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1 DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO CONSUMIDOR Graduação DIREITO DO CONSUMIDOR 51 U N ID A D E 4 TUTELA ADMINISTRATIVA E PENAL Estudamos nas unidades anteriores, os conceitos e princípios, os atos praticados pelo fornecedor de produto ou serviço e a forma de como esse produto ou serviço é colocado à disposição do consumidor. Veremos agora, a forma e método de fiscalização pelos órgãos estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), ao fornecedor de produto ou serviço, caso não esteja dentro dos dispositivos normativos especificados no CDC, bem como sua conseqüência prática pelo não-cumprimento. OBJETIVO DA UNIDADE: Verificar a forma e o método de fiscalização pelos órgãos estatais, ao fornecedor do produto ou serviço, que não se encontra dentro dos dispositivos normativos especificados no Código de Defesa do Consumidor, bem como sua conseqüência prática pelo não-cumprimento. PLANO DA UNIDADE: • Sanções administrativas • Tutela penal • Das infrações penais Bons estudos! UNIDADE 4 - TUTELA ADMINISTRATIVA E PENAL 52 SANÇÕES ADMINISTRATIVAS O Capítulo VII (Das Sanções Administrativas) encerra o Título I, disciplinando as sanções e infrações de cunho administrativo. São normas gerais destinadas aos entes federativos, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, revestindo-os de competência para regular e editar normas, cada um em sua área de atuação, sobre infrações e sanções administrativas nas relações de consumo. Essa competência, logicamente, é concorrente, diante do art. 55 do CDC. É oportuno frisar que o Poder de Polícia Administrativo nas relações de consumo se sujeita aos princípios do contraditório e da reserva legal, caracterizando-se pela discricionariedade na aplicação das penalidades. O Ministério Público tem atuação de natureza administrativa ou extrajudicial na defesa do consumidor. Outro ponto importante, é o fato das sanções administrativas poderem ser aplicadas cumulativamente às infrações penais e as de natureza civil, existindo, também, a possibilidade de imposição de contrapropaganda, custeadas pelo fornecedor, em decorrência de publicidade enganosa ou abusiva (art. 60). TUTELA PENAL Estudamos na unidade anterior (UNIDADE III – Práticas comerciais), a forma e os meios com o que os entes federados fiscalizam as práticas comerciais do fornecedor de produto ou serviço. Iniciaremos agora, o estudo das infrações penais praticadas pelo fornecedor de produto ou serviço, que tratam, na verdade, de crimes de perigo e são praticados através de conduta comissiva (pratica ação) ou omissiva (deixa de praticar certas condutas). DAS INFRAÇÕES PENAIS O Título II do CDC trata das infrações penais a que o fornecedor de produtos e serviços está sujeito quando praticar (crimes comissivos) ou deixar de praticar (crimes omissivos) certas condutas nas relações de consumo. Trata-se de crimes próprios em que o sujeito ativo é o fornecedor e o sujeito passivo é o consumidor ou equiparado. As condutas tipificadas pelo CDC constituem crimes de perigo, uma vez que não constitui elemento constitutivo do delito a ocorrência do efetivo dano ao consumidor. Basta a simples manifestação da conduta para caracterizar a ilicitude. Ato contínuo, além da responsabilidade penal, o fornecedor de produtos e serviços pode, de forma cumulativa, responder civil e administrativamente por seus atos. DIREITO DO CONSUMIDOR 53 As condutas comissivas ou omissivas, tipificadas no CDC, bem como as suas respectivas penas, estão previstas nos arts. 63 ao 74. O art. 76 traz as circunstâncias agravantes dos crimes ali tipificados, como prática de crime durante grave crise econômica, a prática de crime por servidor público, além de crimes que envolvam alimentos, medicamentos, produtos e serviços essenciais, dentre muitos outros. É importante observar que os crimes contra as relações de consumo não estão revistos somente no CDC, mas também em outras normas, como, por exemplo, no Código Penal e em leis especiais. Omissão de comunicação e de retirada do mercado (art. 64) Podemos classificar a conduta da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. Quanto ao objeto jurídico é direito do consumidor de proteção à vida, saúde e segurança, bem como informação adequada sobre os riscos que produtos e serviços apresentem (art. 6º, I e II), configurando a infração pela infringência do dever legal de comunicação às autoridades competentes acerca da nocividade ou periculosidade superveniente à colocação do produto mercado, bem como do dever de retirá-lo do mercado imediatamente, quando assim determinado. b) Sujeito Ativo. Pode ser qualquer fornecedor de produtos ou serviços que tenha conhecimento de nocividade ou periculosidade. c) Sujeito Passivo. O consumidor em geral, visto de forma difusa ou a “coletividade de consumidores”. d) Tipo Objetivo. O artigo contempla 2 (duas) formas de condutas: 1) a omissão de comunicação e; 2) omissão de retirada de produto nocivo ou perigoso do mercado. e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de praticar a omissão. Não existe a modalidade culposa. f) Consumação. Também de 2 (duas) formas: 1) com o conhecimento de nocividade ou periculosidade e a ausência de comunicação; 2) com a negativa de retirada imediata de produto nocivo ou perigoso já colocado no mercado. Não é admitida a tentativa. Execução de serviços altamente perigosos (art. 65). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. O direito do consumidor de proteção à vida, saúde e segurança (art. 6º, I). b) Sujeito Ativo. Qualquer fornecedor ou prestador de serviços que contrarie determinação da autoridade. UNIDADE 4 - TUTELA ADMINISTRATIVA E PENAL 54 c) Sujeito Passivo. O consumidor de forma geral (difusamente) e o exposto ao serviço. d) Tipo Objetivo. O tipo penal requer a prática de duas condutas: executar serviço altamente perigoso e contrariar determinação da autoridade competente. e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de executar o serviço altamente perigoso, ciente de estar contrariando a autoridade competente. Não existe a modalidade culposa. f) Consumação. Com o início da execução do serviço altamente perigoso, independente de resultado lesivo ao consumidor. Se ocorrer morte há concurso de crimes (parágrafo único). A forma tentada é possível, mas de difícil realização. Fraude em oferta (art. 66). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. Os direitos do consumidor de livre escolha e de informação adequada (art. 6º, II e III), regularizados nos arts. 30 e 31 do CDC. b) Sujeito Ativo. Qualquer fornecedor que oferece produtos e/ou serviços na forma descrita no artigo (1 – fazer afirmação falsa ou enganosa; 2 – omitindo informação relevante; 3 – patrocinando a oferta nas mesmas condições). c) Sujeito Passivo. Consumidor de forma geral (difusamente) e o exposto à oferta. d) Tipo Objetivo. São os núcleos previstos na norma (1 – fazer afirmação falsa ou enganosa; 2- omitindo informação relevante; 3 – patrocinando a oferta nas mesmas condições). e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de fazer a afirmação falsa ou enganosa, omitindo informação relevante ou patrocinando oferta sabendo ser fraudulenta. O art. 66, § 2º, previu a forma culposa. Entretanto, a conduta tipificada se perfaz através de ato unissubsistente, ou seja, se consuma com um só ato. f) Consumação. Quando divulgada ao público consumidor a ofertas nas condições acima mencionadas independentemente de resultado. A forma tentada é possível, mas de difícil comprovação. DIREITO DO CONSUMIDOR 55 Publicidade enganosa ou abusiva (art. 67). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. Os direitos do consumidor de livre escolha, correta informação, proteção contra a publicidade enganosa ou abusivae efetiva prevenção de danos patrimoniais e morais (art. 6º, II, III e VI), corporificados nos dispositivos do art. 37, §§ 1º, 2º e 3º. b) Sujeito Ativo. Os profissionais que cuidam da criação e produção de publicidade e os responsáveis pela sua veiculação nos meios de comunicação. c) Sujeito Passivo. O consumidor em geral (difusamente) e aquele exposto diretamente à publicidade enganosa ou abusiva. d) Tipo Objetivo. O tipo comporta 2 núcleos: 1) fazer (criar, executar) comportamento humano positivo diretamente ligado ao profissional publicitário; 2 – promover (diligenciar para que se efetue a publicidade enganosa ou abusiva), conduta atribuída aos responsáveis pela veiculação. e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de fazer ou promover a publicidade nas condições indicadas. f) Consumação. Fazendo ou com a veiculação da publicidade pelos meios de comunicação independente de resultado lesivo. Publicidade prejudicial ou perigosa (art. 68). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto jurídico. Os direitos do consumidor de informação correta, de proteção contra a publicidade abusiva e de efetiva prevenção de danos patrimoniais e morais (art. 6º, I, III, IV e VI), na forma do art. 37, § 2º. b) Sujeito Ativo. Os profissionais que cuidam da criação e produção da peça publicitária abusiva, prejudicial ou perigosa para o consumidor em geral (difusamente) ou individual. c) Sujeito Passivo. O consumidor em geral (difusamente) e aquele exposto à publicidade capaz de induzi-lo a comportar-se de forma prejudicial ou perigosa. d) Tipo Objetivo. São os mesmos do art. anterior (fazer, promover). e) Tipo Subjetivo. É dolo direto e consiste no saber e a culpa sem previsão (deveria saber). f) Consumação. Com a veiculação (fazer e promover) da publicidade, mesmo que o consumidor não seja induzido. UNIDADE 4 - TUTELA ADMINISTRATIVA E PENAL 56 Omissão na organização de dados (art. 69). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. Os direitos do consumidor de informação adequada, proteção contra publicidade enganosa e abusiva e reparação de danos patrimoniais e morais (art. 6º, III, IV e VI). b) Sujeito Ativo. O fornecedor anunciante de produtos ou serviços e que tem o dever legal de organizar dados (art. 36, parágrafo único). c) Sujeito Passivo. O consumidor em geral (difusamente) e o interessado nos dados organizados pelo fornecedor. d) Tipo Objetivo. O descumprimento do parágrafo único do art. 36. Pune-se a omissão. e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de não fazer, de não providenciar a organização dos dados. Inexiste a punição a título de culpa. f) Consumação. No exato momento em que se deveriam ter sido organizados os dados e não o foram. Não se admite a forma tentada. Emprego não autorizado de componentes usados (art. 70). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. O direito do consumidor de obter reparação de produto mediante utilização de componentes de reposição adequados e novos (art. 21), já que aqueles lesados só podem ser empregados com sua autorização. Busca-se proteger o patrimônio do consumidor. b) Sujeito Ativo. Qualquer fornecedor ou prestador de serviços, admitindo-se que pelo delito venha a responder o técnico da empresa prestadora de serviço, que, sem autorização, tenha utilizado peça ou componente usado. c) Sujeito Passivo. O consumidor ludibriado. d) Tipo Objetivo. Desrespeito à norma contida no art. 21, por meio da conduta de empregar (utilizar) produtos, peças ou componentes usados, sem autorização do consumidor. e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de utilizar peças e componentes usados, sem que, para tanto, esteja autorizado pelo consumidor. Não há conduta culposa por não estar previsto em lei. DIREITO DO CONSUMIDOR 57 f) Consumação. Com a conclusão da reparação do produto em que foram empregadas peças ou componentes usados. Admite- se a tentativa. Cobrança vexatória de dívidas (art. 71). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. Os direitos do consumidor de proteção da vida, saúde e segurança, bem como contra práticas abusivas e métodos comerciais coercitivos desleais (art. 6º, I e IV). Busca- se proteger a sua vida privada em face de meios vexatórios e constrangimentos que possam vir a sofrer no momento da cobrança de dívidas. b) Sujeito Ativo. Qualquer pessoa que venha a efetuar ou determinar a cobrança de dívidas mediante o uso dos meios vexatórios definidos no tipo. c) Sujeito Passivo. Qualquer consumidor exposto ao ridículo ou molestado, de forma injustificada, por ocasião da cobrança de dívida de sua responsabilidade. d) Tipo Objetivo. É a utilização, na cobrança de dívidas, de meios vexatórios consistentes na ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira em seu trabalho, descanso e lazer. e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de utilizar os meios vexatórios descritos na cobrança de dívidas. Não existe punição a título de culpa. f) Consumação. Com a efetiva utilização dos meios vexatórios na cobrança de dívidas independentemente do resultado. É admissível a tentativa. Impedimento de acesso a informações cadastrais (art. 72). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. Os direitos do consumidor de proteção contra práticas abusivas (art. 6º, IV) e de acesso a informações cadastrais (art. 43). b) Sujeito Ativo. Qualquer pessoa que tenha o dever de fornecer as informações cadastrais ao consumidor, como, por exemplo: arquivistas responsáveis por cadastros de dados, bancos de dados, fichas e registros, e impeça ou dificulte o acesso do consumidor às informações que lhe dizem respeito. c) Sujeito Passivo. Qualquer consumidor interessado nos dados existentes a seu respeito. UNIDADE 4 - TUTELA ADMINISTRATIVA E PENAL 58 d) Tipo Objetivo. A ação alternativamente prevista é impedir (embaraçar, obstruir) ou dificultar (tornar difícil, colocar impedimentos) o acesso do consumidor às informações sobre ele existente e cadastros. e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de impedir o acesso às informações. Não existe a modalidade culposa. f) Consumação. Quando o agente nega ou dificulta o acesso às informações, após solicitação do consumidor. Não é admitida a tentativa. Omissão na correção de dados inexatos (art. 73). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. O direito do consumidor de obter correção de informação inexata (art. 43, § 3º), o qual pode lhe causar transtornos na vida pessoal em seu crédito. b) Sujeito Ativo. O arquivista ou responsável pelo cadastro, banco de dados, fichas ou registros. c) Sujeito Passivo. Qualquer consumidor interessado na correção de informações inexatas a seu respeito. d) Tipo Objetivo. É a omissão em corrigir, imediatamente, informação inexata sobre o consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros. e) Tipo Subjetivo. Dolo direto (sabe) e a culpa sem previsão (deveria saber). f) Consumação. Com a recusa do arquivista ou responsável em promover a correção da informação inexata. Omissão na entrega do termo de garantia (art. 74). Classifica-se da seguinte forma: a) Objeto Jurídico. Assegurar efetividade à garantia contratual prevista no art. 50 e parágrafo único, buscando com isso resguardar reflexamente o patrimônio do consumidor. b) Sujeito Ativo. Qualquer fornecedor de bens de consumo duráveis que deixa de entregar ao consumidor o termo de garantia previsto no art. 50. c) Sujeito Passivo. Qualquer consumidor de bens de consumo duráveis ao qual se outorga garantia contratual. d) Tipo Objetivo. É a omissão na entrega ao consumidor do termode garantia contratual, devidamente preenchido, no ato em que é efetuada a venda de produto ou a prestação de serviço. DIREITO DO CONSUMIDOR 59 e) Tipo Subjetivo. O dolo consiste na vontade livre e consciente de omitir-se na providência de entregar o termo de garantia devidamente preenchido. (Não há a forma culposa). f) Comsumação. Com a venda e entrega ao consumidor de bens e consumo duráveis, desacompanhado do termo de garantida contratual. Não é admitida a forma tentada. Estudamos nessa unidade a tutela penal das condutas praticadas pelo fornecedor de produto ou serviço, ou seja, a sua criminalização pela prática de ato considerado pelo CDC como criminoso. É HORA DE SE AVALIAR! Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Na unidade seguinte estudaremos a Tutela Jurisdicional, ou seja, quais as formas e os meios que o consumidor ou até mesmo os órgãos poderão invocar do Estado a sua pretensão.
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