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o 
Princípio Regulador 
no Culto 
• • • 
• • 
Paulo Anglada 
fiES 
O PRINCÍPIO REGULADOR 
NO CULTO 
Paulo Anglada 1 
Permitam-me iniciar esre escudo com 
algumas pergunras. O que pensariam os irmãos 
se durante um culro evangélico o pasror fizesse 
o sinal da cruz, queimasse incensos para que o 
ambiente ficasse perfumado, e lavasse os pés 
de alguns irmãos como demonstração de 
humildade? O que pensariam, se fossem 
convidados a abstere.m-se de comer carne na 
semana chamada "a sem:ana sanca", se apenas o 
pão (melhor, bósria) fosse distribuído por 
ocasião da Ceia do Senhor, e lhes fosse requerido 
que se ajoelhassem para poderem participar 
dela? 
Com razão os irmãos condenariam estas 
atitudes. Por quê? Porque não são bíblicas. As 
Ei;cricuras não nos ensinam a fazer o sinal da 
cruz, a queimar incenso (no culto da nova 
aliança), jamais instituíram a atitude humilde 
de Jesus como cerimônia eclesiástica, não 
requerem nenhuma abstenção de alimentos no 
Novo Testamento (muito menos na "semana 
1 Escudo proferido pelo autor no congresso, Os Puritanos, cm 
junho de 1997, em Águas de Lind6ia. Texto básico, João 
4:19-24. (Titulo original; O Prmcipio R~g11/ador do Culto 
Refennado) 
santa"; que por sinal jamais foi instituída como 
cerimônia r eligiosa), não requerem que 
fiquemos de joelhos ao participar da Ceia do 
Senhor, etc. Tudo isso não passa de cradicio-
nalismo católico-romano, de símbolos, gestos, 
cerimônias, e práticas eclesiásticas invencadas 
pelo homem, sem real fundamentação bíblica. 
Mas deixem-me ir um pouco mais adiante. 
Eu tenho um filho de 12 anos na escola mantida 
po r nossa ig reja. Uma das professoras 
(evangélica, de outra denominação), perguntou 
a um dos poucos alunos. católico-romanos da 
sala, por que -eles (católicos) celebr avam Corpus 
Cristi. A criança retrucou com outra pergunta: 
por que vocês, evangélicos, comemoram o natal 
e a páscoa? (Ao relatar o episódio, o meu fi lho 
fez uma careta, como quem diz: e agora?) 
E agora, caros ouvin t es? Creio que 
precisamos cons iderar seria mente esta 
pergunta, e a questão geral q ue ela envolve, se 
desejarmos ser coerentes. 
O ASSUNTO 
O assun to deste escudo,cn tão, está 
relacionado ao cul to. Diz respe ito, mais 
especificamente, a questão da forma do culto 
público, ao modo como Deus deve ser adorado. 
Não se trata de um estudo exegético, e sim, de 
um ensaio sobre ecologia prática. Meu objetivo 
aqui não é interpretar e sistematizar a revelação 
2 
bíblica r efer ente ao assunto,2 mas s im, 
descrever a concepção reformado-puritana do 
princípio que deve regular a forma do culto 
público a Deus. Não ignoro a natureza 
controvertida do assun1Co. Também não entrarei 
em detalhes com relação à ap licação do 
princípio regulador do culto às diversas práticas 
eclesiásticas envolvidas. Conrudo, creio que a 
descaracterização litú rgica de considerável 
parcela do movimento evangélico moderno, 
inclusive no Brasil, exige que a questão seja 
considerada, e justifica uma exposição da 
posição puritana hist6rica quanto a questão. 
Natureza Espiritual do Culto 
Admito p le n a mente, de iníc io, a 
importância da atitude do adorador, do espírito 
do adorador no culto público.3 É impossível 
ler as Escrituras, sem perceber que não se pode 
dissociar o ato de culto da vida do adorador. 
Em um dos textos mais iluminadores do Novo 
Testamento sobre o assunto, Jesus afirma, 
1 Jfl tive 11 oponunid3dc de f:nicr i$SO cm outro lugar: P:iulo 
Angl2da, O Cul10 Reformado (Estudo não publicado, BclEm, 
PA: Igreja Presbiteriana O:nlnl do Pani, 1996). Nos capftulos 
sobre O Cul10 no Velho Tes1am:en10 cO Cul10 no NO'IJO Tts1ame1110. 
1 Geralmente, ao se dcmonsU"llr a importância da forma do c:ulto, 
não E incomum a objcçio observada por G rcg L.. Pricc, 
Fouru/JJ1io11/ur Reformo1io11; The Regr1loriw Principie o/ ll'fmhip 
(Edmonton, Can11da: Silll Watc:rs Reviva! Books, l 99S), p.10, 
de que isto dcmonsU'll um interesse :apenas nos aspectos 
externos do culto, e nno com os seus aspectos internos, 
relacionados com o coraçlio. 
3 
dirigindo-se à mulher samaritana, que "Deus 
é Espírito, e imporca que os que o adoram o 
adorem cm espírito ... " a oão 4: 19-24 ). o cermo 
en1 espírito, no Novo Testamento, conrrasta com 
o tennona carne, e denota a natureza espiritual 
do culto, cm conrraste com a mera aparência 
exterior. Aponta para o coração, para a natureza 
íntima do homem. O culto pressupõe, portanto, 
da parte do adorador, umn transformação 
espiritual, um coração convertido pelo Espírito 
de Deus. Por diversas vezes Jesus condena a 
a ri rude h ipócri ca dos fariseus que enfatizavam 
a observância de formas e ritos religiosos 
C:\.<:ernos, mas que únham o coração impuro, 
pecaminoso, mais preocupado com a aparência 
externa do que com a sinceridade e pureza dos 
seus corações e mocivaçõcs. 
Importância do Modo de Culto 
Mas Jesus não pára aí. Ele r cssa1La, 
igualmente, a importância da forma de culto, 
da maneira correta de cultuar a Deus. Ele 
afirma também, que aqueles que O adoram, 
devem fazê-lo en1 verdade: "Deus é Espírito, e 
importa que os que o adoram o adorem em 
espírito e e111 verdade". Observando o contexto, 
pode-se perceber que Jesus está Se referindo 
ao modo de culto, revelado ao Seu povo na Sua 
Palavra. O termo e111 verdade denota 
conformação à verdade revelada de .Deus. 
Denota submissão à Sua Palavra. AponLa 
4 
portarno, especialmente, para a conformação às 
formas externas de culto prescritas por Deus 
na Sua Palavra. 
Os judeus adoravam Aquele que 
conheciam, porque a eles haviam sido 
confiados os oráculos de Deus (Romanos 3:22). 
Afinal, a salvação vem dos judeus Goão 4:22)-
embora à maioria deles fal casse sinceridade, e 
mesmo que a forma houvesse sido bastante 
corrompida com acréscimos e negligências. Os 
samaritanos, entretanto, não cinbam a forma, o 
modo: "vós adorais o que não conheceis". A 
referência é à adoração sincretista, deturpada 
dos samaritanos, que manifestava ignorância 
da vontade revelada de Deus com relação ao 
culto. 
Lendo-se com atenção as Escriruras, pode-
-se observar que ranto o Velho Testamento 
como o Novo, atribuem grande importância à 
maneira de se cultuar a Deus, a forma externa 
de culto público. 
RELEVÂNCIA DO ASSUNTO 
A forma de culto é, sem dúvida, um 
assunto da maior relevância. Duas questões 
for am de suma importância na Reforn1a 
Protestante do século XVI: o culto e a doutrina 
' da salvação (e nesta ordem). E nesta ordem que 
Calvino apresenta os dois principais males da 
época, como ele mesmo afirma num tratado 
5 
sobre a necessidade de reforma na Igreja; 
escrito em 1543: 
... primeiro, o modo como Deus ~ cultuado 
devid3memc; e, segundo, a fon te da qual a salvação 
pode ser obtida. Quando se perde de vista estas 
cou:is, embora possamos DOS gtonar DO nome de 
cristãos, noss:i profissão de í~ ~ vazia e vã.5 
Tem-se reconhecido que durante os 
primeiros anos da Reforma Protestante em 
Genebra, "o foco de atenção não foi a questão 
da justificação, e sim a questão da missa e das 
imagens, e todos os abusos relacionados a ela".4 
De fato, o foco principal dos reformadores, cais 
como Zwinglio, Bullinger (sucesso r de 
Zwínglio em Zurique), Bucer(em Srrasburgo), 
Farel e Calvino foi a purificação do culto das 
superstições e idolatria medievais.7 Ilustrando 
a importância do c ul to n a co ncepção 
r~formada, Iain Murray' reconhece que: 
A questão do culto ~teve no centro d3 revolução 
esptrnual e n:icional que marcou a Reforma do 
século XVI. Mãn:ires escoceses foram para a escaca 
por se recusarem a obedecer à forma de culto 
imposra pela igreja católica romana. Pela mesma 
• TMN=11yof~farmingw Chinrh(Prote1tan1 Hcritagc Press, 
1995). 
1 lo!cio do primeiro C3pítulo: TlrL Evils IVJrithO!mpdkd U1 to 
Su/t; ~mtdw. 
• Carlos M. N. Ein; War Againsr '"'}dois (Citado por TCrTy 
John$0n, "lntroduction to Warslup", Premiu, 3:1 {1996). 
'Tcrry John$0n, lbul. 
' "Thc D1rcçtory (or Publk \'V°orship", fumuc, 3; 1 (1996). 
6 
• 
raziio, cerca de 288 homens e mulheres foram 
queimados vivos na lnglaterrncntreosanos de 1555 
e 1558. Depois, quando a doutrina protesutnte 
cornou-sc ofici3.lmentc csaabclccid:l na Inglaterra e 
na Escócui cm 1560, um conflito continuou nos dois 
países para purificar o culto público das praticas e 
cerimônias pré-reformadas. Ministros cvangaicos 
foram silenciados, banidos e mesmo executados por 
protestarem contra corrupções no culto. A 
emigrnção dos Pais Peregrinos e dos Puritanos para 
a Nov3 Inglaterra esrnva csscncialmeo1c ligada à 
mesma questão. "O principal propósito desta nova 
plantação", escreveu Couon .Mather, "era 
eslllbelccer e desfrutar das ordcnaoças do evangelho 
e culrunr o Senhor Jesus Crisco de acordo com Suas 
próprias instiruiçõcs." 
Matthew Henry resumiu bem a 
importância do culto na fé reformado-puritana, 
quando escreveu: "Religião é toda a razão da 
nossa vida, e o culto a Deus a razão da nossa 
religião".9 
A importância que os reformadores e 
puritanos atribuíam ao culto (e à sua forma) se 
manifesta mais claramente quando 
consideramos: 
Os Exemplos Históricos das Religiões 
A história das religiões demonstra que 
quando o próprio homem se arroga o direito 
de conceber formas de adoração a Deus, os 
maiores absurdos podem acontecer. Prostitutas 
'Cirndo por lnin Murrny, "Thc Dircc1ory for Public \Vorship", 
Prtmist, 3: 1 (1996). 
7 
cultuais, l1.1xúria, sacrifícios humanos, auto-
-flagelação, adoração da própria natureza, culto 
a demônios e a espíritos imundos, são alguns 
exemplos. 
A igreja católica romana não foge à regra. 
Uma infinidade de crenças e práticas litúrgicas 
foram incorporadas a ela no decorrer dos 
séculos. A Reforma Protestante ocorreu numa 
igreja repleta de adições espúrias ao culto: 
missas pelos morros (missa do sétimo dia), a 
própria missa (um sacrifício não cruento), 
confessionário, sete sacramentos, celibato, 
indulgências, penitências, rezar terços, sinal da 
cruz, uso do latim na missa, imagens, rosários, 
crucifixos, representações, relíquias, pere-
grinações, procissões, velas, vestes sacras, 
músicas sacras, livros de oração, dias santos, etc. 
A Diversidade de Novos Elementos nos Cultos 
Evangélicos Modernos 
Esta é, sem dúvida, a principal razão, a 
razão imediata, que me levou a considerar o 
assunto: as práticas de culto do movimento 
evangélico moderno. Uma parafernália 
litúrgica tem sido introduzida no culto 
evangélico no últim·o século: orações em 
conjunto (em voz alta), grupos de oração no 
mesmo culto. Na área da música: rodo tipo de 
instrumento, ritmo e. linguagem, corais, 
conjuntos, bandas, solos, duetos, quartetos, 
cânticos responsivos (homens/mulheres; uma 
8 
fila/outra), dirigentes, regc.;1lles e ministros de 
música, palmas etc. Há também testemunhos 
pessoais; recitações de poemas e versos por 
adultos e crian ças, palmas para Jesus, 
cumprimentos no culto (às pessoas ao lado), 
apelos, danças, línguas, cântico em línguas, 
curas, emprego de luzes coloridas, cultos 
jovens, cultos apenas musicados, represen-
tações teatrais, gargalhadas sagradas, quedas, 
urros, etc. 
Num artigo publicado recentemente em 
Os Purica11os,John MacArthur faz referência à 
uma igreja no sudoeste dos Estado Unidos que 
"instalou um sistema de efeitos especiais de um 
milhão de dólares que pode produzir fumaça, 
fogos, faíscas e feixes de raio lazer no 
auditório ... " Nessa igreja "o pastor terminou 
um culto sendo elevado ao "céu" por meio de 
fios invisíveis, enquanto um coral e uma 
orquestra faz.iam o acompanhamento à fumaça, 
fogo e n eve". 10 
O Contraste com o Culto Simples Reformado 
e Puritano 
Os reformadores aboliram toda a 
parafernália do culto católico-romano, e os 
puritanos fizeram o mesmo com relação ao 
culto anglicano. Ambos instituíram uma forma 
de culto extremamente simples, colocando de 
'º"Verdade vs. Técnica", Os Pruitanos, IV:S (1996), pp. 12-16. 
9 
lado toda a pompa, esplendor, vestes, adereços, 
procissões, cerimônias, livros de oração, 
representações, símbolos, gestos, etc.11 O culto 
refor1nado e puritano consistia simplesmente 
de leitura bíblica, pregação, oração, cãntico dos 
Salmos (sem nenhum instrumento), mini-
stração das duas ordenanças e a bênção 
apostólica. Alem disso, a pr imazia cabia à 
pregação. O púlpito foi colocado no centro. 
O que explica a surpreend ente 
uniformidade e simplicidade do culto 
reformado-puritano? O que foi que os levou a 
rejeitar a parafernália litúrgica romana e 
anglicana? O que norteou a profunda refor ma 
litúrgica que empreenderam? O princípio 
regulador puritano. 
DEFINIÇÃO DO PRINCÍPIO 
REGULADOR PURITANO 
A terminologia geralmente em pregada 
(Princípio Regulador Puritano) não expressa be.m 
o assunto. Não porque os puritanos não 
11 Embora sendo anglicano, J.1. P11cker reconhece que os 
puritanos " ... insistillm que a adoração deve ser simples e 
bíblicn. Pnm eles, a simplicidade fazia pare e essencial d:i belC2:1 
da adoração cristfi." J. 1. Packer,E111re os Giga111a do Deus, uma 
Visão Puriuina da Vida Cristã (São Jos\! dos Campos, SP. 
Editora Fiel, 1991), p. 270. Com.relação à simplicid11dc do 
culco rc(ormado·puritano, ver Ull'l\b~m Leland Rykcn,Sa11tos 
110 Afondo; Os Pur11anoscomo Realmente Er.im (São Jos~ dos 
Campos, São Paulo: Editora Fiel, 1992), pp.121-145. 
10 
defendessem o princípio que estamos 
considerando. Mas porque não indica o 
assunto, e porque a defesa desce princípio não 
se limita a eles. 
Do ponco de vista do assunto, é melhor 
chamar o principio em questão de princípio 
regulador do culto. O principio que estaremos 
considerando é a norma fundamental que 
norteou a reforma litúrgica que resultou na 
simpl icidade do culto público reformado-
-puritano. 
Do ponto de vista daqueles que 
formularam e defenderam o princípio de culto 
cm questão, é melhor denominá-lo deprináp10 
regulador rcfonnado. Este foi o princípio que 
norteou não apenas os puritanos na sua luta 
concra imposições por parte da Igreja 
Anglicana de liturgias, ricos, símbolos, vestes, 
etc. Foi também o princípio que norteou os 
reformadores na profunda reforma litúrgica 
que empreenderam, contra a idolatria, a 
superstição e as tradições litúrgicas da igreja 
católica romana. 
O assunto desce escudo, portanto, é O 
Princípio Regulador do Culto Reformado. Esre foi 
o princípio de culto que norteou os 
reformadores na reforma litúrgica que 
empreenderam - o princípio defendido pelas 
igrejas reformadas cm geral, desenvolvido 
especialmente pelos puritanos, e adorado pela 
1 1 
igreja reformada escocesa, e pela I greja 
Presbiteriana, em particular.12 
Mas no que consiste, afinal, o princípio 
regulador do culto reformado? É o princípio 
que afirma que o culto público deve ser bíblico. 
Em oposição ao princípio romano e anglicano 
(às vezes chamado de princípio nonnativo) 
segundo o qual o que não for diretamente 
proibido nas Escrituras é permitido no culco, 
os reformadores e puritanos sustentavam que 
o que não for diretamente ensinado nas Escrituras 
ou necessarian1ente inferido do seu ensino, é pruihido 
no culto. Colocado positivamente, o princípio 
regulador puritano afirma que só é permitido 
LO culco aquilo que tiver real fundamentação 
bíblica. 
EVIDÊNCIAS IIlSTÓRICAS 
Que cscc se trata de um princíp io 
genuínamente reformado, puritano . e 
presbiteriano, é fato h is tórico facilmente 
ver ificável. Não ser ia difícil multiplicar 
citações de reformadores calvinistas, de 
puritanos e presbiterianos a favor do princípio 
regulador puri cano .Como o tempo não 
permitida, mencionarei apenas alguns dos 
"Umacx1cns:i babhogru'tui rdacionadaàqueslàodasccrimônias 
cacólicas e an~licanas pode ser cncontrndll cm Christopher 
Coldwell, "Bibliogr.aphical lndcx for Oispu1c Ag:iinst lhe 
Engllsh Popash Ccremonies", Premis~, 2:5 (1995), p. 6 . 
. 
12 
. . 
mais representanvos. 
R cforn1adorcs 
A posição de Calvino com relação ao culto 
é manifesta em muitos dos seus escritos. No 
tratado The Necessúy of Reforming rhe Church (A 
Necessidade de Reformar a Igreja), por 
exemplo, escrito em 1543, ele afLrma: 
... a regra que distingue entre o culto puro e o culto 
corrompido é de aplicação universal, a fim de que 
não adotemos nenhum arLificjo que nos pareça 
apropriado, mas atentemos para ns instruções do 
Único que cst:I autorjZ3do a lesislor quanto ao 
assunto. Portanto, se quisermos que Ele (Deus) 
aprove o nosso culto, esta regra, que Ele impõe nas 
Escrituras com o máximo rigor, deve ser 
cuidadosamente observada. Pois há duas razões pelas 
quais o Senhor, ao condena.r e proibir todo culto 
ficúcio, requer que obedeçamos apenas à Sua voz: 
primeiro, porque não seguir o nosso próprio prazer, 
mas depender inteiramente da Sua soberania, 
promove grandemente a Sua autoridade. Segundo, 
porque a nossa corrupção é de tal ordem, que quando 
somos deixados em liberdade, tudo o que <$ramos 
habilitados a fa7..er é nos extraviar. E então, uma vez 
desviados do reto caminho, a nossa viagem não 
termina, enquanto não nos soterremos numa 
infinidade de superstições ... 
John Knox> o grande reformador escocês, 
lutou tenazmente para livrar o culto de 
todas as superstições católico-romanas. O 
Prinzeiro Livro de Disciplina da Igreja da 
Escócia, escrito por John Knox e outros 
reformadores escoceses, em 1560. condena, 
13 
como "douLrinas contrárias": 
•.• qualquer coisa que homens, por leis, concmos ou 
consciwiçiõcs têm imposto sobre :is con.'IC:iências dos 
homens, sem mnndiamcnto ei.')>rcsso da Palavra de 
Deus - rn1s como votos de cnsridadc ... imposição u 
homens e mulheres do uso de diversas vestes 
especiais, observãm:JJ1supcr5ciciosa de dias de jejuns, 
abstinência de alimentos por motivo deconseiênci:\i 
oração pelos mortos, e a guarda de dias santos 
instiruídos por homens, tais como rodos aqueles que 
os papistas têm inventado, como as festas aos 
apóstolos, mártires, virgens, natal, circuncisão, 
epifunia (reis). purificação e outrnS fcsms -coisas 
essas que, não tendo nem mandamento nem 
endossa nas Escritul"lls de Deus, julgamos devnm 
ser compleulmente abolidas do nosso reino; 
declarando ainda, que obsunodos observadores e 
ensinodorc.; de tais abominações não devem escapar 
à punição do Magistrado Civil 11 
Esses exemplos são apenas ilustraúvos da 
posição reformada cuJvinisca quanto ao assunto. 
Em muitos outros escriros, Calvino, John Knox 
e outros reformadores, cais como Bucer e 
Bullinger, e mesmo os principais símbolos de 
fé reformados demonsuam o caráter normativo 
do princípio de culco que cscamos Lratando. A 
Confissão B elga, por exemplo, ao professar a 
suficiência das Escriruras, declara: 
Cremos que as EscritU1'3S Sagrndascontêm de modo 
comple10 a vontade de Deus, e que tudo o que o 
• 11 :John Knox's Hut<n;y of tlr1 RefonnatiDn 1n Scotland, \'OI. 2, cd. 
Willi2m Oickmnson (Ncw York: Philosoph1Clll L1brary, 
1950), p. 281. 
. 
14 
homem está obrigado a crer para ser salvo é nelas 
suficiente mence ensinado. Ponanto, já que coda 
forma de culto que Deus requer de nós se encontra 
nelas amplamente descrilll, não é pcrmüido ao 
homem ... ensinar nenhuma outrama.ncira (de culto) 
C.'\:ccto aquela que agora é ensinada nas Escrituras 
Sagradas." 
Puritanos 
No século XVII, dezenas de teólogos e 
pastores puritanos escoceses e ingleses dos mais 
expressivos - tais como Thomas Cartwright 
(1535-1603), ministro não conformista inglés;1s 
William Ames (1576-1633), professor de 
t eologia não conformisra exilado paza a 
Holanda;16 David Calderwood ( 1575-1650?), 
ministro e teólogo da Igreja da Escócia,17 e 
1
' Guido De Bres,Crumosy Ca11fewmcn; Confisión de los Países 
Bajos. Rijswijk (Países Baixos: Asociaci6n Cultural de 
Esrudios de la Litcrarur.i Reformada, 1976), parágnafo 7. 
"VerA Confutotitm o/IM R!icmists Tro11s/a1io11, 1618 (Amstcrd:un: 
TheatrumOrbisTcrmrum; NewYork: Da Capo Prc$$, 1971). 
Obs: A Trad11çlio de Rlacms das Escrimrns, contendo uma 
série de noras marginais, foi publieuda (o NovoTestamcnto) 
cm J 582 pelos Jesuítas ingleses, com o propósito de subverter 
a Reforma na Inglaterra. O livro de Canwright refuta estas 
norns, e, cm diversos lugares, expõe também o car:\ter não 
bíblico d3s cerimônias do culto anglicano. Por isso mesmo, a 
obra só foi publicada após n sua rnonc. Ver Alan C. CHfTord, 
"Thomas Canwright". T/tc Bamur o/ Tru1/1 , 302 (Novcmbcr 
1988), pp.12-15. 
14 Ver The i\turruw o/11reawgy, 1623 (Ourham, N.C. : Labyrint h 
Prcss, 1983, cl 968); cA Fmla Suit Against Huma11 Cl!f<moni.s 
ira God's llYtmlaip (Ronctdllm: n.cd., 1633). 
15 
outtos18 - escreveram tratados e outros tipos de 
escritos defendendo e aplicando o princípio 
regu lador do culto, condenando a imposição 
de cerimônias, festividades religiosas, gestos e 
símbolos não fundamentados nas Escrituras. 
As seguintes citações, são representativas da 
posição puritana quanto ao assunto: 
George Gillespie (1613-1649), um dos 
ministros representantes da Escócia na 
Assembléia de Wcstm inster,19 escreveu, em 
1637, um t ratado contra a imposição de 
cerimônias religiosas. Eis um pequeno trecho 
do livro: 
A igreja é proibida de acrescentar qualquer coisa 
aos m:iodamcntos que Deus nos deu, concemen tes 
ao Seu culto e serviço, De11u. 4:3; 12:32; Prov. 30:6; 
por conseguinte, ela não pode prescrever coisa 
11 Em ·n.e PtWDra11d úrePrdau, 1628 (Edmonton, CanactJ: Sull 
WatcrsRcvival Books, bound photocopies); eAgai1111 Fts1rval 
DayJ, 161 S (Onllas: Naphtali Prtss, 1996). 
11 Algumas ciutç<ies de outros puriumos (tais como \Villiam 
l'erkins e William Brnd&haw) e de confissões de (é reformadas, 
em dcícsa do principio regulador puritano podem ser 
c:ncont:rndoscm William Young, ThePurilanPrindp/cofrl7onhip 
(Viena, VA: Thc l'ublica1ions Committec oíthc Presbytcrian 
Ketormed Church, n.d.), pp. 30-36. 
"Quanto à participação deGiJlespiecdos dcmau rcprcscrnantcs 
esC'OCCSCS na Assc01bléia de \Vcsuninster, ver lain H. Mumay, 
"Thc Seots at the W1:11rnin.ster Asscmbly; With Special 
Refercnce to thc Dispute on Church Govcrnmcnt und its 
AC1crm1nhn, The Bannuo/Truth, 371 ·372 (August-Scptembcr, 
1994), pp. 6-40. 
16 
alguma rclncionadn i\ práticn do culto divino, que 
ultrapasse mera circunstilncia.: tudo é incluído 
naquele tipo de coisas que niío são tratadas nas 
Escrituras ... A Igreja Cristã ntlo tem maior liberdade 
para acrescentar (coisas) ao mancbmento de Deus 
do que tiveram os judeus; pois o segundo 
mandamento é moral e peipéruo, e nos proíbe, bem 
como a eks, as adições e invenções humanas no 
culto a Dc\1$.io 
John Owen (1616-1683), um dos mais 
capazes, respeirados e conhecidos puritanos, 
cambém escreveu um tratado contra n 
imposição de licurgias.z1 Eis um pequeno 
t.recbo do livro: 
... a invenção arbitrária de qualquer coisa imposta 
como necessária e indispens:lvcl no cuho público a 
Deus, como p:ine deste cuho, e o uso de qualquer 
coisn :issim inventada e ordennda no cuhoé ilegal e 
contr:lria 1l. regra da Palavra ... i: Portanto, todo o 
de\•tr da lgrcjn com relação ao culto a Deus, parece 
consis tir nn precisa obsci:vação daquilo que é 
prescrito e ordenado por Ele (Deus)." 
Jcremiah Burroughs (1599-1646), puritano 
independente, e membro da Assembléia de 
Westminster, escreveu em 1648 um tratado de 
16Gcorgc Gillcs11lc,Dispu1~Agairul tlu~ E11gful1 F\!pish CmiflbilÍB 
Obtn1d~dun th' Ch11rrli of Scbdand (Edinburah: Robcn Oglc 
ond Oliver & Boyd, 1844), p.133. 
"John 01Vcn, º'/\ Discoursc Conc:cmmg LilurJics and Tbctr 
lmpos1tions'", 1n T111: Wúrlua/Yultn On.m, \"OI IS(Edinburgh 
Tbc B3nncr of1ruth üust, 196S). 
u lbid, pp. 33,34. 
"lbid, p . 42. 
17 
cerca de 400 páginas sobre o culto evangélico. 
Burroughs começa sua obra, argumenrando, 
com base no relato bíblico sobre o fogo estranho 
oferecido por Nadabe e Abiú, " ... que no culro 
a Deus não pode haver nada apresentado a 
Deus, que Ele não tenha ordenado; o que quer 
que pratiquemos no culto a Deus, deve ter 
fundamentação proveniente da Palavra de 
Deus".1' 
Presbiterianos 
Historicamente, o presbiterian ismo é um 
dos ramos.reformados que mais contribuíram 
para a reforma litúrgica. A herança reformada, 
calvinista, escocesa e puritana legada aos 
presbiterianos tornou-os parti cu la rmen re 
empenhados na purificação do culto. Alcxander 
Hodge, conhecido professor de ecologia do 
Seminário de Princccon, no século passado, no 
seu comentário sobre a Confissão de Fé de 
• Westminster, com relação ao capítulo XXI, 
parágrafo I, escreveu: 
Nós j:\ vimos, ao comentar o capfrulo primeiro, que 
Deus nos deu ns Escrituras como uma rcgrainfa!Ivel, 
autori1ativo, complcUI e clara de fé e pratica ... Isso 
implica ncccssarinmcn'te que, visto que Deus 
prescreveu o modo como nós devemos culruá-10 e 
servi-10 de modo acdtável, é uma ofcnsu 1>ara Ele e 
pcaado da noss:i P;irtC:. t:uuo ncdi&cncinr o modo 
" Jcn:m1•h Burrougbs, Gtupd Worslnp (P1115burgb, 
Pcnnsylvanu Soh Oco,Cloria, 1990). pp. l, 8. 
18 
por Ele esmbelccido, como preferir prnúcar o nosso 
próprio modo de cuko ... visto que a nntureza moral 
do homem é depravada, seus instintos religiosos 
pervertidos, e suas relações com Deus invertidas 
pelo pecado, é auto-evidente que uma revelação 
positiva e explicim é necessária, não apenas para 
dizer ao homem que Deus admiccsercultuado, mas 
também para prescrcveros princípios com base nos 
quais, e os métodos pelos qu:iis este culto e serviço 
de\•erão ser prestados. Como jli foi antes 
dcmonsrrndo a partir das Escricurns ... roda maneira 
de culto da vontade, de aros e formas auto-escolhidas 
de culto são nbominnção diante de Dcus.u 
Mas como presbiterianos, não precisamos 
buscar cesremunhos pessoais favoráveis ao 
princípio regulador puritano, visco que nossos 
próprios símbolos de fé professam claramente 
o princípio de culto que estamos considerando. 
A Con.ftssão de Fé de Wes11ni11.srer afirma no 
capírulo referente ao culto (XXI), que: 
... o modo aceitável de ndorar o verdadeiro Deus é 
iosu1ujdo por Ele mesmo, e é tão limitado pela Sua 
próprin vontade revelada, que Ele não pode ser 
adorado segundo as imaginações e invenções dos 
homens. ou sugestões de saainás, nem sob qualquer 
represencaçiio visível, ou de qualquer outro modo 
não prescrito nas sagradas Escrituras."' 
,. Alexander Hodgc:, T1u1 Co11fusio11 of Faith (13dinburgh: Thc 
Bnnncr ofTruLh ·n-ust, 1958), pp. 271,272. 
"" Capítulo XXI, p3râgrafo l. Cf. Fé para Hojt; Confiss:ilo de Ft 
Batismdc 1689(SãoJosédos Campos, S~ Ed11ora Ficl, 1991). 
19 
CONCEPÇ ÃO REFORMADO-PURITANA 
DO PRINCÍPIO REGULADOR 
DO CULTO 
Princípio Calvinista 
O princípio regulador do cu 1 to reformado 
está cm perfeito acordo com as doutrinas 
reformadas da autorid ade e da suficiência das 
E scri tur as. D e faro, o princípio não é nada m ais 
nada menos do que a aplicação dessas doutrinas 
ao cu l to. A fé reformada su slenla que as 
Escricu.ras são pleaamence suficientes cm 
matéria de fé e p rática - o que s ignifica que 
tudo o que o homem precisa conhecer, c rer e 
fazer para que seja salvo e viva de modo 
agr adável a Deus é revelad o n a Sua Palavra: 
"Toda Escrirura é inspirado por Deus e útil para o 
ensino, pnra a repreensão, paro a correção, para a 
educação na justiçn, a fim de que o homem de Deus 
seja pcrfcico e perfeitamente hnbilitado parn t<1da 
boaobr:i." (2 Timóteo 3: 16,17). 
Trata-se também de um princípio coerente 
com a concepção cal vinis ta a respeito da 
natureza p erver tida do homem, inclinada para 
ó êrtõ e pata o pecado, e dé u m D eus soberano 
que faz tod as as coisas conform e o conselho da 
Sua vontade p ara o louvor da Sua glória. Por 
cau sa da natuFeza pecam inosa do homem, 
sempre inclinada para o CITO e para o pecado, 
n ão l he compete inven tar e in stituir com o 
prática de cul to absolutamen te n ada que não 
2 0 
scia ensinado nas Escrituras. Esta é uma 
prerrogaciva divina, e a acirude e modo pelos 
quais Deus quer ser adorado é suficientemente 
prescrito por E le nas Escrjruras. O culto, 
porcanro,, na concepção reformado-puritana, 
não tem como p r opósito agrad ar aos 
adoradores, e sim, a D eus. 
Hugh B inn ing (1627-1653), m i nistro 
presbiteriano escocês conhecido por sua 
piedade e erudição, professor na U niver sidade 
de G lasgow aos dezenove a n os de idade, 
comen cando João 4: 24, escreveu: 
A moiorin dos ho111ens tem algum:• forma própria 
de adorar n Deus, e está cão satisfeita com cln, que 
pensa que Deus carn bém está. Poucos há, cncrecanco, 
que de futo sabem o que sisniiica adornr de modo 
aceilá"el à Sua M<ljestadc. M:is vocês sabem que 
niío - dor11r a Deus, ou não adorá-10 do modo que 
Ele quer ser adorado, significa o mesma coisn. 
Portanto, a maioria das pessoas não passa de auto-
-adoradores, porque niío a.sradom a Deus com seus 
culcos. mas a si próprios._ Vocês dc\fcm ter como 
verdade .ú1cgaveln1entc eswbclccida, que Deus tem 
que ser adorado de acordo com a Sua própria 
vontade.e prazer, e não de acordo com a vontade ou 
invenção de vocés. Portan to, Deus aborrece 
concepções human as de culco (will-worship) 
iniag.inadas pelos homens, por zelo ignoran!e ou 
superstição, embora possam aparen tar muita 
devoção ou afeição a Deus ... O culto divino deve ser 
em verdade -isso é claro - masque verdade é essa? 
Deve ser de conformidade com a norma e padrão 
de culto revelado como vontade e prnzer de Deus 
21 
r1:1 Palâvra da verdade. Verdadeiro culto é a própria 
prática da Palavrada verdade."' (Ver Mateus 15:8,9). 
Charles Spurgeon, o conhecido pregador 
batista calvinista do sécul o passado, também 
alertou seus Leitores contra o perigo incipiente, 
na época, de buscar agradar os ouvintes no 
culto público. Em um pequeno artigo, 
inlCitulado Feeding Sheep or Amusing Goats 
(Alimentando Ovelhas ou Entretendo Bodes)/ 8 
Spurgeon escreveu: 
O diabo tem raramcn te fcito algumn coisa mais sagaz 
do que sugerir à Igreja que parte da sua missão 
consiste em proporcionar: cn tretenimcnto ao povo, 
com vistas a ganhá-lo ... Em nenhum lugar nas 
Escrirurns é dito que prover divertimento para as 
pessoas é função da Igreja. Se isso fosse função da 
Igreja, por que Cristo não falou sobre isso? ... "ele 
concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, 
outros para evangelistas, e outros pal'a pastores e 
mestres" paro a obra do minis1ério. Onde se incluem 
os que couetém pessoas? ... Se Cristo úvessc 
introdu7jdo mais elementos festivos e agrad:fvcis à 
Sua missão, Ele tcri:I sido mais popular, quando as 
!Pessoas se afastavam d.Ele por causa da natureza 
perscrutadora e penetrante do Seu ensino. Mas eu 
não O ouço dizendo: "Corre alJ'ás destas pessoas, 
IPcdro, e diga a elas que teremos um eswo de culto 
" Hugh Binning, TheCommo11 Prüidp/esofrlic Clirisrum Rcbgio11, 
LccLUre 11: Thc Knowlcdge 'lhnt God is, Combíned wíth 1hc: 
Knowlcdge th•r Hc is to bc \Vorsrupped (Edmonton, Canada. 
Srill \Vatcrs Rcç1-.-al Books). p. SS. 
,. Em T/1c Bann" ofTmtli, 302 (November, 1988), pp.S,6. 
Também cm Rrfqm1011011 & ReviVtJI, 2: 1 ( 1993), pp. 109, 11 O. 
22 
difcrcn1c :amanhã, nlgo mais breve e atrntivo, com 
pouca pregnçiío ... " Jesus Se comp11dccin dos 
pecadores, prcocupavn-S.ee chorava por eles, mas 
nunca procurou diverti-los. 
Princípio Bíblico 
Embora cm perfeita harmonia com as 
doutrinas reformadas fundamentais a respeito 
das Escrituras, do homem e dos atributos de 
Deus, reformadores e puritanos defenderam e 
aplicaram o princípio regulador do culto por 
uma razão maior: porque cntcndian1 que Deus 
mesmo revela este princípio na Sua Palavra. 
Segundo eles, as próprias Escrituras, canto no 
Velho Testamento como no Novo, condenam 
invenções humanas relacionadas ao culto, 
proíbem adições ou diminuições ao culto 
divinamente prescrilo, e consideram vãs 
quaisquer formas de adoração provenientes de 
mera tradição humana. 
Um dos textos frequentemente mencio-
n ados por reformadores e puritanos em defesa 
d o princípio regulador do culto é Deutero-
n ômio 4: 1,2: "Agora pois, ó Israel, ouve os 
estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os 
cumprirdes, para que vivais, e entreis e possuais 
a terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos 
deu. Nada acrescentareis à palavra que vos 
mando, nem diminuireis dela, para que 
guardeis os mandamentos do Senhor vosso 
Deus, que eu vos mando". Não se trata de uma 
referência especificamente relacionada ao culto, 
23 
mas, evidentemente, também inclui o culto 
público. 
O versículo bfblico c lássico na defesa 
reformada do princípio regulador se encontra 
um pouco adiante, no livro citado acima: "Tudo 
o que eu te ordeno, observarás; nada lhe 
ucrescen tarás nen1 dimh.iuirás" (Deuteronômio 
12:32). Esse versículo diz respeito exatamente 
• 
ao culto. E a conclusão de um capítulo que trata 
especificamente do culto público. 
Entre os textos do Novo TesU1mento mais 
cicado10 em defesa do princípio regulador 
pur itano estão M arcos 7:6-13 e Colossenses 
2: 16-23. No primeiro, o próprio Jesus considera 
vã (despropositada) a adoração resultante do 
ensino e tradições humanas: 
Bem proícuzou ls:u3s, a respe110 de v6s, hipócrir.as, 
como está escrito: este povo honru-mecom os ln'bios, 
mas o seu coração CSl!i longe de mim. E cm tJáo ~ 
udoram, tnn1111T1do do11tri1111s de liomcns. Ncgligcn· 
dando o 111undnmen10 de Dcus,gunrtluis a rradiçiío 
dos homens. E disse-lhes :unda: Je1los:uncnrc 
rcjeiuus o prccctto de Deus para guardard~ a ,.ossa 
própria tmdição (Marcos 7 :6-9). 
No segundo cexco, o apóstolo Paulo, após 
aler tar a igreja em Colossos a não se deixar 
julgar pela não observância de práticas 
licúi:gicas úpicas da antiga dispensação,so11zbras 
do culto neo-testamencãr io, condena, corre 
outras coisas, o culto de si n1e.f1no, isco é, o culto 
proven iente da vontade, as formas de culto 
• 
inventadas pelo homem, para agradar a sua 
própria vontade.29 Eis o texto: 
"Ninguém, pois, vos julgllle por causa de comida e 
bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 
porque tudo isso tem sido sombra das coisas que 
haviam de vir ... Se morrestes com Cristo para os 
rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis 
no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não 
manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquilo 
outro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? 
Pois todas esras coisas, com o uso, se destroem. Tais 
coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como 
c11l10 de si niesmo, e falsa humildade, e rigor ascético; 
todavia, não rêm valor a.lgum eoncra a sensualidade" 
(Colosscnses 2: 16,17,20-23). 
Outras importantes passagens bíblicas do 
Velho Testamento e do Novo, e geralmente 
mencionadas com relação ao princípio 
regulador do culto reformado, serão 
consideradas adiante. 
O Culto da Vontade 
Os reformadores reconheciam que as 
adições humanas ao culto têm aparência de 
sabedoria e tendem a ser mais agradáveis à 
"'O t<!trnO da língua grega cradu.zido como "culto dcsi mesmo" 
segundo Joseph Henry Thayer,A GreeJ.~E11g/ish Lexico11 of thc 
New Testamem (Grand Rapid:s: Zondcrvan, 1979), designa, 
um ºcu lto arbitrário",, um •cculco que alguém imagí.na e 
prescreve para si mesmo". Segundo William F. Arodt and F. 
\'Y'ilbur Gingrich,A Gru1"-E11gli.sla Lexi~o11 ofrhc New 1ésramettt 
a11d Otlier Early Cliris1ia11 Literowre, 2 ed. (Chicago and 
London: Thc University of Chic.1go Press, 1979), um culto 
ou ªreligião :iuro-fabricada". 
25 
natureza humana pervertida do que o culto 
divinamente prescrito nas Escriruras . 
... Eu nüo ignoro (escreveu Calvino) o quão dificil é 
persuadir o mundo de que Deus rejeica e mesmo 
abomina toda invenção da razão humana 
relacionada no culto. A ilusão, com relação a esta 
questão tem diversas causas: "Cada um acha que 
está certo", como expressa o antigo provérbio. 
Assim, os filhos das nos.sas próprias mentes nos 
deleitam; e além disso, como Pnulo admite, o culto 
ficúcio frequcn temente aprcsen1.a alguma aparência 
de sabedoria (Colosscnses 2:23). Como na maioria 
dos casos, o culto fictício tem um esplendor externo 
que agrada aos olhos, ele é mais a~dável à nossa 
nacuru.a carnal, do que apenas aquilo que Deus 
requer e aprova, e que tem menos ostentação.-.M> 
Contudo, eles consideravam qualquer 
invenção humana no culto como will-worship 
(culto da vontade), "o culto de si mesmo», 
condenado em Colossenses 2:23. Eis o que 
escreveu Calvino: 
Eu sei o quão dificil é persuadir o mundo dcstue 
Deus desaprova todas as prãticas de culto não 
sancionadas cx,,rcss:u;nente na Su:i Palavra. A 
opinião conlrária, à qual se apegam, e que está 
arraigada até aos ossos e medul.a, é que, qualquer 
prática para a qual encontrem alguma razão em si 
mesma é lq;itima, desde que exiba algum tipo de 
aparência de zelo pela honra de Deus. Ora, visto 
que Deus não apen:is considera frívola, mas 
t:imbém clacamcnte abomina o que quer que 
pratiquemos por zelo ao Seu culto, se não estiver de 
,. John C:ilvin. TirL.Neenmy of R~fonning the Clwreh. 
26 
acordo com o Seu mandlamenco, o que pode nos 
aproveitar tomaraticude oposta? As palavras de Deus 
são claras e distintas: "obedecer é melhor do que 
sacrificar." " Em vão me adoram, ensinando 
doutrinas e mandamentos de homens" ( l Samuel 
15:22; M.atcus 15:9). Toda adição à Sua palavra, 
cspedalmen1c neste assunto, é uma mentira. Mero 
"culto da vontade" é ''aidade(Colossenses 2:23).J' 
Como exemplos bíblicos da reação divina 
ao culto da vontade (will-worship ), eles 
freqüentemente mencionam o culto de Caim, 
o fogo estranho de Nadabe e Abiú, o culto de 
Saul em Gilgal32 e o transporte da arca da 
aliança para Jerusalém. Por que Deus não Se 
agradou da ofer ta não cruenta de Caim, e 
agradou-Se da o ferta cr uenta de Abel (Gênesis 
4:1-6; cf. H ebreus 11 :4)? Por que Nadabe e 
Abi ú foram mortos por co locarem fogo 
estranho no oferecimento de incenso (Levíúco 
4:17-20)? Por que o sacrifício de Saul foi 
condenado por Deus? P or que deu tudo errado 
quando Davi tentou levar a arca para Jerusalém 
num carro e não pelas argolas (1 Crônicos, 
capírulo 13)? Por que Uzá foi m orto ao segurar 
a arca da aliança quando os bois tropeçaram 
"lbid. 
"" ... tem, porventura, o Senhor moto prazer cm holocaustos e 
sacrificios qu11nto cm que se obedeça li sua palavra? Eis que o 
obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do 
que a gordura de carneiros. Porque a rebclt:io é como o pecado 
da feitiçaria, e :i obstinação é como u idolatria e culto a ídolos 
do lar ... " {I Snmucl 15:22,23). 
27 
en1 Quidon1? Rcspos:ra reformado-puritana: 
porque todos concra,,.i~ram a lei do culto, o 
princípio bíblic., regulador do cu lto, que 
atribui a Deus o direito de prescrever a maneira 
pela qual Eie deseja ser adorado. 
Em resposta à alegação de boa intenção, 
os reformadores respondiam como John 
Knox:13 
Desobediência à voz de Deus não ocorre apenas 
quando o homem age impiamente, contrariando os 
preceitos de Deus, mas também quando por zelo 
genuino ou poa intenção (como normalmente 
falamos), o homemfaz qunlquer coisa a útulo de 
honra ou serviço :a Deus não ordenado 
expressamente pcln Palavra de Dcus ... 1• 
... nem a preeminência da pessoa que concebe ou 
estabelece qualquer prálica religiosa, sem 
mandamento expresso de Deus, nem a inccn~ão 
que a indu7.iu a cais práticas, é aceitável diance de 
Deus-pois Ele (Deus) :não :idmiúrá nada cm Sun 
religião, sem que se fun dnmentc n:1 Sua própria 
Palavra; mas tudo o que lhe for acrescentado Ele 
obomina, e pune os inventores e prnticantcs dcscas 
coisas, como aconteceu com Nadabe e Abiú 
(Levítico 10: 1-3).l; 
Idolatria e SuperStição 
A desobediência ao princípio regulador do 
culto era considerada pelos reformadores e 
• 
" No lrntado: Tru< & False ll'orthip; A Vindicauon oí the 
Doctrine thut lhe Sac:ra!icc: oí lhe Mass is Idolntry (Dallas: 
J>rcsbyLcrion Hcrlragc J>ubllcuLíons, 1994). 
" lbul, p. 26. • 
28 
• 
puritanos como 1dolacr1a e superstição. Eles não 
entendiam idolatria no sentido restrico de 
adoração a outros deuses (primeiro manda-
mento), mas cambém no sentido de adoração 
ao Deus verdadeiro da forma errada (segundo 
mandamento). 
Melanchcon," por exemplo, considerava 
inadmissíveis as tradições católico-romanas 
adicionadas ao culco. Segundo ele, os que assim 
procedem, demonstram preferir a sua própria 
sabedoria à de Deus. E, pior, no seu encendi-
mcnco, "Isco cem sido, e é, a fonte de culto a 
ídolos." Daí seu alerta: " ... nós, na igreja, 
deveríamos considerar estas coisas, a fim de 
que, rendo sido advertidos, possamos n os 
submeter à Palavra de Deus, e não estar 
d ispostos a sermos regidos pelas nossas próprias 
opiniões ... ". 
Em 1550, J ohn Knox escreveu um 
pequeno cracado condenando a missa católico-
-r omana como idolatria. Seu principal 
argumento, cm forma de silogismo, cem o 
princípio regulador do culto como premissa: 
A missa ~ ídolnLrin. Todo culco, honra ou serviço 
invcncado pelo cêrcbro humano n o que diz rcspci10 
3 religião de Deus, que não se fundamente cm Seu 
• Cimdo por John l'la,•cl, "Anupharmacum Salubcrr1mum; A 
Scrious und S~asonnblc Owcn1 1n aU thc Sn1111s 1n 1his Hour 
of Tcmp1a1ion". llm Th~ 117orkl o/]0/111 FIJrwl, •·oi 4, p.526 
(l..ondon, Thc Banncr o( Tn11h Trus1, 1968). 
29 
próprio CJl.l>l'CSSO mandamento, é idolatria. A missa 
é invenção do cérebro humano, que não se 
fundamenta cm nenhum mandamento de Deus; 
portanto é idolacria.n 
John Flavel (1630?-1691), outro conhecido 
puritano em um dos seus escritos, definiu 
idolatria como: 
... um culto religioso prestado a ourro que não o 
verdadeiro Deus, ou (prestado)ao verdadeiro Deus, 
mas de maneira que Ele não prescreveu em Sua 
Palnvra Disso vemos com clru'C7.a que um culto pode 
ser idólatra de duas maneiras: (1) com relação ao 
objc10 ... ou, (2) com relação à maneira, quando 
cultuamos o verdadeiro Deus, todavia de um modo 
e maneira que Ele não prescreveu cm Sua Palavra, 
mas que tenha sido invenUtdo ou concebido por 
nós mesmos; e isso é condenado como idolatrill no 
segundo mandamento; Não far6.s paro ti, isto é, da 
rua própria mente ou da rua própria cabeça,nDll1umo 
imagom de csc:11/wra; linguagem que proíbe todas ns 
invenções humanas, corrupções do culto puro e 
simples a Deus, como idólat.r:1s ... J.1 
O mesmo é afirmado por alguns dos 
principais símbolos de fé reformados. O 
CateciS1no de Heidelberg, por exemplo, dá a 
seguinte resposta à pergunta de número 96 ("O 
que Deus requer no segundo mandamento?"): 
"que não O represenremos ou adoremos de 
• 
" John Knox, 1hu & T-.úu Ui'onl1ip; A Vindication of lhe 
Ooctrine that thc Sacrificc of thc Mass is ldol.atry, p.23. 
" John Flavcl. ' 'Antipbarmacum Slllubcrrimum; A Scrious 
and Scasonable C.vea1 10 all the Saints ln t.his Hour oí 
Tcmpiationb, vot: 4. ln 771~ Wí>rkt "f:Jo/111 Flavd, p. 522. 
30 
;.tenhuma outra maneira que E le não tenha 
ord enado em Sua Palavra."39 Já o Catecisrno 
Maior, em rcsposra à pergunta 109, "Quais são 
os pecados proibidos n o segundo 
mandamento?", afirma: 
Os pecados proibidos oo segundo m:mdru:ncoto são: 
o cscabelcccr, aconstlhar, mandar, usar e aprovar de 
qualquer maneira cada cul co religioso nã.o insti ruído 
por Deus; o fazer qualquer representação de Deus ... ; 
todas as invenções s upersticiosas, corrompendo o 
culto de Deus, acrescentando ou tirando desse culto, 
quer sejam inventadas e adol:ldns por nós, quer 
recebidas porundição de outros, embora sob tirulo 
de antigüidade, de cosrumc:, de devoção, de boa 
intenção, ou de qualquer outro pre1cxto; a simonia, .. 
o sacrilégio, toda negligência, desprezo, 
impedimento e oposição ao culto e ordenanças que 
Deus instituiu. (Ver Apocalipse22:18,l 9). 
Acréscimos litúrgicos em termos de 
ceri mônias, ritos, gestos, etc., eram 
considerados superstições pelos reformadores. 
Toda e qualquer p rática litúrgica invencada pelo 
homem era vista por eles, como vemos h oje as 
práticas supersticiosas dos amuletos (tais como 
pés de coelho, ferraduras e trevos), da distinção 
de dias especiais (sexta-feira 13), e evitar passar 
""O uuccismo de Heidclberg." Em O Lrvro do Omfissõn (São 
Pawo: Mi$:5ão P~í1cria.na do Brasil <:cntml, 1969), pp. 4.00 I • 
-4.l29. 
•O oom&cio dos dons de OcU$. Atitude: de Simão, o mágico, 
que tencionou comprar de Pedro o dom de conferir() Espírito 
Sanro (Atos 8: 18·20). 
3 1 
por baixo de escadas, perto de gatos pretos, etc. 
Algumas das citações mencionadas já 
fizeram referências a essas práticas licúrgicas 
como supersticiosas. Eis apenas mais uma. 
Comentando Jeremias 7:31, " ... o que nunca 
ordenei, nem me passou pela mente", Calvino 
argumenta: 
Deus, aqui, elimina qualquer oportunidade de 
evasivas humanas, visto que E le condena, pela Sua 
própria fr-.ise, "o que nunca ordenci,''o que quer que 
os judeus imaginassem. Não há, portanto, nenhum 
outro argumento necessário para condenar 
superstições do que o fato de não terem sido 
ordenadas por Deus: porque quando os homens se 
permitem cultuar a Deus de acordo com suas 
próprias fantasias, e não observam os Seus 
mandamentos, pervertem a verdadeira religião. E 
se este princípio fosse adotado pelos papistas, todos 
estes 1nodos fictícios de culto, nos quais eles 
absurdamente se exercitam, cairiam por terra." 
Princípio Libertador 
Na concepção reformado-purita'ha, o 
princípio regulador puritano não tolhe, não 
limita nem restringe a liberdade cristã. Ele a 
preserva da imposição do cerimonialismo do 
qual Cristo nos libertou e de quaisquer imposi-
ções litúrgicas à nossa liberdade de consciência. 
Com relação ãs cerimônias (escreveu Calvino), as 
quais pretendem ser um sério atestado de culto a 
Deus, não paSsam de 7.0mbaria a Deus. Um novo 
judaísmo, em substituição àquele que Deus 
'
1 John Calvin, Cc>m,,1emaryon:feremial1, 7:31. 
32 
clnramc1ue revogou, foi novamcn1e insutuido 
atrllv0s de nu1ncrosas e pueris cxlrnvagfincias, 
colcradns de diversos lugares, 1\s quais foram 
misturad11s com ritos ímpios, parcialmente 
emprestados dos pngãos, e mais adnptados nalguns 
slwws ceaU'llis do que à dignidadcd:t nossa religião. .e 
No capitulo que rrara de qucscóes de ordem 
e disciplina ecJesiásticas, a Confissão Belga 
re jeita ..... todas as invenções humanas, e todas 
as leis que os homens queiram introduzir no 
cul co a Deus, pelas quais obriguem e 
consuanjam a consciência humana de qualquer 
for m a possível".4 , No capítulo que craca da 
liberdade cristã e da liberdade de consciência, 
a Confissão de Fé de ll7esu111nsru afuma: 
Só Deus é! Senhor da consciência, e a deixou livre 
das douuinns e mundamentos humanos que, CJn 
qualquer coisa, sc:jom contririos ~ Sun Pal:tvra~ 011 
que, cm matéria de fé 011 d~ a1úo1 estejam fora dela. 
Assim, crc1· cm tais doutrinas ou obedecer :i r:als 
mandamentos, por motivo de consciênc1a, é! crair 11vcrdad.eirn llbcrdadc dcconsc:1ênaa; e rcqucrcrparn 
eles íé implícita e obediência cega e absoluca, é 
dcsrruir a hberdllde de consciénc1a e a própna 
raziio ... 
Esta concepção reformada do princípio 
regulador como um princípio liber tador se 
funda m enta cm textos bíblicos do Novo 
" John CalYin, TM Ntt.asll)lo/Rt'fomrinz tlt~ C1turclt . 
" Parigraío 32. 
" Capítulo XX, Jt"nlar.tf o 2. Ver wmbémF' paN Hojl, Confissão 
de F~ Bacisua de 1689(São José dos Campos, SP· Ednora F1cl, 
199J), 21:2. 
33 
Testamento, tais como Colossenses 2: 16,17: 
"Ningué m , pois, vos julgue por causa de 
comida e bebida, ou dia de festa, o u lua nova, 
ou sábados, porque rudo isso tem sido sombra 
das coisas que haviam de vir ... "; e Gálatas 4:9-
-1 1, onde o apósto lo argume nta que a 
insistência em observar dias e festas significava 
uma escravidão voluntária a formas 
rudimentares e fracas (em comparação com a 
nova dispensação), e poderia até indicar coisa 
muito s<!ria: " ... mas agora que conheceis a 
Deus ... como estais voltando ourra vez aos 
rudimentos fracos e pobres, aos quais quereis 
ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e 
tempos, e anos. Receio de vós renha eu 
trabalhado cm vão para convosco" (Gálatas 4:9-
-11). A seriedade do assunro é demonstrada 
pelo apóstolo Paulo no início do capítulo cinco 
(versículo primeiro) dessa mesma carta; onde 
ele adverte: "P ara a liberdade foi que Cristo 
nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos 
submetais de novo a jugo de escravidão. Eu, 
Paulo, vos digo que, se vos deixardes 
circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará". 
É por causa de passagens bíblicas como 
essas, que a fé reformada não admite, na nova 
dispensação, a observância de dias, meses, 
tempos e anos especiais prescritos na lei 
cerimonial ju<laica. Mui to menos admite a 
instituição humana de novos dias, fes tas e 
34 
cerimônias religiosas.~s Quando, portanto, 
reformadores e puritanos enfa cizam a 
necessidade de base bíblica para qualquer 
elemento d e cu lto, na verdade não estão 
enfatizando o caráter formal do culto da nova 
dispensação, mas a sua natureza espirirual, 
csseocialmencc livre das formas litúrgicas 
cípicas do culto na anciga dispensação ou de 
novas fo rmas lirúrgiicas inventadas pelo 
homem. 
Elementos e Circunstâncias de Culto 
Uma última mas Ílnportan te consideração 
que preciso fazer com relação à concepção 
refor mado-puritana do princípio regulador do 
culto, diz respeito à distinção entre elenientos 
(ou ordenanças) de culto e circunstâncias de 
culto.46 
<$ Um texto intcttSsantc com relação a observância de dias e n 
obstinêncin de comidas é Romnnos 14 :5,6. O cc.-:to pode parecer 
indicar que comer ou observar dias é ulgo completamente 
indiferente. Mas os textos já mencionados não pcrmitc.m CS$O 
intcrprctaçiio. O contexto indica que se trata de concessões, 
por amor, aos débeis na fé. Estes (certamente judeus), ainda 
não haviam absorvido as carncterísticas pcculillrcs da novu 
dispcnsaçiio (não foi fácil nem para Pedro), e ainda julgavam 
relevante alguma observância de dias e absunência de 
alimentos (quais especificamente, n.ào sabemos). Deve-se ter 
cm mente, aqui, as drcunstiincias históricas especiais (de 
transição) entre o 1udaísmo e o crisuanismo. De qualquer 
modo, trarn·sc de escrúpulos pt:$sorus (o que não provém de (é 
é pecado), e não pnrn ser jmposto na igreja . 
.. Ver Jc.rcmiah Burroughs, Gospd Worsh1p, p. 9. 
35 
Os elementos de culto são práticas 
específicas, prescritas (direta ou necessaria-
mente inferidas) das Escrituras e válidas para 
toda a dispensação do evangelho (da graça), em 
qualquer lugar ou circunstância. Alguns desses 
elementos são comuns; isto é, fazem parte 
regularmente do culto. A Confissão de Fé reflete 
perfeitamente a posição reformada, admitindo 
apenas os seguintesele11ze11tos coniuns de culto: a 
leitura bíblica, a pregação da Palavra, a 
reverente atenção a ela, a oração, o louvor, e a 
ministração e recepção das ordenanças do 
batismo e da Ceia do Senhor. Outros elementos 
ocasionais (não regulares) de culto são: os 
"juramentos religiosos, votos, jejuns solenes e 
ações de graças em ocasiões especiais". 
As circunstâncias de culto, são rodâs as 
demais coisas, de caráter não religioso, mas 
necessárias à realização do culto. Estas coisas 
não são fixas, não fazem parte do culto em si, 
não sendo portanto especificamente prescritas 
nas Escrituras. Mas devem ser ordenadas à luz 
da revelação geral, do bom senso cristão, de 
conformidade com os princípios gerais das 
Escrituras.A Confissão de Fé de ~sttninsrer trata 
do assunto no capítulo I, parágrafo IV, nos 
seguintes termos: 
... há algwnas circunstâncias, quanto ao culto d.e 
Deus e o governo da Igreja, comuns às ações e 
sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas 
36 
• 
peln luz dll natureza e 1>ela p:rudênci:i cristã, segundo 
as regras da Palovr:i, que sempre devem ser 
ob$CrVlldas." 
Como exemplo de circunsrãncias de culto 
na dispensação do evangelho, pode-se 
mencionar o lugar (casa, templo, ao ar livre), 
horãrio (dias da semana, horário), duração e 
ordem do culco, n16veis (púlpito, bancos ou 
cadeiras, mesa para a Ceia do Senhor); 
iluminação (velas, lamparinas, candeeiros ou 
luz elétrica), aquecimento ou ventilação, som, 
etc. Estas questões sfio rodas circunstanciais na 
dispensação do evangelho, o que significa que 
não se pode atribuir a e las conotação religiosa, 
tornando-as obrigalórias, e devem ser decididas 
com a prudência cristã e à luz dos princípios 
gçrais das Escrituras, tais como simplicidade, 
ordem e decência, reverência, etc. 
H á alguns cuidados gerais que se deve ter 
com relação a estas questões circunstanciais: 
O primeiro é o de não acribuir a estas 
coisas, que em si mesmas são indiferentes, 
conotação religiosa, atrelando-as ao evangelho, 
confundindo-as com os ,elementos de culto, 
tornando-as obrigatórias. Não se pode 
sacralizar um lugar (um cemplo), um horário 
(sete ou oito horas da noite), um dia da semana 
(quarta-feira), um móvel (bancada de madeira), 
uma roupa (o paletó ou batina), um sisrema de 
"Capitulo J, parágrafo VI. 
37 
ventilaçilo, uma ordem de culto, erc. Tem sido 
grande o perigo da superstição com relação a 
estas coisas. Quanto a esta tendência, Hugh 
Binning adverte: 
Muito$ têm uma noção supersticiosa do lugar de 
culto público, como se hou\•csse mais sanudade nele 
do que cm outra cnsa qualquer; e assim, pensam que 
suas ornções na igreja são mais aceiU'ivcis do que 
nos seus próprios aposentos. Mas Cristo rcjcitn essa 
opinião supersticiosa com relação a lugares, e 
consequentemente, com relação a dias, comidas e 
coisas externas como essas.•• 
O segundo, é o de fazer tudo à luz da 
prudência cristã. É este o melhor horário, o 
melhor dia, o lugar mais apropriado (com 
relação à tranqüilidade, residência e poder 
aquisitivo dos membros)? Os móveis são 
apropriados, a roupa, a i l uminação, a 
ventilação, etc.? 
O terce: iro, é o de deixar q ue os princípios 
gerais das Escrituras regulem as nossas decisões 
con1 relação a rodas estas coisas, de modo que 
não venham a contrariá-la. Nós não somos 
naruralmente prudentes. É à luz das Escriruras 
que devemos determinar o que é ou não 
prudente, mesmo co m relação às co isas 
ordinárias da vida. " ... vede prudentemente 
• 
" 11,. Comnro11 Pri1wplu o/ úu ClmJtilUI Rrligiott, Lccture 11 : 
Thc Knowlcdgc: that God is, Combmcd with thc Knowlcdae 
üuu Hc is to bc Worsh1ppcd. p.S9 
38 
como andais, não como néscios, e, sim, como 
sábios, remindo o tempo, porque os dias são 
maus ... ". (Efésios 5: IS,16). 
CONCLUSÃO 
Reconheço que professar e praticar o 
princípio regulador p uritano não significa 
dirimir todas as questões relacionadas ao culto. 
Mesmo os puritanos não foramunânimes em 
algumas questões concernentes ao cântico de 
hinos no culco público e ao uso de orações 
Ji rúrgicas (previamente composcas).•9 
A convicção da legitimidade do princípio 
regulador do culto reformado também não 
implica necessariamente cm um rompimento 
imediato e abrupto com toda e qualquer prática 
que, na nossa interpretação, não tenha 
fundamentação bíblica. A prudência nos 
recomenda que em questões cão disputadas 
como estas, tenhamos o cuidado de avaliar 
extensamente as nossas interpretações - e a 
teologia e a prãüca reformadas são excelentes 
referenciais nesta avaliaç!ío. 
Além disso, mesmo que plenamente 
convencidos da ilegicimidade de práticas 
litúrgicas menos relevantes ou geralmente 
"'Ch . . . h nstophcr J. L. Bennctt, MWorsrup amoog tbc Puntans! e e 
Rcgufative Principie". Em Spintual ll'ilnlúp (London: Thc 
Wcsll'Oinncr Confcrencc, l 98S), pp. 17·32. 
39 
estabelecidas, convém un1a palavra de 
prudência e paciência, para não virmos a 
comprometer questões maiores. Calvino, por 
exemplo, não concordava de modo algum com 
o dia santo do natal. Mas preferiu adiar esta 
reforma em Genebra, para não impcdtro curso 
da Rcforma.so John Knox rejeitava a imposição 
anglicana do ato de ajoelhar-se para receber o 
pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas 
aconselhou sua congregação em Berwick a 
tolerar a prática.si E o puritano Thomas 
Carnvright, embora se opus'!sse ao uso de vestes 
clericais, considerou melhor usá-las do que ser 
obrigado a abandonar a sua vocação.s2 
,. Ver CRrU endereçada a John Hallcr, 1,:asrnr de Bcrno.L<f1uno/ 
joht1 O.lv111, voL 2 (Ncw York: Bun Fr:mldin, 1972), pp. 288 
-289. 
Obs.: Com reJaç:iu il qucst5odas pr:'ilu:as na1ahm1s, ,,cr i'amlXm 
Paulo i\nglado, O Natal t a Fi Rtfonnada (estudos nAo 
publicados, Bc:lém: Igreja Prcsbitcrluna Ccntrnl do Par.i, 1996). 
" Cf Christopher J. L Bennen, MWorshipsmoog the Puritans; 
Lhe Regubuve Prioaple" ln Sp1ntual Worship, p. 30. Ver 
tGmbém excelente artigo de Manyn Lloyd-Joncs, j~ U'2duz1do 
pnra o português, sobre as au:acterlstic:as pe~soais de John 
Knox, que fizeram dele, Lta opinrno do autor, o fundJldor do 
purilJlnwno: MJobn Knox; O Fundador do PurilJlJÚSmo" 
Em ()$ Punlil11'b1: rua1 Ori~1u r itw Sucestorrs (Sào Paulo; 
PBS- Puhhcnçucs Evangélicas Selecionadas, 1993), pp. 268 • 
288. 
" Cf. Christopher J. L Benneu, "Worshap among thc Puriians, 
the Regubuvc l'rincaple~ Em Spmrua/ Worslup, p. 30. 
40 
Entretanto, se re1e1tarm.os o principio 
regulador do culto reformado, que estabeJece 
as Escri curas como regra suficiente e 
autoritativa de cuJto, que outro princípio 
adotaremos? Como definiremos o que é ou não 
permitido no culto? Como preservaremos o 
culco das tradições, invenções e superstições 
humanas? Adotando o princípio normativo 
anglicano, segundo o qual tudo o que não for 
proibido ou não for contrário às Escrituras é 
permitido no· culto, devemos reconhecer que 
teremos dificuldade em responder às questões 
com as quais introduzi este estudo. AfinaJ, as 
Escrituras não proíbem o sinal da cruz, a 
queima de incenso, ou a cerimônia do lava-pés! 
Também não proíbem a abstinência de carne 
na "semana santa" e uma infinidade de práticas 
litúrgicas católico-anglicanas! 
D esejo, portanto, concluir sugerindo que, 
à luz da história da revelação bíblica, ênfases 
sobre pompa. ritos, símbolos, gestos e demais 
práticas litúrgicas inventadas pelo homem, não 
constituem um avanço, e sim, um retrocesso. 
Significam um retomo a formas de culto mais 
rudimentares, apropriadas apenas à velha 
dispensação. A glória e beleza do cul to na nova 
dispensação não está no templo., na sua 
decoração, nos ritos, nos símbolos, nos gestos, 
nas luzes, nos corais, na pompa, nas cerimônias, 
nos instrumentos 1nusicais, ou em quaisquer 
41 
coisas do gênero.SJ Está, sim, na sua 
simplicidade, na sua natureza espirirual, na 
santidade do adorador, na conformação ao 
culto à verdade revelada nas Escrituras, na 
realidade do acesso do crente à presença de 
Deus pela intermediação de Cristo e a ação do 
Espírito Santo. 
Encerro este pequeno estudo sobre o 
princípio regulador do culto reformado com 
as palavras do apóstolo Paulo na sua Epístola 
aos RomaQos: 
"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas miscric6rdias deDcas, 
que aptt$Cn1cis os vossos corpos por '3aificio vivo 
santo eagrndd\"Cl a Deus, que~ o vosso culto racional 
(l6gico, n12o:h·cl). E não vos conformeis oom este 
s~ulo, m:u lt'aosformai·vos pc111 renovação das 
vosSllS mentes, para que cxpcrimcn1els qual seja o 
boo, agradável e perfeita vontade de Deus" 
(Romanos 12:1,2). 
• 
., Sobre a bclCD do culto na nova dtspcnlaçiío, ver John Owen, 
uThc Naturc and Bcauty ofGospcl Worab1p", Em 17re 117orks 
of:foltn Owen, \'019.(Edinburah, 1852; Thc Baaner ofTrulh 
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Comn1itcee Presbyterian Reformed Church, o.d. 
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OUTROS LIVRINHOS PELA " PES" 
Amor de Crisco, O-R. M . McCheyne 
Amor imensunlvel -C. H. Spurgcon 
Aprcsen1ação do evangelho, A- D. M. Lloyd-Joncs 
Arrependimento: a porca para o Reino 
-D. i\<\. Lloyd-Jones 
Calvino: o leôlogo do Espirico Santo-A. Lopes 
Calvino e a responsabilidade social dJI Igreja 
-A. Lopes 
Catecismo para meninos e merunas, Um 
-Carcy Publications L1d 
Chamado para o min1stt!rio, 0-C. II. Spurgcon 
Cinco pontos do calvinismo, 0.s- W.J. Scaton 
Com quem mc:casarci?-A. Swanson 
Conhc:cimeoto: falso e \•erdadciro 
-D. M. 1.loyd-J oncs 
Conver'Sóe$: psicol6gicas e espirituais 
- D . M. Lloyd-Jones 
Crescimento nn graça-]. Newton 
Cris10: sabedoria, 1us1iça, saotificaçiio do crente 
- G. Whitcficld 
Cruz: a justificaç:lo de Deus, A - n. M. Lloyd· Jones 
Doença-J. C.Rylc 
Dons do Espírtto Santo, Os-D. M. Lloyd-Jooe:s 
Eleição: incentiva para pregar o evangelho 
-8. "lyler 
Exigências de Deus, As-C. H. Spurgeon 
Fé sa.lvadorn-D. i\'!.. Lloyd-Joncs 
Figueira 1n urcha, A- C. 1"1. Spurgeon 
História dos poderosos feitos de Deus, A 
-C. lJ . Spurgcon 
Idolatria desmusca1·adu, A-O. Ollvctú 
Igreja e o Estado: suas funções difcrcn1cs, A 
- D. M . Lloyd-Joncs 
lnspinção das Es.:rituras, A- J. C. Rylc 
47 
Iro de Deus, A-D. M. Lloyd-Jones 
João Calvino e George \Vhitefield 
- D. M . Lloyd-Jones 
John Knox, o fundador de puritnnismo 
- D. M. Lloyd-Jones 
Jonathan Edwards e a crucial importância de 
uv1Vamento-D. M. Lloyd-Joncs 
Livre-arbítrio: um escravo- C. 1 I. Spurgeon 
Mantendo a fé evangélica boje - D. M.Lloyd-Jones 
Mensagem cristã parn o mundo, A 
- D. M. Lloyd-Jones 
Não é pura rir-S. Jebb 
Oraçiio eficaz - C. H. Spurgeon 
Ordenação de mulheres: que diz o N.1:? - A. Lopes 
Pecadores nas mãos de um Deus irado - j . Edwards 
Perseverança n.asanúdade, A-C. H. Spurgeon 
Plano de Deus, O-J. I. Packcr 
Podemos aprender da bisuSria? - D. M. Lloyd-Jones 
Precioso sangue de Cristo, O - C. II. Spurgeon 
Pregação, A- D. M. Lloyd-Jones 
Pudcanismo e suas origens, O-D. M. Lloyd-Jones 
Que é a Igreja?-D. M. Lloyd-Jones 
Que é um cristão?- \V. Mack • 
Que é um e\•angélico?-D. M . Lloyd-Joncs 
RcaviVllmentos: sua origem, progresso e 
reali1..açõcs -E. Evans 
Rememorando a Reforma- n. M Lloyd-Jones 
Siscemo de pelo, 0-I. H. Murray 
Soberana vocação da maternidade, A - W. Cbantry 
Sobrcnntural na medicina, O-D. M. Lloyd-Joncs 
Urgente necessidade de avivamcnlO, A 
-D. M. Lloyd-Jones 
Verdades clfam3das calvinistas: uma defesa 
-C. li. Spurgcon 
Vivendo a vida crisrã- D. M. Lloyd-Jones 
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