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1 Determinação de carboidratos nos alimentos ALM/FAFAR/UFMG Disciplina: Análise de Alimentos - ALM023 Curso: Nutrição - 4º período Coordenação: Profa. Raquel Linhares Bello de Araújo (Professor Adjunto) Participação: Cláudia Oliveira, Michely Capobiango, Verena Oliveira (bolsistas REUNI) Carboidratos � São poli-hidroxialdeídos, poli-hidroxicetonas, poli- hidroxiálcoois, poli-hidroxiácidos e seus derivados simples e polímeros desses compostos unidos por ligações hemiacetálicas (glicosídicas). Classificação dos carboidratos � Monossacarídeos: � carboidratos mais simples, que não podem ser hidrolisados a açúcares de menor peso molecular; � aldoses (poli-hidroxialdeídos) ou cetoses (poli-hidroxicetonas), divididas em trioses, tetroses, pentoses, hexoses, etc. dependendo do número de carbonos. Exemplo: glicose (aldohexose) e frutose (cetohexose). � Oligossacarídeos: � carboidratos de cuja hidrólise total resultam de duas a dez unidades de monossacarídeos. Exemplos: dissacarídeos - maltose (glicose+glicose), sacarose (glicose+frutose) e lactose (glicose+galactose), trissacarídeo – rafinose (glicose+frutose+galactose). � Polissacarídeos: � polímeros de alto peso molecular, formados por um grande número de monossacarídeos. Exemplo: amido (amilose + amilopectina). 2 Monossacarídeos – Aldoses e cetoses Dihidroxiacetona Cetose D-Gliceraldeído Aldose oticamente ativa mais simples Série D das aldoses: (L ou D depende da posição da hidroxila no último carbono quiral, + ou – indicam rotação óptica dextro ou levorotatória) Monossacarídeos - Aldoses D(+) Gliceraldeído D(-) Eritrose D(+) Treose D(-)Ribose D(+) XiloseD(-) Arabnose D(+) Lixose D(+)Alose D(-) GuloseD(+)Glicose D(+) GalactoseD(-)Altrose D(+)Manose D(-) Idose D(+)Talose Monossacarídeos – Estrutura � Estrutura da cadeia não é aberta. � Carbonila dos monossacarídeos (aldeídos ou cetonas) está ligada a uma das hidroxilas da mesma molécula = ligação hemiacetálica. � Compostos com 5 (furanose) e 6 (piranose) átomos de carbono no anel são os mais estáveis. Monossacarídeos - Estrutura � Ciclização ocorre por adição nucleofílica do grupo hidroxílico ao grupo carbonílico, com formação de novo centro quiral. � Hidroxila à direita na projeção de Fischer-Tollens fica para baixo na projeção de Haworth. � Nomenclatura α para hidroxila do C1 ou C2 do lado direito (ou para baixo na projeção de Haworth) e β para a hidroxila do C1 ou C2 do lado esquerdo (ou para cima na projeção de Haworth). 3 Monossacarídeos - Estrutura β-D-Glicose α-D-Glicose α-D-Frutoseβ-D-Frutose P ro je çã o d e F is ch e r- To lle n s P ro je çã o d e H a w o rt h Monossacarídeos - Estrutura Oligossacarídeos – Classificação dos dissacarídeos � Na ligação entre monossacarídeos, se os grupos hidroxílicos hemiacetálicos dos dois monossacarídeos estão envolvidos = açúcar não redutor. Exemplo: sacarose. � Na ligação entre monossacarídeos, se os grupos hidroxílicos hemiacetálicos de um dos monossacarídeos está envolvido = açúcar redutor. Exemplo: maltose, lactose. Sacarose Lactose Oligossacarídeos - Classificação dos dissacarídeos 4 Polissacarídeos � Amido: �unidades de glicose ligadas por α(1→4) (amilose), com ramificações ligadas em α(1→6) (amilopectina); � retém grandes quantidades de líquidos, forma soluções coloidais, agente espessante, gelificante ou estabilizante de emulsões. Importância FunçõesNutricional Adoçantes naturais Matéria-prima (fermentados) Ingrediente cereais Reológicas (vegetal) Escurecimento São os componentes mais abundantes e amplamente distribuídos na maioria dos alimentos Funções Alimento Carboidrato Frutas 6 - 12% de sacarose Milho e batata 15% de amido Trigo 60% de amido Farinha de trigo 70% de amido Condimentos 9-39% de açúcares Açúcar branco comercial 99,5% de sacarose Açúcar de milho 87,5% de glicose Mel 75% de açúcares Descoloração, resina trocadora de íons Clarificação Métodos � Preparo da amostra e eliminação de interferentes: �para que a análise seja feita de forma adequada, deve-se extrair os carboidratos que devem ser analisados, eliminando outros componentes que estão presentes; �é importante definir os carboidratos que serão analisados para escolher um método adequado de extração e eliminação de interferentes. 5 Clarificação � Clarificação: �baseada no princípio de que metais pesados precipitam substâncias coloidais. � Exemplos de clarificantes: � solução básica de acetato de chumbo (descolore a solução); � ácido tricloroacético (precipita proteínas e não descolore a solução); � sulfato de cobre (específico para lactose em leite); � ferrocianeto de potássio e sulfato de zinco (precipita proteínas e descolore). Clarificação � Características de um agente clarificante: �deve remover completamente a substância interferente, sem absorver ou modificar os açúcares; �um excesso razoável de clarificante não deve afetar o ensaio; � o precipitado deve ser pequeno; � procedimento relativamente simples. � [100 - umidade - cinzas - lipídeos – proteínas] Por diferença Carboidratos totais � Exclui a fração fibra alimentar Métodos de análise Carboidratos disponíveis � Lane-Eynon (Volumetria) � Muson-Walker (gravimetria) Métodos Espectrofotométricos � Antrona � Fenol-ácido sulfúrico � Ácido dinitrosalicílico � Somogyi-Nelson � Refratometria � Cromatografia em papel e camada delgada � CG e CLAE Método químicos Métodos ópticos e cromatográficos Métodos de análise 6 Métodos químicos � Métodos cuprométricos: � quando um açúcar redutor é tratado por uma solução alcalina, a quente, o açúcar é degradado e alguns dos seus produtos de degradação reduzem os íons cúpricos a um precipitado de óxido cuproso; � soluções de Fehling-Soxhlet. Solução A Solução B 34,64 g de CuSO4.5H2O + 0, 5 mL H2SO4 qsp 500 mL 173 g de NaKC4H4O6.4 H2O + 50 g NaOH qsp 500 mL Óxido cuproso (precipitado vermelho) Sulfato cúprico (solução azul) Tartarato duplo de sódio e potássio Métodos químicos Cuprotartarato de sódio e potássio Métodos químicos � Método de Lane-Eynon (Volumetria): � titulação da solução de Fehling-Soxhlet por uma solução padrão de glicose, ou de sacarose, após hidrólise; � titulação de outra alíquota da solução de Fehling-Soxhlet com a solução de açúcar proveniente do alimento que está sendo analisado; � utilização de uma solução de azul de metileno como indicador redox (azul em ambiente oxidante e incolores com agentes redutores); � a solução de Fehling-Soxhlet deve ficar em ebulição durante todo o tempo da titulação; � titulação rápida, no máximo 3 minutos, para que não haja decomposição dos açúcares. Métodos químicos � Inversão da sacarose - para análise de açúcares não redutores, como a sacarose, por exemplo, deve-se fazer a hidrólise de uma alíquota da solução de açúcar proveniente do alimento que está sendo analisado, por meio da adição de HCl a quente (entre 68 e 71 °C). � Determinação dos açúcares totais (após inversão da sacarose) e dos açúcares redutores (sem inversão da sacarose). Açúcares não redutores são obtidos por diferença. 7 Análise de carboidratos – método Fehling Métodos químicos � Método de Muson-Walker – reavaliado por Hammond (Gravimetria): �um excesso de solução de Fehling-Soxhlet, previamente aquecida, é adicionado de açúcar proveniente do alimento que está sendo analisado; �o precipitado de Cu2O é então filtrado, lavado, dessecado e pesado; �o peso do Cu2O é relacionado ao da glicose, ou de outro açúcar, na Tabela Hammond (AOAC, 1980).Métodos espectrofotométricos � Antrona: �a reação de antrona se baseia na ação hidrolítica e desidratante do ácido sulfúrico concentrado sobre os carboidratos; �quando a reação é levada a efeito com carboidratos com ligações glicosídicas, estas são hidrolisadas e os açúcares simples são desidratados para furfural ou hidroximetilfurfural; �essas substâncias se condensam com a antrona (9,10-dihidro- 9-oxoantraceno) dando um produto de coloração azul petróleo; �melhores resultados quando aplicado a soluções puras de hexoses; �preparo de curva de calibração. Glicose Frutose Hidroximetilfurfural Furfural Antrona COMPLEXO AZUL PETRÓLEO Métodos espectrofotométricos 8 Métodos espectrofotométricos � Fenol-ácido sulfúrico: � açúcares simples, oligossacarídeos, polissacarídeos e seus derivados reagem com fenol e ácido sulfúrico concentrado, dando uma coloração amarelo-alaranjado; � a reação do fenol também se baseia na ação hidrolítica e desidratante do ácido sulfúrico concentrado sobre os carboidratos; � quando a reação é levada a efeito com carboidratos com ligações glicosídicas, estas são hidrolisadas e os açúcares simples são desidratados para furfural ou hidroximetilfurfural; � simples, rápido, exato, específico, a cor produzida é estável e largamente aplicável para carboidratos; � não é específico para um determinado tipo de carboidrato, assim em misturas de carboidratos gera problemas da escolha de qual deles utilizar para fazer a curva de calibração. Glicose Frutose Hidroximetilfurfural Furfural Fenol COMPLEXO AMARELO- ALARANJADO Métodos espectrofotométricos Métodos espectrofotométricos � Ácido dinitrosalicílico: �o reagente 3,5-dinitrosalicilato de sódio é reduzido, por um açúcar redutor, a 3-amino-5-nitrosalicilato de sódio, que apresenta coloração vermelha; � é mais utilizado na análise de açúcares redutores provenientes da hidrólise enzimática de polissacarídeos; �preparo de curva de calibração. ácido 3,5- dinitrosalicílico açúcar redutor genérico ácido 3-amino-5- nitrosalicílico ácido aldônico Métodos espectrofotométricos � Somogyi-Nelson: �os açúcares redutores, reduzem o Cu2+ a Cu+; �os íons Cu+ reduzem um complexo arsenomolibdato, preparado pela reação entre molibdato de amônio e arsenato de sódio, a óxido de molibdênio, que apresenta uma cor azul intensa e estável; �preparo de curva de calibração. 9 • Isomeria Óptica: todos os monossacarídeos (exceto a diidroxiacétona) apresentam um ou mais carbono assimétricos, portanto exibem a propriedade de desviar o plano de luz polarizada. Polarimetria CHO l HCOH l CH2OH D(+) gliceraldeído CHO l OHCH l CH2OH L(-) gliceraldeído Lei estabelecida por Biot “A rotação de plano de polarização produzida por uma substancia ativa é proporcional ao peso da substâncias dissolvida na unidade de volume e à espessura da solução atravessada pela luz polarizada” ZERO DEXTROGIRO LEVOGIRO POLARÍMETRIA Ex: Qual é o peso da glicose contido em 100mL da solução e que, observado em tubo de 2dm, provocou desvio de 1,5 . D = 52,74 (poder rotatório específico) A = 1,5 P = peso E = espessura do tubo P = A x V D x E Poder rotatório de açúcares Açúcar Poder rotatório específico Açúcar invertido - 20,0 Amido e dextrina + 195,0 Arabinose + 104,5 Frutose - 92,5 Galactose + 80,5 Glicose + 52,5 Lactose hidrata + 52,5 Maltose + 138,5 Sacarose + 66,5 Xilose + 19,0 Métodos enzimáticos � Determinação de glicose, frutose e sacarose. � Uso de kits enzimáticos que estimam os açúcares. � Vantagens: especificidade extremamente alta que certas enzimas possuem por determinados açúcares 10 Métodos qualitativos de identificação 1. Reações coloridas provenientes da condensação de produtos de degradação dos açúcares em ácidos fortes com vários compostos orgânicos 2. As propriedades redutoras do grupo carbonila. 3. Reação de Molisch – positivo para todos os carboidratos, com o aparecimento de um anel de cor escura; 4. Reação de Seliwanoff – positivo para cetoses. 5. Reação de Barfoed – distingue monossacarídeos. Forma precipitado de cobre. 6. Reação de Lugol – positiva para amido. A cor azul identifica a presença de amido. Métodos cromatográficos � Separa os tipos de açúcares: � Cromatografia em papel; � Cromatografia em camada delgada; � Cromatografia em coluna; � Cromatografia gasosa; � Cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). 1- Padrão (G-F-S), 2- Nistose, 3- Cestose, 4- Melado, 5- M5.48h, 6- M50.24h, 7- M50.24h, 8- M50.48h, 9- M50.48h, 10- M50.48h, 11- M50.72h , 12- M50.72h. 11 Cromatografia líquida de alta eficiência - CLAE � Técnica cromatográfica (anos 70): � fase móvel – líquida � fase estacionária - líquidas ou sólidas, sendo as sólidas mais utilizadas. � Emprega alta pressão na separação dos componentes e é capaz de analisar em alguns minutos. � Determina vários compostos orgânicos inclusive os não voláteis e termicamente instáveis � Separação dos compostos da amostra pela afinidade com a FM e FE. � Reservatório FM ◦ Vidro mais utilizado ◦ FM deve ser tratada quanto: � Solvente Grau HPLC � Filtragem: filtro porosidade entre 2 a 5µm � Desgaseificação: aplicação de ultra-som, aquecimento, vácuo ou refluxo � Bomba de alta pressão � Fluxo da FM a uma alta pressão e constante � Medidor de pressão ◦ Otimizar a separação dos componentes da amostra ◦ Indicar problemas no sistema (entupimento ou vazamento) � Injetores da amostra � Microsseringas – baixa reprodutibilidade � Válvulas rotatórias – mais utilizada – contém um alça capilar amostradora (loop) que pode selecionar de 1 a 100µL, drenando o excesso. � Colunas � Pré-coluna* (entre a bomba e o injetor) � Reter impurezas da FM � Saturar a FM com o líquido da FE � Coluna de guarda (entre o injetor e a coluna analítica) � Mede de 2 a 5cm � Reter impurezas da amostra � Coluna analítica � Ser inerte � Ter diâmetro uniforme � Resistir ao ataque e pressão da FM � Material da coluna: aço inox, vidro reforçado e sílica fundida 12 � DETECTORES �UV\visível: absorção da luz UV ou visível pela amostra, quando nela passa radiação eletromagnética �Fluorescência: emissão de energia fluorescente de um soluto que foi excitado por radiação UV � Índice de refração: mede a diferença no índice de refração da FM e do eluente vindo da coluna �Arranjo de diodos: mesma característica UV\visível Método / cromatograma Métodos ópticos � Refratometria: �quando uma radiação eletromagnética incide sobre um meio, ela muda a direção, sendo refletida ou refratada; �a razão entre o seno do ângulo de incidência e o seno do ângulo de refração é chamada de refração, ou de índice de refração; �o índice de refração varia com o tipo de composto, a temperatura, o comprimento de onda da luz e a concentração do composto; �mantendo as três primeiras variáveis constantes, a concentração do composto pode ser determinada pelo índice de refração. = 20 100 D lc α α α=rotação angular de uma solução de um açúcar l=comprimento do tubo do polarímetro em dm c=concentração da solução de açúcar Métodos ópticos � Polarimetria: � compostos que contêm um átomo de carbono quiral, podem girar o plano da luz polarizada; � os carboidratos possuem um átomo de carbono quiral, apresentando atividade ótica e girando o plano da luz polarizado a um ângulo que varia com o tipo de composto, a temperatura, o comprimento do tubo onde está a solução, comprimento de onda da luz e a concentração do composto; � a concentração de um composto pode ser determinada a partir da rotação específica, desde que os outros fatores sejam mantidos constantes. Por exemplo: rotação específica a 20 ºC da glicose +52,7e da frutose -92,7. 13 Métodos cromatográficos � Podem ser utilizados para fracionar, isolar, identificar e determinar carboidratos em misturas complexas: � cromatografia em papel; � cromatografia em camada delgada; � cromatografia gasosa; � cromatografia líquida. Métodos cromatográficos � Cromatografia gasosa: �maior problema é a falta de volatilidade dos carboidratos; �derivação: o formação de peracetato de alditol a partir de aldoses e peracetato de ácido aldônico a partir de ácido urônicos; o formação de trimetilsilil-éter. Métodos cromatográficos � Cromatografia líquida: � é o método de escolha para análise de mono e oligossacarídeo, podendo ser utilizado para polissacarídeos após hidrólise; � análise quantitativa e qualitativa; � não requer derivação, mas requer micro filtração antes da injeção; � fases estacionárias: aniônicas, catiônica, normal ou reversa. Métodos cromatográficos � Cromatografia líquida: �detectores o índice de refração – é o mais utilizado; não pode ser utilizada eluição por gradiente; como este detector mede massa, ele não é sensível para baixas concentrações, o detector eletroquímico – baseia-se na oxidação dos grupamentos hidroxil e aldeído dos carboidratos; universalmente utilizado com cromatografia de troca aniônica; como requer um pH alto, deve-se fazer a adição de uma solução de hidróxido de sódio pós-coluna; pode ser utilizada eluição por gradiente.
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