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INTOXICAÇÃO COM UREIA EM RUMINANTES

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INTOXICAÇÃO COM UREIA EM RUMINANTES* 
 
 
Introdução 
 
A proteína é o principal limitante para ruminantes criados extensivamente, principalmente no 
período de seca, pois este nutriente apresenta-se em menores teores nas gramíneas de clima 
tropical ou subtropical. 
A intensificação do uso das pastagens acentua a necessidade de utilização de suplementos 
destinados à alimentação animal, principalmente durante a estação seca do ano. A proteína é um 
dos nutrientes de maior importância para garantir a nutrição adequada dos animais, mas ao 
considerar os custos da alimentação, a proteína pode ser o nutriente mais oneroso. 
Os ruminantes, através de micro-organismos presentes no rúmen, são capazes de transformar 
tanto o nitrogênio derivado da proteína verdadeira, quanto o proveniente de alguns compostos 
nitrogenados não proteicos, como a ureia, o sulfato de amônio e o biureto, em proteína de alto 
valor nutritivo. O uso de ureia proporciona várias vantagens na alimentação de ruminantes, 
embora sua utilização inadequada possa trazer sérios danos à saúde animal devido à sua 
potencial toxicidade. Na verdade, a intoxicação nos ruminantes não é pela ureia, mas sim pela 
amônia gerada do primeiro composto através da fermentação ruminal. 
Geralmente, a maioria dos surtos de intoxicação por amônia ocorre em animais não 
adaptados que ingeriram, logo no primeiro dia, altas doses de ureia na dieta. Contudo, têm sido 
descrito casos de intoxicação em bovinos adequadamente adaptados a ureia, mas que receberam 
subitamente duas ou três vezes a mais a dose desta substância. O problema é favorecido quando 
não se fornecem suficientes glicídeos de fácil digestão. É frequente que se apresente como 
acidente por inadequada mistura dos alimentos ou quando se jogam fertilizantes que fiquem de 
fácil acesso aos animais. Uma vaca pode chegar a morrer em pouco tempo ao consumir 100 a 
200 g de ureia quando não esta adaptada. 
Apesar de ser esporádica nos rebanhos, a intoxicação por amônia apresenta quadro clínico 
drástico, rápido e na maioria das vezes devastador, podendo levar bovinos à morte em até 30 
minutos após a sua ingestão. 
 
 
 
 
* Farias, C.S. Intoxicação com uréia em ruminantes. Seminário apresentado na disciplina Transtornos 
Metabólicos dos Animais Domésticos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 8 p. 
 2 
Histórico 
 
A ureia foi descoberta em 1773 pelo químico francês Hilaire Marin Rouelle. Em 1828, foi 
realizada a síntese da ureia em laboratório pelo químico alemão Friedrich Wöhler. O uso da 
ureia na nutrição de ruminantes foi estabelecido por Weikee, em 1879, quando verificou a 
capacidade dos ruminantes em converter nitrogênio não proteico em proteína microbiana. 
Contudo, foi somente durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), na Alemanha, quando 
havia dificuldade em obter alimentos proteicos convencionais, como as tortas e farelos de 
oleaginosas, que a ureia foi utilizada na alimentação dos bovinos. 
A ureia é um composto orgânico nitrogenado não proteico, solúvel em água, álcool e 
benzina, se apresenta em estado sólido, na cor branca, e possui fórmula química NH2CONH2. É 
quimicamente classificada como amida. O conhecimento dos aspectos nutricionais da ureia só 
foi compreendida no final da década de 1930 nos Estados Unidos, sendo em seguida aprovada a 
sua utilização na dieta de ruminantes pela Association of America Feed Control Officials em 
1940. Após a ureia ser introduzida comercialmente no mercado foram relatados casos 
esporádicos de intoxicação fatal em vacas, os quais inibiram os pecuaristas americanos a 
utilizarem este importante alimento por um longo período. 
 
Fisiopatogenia da intoxicação com ureia 
 
A partir da ingestão da ureia, este composto é hidrolisado no rúmen, segundo esquema 
abaixo: 
 Ureia 2 NH3 + 2 H+ 2 NH4+ 
Esta hidrólise no rúmen ocorre pelos seus micro-organismos, numa reação catalisada pela 
urease, em quase a sua totalidade a amônio (NH4+), CO2 e água, enquanto que pequena parte é 
transformada em amônia (NH3). Essa reação pode se iniciar 10 min após a ingestão e se 
prolongar até 100 minutos. Quanto maior for o pH ruminal e a quantidade de ureia na dieta 
maior será a concentração de amônia no órgão. 
O potencial ureolítico pode chegar a ser até de 75 a 125 g ureia/min em bovinos e de 6 a 10 g 
ureia/min em ovinos, ultrapassando a capacidade de utilização do amônio para a síntese proteica 
bacteriana por uma larga margem. Esta atividade ureolítica é máxima quando o pH ruminal está 
entre 7,0 e 8,5. 
O amônio é hidrossolúvel e não absorvível pela parede ruminal e a amônia é lipossolúvel e 
altamente absorvível. Assim, condições que favorecem o surgimento de pH alcalino como 
jejum, dieta rica em fibra e/ou com baixo teor de carboidratos solúveis ou mesmo a ingestão de 
 3 
quantidades consideráveis de ureia predispõem à intoxicação por amônia em ruminantes, por 
aumentar e acelerar a absorção de amônia para a corrente sanguínea. 
Essa amônia ruminal possui duas possíveis rotas: ocorrerá a conversão em proteína 
microbiana no rúmen e/ou será convertida em ureia no fígado. A amônia ruminal será 
sintetizada em proteína microbiana por meio de processos de transaminação. A participação de 
carboidratos, como a celulose das forragens, é condição essencial para a eficácia do processo. A 
proteína microbiana será degradada no abomaso e intestino delgado promovendo a formação da 
proteína pelo próprio animal. 
A habilidade exclusiva dos ruminantes de converter nitrogênio não proteico (NNP) em 
proteína microbiana é devido à simbiose existente entre os micro-organismos do rúmen e o 
animal hospedeiro. Pequenas quantidades de amônia são eficientemente desintoxicadas à ureia 
pela mitocôndria dos hepatócitos no ciclo de Krebs-Hanseleit ou da ureia. Para cada molécula 
de amônia, há formação de uma de ureia, 40 vezes menos tóxica que a amônia, com consumo de 
3 moléculas de ATP, fornecido pelo ciclo de Krebs. 
A adaptação progressiva a crescentes quantidades de ureia na dieta é feita para que o 
organismo aumente a atividade das cinco enzimas do ciclo da ureia e armazene 294 vezes maior 
quantidade dos aminoácidos participantes do seu ciclo: arginina, ornitina e arginina. Animais 
que foram anteriormente alimentados com dieta alta em proteína raramente apresentarão 
intoxicação por amônia, quando a ureia for introduzida na ração, em virtude da grande atividade 
do ciclo da ureia. Por outro lado, quanto maior for o grau de insuficiência bioquímica hepática 
menor será a dose de ureia tolerada para causar intoxicação. Cita-se, ainda, como fatores 
predisponentes, o jejum prolongado e a adição de farelo de soja junto com a ureia. No primeiro 
caso, o pH do fluido ruminal eleva-se e permanece entre 7,3 e 7,8, facilitando uma rápida ação 
da urease, enquanto, no caso da soja, esta pode conter a enzima urease, acelerando a hidrólise da 
ureia. 
O fornecimento excessivo de ureia acelera a produção e a absorção de amônia para a 
corrente sanguínea, ocasionando quadro de intoxicação. A rápida liberação de amônia 
procedente da hidrólise de quantidades potencialmente tóxicas de ureia no rúmen, contribuem 
para a elevação na concentração de amônia e no pH ruminal, o que consequentemente causa 
alteração no gradiente de permeabilidade do epitélio, favorecendo a passagem de amônia à 
corrente sanguínea, que atinge o fígado. Essa sobrecarga sofrida pelos hepatócitos bloqueia o 
ciclo da ureia diminuindo a oferta de ATP para transformação de amônia em ureia. Nos 
neurônios promove desestabilização na passagem do estimulo nervoso,interferindo no 
metabolismo de energia no encéfalo associado a alterações na síntese e liberação de 
neurotransmissores. Assim, ocorrerá diminuição dos níveis de aminoácidos de cadeia 
ramificada, como a valina, leucina e isoleucina, e aumento dos aminoácidos de cadeia 
aromática, como o triptofano, fenilanina e a metionina. Os aminoácidos de cadeia aromática 
 4 
atravessam facilmente a barreira hemato-liquórica e competem com neurotransmissores 
normais, como a dopamina e a norepinefrina, formando os falsos neurotransmissores, como a 
feniletanolamina e octopamina, que deslocam neurotransmissores verdadeiros necessários para a 
transmissão sináptica, como as catecolaminas (norepinefrina e dopamina). O resultado final é 
uma depressão do sistema nervoso central. 
O ciclo da ureia depende do ciclo de Krebs para fornecimento de energia como para 
fornecimento de ácido oxaloacético para formação do ácido aspártico, que entra no ciclo da 
ureia fornecendo metade do nitrogênio para síntese da uréia. No ambiente intracelular bloqueia 
o ciclo de Krebs, aumentando a glicólise anaeróbica e gerando acidose metabólica e 
hipercalemia terminal. O bloqueio do ciclo de Krebs ocorre por meio do bloqueio por saturação 
do sistema glutamina-sintetase, resultando em diminuição da produção de energia, e finalmente 
inibição da respiração celular. 
A hiperamonemia ainda interfere no metabolismo da glicose fazendo com que ocorra uma 
marcante hiperglicemia durante o quadro. O grau de hiperglicemia é indicador da severidade da 
intoxicação, devida a uma maior liberação de glucagon, estimulador da gliconeogênese, e da 
glicogenólise hepática causada pela liberação de adrenalina, combinado com uma redução na 
utilização da glicose por tecidos periféricos, além de uma menor ação da insulina, hormônio 
mediador da passagem da glicose da corrente para as células, o teor de glicose no plasma 
sanguíneo aumenta de duas a cinco vezes em quadros de hiperamoniemia em ovinos. 
Outra alteração que pode ser observada é o quadro de acidose metabólica que ocorre devido 
a maior produção de ácido láctico, podendo ainda resultar em lesões musculares. As elevadas 
concentrações de H+ na corrente sanguínea levam ao aumento do potássio sérico e, 
consequentemente, ao óbito do animal por proporcionar parada cardíaca. 
 
Sinais clínicos 
 
Os animais apresentam sinais clínicos que se manifestam entre 30 a 60 minutos depois do 
consumo da ureia. O primeiro sinal visível é uma marcante hipersensibilidade, que resulta num 
quadro de inquietude e irritabilidade. Uma leve fasciculação pode ser verificada em grupos 
musculares dos membros anteriores e posterior. Outros sinais são observados como desconforto, 
apatia, tremores musculares, salivação excessiva, dejeções (fezes e urina) frequentes, respiração 
rápida e difícil, incoordenação, vocalização, enrijecimento dos membros, prostração, decúbito, 
tetania, meteorismo gasoso, midríase, nistagmo e convulsão. 
Outro efeito descrito na literatura é a desidratação temporária (nos primeiros 90 minutos do 
quadro), no decorrer da intoxicação, em bovinos, sendo constatado clinicamente pelo aumento 
do hematócrito e da concentração de proteína plasmática, além da menor elasticidade da pele. 
 5 
O episódio convulsivo é súbito e drástico demorando cerca de 1 a 2 min, interespaçados por 
períodos de descanso de cerca de 30 s a 5 min. Durante a convulsão os batimentos cardíacos 
podem-se elevar até 150/min e a frequência respiratória até 50/min, em especial quando da 
ocorrência de edema pulmonar concomitante. Vários episódios convulsivos no decorrer de até 
30 min podem acontecer até a morte, causada por parada cardiorrespiratória. 
 
Diagnóstico 
 
Os dados epidemiológicos do rebanho (morbidade, mortalidade), aspectos nutricionais e 
clínicos auxiliam no estabelecimento das suspeitas. Mas, exames laboratoriais como 
hemograma, bioquímicas sanguíneas, hemogasometria, valores de pH e amônia ruminal e 
exames anatomopatológicos podem ser solicitados a para confirmação do diagnóstico de 
toxicose por ureia. 
No exame hematológico pode ser observado aumento do hematócrito por desidratação. Na 
bioquímica sanguínea pode ser encontrada elevação da proteína total, de amônia sanguínea e 
também dos valores de aspartato aminotransferase (AST), creatina-quinase (CK), pois o 
fornecimento de elevada concentração de ureia promove alta concentração de amônia e uma 
intensa lesão muscular devido os quadros de convulsões. Animais com valores de amônia 
sanguínea acima de 1 mg/dL podem apresentar os primeiros sinais clínicos e valores acima de 3 
mg/dL podem causar a morte. A glicose pode ser realizada para determinar a severidade da 
intoxicação, e vai estar aumentada, pois o aumento da amônia sanguínea inibir a passagem de 
glicose para dentro das células e estimular a glicogenólise pelo aumento de adrenalina e também 
aumentando a produção de glucagon fazendo com que ocorra uma rápida produção de glicose. 
Na hemogasometria pode ser diagnosticado uma acidose metabólica com diminuição do pH, 
bicarbonato, tensão de CO2 e excesso ácido-base. O pH ruminal aumenta, tornando-se alcalino 
(pH maior que 7,5) sendo sugestivo de intoxicação por amônia. A amônia ruminal pode ser 
mensurada e é importante que a amostra seja congelada até que a análise seja realizada, valores 
acima de 200 mg/dL podem ser letais para bovinos. 
No exame anatomopatológico os principais achados são hemorragias, edema pulmonar, 
congestão do fígado, hidrotórax, hidropericárdio e gastroenterite. Quando a necropsia é feita 
logo após o óbito dos animais, exala do interior da carcaça odor forte de amônia. 
Diagnóstico diferencial deve incluir intoxicação por nitritos e nitratos, cianeto, 
organofosforados, carbamatos, sobrecarga de soja, 4-metilimidazole, gases tóxicos (monóxido e 
dióxido de carbono), doenças infecciosas agudas, encefalopatia hepática, leucoencefalomalácia, 
polioencefalomalácia, enterotoxemia, timpanismo ruminal, adenomatose pulmonar, 
hipocalcemia e hipomagnesemia. 
 6 
 
Tratamento 
 
O tratamento nos casos de intoxicação pela ureia tem como objetivo reduzir o pH no 
ambiente ruminal e impedir a absorção excessiva da amônia liberada. A terapia deve incluir um 
rápido lavado ruminal, com aplicação de líquido ruminal de uma vaca sadia, aplicação de 
acidificantes (vinagre ou ácidos), e aplicação endovenosa de 300 mL de ácido acético a 1%, 500 
mL de glicose a 20% e sais de Ca e Mg. Dependendo da sintomatologia apresentada, este 
procedimento deve ser repetido 6 horas após a primeira administração. 
Ortolani et al. (2000) foram os primeiros a obterem resultados amplamente satisfatórios 
quando além do vinagre era instituído um tratamento parenteral a base de hidrante isotônico e 
diurético de alça. Kitamura (2002) recomendou a utilização dos aminoácidos do ciclo da ureia e 
diurético no tratamento dos animais intoxicados, visando à diurese em maior quantidade, maior 
excreção de quantidade de amônia (35% do cloreto de amônia infundido), e por apresentarem 
uma rápida queda nos teores de amônia plasmática e de lactato. A melhora clínica foi evidente, 
com retorno mais rápido da movimentação ruminal, do tempo para se mantiver em estação, do 
apetite, além de uma mais rápida recuperação do edema pulmonar. 
O principal diurético de ação na alça de Henle utilizado na rotina é a furosemida. Este 
diurético aumenta a excreção urinária de água, íons Na+, K+, Cl- e H+, acidificando a urina. 
Normalmente parte do amônio urinário excretado no túbulo contornado proximal é reabsorvida 
na alça ascendente de Henle; porém, a ação da furosemida e a diminuição do pH urinário fazem 
com que partes dos íons amônio não sejam reabsorvidosnaquele segmento, sendo assim 
excretados na urina. 
Outra possibilidade é o uso intravenoso inicial de solução salina hipertônica, que irá 
aumentar a osmolaridade intravascular fazendo com que parte dos fluidos presentes no espaço 
extracelular, intrarruminal e até mesmo intracelular migrem para os vasos sanguíneos, 
corrigindo rapidamente a hipovolemia, o fluxo sanguíneo renal e aumentando assim a produção 
urinária. 
 
Controle e prevenção 
 
Deve-se lembrar que a ureia somente é aproveitada por animais com o rúmen funcional e o 
desenvolvimento do rúmen está associado ao fornecimento de alimentos sólidos, assim indica-se 
o fornecimento de ureia para bovinos com idade superior a seis meses. O ponto chave na 
prevenção desta intoxicação é o manejo alimentar. A meta de oferecimento de ureia para 
animais completamente adaptados é de 1% do total de matéria seca ingerida pelo bovino ou 3% 
 7 
do total de concentrado oferecido. Recomenda-se que a ureia seja gradualmente administrada na 
dieta, no decorrer de três semanas aumentando se 1/3 da dose global em cada uma delas até 
atingir a dose final, principalmente para animais que anteriormente recebiam dietas com baixo 
teor de proteína. 
A prevenção inclui um adequado programa de adaptação dos animais a consumir ureia 
mesclada perfeitamente aos alimentos e tomar as precauções devidas quando se usa ureia como 
fertilizante. Recomenda-se ter sempre reservas de vinagre a disposição. Além disso, deve ser 
assegurada a presença de fonte adequada de energia na forma de carboidratos fermentáveis no 
rúmen, a fim de favorecer a utilização da amônia pelos micro-organismos. Apesar da quantidade 
exata de ureia que pode ser metabolizada de maneira a não causar toxidez depender dos 
procedimentos na sua administração, da composição da dieta, entre outros fatores, recomenda-se 
limitar o fornecimento diário de ureia em 40 g/100 kg de peso vivo. 
 
Referências 
 
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