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Aula 04 Medicina Legal p/ Polícia Civil - MG (Investigador) Professor: Fatima Albuquerque Taufick 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Profª Fatima Albuquerque Taufi AULA 04 Crimes contra a A Oi, pessoal! Hoje abordaremos o a visão da Medicina ensinamentos de Geniva no edital. Espero que estejam tod na reta final! Vamos em frente! A Cama Voadora (1932). Frida Kahlo BEZERRA, Armando J C. As belas artes da Noções de Medicina Legal para I Teoria e E Profª. Fatima Albuquerq fick www.estrategiaconcursos.com.br P 4: Sexologia Médico-Lega a dignidade sexual e provas p Aborto e infanticídio. assunto Sexologia Médico-Legal, Legal, utilizando-nos, essenci nival Veloso de França, autor da bibliog odos firmes na luta, pois estamos q hlo (1907-1954). Óleo sobre metal. Coleção Fundação Dolore es da medicina, 2003. Investigador de Polícia Polícia Civil/MG e Exercícios comentados erque Taufick – Aula 04 Página 1 de 53 gal periciais. , com foco na ncialmente, dos liografia indicada quase chegando olores Olmedo (México). 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Profª Fatima Albuquerque Taufi O Meu Nascimento (1932). BEZERRA, Armando J C. As bel SEX A Sexologia Médico-Leg autores) trata das ques delitos perpetrados cont a violência sexual como e, sobretudo, uma agre todas as classes sociai preferenciais as mulher violência sexual o estup A Organização Mundial d sendo o uso intenciona ameaça, contra uma pe Noções de Medicina Legal para I Teoria e E Profª. Fatima Albuquerq fick www.estrategiaconcursos.com.br P ). Frida Kahlo (1907-1954). Óleo sobre metal. Coleção part belas artes da medicina, 2003. XOLOGIA MÉDICO-LEGAL egal (ou Forense, ou ainda Crimina uestões médico-biológicas e perícias ontra a dignidade e a liberdade sexua o uma agressão não somente física ressão à cidadania e à dignidade hu ais, culturas, religiões e etnias, tend heres e as crianças, e como forma m upro. l da Saúde (OMS) conceituou violênc onal da força ou o poder físico, de pessoa ou um grupo ou comunidade Investigador de Polícia Polícia Civil/MG e Exercícios comentados erque Taufick – Aula 04 Página 2 de 53 particular (EUA). nal, para alguns s relacionadas a xual. Considera-se ca, mas psíquica humanas. Atinge ndo por vítimas mais comum de ncia sexual como e fato ou como e, que cause ou 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 53 tenha possibilidade de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos do desenvolvimento ou privações. CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL ESTUPRO O conceito de estupro foi ampliado com a promulgação da Lei nº 12.015/2009, cujo texto atual é "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso". O Título VI do Código Penal foi alterado para "crimes contra a dignidade sexual", em vez de "crimes contra os costumes", como antigamente, pois, mais que defender as preferências aceitas ou não pela sociedade, deve a lei penal proteger, sobretudo, a dignidade da pessoa humana. Essas alterações visam a uma melhor especificação de determinados delitos e a uma punição mais rigorosa, em especial se há envolvimento de menores de idade. Importante alteração ocorrida foi a de que as condutas até então descritas distintamente como atentado violento ao pudor e estupro foram unificadas no Código Penal, constituindo um único e novo conceito legal de crime de estupro. A conduta que antes era tipificada como atentado violento ao pudor não deixou de ser crime − ou seja, a despeito da revogação do art. 214, não houve abolitio criminis − mas, simplesmente, passou a ser tipificada como estupro na nova redação do art. 213. TÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 53 Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) Atualmente, toda pessoa constrangida mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal ou a praticar ou deixar que lhe pratique outro ato libidinoso será vítima de estupro. O sujeito ativo e o passivo podem ser o homem ou a mulher, pois admite-se qualquer tipo de ato libidinoso praticado de forma violenta ou com grave ameaça. O ato libidinoso pode ser conceituado como qualquer prática que busque satisfazer o apetite sexual, seja ela completa ou incompleta. Além da conjunção carnal, pode manifestar-se das mais variadas formas: coito ectópico, masturbação, tocar partes genitais, contemplação lasciva, contatos voluptuosos de forma constrangedora. O conceito de conjunção carnal não foi alterado: é a introdução completa ou incompleta do pênis na cavidade vaginal, ocorrendo ou não ejaculação. Sexo oral, anal e vestibular/vulvar não se caracterizam como conjunção carnal. Ademais, o "estupro mediante violência presumida" passou a ser chamado "estupro de vulnerável", e foi classificado como crime hediondo, cujas vítimas são os menores de 14 anos ou os portadores de enfermidade ou deficiência mental que não possuam o devido discernimento para a prática do ato ou que não possam oferecer 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 53 resistência, por qualquer outro motivo, ainda que seja a vítima maior de idade, sã e capaz. Dessa forma, hoje são considerados hediondos os crimes de estupro e de estupro de vulnerável. CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2o (VETADO) § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. A violência pode ser efetiva ou presumida. Será efetiva quando o autor utiliza-se de força física ou de meios capazes de privar ouperturbar o entendimento da vítima, impossibilitando-a de reagir ou de se defender. Subdivide-se, ainda, em violência efetiva física e violência efetiva psíquica. A violência física não pode ser presumida, devendo ser provada. A violência efetiva psíquica consiste na condução da vítima à inibição ou ao enfraquecimento de suas faculdades mentais, a fim de que não ofereça resistência (exemplos: embriaguez completa, hipnoses, drogas). Já a presumida configura-se em vítimas menores de 14 anos, alienadas, débeis mentais ou impedidas de resistir por qualquer outro motivo, configurando-se o estupro de vulnerável. PERÍCIA Por ser o estupro um crime que deixa vestígios, a perícia se mostra indispensável. Os dados mais relevantes para a comprovação pericial são 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 53 a perícia do coito vaginal, anal, oral e da penetração de objetos por via retal ou vaginal de forma violenta ou coativa. Na mulher virgem, a perícia do coito vaginal baseia-se no estudo da integridade do hímen. Na mulher com vida sexual pregressa (e também nos casos de hímen complacente), deve-se avaliar uma eventual gravidez, verificar se há presença de esperma na cavidade vaginal, de fosfatase ácida, de glicoproteína P30 (provenientes da próstata), além da possibilidade de contaminação venérea profunda. Deve-se, ainda, avaliar a presença de sinais indiretos no corpo da vítima, como as lesões advindas de violência ou luta, em especial aquelas encontradas nas coxas, nos antebraços, no pescoço, na face e na boca. Diagnóstico da conjunção carnal - Sinais: a) Rotura do hímen: os achados devem ser visualizados e descritos de forma simples, minuciosa e objetiva, buscando diferenciar uma rotura recente de uma antiga. b) Presença de gravidez. c) Contaminação por DST profunda: proceder à averiguação da mesma doença no suposto autor. d) Presença de esperma na cavidade vaginal: colheita de material vaginal ou cervical uterino para análise e realização de reações químicas que, se positivas, evidenciarão a presença de sêmen. e) Constatação de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 na cavidade vaginal: realização da dosagem dessas substâncias provenientes do líquido prostático na secreção vaginal. A fosfatase ácida é considerada duvidosa por alguns autores, por terem sensibilidade e especificidade duvidosas. Já a glicoproteína P30 (ou antígeno prostático específico, ou ainda PSA) é encontrada no fluido seminal e na urina masculina e, quando presente na secreção vaginal, constitui achado de grande relevância. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 53 f) Comprovação da presença de espermatozóide no canal vaginal: é o diagnóstico de maior certeza, por meio da técnica de coloração de Christina Tree. g) Exames subsidiários: exame das vestes da vítima (à procura de sangue, esperma, pelos). Situações especiais: pode ocorrer de haver a penetração do pênis, sem ejaculação (deve-se realizar a pesquisa de células epiteliais masculinas, oriundas do pênis, no lavado vaginal) ou o autor ter sido vasectomizado (verificar se a dosagem de fosfatase ácida no líquido vaginal encontra-se acima de 200 UI ou se há a presença de glicoproteína P30). Também configura-se importante a identificação do autor, por meio de exames de DNA em sangue, pelos e saliva do suspeito da violência sexual, além da coleta de sêmen oriundo da cavidade vaginal, presente em roupas ou extraído do local dos fatos. Estudo do hímen: O hímen é uma membrana incompleta com estrutura mucosa que separa a vulva da vagina, inserindo-se nos limites do conduto vaginal com a vulva. Possui a face vaginal (profunda) e a face vestibular (superficial), e duas bordas: uma aderente e outra livre. Não existe um hímen típico: cada mulher apresenta uma forma quase pessoal. Hímen íntegro e hímen roto. Fonte: CROCE, Manual de Medicina Legal, 5ª ed., 2006. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 53 A borda livre do hímen pode apresentar-se regular, irregular ou recortada, mostrando reentrâncias que são conhecidas por entalhes ou chanfraduras. Os entalhes são simétricos e chegam próximo à borda de inserção. As chanfraduras são superficiais e correm em extensão, geralmente de 2 a 3 mm. É importante não confundi-los (em especial os entalhes) com as roturas himenais. O hímen possui elasticidade e permeabilidade. Os chamados hímens complacentes são capazes de permitir a penetração de corpos mais calibrosos sem se romper, seja por exiguidade da membrana (orla estreita) e um amplo orifício (óstio), seja por sua elasticidade e distensibilidade. O hímen, ao se distender além do limite de sua resistência, rompe-se em sua borda livre (roturas geralmente sangrentas) ou em qualquer outra parte, podendo ser ainda tão delgado a ponto de não sangrar ao se romper (hímen em pele de ovo). As roturas podem variar em número (de uma até cinco roturas), e não há um local determinado para que ocorram, embora sejam mais comuns nos quadrantes inferiores. Podem ir da borda livre até a borda de inserção (rotura completa) ou partir da borda livre e terminar na substância da membrana (rotura incompleta). A causa das roturas é quase sempre o coito, mas também pode ocorrer por outros motivos, como traumatismos, manobra digital, corpos estranhos, imprudência médica. Diferença entre rotura e entalhe: ROTURA ENTALHE profundidade completa na orla, estendendo-se à inserção na parede vaginal não se estendem até as bordas da vagina as bordas se encaixam e apresentam tecido cicatricial as bordas não se encaixam e se constituem do mesmo tecido do hímen 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 53 disposição assimétrica e profundidade completa na orla himenal disposição frequentemente simétrica e pouca penetração na orla himenal as bordas são pálidas à luz ultravioleta as bordas são avermelhadas à luz ultravioleta (maior irrigação) sangramento ou sinais de supuração (se rotura recente) sem sinais de cicatrização recente ou de infecção As lesões do hímen que não dizem respeito à borda livre podem ocorrer em coitos súbitos ou pela ação insistente de um dedo ou de um objeto. São mais raras, podendo ocorrer casos desinserção total do hímen por traumatismos violentos pela ação de instrumentos contundentes. Carúnculas mirtiformes: são retalhos cicatriciais de hímen roto pelo coito ou pelo parto, os quais se retraem, formando verdadeiros trabéculos. Fonte: CROCE, Manual de Medicina Legal, 5ª ed., 2006. É importante ressaltar que os peritos devem descrever minuciosamente as lesões e as particularidadesdo caso, não lhes cabendo tipificar delitos. ATO LIBIDINOSO DIVERSO DA CONJUNÇÃO CARNAL: Coito anal: Além do histórico da vítima e da obtenção de informações referentes aos fatos ocorridos, deve-se proceder à análise de vestígios físicos indiscutíveis e evidentes deixados pelo ato sexual, e ainda pela constatação da presença de esperma. O exame de corpo de delito é 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 53 imprescindível. Em caso de violência, notam-se equimoses e sufusões (rágades) da margem do ânus, escoriações, sangramentos oriundos de roturas, esgarçamentos, edemas, dor ao toque retal, Sinal de Wilson Johnston (rotura triangular com base na margem do ânus e vértice no períneo, na união dos quadrantes inferiores), rotura de pregas anais, dentre outros sinais. Sinais de coito anal recente. Fonte: www.malthus.com.br É importante o perito não confundir rágades (que são traumáticas, agudas e em geral múltiplas) com fissuras anais (que são crônicas, em geral únicas e podem ser preexistentes). Procurar por outros sinais de luta em locais como nuca, pescoço, dorso e coxas da vítima. O sinal mais importante para o diagnóstico de certeza do coito anal é a presença de esperma no canal retal, confirmado, dentre outros, pela detecção do espermatozoide, cujo exame deve ser realizado precocemente por meio de reações específicas, podendo ser detectado em até 72 horas após a agressão. A comprovação da fosfatase ácida e da glicoproteína P30 (ou PSA) também levam ao diagnóstico, ainda que o autor seja vasectomizado. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 53 Por fim, é importante colher sêmen, sangue e saliva para exame de DNA buscando identificar e caracterizar a autoria. Coito oral: Apresenta maiores dificuldades para o exame pericial, que deve ser realizado precocemente, pois as lesões advindas do coito oral são raras. O diagnóstico pode ser feito pela detecção de sêmen ou pela pesquisa de glicoproteína P30 ou PSA na secreção oral, além da verificação de eventuais manifestações tardias de DST na mucosa bucal e de lesões encontradas nos genitais externos do agressor. Coito vestibular (vulvar ou interfemoral): É o ato sexual realizado pelo contato do pênis com a vulva, o vestíbulo e o períneo da vítima, com ou sem ejaculação. Quando não houve violência física, os achados são raros. Avaliar eventuais lacerações e hematomas, e, principalmente, verificar se há presença de esperma. Penetração de objetos: A perícia buscará verificar a via utilizada (vaginal ou retal), avaliar a existência de sinais de violência (como escoriações, equimoses, hematomas) e procurar identificar vestígios do material do corpo estranho utilizado, se possível. O exame no suspeito deve ser realizado nas primeiras 24 horas, em busca de sinais de coito recente. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 53 A seguir, abordaremos um assunto que não consta explicitamente no edital, mas que se insere no tema "Sexologia Médico-Legal": os Transtornos Sexuais e da Identidade Sexual. Por esse motivo, não podemos deixá-lo de fora da aula, mas, devido a sua menor probabilidade de ser cobrado, oriento a avaliarem o custo- benefício de estudá-lo, considerando-se o nível de preparação de cada um e o tempo disponível de estudo até a data da prova, ok? Vamos lá! TRANSTORNOS SEXUAIS E DA IDENTIDADE SEXUAL O instinto sexual dentro dos padrões de normalidade é considerado adequado; porém, podem ocorrer transtornos e alterações da identidade sexual (consciência imutável de se pertencer a determinado sexo) capazes de comprometer a segurança ou o equilíbrio da sociedade. Podem se apresentar como fantasias sexuais, distúrbios do instinto sexual (qualitativos ou quantitativos) ou as chamadas parafilias, que se traduzem por um comportamento intenso e recorrente que ocorre de forma inabitual, podendo existir como sintoma em uma perturbação psíquica, como intervenção de fatores orgânicos glandulares ou como uma simples questão de preferência sexual. Classificação da Associação Americana de Psiquiatria: I. Transtornos sexuais: disfunções sexuais que se subdividem em: a) Transtornos do desejo sexual (diminuído ou abolido); b) Transtornos da excitação sexual (na mulher e ereção no homem); c) Transtornos orgásmicos feminino e masculino (ejaculação precoce); d) Transtornos sexuais devido a dor (dispareunia e vaginismo); e) Transtorno sexual devido a uma enfermidade. II. Parafilias: impulsos sexuais, fantasias ou comportamentos recorrentes e intensos que acarretam condutas pouco habituais. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 53 III. Transtornos da identidade sexual: identificação persistente e vontade de ser do sexo oposto, devido a um mal-estar, geralmente intenso, com o seu próprio gênero. Psicossexualidades anômalas: 1. ANAFRODISIA: Consiste na deteriorização e consequente diminuição do instinto sexual masculino, em geral decorrente de uma doença nervosa ou endócrina. Pode ocorrer em jovens e sadios, ou como um sintoma de pré-impotência. 2. FRIGIDEZ: Diminuição do desejo sexual feminino, decorrente de vaginismo (contração involuntária dos músculos da região da vagina) ou de doenças psíquicas ou endócrinas. É o transtorno sexual mais comum. As causas mais comuns são: religiosas (em que se correlaciona o sexo com o pecado), culturais (correlação com pudor e decência), dispareunia (desconforto e dor no ato sexual), traumas emocionais (lembranças), falta de identificação sexual (homossexualismo), transtornos mentais (fobias sexuais) e causas circunstanciais (causas de tempo e lugar). 3. ANORGASMIA: Ausência de orgasmo no homem, ainda que haja o desejo sexual. Em geral, leva à paulatina perda do interesse sexual. É rara. 4. EROTISMO: O desejo sexual encontra-se aumentado, com tendência abusiva dos atos sexuais. São a satiríase (no homem) e a ninfomania (na mulher). A satiríase tem sempre uma causa patológica e manifesta-se por ereção quase permanente, com repetidas ejaculações, em que delírios e alucinações são frequentes. Porém, não deve ser confundida com o priapismo, que se trata de ereção prolongada, dolorosa, patológica e sem 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 53 ejaculação. A ninfomania (ou uteromania) é comumente precipitada pela histeria e pode levar a pessoa ao crime, ao escândalo e à prostituição,uma vez que não ocorre a satisfação do desejo sexual. 5. AUTOEROTISMO: É o chamado coito sem parceiro, em que a satisfação sexual consiste apenas em se imaginar um objeto ou uma pessoa (coito psíquico de Hammond), sem a necessidade de um parceiro nem de masturbação. 6. EROTOMANIA: Ocorre uma afixação em uma pessoa e o indivíduo vive em função dessa adoração, desenvolvendo uma paixão doentia extremamente mórbida. Em geral, é puro, ideal, sem desejos carnais. 7. FROTTEURISMO: É relativamente frequente e caracteriza-se pela tentativa de o indivíduo, em aglomerações, buscar, furtivamente, encostar ou se esfregar em pessoas (geralmente mulheres) ou tocar seus genitais ou seios, sem que elas percebam. 8. EXIBICIONISMO: Há uma vontade incontrolável e obsessiva de mostrar os órgãos genitais em público, geralmente à distância e em locais de grande aglomeração de pessoas, sem o uso de violência e sem manifestação de desejo da posse carnal. Típica do sexo masculino. 9. NARCISISMO: Admiração excessiva pelo próprio corpo ou personalidade, em que a excitação sexual refere-se à própria aparência. Muito frequente entre os débeis mentais. 10. MIXOSCOPIA (escoptofilia): Consiste no prazer erótico em presenciar o coito de terceiros. Também chamado de voyeurismo. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 53 11. FETICHISMO: Fixação em uma determinada parte do corpo ou em objetos pertencentes a uma pessoa, que se personifica e se transforma em elemento principal para a excitação sexual. 12. LUBRICIDADE SENIL: Trata-se de uma manifestação sexual exacerbada, em especial nos idosos, e correlaciona-se frequentemente com doenças como demência senil e paralisia geral progressiva (neurossífilis). A satisfação sexual ocorre tão somente com toques e atos obscenos, exibição dos genitais ou relatos detalhados de cenas eróticas. Costuma coincidir com certo grau de impotência. 13. PLURALISMO (troilismo): Prática sexual com a participação de três ou mais pessoas, de ambos os sexos. 14. SWAPPING: Troca consentida de parceiros heterossexuais entre dois ou mais casais. 15. GERONTOFILIA (cronoinversão, presbiofilia): Atração sexual de jovens por idosos. 16. CROMOINVERSÃO: Atração sexual obsessiva por pessoas de cor diferente (ETNOINVERSÃO: atração sexual obsessiva por pessoas de raças diferentes. Considera-se não somente a cor da pele, mas todo um conjunto de caracteres somáticos e psicoculturais das variadas etnias). 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 53 17. RIPAROFILIA: Atração sexual por pessoas com pouca higiene, geralmente de baixa condição social. É mais frequente no sexo masculino, em que se costuma preferir mulheres no período menstrual. 18. DOLISMO: Atração por manequins, bonecas (doll), admirando-as ou tendo relações sexuais com elas. 19. DONJUANISMO: O indivíduo busca se autoafirmar por meio da exibição de suas conquistas amorosas. É mais frequente no sexo masculino e costuma se correlacionar, paradoxalmente, a pouca virilidade ou hipossexualidade. 20. TRAVESTISMO: É um tipo de transtorno da identidade sexual. O indivíduo se sente compelido a usar roupas e acessórios do sexo oposto, obtendo, com isso, gratificação sexual. 21. ANDROMIMETOFILIA E GINEMIMETOFILIA: A andromimetofilia é um tipo de parafilia que consiste na atração de pessoas do sexo masculino por mulheres com trajes e representação sexual de homem, adotando o pervertido o comportamento de mulher. A ginemimetofilia é o inverso. 22. UROLAGNIA (undinismo) Ocorre excitação sexual em se ver alguém urinando, frequentemente sobre o parceiro. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 53 23. COPROFILIA (escatofilia): Ocorre prazer sexual em se observar a defecação de outrem ou a ter contato com as próprias fezes. 24. CLISMAFILIA: Rara, consiste em se obter prazer sexual ao se introduzir grande quantidade de líquidos no reto, como um enema. 25. COPROLALIA: Excitação sexual em proferir ou ouvir palavras obscenas antes ou durante o ato sexual. 26. EDIPISMO: Impulso ao ato sexual com parentes próximos. Geralmente ocorre em indivíduos com graves desvios de caráter, sendo mais comum entre as personalidades psicopáticas do tipo amoral. 27. BESTIALISMO (zoofilismo): Satisfação sexual com animais domésticos, frequente em indivíduos do sexo masculino impotentes com mulheres. 28. ONANISMO: Impulso obsessivo à excitação dos órgãos genitais, comum na puberdade, mas com conotação psicopata na idade adulta. Ao persistir como única forma de prazer no adulto, indica inversão sexual ou sintoma de distúrbios mentais, principalmente entre deficientes mentais e esquizofrênicos. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 53 29. VAMPIRISMO: Rara, consiste na satisfação sexual com a presença de certa quantidade de sangue, obtida através de mordeduras no parceiro. 30. NECROFILIA: Obsessão impulsiva pela prática de atos sexuais com cadáveres. Em geral são combinadas com outras síndromes degenerativas como o sadismo, o fetichismo, etc. Pode variar desde uma afinidade com defuntos até a prática sexual em ambientes e situações fúnebres ou com cadáveres reais. 31. SADISMO (algolagnia ativa): Prazer sexual obtido por meio do sofrimento do parceiro. É frequente a prática da asfixiofilia (estrangulação erótica), com o consentimento da parceira, sem chegar a matá-la. Todas as modalidades podem tomar grandes proporções e levar à morte. Manifesta-se mais em homens. 32. MASOQUISMO (algolagnia passiva, algofilia): Obtenção de prazer sexual por meio do sofrimento físico ou moral próprio, na forma de humilhação, maus tratos ou subjugação. Mais frequente no sexo feminino. 33. PEDOFILIA (paidofilia, efebofilia, hebefilia): Transtorno caracterizado por predileção sexual primária por crianças ou menores pré-púberes, sempre relacionada a graves comprometimentos psíquicos e morais de 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 53 seus autores e podendo variar desde atos obscenos até a prática de estupro. Pode ser hetero ou homossexual. 34. PIGMALIANISMO (agalmatofilia): Obsessão sexual por estátuas. Muito parecido com o dolismo. 35. HOMOSSEXUALISMO: Pode ser masculino (uranismo, pederastia), que éuma das formas mais comuns de transtorno da identidade sexual, ou feminino (safismo, lesbianismo ou tribadismo). Existem várias teorias a tentar explicar o homossexualismo, todavia, independente da etiologia, deve o homossexualismo ser considerado como uma opção sexual do indivíduo, e não como um caso estritamente médico, como antes. É necessária a distinção entre o homossexualismo e o intersexualismo, o transexualismo e o travestismo: No intersexualismo (sexo dúbio), a genitália externa e/ou interna são indiferenciadas, ou seja, há uma indefinição da própria natureza quanto ao sexo. No transexualismo (síndrome de disforia sexual), o indivíduo é inconformado com seu estado sexual e não admite a prática da homossexualidade. Trata-se de uma inversão psicossocial, uma aversão e uma negação ao sexo de origem, em que o indivíduo se comporta como se fosse do gênero oposto. Não costumam apresentar alterações físicas no seu sexo de origem. No travestismo, há prazer no uso de roupas e imitação de atitudes do sexo oposto. Embora não seja consenso, alguns autores afirmam certa tendência ao homossexualismo nesses indivíduos. Fonte das imagens: www.malthus.com.br - Medicina Legal - Gerson Odilon Pereira. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 53 Aspectos médico-legais dos transtornos sexuais e da identidade sexual: Nos transtornos da preferência sexual, o indivíduo opta por determinadas práticas sexuais socialmente toleradas quando no âmbito de sua vida privada (exemplos: mixoscopia e onanismo). No transtorno da identidade sexual, o indivíduo se identifica sexualmente com outro gênero ou imita o sexo oposto, tendo sido cada vez mais aceito socialmente como uma questão de preferência pessoal (exemplos: homossexualismo e travestismo). A perversão sexual manifesta-se como o mais abjeto dos transtornos da sexualidade, pois denota um comprometimento moral e psíquico grave, e justifica um interesse maior por parte da medicina legal (exemplos: bestialismo, necrofilia e pedofilia). Em geral, as perversões sexuais correlacionam-se, de uma forma ou de outra, a degenerações psíquicas mais ou menos graves. A criminalidade sexual é frequente em indivíduos com um substrato de perturbação mental; por esse motivo, todo delito grave de cunho sexual deve merecer uma cuidadosa atenção por parte do perito e do julgador. ____________________________________________________ CRIMES CONTRA A VIDA ABORTO O aborto criminoso configura-se na morte intencional do ovo. Para a Medicina Legal, o ovo é produto normal da concepção até o momento do parto. A idade do produto da concepção não interessa à Medicina Legal. Alguns conceitos de aborto: 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 53 � Definição clássica de Tardieu: Expulsão prematura e violentamente provocada do produto da concepção, independentemente de todas as circunstâncias de idade, viabilidade e mesmo de formação regular. � Aborto criminoso é a morte dolosa do ovo no álveo materno, com ou sem expulsão, ou a sua expulsão violenta seguida de morte (Carrara). � Morte dolosa do ovo (Nilton Sales). � A interrupção da gravidez, seguida ou não da expulsão do feto, antes da época da sua maturidade (Morisani). � A cessação prematura e dolosa da gravidez, ou sua interrupção intencionalmente provocada, com ou sem aparecimento dos fenômenos expulsivos (Garimaud). FRANÇA, 2011, assevera que, nos documentos médico-legais, deve-se usar sempre o termo aborto, em preferência a abortamento. A ciência médica distingue abortamento como o processo de perda do produto conceptual e aborto como o próprio produto da concepção. Adotaremos, aqui, o conceito usado pela Medicina Legal e pelo nosso autor referência: aborto. A legislação penal brasileira não faz distinção entre ovo, embrião ou feto, restando configurado o crime de aborto sempre que ocorrer intencionalmente a morte do concepto ou sua expulsão violenta seguida de morte. O nosso Código Penal diferencia quatro formas de aborto, em razão da natureza do agente e da existência ou não de consentimento por parte da gestante: a) o aborto provocado pela própria gestante, b) o aborto provocado sem o consentimento da gestante, c) o aborto provocado com o consentimento da gestante e d) o aborto realizado pelo médico. Nosso Código Penal assim estatui: 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 53 PARTE ESPECIAL TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA (...) Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. TIPOS DE ABORTO Do ponto de vista legal, o aborto pode ser classificado como natural (espontâneo) ou provocado (legal ou criminoso). No aborto espontâneo, o próprio organismo da gestante se encarrega de realizá-lo, independente de sua vontade. O aborto provocado, que pode ser legal ou criminoso, é aquele realizado de maneira intencional, 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 53 ocasionando a morte do feto por ato da vontade humana (da própria gestante e/ou de terceiro). Será considerado legal o aborto previsto e amparado pelo ordenamento, praticado por médico (nos casos de gravidez decorrente de estupro ou quando o aborto é o único meio de salvar a vida da gestante) e criminoso o não permitido juridicamente (a regra). Vejamos alguns conceitos adotados na literatura indicada no edital, referentes aos tipos de aborto: ABORTO ESPONTÂNEO:ocorre quando há inviabilidade natural e morte do concepto devido a diferentes fatores etiológicos. A interrupção da gestação acontece por fatores advindos da própria natureza, sem participação da vontade humana. Pode ter várias causas (alterações anatômicas, alterações genéticas, ação de agentes tóxicos, infecções, distúrbios metabólicos). ABORTO TERAPÊUTICO: é o aborto realizado pelo médico para salvar a vida da gestante. Permitido pelo ordenamento jurídico. Para FRANÇA, seria uma forma de proteger um bem maior, consagrado pela fundamental importância sobre outras vidas. A solução jurídica encontrada no conflito desses dois bens é o sacrifício do bem menor. O avanço da Medicina tem tornado cada vez mais raras as indicações deste tipo de aborto. ABORTO SENTIMENTAL (piedoso, moral ou humanitário): aborto permitido pelo ordenamento em casos de estupro. Defende-se o princípio do estado de necessidade contra as consequências oriundas de um grave dano à pessoa. FRANÇA opina no sentido de ser o aborto sentimental uma solução de caráter duvidoso, considerando-se não ser lógico que o sacrifício de uma vida possa reparar uma crueldade já praticada. Ademais, aconselha o 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 53 médico a obter autorização judicial ou dos representantes do Ministério Público antes de praticar um aborto em caso de processo criminal em curso. ABORTO EUGÊNICO: é a intervenção abortiva em fetos defeituosos ou com possibilidades de o serem. Não é permitido pelo nosso ordenamento, salvo raras exceções, segundo a opinião de alguns autores. FRANÇA também faz críticas a esta modalidade de aborto, opinando pela inexistência de argumento capaz de justificar a disposição incondicional sobre a vida de um ser humano, propondo sua destruição baseada em justificativas que se sustentem na “relação custo-benefício”, pois essa vida é intangível e inalienável. ABORTO SOCIAL: seria o aborto por motivos econômicos ou sociais, igualmente não permitido pelo ordenamento brasileiro. Nosso autor referência se posiciona, quanto ao aborto social, nestes termos: permitir a morte de um ser humano por motivo de falta de recursos suficientes para sua manutenção é um triste sinal de insensibilidade e desvalorização da vida, sendo essa forma um atestado insofismável da falta de coragem em afirmar que tais problemas podem ser resolvidos com medidas de ordem social que deem à mulher condições de criar seus filhos. ABORTO POR MOTIVO DE HONRA: embora tenha constado de algumas versões de anteprojetos ao novo Código Penal Brasileiro, também não é permitido pelo ordenamento. Seria o antigo aborto honoris causa, concedendo caráter indulgente de pena breve à mulher que pratica ou deixa que lhe pratiquem o aborto com intuito de ocultar desonra e àqueles que, com o consentimento da gestante, provocam-lhe o aborto para preservar sua honra. Segundo FRANÇA, trazer a espécie "Aborto por Motivo de Honra" ao corpo do novo estatuto penal não reflete senão um infeliz retrocesso e a triste 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 53 confissão de que a sociedade não evoluiu nos seus conceitos, nem se redimiu dos seus preconceitos falsos, posto que (sic) nenhuma gravidez pode-se considerar imoral a não ser que os propósitos que a motivaram sejam ilícitos e desonestos. (...) Simplesmente, porque se passou a entender que ele oculta a desonra da mulher. Isso é a toda prova um contrassenso. ANENCÉFALOS Anencefalia é conceituada como uma rara malformação fetal congênita decorrente de defeito no fechamento do tubo neural durante o estágio embriológico, ocasionando ausência parcial do encéfalo e da calota craniana, com presença de algum resíduo de tronco encefálico. A anencefalia torna a vida extrauterina inviável, mesmo que alguns fetos sobrevivam por alguns dias ou horas, pois ocorre a privação das funções superiores do sistema nervoso central, restando tão somente algumas poucas funções vegetativas e vasomotoras. O aborto seletivo em fetos anencefálicos não seria considerado um tipo de aborto eugenésico, pois que interrompe uma gravidez sem nenhuma possibilidade de vida autônoma. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal, decidiu, com efeito vinculante, acerca da possibilidade de interrupção da gravidez em casos de anencefalia fetal, caso específico em que a antecipação terapêutica do parto de fetos anencefálicos não tipifica o crime de aborto previsto no Código Penal. Vejamos excertos da decisão: "O relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, ministro Marco Aurélio, votou, nesta 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 53 quarta-feira (11), pela possibilidade legal de interromper gravidez de feto anencéfalo. O ministro considerou procedente o pedido feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), para declarar inconstitucional a interpretação dada aos artigos 124, 126 e 128 (incisos I e II) do Código Penal que criminaliza a antecipação terapêutica de parto nos casos de anencefalia. A incolumidade física do feto anencéfalo, que, se sobreviver ao parto, o será por poucas horas ou dias, não pode ser preservada a qualquer custo, em detrimento dos direitos básicos da mulher, afirmou o ministro, ao sustentar a descriminalização da prática. Para ele, é inadmissível que o direito à vida de um feto que não tem chances de sobreviver prevaleça em detrimento das garantias à dignidade da pessoa humana, à liberdade no campo sexual, à autonomia, à privacidade, à saúde e à integridade física, psicológica e moral da mãe, todas previstas na Constituição. Em voto longo e baseado nas informações colhidas durante quatro dias de audiência pública realizada pelo STF para debater o tema, o ministro Marco Aurélio concluiu que a imposição estatal da manutenção de gravidez cujo resultado final será a morte do feto vai de encontro aos princípios basilares do sistema constitucional. Para ele, obrigar a mulher a manter esse tipo de gestação significa colocá-la em uma espécie de cárcere privado em seu próprio corpo, deixando-a desprovida do mínimo essencial de autodeterminação, o que se assemelha à tortura. Cabe à mulher, e não ao Estado, sopesar valores e sentimentos de ordem estritamente privada, para deliberar pela interrupção, ou não, da gravidez, afirmou, acrescentando estar em jogo a privacidade, a autonomia e a dignidade humana dessas mulheres, direitos fundamentais que devem ser respeitados. Na interpretação do ministro, ao Estado cabe o dever de informar e 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página27 de 53 prestar apoio médico e psicológico à paciente antes e depois da decisão, independente de qual seja ela, o que hoje é perfeitamente viável no Brasil. Em seu voto, o ministro Marco Aurélio sustentou que na ADPF 54 não se discute a descriminalização do aborto, já que existe uma clara distinção entre este e a antecipação de parto no caso de anencefalia. Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida potencial. No caso do anencéfalo, repito, não existe vida possível, frisou. A anencefalia, que pressupõe a ausência parcial ou total do cérebro, é doença congênita letal, para a qual não há cura e tampouco possibilidade de desenvolvimento da massa encefálica em momento posterior. O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura, afirmou o ministro. Nesse sentido, no entendimento do relator, não há que se falar em direito à vida ou garantias do indivíduo quando se trata de um ser natimorto, com possibilidade quase nula de sobreviver por mais de 24 horas, principalmente quando do outro lado estão em jogo os direitos da mulher. Dados apresentados na audiência pública demonstram que a manutenção da gravidez nesses casos impõe graves riscos para a saúde da mãe, assim como consequências psicológicas severas e irreparáveis para toda a família. De acordo com a Lei 9.882, que regula as arguições de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs), a decisão tomada pelo STF tem eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público." http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=204680 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 53 Classificação de meios abortivos: a. Tóxicos: causam a intoxicação do organismo materno (gestante/matriz) e a consequente morte ovular, embrionária ou fetal por meio da circulação placentária. Podem ser de origem vegetal (utilização de plantas) ou mineral (fósforo, arsênico, antimônio, bário, chumbo e mercúrio). Essas substâncias podem agir no organismo materno das seguintes maneiras: a) intoxicação da gestante, determinando a morte desta, sem que se verifique o aborto, b) intoxicação da gestante seguindo- se o aborto e a morte da mulher, c) intoxicação sem implicar a morte do ovo, com cura posterior da gestante, e d) intoxicação da gestante, com aborto, e cura posterior da gestante. b. Mecânicos: dividem-se em diretos (atuam na cavidade vaginal, no colo uterino ou na própria cavidade uterina) e indiretos (traumatismos abdominais). Dentre os meios diretos, temos: 1. Atuando na cavidade vaginal: tamponamentos, duchas alternadas de água fria e quente, cópulas repetidas. 2. Atuando no colo uterino: cauterização, esponjas, dilatadores mecânicos, emprego de laminárias colocadas no canal cervical (do colo do útero) para dilatá-lo. 3. Atuando na cavidade uterina: atuação médica visando ao desprendimento da membrana e ao esvaziamento do útero por meio de curetagem, aspiração a vácuo ou histerotomia (microcesárea) ou, ainda, a punção das membranas de maneira leiga, por instrumentos como sondas de borracha, agulhas de crochê, penas de ganso, varetas de bambu, palitos de picolé, aspas de sombrinhas etc. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 53 Dentre os meios indiretos: são extragenitais, representados pelos traumatismos abdominais (por massagens ou por compressão do ventre). Procedimentos raros: uso intencional de raios X, excitações mamárias e enemas com líquidos quentes (hoje abandonados). COMPLICAÇÕES DO ABORTO PROVOCADO As complicações do aborto provocado (criminoso) são muito variadas e de grande interesse médico-pericial, uma vez que podem ocasionar lesões corporais que variam de leves a graves, ou mesmo levar a gestante a óbito. O meio tóxico pode levar o organismo materno às chamadas intoxicações, que podem causar desde efeitos mais simples até o efeito letal. Os meios mecânicos podem causar os mais diversos resultados, sendo as complicações médicas mais graves as embolias gasosas (pela entrada de ar nas veias uterinas), as perfurações de útero, as lesões de alças intestinais com peritonite, a gangrena uterina e o tétano pós-aborto. Segundo Hygino de Carvalho Hércules, é possível, em casos de aborto seguido de morte da gestante, quando há ausência do útero (paciente histerectomizada), ou quando o exame não permite afirmar um estado pregresso de gravidez, que o diagnóstico possa ser dado pela pesquisa de embolia de células trofoblásticas em arteríolas e capilares do pulmão da vítima. PERÍCIA O diagnóstico pericial do aborto criminoso é delicado e complexo, devendo o perito se cercar de cuidados, sendo necessária a realização do exame da vítima (a fim de se comprovar a gravidez e as lesões), a 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 53 comprovação da prática abortiva (evidências de provocação do aborto), a exclusão do aborto espontâneo e do aborto traumático, a identificação do meio causador e o exame dos restos fetais. ____________________________________________________ INFANTICÍDIO Eis o que preceitua o Código Penal: PARTE ESPECIAL TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA (...) Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Na caracterização do crime de infanticídio, a condição biopsicossocial do estado puerperal foi considerada um fator atenuante, cuja justificativa encontraria guarida no trauma psicológico sofrido, na pressão social e nas condições do processo fisiológico do parto desassistido, em que ocorreria um estado mental confusional capaz de levar à conduta criminosa. No puerpério, podem surgir alterações psíquicas durante o parto ou algum tempo depois, sendo a mais comum a psicose pós-parto. A caracterização do infanticídio é um grande desafio da prática médico- legal devido à complexidade e às inúmeras dificuldades em se tipificar o crime, sendo a decorrente perícia, por esse motivo, chamada de crucis peritorum (a "cruz dos peritos"). 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 53 O exame pericial buscará evidenciar os elementos constituintes do delito, tais como: os estados de natimorto, de feto nascente, de infante nascido ou de recém-nascido (diagnóstico do tempo de vida); a vida extrauterina (diagnóstico do nascimento com vida); a causa jurídica de morte do infante (diagnóstico do mecanismo de morte); o estado psíquico da mulher(diagnóstico do chamado estado puerperal); e a comprovação de parto pregresso (diagnóstico do puerpério ou do parto recente ou antigo da autora). Vamos conhecer alguns conceitos básicos sobre este assunto: NATIMORTO: feto morto durante o período perinatal (a partir da 22ª semana de gestação, quando o peso fetal é de aproximadamente 500g). A mortalidade perinatal pode ter causa natural (anoxia anteparto, prematuridade, anomalias congênitas, etc.) ou violenta (causas violentas do aborto criminoso). FETO NASCENTE: o infanticídio também se verifica "durante o parto". O feto nascente apresenta todas as características do infante nascido, exceto a respiração. No infanticídio de feto nascente, as lesões causadoras de morte situam-se em regiões onde o feto começa a se exteriorizar e apresentam as características das reações vitais. INFANTE NASCIDO: é aquele que acabou de nascer, respirou, mas não recebeu nenhum cuidado especial. Apresenta morfologia normal e outros sinais característicos de infante nascido, tais como estado sanguinolento (corpo coberto por sangue); induto sebáceo (ou vernix caseoso), que protege a epiderme do feto intra-útero e cobre grande parte de sua superfície corporal; tumor do parto (saliência serossanguinolenta de cor violácea no couro cabeludo); cordão umbilical (importância fundamental no diagnóstico diferencial entre infante nascido e recém-nascido); presença de mecônio (substância verde-escura e espessa, presente em 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 53 casos de sofrimento fetal durante o parto ou na cavidade uterina); respiração autônoma (o infante nascido tem que ter respirado: se não respirou, a morte ocorreu durante o parto ou intra-útero = trata-se, então, de feto nascente ou natimorto). RECÉM-NASCIDO: para a Medicina Legal, o estado de recém-nascido é caracterizado pelos vestígios comprobatórios da vida intrauterina (desde os primeiros cuidados até o 7º dia de nascimento). O recém-nascido pode apresentar as mesmas características do infante nascido, salvo o estado sanguinolento e o não tratamento do cordão umbilical. PROVAS DE VIDA EXTRAUTERINA: A vida extrauterina apresenta profundas modificações causadas pela respiração autônoma do infante nascido ou do recém-nascido, sendo-lhe possível atribuir um diagnóstico de vida independente por meio da perícia, realizada com a comprovação da respiração por meio das docimásias (ou "docimasias", sem acento) e das provas ocasionais. Discorreremos sucintamente sobre a principal das docimásias, pois que o assunto é extenso e muito aprofundado em questões de anatomia, próprias da atividade médica. As docimásias são provas que se apoiam no diagnóstico de uma possível respiração ou em seus efeitos. 1) Docimásias pulmonares: A docimásia hidrostática pulmonar de Galeno é a mais prática, mais simples e mais usada na perícia médico-legal corrente. É também a mais antiga e uma das mais seguras. Fundamenta-se na densidade do pulmão que respirou e do que não respirou. Possui várias fases, que permitem ao examinador diagnosticar a ocorrência ou não de respiração e presumir as 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 53 gradações ocorridas. A prova possui valor apenas dentro de 24 horas após a morte do infante (depois, os gases oriundos da putrefação causam um resultado falso-positivo). Com a respiração e a consequente expansão alveolar, o pulmão do feto aumenta acentuadamente de volume. O pulmão que não respirou não flutuará, pois é mais pesado que a água, e aquele que respirou irá flutuar. A técnica possui quatro fases distintas e consiste em tomar-se um reservatório cilíndrico, largo e com bastante profundidade, colocando-se água em temperatura ambiente até pouco mais de 2/3 de sua capacidade. 1ª fase: insere-se um bloco constituído de sistema respiratório (pulmões, traqueia e laringe), língua, timo e coração no líquido. � Se estes órgãos flutuarem (por inteiro ou à meia-água), a fase é positiva, dispensando-se as demais. � Caso contrário, é considerada negativa, e passa-se à fase seguinte. 2ª fase: com o bloco no fundo do vaso, separam-se os pulmões das demais vísceras. � Se estas permanecerem no fundo e os pulmões flutuarem (por inteiro ou à meia-água), a segunda fase é considerada positiva, dispensando-se as demais. � Se os pulmões permanecem no fundo, esta fase é negativa, e passa-se à fase seguinte. 3ª fase: com os pulmões no fundo do reservatório, cortam-se vários fragmentos de pulmão dentro do líquido e observam-se seus comportamentos. � Se alguns fragmentos flutuam, esta fase é considerada positiva. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 53 � Se todos os fragmentos permanecem no fundo, a terceira fase é negativa, impondo-se a fase seguinte. 4ª fase: compressão, entre os dedos e de encontro à parede do recipiente, de alguns desses fragmentos de pulmão que permaneceram no fundo. � Se há desprendimento de finas bolhas gasosas misturadas com sangue, é considerada positiva. � Caso contrário, a fase é negativa. Conclusão da prova de Galeno: Presume-se que o infante respirou normalmente se for positiva a 1ª fase; respirou precariamente se forem positivas a 2ª e 3ª fases; duvidosa ou presunção de raras incursões respiratórias se positiva a 4ª fase e inexistência de vida autônoma (não houve respiração) se as quatro fases forem negativas. Esta prova possui valor apenas se realizada em até 24 horas após a morte do infante (os gases da putrefação podem ocasionar resultado falso-positivo). Considerar ainda, no resultado, o fato de ter havido manobras de ressuscitação cardiopulmonar com respiração artificial. Para alguns autores, existiria uma 5ª fase, complementada pelas "docimásias hidrostáticas de Icard" (veremos a seguir), que seriam realizadas em caso de 4ª fase positiva ou para se evidenciar quantidades muito pequenas de ar no fragmento do pulmão fetal. Outras docimásias pulmonares: � Docimásias hidrostáticas de Icard: complemento da docimásia hidrostática de Galeno em caso de dúvidas ou quando apenas a última 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 53 fase é positiva (presume-se uma quantidade mínima de ar nos fragmentos de pulmão); � Docimásia diafragmática de Ploquet: observação do diafragma ao se abrir a cavidade toracoabdominal; � Docimásia óptica ou visual de Bouchut: inspeção do pulmão; � Docimásia táctil de Nerio Rojas: palpação do pulmão; � Docimásia óptica de Icard: visualização de bolhas de ar em esfregaços de fragmentos de pulmão; � Docimásia radiológicade bordas: maior opacidade na radiografia de pulmões que não respiraram; � Docimásia histológica de Balthazard (ou docimásia histológica de Bouchut-Tamassia): útil mesmo em pulmões putrefeitos, baseia-se no estudo microscópico do tecido pulmonar pela técnica histológica comum; � Docimásia epimicroscópica pneumoarquitetônica de Hilário Veiga de Carvalho: estudo da superfície externa do pulmão; � Docimásia química de Icard: análise de um fragmento de pulmão dentro de uma solução alcoólica de potassa cáustica. 2) Docimásias extrapulmonares: são várias, com destaque para a docimásia hematoarteriovenosa, possível de ser realizada em casos de espostejamento, quando se tem somente um membro para a perícia. Consiste na dosagem da oxiemoglobina colhida do sangue de artérias e de veias pré-dissecadas, permitindo-se chegar à conclusão se o feto respirou ou não. As provas ocasionais podem ser de grande relevância para a confirmação de vida extrauterina. As mais frequentes giram em torno da presença de lesões variadas, de corpos estranhos nas vias respiratórias, de substâncias alimentares no tubo digestivo e de outros indícios de recém-nascimento. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 53 CAUSA JURÍDICA DA MORTE Deve-se diferenciar a ocorrência de morte natural, pois esta afasta a hipótese de infanticídio. A perícia deverá esclarecer se a causa mortis foi acidental ou criminosa: � causas acidentais: podem ocorrer antes (traumatismo direto sobre a parede abdominal), durante (asfixia por descolamento prematuro de placenta, por enrolamento do cordão no pescoço, penetração de líquidos nas vias respiratórias) ou após o parto (hemorragia do cordão, traumatismos, quedas e outros acidentes). � causas criminosas: podem ser produzidas pelas mais diversas modalidades de energia. Deve-se considerar a ocorrência de morte do recém-nascido por abandono em locais inóspitos e o infanticídio seguido de carbonização do cadáver (numa tentativa de fazer desaparecer as provas do delito). Estado psíquico da parturiente: A perícia deve avaliar cuidadosamente o estado psíquico da mulher, uma vez que esta deve ser portadora de grave perturbação psicológica para que seja configurado o crime de infanticídio, motivada pelo "estado puerperal", capaz de levá-la a essa atitude extrema. Exame de parto pregresso: A perícia deve determinar a existência de um parto pregresso recente, considerando-se o estado geral, o aspecto dos órgãos genitais externos, a presença de corrimento genital, o exame dos órgãos genitais internos, a involução uterina, o aspecto das mamas, a presença de colostro ou leite, as paredes abdominais e a utilização de exames laboratoriais para comprovação dos lóquios, induto sebáceo, colostro, leite e mecônio. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 53 Bem, pessoal, terminamos a parte teórica desta aula. A sexologia médico-legal abarca, ainda, outros temas, tais como gravidez, parto, puerpério, casamento, prostituição, controle da natalidade, enfim, assuntos que não constam explicitamente no nosso edital e, por isso, com baixíssima ou nenhuma probabilidade de serem cobrados nessa prova. O custo-benefício em estudá-los não é válido neste momento, quer seja pelo grande volume de informações, quer seja pela necessidade de aprofundamento e assimilação de novos conhecimentos, próprios da área médica. Mais uma vez, iremos nos ater ao título dado pela banca à nossa disciplina (noções de Medicina Legal), buscando envidar esforços para o estudo de conteúdos que guardem uma maior correlação com o cargo pretendido, cuja exigência de formação tem caráter multidisciplinar. Um grande abraço e até a próxima aula! Fatima Taufick. ___________________________________________________________ QUESTÕES COMENTADAS: 1. (FUNCAB - Médico Legista - PC/ES 2013) A fricção, por parte do homem, de seu pênis contra as nádegas ou corpo de uma mulher completamente vestida, a fim de atingir o orgasmo, caracteriza: a) estigmatofilia. b) algolagnia. c) riparofilia. d) frotteurismo. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 53 e) clismafilia. LETRA D. O frotteurismo caracteriza-se pela tentativa de o indivíduo, em aglomerações, buscar, furtivamente, encostar ou se esfregar em pessoas (geralmente mulheres) ou tocar seus genitais ou seios, sem que elas percebam. 2. (UEG - Delegado de Polícia - PC/GO 2013) Grande sucesso mundial de vendas, o livro Cinquenta tons de cinza aborda temas relacionados à sexualidade (masoquismo, sadismo, dominação). A sensação de prazer ao se assistir ato sexual praticado por terceiros é denominada a) fetichismo b) mixoscopia c) vampirismo d) felação LETRA B. Conforme estudamos, a mixoscopia ou escoptofilia consiste no prazer erótico em presenciar o coito de terceiros. É também chamado de voyeurismo. 3. (CESPE - Delegado de Polícia - PC/AL 2012) Em relação à perícia médico-legal, julgue os itens que se seguem. Não existe a possibilidade de ocorrência de estupro em pessoa do sexo feminino com hímen íntegro, isto é, virgem. ERRADA. O crime de estupro não se limita à conjunção carnal, abrangendo atos libidinosos diversos, além da possibilidade de hímen complacente, que permite a conjunção carnal sem se romper. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 53 Toda pessoa constrangida mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal ou a praticar ou deixar que lhe pratique outro ato libidinoso será vítima de estupro. O ato libidinoso pode ser conceituado como qualquer prática que busque satisfazer o apetite sexual, seja ela completa ou incompleta (conjunção carnal, coito anal, oral, masturbação, tocar partes genitais, contemplação lasciva, contatos voluptuosos de forma constrangedora). Os hímens complacentes são capazes de permitir a penetração de corpos mais calibrosos, como o pênis, sem se romper, seja por exiguidade da membrana (orla estreita) e amplo orifício (óstio), seja por sua elasticidade e distensibilidade. 4. (CESPE - Escrivão de Polícia - PC/AL 2012) No que se refere à perícia médico-legal, julgue os itens subsequentes. A verificação da presença de hímen íntegro e complacente em jovem vítima de suposto abuso sexual é suficiente para que o perito médico- legista conclua que não houve conjunção carnal. ERRADA. O hímen complacente permite a conjunção carnal sem se romper, e isso, por si só, não permite que os peritos afirmem ou neguem a ocorrência de conjunção carnal, sendo necessária a realização de outros examespara se chegar a um diagnóstico. 5. (PC/MG - Delegado de Polícia - 2011) Retalhos de hímen roto pelo parto vaginal, os quais se retraem constituindo verdadeiros tubérculos em sua implantação, correspondem a a) entalhes himenais. b) hímens cribriformes. c) carúnculas mirtiformes. d) chanfraduras vulvo-himenais. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 53 LETRA C. As carúnculas mirtiformes são retalhos cicatriciais de hímen roto pelo coito ou pelo parto, os quais se retraem, formando verdadeiros trabéculos. 6. (FUNCAB - Médico Legista - PC/RO 2012) Ao descrever um achado no exame de corpo de delito, o perito informa: "presença de carúncula mirtiforme". Qual o significado deste achado? a) Cicatrização queloide de lesão cortante. b) Forma de cicatrização himenal após rupturas. c) Cicatrização vaginal após parto vaginal. d) Forma de cicatriz de queimaduras cutâneas de 3º grau. e) Tatuagem asfáltica de lesão escoriativa em atropelamentos. LETRA B. Mesma explicação da questão anterior. 7. (UEG - Delegado de Polícia - PC/GO 2008) A interrupção voluntária da gravidez, em virtude de má formação do feto, caracteriza o aborto a) sentimental. b) terapêutico. c) eugênico. d) social. LETRA C. O aborto eugênico é a intervenção abortiva em fetos defeituosos ou com possibilidades de o serem. Não é, todavia, permitido pelo nosso ordenamento, salvo raras exceções. 8. (PC/MG - Delegado de Polícia - 2008) Os distúrbios qualitativos do instinto sexual são denominados parafilias. A forma patológica relativa 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 53 à atração sexual por mulheres desasseadas e de baixa condição higiênica é denominada a) clismafilia. b) coprofilia. c) riparofilia. d) urolagnia. LETRA C. A riparofilia consiste na atração sexual por pessoas com pouca higiene, geralmente de baixa condição social. É mais frequente no sexo masculino, em que se costuma preferir mulheres no período menstrual. 9. (PC/MG - Delegado de Polícia - 2008) O aborto realizado por médico para salvar a vida da gestante amparado pelo estado de necessidade é denominado a) eugênico. b) moral. c) piedoso. d) terapêutico. LETRA D. Conforme vimos, o aborto terapêutico é aquele realizado pelo médico para salvar a vida da gestante. 10. (FUNCAB - Médico Legista - PC/RO 2012) Na investigação de infanticídio, a perícia pode contribuir com o estudo da docimásia, que tem como objetivo esclarecer: a) o período gestacional. b) se houve crime de aborto. c) se houve sofrimento fetal por infecção. d) se houve vida extrauterina. e) se houve aspiração meconial. 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 53 LETRA D. Uma das provas de vida extrauterina é realizada com a comprovação da respiração por meio das docimásias e das provas ocasionais. As docimásias são provas que se apoiam no diagnóstico de uma possível respiração ou em seus efeitos. 11. (UNIVERSA - Perito Criminal - Odontologia - PC/DF 2012) Alzira, psiquiatra, dirige-se até o cômodo da dependência de sua casa onde se encontra a sua empregada doméstica Edna. Após breve conversa, Alzira inicia a hipnose de Edna tendo êxito em seu procedimento. Após alguns minutos, Edna atinge um grau de hipnose profundo, tendo o seu nível de percepção mental altamente comprometido. Nessa condição, Edna recebeu a ordem de perpetrar em sua patroa, Alzira, a prática de cunilíngua. Perante tais circunstâncias, o ato de cunilíngua consumou-se. Nessa situação hipotética, Alzira cometeu o crime de A) lesão corporal. B) assédio sexual. C) estupro de vulnerável. D) atentado violento ao pudor. E) satisfação de lascívia mediante incapacidade. LETRA C. O "nível de percepção mental altamente comprometido", mencionado na questão, insere-se no conceito daquelas pessoas que não têm o devido discernimento para a prática do ato sexual ou que não possam oferecer resistência, por qualquer outro motivo, ainda que seja a vítima maior de idade, sã e capaz. O ato de cunilíngua é o sexo oral feminino. Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 53 Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 12. (FUNCAB - Médico Legista - PC/ES 2013) São sinais doutrinários em Medicina Legal de que houve conjunção carnal com uma mulher, que evidenciava hímen não complacente roto, EXCETO: A) presença de entalhes no hímen. B) gravidez. C) presença de esperma na vagina ou canal vaginal. D) presença de fosfatase ácida acima de 300 U.K./ml no canal vaginal. E) presença de glicoproteína P30 no canal vaginal. LETRA A. Na mulher com vida sexual pregressa, o diagnóstico da conjunção carnal baseia-se na avaliação de uma eventual gravidez, da presença de esperma na cavidade vaginal, de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 (provenientes da próstata), além da possibilidade de contaminação venérea profunda. A borda livre do hímen pode mostrar reentrâncias que são conhecidas por entalhes e chanfraduras. Os entalhes são simétricos e chegam próximo à borda de inserção. As chanfraduras são superficiais e correm em extensão, geralmente de 2 a 3 mm. É importante não confundir entalhes e chanfraduras com as roturas himenais, já que a presença de entalhes é um achado normal. Todas as outras opções são sinais de conjunção carnal. 13. (FUMARC - Médico Legista - PC/MG 2013) Quanto à sexologia criminal, é correto afirmar, EXCETO: 05608175760 05608175760 - Maria Rita Catonio Barbosa Noções de Medicina Legal para Investigador de Polícia Polícia Civil/MG Teoria e Exercícios comentados Profª. Fatima Albuquerque Taufick – Aula 04 Profª Fatima Albuquerque Taufick www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 53 A) O agente passivo do estupro pode ser tanto o homem quanto a mulher. B) No atentado violento ao pudor, tanto o homem quanto a mulher podem ser o agente passivo. C) O hímen é uma estrutura mucosa que separa a vulva da vagina e tem duas faces: uma, vaginal e profunda, e outra, vestibular ou superficial. D) Em presença de hímen complacente, a constatação da presença de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 em resíduo vaginal pode contribuir no diagnóstico
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