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comunicação contemporânea

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CURSO:ADMINISTRAÇÃO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS
PROFª.: SAFIRA RABÊLO
 
DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO CONTEMPORÂNEA 
 
Articulação textual: coesão,
coerência e regência
O que é um texto?
Conceitua-se o texto como uma manifestação verbal, constituída de elementos linguísticos selecionados e ordenados, que é tomada pelos usuários da língua, de modo a permitir-lhes, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos. (KOCH, 2013, p. 27).
Textum, do Latim significa “entrelaçamento”, “tecido”, então, texto tem a ideia de entrelaçamento de partes, obtido de uma ação trabalhosa e meticulosa.
O senso comum imagina a parte verbal (linguístico), mas analisando pela parte interna (como um código a ser decifrado) e o contexto inserido (situação que envolve o uso), o texto também é uma produção não-verbal: gravuras, charges, dança, vestuário; ou ainda, uma mistura de produtos cruzando-se em várias linguagens : filmes, músicas, HQ.
Entende-se também que o texto não é uma unidade fechada de sentido – mas sim uma “rede de sentidos”, formando um todo significativo. 
Embora ele possa ser considerado uma unidade inteira – início, meio, fim —, o texto é lugar de apreensão de sentidos, de trabalho da “linguagem, por excelência”.
O sentido de um texto é construído na interação Autor/Texto/Leitor, e não algo que preexista a essa interação. 
Por esse motivo, a coerência não pode ser entendida como simples qualidade ou propriedade do texto, mas sim ao modo como os elementos presentes na superfície textual, aliados a todos os elementos do contexto, vêm a constituir uma configuração veiculadora de sentidos por parte da interação com seus interlocutores.
Nos aspectos estruturais e discursivos, dizemos que texto é uma voz que se pronuncia sobre um mundo em que vivemos, através de unidades menores articuladas entre si determinando sentido. 
Ler de maneira competente é apreender as relações internas que vêm da articulação das partes do texto; num segundo momento também é perceber a atuação dessa unidade do texto em sua realidade histórica. Veja o trecho da música do ultraje a rigor.
A gente não sabemos escolher presidente.
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dente
Tem gringo pensando que nós é indigente
Inútil... A gente somos inútil.
Ultraje a Rigor, Inútil.
A gente faz carro e não sabe guiar
A gente faz trilho e não tem trem prá botar
A gente faz filho e não consegue criar
A gente pede grana e não consegue pagar
Inútil
A gente somos inútil
Inútil
A gente somos inútil
Inútil
A gente somos inútil
Inútil
A gente somos inútil
A gente faz música e não consegue gravar
A gente escreve livro e não consegue publicar
A gente escreve peça e não consegue encenar
A gente joga bola e não consegue ganhar
Inútil
A gente somos inútil
Inútil
A gente somos inútil
Inútil
A gente somos inútil
Inútil
A gente somos inútil
Quando essa música foi escrita (anos 80) fez muito sucesso, mas as autoridades leram de outra maneira, era algo que desqualificava e autoestima do povo brasileiro, foi proibida em rádios e televisões.
O sentido da recepção do texto variou conforme o momento em que ela foi enfocada. Nos anos 80 possuía conotação contestadora, hoje nem tanto.
Os desvios propositais criam sentido crítico em relação à imagem do povo brasileiro. Estes desvios propositais valorizam as “deficiências” do enunciador, reproduzindo um preconceito cristalizado na sociedade.
Podemos dizer, então que contexto é uma unidade maior que está dentro de uma menor. O contexto define o sentido da unidade menor.
Então, ler de modo competente é apreender relações internas advindas da articulação das partes do texto, e perceber a colocação desta unidade em sua realidade histórica. 
O percurso de sentido do texto
O texto é uma grande articulação entre: 
palavras>frases>parágrafos( esses são constituídos por períodos que, por sua vez, são constituídos por orações) resultando nos elementos que farão as relações de sentido.
AS PALAVRAS - a escolha das palavras de um texto vai dar o sentido do texto. Numa piada, é sempre uma palavra que detona o sentido engraçado. A recorrência de um repertório vocabular típico de um grupo caracteriza o enunciador e nos dá pistas de seu comportamento ou intenções.
FATORES DE COESÃO - certas palavras num contexto estabelecerão relações que definirão o sentido do conjunto e apontarão para as intenções do enunciador. (ordem das palavras, conectivos, palavras referenciais, elipse).
FRASE E PARÁGRAFO - a frase dentro de um parágrafo significa a “costura” que a sentença realiza dentro do conjunto, ela assume um valor acionando outros valores para o conjunto.
O parágrafo funciona como espaço em que se estabelecem tais relações, ele também articula com outras partes gerando sentido.
A coerência textual é o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele.
Ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão.
Falta de lógica; ausência de ligação, de nexo entre fatos, ideias, ações, desarmonia, desconexão, discrepância, inconsequência.
Cada palavra tem seu sentido individual, quando elas se relacionam elas montam um outro sentido. 
O mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos.
Cada um desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os demais. 
Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível.
O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital.
Em uma redação para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. 
Caso não ocorra uma concatenação de ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual.
A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc.
Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual:
"No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará (Fortaleza), não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar" .
“Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.”
“Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar”.
“Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo”.
“Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a frequentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país.” 
Coesão textual: o uso dos conectivos na construção do texto
Koch (2023, p. 18) descreve coesão como o fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos, presentes na superfície textual, se encontram interligados entre si, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentidos.
Esses elementos linguísticos assinalam determinadas relações de sentido entre os enunciados ou parte de enunciados, como:
oposição ou contraste;
finalidade;
localização temporal;
explicação ou justificativa;
adição de fatos.
É por meio de mecanismos como esses que se vai tecendo o “tecido” (tessitura) do texto. 
A este fenômeno é que se denomina coesão textual.
Em relação à coesão, reitera-se que os conectores coordenativos (conjunções e locuções coordenativas), assim como as formas verbais pretéritas, advérbios e locuções adverbiais, modalizadores, são fundamentais para garantir as relações de sentido – de coerência– entre os fatos narrados e descritos, porque os parágrafos e as sequências textuais temporais construídos, no corpo textual da narrativa, contribuem não só para a coesão, mas também para a coerência, isto é, para melhor interpretabilidade do texto.
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