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Tratamento de Fraturas Específicas Ann L. Johnson FRATURAS DA MAXILA E DA MANDÍBULA DEFINIÇÕES Fraturas maxilares e fraturas mandibulares podem resultar de trauma, periodontite grave ou neoplasia. Periodontite é uma reação inflamatória do tecido que circunda um dente e que geralmente resulta da extensão de inflamação gengival para o periodonto. CONSIDERAÇÕES GERAIS E FISIOPATOLOGIA CLINICAMENTE RELEVANTE Fraturas maxilares e mandibulares são geralmente causadas por trauma na cabeça, e frequentemente há lesões concomitantes presentes (i.e., obstrução da via aérea superior, trauma do sistema nervoso central, pneumotórax, contusões pulmonares e miocardite traumática). Estas anormalidades podem ameaçar agudamente a vida e exigir diagnóstico e tratamento imediatos. A reparação definitiva das fraturas muitas vezes deve ser retardada até que o animal tenha sido apropriadamente estabilizado. Fraturas mandibulares ocasionalmente ocorrem como resultado da perda óssea associada à periodontite grave. Extração dentária deve ser efetuada com cuidado em pacientes idosos com periodontite grave, a fim de evitar esta complicação. Com periodontite grave, a consolidação óssea pode estar prejudicada. Dentes afetados devem ser extraídos antes da estabilização da fratura nestes pacientes. Fraturas patológicas também podem resultar de neoplasia mandibular (p. 412). Exame histopatológico do osso de animais com fraturas mandibulares é justificado, a não ser que as fraturas sejam causadas, com certeza, por trauma. Fraturas mandibulares associadas à neoplasia são tratadas por mandibulectomia e não por reparação definitiva da fratura (p. 412). Os dentes ocupam uma grande parte da mandíbula e são componentes que integram a estrutura mandibular normal (Fig. 33-1). Dentes envolvidos em fraturas não devem ser removidos a não ser que estejam frouxos. Isto é especialmente importante nos casos de fraturas que envolvem o corpo mandibular caudal, porque os dentes pré-molares e molares são grandes, ocupam uma porção substancial deste osso e contribuem, essencialmente, para a estabilidade da fratura. As fraturas que se estendem ao longo da raiz dentária desde a crista alveolar até o ápice do dente estão sob risco de necrose da polpa e reabsorção óssea periapical. Tratamento de canal radicular temporário ou permanente no momento da estabilização da fratura pode promover consolidação óssea. Se os dentes afetados não forem tratados durante o procedimento cirúrgico, uma avaliação periódica para a evidência de infecção ou afrouxamento será necessária durante o pós-operatório para determinar se terapia endodôntica ou extração será indicada. A anatomia e a localização das raízes dentárias devem ser consideradas quando implantes são aplicados na mandíbula. Lesão de raízes dentárias determinadas por pinos, fios metálicos, brocas de furadeira e parafusos pode causar dano suficiente para que a extração se torne necessária depois da consolidação da fratura. FIG. 33-1 Anatomia do crânio. Observar que as raízes dentárias ocupam uma grande porção da mandíbula. As relações normais das arcadas dentárias maxilar e mandibular estão ilustradas. DIAGNÓSTICO Apresentação Clínica Predisposição. Embora fraturas traumáticas mandibulares ou maxilares possam ocorrer em cães de qualquer idade, cães jovens estão sob maior risco. Entretanto, à medida que a população canina reflete o aumento nas raças pequenas e miniaturas e nas populações urbanas atreladas, a idade média dos cães com fraturas mandibulares tem aumentado. Fraturas patológicas da mandíbula são particularmente comuns em cães idosos de raças pequenas e miniaturas (p. ex., poodles) que não receberam profilaxia dentária regular e são alimentados com comida mole e sobras de refeições. Histórico. Usualmente, uma história de trauma (p. ex., pisada, atropelamento ou coice) é vista nos animais com fraturas orais traumáticas. Disjunções da sínfise mandibular e fraturas do palato duro podem ocorrer em gatos que caem de grande altura (“síndrome dos arranha-céus”). A extração dentária pode se associar a fraturas patológicas em cães com periodontite grave. Exame Físico Os animais com fraturas mandibulares podem salivar excessivamente, exibir dor à abertura da boca, e frequentemente relutar em comer. A saliva pode ser tingida de sangue, mas sangramento profuso é incomum. Crepitação e instabilidade podem, muitas vezes, ser palpadas durante o exame oral cuidadoso; entretanto, a inspeção completa destas estruturas quanto à presença de feridas da mucosa e crepitação frequentemente exige anestesia geral. Disjunções da sínfise mandibular permitem que uma mandíbula seja movida separadamente da outra. Geralmente é observada menor instabilidade nas fraturas maxilares do que nas fraturas mandibulares. Os dentes devem ser examinados cuidadosamente quando da evidência de trauma. Uma biópsia das fraturas com notável lise ou proliferação óssea deve ser realizada. NOTA • Usar terapia endodôntica para tratar os dentes fraturados acima da linha da gengiva; extrair os dentes que estão fraturados abaixo da linha da gengiva. Diagnóstico por Imagem Radiografias da mandíbula e maxila geralmente exigem que os animais sejam anestesiados. Exame radiográfico completo do crânio geralmente requer um mínimo de quatro vistas radiográficas: dorsoventral ou ventrodorsal, lateral, e oblíqua lateral direita e esquerda. As radiografias de crânio são frequentemente difíceis de interpretar por causa da presença de múltiplas estruturas sobrepostas; portanto, a comparação com um crânio normal frequentemente é útil. Simetria entre os dois lados é fundamental para a interpretação, assim como o cuidado no posicionamento do animal. Vistas especializadas adicionais, como vistas intraorais, também podem ser necessárias para avaliação completa. Tomografia computadorizada (TC) pode ajudar a identificar fraturas no corpo mandibular caudal, ramo vertical e côndilo mandibular, que podem ser difíceis de detectar radiograficamente. A TC é mais eficiente para avaliar faturas complexas mandibulares e maxilares do que a radiografia convencional (Bar-Am et al., 2008). Alterações Laboratoriais Anormalidades laboratoriais específicas não estão presentes em fraturas mandibulares ou maxilares de qualquer causa. Os animais traumatizados devem ser submetidos a exame hematológico para determinar se existem contraindicações à anestesia. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os animais com fraturas mandibulares ou maxilares devem ser avaliados para determinar se as fraturas são resultado de trauma ou doença associada (i.e., periodontite, neoplasia ou doença metabólica; ver discussão anterior). ABORDAGEM MÉDICA Uma focinheira de esparadrapo pode ser aplicada para manter a mandíbula; se houver um mínimo desvio dos fragmentos fraturados (em geral fratura do ramo), se a oclusão dentária for adequada, e se o escore de avaliação da fratura (p. 1055) for favorável, o prognóstico é de consolidação precoce. Uma focinheira pode ser feita com dois pedaços de esparadrapo colocados com os lados aderentes juntos, e modelados em um círculo que se adapta sobre o focinho do cão. Um pedaço de esparadrapo feito da mesma maneira se estende a partir do círculo em torno da cabeça e atrás das orelhas (Fig. 33-2). A focinheira deve permitir ao cão abrir sua boca o suficiente para beber água e comer mingau. Para permitir consolidação adequada, as focinheiras devem permanecer no lugar por seis semanas. Cães com fraturas mandibulares e maxilares podem não tolerar focinheiras de esparadrapo porque esta pode causar pressão sobre a fratura maxilar. Em virtude do curto nariz do gato, focinheiras de esparadrapo são difíceis de aplicar e manter. De igual modo pode ser difícil manter uma focinheira de esparadrapo em raças braquicefálicas. FIG. 33-2 Estabilização de uma fratura mandibular minimamente desviada com uma focinheira de esparadrapo.Focinheiras de esparadrapo também podem ser usadas no pré-operatório para suportar a mandíbula. TÉCNICAS DE ESTABILIZAÇÃO INTERDENTÁRIA Técnicas de estabilização oral incorporando fixação de fio metálico e/ou acrílicos dentários aos dentes possibilitam redução fechada de fraturas mandibulares e maxilares, preservando as inserções periosteais e o suprimento sanguíneo. Estas técnicas são especialmente úteis para fraturas rostrais aos primeiros molares mandibulares e para fraturas cominutivas nas quais redução anatômica pode não ser viável. Fixação maxilomandibular também pode ser usada para estabilizar luxações da articulação temporomandibular. Aplicação de Fixação Interdentária Fixação interdentária é limitada ao uso em fraturas mandibulares e maxilares que ocorrem entre os dentes caninos e carniceiros. Em cães, amarrações interdentárias com fio metálico são combinadas a moldes acrílicos intraorais para fornecer fixação estável. Em gatos, moldes acrílicos intraorais podem ser usados sem reforço metálico. Materiais acrílicos com baixa temperatura de polimerização são recomendados para uso intraoral. As coroas dos dentes da mandíbula são limpas, polidas e tratadas com ácido para melhorar a adesão de resina acrílica. A mandíbula é alinhada usando-se interdigitação dos dentes como marco anatômico para redução precisa. A fixação de fio metálico interdentário (fio de 0,3 a 0,5mm) é aplicada para, inicialmente, estabilizar a(s) fratura(s). Acrílico dentário é aplicado aos dentes preparados para estabilizar a fratura (Fig. 33-3). Os moldes são removidos quando a evidência radiográfica revela união óssea na fratura, seccionando-se a tala interdentária e removendo-se a tala em partes. FIG. 33-3 Estabilização de uma fratura mandibular em um cão com uma tala de acrílico reforçada com fio metálico (Cortesia Dra. Sandra Manfra Marretta e Dr. Robert Ulbricht.). Aplicação de Fixação Maxilomandibular Adesão dos dentes caninos da maxila e mandíbula unidos em alinhamento anatômico é uma alternativa à focinheira de esparadrapo para tratamento conservador de fratura. Os dentes caninos são limpos, polidos, tratados com ácido e alinhados com compósito dentário, deixando a boca aberta aproximadamente 1cm. Embora simples, a técnica exige que todos os quatro dentes caninos estejam intactos e sadios. Esta técnica pode ser usada em cães e gatos (Fig. 33-4). FIG. 33-4 Estabilização de uma fratura mandibular caudal em um gato com adesão acrílica dos dentes caninos maxilares e mandibulares (foto: cortesia Dra. Sandra Manfra Marretta). NOTA • Advertência: os animais tratados com limitação da sua capacidade de abrir a boca estão em risco de hipertermia se colocados em um ambiente aquecido, e de pneumonia por aspiração, se ocorrer vômito. TRATAMENTO CIRÚRGICO O método apropriado de tratamento das fraturas mandibulares e maxilares é determinado com base no escore de avaliação (p. 1055) e na localização da fratura. Tratamento conservador com focinheira de esparadrapo ou adesão com composto dentário pode ser apropriado para algumas fraturas (ver discussão anterior). Sistemas de fixação interna aplicáveis para fraturas mandibulares são fio ortopédico, fios de Kirschner, e placas e parafusos. Pinos intramedulares (IM) são contraindicados porque o canal mandibular contém a artéria alveolar mandibular e o nervo alveolar inferior. Fixadores externos (padrão e configurações de acrílico) são muito eficazes para fraturas cominutivas não redutíveis. Muitas fraturas maxilares não têm desvio e necessitam apenas de terapia conservadora; entretanto, fraturas maxilares segmentares ou linhas de fratura afundadas podem exigir reposicionamento e estabilização. Fraturas mandibulares ou maxilares que alteram a oclusão normal devem ser reduzidas e estabilizadas. As fraturas maxilares que resultam em mau posicionamento nasal ou instabilidade devem ser reduzidas e estabilizadas. Fios interfragmentários podem ser usados para estabilizar algumas fraturas maxilares quando apenas alguns grandes fragmentos ósseos estão envolvidos e é possível a redução anatômica estável (Fig. 33-5), especialmente com fios de Kirschner incorporados na fixação para evitar acavalgamento dos fragmentos. Miniplacas maxilofaciais são mais efetivas para restaurar contorno anatômico de fraturas maxilares cominutivas e afundadas que envolvem partes finas do crânio. FIG. 33-5 Estabilização de fraturas maxilares com fio de Kirschner e fio ortopédico. Os fios são aplicados perpendicularmente à fratura e apertados para comprimi-la. Fios de Kirschner são usados para evitar colapso dos fragmentos. Ocasionalmente, um dente canino pode ser usado para firmar o fio. Para facilitar a passagem do fio de cerclagem, angular os orifícios de broca na direção da fratura. Passar uma alça de um pedaço longo de fio embaixo do osso e através do segundo orifício. Puxar o fio até que as dobras causadas pela alça estejam além da incorporação na cerclagem fina, e apertar o fio. Aplicação de Fios Interdentários Fios interdentários são colocados em torno dos dentes adjacentes às linhas de fratura. Posicionar os fios firmemente no osso, em torno do colo do dente, para evitar que eles deslizem para fora da coroa. Coloque os fios através de orifícios que são perfurados entre os dentes e através da superfície óssea cortical superficial. Passe o fio através dos orifícios, circundando os dentes, e apertado. Dobre as extremidades do fio na direção da mucosa (Fig. 33-6). FIG. 33-6 Fios interdentários podem ser colocados através de orifícios perfurados no osso maxilar ou mandibular para evitar que o fio deslize. Aplicação de Fios Interfragmentários Fios interfragmentários são ideais para estabilizar facilmente fraturas mandibulares e maxilares reconstruíveis. Fio de diâmetro grosso (calibre 18 a 22), adequadamente aplicado, fornece suporte adequado à fratura (Tabela 32-1); entretanto, os fios podem ser difíceis de posicionar e apertar, a não ser que algumas diretrizes de aplicação sejam obedecidas. Deve ser usado o fio de mais grosso calibre que possa ser manipulado. Use os fios de Kirschner para fazer orifícios no osso, 5 a 10mm da linha de fratura (Fig. 33-7, A). Posicione estes orifícios de modo que o fio fique perpendicular à linha de fratura quando for apertado. Incline os orifícios da broca na direção da linha de fratura porque isto resulta em ângulos obtusos no lado do osso oposto, onde o nó do fio será apertado. Este posicionamento permite ao fio deslizar para entrar facilmente na posição e aumenta a capacidade de ajuste. Use longos segmentos de fio para facilitar a passagem do mesmo e permitir a manipulação de qualquer dobra para longe da área que deverá ser apertada. Aperte o fio usando um nó torcido ou uma alça de tensão (p. 1086). Torça-o de tal maneira que igual tensão é aplicada a ambos os lados (Fig. 33-7, B). Use um elevador de periósteo ou pinça dente-de-rato grande para alavancar o fio ortopédico embaixo do nó e eliminar a folga (Fig. 33-7, C). Quando apertado, dobrar o fio perpendicularmente à própria superfície e para longe da margem gengival. Corte o fio e as extremidades torcidas e dobre-os para dentro da superfície do osso (Fig. 33-7, D). Em condição ideal, os fios devem ser localizados perto da margem oral para neutralizar forças que tendem a romper as fraturas. Uma vez que esta margem também contém os dentes, é necessário cuidado para posicionar os orifícios da broca entre os dentes ou as raízes dentárias. Quando múltiplos fios são usados, todos os orifícios devem ser perfurados e posicionados os fios antes que qualquer fio seja apertado. Os fios são apertados começando na linha de fratura caudal e trabalhando na direção da sínfise. Se dobra ou deslizamento forem encontrados nos casos de fraturas oblíquas ou transversas, fios de Kirschner com fio ortopédico modelado na forma de 8 podem ser usados. O fio de Kirschnerajuda a evitar deslizamento ou dobramento enquanto o fio ortopédico é apertado. FIG. 33-7 A, Para colocar um fio interfragmentário na mandíbula, deve-se angular os orifícios de broca na direção da fratura. B, Colocar o fio e começar a torcer enquanto se aplica tração ao fio. C, Para garantir que o fio esteja em contato com o córtex distante, inserir um fórceps entre a torção e o córtex próximo, e elevar o fio para longe do córtex próximo. D, Torcer o fio, cortar o fio torcido e dobrá-lo para dentro do osso. Aplicação de Placas e Parafusos Ósseos Placas ósseas podem ser usadas para estabilizar fraturas mandibulares únicas ou cominutivas (p. 1086). Placas são aplicadas à superfície mandibular ventrolateral. Deve-se tomar cuidado para moldar a placa corretamente porque a mandíbula se alinha com a placa à medida que os parafusos são apertados; desalinhamento resulta em maloclusão. Os parafusos são posicionados para evitar as raízes dentárias. Miniplacas maxilofaciais podem oferecer modelagem e colocação de parafusos mais fáceis nas fraturas mandibulares e maxilares e podem ser combinados a placas retas-padrão e placas de reconstrução (Fig. 33-8). FIG. 33-8 A, Placas de compressão são aplicadas à superfície mandibular lateral para estabilizar fraturas transversas. Evitar penetrar as raízes dentárias com parafusos. Um fio interdentário pode funcionar como uma fixação de banda de tensão adicional. B, As fraturas oblíquas podem ser estabilizadas com fios de hemicerclagem e uma placa. Fraturas do ramo vertical podem ser estabilizadas com miniplacas aplicadas às bordas rostral e ventral mais grossas do osso. C, Fraturas cominutivas da mandíbula podem ser unidas em ponte com uma placa de reconstrução. Fixação concomitante com miniplaca acrescenta estabilização na superfície de tensão da mandíbula. (Modificado de Johnson AL, Houlton JEF, Vannini R, editors: AO principles of fracture management in the dog and cat, Thieme, New York, 2005, AO Publishing.) Aplicação de Fixadores Esqueleticos Fixadores externos. Fixadores externos (p. 1067) podem ser usados para estabilizar fraturas do corpo da mandíbula se houver osso suficiente para reter pinos de fixação. Os pinos de fixação são colocados percutaneamente através do corpo mandibular, evitando raízes dentárias. Os fixadores Tipo I são aplicados à superfície mandibular ventrolateral com pelo menos dois pinos inseridos em cada lado da linha de fratura. Pinos com perfil positivo, extremidade rosqueada, são usados para aumentar o poder de retenção do fixador. Para fraturas bilaterais do corpo mandibular, um fixador Tipo II pode ser construído usando-se pinos de fixação bi e unilaterais. Uma barra conectora é colocada em cada lado da mandíbula do cão (Fig. 33-9). FIG. 33-9 A, Um fixador externo pode ser combinado com o fio interfragmentário para estabilizar as fraturas mandibulares oblíquas ou (B) pode ser utilizado sozinho para as fraturas transversais. C e D, Ao colocar um fixador externo Tipo I ou Tipo II para estabilizar fraturas mandibulares cominutivas, usar pinos de perfil positivo com extremidade rosqueada se o escore de avaliação da fratura indicar consolidação prolongada. Evitar penetrar as raízes dentárias com os pinos de fixação. Fixadores acrílicos. Acrílico dentário, usado para substituir pinças e barras conectoras, constitui- se em uma fixação rígida versátil para fraturas mandibulares, especialmente fraturas gravemente cominutivas. Depois que pinos forem colocados em localizações apropriadas na mandíbula (usar pinos de fixação de tamanho apropriado para a área óssea), as extremidades são dobradas paralelas à pele (Fig. 33-10, A). Para avaliar a oclusão dentária e reduzir fraturas, a boca do animal é fechada. Se necessário, pinças de Kirschner e uma barra conectora podem ser colocados para manter a fratura temporariamente em redução enquanto o acrílico está sendo misturado e moldado (Fig. 33-10, B). O tecido mole é protegido colocando-se compressas úmidas abaixo dos pinos. Depois que o acrílico está misturado, ele é moldado sobre os pinos dobrados para formar uma barra conectora (Fig. 33-10, C). Alternativamente, um tubo de plástico pode ser cravado sobre os pinos (não dobrá-los) e, a seguir, usado como um molde para o acrílico em fase líquida. O aparelho de acrílico pode ser curvado em torno da parte rostral da mandíbula. FIG. 33-10 Talas acrílicas podem ser usadas para acomodar pinos de fixação de vários tamanhos que são colocados em múltiplos planos. A, Colocar os pinos de fixação onde houver osso adequado. Usar pinos de perfil positivo, extremidade rosqueada, quando o escore de avaliação da fratura indicar consolidação prolongada. B, Usar uma barra de fixação temporária para manter o alinhamento mandibular. C, Dobrar os pinos de fixação e aplicar o acrílico sobre eles enquanto ele tem uma consistência pastos. NOTA • As barras de acrílico são versáteis porque podem acomodar vários tamanhos de pinos de fixação colocados em múltiplos planos. Animais com fraturas mandibulares que têm altos escores de avaliação da fratura, de 8 a 10 (p. ex., fraturas simples em animais jovens; p. 1055), podem ser tratados com focinheira de esparadrapo, fixação interdentária, amarração com fio interdentário, ou técnicas de fio interfragmentário, dependendo da localização da fratura. Fio interfragmentário é geralmente suficiente para estabilizar fraturas mandibulares simples, bilaterais, se elas puderem ser anatomicamente reconstruídas e se os escores de avaliação das fraturas indicarem consolidação rápida (Quadro 33-1). Ela tem a vantagem de ser de fixação interna com mínimo cuidado pós-operatório. Com escores moderados de avaliação da fratura, de 4 a 7 (p. ex., cães maiores ou mais velhos com tempos mais longos de consolidação), e as fraturas bilaterais podendo ser anatomicamente reconstruídas, fios interfragmentários, fixação interdentária, fixação externa ou placas e parafusos ósseos podem ser usados para fixação da fratura. Um autoenxerto ósseo esponjoso pode ser usado para promover união óssea rápida nestes pacientes. Com baixos escores de avaliação da fratura, de 0 a 3, contaminação, perda óssea, ou dano grave ao tecido mole, as fraturas mandibulares são tratadas mais frequentemente com redução fechada e aplicação de fixador externo ou de placa de suporte. As técnicas de redução fechada preservam o ambiente biológico, mas os fixadores externos exigem cuidado pós-operatório intensivo, e a interface pino-osso afrouxa com o tempo. O alinhamento mandibular é determinado observando-se a oclusão dentária. Fixação com placas e parafusos pode ser usada para estabilizar fraturas mandibulares com perda óssea cortical; entretanto, a placa precisa ser cuidadosamente moldada à forma normal do osso fraturado. Se redução aberta for efetuada em pacientes com baixos escores de avaliação da fratura, o osso esponjoso autógeno ou a matriz óssea desmineralizada com enxerto ósseo esponjoso podem ser usados para facilitar a consolidação. QUADRO 33-1 U so de I mplantes para F raturas M axilares e M andibulares de A cordo com o E score de A valiação da F ratura (E A F ) EAF 0 a 3 • Redução fechada e fixação esquelética externa • Placa e parafusos ósseos • Fixação maxilo-mandibular do ramo vertical EAF 4 a 7 • Técnicas de fixação interdentária • Placas e parafusos ósseos • Fixação esquelética externa EAF 8 a 10 • Focinheira de esparadrapo • Técnicas de fixação interdentária • Amarração com fio interfragmentário • Fios de cerclagem (fraturas sinfisárias) Cães com fraturas cominutivas graves do ramo vertical podem ser tratados com uma focinheira de esparadrapo, confiando-se no forte músculo masseter para manter o alinhamento dos fragmentos. Em alguns casos pode ser usada fixação maxilomandibular para manter o alinhamento mandibular e maxilar. Embora a maioria dos gatos tolere bema fixação maxilomandibular, os cães podem ser mais difíceis de tratar no pós-operatório. Cuidados Pré-operatórios Depois que o estado do animal for determinado, as fraturas mandibulares, na maioria dos cães, podem ser reduzidas delicadamente e mantidas temporariamente em posição com uma focinheira de esparadrapo, até que um procedimento definitivo de estabilização possa ser realizado (Fig. 33-2). Entretanto, fraturas mandibulares em gatos e cães braquiocefálicos não podem ser facilmente estabilizadas com focinheira de esparadrapo e, muitas vezes, não são tratadas até a cirurgia. Uma vez que a cavidade oral contém numerosas bactérias, antibióticos profiláticos são recomendados. Infecções são raras, porque a vasculatura que supre esta área é bem desenvolvida e abundante. Se for provável à ocorrência de infecção e a redução for efetuada aberta, culturas bacterianas podem ser enviadas durante a cirurgia. Analgésicos devem ser dados aos animais pós-traumatizados (Cap. 12). Anestesia É obrigatória a reconstrução ou realinhamento anatômico da cortical mandibular para prover oclusão dentária adequada. Fraturas mandibulares simples podem ser reconstruídas anatomicamente usando-se cortical óssea como guia. Com fraturas complexas ou perda óssea cortical, no entanto, a oclusão dentária deve ser utilizada para guiar o realinhamento mandibular. Como os dentes mandibulares e maxilares interdigitam-se de perto, o alinhamento preciso das arcadas superior e inferior é necessário. Se a oclusão dentária não puder ser precisa com o tubo endotraqueal no lugar, ele deve ser reposicionado através de uma incisão de faringotomia (Fig. 33-11). Isto permite que a boca seja completamente fechada durante a cirurgia, o que facilita a determinação de oclusão dentária adequada. Após a cirurgia, o tubo endotraqueal é removido e a incisão da faringotomia é deixada granular. FIG. 33-11 Para colocar um tubo endotraqueal através de uma incisão de faringotomia, inserir o dedo indicador dentro da cavidade oral e localizar a área faríngea imediatamente cranial aos ossos hioides. Incisar a pele, tecido subcutâneo e membrana mucosa para criar uma passagem para o tubo endotraqueal. Colocar uma pinça através da passagem criada cirurgicamente para agarrar o tubo endotraqueal (com o conector removido) e redirecioná-lo. Outra técnica anestésica envolve a extubação e reintubação intermitente o paciente para permitir que o cirurgião tenha uma oportunidade de verificar o alinhamento. Esta técnica exige a seleção cuidadosa do paciente. Os pacientes com função pulmonar ou cardíaca comprometida podem não aguentar mesmo nos períodos curtos de extubação. É importante que o paciente seja relativamente fácil de intubar rapidamente. Além do mais, algumas fraturas complicadas podem não possibilitá-los tal técnica, e a faringostomia deve ser planejada. Para que uma técnica de ventilação intermitente funcione, é necessário que o cirurgião e o anestesista estejam em constante comunicação. Antes da extubação, o paciente deve estar recebendo 100% de oxigênio e os sinais vitais devem estar dentro da faixa normal. Uma leitura de oximetria de pulso de 100% na extubação normalmente possibilita que o cirurgião tenha muitos minutos para verificar as oclusões e fazer os ajustes. Quando uma oximetria de pulso começa a cair abaixo de 90 %, o anestesista precisa reintubar e ventilar com 100% de oxigênio. Se necessário, isso pode ser repetido diversas vezes contanto que a oxigenação do paciente permaneça adequada e os sinais vitais permaneçam normais. Os bolus pequenos intermitentes de um hipnótico de curta ação, como o propofol, podem ser necessários quando o paciente não está recebendo um agente de inalação (Tabelas 33-5 e 33–6 nas pp. 1045-1048). TABELA 33-5 Exemplo de Protocolo de Reabilitação Física para Pacientes com Fraturas Diafisárias Umerais ou Femorais Estabilizadas com Fixadores Externos + Realizar modalidade; N, normal; PRN, conforme necessário; ROM, amplitude de movimento *Efetuar amplitude de movimento passivo de todas as articulações do membro afetado. TABELA 33-6 Exemplo de Protocolo de Reabilitação Física para Pacientes com Fraturas do Cotovelo ou do Carpo + Realizar modalidade; N, normal; PRN, conforme necessário; ROM, amplitude de movimento *Efetuar amplitude de movimento passivo de todas as articulações do membro afetado. Anatomia Cirúrgica Os ossos da maxila e o corpo mandibular são facilmente palpados e acessados cirurgicamente através da pele e tecido subcutâneo (Fig. 33-12). O nervo maxilar (ramo do nervo trigêmeo que inerva os músculos cutâneos da cabeça, cavidade nasal e oral, e músculos da mastigação) passa rostralmente através do canal alar e pode ser lesado com fraturas maxilares. O nervo alveolar mandibular, que é sensitivo dos dentes da mandíbula, passa através do canal mandibular juntamente com a artéria alveolar mandibular. Estas estruturas frequentemente são danificadas com fraturas mandibulares, embora sinais clínicos raramente sejam evidentes. Raízes dentárias devem ser evitadas ao colocar implantes na maxila ou mandíbula. A via de acesso ao ramo e articulação temporomandibular envolve dissecção e elevação do músculo masseter (Fig. 33-13). O ducto e a glândula parótida e o nervo facial são dorsais e superficiais ao músculo masseter e devem ser evitados. FIG. 33-12 A, Para uma via de acesso ventral à mandíbula, fazer uma incisão mediana ventral na pele entre as mandíbulas. B, Elevar o tecido mole das mandíbulas para expor a(s) fratura(s), porém manter a fixação do músculo digástrico. FIG. 33-13 A, Para uma via de acesso lateral ao ramo da mandíbula, fazer uma incisão na pele sobre a borda ventrolateral do corpo mandibular caudal, e separar o músculo platisma para expor o músculo masseter. B e C, Incisar e elevar o músculo masseter do ramo para expor sua superfície mandibular lateral e os processos angular e coronoide. NOTA • A forma do canal mandibular e a presença de vasos e nervos importantes impedem a fixação com pino intramedular de fraturas mandibulares. Posicionamento Os animais são posicionados em decúbito ventral para tratamento de fraturas maxilares, e decúbito dorsal para tratamento de fraturas mandibulares. O campo cirúrgico, incluindo a boca, é preparado assepticamente para cirurgia. Se um enxerto ósseo esponjoso autógeno for necessário, os animais podem ser posicionados em decúbito dorsal com os membros anteriores fixados caudalmente. A pele sobre o úmero proximal também é preparada para cirurgia asséptica. Este posicionamento permite acesso simultâneo à metáfise proximal do úmero e à cavidade oral. Como esta é uma posição de membro incomum para obter um enxerto ósseo, deve- se tomar cuidado para se orientar antes do procedimento. Adicionalmente, o enxerto deve ser colhido primeiro para evitar contaminação bacteriana do local doador. A colocação de campos deve ser efetuada para incluir acesso à cavidade oral. TÉCNICA CIRÚRGICA Redução Aberta de Fraturas Mandibulares Nos casos de fraturas mandibulares bilaterais, faça uma incisão mediana ventral na pele entre as mandíbulas. Mova esta incisão em cada direção para expor ambas as mandíbulas. Se apenas uma mandíbula estiver comprometida, faça uma incisão ventral na pele diretamente sobre essa mandíbula. Eleve o tecido mole das mandíbulas para expor a(s) fratura(s). Mantenha a inserção do músculo digástrico (Fig. 33-12). Reduza e estabilize a fratura (p. 1116). Se ocorrer uma fratura segmentar do corpo mandibular, estabilize primeiro a fratura caudal. Como há pouca musculatura em torno do corpo mandibular, a redução geralmente é realizada com facilidade. A redução aberta do córtex mandibular realinhará os dentes. Avalie a cavidade oral quanto a feridas abertas. Se grandes feridas estiverem presentes, feche a mucosa parcialmente para reduzir o seu tamanho. Para possibilitar drenagem pós-operatória,não feche completamente as feridas contaminadas. Coloque um dreno de Penrose se infecção estiver presente ou for provável. Feche a ferida cirúrgica suturando as camadas em aposição. Redução Aberta de Fraturas do Ramo Vertical e Articulação Temporomandibular Faça uma incisão na pele sobre a borda ventrolateral do corpo mandibular caudal e separe o músculo platisma para expor o músculo digástrico. Eleve o músculo masseter do ramo para expor sua superfície mandibular lateral e os processos angular e coronoide (Fig. 33-13). Reduza a fratura e estabilize-a (p. 1115). Repare feridas grandes, abertas, da cavidade oral conforme descrito na página. 1115. Feche a ferida cirúrgica suturando as camadas em aposição. Redução Aberta de Fraturas Maxilares Faça uma incisão na pele sobre a(s) fratura(s) e, delicadamente, eleve o tecido mole do osso. Reduza a fratura e estabilize-a. Repare feridas grandes, abertas, da cavidade oral conforme descrito na página 1115. Estabilização de Disjunções Sinfisárias Mandibulares As disjunções de sínfise são mais bem tratadas porcerclagem com fio metálico. Um único fio serve como um tratamento eficaz para fraturas sinfisárias. Os fios de cerclagem sinfisária circundam a mandíbula caudalmente aos dentes caninos. O fio pode ser removido, uma vez que a fratura tenha se consolidado (geralmente 6 a 8 semanas), cortando-o com tesoura de fio metálico, onde ele fica exposto, atrás dos dentes caninos. Faça um pequeno pique na pele sobrejacente à face ventral da sínfise. Insira uma agulha hipodérmica de 16g ou 18g através deste pique e ao longo da superfície mandibular lateral (sob o tecido subcutâneo). Saia com a agulha na cavidade oral caudal ao dente canin, e enfie um fio de 18g ou 20g através da agulha. Reposicione a agulha no lado oposto da mandíbula, curve o fio transversalmente e atrás dos dentes caninos, e reinse-o através da agulha hipodérmica. Saia com o fio pela incisão na pele no ponto original de inserção. Uma vez reduzida a fratura, aperte o fio. Deixe as extremidades do fio expostas através da incisão na pele e dobre-as para diminuir a possibilidade de lesão do dono (Fig. 33-14). FIG. 33-14 Para estabilizar fraturas sinfisárias mandibulares, usar uma agulha hipodérmica calibre 16 ou calibre 18 para colocar o fio de cerclagem. Estabilização de Fraturas Transversas Mandibulares Fraturas transversas devem ser realinhadas e comprimidas Aplique um ou dois fios interfragmentários perpendicularmente à linha de fratura para realizar compressão (Fig. 33-15, A a C). Alternativamente, se a fratura do paciente justificar fixação mais rígida, use um fixador externo ou placa óssea de compressão. FIG. 33-15 Fio interfragmentário pode ser usado para estabilizar fraturas mandibulares. A a C, Para fraturas transversas, fios podem ser colocados perpendiculares à linha de fratura. D, Estabilizar linhas de fratura caudorrostrais, longas, oblíquas com dois fios colocados em ângulo reto um com o outro. O fio em torno da borda mandibular ventral evita que o segmento caudal se desvie rostralmente quando o fio interfragmentário for apertado. E e F, Para estabilizar fraturas longas, oblíquas, inclinadas, colocar fio através de ambos os segmentos ósseos e em torno da borda mandibular ventral para evitar cavalgamento dos segmentos ósseos. G, Fixar fragmento borboleta grande com fios interfragmentários. Estabilização de Linhas de Fratura Oblíquas Fraturas oblíquas podem acavalgar-se quando fios paralelos são apertados, de modo que podem ser necessários padrões de fios alternativos. Estabilize linhas de fratura oblíquas de caudal a rostral (ou vice-versa) com dois fios colocados em ângulo reto um com o outro. Mais de um fio pode ser colocado através de um único orifício de broca. Estabilize linhas de fratura oblíquas de medial a lateral (ou vice-versa) com dois fios colocados perpendiculares um ao outro em dois planos perpendiculares. Em ambos os casos o segundo fio evita acavalgamento da fratura quando os fios são apertados (Fig. 33-15, D a F). Estabilização de Fraturas Cominutivas Estabilize fraturas cominutivas que têm linhas de fratura longas e podem ser reconstruídas anatomicamente com fios interfragmentários (Fig. 33-15, G). Suporte a fratura reconstruída com uma placa óssea ou fixador externo. Coloque ponte em fraturas cominutivas que não podem ser reconstruídas com uma placa óssea ou fixador externo. Dedique atenção cuidadosa para assegurar que a oclusão dentária seja apropriada. MATERIAIS DE SUTURA E INSTRUMENTOS ESPECIAIS Uma furadeira com motor de baixa rotação é útil para colocar pinos de fixação. Um mandril de pino ou a furadeira são usados para confeccionar orifícios no osso para colocar fios metálicos e fios de Kirschner. Composto de resina dentária, é necessário para adesão de dentes caninos. Polimetilmetacrilato ou acrílico dentário podem ser usados para formar aparelho de acrílico. Equipamento para fixação de placas é necessário. AVALIAÇÃO E CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS Radiografias pós-operatórias devem ser realizadas para avaliar a posição dos implantes. A oclusão dos dentes, no entanto, assume precedência sobre a redução precisa dos fragmentos. A oclusão dentária é determinada mais facilmente com exame físico do que com radiografias. Ocasionalmente, uma focinheira de esparadrapo pode ser usada no pós-operatório para manter a fixação (Fig. 33-2). Quando focinheiras são usadas como fixação principal ou suporte para fixação interna, a pele sobre a superfície ventral da mandíbula pode se tornar irritada. A pele deve ser cuidadosamente limpa e tratada com uma pomada suavizante. Fixadores externos devem ser avaliados durante o pós-operatório para assegurar que as pinças ou o acrílico não estão muito próximos da pele. O animal deve ser alimentado com comida mole até que a fratura consolide; brinquedos de mastigar devem ser evitados. Pacientes com fixação maxilomandibular que têm dificuldade com alimentação oral podem se beneficiar com um tubo de alimentação esofágico (p. 102). Os proprietários devem ser instruídos a não deixar o animal mastigar pedras ou pedaços de madeira ou brincar de cabo-de-guerra. Os clientes devem ser instruídos a limpar a pele abaixo da focinheira de esparadrapo diariamente e a limpar a área em torno dos pinos de fixação. Irrigações com clorexidine oral são recomendadas duas vezes ao dia para os pacientes com aparelho interdentário, a fim de minimizar a gengivite associada a detritos retidos. O animal deve ser reavaliado na 2a semana de pós-operatório e as suturas removidas. Radiografias devem ser obtidas depois de seis semanas para avaliar a consolidação e repetidas a cada seis semanas daí em diante, até que a consolidação esteja completa. Composto dentário usado para adesão dentária pode quebrar prematuramente e exigir reaplicação, se a consolidação não estiver completa. Composto dentário, fios intraorais e fixadores externos devem ser removidos quando as fraturas estiverem consolidadas; fios interfragmentários e placas e parafusos ósseos não são removidos a não ser que causem problemas. Seccionar o aparelho interdentário e removê-lo de forma segmentar ajuda a evitar fratura de dente durante esta manobra. COMPLICAÇÕES Complicações comuns incluem maloclusão e osteomielite. Muitos animais aprendem a compensar a maloclusão; entretanto, artrite temporomandibular, mastigação prejudicada, desgaste dentário anormal, acumulação de placa e tártaro e periodontite constituem sequelas possíveis. Maloclusão branda associada à interferência de dentes pode ser tratada pela remodelação dos dentes envolvidos para permitir espaço. Maloclusão grave pode exigir extração dentária ou osteotomia corretiva. Osteomielite (p. 1407) e sequestro ósseo devem ser tratados por sequestrectomia, remoção de implantes frouxos, estabilização mandibular (se necessário), autoenxertos de osso esponjoso, cultura/sensibilidade, e antibióticosapropriados. As faltas de união são tratadas com estabilização apropriada e autoenxertos de osso esponjoso. Mandibulectomia parcial (p. 392) é uma opção para tratamento de falta de união crônica da mandíbula. PROGNÓSTICO O prognóstico quanto à consolidação de fraturas mandibulares e maxilares geralmente é excelente se forem observadas técnicas adequadas de tratamento das fraturas. NOTA • Fraturas mandibulares e maxilares geralmente consolidam sem um calo grande Referência Bibliográfica Bar-Am, Y, Pollard, RE, Kass, PH, Verstraete, FJ. The diagnostic yield of conventional radiographs and computed tomography in dogs and cats with maxillofacial trauma. Vet Surg. 2008; 37:294. FRATURAS DA ESCÁPULA DEFINIÇÕES Fraturas da escápula podem ocorrer através do corpo, espinha, acrômio, colo, tubérculo supraglenoidal e cavidade glenoidal. CONSIDERAÇÕES GERAIS E FISIOPATOLOGIA CLINICAMENTE RELEVANTE Fraturas da escápula são relativamente incomuns em cães e gatos porque os grandes músculos que circundam a escápula a protegem de lesão direta. Lesões concomitantes comuns incluem lesões torácicas, como contusões pulmonares, pneumotórax, fraturas de costelas e miocardiopatia traumática; e lesão nervosa, como contusões do plexo braquial e nervo supraescapular. Assim, os parâmetros respiratórios e a função neurológica do membro com fraturas escapulares devem ser determinados no pré-operatório de animais apresentados com fraturas escapulares. É difícil determinar o estado do nervo supraescapular no pré-operatório. As fraturas são classificadas de acordo com a localização (p. ex., corpo, espinha, acrômio, colo, tubérculo supraglenoidal e cavidade glenoidal), comprometimento da superfície articular e estabilidade. As fraturas do corpo e espinha escapulares podem ser minimamente desviadas e estabilizadas, exigindo apenas terapia conservadora. Entretanto, as fraturas transversas do corpo e espinha da escápula podem permitir que a escápula se dobre sobre si mesma, resultando em um mau aspecto cosmético se a fratura não for reduzida e estabilizada. Similarmente, as fraturas cominutivas podem ser instáveis e candidatas à fixação interna. Avulsão do tubérculo supraglenoidal ocorre em cães imaturos e é a separação fisária sujeita à tração do músculo bíceps que deve ser estabilizada por métodos de fixação interna. NOTA • As fraturas do colo escapular (se desviadas e instáveis) e da cavidade glenoidal (fraturas intra-articulares) podem afetar a função da articulação escapuloumeral e assim devem ser reduzidas anatomicamente e estabilizadas com métodos de fixação interna. DIAGNÓSTICO Apresentação Clínica Predisposição. Predisposição. Embora fraturas traumáticas da escápula possam ocorrer em animais de qualquer idade, jovens de grande porte possuem um risco maior. Histórico. Os animais acometidos geralmente têm uma história de trauma. Exame Físico A maioria dos animais afetados se apresenta com claudicação sem sustentar peso. Edema pode ocorrer sobre a escápula e crepitação pode ser óbvia quando esta região é palpada. Diagnóstico por Imagem Radiografias da escápula devem incluir vistas lateral e caudocranial. Vistas laterais podem ser obtidas colocando-se a escápula dorsal à coluna vertebral (preferido) ou sobrepondo-se a escápula ao tórax cranial. Para evitar sobrepor as escápulas, o membro torácico contralateral deve ser afastado para longe do membro afetado durante a projeção lateral. Uma projeção distal-proximal ou axial fornece uma vista do horizonte da espinha da escápula e bordas cranial e caudal da escápula. Em virtude da manipulação necessária para radiografias diagnósticas, alguns animais podem necessitar de sedação (Tabelas 33-2 e 33–3, nas pp. 1037-1038). TABELA 33-2 Exemplo de Protocolo de Reabilitação Física para Pacientes com Fraturas Estáveis do Corpo da Escápula + Realizar modalidade (Cap. 11); PRN, conforme necessário. *Efetuar amplitude de movimento passivo de todas as articulações do membro afetado TABELA 33-3 Exemplo de Protocolo de Reabilitação Física para Pacientes com Fraturas Estáveis do Ombro + Realizar modalidade (Cap. 11); N, normal; PRN, conforme necessário; ROM, amplitude de movimento. *Efetuar amplitude de movimento passivo de todas as articulações do membro afetado. Alterações Laboratoriais Anormalidades laboratoriais específicas não estão presentes em animais com fraturas escapulares. Os animais traumatizados que se submetem à cirurgia devem realizar exame de sangue necessário para determinar o melhor esquema de anestesia. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os animais com claudicação de membro torácico atribuível a fraturas escapulares devem ser cuidadosamente avaliados quanto à lesão nervosa concomitante (plexo braquial, trauma da medula espinhal) antes da cirurgia. As fraturas geralmente são radiograficamente evidentes. Atenção especial também deve ser dada à identificação de lesões torácicas concomitantes. CONDUTA MÉDICA Tratamento conservador com uma bandagem de Velpeau (p. 1052) e exercício limitado são apropriados para a maioria das fraturas fechadas, minimamente desviadas, do corpo e espinha da escápula em cães que consolidarão rapidamente. Entretanto, as fraturas da superfície articular devem ser tratadas com redução aberta, alinhamento anatômico e fixação rígida (ver discussão a seguir). Tipoias de Velpeau devem ser mantidas não mais que 2 a 3 semanas, tomando-se cuidado para prevenir contratura do carpo. TRATAMENTO CIRÚRGICO Tratamento cirúrgico é indicado para fraturas extra-articulares instáveis e para fraturas intra-articulares. Os sistemas de fixação aplicáveis às fraturas da escápula consistem em placas e parafusos, fio ortopédico e fios de Kirschner. O método de fixação mais apropriado deve ser determinado com base no escore de avaliação e localização da fratura; entretanto, placas e parafusos ósseos oferecem a fixação mais estável (Quadros 33-2 e 33-3). NOTA • Fixação com placas e parafusos é preferida para assegurar ótimo resultado para função do membro. Cuidados Pré-operatórios A saúde global do animal deve ser determinada antes da cirurgia. Radiografia torácica e análise eletrocardiográfica estão justificadas antes da indução anestésica. Analgésicos devem ser dados aos animais pós- traumatizados (Cap. 12). Anestesia Consultar as Tabelas 33-5 e 33–6, nas pp. 1045-1048, para protocolo anestésico de pacientes com fraturas. Anatomia Cirúrgica Os pontos anatômicos palpáveis da escápula são a espinha, o processo acromial e as bordas cranial, dorsal e caudal. O corpo e a espinha da escápula são facilmente acessados com dissecção e elevação do músculo. O colo da escápula é rodeado por músculos e tendões que suportam a articulação escapuloumeral (Fig. 33-16). Osteotomia do processo acrômio permite fletir uma parte do músculo deltoide e visualizar a articulação. O nervo e a artéria supraescapulares correm sobre a incisura escapular e sob o processo acrômio, devendo-se tomar cuidado para evitar estas estruturas (Fig. 33-16). A artéria e o nervo axilares estão localizados imediatamente caudais à articulação, mas geralmente não são visualizados com as vias de acesso habituais. FIG. 33-16 A, Para uma via de acesso lateral ao colo da escápula, fazer uma incisão lateral na pele a partir da porção média da espinha escapular distalmente, até a articulação do ombro. Incisar as inserções escapulares dos músculos omotransverso e trapézio e cabeça escapular do músculo deltoide. Osteotomizar o processo acromial e refleti-lo distalmente com a cabeça acromial do músculo deltoide. B, Para exposição adicional, tenotomizar o músculo infraespinoso e, se necessário, osteotomizar o tubérculo maior do úmero. Incisar a cápsula articular para observar a superfície articular durante a redução de fraturas comprometendo a cavidade glenoidal. C, Reparar a(s) osteotomia(s) do processo acromial (etubérculo maior) com um fio em banda de tensão. Posicionamento O animal é colocado em decúbito lateral com o lado afetado para cima. A região escapular inteira deve ser preparada para a cirurgia asséptica. Para melhor manobra, deve-se colocar campos cobrindo o membro torácico separadamente. O local mais acessível para um enxerto ósseo esponjoso é o úmero proximal ipsilateral. Se um enxerto ósseo for necessário (p. ex., fraturas cominutivas com um escore de avaliação da fratura menor que 3), a área preparada deverá abranger o úmero proximal. TÉCNICA CIRÚRGICA As vias de acesso à articulação escapuloumeral estão descritas nas páginas 1257-1258. Artroplastia e artrodese de ombro estão discutidas na página 1258. Abordagem Cirúrgica à Espinha e ao Corpo Escapular Para uma via de acesso lateral à escápula, faça uma incisão lateral na pele estendendo-se pelo comprimento da espinha distalmente até a articulação do ombro (Fig. 33-17, A). Transeccione o músculo omotransverso da espinha e reflia-o cranialmente. Incise os músculos trapézio e a parte escapular do deltoide da espinha e refleti-los caudalmente. Incise as inserções musculares do supraespinhoso e infraespinhoso na espinha e eleve estes músculos do corpo da escápula (Fig. 33-17, B). FIG. 33-17 A, Para uma via de acesso lateral à escápula, fazer uma incisão lateral na pele estendendo-se pelo comprimento da espinha distalmente até a articulação do ombro. B, Incisar o músculo omotransverso, músculo trapézio e partes escapulares do músculo deltoide da espinha. Elevar os músculos supraespinhoso e infraespinhoso do corpo da escápula para expor a fratura. Via de Acesso ao Colo da Escápula e Cavidade Glenoidal Faça uma incisão lateral na pele, desde a porção média da espinha da escápula, e estenda-a distalmente até a articulação do ombro. Exponha o processo acrômio incisando as fixações dos músculos omotransverso, trapézio e cabeça escapular do deltoide na escápula. Osteotomize o processo acromial e refleta-o distalmente com a cabeça acromial do músculo deltoide. Rebata os músculos supra e infraespinoso para longe da espinha e colo da escápula. Tome cuidado para identificar e proteger o nervo supraescapular. Se for necessário para exposição completa da articulação, tenotomize o músculo infraespinoso. Incise a cápsula articular para observar a superfície articular durante a redução de fraturas comprometendo a cavidade glenoidal (Fig. 33-16, B). Para exposição adicional, osteotomize o tubérculo maior do úmero e rebater o músculo supraespinoso. Feche a cápsula articular com sutura interrompida e fio absorvível 3-0. Faça a reaposição do tendão infraespinoso com uma sutura de tendão (i.e., polia de 3 alças, sutura de Bunnell ou alça travada; p. 1379) e sustente-a com fio não absorvível [0 ou 2-0, sutura interrompida. Reparare a osteotomia acromial com um fio em banda de tensão (Fig. 33-16, C). Reparare a osteotomia umeral com parafusos compressivos. Suturare fáscia profunda, tecido subcutâneo e pele separadamente. Aplicação de Fio Metálico Fio metálico pode ser usado como fio interfragmentário para fraturas da espinha e corpo da escápula (Figs. 33-18 e 33-19) ou em conjunção com fios de Kirschner como banda de tensão para avulsões do tubérculo supraglenoidal (Fig. 33-20) em animais com altos escores de avaliação da fratura. Fio de calibre maior (18 a 22) é usado para fixação interfragmentária, enquanto fio de calibre menor (20 a 24) é usado em um padrão de forma de 8 (TABELA 33- 1). Fio de calibre grande pode ser difícil de posicionar e apertar, a não ser que sejam obedecidas as diretrizes de aplicação (pp. 1083-1085 para os princípios gerais da aplicação do fio). TABELA 33-1 Tamanhos Comparáveis de Fio para Estabilização de Fraturas CALIBRE MILÍMETRO POLEGADAS 16 1,25 0,049 18 1,00 0,040 20 0,80 0,035 0,032 0,030 22 0,60 0,028 24 0,020 FIG. 33-18 A, Fratura transversa do corpo escapular pode causar deformidades de flexão. B, Fio ortopédico pode ser usado para reparar estas fraturas em alguns pacientes com alto escore de avaliação da fratura. C e D, A mesma fratura na maioria dos pacientes deve ser estabilizada com uma ou duas placas veterinárias cortáveis. (B, C, e D modificado de Johnson AL, Dunning D: Atlas of orthopedic surgical procedures of the dog and cat, ed 1, St Louis, 2005, Saunders.) FIG. 33-19 Fraturas cominutivas do corpo da escápula podem ser reconstruídas com fio ortopédico em pacientes com altos escores de avaliação das fraturas. FIG. 33-20 Para superar o puxão do múculo braquial do bíceps (A), as avulsões da tuberosidade supraglenoide são tratadas com um fio da banda de tensão (B) em pacientes com um alto escore de avaliação da frtaura, ou com um parafuso compressivo (C) em pacientes com um escore médio a baixo de avaliação de fratura. NOTA • Partes da escápula são finas e o fio de grosso calibre pode lacerá- la quando apertado. Aplicação de Fios de Kirschner Fios de Kirschner podem ser usados como pinos cruzados para estabilizar fraturas transversas do colo escapular (Fig. 33-21) em animais com altos escores de avaliação das fraturas (p. 1055). Fios de Kirschner com fio metálico em forma de 8 também podem ser usados para fixação com banda de tensão de fraturas de avulsão ou reparação de osteotomias do acrômio (Fig. 33-16, C; pp. 1079 e 1086 para os princípios gerais do fio de Kischner e da aplicação da banda de tensão). FIG. 33-21 A, Fraturas transversas do colo escapular são tratadas mais eficazmente com fixação interna. B, Fios de Kirschner cruzados podem ser usados em alguns pacientes com altos escores de avaliação das fraturas. C, Placas em ângulo podem ser usadas naqueles com baixos escores de avaliação das fraturas. D, As fraturas articulares devem ser reconstruídas anatomicamente e estabilizadas com um parafuso compressivo. A fratura T é então estabilizada com uma ou duas placas veterinárias cortáveis. (D modificado de Johnson AL, Dunning D: Atlas of orthopedic surgical procedures of the dog and cat, ed 1, St Louis, 2005, Saunders.) Aplicação de Placas e Parafusos Ósseos Placas veterinárias cortáveis podem ser usadas para estabilizar fraturas do corpo e colo da escápula (Fig. 33-18). As placas permitem mais parafusos por unidade de comprimento da placa, tornando-as particularmente úteis em fraturas da escápula. As placas aplicadas ao corpo da escápula devem ser fixadas com parafusos colocados dentro do osso relativamente espesso que fica abaixo da espinha (Ocal e Toros, 2007). Adicionalmente, a borda caudal da escápula também oferece material ósseo mais espesso. Placas pequenas (2,7 e 2,0mm) em ângulo e em T também podem ser usadas para estabilizar fraturas do colo (Fig. 33-21). Nos casos de fratura do colo, as placas são colocadas abaixo do nervo supraescapular e o nervo deve ser protegido de trauma enquanto a placa é posicionada. Parafusos de osso esponjoso e cortical são usados como parafusos compressivos para estabilizar fraturas de avulsão do tubérculo supraglenoidal e fraturas em T do colo (Figs. 33-20 e 33- 21; p. 1086 para os princípios gerais da aplicação da placa). NOTA • As fraturas articulares são tratadas com mais eficácia com reconstrução anatômica e compressão com parafuso compressivo ESTABILIZAÇÃO DE FRATURAS ESPECÍFICAS FRATURAS DO CORPO ESCAPULAR E DA ESPINHA Se a avaliação da fratura do paciente (p. 1055) indicar consolidação rápida (escore de 8 a 10), use tratamento conservador para fraturas estáveis do corpo e espinha da escápula. Se essas fraturas forem grosseiramente deslocadas ou tiverem resultado na dobra do corpo, abra a redução e estabilização com as placas cortáveis veterinárias ou fiação interfragmentária (Fig. 33-18) pode ser mais apropriado. Se o escore de avaliação da fratura for de 4 a 7 (p. ex., cães mais velhos ou maiores, em que a cura pode ser atrasada), abrir a reduçãoe a fixação da placa e do parafuso é indicado. Escores de avaliação da fratura menores que 3 indicam consolidação prolongada (Quadro 33-2). Se angulação grave da articulação não estiver presente, as fraturas cominutivas do corpo e espinha da escápula, que não possam ser reconstruídas, podem ser tratadas de uma maneira conservadora. Se o animal tiver trauma múltiplo de membros ou tiver que suportar peso sobre o membro, colocar na escápula uma ou duas placas ósseas poderá aumentar a mobilidade pós-operatória. QUADRO 33-2 U so de I mplantes para F raturas do C orpo e E spinha da E scápula de acordo com o E score de A valiação da F ratura (E A F ) EAF 0 a 3 • Tratamento conservador • Placa e parafusos ósseos EAF 4 a 7 • Tratamento conservador • Placa e parafusos ósseos EAF 8 a 10 • Tratamento conservador • Fios interfragmentários • Placa e parafusos ósseos Fraturas por Avulsão do Tubérculo Supraglenoidal e Fraturas do Colo e Superfície Articular da Escápula As fraturas por avulsão do tubérculo supraglenoidal são tratadas com redução aberta e colocação de um parafuso compressivo ou fio em banda de tensão. As fraturas simples do colo escapular são tratadas com redução aberta e estabilização com fios de Kischner cruzados, ou com um ou mais placas pequenas. Reconstruir as fraturas cominutivas que comprometem o colo e reforçar com uma pequena placa (ou placas). Autoenxertos de osso esponjoso estão usados em conjunto com a redução aberta, a fim de promover a consolidação nestes pacientes. Fraturas articulares devem ser reconstruídas anatomicamente (Quadro 33- 3). Parafusos compressivos com fixação da placa é o método de fixação mais apropriado. QUADRO 33-3 U so de I mplantes para F raturas A rticulares de acordo com o E score de A valiação da F ratura (E A F ) EAF 0 a 3 • Parafusos compressivos EAF 4 a 7 • Parafusos compressivos EAF 8 a 10 • Parafusos compressivos • Fio em banda de tensão MATERIAIS DE SUTURA E INSTRUMENTOS ESPECIAIS Afastadores Army-Navy, de Myerding e de Hohmann são úteis para afastar os músculos. Uma furadeira de alta rotação é necessária para aplicação de uma placa e pode ser usada para fazer orifícios para colocação de fio ortopédico ou fios de Kirschner. Cortadores de fios são necessários. Equipamento para placas é necessário para colocação de parafusos de compressão e placas. AVALIAÇÃO E CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS AVALIAÇÃO E CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS Radiografias pós-operatórias devem ser realizadas para avaliar a redução da fratura e a posição do implante. O tratamento da dor pós-operatória pode ser indicado (Tabelas 33-5 e 33–6 nas pp. 1045-1048). Radiografias devem ser repetidas a cada seis semanas até que as fraturas estejam consolidadas. Se surgir uma preocupação com a estabilidade do implante para sustentação completa de peso, uma bandagem de Velpeau (p. 1052) pode ser aplicada durante um curto tempo de pós-operatório; entretanto, o retorno precoce à função é preferido para fraturas articulares. A atividade deve ser restringida a caminhar pela coleira e reabilitação física até que a fratura tenha consolidado. Reabilitação física (Cap. 11) encoraja o uso controlado do membro e função ideal do mesmo após a consolidação da fratura. Cuidados deve ser tomados para desenvolver protocolos “sob medida” para cada paciente, dependendo da localização da fratura, estabilidade e tipo de fixação desta, potencial de consolidação, capacidades e atitudes do paciente, e disposição ou capacidade do cliente em participar no cuidado do animal (Tabelas 33-2 e 33-3). Depois que as fraturas estiverem consolidadas, pode ser considerada a remoção do implante, mas esta geralmente é desnecessária. Se uma tipoia de Velpeau for aplicada, ela deve ser mantida seca e limpa e o proprietário deve observá-la diariamente quanto à evidência de deslizamento ou irritação. COMPLICAÇÕES A maioria das fraturas da escápula consolida sem complicação. Complicações potenciais da reparação de fratura da escápula incluem infecção iatrogênica (no caso de redução aberta), união defeituosa, união retardada e artropatia degenerativa secundária depois de fratura articular. Fios de Kirschner migrarão se a fratura ficar instável. Faltas de união são incomuns após reparação de fraturas da escápula, em virtude da grande massa muscular e bom suprimento sanguíneo regional. PROGNÓSTICO O prognóstico é excelente se os procedimentos apropriados para o tratamento da fratura forem seguidos. Referência Bibliográfica Ocal, MK, Toros, G. A morphometric study on the cross-sections of the scapular spine in dogs. Vet Comp Orthop Traumatol. 2007; 20:281. FRATURAS DO ÚMERO FRATURAS UMERAIS DIAFISÁRIAS E SUPRACONDILARES DEFINIÇÕES As fraturas da diáfise umeral resultam em interrupção da continuidade do osso cortical diafisário. Fraturas supracondilares são fraturas da diáfise distal que envolve o forame supracondilar. CONSIDERAÇÕES GERAIS E FISIOPATOLOGIA CLINICAMENTE RELEVANTE Lesões de alta velocidade (p. ex., acidentes com veículos a motor, lesões por tiro e trauma fechado) são causa comum de fraturas umerais em animais. Ao avaliar um paciente que sofreu uma lesão de alta velocidade, é importante não se basear exclusivamente na fratura óbvia, mas fazer um exame completo de todos os sistemas orgânicos para excluir qualquer lesão concomitante. Lesões comuns associadas a fraturas do úmero incluem trauma da parede torácica, pneumotórax e contusão pulmonar. Radiografias devem ser tiradas para avaliar o grau de lesão torácica antes da anestesia. O nervo radial corre de medial a lateral no sulco musculoespiral do úmero distal. Lesão do nervo radial pode ocorrer com fraturas comprometendo o úmero distal; portanto, uma avaliação cuidadosa do estado neurológico do animal é essencial. Reflexos e propriocepção podem ser difíceis de avaliar devido ao trauma muscular e ao edema tecidual associados à fratura. Entretanto, sensibilidade dolorosa superficial é facilmente evocada no dorso da pata se o nervo radial for funcional. DIAGNÓSTICO Apresentação Clínica Predisposição. Pode ocorrer em qualquer idade, sexo ou raça de cão ou gato. Histórico. Acidentes com veículos a motor causam a maioria dos casos de fratura da diáfise do úmero. Outras causas de lesão incluem tiros e quedas. Exame Físico Os pacientes com fraturas diafisárias do úmero geralmente não estão sustentando o peso e exibem graus variados de edema do membro. Dor e crepitação podem ser provocadas com manipulação do membro. Os animais afetados frequentemente arrastam o membro ao caminhar e podem não levantar a pata quando a propriocepção é avaliada. Isto pode induzir o examinador supor que está presente uma lesão neurológica. Entretanto, achados semelhantes podem ocorrer por causa da lesão ortopédica, unicamente, se a dor e o edema tornarem o paciente relutante em mover o membro quando a propriocepção é avaliada. Diagnóstico por Imagem A maioria desses animais está com dor e precisam de sedativos ou anestesia geral para o posicionamento adequado para obter radiografias de qualidade (Tabelas 33-2 e 33–3 nas pp. 1037 e 1038, respectivamente). Posição caudocranial ou craniocaudal e lateral são necessárias para estimar a extensão da lesão óssea e dos tecidos moles. Radiografias podem ser obtidas sob anestesia antes da cirurgia, mas isto diminui o tempo disponível para planejar o procedimento cirúrgico. Se a fratura for cominutiva e se a fixação com placa óssea for contemplada, radiografias do membro contralateral serão úteis para avaliação do comprimento e forma do osso. Estas radiografias auxiliam na modelagem adequada da placa óssea. Alterações Laboratoriais Hemograma completo e avaliação bioquímica sérica devem ser realizados para avaliar o estado do animal para anestesia. Anormalidades laboratoriais constantes não estão presentes. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os diagnósticos diferenciaisincluem luxação do ombro ou cotovelo, contusão grave dos tecidos moles, e fraturas patológicas secundárias à neoplasia. ABORDAGEM MÉDICA O tratamento médico dos animais com fraturas fisárias radiais e ulnares inclui analgésicos para dor pós-traumática (Cap. 12) e antibiótico para tratar fraturas abertas. Bandagens ou talas não são indicadas para reparação de fraturas umerais porque a articulação escapuloumeral não pode ser eficazmente imobilizada. TRATAMENTO CIRÚRGICO Pinos IM e fio ortopédico, hastes bloqueadas, pinos IM mais fixação esquelética externa, fixadores esqueléticos externos unicamente, e placas ósseas podem ser usados para reparar fraturas umerais. O sistema de implante escolhido deve refletir o escore de avaliação da fratura do paciente (Quadro 33-4). QUADRO 33-4 U so de I mplantes para F raturas da D iáfise da T íbia de acordo com o E score de A valiação da F ratura (E A F ) EAF 0 a 3 • Placa óssea e pino intramedular (IM) • Placa e parafusos ósseos • Haste bloqueada • Fixador externo Tipo Ib modificado com pino IM EAF 4 a 7 • Fixação esquelética externa com ou sem pino IM • Placa e parafusos ósseos • Haste bloqueada EAF 8 a 10 • Pino IM com fios de cerclagem ou fixador externo • Placa óssea flexível e parafusos Cuidados Pré-operatórios Antes da cirurgia, uma imobilização tipo spica (p. 1051) pode ser aplicada para aumentar o conforto do paciente e proteger o tecido mole de mais lesão induzida adicionalmente pelos fragmentos ósseos. Uma vez que estas fraturas resultam de trauma, todos os animais afetados devem ser examinados quanto à lesão concomitante e estabilizados, se necessário, antes da cirurgia. Analgésicos devem ser dados aos animais pós-traumatizados (Cap. 12). Anestesia Consultar as Tabelas 33-5 e 33–6 nas páginas 1045-1048 para protocolo anestésico de pacientes com fraturas. Anatomia Cirúrgica Embora o úmero possa ser acessado a partir de todas as quatro direções anatômicas, a exposição craniolateral é mais usada para acesso à diáfise umeral. O nervo radial deve ser identificado e protegido durante a redução e estabilização da fratura. O nervo radial localiza-se superficialmente ao músculo braquial e profundamente à cabeça lateral do tríceps. O úmero canino tem uma curvatura normal cranial a caudal que posiciona o eixo longo da cavidade medular cranial à articulação do ombro. Isto facilita a colocação de pino ao assegurar que um pino IM saía cranial à articulação. Entretanto, distalmente, o forame supratroclear está em linha direta com o eixo longo da cavidade medular, o que torna mais difícil a colocação distal do pino IM para dentro do osso esponjoso. A anatomia do úmero do felino é semelhante à do canino. No entanto, a curvatura menos craniana e caudal é observada, e o diâmetro da cavidade medular é mais uniforme. Em muitos gatos, o canal medular termina na região do forame supratroclear. Cuidados devem ser tomados para evitar entrar no forame supratroclear por causa da presença do nervo mediano. Durante a via de acesso medial ao úmero, deve-se ter cuidado para isolar e proteger os nervos medianos, musculocutâneo e ulnar, e a artéria e veia braquial. NOTA • Certificar-se de identificar e proteger os principais nervos durante as vias de acesso cirúrgico ao úmero. Posicionamento Para a via de acesso craniolateral ao úmero, o animal é posicionado em decúbito lateral com o membro acometido para cima. Para a via de acesso medial ao úmero, o animal é posicionado em decúbito dorsal. Uma preparação do membro suspenso facilita a manipulação durante a cirurgia. O membro deve ser preparado desde a linha mediana dorsal até o carpo. Se a localização da fratura permitir, o úmero proximal poderá ser usado como local doador de enxerto ósseo esponjoso. Caso contrário, a asa ilíaca ipsilateral deve ser preparada para cirurgia. TÉCNICA CIRÚRGICA Abordagem Cirúrgica à Diafise Umeral A diáfise umeral proximal e central é mais facilmente exposta através de uma via de acesso craniolateral. Incise a pele desde a borda cranial do tubérculo do úmero até o epicôndilo lateral distalmente (Fig. 33-22, A). Siga a curvatura normal do úmero. Incise a gordura subcutânea e fáscia braquial ao longo da mesma linha, tendo cuidado de isolar e proteger a veia cefálica (Fig. 33-22, B). Se necessário, ligue a veia cefálica para obter a exposição desejada. Incise a fáscia braquial ao longo da borda do músculo braquiocefálico e a cabeça lateral do tríceps. Tenha cautela ao incisar a fáscia ao longo da borda cranial do tríceps sobreposto ao músculo braquial até que o nervo radial seja visualizado (Fig. 33-22, C). Uma vez isolado o nervo, rebata os músculos braquiocefálico e peitoral superficial cranialmente e o músculo braquial caudalmente para expor a diáfise umeral proximal e central (Fig. 33-22, D). Para ganhar mais exposição da diáfise umeral distal, rebata o músculo braquial cranialmente e o músculo tríceps lateral caudalmente. Libere a origem do músculo extensor radial do carpo da crista do epicôndilo lateral para a exposição máxima. Para fechar, suture o músculo braquicefálico e os músculos do peitoral superficial à fáscia do braquiocefálico. Suture o tecido subcutâneo e a pele usando métodos-padrão. A metade distal do úmero também é acessível através de uma exposição medial e constitui a escolha de alguns cirurgiões quando uma placa óssea é usada como método de fixação. Faça uma incisão desde o tubérculo maior proximal até o epicôndilo medial, distalmente. Incise a fáscia braquial profunda ao longo da borda caudal do músculo braquiocefálico (Fig. 33-23, A). Tome cuidado distalmente para preservar e isole as estruturas neurovasculares (i.e., nervos mediano, musculocutâneo e ulnar e artéria e veia braquial; Fig. 33-23, B). Rebata o músculo braquiocefálico, cranialmente, e incise através da inserção do músculo peitoral superficial. Para exposição da porção média do úmero, rebata o músculo peitoral superficial cranial e o bíceps braquial e estruturas neurovasculares caudalmente (Fig. 33-23, C). Para exposição do úmero distal, rebatea o bíceps braquial, estruturas neurovasculares e músculo peitoral superficial, cranialmente. Para fechar, suturre o peitoral superficial à fáscia do braquiocefálico. Suture a fáscia profunda restante, tecido subcutâneo e pele, rotineiramente. FIG. 33-22 A, Para expor o meio da diáfise umeral, fazer uma incisão na pele desde a borda cranial do tubérculo umeral até o epicôndilo lateral distalmente. B, Incisar a gordura subcutânea e a fáscia braquial ao longo da mesma linha, tomando cuidado para isolar e proteger a veia cefálica. C, Visualizar o nervo radial ao incisar a fáscia ao longo da borda craniana do tríceps sobrejacente ao músculo braquial. D, Afastar o músculo braquiocefálico, cranialmente, e o músculo braquial, caudalmente, para expor o úmero. FIG. 33-23 A, Para expor a superfície medial do terço distal do úmero, incisar a fáscia braquial profunda ao longo do bordo caudal do músculo braquiocefálico. B, Na área distal, tomar cuidado para preservar e isolar os nervos mediano, musculocutâneo e ulnar e a artéria e veia braquiais. C, Rebater o bíceps braquial e estruturas neurovasculares caudalmente e o músculo peitoral superficial cranialmente. Técnicas de Aplicação do Implante Específicas para o Úmero Aplicação de um pino intramedular. Um pino IM pode ser usado para estabilizar fraturas mesodiafisárias umerais, fornecendo excelente resistência à flexão, mas não resistência a forças rotacionais ou carga axial. Implantes adicionais devem ser usados para prover suporte rotacional e axial para a maioria das fraturas (p. 1079 para os princípios gerais da aplicação do pino IM). Coloque um pino IM de uma maneira retrógrada ou normógrada no úmero. Para o pino IM retrógrado, direcione-o proximalmente da superfície da fratura para a articulação do ombro. Para garantir que o pino saiaproximalmente no local correto, pressionae o eixo do pino contra a superfície medial e caudal da cavidade medular para forçar a ponta do pino para que ele deslize ao longo do córtex craniolateral e saia craniolateral para a articulação do ombro. Essa manobra também “pré-ajusta” o pino no fragmento proximal de tal modo que a ponta distal do pino é dirigida para o córtex caudomedial quando a fratura for reduzida e o pino for impulsionado para dentro do fragmento distal. Para colocar um pino de uma maneira normógrada, insiria-o na área craniolateral do tubérculo maior e direcione-o alinhado com o canal medular para sair no local da fratura. Com qualquer das duas técnicas, a fratura é reduzida e o pino é impulsionado distalmente. Assente um pino grande no istmo da cavidade medular bem proximal ao forame supracondilar, ou direcionar um pino menor na porção medial do côndilo (Fig. 33-24). O canal medular termina na área supracondilar em muitos gatos, e a passagem do pino IM para dentro da porção medial do côndilo é impossível (Langley-Hobbs e Straw, 2005). A colocação do pino é mais fácil em gatos porque a cavidade medular tem um diâmetro uniforme, o osso tem menos curvatura e há menos envoltório de tecido mole cobrindo o osso do que em cães. Cuidado deve ser tomado para não entrar no forame supratroclear porque o nervo mediano situa-se nesta área. FIG. 33-24 As fraturas umerais podem ser estabilizadas com um pino IM, que ou é encravado para dentro da parte mais estreita da cavidade medular (istmo), ou guiado através da crista epicôndiloide para se assentar dentro do epicôndilo medial. Implantes adicionais, como os fios de cerclagem, são necessários para oferecer suporte mecânico. (Modificado de Johnson AL, Dunning D: Atlas of orthopedic surgical procedures of the dog and cat, ed 1, St Louis, 2005, Saunders.) NOTA • Estimar o tamanho do pino a partir da radiografia pré-operatória. NOTA • Para alinhar o pino adequadamente com colocação retrógrada, pressionar a haste contra o córtex caudomedial. Isto faz o pino sair de forma craniolateral à articulação do ombro. Aplicação de uma haste bloqueada. Hastes bloqueadas são usadas para estabilizar fraturas umerais mesodiafisárias simples e cominutivas (Fig. 33-25). A haste bloqueada fornece resistência a forças de flexão, rotacionais e de carga axial e é capaz de, eficazmente, fazer a ponte em uma fratura não redutível (p. 1082, para os princípios gerais da aplicação da haste bloqueada). Perfure o canal medular utilizando uma técnica normógrada ou retrógrada. Insira a haste bloqueada de um modo normógrado, começando na crista do tubérculo maior. Faça uma via de acesso craniolateral (p. 1253) para expor o ponto de inserção. Flexione o ombro para facilitar a inserção da haste. FIG. 33-25 Posição de uma haste bloqueada no úmero. Aplicação da fixação esquelética externa. A massa muscular circundante, a proximidade da parede torácica e o movimento do ombro fazem da aplicação do fixador ao úmero uma prática desafiadora. Quando fixadores externos são aplicados ao úmero como único meio de fixação, o esforço sobre os pinos de fixação é alto devido à longa distância desde a barra externa até a entrada deles no osso e a incapacidade de usar configurações bilaterais mais fortes. Planejamento pré-operatório meticuloso e obediência estrita aos princípios de aplicação são necessários para evitar complicações relacionadas ao fixador e morbidade inaceitável do paciente. No geral, as armações tipo Ia e tipo Ib modificadas combinadas com os pinos IM são usadas para estabilizar as fraturas umerais (Figs. 33-26 e 33-27). Combinar o suporte à flexão de um pino IM com o suporte axial e rotacional de um fixador externo é útil para controlar todas as forças de sustentação de peso. A configuração, número e tipo de pinos de fixação variam com a rigidez de fixação desejada e a duração de tempo que o fixador deve permanecer no lugar (p. 1067, para os princípios gerais da aplicação da fixação esquelética externa [ESF]). Insiria um pino IM que ocupa 50% a 60% da cavidade medular de uma maneira normógrada ou retrógrada. Aplique um fixador tipo Ia à superfície lateral do úmero. Centralize o pino de fixação distal no côndilo do úmero ao inseri-lo de 1–2mm craniano e distal à proeminência epicondilar lateral. Pré-perfure o côndilo porque esta área é composta de osso esponjoso denso. Prenda o pino IM na estrutura para aumentar a estabilidade (Fig. 33-26). FIG. 33-26 Para aumentar a resistência do sistema de fixação, conectar o pino IM a uma configuração de fixador externo para fazer uma configuração vinculada. (Modificado de Johnson AL Dunning D: Atlas of orthopedic surgical procedures of the dog and cat, ed 1, St Louis, 2005, Saunders.) FIG. 33-27 O fixador esquelético externo (tipo Ib modificado mostrado aqui) pode ser usado com um pino intramedular (IM) ou como o único meio de estabilizar uma fratura cominutiva. Para construir um fixador esquelético externo tipo Ib, posicione um pino de fixação adicional na porção craniana da metade proximal do úmero. Utilize um pino de transfixação através do côndilo que existe na pele no aspecto medial. Conecte o pino craniano ao aspecto mediano do pino de transfixação condilar com uma barra conectora (Fig. 33-27). Conecte as barras externas com as barras articuladas externas. Bloqueie o pino IM na armação. Pinos de fixação adicionais podem ser acrescentados às barras externas craniomedial ou lateral para obter resistência e rigidez adicionais. Se um ou mais pinos de fixação forem colocados no terço distal do úmero, deve-se tomar cuidado ao fazer o túnel no tecido mole e colocar os pinos de fixação, evitando lesão do nervo radial. Aplicação de placas e parafusos ósseos. Placas ósseas provêem a estabilidade necessária e permitem retorno precoce à função quando usadas para fraturas umerais complexas ou estáveis. Placas ósseas geralmente são usadas quando o tempo para a consolidação óssea é longo ou quando é desejável conforto pós-operatório. Os fatores que influenciam os tamanhos da placa são sua função desejada (i.e., compressão, neutralização ou placa de suporte) e o tamanho do paciente (p. 1086, para os princípios gerais da aplicação da placa). Coloque uma placa com tamanho e contorno apropriado às superfícies craniana, lateral, caudolateral, caudomedial ou medial do úmero (Fig. 33-28). Combine a placa com um pino IM para estabilidade adicional para as fraturas cominutivas (Fig. 33-29). Uma placa bloqueada aplicada como um fixador interno para estabilizar as fraturas cominutivas não precisa estar anatomicamente conforme o formato do osso. FIG. 33-28 Placas ósseas são aplicadas como placas de compressão à superfície umeral lateral cranial ou medial para estabilizar fraturas diafisárias transversas. As fraturas oblíquas ou cominutivas redutíveis são estabilizadas com parafusos compressivos e placas de neutralização. FIG. 33-29 Aplicação da combinação de placa-pino para estabilização de fratura umeral cominutiva. O pino intramedular reduz o esforço cíclico de flexão da placa óssea. A aplicação de placa cranial é mais fácil com fraturas umerais proximais e diafisárias. A aplicação de placa lateral também é mais fácil com fraturas proximais e diafisárias, mas pode ser usada com fraturas distais. A colocação medial, caudomedial e caudolateral é mais fácil com as fraturas distais. Técnicas de Fixação para Fraturas Específicas Fraturas transversas ou oblíquas curtas. A estabilização de uma fratura transversa ou oblíqua curta exige suporte rotacional e flexor; as fraturas oblíquas curtas também exigem suporte axial. Isto pode ser obtido com placas ósseas, uma haste bloqueada, um pino IM com um fixador externo, ou um fixador externo unicamente. Os sistemas de fixação que são úteis com um baixo escore de avaliação da fratura (0 a 3) incluem uma placa e parafusos ósseos
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