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Apostila de História e Patrimônio Histórico Cultural para o curso de Turismo 2019 (1)

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Por que e como o Brasil foi descoberto?
Introdução
Acreditando que a História do Brasil é muito mais do que os livros nos mostram, estudaremos agora um descobrimento do Brasil, um pouco diferente, pois iremos conhecer os motivos e interesses pelos quais foi “descoberto”, e não somente como e por quem foi “descoberto”.
Situação geral da Europa no fim do Feudalismo (Pré-Capitalismo).
Como todo mundo sabe (ou devia saber), durante a Idade Média, quase toda a Europa viveu dentro de um sistema chamado, Feudalismo, onde predominava a figura do senhor feudal, que devia fidelidade ao rei. Na realidade isto não acontecia, o senhor feudal era quase independente, pois possuía grande poder sobre os habitantes do feudo, ou seja, os servos.
Essas regiões chamadas de feudos viviam principalmente da agricultura, sendo o trabalho na lavoura realizado pelos servos. Como cada feudo produzia para suas próprias necessidades, quase não havia comércio entre eles.
Com o aumento da população dos feudos, a produção agrícola tornou-se insuficiente. Por esse motivo muitos camponeses (servos) se refugiaram em cidades e vilas, sendo que a maioria desses indivíduos começou a produzir artigos manufaturados ou a vender os mesmos, visando obter lucro, o que fez surgir assim uma nova classe social, a burguesia, que posteriormente se uniu aos reis e dissolveram o Feudalismo.
A crise do crescimento comercial.
Após quase um século (séc. XIV) de fome, peste, guerras, a economia européia retomou o crescimento iniciado com as Cruzadas. Mas em meados do séc. XV começaram a surgir obstáculos a esse processo, gerando uma crise de crescimento. Mas que crise foi essa? Quais foram suas razões?
1ª razão: inadequação entre dois sistemas antagônicos, o feudal (zona rural) e o capitalista (zona urbana). Esta inadequação sobrevivia diante de dois problemas sérios: a produção agrícola estagnada devido ao sistema servil, extremamente arcaico, que impedia o mesmo de abastecer os centros urbanos e a produção artesanal urbana não encontrava consumidores na zona rural. Isto gerava graves tensões sociais nas cidades. (Exemplo, Revolta de Flandres 1323 e 1328)
2ª razão: relação com o mercado internacional que era alimentado pelos produtos orientais. Esses produtos percorriam longos trajetos, controlado pelos árabes, cidades italianas e guildas mercantis. O grande número de intermediários encarecia esses produtos, enquanto os senhores, os principais consumidores, tinham suas rendas drenadas pela crise do feudalismo.
3ª razão: a falta de moedas, escoadas para o Oriente em pagamento de especiarias, dificultando o crescimento do comércio e forçando a busca de metais preciosos.
Havia, portanto, uma verdadeira camisa-de-força contendo a expansão econômica. Como solucionar a crise? Através da expansão marítima, que abriria novos mercados ou conseguiria novas rotas para os mercados do Oriente. Esses problemas econômicos seriam solucionados desde que se encontrasse:
Mercados fornecedores de produtos alimentícios e consumidores de produtos artesanais;
Fornecedores de especiarias a preço baixo, permitindo a ampliação do consumo principalmente para as camadas mais baixas;
Fornecedores de metais preciosos, para aliviar as faltas de moedas.
Resumindo a expansão comercial e marítima dos tempos modernos foi, acima de tudo, resultado direto da crise de crescimento da economia européia, baseada no antagonismo entre Feudalismo em transformação e Capitalismo em formação (Pré-Capitalismo).
Expansão marítima na Península Ibérica.
Com a dinastia de Avis começou verdadeiramente o absolutismo monárquico em Portugal. Graças ao grande poder dos reis portugueses desse período, os quais eram apoiados pela burguesia, Portugal tomou-se a maior potência européia do século XV, essa expansão marítima interessava principalmente a burguesia lusitana pelos seguintes motivos:
No começo do século XV os produtos que obtinham maior valor comercial eram as especiarias. Tais especiarias vinham do Oriente (principalmente das Índias) para a cidade de Constantinopla. Ali eram recolhidas pelos navios italianos, os quais se encarregavam de distribuir para a Europa, ou seja, possuíam o monopólio deste comércio por todo o continente europeu. Logicamente, a burguesia lusitana se interessava por este comércio tão lucrativo. E a única forma de fazê-lo era quebrar o monopólio genovês e veneziano, descobrindo um novo caminho para as Índias.
Mas o grande problema era o tão falado caminho novo para as Índias, pois o Oceano Atlântico, nesta época, era chamado de Mar Tenebroso, que assustava a grande maioria dos navegantes que temia os lendários monstros e o imenso precipício na borda do mundo, mas usando de muita cautela, começaram a navegá-lo, auxiliados por novos inventos que vieram facilitar tais viagens.
Dos filhos do rei português D. João I, o infante D. Henrique (detentor dos recursos da Ordem de Cristo que investia na expansão) foi quem mais se destacou, pois foi o grande impulsionador das navegações portuguesas, sendo que seus principais feitos foram fundar a escola de navegação em Lisboa, chamada Ponta de Sagres e organizar as primeiras navegações portuguesas.
Começaram assim as grandes navegações portuguesas. Várias foram as expedições que contornavam a África e chegavam às Índias comprando as especiarias direto dos produtores e levando essas para Portugal, ganhando até 6000% de lucro e ai já podemos ver que as grandes navegações não foram estas coisas lindas que dizem os livros de História, existiam interesses mesquinhos visando um lucro fora do comum.
Em 1453, Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos, o que marcou a mudança da Idade Média para Idade Moderna, pois este fato mudou os rumos do comércio, pois os turcos fecharam o Mar Mediterrâneo interrompendo o comércio dos italianos com Constantinopla e a Europa, dando espaço assim, para os portugueses explorarem ainda mais esses novos caminhos para às Ìndias.
Descobrimento da América.
Enquanto os portugueses como Bartolomeu Dias e Vasco da Gama contornavam a África, em busca de uma passagem para o Oriente, os espanhóis pretendiam também alcançar aquela região. Interessados em participar deste lucrativo comércio, não tinham, entretanto, uma pessoa como o infante D. Henrique para impulsionar esses projetos, então decidiram adotar o projeto do geógrafo ToscaneIli: navegando sempre para o Ocidente (Oeste), dar-se-ia a volta na Terra, alcançando assim o Oriente! Mas é claro que este projeto era baseado na esfericidade da Terra que na época não era comprovada.
Esse projeto era defendido por um navegador genovês chamado Cristóvão Colombo, que contratado pela Espanha, organizou uma pequena esquadra de três navios e finalmente em 1492, descobriu a América. Mas Colombo pensava que havia encontrado um novo caminho para o Oriente quando desembarcou nas Antilhas e que era só procurar mais um pouquinho que acharia às Índias. O final de Colombo foi humilhante, pois morreu esquecido, sozinho e sem chegar lá.
Mas a Espanha não desanimou e outras expedições foram até a América descoberta por Colombo, onde extraíram grande quantidade de metais preciosos, obtendo a hegemonia da Europa. Daí as diferenças na forma de organização do comércio colonial dos impérios português e espanhol. Os lucros eram enormes, todo ano uma frota partia de Sevilha para o México e voltava carregada de metais preciosos. A hegemonia espanhola na Europa, com a abundância de metais, inflacionou os preços.
Será que fomos encontrados ou descobertos?
O mais interessante é que poucos livros de história relatam a existência de um desconhecido navegador lusitano, chamado Duarte Pacheco, e mandado pelo rei português praticamente seguiu o projeto de navegação de Colombo só com uma diferença, faria a mesma rota se dirigindo mais ao sul, chegando ao Brasil em 1498. Isto nos mostra claramente os motivos pelos quais os portugueses bateram tanto o pé na aprovação do Tratado de Tordesilhas, pois na verdadejá sabiam da existência de terra naquela região.
Após a aprovação do Tratado de Tordesilhas e a certeza da existência de terra além mar, Portugal organizou uma esquadra maior e comandada por Pedro Álvares Cabral, que partiu do Rio Tejo em 09 de março de 1500, após grandes solenidades às quais compareceu o próprio rei, D. Manuel. A grande esquadra era formada por 13 naus, 1.200 homens e oito religiosos franciscanos. O comandante Pedro Álvares Cabral, deveria executar várias incumbências, sendo as mais importantes: dirigir-se às Índias para estabelecer novos contatos comerciais, com o intuito de dominar a região e em uma missão secreta, confirmar a existência de terras a oeste da África, estabelecendo o domínio português na região.
Durante a viagem, perdeu-se uma nau, comandada por Vasco de Ataíde. Dali por diante, a frota navegou normalmente, conforme escreveu Pero Vaz de Caminha no diário de bordo: “[...] e assim seguimos por este mar longo [...] até que topamos alguns sinais de terra”. Estes sinais foram encontrados no dia 21 de abril. No dia 22 de abril de 1500, no litoral do atual estado da Bahia, os navegadores avistaram um que Cabral denominou Monte Pascoal (isto porque era época da Páscoa), este fato oficializou a data do Descobrimento do Brasil.
Supondo que a terra encontrada fosse uma ilha, Cabral deu-lhe o nome de Ilha de Vera Cruz. por volta de 1510, é que os portugueses começaram a chamá-la de Brasil, devido a grande quantidade de madeira vermelha (pau-brasil) aqui existente.
Os navegadores permaneceram no Brasil até o dia 02 de maio, voltando com uma enorme decepção. Aparentemente não havia especiarias, nem ouro, nem prata, nem qualquer outra espécie de metal. Na verdade, a terra era fértil, bonita, mas nada de riquezas imediatas.
Os portugueses não confundiram o continente americano com as Índias, tal como fizera Colombo, pois estavam certos de ter encontrado a Ilha Brasil, figurava nos mapas herdados da Idade Média. O descobrimento do Brasil até hoje é uma grande charada aos historiadores, pois existem diversas teorias a este respeito. A teoria a tradicional diz que após uma grande tempestade, a esquadra de Cabral desviou-se sem querer de sua rota estabelecida chegando ao Brasil. Porém duas questões relacionadas ao descobrimento provocam muitas dúvidas e discussões: outros navegadores estiveram no Brasil antes de Cabral. Há indícios bastante fortes que além de Duarte Pacheco (1498) e Américo Vespúcio (1499), o espanhol Vicente Yañes Pinzón esteve em terras brasileiras antes de Cabral. A questão da casualidade ou da intencionalidade do descobrimento: sabiam os portugueses da existência do Brasil ou Cabral chegou aqui por acaso, desviando-se de uma rota para a Índia?
Há argumentos a favor das duas hipóteses. Parece, entretanto, que portugueses, se não tinham certeza ao menos desconfiavam da existência de terras neste lado do Atlântico. Caso contrário como se explicaria a insistência do rei de Portugal em aprovar o Tratado de Tordesilhas.
Mas o que é notório são os objetivos de Cabral: estabelecer o domínio sobre a parte do Oceano Atlântico já pertencente a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas e as possíveis terras nela existentes, procurando implantar bases de operações que facilitassem as viagens para as Índias e dar continuidade às relações políticas comerciais com o Oriente, iniciadas por Vasco da Gama.
Os primeiros tempos da política colonizadora portuguesa.
Introdução.
Quando o Brasil foi descoberto, a Coroa Portuguesa esperava encontrar metais preciosos na nova terra. Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Cabral, em sua carta inaugural sobre o descobrimento, já informava ao Rei que não podia saber se aqui havia ouro, prata, coisa de metal ou ferro. Contudo, o escrivão também afirmava que de tal maneira era graciosa a terra que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.
Após o descobrimento, a América Portuguesa, sem ouro e sem prata, e apesar de tão graciosa, ficou praticamente abandonada durante trinta anos.
Naquele momento, o que interessava a Portugal era a troca de mercadorias sem investimentos na empresa colonizadora, como acontecia no Oriente.
O comércio oriental, o chamado sistema asiático de colonização, se fazia por meio de três modalidades: por conquista, sem taxas e sem ônus; por contratos perpétuos com os reis e senhores da terra; pelas trocas com os nativos. Logo após o descobrimento da America Portuguesa aplicou-se aqui a primeira modalidade do sistema asiático de colonização. Foram construídas algumas feitorias ao longo da costa nas quais se explorava o pau-brasil, único símile das mercadorias orientais que os portugueses haviam encontrado nessa nova terra. Essa madeira era usada para a construção de navios e dela se extraía, com a utilização do trabalho indígena, uma tinta vermelha corante de tecidos. Foram também levantados alguns poucos engenhos que, nesses primeiros tempos, não tiveram muita importância.
Para a exploração do pau-brasil, foi instaurado o monopólio real, arrendado a Fernão de Noronha que deveria, com os lucros do contrato, prosseguir nas descobertas e organizar a defesa da costa.
O interesse no pau-brasil, produto bem-sucedido no mercado europeu, aguçou a cobiça de estrangeiros que passaram a fazer incursões nas costas da América Portuguesa, contrabandeando a madeira.
Essas incursões tornaram-se tão freqüentes, que a Coroa passou a temer pela posse de sua colônia. Além dessa preocupação, os lucros do comércio oriental vinham declinando gradativamente, apontando para a necessidade de obtenção de novas fontes de renda para a Coroa.
Foi nessa conjuntura que O. João III, rei de Portugal, e seus conselheiros consideraram seriamente a necessidade de iniciar a colonização sistemática da nova terra. Em 1530, D. João III enviou para a América Portuguesa Martim Afonso de Sousa, no comando de uma expedição composta por cinco navios e mais de 400 homens, que, além do propósito de defesa do litoral contra os navios estrangeiros, devia fundar vilas e pontos fortificados na costa, estabelecendo as primeiras bases permanentes de ocupação do território.
A obra descentralizadora:as capitanias hereditárias.
Os portugueses dividiram a terra compreendida entre o litoral e a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas em capitanias hereditárias. E por que hereditárias? Porque, por direito, passavam de pai para filho. Os donatários tinham outros direitos e deveres que eram estipulados nos dois estatutos jurídicos que regeram esse sistema: as cartas de doação e os forais. Entre os deveres mais importantes dos donatários estava o de distribuir as sesmarias — terras para o cultivo agrícola — para todos os cristãos que as solicitassem “sem dízimo ou foro algum além do da Ordem de Cristo”. Essas sesmarias caracterizaram o regime de terras utilizado na América Portuguesa.
Doze donatários receberam 14 capitanias em 15 parcelas: uma das capitanias tinha dois quinhões de terra e dois donatários receberam duas capitanias.
Esse sistema não era novo. Já havia sido aplicado por Portugal nas ilhas das costas africanas, mas era a primeira vez que se estabelecia o sistema de capitanias hereditárias em um território de dimensões continentais.
As capitanias foram doadas a donatários que, em geral, pertenciam à nobreza de serviço já associada aos empreendimentos governamentais da Ásia. O sucesso ou fracasso dessa iniciativa foi amplamente discutido pelos historiadores, e a resposta mais correta é que, do ponto de vista da colonização, houve resultados parcialmente positivos. Quanto aos resultados obtidos nos primeiros anos, isto é, entre 1534-1536, quando foram concedidas quatorze capitanias e, em 1549, quando foi instalado o Governa Geral, elas podem ser agrupadas em quatro categorias:
Três capitanias em que não houve tentativas de colonização: Ceará, ilhéus e Santana
Quatro capitanias em que houve tentativa fracassada, antes ou após a instalação: duas no Maranhão, Rio Grande e SãoTomé. Neste caso chegou a haver instalação de vilas, destruídas pelos indígenas.
Cinco capitanias em que houve colonização, embora precária, Itamaracá, Bahia, Porto Seguro, Espírito Santo e Santo Amaro.As principais dificuldades destas capitanias foram os conflitos com os índios e as dissensões entre os colonos ou destes com donatários.
Duas capitanias em que a colonização se consolidou desde os primeiros anos: São Vicente e Pernambuco. Nestas, apesar da existência dos mesmos fatores que impediam ou prejudicavam o desenvolvimento das demais, influíram favoravelmente o maior afluxo de investimentos conseguidos por seus donatários e o maior número de colonos.
A maior riqueza concentrou-se em Pernambuco, onde havia boa quantidade de pau-brasil, cuja exploração garantia retomo rápido do capital, e solo muito mais favorável ao cultivo da cana do que o de outras capitanias, inclusive São Vicente.
No final da década de 1540, o rei dom João III criou o Governo Geral, fato que já foi interpretado como reconhecimento do fracasso das capitanias e até da sua extinção. Não é verdade. Os donatários enfrentaram, nessa época, dificuldades sérias, que variavam de acordo com as respectivas capitanias: falta de recursos financeiros e de colonos, hostilidade dos indígenas, dificuldades de contato com a Europa, ataques estrangeiros [...]
Em 1548, quando dom João III criou o Governo Geral com sede na Bahia o objetivo foi coordenar a colonização, dando apoio aos donatários, mas não extinguindo o mesmo sistema.
A obra centralizadora: O governo Geral.
“Eu, o rei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa, que vendo eu quanto serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as capitanias e povoações das terras do Brasil e dar ordem e maneira com que melhor e seguramente se possam ir povoando, para exalçamento da nossa Santa Fé e proveito dos meus reinos e senhorios, e dos naturais deles, ordenei ora de mandar nas ditas terras fazer uma fortaleza e povoação grande e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras povoações e se ministrar justiça e prover nas coisas que cumprirem a meu serviço e aos negócios de minha fazenda e a bem das partes; e por ser informado que a Bahia de Todos os Santos é O lugar mais conveniente da costa do Brasil para se poder fazer a dita povoação e assento, assim pela disposição do porto e rios que nela entram, como pela bondade, abastança e saúde da terra e por outros respeitos, hei por meu serviço que na dita Bahia se faça a dita povoação e assento, e para isso vá uma armada com gente, artilharia, armas e munições e todo mais que for necessário. E pela muita confiança que tenho em vós, que em caso de tal qualidade e tal importância me sabereis servir com àquela fidelidade e diligência que se para isso requer, hei pôr bem de vos enviar por governador às ditas terras do Brasil ...“
Tomé de Sousa, o primeiro governador geral, devia, além das atribuições já apresentadas no documento, controlar a exploração do pau-brasil; defender a América Portuguesa das invasões estrangeiras e dos ataques dos indígenas; promover o povoamento das terras e, principalmente, coordenar o governo das capitanias, evitando, tanto quanto possível, a desobediência e os tumultos dos vassalos.
O Governo Geral ficou sediado na Bahia, capitania cujo capitão-donatário havia sido morto pelos índios e que se tornou a primeira capitania real. Era uma instituição diretamente ligada à Metrópole, composta pelo governador geral, pelo provedor-mor, responsável pelos negócios da Fazenda Real (finanças) e pelo ouvidor-mor, que devia cuidar da justiça na América Portuguesa. Com a instalação do Governo Geral, os donatários perdiam os poderes exclusivos em relação à cobrança dos impostos reais, à justiça e à defesa do território.
Tomé de Sousa aportou na América Portuguesa em 1549, encarregado de relacionar-se com os indígenas e regulamentar seus contatos com os vassalos do rei. Tão logo chegou, fundou a cidade de Salvador, redistribuiu terras de sesmaria, porções de terras doadas aos cristãos para a prática da agricultura, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar, reforçou a defesa e estimulou o reconhecimento do território. Favoreceu, ainda, a ação missionária da Igreja, realizada pelos jesuítas, que chegaram com ele, em 1549, liderados por Manuel da Nóbrega.
Os sucessores de Tomé de Sousa continuaram enfrentando os indígenas e combatendo os estrangeiros que cobiçavam as novas terras portuguesas. Mesmo assim, em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro e, aliados aos tamoios, fundaram a França Antártica. A invasão havia sido proposta pelo fidalgo e militar Villegaignon ao rei francês Henrique II, com o objetivo de estabelecer o domínio francês no Brasil e ter um lugar onde os dissidentes religiosos pudessem refugiar-se.
A política colonizadora e os indígenas.
Entre os povos indígenas brasileiros foram os tupi-guaranis, que falavam a língua geral do Brasil, congregados em sociedades no litoral, os que estiveram em contato direto com os portugueses, franceses e castelhanos desde o Maranhão até Santa Catarina, no início da colonização.
A primeira atividade econômica da América Portuguesa, (pau-brasil), o trabalho indígena foi utilizado por meio do escambo isto é troca de seu trabalho por mercadorias baratas, como ornamentos, espelhos e outras quinquilharias. Nas unidades açucareiras, o trabalho indígena foi empregado no século XVI, até ser substituído pelo escravo africano.
A partir de 1554, algumas tribos indígenas reagiram ao apresamento, lutando principalmente contra os bandeirantes, responsáveis pela sua captura, episódios que ficaram conhecidos como Guerra dos Bárbaros. Os portugueses reagiram violentamente, especiais após a implantação do Governo Geral em 1548.
O Regimento de Tomé de Souza, primeiro Governador-Geral do Brasil, determinava expressamente a submissão aos portugueses dos indígenas revoltados.
O mesmo aconteceu com os demais governadores-gerais. Duarte da Costa foi responsável por massacres de aldeias indígenas próximas de Salvador entre 1555 e 1558. Mem de Sã, na Guerra do Paraguaçu, destruiu mais de uma centena de aldeias.
Além da violência dos portugueses, mais bem armados e com grande poder de destruição, os indígenas foram vítimas de doenças às quais, por serem inexistentes na nova terra, eles não tinham imunidade. Uma simples gripe podia matar milhares de índios. Mas foi o surto de varíola o responsável pela morte, em 1562, de cerca de 30 000 índios em menos de três meses. A doença atingiu principalmente os índios “reduzidos”, isto é, subjugados ou sob os cuidados dos catequistas.
A catequese.
Muito embora o Concílio de Trento, importante instrumento da Reforma Católica, não tenha dado destaque à expansão católica no além-mar, uma vez que a Igreja Católica estava mais preocupada com o avanço do protestantismo na Europa e com a ameaça turca no Mediterrâneo, a expansão do catolicismo esteve presente desde o início da obra colonizadora ibérica, estimulada pelos reis que exerciam controle absoluto sobre as igrejas espanhola e portuguesa.
Entretanto, um dos resultados da primeira fase do Concílio de Trento foi a criação da Companhia de Jesus, a chamada “milícia papal”, que trouxe as diretrizes da Reforma Católica para a América Portuguesa.
Os jesuítas, que chegaram em 1549, sentiam-se responsáveis por uma missão salvacionista: salvar os indígenas da vassalagem ao demônio, explicitada nos seus atos licenciosos, na sua nudez e nos seus costumes cotidianos.
A catequese jesuítica buscou integrar os indígenas no universo cristão, casando-os, vestindo-os e livrando-os da vida promíscua que levavam, conforme o entendimento do espírito tridentino. Os jesuítas usaram diversas estratégias para catequizar os indígenas. Uma das mais importantes foi o teatro. O Auto de São Lourenço, do Padre Anchieta, por exemplo, representava dois chefes indígenas, que haviam lutado ao lado dos franceses no Rio de Janeiro — Guaixard e Aimbírê— como dois diabos, que penavam no fogo do inferno. Essa teatralização do mal — incorporado nos indígenas rebeldes ou nos que se recusavam a aceitar a doutrina cristã— atemorizava os indígenas, fazendo-os obedecer aos jesuítas.
Era a dificuldade de entender os costumes indígenas e as suas tradições que levava os jesuítas a demonizarem os nativos. Os portugueses sequer conseguiam entender a hierarquia política dos indígenas porque, como afirmou um cronista, “não têm Rei, antes, em cada aldeia e casa há seu Principal”.
Entre os indígenas, havia três níveis distinto de liderança política: os chefes das malocas; os chefes das aldeias e as lideranças supra-aldeias, que se formavam, em geral, quando havia a necessidade de aliança contra um inimigo comum.
As principais fontes de autoridade provinham da capacidade do chefe em mobilizar os guerreiros, da oratória e do conhecimento das tradições, já que todas as ações dos indígenas eram executadas de acordo com o que havia sido estabelecido no passado. Nessa medida, a preservação das tradições foi (e é) um elemento crucial na construção da identidade coletiva dos povos indígenas, assim como a organização da sua vida material e social.
As Câmaras: órgãos de poder local.
 As Câmaras, instaladas nas vilas e cidades da América Portuguesa, foram os únicos órgãos de poder local de todos os que foram transplantados de Portugal. Por isso, tiveram uma importância singular. Os membros das Câmaras deviam ser escolhidos entre os chamados “homens bons” das localidades, isto é, homens brancos, proprietários e que tivessem proeminência nas vilas. Também os eleitores deviam ser homens bons. Mas nem sempre isso acontecia. Muitas vezes, os membros da Câmara foram açougueiros, sapateiros, alfaiates e outros praticantes de ofícios variados nas vilas. Até mulatos pertenceram às Câmaras, muito embora esse fato fosse categoricamente proibido.
A Câmara era composta pelos chamados oficiais: dois juízes ordinários que exerciam, em meses alternados, a função de seu presidente; três vereadores, um procurador e seu escrivão, além de contar com contínuo, tesoureiro e alcaide. Os juízes ordinários eram responsáveis pela justiça na vila e eram auxiliados por três tabeliões e um escrivão. Os camaristas nomeavam o juiz almotacel, responsável pela fiscalização do comércio dos gêneros de primeira necessidade, pela higiene e limpeza públicas; e o juiz de vintena, com jurisdição nas freguesias do termo (equivalente ao território do município) e que tinham atribuições iguais aos juízes ordinários, mas com alcance menor.
As Câmaras foram criadas como órgãos de colaboração da Coroa, mas, quase sempre, conquistaram um grande grau de autonomia. Acabaram por institucionalizar, na comunidade, o poder que os proprietários exerciam em suas terras, nas suas minas ou em seus negócios.
Apesar de as Câmaras muitas vezes trazerem problemas para as autoridades metropolitanas, era necessário elevar os arraiais a vilas, para tornar a ordem social mais previsível, cobrar com mais eficiência os impostos e urbanizar a América Portuguesa.
Aliás, não foram só os oficiais das Câmaras que conquistaram grande autonomia. Os ministros portugueses, que vinham para a América Portuguesa e deviam cega obediência ao soberano, viviam desafiando as ordens da metrópole. Não respeitavam as suas jurisdições, atropelando os negócios da justiça e das finanças; tinham interesses privados que feriam o “real serviço”; formavam redes de solidariedade com proprietários, quilombolas e bandidos, buscando tirar proveito da distância que os separava de Portugal.
Nessa medida, a idéia de que a América Portuguesa era totalmente controlada pela metrópole está equivocada. Havia, na chamada colônia, uma dinâmica própria pela qual cada um agia de acordo com seus interesses, deixando, em segundo plano, as determinações metropolitanas. Um importante historiador afirmou que, na América Portuguesa, os ministros do Rei não se preocupavam com a coisa pública, com o bem comum; antes, defendiam seus interesses privados, o que significava amealhar fortuna, conforme possibilitasse o cargo, justamente à custa do interesse coletivo.
Ser escravo na América Portuguesa.
noite. Alguns escravos trabalhavam exclusivamente no setor fabril do engenho. Outros se dedicavam, de dia, ao trabalho nos canaviais e, à noite, nas moendas que funcionava dezoito a vinte horas por dia, interrompendo seu funcionamento apenas para a limpeza do maquinário. Era nesse curto espaço de tempo que os escravos descansavam.
Entretanto, não foi só nas grandes plantations - açucareiras que predominou o trabalho escravo negro. Eles foram também escravos domésticos, servindo seus senhores em suas casas, dedicaram-se ao trabalho de criação de gado e em todas as atividades para as quais fossem requisitados.
Na região mineradora, os escravos trabalharam em busca do ouro e do diamante nos ribeiros, nas catas e nas grupiaras. Nessas regiões, foram também donos de vendas e negras de tabuleiro.
O tráfico negreiro.
A escravidão moderna teve impactos profundos no continente africano e, já naquela época, havia uma interdependência entre as várias regiões do mundo. Essa interdependência fica patente também no caráter internacionalizado do tráfico negreiro. Escravos eram trocados nos entrepostos africanos por manufaturas européias (armas e utensílios domésticos), por panos de algodão produzidos nas Índias, por aguardente e por fumo procedentes da América Portuguesa.
Além disso, o tráfico negreiro não foi realizado única e exclusivamente pelos traficantes portugueses.
Não obstante a expectativa do exclusivo comércio triangular entre Portugal, África Ocidental e América Portuguesa, trocas eram realizadas diretamente entre Salvador e Goa, e a ligação do Brasil com Angola era mais estreita do que os laços comerciais entre esta e a metrópole. 
Eram levados, para Angola, açúcar, aguardente, arroz, couros, cavalos e ouro legal para serem trocados por escravos, marfim, ceras e esteiras. Tão intensa quanto à relação Angola-Brasil foi a do Brasil com o Golfo da Guiné, Ajuda, em especial, com a troca, legal ou ilícita, dos cotados escravos Mina por tabaco, açúcar e rum. Essas relações estreitas do Brasil com a África Ocidental levam os historiadores a afirmar que o tráfico negreiro tinha no final do século XVIII, pouco de português. 
O grupo responsável por esse tráfico era, na maior parte das vezes, formado por famílias de origem portuguesa e brasileira, residentes na África, e por comerciantes instalados no Brasil
A plantation escravista açucareira. 
Desde que os portugueses descobriram o Brasil, esperavam encontrar na nova terra ouro e prata, como acontecera na América Espanhola, ou mercadorias que pudessem ser comercializadas, com lucro, na Europa. Entretanto, os povos indígenas na América Portuguesa sobreviviam com o recurso à caça, à pesca e à coleta de frutos e, quando muito, alguns desses povos possuíam uma agricultura rudimentar. Sua bela arte plumária e seus utensílios de cerâmica, apesar de exóticos, não tinham mercado na Europa. Por essa razão, os portugueses, no contexto imediatamente posterior à sua chegada à nova terra, continuaram a privilegiar o comércio oriental que lhes garantia um lucro razoável.
Nesses primeiros anos após a descoberta, o pau-brasil foi o único produto que a terra ofereceu aos lusitanos.
Contudo, as intensas incursões de corsários e piratas às terras do Brasil levaram à convicção da Coroa de que era necessário povoá-las para preservar a sua posse. Povoá-las significava montar uma área de produção econômica que atraísse colonos.
O açúcar foi o produto escolhido para iniciar, em 1534, a colonização sistemática do Brasil. Essa escolha tinha suas razões. O açúcar era um produto tropical com mercado garantido na Europa e com possibilidade de altos lucros para a metrópole portuguesa. Além do mais, havia o interesse da Companhia das Índias Ocidentais de investir na nova área de produção, no tipo favorável desolo e no recurso possível ao trabalho compulsório. E, principalmente, os portugueses já tinham experiência com o produto, uma vez que o cultivavam nas ilhas africanas das costas do Atlântico. Em 1498, comerciantes genoveses e portugueses vendiam açúcar da Ilha da Madeira até Constantinopla, e, nos séculos XV e XVI, quase todas as ilhas africanas do Atlântico exportavam açúcar para o mercado europeu. Sendo assim, a extensão do cultivo do açúcar para o Brasil era mais do que natural.
O engenho colonial.
A grande propriedade de produção açucareira acabou assimilando a denominação de engenho, que era apenas um dos seus elementos. A propriedade englobava as terras de plantação de cana-de-açúcar, o setor agrícola da plantation e o engenho propriamente dito, o setor fabril da plantation, responsável pela transformação da cana em açúcar. O termo plantation substitui a tradicional denominação do tripé da agricultura de exportação colonial: latifúndio, monocultura e escravidão, O que diferencia a plantation de outras culturas agrícolas é a existência, nela, de um setor fabril para o beneficiamento do produto agrícola cultivado.
Nem todos os proprietários de engenho, principalmente os engenhos reais, movidos a água, plantavam cana-de-açúcar. Preferiam beneficiar a cana de arrendatários e lavradores livres, lucrando no beneficiamento, ou seja, a partir da renda industrial, em geral metade do açúcar levado para ser beneficiado em seu engenho. Já os lavradores e arrendatários lucravam, muito menos do que o senhor de engenho, a partir da renda da terra, ou seja, da quantidade de cana produzida.
Além dos engenhos reais, havia também os trapiches, engenhos menores movidos a força animal, e as engenhocas, essas últimas geralmente dedicadas à produção de rapadura e aguardente.
O setor agrícola da unidade de produção açucareira compunha-se de dois setores agrícolas que se articulavam: o setor agroexportador, responsável pela produção da mercadoria destinada ao mercado europeu, e um setor camponês, produtor de alimentos, subordinado ao primeiro, exercido pelos próprios escravos casados por
meio de seu trabalho autônomo em lotes concedidos pelos seus senhores em usufruto. 
Esse sistema escravista protocamponês era chamado, à época, de sistema do Brasil, e é chamado de brecha camponesa, muito embora os historiadores defendam a idéia de que o sistema era muito mais que uma mera brecha e, sim, bastante generalizado na América Portuguesa.
Esse sistema permitia que os escravos produzissem e comercializassem excedentes, que eram aplicados na compra de sua alforria e de sua família ou mesmo na compra de escravos para trabalharem em suas roças.
Enfim, a metrópole optou pela agra-exportação como forma de tornar a sua colônia rentável. Também as culturas do algodão, do arroz e outras se desenvolveram baseadas no latifúndio monocultor e escravista. Isso não significa a inexistência de um mercado interno na América Portuguesa, como se acreditava há algum tempo. Havia áreas voltadas para o consumo de subsistência, além da produção desenvolvida pelos escravos em seus lotes que abastecia latifúndios arraiais e vilas
A pecuária.
A pecuária foi importante atividade econômica na América Portuguesa, muito embora tenha sido subsidiária tanto da economia açucareira quanto da economia mineradora.
O gado foi introduzido em São Vicente pela esposa de Martim Afonso, Ana Pimentel. Tomé de Souza, o primeiro governador-geral da América Portuguesa, levou o gado de São Vicente para a Bahia, em razão da sua utilidade nos trabalhos nos engenhos.
Até a edição da Carta Régia de 1701, que determinava que as áreas de criação pastoril deveriam ser pelo menos 10 léguas distantes da costa, o gado, conviveu com as plantações de açúcar. Conflitos entre os plantadores, de cana e criadores de gado devido ao fato de o gado destruir as plantações, levaram o rei de Portugal a proibir a convivência das duas atividades econômicas.
Os resultados da Carta Régia de 1701 foram a interiorização das atividades pastoris e a ocupação dos sertões, fixando-se, neles, o povoamento.
Já a pecuária sulina, especialmente a dos Campos de Curitiba, foi estimulada pelos reiterados contatos comerciais com as áreas mineradoras. A colonização do Rio Grande deveu-se também, principalmente, à criação de gado de corte e animais de carga, direcionada para o abastecimento das áreas de extração de metais preciosos.
Em razão das características — necessidade de pouco capital e reduzida mão-de-obra — essa atividade econômica pôde se expandir com relativa facilidade. No século XVII, os principais núcleos criatórios situavam-se na Bahia, com a presença de um grande número de fazendas ao longo do Rio São Francisco, e em Pernambuco. Da Bahia, a expansão da atividade pastoril foi em direção ao Piauí.
A ECONOMIA MINERADORA.
O deslocamento para a região do ouro explica-se pelas oportunidades que mineração apresentava, numa conjuntura de declínio da economia açucareira no litoral, de empobrecimento de Portugal e, sobretudo, pela facilidade que os indivíduos encontravam para extrair o ouro. Como o ouro era extraído de depósito de aluvião, sem necessidade de grandes recursos, qualquer pessoa podia ingressar nessa atividade. Por isso, levas e levas de pessoas, vindas do Império Português ou de outras regiões da América Portuguesa, concentraram-se nas áreas mineradoras.
O sistema de datas.
Quando o ouro foi descoberto na região que, mais tarde, foi chamada Minas Gerais, a primeira medida da Coroa foi a de providenciar a arrecadação tributária. Logo, em 1700, foi adotada a cobrança do quinto, que passou por várias alterações ao longo do século XVIII.
Em 1702, foi editado o Regimento dos Superintendentes, Guarda-Mores e mais oficiais deputados para as minas de ouro que regulamentava o regime de distribuição de terras nas regiões mineradoras. A par do sistema de terras definido para toda a América Portuguesa — o das sesmarias — generalizou-se, nas Minas, o sistema das datas, terras de prescrutação mineral distribuídas de acordo com o número de escravos que possuíam os candidatos a mineradores. Para os que tivessem até 11 escravos, seriam concedidas 2 1/2 braças de terra (5,5 m²) por escravo. Se o minerador fosse proprietário de 12 ou mais escravos, receberia uma data de 30 braças (66 m²). As datas eram demarcadas, em geral, às margens dos ribeirões auríferos. 
A primeira data demarcada, em geral a mais rica delas, situada no lugar onde o ouro havia sido encontrado, era dada ao descobridor. Como estímulo para empreender novas descobertas, este recebia também a terceira data demarcada. A segunda data pertencia a Real Fazenda e era leiloada. Todas as outras eram sorteadas entre aqueles que, estando presentes, pretendiam explorar o metal. Essas mesmas providências foram tomadas em relação às minas de Cuiabá e dos Goiases.
A Inconfidência Mineira (1789).
Com a morte de D. José I, rei de Portugal, em 1777 o Marquês de Pombal, secretário do soberano, que havia defendido, desde 1750, relações mais flexíveis entre a Metrópole e a Colônia, foi destituído pelas Cortes portuguesas, uma espécie de assembléia composta pelos nobres, interessadas na adoção de uma política mais dura com relação às colônias portuguesas.
D Maria I, sucessora de D. José no trono enviou à turbulenta Capitania das Minas Gerais, no ano de 1788, o Visconde de Barbacena, que trazia instruções para verificar os motivos do declínio da arrecadação do ouro e para aplicar a derrama, caso a dívida dos mineradores com a Coroa não fosse liquidada. A derrama era a cobrança, de uma só vez, de todos os impostos devidos pelos mineradores.
Para a eclosão do movimento, esperava-se que o governador decretasse início da derrama, cobrança compulsória do montante total das dívidas dos mineradores. Uma vez iniciada a derrama, o comandante do Regimento da Cavalaria, Paulo Freire, mandaria cartas aos vários líderes da Inconfidência com a senha combinada para desencadear o movimento— “Tal é o dia do batizado”.
O plano dos inconfidentes previa a morte do governador das Minas e a instalação de uma junta provisória para governar a capitania, sendo publicada de pronto uma declaração de independência da Capitania de Minas Gerais. Entre as medidas que seriam adotadas após a independência da capitania, constava a transferência da capital para São João dei Rei, a implantação de manufaturas em Minas Gerais, a instalação de uma universidade em Vila Rica.
Enquanto se esperava o início da derrama, Joaquim Silvério dos Reis, um dos contratadores participantes da trama, delatou o movimento ao governador das Minas, em março de 1789, em troca do perdão de suas dívidas.
Informado do movimento, imediatamente o governador suspendeu a derrama. Sem o principal pretexto para levantar os povos das Minas, a o movimento chegou ao seu fim sem sequer ter eclodido
As autoridades iniciaram a prisão dos envolvidos e a abertura das devassas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Devido à existência das duas a devassas, o ministro do Ultramar em Portugal, Martinho de Melo e Castro, determinou a criação de uma comissão suprajudicial e extraordinária para julgar especificamente a inconfidência. Uma Carta Régia nomeou a Comissão Especial de Alçada sobre a Inconfidência Mineira, em julho de 1790. Em janeiro de 1791, os membros da comissão tomaram posse.
A Comissão de Alçada, mesmo antes de proceder aos interrogatórios, já havia determinado quais as sentenças seriam impostas aos inconfidentes. A Coroa estava disposta a ser clemente com os sediciosos, com exceção de Tiradentes, que deveria ser severamente punido como exemplo aos rebeldes povos das Minas.
Os inconfidentes foram sentenciados com o banimento para a África. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, ”por alcunha, o Tiradentes”, foi condenado à pena de morte.
A inconfidência Baiana (1798). 
Além da região das Minas, em outra importante região da colônia portuguesa na América, na Bahia, as reclamações contra a dominação metropolitana tornaram-se mais evidentes, na segunda metade do século XVIII. Poucos anos depois da Inconfidência Mineira, no dia 12 de agosto de 1798, Salvador amanheceu com paredes e muros pichados com palavras de ordem revolucionária e com panfletos e boletins espalhados por vários cantos para que pudessem ser lidos pela população.
Tudo indica que a idéia de se fazer a revolta teve início a partir da estadia de, aproximadamente, um mês de um capitão francês, em Salvador, em 1796, quando este passou para o tenente Hermógenes Pantoja, que fora encarregado de acompanhá-lo, e a outras pessoas da elite baiana as idéias que inspiraram a Revolução Francesa e os detalhes da movimentação em seu país. Nascia daí a idéia de se fazer algo semelhante na Bahia, mas, para isso, era preciso buscar adeptos das camadas populares a fim de mobilizar a população, como ocorrera na França. Ao entrar em contato com tais propostas, algumas pessoas das camadas populares deram mais vida ao movimento e partiram para a mobilização, através de panfletos e boletins.
A autora dos panfletos foi facilmente descoberta. Houve delação e o governo agiu rápido prendendo e iniciando a devassa contra as pessoas envolvidas, especialmente aquelas de camadas populares, contra as quais havia mais provas e maior interesse em condenar. Os réus presos, na sua maioria, eram pardos e negros. Vários não possuíam bens quaisquer, e outros que não tiveram seus nomes entre aqueles cujos bens haviam sido seqüestrados pela devassa, provavelmente estavam na mesma condição. Nove conjurados eram escravos; 21, com certeza, sabiam ler, incluindo-se cinco cativos.
Entre os réus, destacam-se alguns das camadas baixas tidos como chefes principais da sedição: Luiz Gonzaga das Virgens, pardo livre, soldado; Lucas Dantas d’Amorin, pardo e também soldado; os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino.
Pela melhor condição social, sobressaíam Cipriano José Barata de Almeida, branco, cirurgião, bacharel em filosofia pela Universidade de Coimbra; Hermógenes Francisco de Aguilar, tenente do segundo regimento da linha, proprietário de casas de morada e dois escravos; Francisco Moniz Barreto d’Aragão, branco, professor de gramática latina.
Alguns dos conjurados da Bahia oriundos dos estratos inferiores da hierarquia social foram condenados a sentenças exemplares, à semelhança do que sucedeu com o alferes Joaquim José da Silva Xavier. Lucas Dantas, João de Deus e Manoel Faustino foram condenados à morte, pena também que atingiu Luís Gonzaga das Virgens.
Todos os réus da conjuração sentenciados a desterro (exílio), além disso, foram enviados para lugares da África, não sujeitos à Real Coroa, a fim de afastar o perigo da revolução para bem longe. 
A transferência da Corte portuguesa.
Da inimizade histórica entre França e Inglaterra e da aliança dessa última com Portugal resultou o avanço das tropas napoleônicas sobre o reino lusitano. Sob a proteção dos ingleses, D. João, regente de Portugal, em razão da enfermidade da sua mãe, a rainha D. Maria I, por alcunha a Louca, resolveu transferir-se, com sua corte, para o Brasil.
A mudança da Corte para os trópicos não foi uma solução impensada. Ela já era cogitada desde o século XVII, como uma possível solução para eventuais situações críticas no Reino.
Em 1803, Rodrigo de Souza Coutinho, secretário português da Marinha e Ultramar, cogitou a mudança da Corte para o Brasil. Contudo, ela só veio a acontecer quando da iminência da invasão de Portugal pelas tropas francesas.
D. João estava ciente de que a integridade da monarquia lusitana só estaria assegurada por meio da manutenção dos domínios de ultramarinos. Naquela época, o Brasil superava Portugal em recursos naturais e humanos.
Assim, em 29 de novembro de 1807, a comitiva real portuguesa partiu para o Brasil.
A comitiva chegou à Bahia em janeiro de 1808. Imediatamente, o príncipe regente decretou a abertura dos portos brasileiros as nações amigas, colocando um fim no pretenso monopólio português e seguiu para o Rio de Janeiro, onde aportou em 7 de março do mesmo ano.
A abertura dos portos revogou o pretenso exclusivo comercial que a metrópole impusera, com poucos resultados, no início da colonização da América Portuguesa em 1534, e conferiu uma nova dinâmica à economia do Brasil. Com o alvará de 28 de janeiro de 1808, navios de variadas bandeiras passaram a freqüentar os portos brasileiros, em especial o do Rio de Janeiro, responsável pela distribuição de produtos para vários pontos do território. A cidade do Rio de Janeiro adquiriu novos ares, com a multiplicação de estabelecimentos comerciais e com o incremento da vida social.
Com o surto comercial, as receitas das alfândegas cresceram substancialmente, o que era importante na medida em que essas taxas eram praticamente a única receita do Estado.
Alem da abertura dos portos, ainda no ano de 1808, o Príncipe Regente criou o Tribunal da Real junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do Estado do Brasil. A importação de plantas foi incentivada o que promoveu o desenvolvimento principalmente da cultura do chá. Novo fôlego foi conferido à exploração mineral, com a permissão para os estrangeiros participarem a exploração do ouro e do ferro no Brasil. A siderurgia deu seus primeiros passos com a abertura de uma fábrica em Sorocaba e duas em Minas Gerais.
A abertura dos portos em 1808 aumentou as possibilidades de articulação da América Portuguesa com o comércio internacional e incentivou as migrações internas, principalmente para o Rio de Janeiro, para o sul e Zona da Mata em Minas Gerais e para São Paulo. As cidades cresceram e, gradativamente, começaram a adotar hábitos de consumo mais sofisticados. O maior exemplo foi a cidade do Rio de Janeiro, que se transformou com a presença da Corte Portuguesa. Apesar de conservar algumas das características das vilas coloniais, a cidade ganhou ares europeus, após 1808
Segundo os historiadores Francisco Falcon e Ilmar R. de Mattos, oRio de Janeiro, embora fosse a capital do Vice-Reinado, era uma cidade feia, com ruas estreitas escuras e sujas. Não havia sistema de esgotos, nem serviço de remoção de lixo, sequer noções de higiene pública. Seus hábitos eram inteiramente coloniais. Com a chegada da Corte, usos e costumes europeus foram introduzidos. Afirmam os autores que “através dos ingleses, chegou o gosto pelas residências em casas isoladas, bem divididas e mais higiênicas, distantes do centro da cidade; por produtos superiores em qualidade: cristais e vidros, louças e porcelanas, panelas de ferro. Veio também o refinamento dos modos de comer, com o uso de garfo e faca, a utilização de novos remédios.Os hábitos, a moda e a alimentação sofreram a influência francesa [...]”. Mulheres e homens vestiam-se de acordo com os ditames da moda parisiense e usavam muitas jóias. Na Rua do Ouvidor, proliferavam estabelecimentos comerciais onde era possível comprar os mesmos artigos de luxo que eram usados na Europa.
Mas nem só do comércio sofisticado vivia o Rio de Janeiro no início do século XIX. À semelhança da nossa economia informal — não é o Brasil chamado de país dos camelôs? — negros de ganho andavam pelas ruas da cidade, vendendo aves, verduras, legumes, doces e licores ou armavam seus tabuleiros nas esquinas e lugares movimentados.
As políticas de D João oscilavam entre a adoção de, medidas inspiradas no livre-cambismo - maior liberdade na economia - o que entendia aos brasileiros, e a manutenção de restrições ao pleno desenvolvimento do Brasil, buscando atender aos portugueses. Além dessa ambigüidade, geradora de conflitos, generalizara-se, com a chegada da Corte, a corrupção. 
A corrupção não era novidade no Brasil. Desde os tempos da América Portuguesa, ministros do rei, grandes proprietários e comerciantes cometiam muitas práticas ilegais; poucas vezes, foram punidos. Continuaram com suas práticas no Império e ao longo da República brasileira.
Independência do Brasil. 
A vinda da Corte para o Brasil gerara uma grave crise em Portugal. O Reino, além de estar sendo governado por um Conselho de Regência, presidido pelo marechal inglês Beresford, deixara de ser o centro do Império português e estava ainda sob o impacto de uma severa crise econômico-financeira O Brasil, por seu lado, não precisava mais de Portugal.
A Revolução Constitucionalista do Porto.
Essa situação, estimulada pela Revolução Liberal na vizinha Espanha, levou à convocação das Cortes em Lisboa, em 1820. O movimento constitucionalista do Porto, de feição liberal, tinha como objetivos a retomada da soberania portuguesa, com a expulsão dos ingleses do reino, a eliminação da monarquia absolutista e a reinstalação da sede do governo português em Lisboa, com a volta da família real. Imediatamente, os líderes do movimento formaram um governo provisório que convocou uma Assembléia Constituinte (as Cortes Gerais) para a elaboração de uma constituição para o reino. Se a nova Constituição assumia uma atitude liberal em Portugal, o mesmo não acontecia em relação ao Brasil. As medidas das Cortes de Lisboa eram uma tentativa de “recolonização”, com a exigência da volta de D. João para Portugal e a anulação das medidas liberais adotadas pelo príncipe regente, a partir de 1808. Os deputados brasileiros, sentindo-se humilhados, retiraram-se das reuniões das Cortes.
A regência de D. Pedro.
Apesar da relutância de. João em deixar o Brasil, as pressões o obrigaram a partir para Portugal, o que se deu em 25 de abril de 1821. Em seu lugar ficou, como regente, seu filho D. Pedro.
A declaração da Independência.
Em janeiro de 1822, foi convocado, pela primeira vez, o Conselho de Procuradores, que visava reunir todas as províncias do Brasil. Essa convocação já antecipava a ruptura do Brasil com Portugal ao explicitar o descrédito da elite brasileira em relação aos resultados de uma Constituição promulgada, em Portugal, pelas Cortes Gerais. O príncipe, por sua vez, provavelmente seduzido pelas campanhas populares pela sua permanência no Brasil, proclamou o Fico em 9 de janeiro de 1822. Em 7 de setembro daquele ano, D. Pedro declarou a independência do Brasil de Portugal.
A Constituição de 1824.
 
A Constituinte.
A convocação de uma Assembléia Constituinte não foi consensual. Os. conservadores, especialmente os Andradas, importante e influente família de políticos, usaram de todos os artifícios possíveis para evitar a instalação da Assembléia. Contudo os liberais obtiveram expressiva vitória ao conceder a D. Pedro o título de Defensor Perpétuo do Brasil, convocar a Assembléia Constituinte e aclamar o Príncipe em 12 de outubro de 1822.
A eleição para a Assembléia constituinte e os seus trabalhos explicitaram as disputas entre os três grupos políticos que haviam se consolidado no Brasil e que defendiam diferentes propostas para a organização social e política brasileira. O “Partido Português”, formado por comerciantes e militares portugueses, apoiava a recolonização do Brasil, tendo em vista reaver seus antigos privilégios.
O chamado “Partido Brasileiro” composto por proprietários rurais, comerciantes brasileiros e burocratas, defendia a manutenção das medidas de D João especialmente a abertura dos portos e a autonomia administrativa. Já os “liberais Radicais” ou democratas — profissionais liberais, funcionários públicos, membros das camadas médias urbanas — propunham a implantação da República e mudanças sociais profundas no Brasil, como o fim da escravidão. Os proprietários de terra do Nordeste, insatisfeitos com a hegemonia do Sudeste, aderiram aos democratas reivindicando a adoção do federalismo que permitiria autonomia das províncias 
O “Partido Brasileiro” procurou, de toda as maneiras possíveis, eleger o maior número de deputados para a Constituinte, visando eliminar a influência dos “portugueses” e dos ‘democratas”. O projeto que resultou dos trabalhos dos constituintes refletia os interesses da aristocracia rural em controlar politicamente o Brasil e impedir o retorno ao colonialismo. Para tanto, foi proibida a eleição de estrangeiros para cargos representativos , buscando impedir a participação política dos portugueses residentes no Brasil. Para evitar a restauração do Reino Unido, uma vez que D. Pedro era herdeiro do trono português, o projeto constitucional proibia que o Imperador do Brasil se tornasse governante de outro reino. Além disso, os poderes do Imperador foram limitados, com o fortalecimento do Poder Legislativo. O sistema eleitoral instituído foi o indireto e censitário, restringindo os eleitores à sua renda, medida em valores de alqueires de mandioca.
A nova Constituição.
D. Pedro não ficou nem um pouco satisfeito com o projeto constituinte. Tampouco o ficaram os portugueses e os democratas. Tentando impedir que a aristocracia rural detivesse o monopólio do poder no Brasil, D. Pedro aproximou-se dos portugueses residentes no Brasil, o que agravou a tensão política no país.
A Assembléia Constituinte foi dissolvida, por um decreto de D. Pedro, em 12 novembro de 1823. Os deputados, contudo, não acataram a decisão do Imperador, negando-se a abandonar os trabalhos constituintes e o prédio onde eles estavam sendo realizados. A repressão foi imediata. Tropas imperiais cercaram o prédio e dissolveram à força a Constituinte. Vários deputados, inclusive os irmãos Andrada, foram presos e deportados. Para a redação de um novo projeto constituinte, D. Pedro convocou o Conselho de Estado, composto por dez pessoas escolhidas pelo imperador. 
O projeto foi rapidamente concluído e, em 25 de março de 1824, a primeira Constituição do Brasil, outorgada por D. Pedro, foi apresentada aos brasileiros. 
Com o objetivo de reforçar o poder executivo, a Constituição de 1824 implantou um quarto poder: o Moderador.
A dissolução da Assembléia Constituinte de 1823, fruto das tendências autoritárias do Imperador, iniciou a fase de conflito entre as elites brasileiras e D.Pedro I. Além do autoritarismo de D. Pedro,a concessão de privilégios aos portugueses residentes no Brasil irritava os brasileiros, agravando o quadro político já bastante conturbado. 
Em 13 de março de 1831 eclodiu um violento conflito entre portugueses e brasileiros no Rio de Janeiro, conhecido como “noite das garrafadas”, que tornou praticamente insustentável a posição de D. Pedro, fato agravado com a nomeação de um gabinete com nomes da confiança do Imperador. Em uma enorme manifestação popular no Campo de Santana com adesão das tropas, permitiu a abdicação de D. Pedro. As pressões levaram-no a abdicar em 1831 em favor de seu filho, que à época tinha apenas cinco anos. Impossibilitado de assumir o governo, iniciou-se o período regencial.
O Período Regencial.
Com a abdicação de D. Pedro, consolidou-se a independência e, no período regencial, estruturou-se a nação. Da luta de grupos ou facções, surgiram os partidos políticos, com a definição de liberais e conservadores. Das lutas populares, deu-se a unidade do território, com as províncias adquirindo o sentido da nacionalidade e relativizando os regionalismos que o marcavam.
A Regência Trina Provisória foi formada por dois senadores e um militar. Logo após o início da sessão legislativa de 1831, instituiu-se a Regência Trina Permanente, permanecendo o Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, que atuou em conjunto com mais dois deputados. Essa Regência foi responsável pela montagem de um novo Gabinete que empossou Diogo Antônio Feijó no Ministério da Justiça. Foi Feijó quem aprovou a severa repressão das várias revoltas que, a essa época, eclodiam nas diversas províncias do Brasil.
O segundo reinado.
Em 23 de julho de 184, o imperador D. Pedro II então com quinze anos de idade, tendo concordado em governar o pais, prestou o juramento as assembléia geral.
O Segundo Reinado se estendeu de 1840 a 1889. Foi um período de exagerada centralização. D. Pedro II fez valer os poderes que lhe foram concedidos pelo Poder Moderador, definidos pela Constituição de 1824. A justiça também era extremamente centralizada nas mãos do ministro da Justiça, responsável pela nomeação e demissão desde o ministro do Supremo Tribunal de Justiça até um simples guarda de prisão. O ministro da Justiça tinha ainda como atribuição a nomeação de todos os comandantes e oficiais da Guarda Nacional, a principal instituição de manutenção da ordem pública, dos bispos, párocos e delegados de Polícia.
A crise da Monarquia.
Desde 1870, com a divulgação do Manifesto Republicano, as crises que assolavam o Império brasileiro foram se avolumando. Os fatores mais importantes para a derrocada final da Monarquia foram as chamadas Questão Religiosa e Questão Militar e a abolição da escravidão em 1888. A Guerra do Paraguai foi responsável, além das novas motivações criadas nos militares, pela cisão do Partido Liberal. Em 1868, foi criada a Ala Liberal Radical desse partido, que passou a fazer oposição explícita à Monarquia e, posteriormente, a defender com veemência a causa republicana.
Por outro lado, D. Pedro II enfrentava e vetava as determinações das bulas papais, causando desconforto entre o Estado e a Igreja. Por fim, a assinatura da Lei Áurea, a 13 de maio de 1888, fez com que o Império perdesse a sua última e mais poderosa base de sustentação, os proprietários de escravos.
Apesar de todos os problemas do final do Segundo Império, deve-se ressaltar o importante papel que O. Pedro II teve na divulgação do Brasil no exterior.
Durante a segunda metade do século XIX, o ainda jovem império do Brasil tentou afirmar sua presença como nação independente, no cenário mundial, usando para isso todos os recursos cabíveis O Estado teve participação importantíssima na formulação dessas estratégias, que visavam mais que ao simples reconhecimento. O governo trabalhou para que o novo país viesse a ser acolhido, no plano mundial, como uma nação forte, consolidada e capaz de influir sobre os destinos do continente.
D. Pedro lI percebeu cedo a importância da imprensa internacional na construção de uma imagem não só respeitável, mas também atraente, a europeus dispostos a emigrar para um país jovem, provido de riquezas naturais ainda praticamente intocadas. O fim do tráfico negreiro e o advento de uma legislação que extinguia a escravidão em médio prazo colocavam na ordem do dia a questão da substituição da mão-de-obra cativa. E competentes diplomatas brasileiros passaram a se esforçar na tarefa de difundir a imagem do Brasil como país-líder no processo de civilização na América do Sul.
A Era Mauá: o primeiro surto de industrialização no Brasil.
A independência política do Brasil significou o fim das restrições mercantilistas e dos monopólios comerciais e poderia ter levado à ampliação da indústria local e ao início do crescimento econômico moderno do país. Mas foi somente 60 anos após a independência que efetivamente se iniciou o nosso processo industrial.
Além dos efeitos dos tratados comerciais assinados com a Inglaterra, durante o período imperial brasileiro e no início da República, as idéias fisiocratas eram muito fortes, sendo a agricultura o alvo das atenções. Não podemos nos esquecer também de que o país reiterara sua vocação agrícola, concentrando sua atenção na cultura cafeeira.
Apesar da hegemonia das culturas agrícolas, não foram poucas as conjunturas propícias a surtos industriais no país como a adoção da tarifa protecionista Alves Branco em 1844 ou a extinção do tráfico negreiro em 1850, situações que permitiram a ação pioneira de homens como Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, e Teófilo Otoni.
A tarifa Alves Branco.
Em 1841, o governo brasileiro estudava uma reforma alfandegária para equilibrar o orçamento do país. Os tratados com a Inglaterra iriam expirar em 1844, sem que a reforma estivesse concluída. O Ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, acreditou ser aquela a oportunidade não só de equilibrar o déficit do Estado, mas também de proteger os capitais nacionais aplicados, no país, em atividades fabris.
Assim, em 1844, foi decretada a tarifa Alves Branco que elevou significativamente as taxas sobre as importações. Embora a política do Ministro da Fazenda tivesse, primordialmente, o interesse de fornecer rendas ao Estado acabou por favorecer e estimular a indústria nacional.
Entre os empresários que se beneficiaram dessa tarifa, o mais importante foi, sem dúvida, o Barão de Mauá.
Mauá: o empreendedor.
A visita de Irineu Evangelista de Sousa, que havia sido um menino pobre no Rio Grande do Sul, à Inglaterra em 1840, após ter-se tornado sócio-gerente da firma Carruthers & Cia., foi decisiva para que Irineu Evangelista iniciasse no Brasil os seus empreendimentos.
A maioria das empresas criadas no Brasil àquela época pertenciam a Irineu Evangelista, depois Barão de Mauá, que atuou em ramos industriais diversificados, muitas vezes associado a empresários ingleses. A ação pioneira de Irineu Evangelista foi tão importante que o surto industrial de meados do século XIX no
Brasil ficou conhecido como a “Era Mauá”.
Entre os múltiplos empreendimentos de lrineu Evangelista, podem ser destacados:
• o estabelecimento industrial na Ponta da Areia, no Rio de Janeiro;
• a companhia de gás para iluminação das ruas do Rio de Janeiro;
• a empresa de bondes Botanical Garden Rail Road Company;
• a construção do canal do Mangue;
• a Companhia de Rebocadores a Vapor do Rio Grande do Sul;
• a Companhia de Navegação a vapor do Amazonas;
• a criação do telégrafo submarino;
• o Banco Mauá, que tinha filiais em capitais brasileiras e estrangeiras.
No setor de transportes, as ferrovias foram os maiores empreendimentos de Irineu Evangelista. Em 1854, ele construiu a primeira estrada de ferro brasileira que fazia a ligação entre o Rio de Janeiro e Petrópolis. Participou também da construção da Recife and São Francisco Railway Company, da ferrovia D. Pedro II, hoje Central do Brasil, e da São Paulo Railway, hoje Santos-Jundiaí.
As empresasde Mauá não duraram muito tempo. Com um mercado interno pequeno, uma vocação ainda agro-exportadora, o Brasil não estava preparado para os empreendimentos de Irineu Evangelista de Sousa. Suas empresas acabaram falindo e, cheio de dívidas, Mauá foi obrigado a vender suas empresas a capitalistas estrangeiros.
A Lei de Terras de 1850.
Trecho da Lei de Terras de 1850.
“Dom Pedro II, por graça de Deus, e unânime aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos Súditos, que a Assembléia Geral Decretou e Nós queremos a Lei seguinte:
Art. l - Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro título que não seja o de compra.
Art. 2° - Os que se apossarem de terras devolutas ou de alheias, e nela derrubarem matos, ou lhe puserem fogo, serão obrigados a despejo, com perda de benfeitorias, e demais sofrerão a pena de dois a seis meses de prisão, e multa de cem mil réis, além de satisfação do dano causado”. (Lei n° 601de 18 de setembro de 1850)
A Lei de Terras de 1850 atribuía valor imobiliário às terras, que não seriam mais doadas como eram as sesmarias. Essa lei foi um dos estatutos responsáveis pela consolidação dos latifúndios no Brasil com o fechamento da fronteira agrícola e exclusão do acesso à terra dos brancos e mulatos pobres, dos negros e dos imigrantes europeus.
Além do fechamento da fronteira agrícola, os pequenos proprietários passaram a ter, gradativamente, suas terras espoliadas pelos latifundiários por meio do processo de grilagem. As terras devolutas foram apropriadas pelos grandes donos de terra, através de falsificação de documentos, subornos dos responsáveis pela regularização fundiária e assassinatos dos posseiros.
Assim , a concentração da terra nas mãos de poucos, que se iniciara no período colonial, consolida-se.
A Proclamação da República - o fim do Império.
A queda da monarquia no Brasil, com a Proclamação da República, está inserida no contexto das transformações da economia e da sociedade brasileira, notadamente a partir de 1870. A partir desse ano, o republicanismo passou a ter representação partidária com a criação do Partido Republicano, dissidência do Partido Liberal. Por sua vez, o Partido Republicano se dividiu em duas correntes: uma que defendia que só a revolução popular levaria à implantação da República (Revolucionários) e a outra que argumentava que as eleições livres seriam decisivas para o desgaste e a queda da monarquia (Evolucionistas). Entre os evolucionistas havia aqueles que defendiam a necessidade de aproximação com os militares do Exército, fato que se concretizou em 1889, quando o Exército e os republicanos civis (cafeicultores do Oeste Paulista), proclamaram a República. Entretanto, apesar das divergências quanto ao modo como se daria o fim da monarquia, os republicanos concordavam com a idéia de separar a Igreja do Estado e com a instalação de uma República Federativa.
De modo geral, vários fatores interagiram, levando à mudança de regime. Entre eles a Questão Militar, a Questão Religiosa e a abolição da escravidão.
Vejamos:
• A Questão Militar: com a vitória na Guerra do Paraguai, o exército passou a defender o abolicionismo e o republicanismo como forma de ampliar sua participação política na vida nacional. Inspirados nas idéias positivistas de Auguste Comte que negava o conflito entre as classes e em que encontramos também as idéias de ordem e progresso, os militares (principalmente Benjamim Constant e Deodoro da Fonseca) desenvolveram o Ideal de Salvação Nacional, segundo o qual era preciso salvar a nação dos civis “corruptos e antipatrióticos”, a elite aristocrática do governo imperial, os homens de casaca, colocando no poder os “homens de farda”.
• A Questão Religiosa: a constituição do império subordinava a Igreja ao controle do Estado. O imperador tinha o direito de intervir na nomeação de membros do clero para ocupar cargos eclesiásticos (Padroado) e o de vetar as determinações vindas do Vaticano (Beneplácito). Entretanto, as relações conflituosas com o clero se desenvolveram mais fortemente quando o imperador não aprovou a bula papal Syllabus que proibia a participação de católicos na maçonaria (participação comum). Os bispos brasileiros de Olinda e de Belém resolveram colocar em prática a determinação do Vaticano, fechando as irmandades religiosas de Pernambuco e do Pará que se negassem a expulsar de seu quadros os membros maçons. O governo imperial interveio, condenando a quatro anos de prisão os bispos católicos. Estavam abaladas as relações entre Igreja Católica e Estado.
A República Velha.
A República da Espada(1889—1894).
A fase da República da Espada é dividida em duas partes: Governo Provisório e 
Governo Constitucional.
Governo Provisório — Marechal Deodoro da Fonseca — principais medidas.
• Separação da Igreja Católica do Estado.
• Transformação das províncias em Estados Federados.
• Criação do registro civil e obrigatoriedade do casamento civil.
• Convocação da Assembléia Nacional Constituinte.
• Promulgação da Constituição de 1891.
Características:
• Adoção do federalismo.
• Voto aberto, para homens, maiores de 21 anos, alfabetizados.
• Liberdade de reunião, liberdade de imprensa e habeas corpus.
• Instituição de apenas 3 poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
• Aplicação da política do Encilhamento, plano econômico elaborado pela equipe do então ministro da Fazenda, Rui Barbosa, cujas medidas principais foram
• indenização aos senhores de escravos;
• ampliação dos meios circulantes em função do pagamento dos salários;
• facilidade de crédito, visando estimular a criação de indústrias;
• autorização aos bancos para emitir papel moeda na proporção de três vezes seu lastro ouro.
Como você pode perceber, o primeiro plano econômico da República visava industrializar o país, porém, na prática, as conseqüências foram desastrosas.
• Aumento das dívidas interna e externa.
• Aparecimento de empresas-fantasmas.
• Aumento da inflação.
• Desvalorização da moeda.
Governo Constitucional.
O Marechal Deodoro da Fonseca foi eleito presidente, contrariando os interesses dos cafeicultores. Seu centralismo e autoritarismo o colocaram em cheque com o Congresso Nacional, fato que o levou à renúncia. Assume a presidência o então vice-presidente, o Marechal Floriano Peixoto. Este enfrentou resistências por parte dos cafeicultores e revoltos. Dentre elas, podemos citar: a Revolução Federalista e a Revolta da Armada, que teve como desfecho a promessa da saída dos militares do governo, com a instituição do governo civil.
A República Oligárquica.
A fase da República Oligárquica é caracterizada pela política do café-com-leite, pelas revoltas sociais, pelo movimento tenentista, pela luta operária e pelo movimento modernista.
Sistema político:
• Política do café-com-leite — revezamento de Minas Gerais e São Paulo na presidência da República.
• Política dos governadores — caracterizava-se pela troca de favores entre o governo federal e as oligarquias estaduais, na qual o governo dava autonomia às oligarquias e estas garantiam a eleição do candidato oficial à presidência, através das fraudes eleitorais e do “voto de cabresto”.
• Coronelismo — grandes proprietários de terras detinham o poder político de sua localidade ou região, utilizando jagunços para controlarem o voto de cada eleitor.
• Comissão verificadora — instituída pelo Congresso Nacional, possuía a tarefa de validar ou não o resultado das eleições. Era a responsável, juntamente com os elementos acima, pela conhecida “degola política”, possibilitando o continuísmo político, o agravamento das desigualdades sociais, regionais, etc.
Economia.
A instituição da República não alterou a estrutura econômica do Brasil. Nossa economia continuou baseada na produção de matérias-primas e gêneros agrícolas, destinados à exportação e, claro, sujeitos às oscilações do mercado internacional,uma vez que nossos principais produtos de exportação sofriam a concorrência de outros países. Sendo assim, a nossa economia centrou-se cada vez mais no café, produto líder de nossa exportação desde o segundo reinado. Este, durante a República Velha, representou cerca de 50% de nossas exportações, canalizando grande parte dos recursos e investimentos do país.
A economia brasileira nesse período apresentou as seguintes características:
• Economia periférica: fornece gêneros primários e consome produtos industrializados.
• Principal produto: café.
• Setor industrial: crescimento significativo, porém, descontínuo.
Desequilíbrio financeiro: déficits crônicos na balança de pagamentos.
• Crescimento de investimentos estrangeiros.
• Adoção da Funding Loan: projeto de moratória com adoção de medidas de recessão.
• Política de valorização do café: Convênio de Taubaté (1906), cujas principais medidas foram:
• garantia do preço mínimo por saca;
• compra e estocagem dos excedentes pelo governo, através de empréstimos externos;
• criação de um novo imposto sobre saca exportada, visando pagar os juros dos empréstimos externos contraídos pelo governo para a compra dos excedentes;
• presença do açúcar, do algodão, da borracha e do cacau na pauta das exportações. Porém, estes produtos não recebiam o incentivo dado ao café.
Há que se lembrar que os presidentes que dominavam o cenário político brasileiro eram ligados à economia cafeeira, portanto, interessados diretos na supervalorização do produto no mercado interno e, principalmente, externo.
Sociedade.
A situação de opressão e miséria vividas por boa parte da população brasileira propicia a deflagração de vários movimentos de contestação social. O estigma de pacífico, de bestializado, dado ao povo brasileiro, cai por terra quando nos deparamos com os diversos movimentos de rebelião ocorridos durante a República Velha.
Rebeliões.
• Revoltas messiânicas
• Termo utilizado para designar os movimentos sociais comandados por um líder religioso.
• Desenvolveu-se em áreas rurais pobres.
• Componentes básicos: religiosidade do sertanejo e seu sentimento de revolta contra a miséria, a opressão e as injustiças da república dos coronéis.
São exemplos do messianismo:
• Revolta de Canudos (1893—1897).
• Ocorreu no governo de Prudente de Morais.
• Líder: Antônio Conselheiro.
• Canudos era um velho arraial no sertão baiano e transformou-se em uma cidade com aproximadamente 30 mil habitantes.
• A existência de Canudos era uma ameaça ao latifúndio, ao poder da Igreja Católica e à República dos Coronéis. Portanto, deveria ser destruído. Em 05 de outubro de 1897, Canudos foi destruída juntamente com sua população.
• Guerra do Contestado.
• Área contestada por Paraná e Santa Catarina.
• Situação: grande número de sertanejos sem terra e famintos que viviam sob a exploração dos fazendeiros e de duas empresas norte americanas.
• Líder: Monge João Maria — após sua morte, é substituído por José Maria.
• Reuniu mais de 20 mil sertanejos.
• Objetivos: pedaço de terra e uma vida mais justa.
• Os sertanejos foram perseguidos pelos coronéis fazendeiros e pelos donos das multinacionais.
• 1912— José Maria é morto, o núcleo é arrasado.
Outras revoltas sociais:
• Revolta da Vacina (1904).
• Local: Rio de Janeiro.
• Período: 12 a 15 de novembro.
• Causas: pobreza, desemprego, lixo amontoado nas ruas.
• Resultado: aparecimento de doenças como a febre amarela, peste bubônica e varíola.
• Solução: demolição dos casebres e cortiços.
• Para combater as epidemias, Osvaldo Cruz forma um exército de funcionários da Saúde Pública para destruírem os focos de ratos e mosquitos, além de iniciar a vacinação obrigatória.
• Conseqüências: revolta popular com saques, quebradeiras, incêndio de bondes e carroças.
• Resultado: repressão com prisão e deportação para o Acre.
• A Revolta da Chibata (novembro de 1910).
• Governo — Nilo Peçanha.
• Líder: Marinheiro João Cândido.
• Causas: castigos físicos, má alimentação, soldos miseráveis, punições para faltas graves com a aplicação de 25 chibatadas.
• Conseqüências: governo promete anistia, que não é cumprida. Dezenas de marinheiros são mortos, outros mandados para a Amazônia. Outros, ainda, expulsos da Marinha. João Cândido é preso e afogado numa masmorra da Ilha das Cobras. Fim das chibatadas.
• O Cangaço (1879 a 1940)
• Causas: exploração do trabalho do sertanejo, seca, prepotência dos coronéis, fome e injustiças.
• Principal figura: Lampião.
• Movimento Operário.
• Movimento que surge como conseqüência das péssimas condições de trabalho do operariado, tais como
- salários baixos;
- jornada de trabalho de até 15 horas/dia;
- exploração do trabalho feminino e infantil;
- ausência de aviso prévio, de horas extras, da jornada de trabalho fixa, de garantia de emprego, do salário mínimo.
• Resultados: protestos e reivindicações, surgimento dos sindicatos e organizações operárias de ideologia anarquista, até 1922 com a fundação do PCB (Partido Comunista Brasileiro).
• Tenentismo.
• A partir da década de 1920, cresce o descontentamento social contra o sistema oligárquico, possibilitando o surgimento do Movimento Tenentista.
• Reivindicações: moralização pública, fim do voto aberto, criação de uma justiça eleitoral, defesa do nacionalismo econômico, reforma na educação pública.
• Ações: Revolta do Forte de Copacabana, Revolta de 1924, Coluna Prestes.
Semana da Arte Moderna.
Movimento cultural que rompeu com os padrões europeus nas artes. A Semana de Arte Moderna promoveu uma reviravolta nas artes e nas letras brasileiras, revigorando as raízes da nacionalidade, popularizando a cultura ao abrir espaço para os repentistas e autores da literatura de cordel.
A ruptura da República Oligárquica.
A desestruturação da República Velha deveu-se à conjugação de vários fatores, entre eles,
• oscilação do preço do café;
• crack da Bolsa de Valores de Nova York;
• ruptura da política do café-com-leite levando à formação da Aliança Liberal, que reunia os estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul. A Aliança Liberal reunia em seu programa de governo as reivindicações dos movimentos tenentistas e operários, as pretensões da burguesia industrial e da classe média além de atender aos interesses do latifúndio dissociado da produção cafeeira.
A fraude eleitoral, porém, levou Getúlio Vargas, candidato à presidência pela Aliança Liberal, à derrota. Mais uma vez, o exército brasileiro tomou as rédeas da história, depondo o então presidente Washington Luís, em um movimento conhecido como Revolução de 30, que inaugurou uma nova fase da história das repúblicas brasileiras: a Era Vargas.
A Era Vargas.
O período histórico, iniciado com a Revolução de 1930 é denominado Era Vargas que se estendeu até outubro de 1945. Divide-se em 3 fases distintas:
• de 1930 a 1934 — fase revolucionária: governo provisório;
• de 1934 a 1937 — fase do governo constitucional;
• de 1937 a 1945 — fase ditatorial: Estado Novo.
Características da Era Vargas
• Predomínio do setor econômico, voltado para o mercado interno.
• Declínio do poder das oligarquias regionais em detrimento do Poder Central.
• Importância crescente do Estado na economia.
• Presença fundamental tanto na economia como na política das multinacionais (processo de internacionalização do capital).
Governo Provisório (1930—1934)
Política.
Getúlio assumiu a presidência com amplos poderes:
• suspendeu a Constituição;
• fechou o Congresso Nacional;
• nomeou interventores para o Estado;
• instituiu as leis trabalhistas.
Em 1932, ocorreu a Revolução Constitucionalista:
tentativa de São Paulo, apoiado pelo Sul do Mato Grosso, de retornar ao poder. Para tanto, formou-se uma frente única, que lançou a campanha a favor da Constituinte.
Vitorioso, Vargas convocou eleições

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