinamentos deverão ser abordados conceitos de segurança do trabalho, noções de segurança e prevenção de acidentes; importância do uso de EPI, sua conceituação, assim como tudo relacionado à CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). 16 CONSIDERAÇÔES FINAIS Esta pesquisa teve como objetivo fazer uma revisão de literatura do que tem sido publicado sobre cada CNAE abordado, dando ênfase às estatísticas numéricas relativas ao estado de São Paulo e nas medidas para prevenção de acidentes de trabalho. Embora a última atualização da Previdência Social seja de 2016, os riscos continuam os mesmos, e o que pode ter mudado são valores em relação a quantidade de acidentes. Foram elencadas diversas ideias de autores sobre os riscos e a importância de um trabalho de prevenção de acidentes de trabalho, riscos ergonômicos, social, psicológico e o físico dos trabalhadores em questão. Diante do exposto há necessidade de iniciar pela correção e então adotar a prevenção. Pôde-se perceber que existem vários estudos e idéias, ações de como é importante um trabalho de conscientização por parte de todos aqueles que fazem parte do trabalho desses grandes setores da economia brasileira. Também foram abordadas as responsabilidades dos trabalhadores, bem como de seus empregadores, amparados por leis e primando sempre pela qualidade de vida. Não foi motivo do estudo os custos para a empregadora, mas com a certeza de que trarão benefícios a todos os envolvidos visando sempre a preservação da vida. Para isso, o empregador deve pensar no trabalhador como chave principal de sua empresa, colocá-lo como parte integrante desse processo e, assim, tratá-lo com dignidade e propiciando-lhe qualidade de vida. Vale lembrar que, existem diversos estudos sobre a prevenção de riscos presentes nas situações de trabalho graças a formação de novos profissionais, com trabalhos repletos de informações que podem ser seguidas para minimizar os acidentes de trabalho estudados a que se interessar, além do cumprimento da legislação Referências: ALMEIDA et al. 2017. Efeitos de investir em segurança no trabalho nas redes varejistas de supermercados. Disponível em: < www.admpg.com.br/2017/down.php?id=2706&q=1>. Acesso em 14. nov. 2018. 17 ALVES, Getúlio Valadares. DDS - Atos Inseguros. 2018. Segurança do Trabalho na Net. Disponível em: < https://segurancadotrabalhonet.com.br/dds-atos-inseguros/>. Acesso em 14. nov. 2018. ATLAS EDITORA (Brasil) (Org.). Segurança e Medicina do Trabalho. 81. ed. São Paulo: Atlas, 2018. BENTO, Herbert. Riscos Ergonômicos dos trabalhadores dos Supermercados. DDS On-Line, 2018. 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