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Questionário – Alimentação e Nutrição Animal 1. Caracterize os carboidratos estruturais e não-estruturais. R: A classificação de carboidratos em estruturais e não-estruturais refere-se à função desempenhada nas plantas. Os carboidratos estruturais são encontrados na parede celular dos vegetais e fornecem suporte físico necessário para o crescimento das plantas, tendo a parede celular composta de pectina, celulose, hemicelulose, lignina, complexos fenólicos e proteína. Os carboidratos não-estruturais estão localizados no conteúdo celular e são compostos por carbono, hidrogênio e oxigênio, possuindo amido, pectina, monossacarídeos e açúcares simples. 2. Diferencie Carboidrato Não-estrutural de Carboidrato Não-fibroso? R: Os carboidratos não estruturais apresentam alta taxa de fermentação, levando ao abaixamento do pH ruminal, influenciando o desenvolvimento da flora ruminal, já os carboidratos não fibrosos apresentam baixa taxa de fermentação, e estimulam a ruminação e maior salivação do animal, o que auxilia no tamponamento do pH do rúmen. Por essa razão, o equilíbrio no fornecimento de carboidratos fibrosos e não fibrosos é importante para manter o ambiente ruminal estável. 3. Como é a estrutura da molécula de amido? R: O amido é um polissacarídeo não estrutural de elevado peso molecular com função de reserva energética nos períodos de dormência, formado por dois polímeros de glicose, a amilose e a amilopectina. 4. Quais os fatores que afetam a digestão dos carboidratos não-estruturais? R: Açúcares e amido são carboidratos não estruturais, os açúcares são fermentados no rúmen pelos microrganismos, sendo convertidos em ácidos graxos voláteis e em quantidades significativas de lactato. Desta forma, não é esperado que quantidades significativas de açúcares passem pelo intestino delgado e sejam digeridas por ele. Já a digestão do amido é o passo inicial para que seja utilizado como fonte de energia pelos microrganismos e existem fatores que podem afetar a taxa de extensão da digestão do amido pelo ruminante, interferindo de forma dinâmica na quantidade do amido que será fermentado no rúmen o que chegará ao intestino delgado. Os fatores são: a composição química e a forma física do amido forma físico, a presença de barreiras físicas nos grãos dos cereais, fatores antinutricionais, a forma física do alimento fornecido e os diferentes tipos e intensidade de processamentos aplicados aos alimentos. 5. Quais os principais tipos de processamento utilizados para grãos? R: Os principais tipos de processamentos a seco são: moagem fina ou grossa, extrusão, micronização, tostagem, peletização e laminação. Já os processamentos que envolvem a adição de água aos grãos são: maceração e laminação a vapor. 6. Como o processamento dos grãos pode afetar a qualidade e aproveitamento dos carboidratos? R: A maioria dos métodos de processamentos melhora a eficiência de utilização dos nutrientes dos alimentos pelos microrganismos ruminais e pelo trato digestório total com resultados positivos sobre a conversão alimentar, produção de leite e desempenho de gado de corte em confinamento. Até certo ponto, o aumento da participação ruminal na digestão do amido proporcionada pelos processamentos é benéfica nutricionalmente, porque aumenta a disponibilidade de energia rapidamente fermentável no rúmen. No entanto, os efeitos adversos decorrentes da maior disponibilidade do amido são a acidose ruminal e as reduções da digestibilidade dos carboidratos estruturais da dieta e das ingestões de forragem e de matéria seca. 7. Como acontece a degradação dos carboidratos não fibrosos no rúmen? R: A degradação dos carboidratos não fibrosos no rúmen ocorre pelos microrganismos essenciais para o processo de fermentação e digestão dos alimentos não fibrosos, como as bactérias, que geram como principais produtos o acetato, butirato, propionato, lactato, succinato e o formato, promovendo a maior produção total de ácidos graxos voláteis, principalmente em razão da maior produção de propionato por meio do ácido láctico. 8. Quais são os principais produtos da fermentação de carboidratos no rúmen? Explique como são formados R: Os principais produtos da fermentação de carboidratos no rúmen são celulose, glucose, amido, sacarose, hemicelulose e maltose. A maioria dos carboidratos consumidos pelos ruminantes são polímeros de glucose que aparecem na forma de celulose ou amido. As bactérias amilolíticas e dextrinoliticas no rúmen são responsáveis pela fermentação e hidrólise de amido que formará maltose e glucose. Já as bactérias sarcolíticas fermentam a glucose e outros monossacarídeos. Independente dos carboidratos, após sua ingestão são digeridos por ação dos microrganismos em hexoses, pentoses e ácidos urônicos. A fermentação de açúcares é a principal fonte de energia para a formação de ATP. A conversão de hexose em dois mois de piruvato proporciona duas adenosinas trifosfatos (ATP) e duas nicotinamidas adeninas dinucleotídeos reduzidos (NADH2). A principal via de fermentação das hexoses é a glicolítica em que são gastos dois moles de ATP para fosforilar uma hexose e quatro ATP são formados durante a conversão das duas trioses-P em dois piruvatos, cm rendimento líquido de dois ATP e dois NADH2 para cada mol de hexose fermentado. A rota mais importante de fermentação das pentoses parece ser aquela que três pentoses-P são convertidas em duas hexoses e uma triose- P, o que resulta na produção líquida de 1,67 ATP. Já o piruvato produzido é rapidamente convertido nos principais ácidos graxos voláteis (AGV), como acetato, propionato e butirato. O processo fermentativo gera também CO2, metano, calor e células microbianas. A celulose aparece nas formas amorfas e cristalinas, a cristalina é degradada pela bactéria Fibrobacter succinogenes devido a maior produção de enzima celulase, já a celulose amorfa é degradada pela bactéria Ruminoccocus albus. Essas bactérias produzem também uma proteína não hidrolítica que estimula a ação das celulases em fiar-se na celulose. As mesmas espécies de bactérias que degradam a celulose são, normalmente, degradadoras de hemicelulose. As pectinas são degradadas no rúmen por F. succinogenes, B. ruminicola e B. fibrisolvens assim como outros gêneros de protozoários. Para a hidrólise da pectina são necessárias duas enzimas, a metilesterase e a poligalacturamidase. Essas enzimas degradam a pectina até ácido galacturônico e outros açúcares. 9. O que é acidose ruminal? O que pode causar e como pode ser evitado tal distúrbio metabólico? R: Quando o suprimento de carboidratos rapidamente fermentáveis aos animais é aumentado abruptamente, há grande aumento da produção de ácidos graxos voláteis e de lactato. Assim, os mecanismos tamponantes do rúmen podem ser suplantados, e o pH ruminal pode cair para níveis críticos abaixo de 5,5. Para ser evitado, existem estratégias que constituem no controle do fornecimento de concentrados, correto balanceamento dos carboidratos da dieta, monitoramento do tamanho da partícula das forragens fornecidas etc., controlando os microrganismos produtores e consumidores de lactato e possibilitando que a mucosa ruminal aumente a capacidade de absorção de AGV’s, além do uso de alcalinizantes, como bicarbonato de sódio e óxido de magnésio, ou de fontes de nitrogênio não proteico (ureia) que ajudam a reduzir a queda do pH ruminal após a ingestão de grandes quantidades de concentrados. 10. Como acontece a digestão pós-ruminal dos carboidratos? R: Quantidades variáveis do amido que escapam da fermentação ruminal são digeridas até glicose no intestino delgado por enzimas de origem pancreática, como a 𝛼-amilase, e produzidas pela própria mucosa intestinal, como a maltase e isomaltase, de forma semelhante ao que ocorre nos monogástricos. A produção e secreção de amilase pancreática são dependentes da quantidade de amido que chega ao intestino delgado, aumentando em até 2,5x quando a quantidadede concentrado da dieta de novilhos aumentar de 20% para 80%. A maltase e isomaltase são dissacarídeos que apresentam maior atividade no jejuno e íleo em relação ao duodeno. A primeira digere as moléculas de maltose secretadas do amido, e a segunda hidrolisa as ligações 𝛼-(1->6) encontradas nos pontos de ramificações da amilopectina, secretando moléculas de glicose livres. Já a pectina não é digerida por enzima animal, sendo classificada como fibra solúvel. Portanto a pectina que escapa da fermentação ruminal somente poderá ser utilizada como fonte energética pelo ruminante quando fermentada a ácidos graxos voláteis no intestino grosso por microrganismos anaeróbicos à semelhança da fermentação ruminal. 11. Os carboidratos estruturais têm grande participação nas dietas de todas as categorias de animais ruminantes? R: Sim. 12. Como são classificados os carboidratos do ponto de vista de sua função nas plantas? Quais seus componentes? R: Os carboidratos são classificados em estruturais e não estruturais, e essa classificação refere- se unicamente à função desempenhada nas plantas. Os CE são encontrados na parede celular dos vegetais e fornecem o suporte físico necessário para o crescimento das plantas. Essa parede celular é composta por pectina, celulose, hemicelulose, lignina, complexos fenólicos e proteína. Já os carboidratos não-estruturais estão localizados no conteúdo celular e são encontrados em maior concentração nas sementes, folhas e hastes e representam reservas de energia usadas para reprodução, crescimento e sobrevivência durante períodos de estresse. 13. Como são classificados os carboidratos do ponto de vista da nutrição animal? Quais seus componentes? R: Quanto ao ponto de vista da nutrição animal, os carboidratos são classificados em fibrosos e não-fibrosos. Os CNF representam as frações degradadas mais rapidamente compostas por pectina, amido e açúcares. Já os CF que ocupam espaço no trato digestório e exigem mastigação para redução do tamanho de partículas, são compostos por celulose e hemicelulose. Neste caso, CF e fibra detergente neutra (FDN) têm o mesmo significado nutricional, pois representam a mesma fração de carboidratos dos alimentos. 14. Quais metodologias laboratoriais são utilizadas para quantificação destas frações? R: O método de fibra bruta (FB) foi durante muito tempo usado para tentar caracterizar a fração de fibra de alimentos destinados a ruminantes e monogástricos. Supostamente, o método deveria quantificar a entidade quimicamente uniforme (glucana) que poderia representar outros grupos de carboidratos indisponíveis. Porém, esse método ignora as frações de lignina e hemicelulose, solubilizadas pelo tratamento da amostra com solução alcalina e ácida e não satisfaz a exigência de recuperação de componentes indigestíveis da fibra dietética. Por isso, esse método foi gradativamente substituído pelo de detergentes neutro e ácido desenvolvido por Van Soest e Wine (1967). Atualmente é o método que melhor representa a fração do alimento de digestão lenta ou indigestível que ocupa espaço do trato digestório. 15. Do ponto de vista da nutrição animal, quais as diferenças entre as frações dos carboidratos e quais as consequências? R: As frações dos carboidratos não-fibrosos são facilmente e quase completamente digeridas pela maioria dos animais, já os carboidratos fibrosos não satisfaz às restrições necessárias para ser considerado nutricional. As consequências se dão na digestão entre ambos os tipos de carboidratos, com o tipo fibroso limitando o desenvolvimento dos microrganismos ruminais por causa da baixa assimilação do nitrogênio disponível na proteína microbiana. 16. Quais os principais microrganismos envolvidos na digestão dos carboidratos? R: Em revisão extensa apresentada por church (1993) mostra que os microorganismos responsáveis pela degradação de fibras dos alimentos são classificados em bactérias celulolíticas, hemicelulolítica, pectinolíticas, os protozoários e os fungos. 17. Como as proporções de participação dos carboidratos estruturais afetam a produção e concentração dos ácidos graxos voláteis? R: O tipo de substrato fermentado é determinante do tipo de AGV produzido, porém, vários fatores (incluindo taxa de fermentação e níveis de ingestão) são responsáveis pelas interações dos alimentos com a população microbiana no rúmen e por isso resultam em variações no padrão de fermentação. Com forragens, a maior fonte de variação que afeta a produção molar de AGV no rúmen é a digestibilidade da matéria orgânica, com a forragem ficando mais digestível e associada com a menor proporção de acetato e alta proporção de propionato e butirato. 18. Quais as consequências na produção/eficiência animal e na produção de metano? R: A quantidade de metano gerado, necessária para consumir hidrogênio (H), está relacionada com os produtos obtidos mediante a fermentação dos carboidratos. Por exemplo, uma ração rica em cereais, com um coeficiente molar de acetato:propionato igual a 1 a equação no processo de fermentação será uma, mas se a ação for rica em forragem com o coeficiente molar de acetato:propionato igual a 3, a equação mudará completamente alterado os subprodutos formados. As bactérias metanogênicas são sensíveis às mudanças nas condições da ração do animal. Se há o aumento na taxa de passagem da digesta, aumento na taxa de fermentação e decréscimo da ruminação ou do pH, são fatores que conduzem a redução da quantidade de H disponível para formação de metano. Dessa forma, haverá menor produção de metano e, em consequência disso, há o aumento do nível de energia metabolizável disponível para o animal. 19. Quais os principais fatores que afetam a digestão dos carboidratos? R: O principal fator que afeta a digestão dos carboidratos estruturais é a adição de carboidratos solúveis por meio de alimentos concentrados, que provocam alterações no ambiente do trato digestivo e na cinética do processo digestivo, como as taxas de digestão e passagem das partículas, o pH ruminal e a natureza da população microbiana. 20. Quais efeitos do tamanho de partícula da ração sobre a digestão dos carboidratos? R: Em uma tabela de Owens et al. (1986) mostrou que a extensão da digestão do amido no rúmen e no trato digestório total foi maior para os grãos de milho e de sorgo moídos finos e floculados vapor do que os laminados ou moídos grosseiramente. Desta forma, que o suprimento de amido para o intestino delgado é maior quando o milho e o sorgo são fornecidos aos animais com maiores tamanhos de partículas. Contudo, as partículas de grãos que escapam da fermentação ruminal apresentam baixa digestibilidade intestinal, sendo parcialmente fermentadas no intestino grosso e eliminadas nas fezes. Comparados com métodos que reduzem o tamanho da partícula dos grãos, notou-se que a ensilagem foi o mais efetivo no aumento da digestão principalmente no rúmen, isso está relacionado com o pH ácido do silo que favorece a solubilidade parcial da matriz proteica desses grãos, facilitando o acesso do amido pelos microrganismos ruminais. 21. Quais efeitos da taxa de passagem sobre a digestão dos carboidratos? R: A taxa de passagem altera a eficiência da produção microbiana, uma vez que taxas de passagem mais rápidas favorecem maior eficiência no crescimento microbiano. No entando, quando a taxa de passagem é muito maior que a taxa de renovação dos microrganismos, essa população vai se reduzindo até desaparecer. Além disso, a taxa de passagem pode ter grande impacto na utilização dos alimentos, pois é ela que pode alterar a degradação efetiva do alimento. 22. Quais os efeitos do pH ruminal sobre as populações de microrganismos e a digestão dos carboidratos? R: O pH ruminal pode diminuir ou até exaurir espécies de protozoários ruminais e está relacionada com a digestão de carboidratos. O aumento progressivo de concentrados rico em amido em dietas à base de forragem estimula o aumento da populaçãode protozoários no rúmen por causa do aumento no suprimento de substratos energéticos rapidamente fermentáveis. Porém a maioria das espécies e o número de protozoários por unidade de conteúdo ruminal podem ser muito reduzidos ou até mesmo exauridos naqueles animais alimentados com dietas contendo mais de 75% de concentrados à base de grãos de cereais devido possivelmente ao baixo valor de pH do rúmen, baixa taxa de salivação e o aumento da taxa de passagem. O impacto mais significativo da atividade dos protozoários na digestão dos grãos de cereais é a habilidade de regular a taxa da digestão do amido no rúmen. Os protozoários podem demorar até 36 horas para metabolizar o amido engolfado. Além disso reduzem a população de bactérias amilolíticas no rúmen por predação. Ambos os fatores reduzem a taxa de fermentação do amido,reduzindo a intensidade de queda do pH ruminal após consumo de dietas ricas em amido pelos ruminantes. Por isso tem-se sugerido que protozoários têm função benéfica nos animais alimentados com dietas ricas em grãos de cereais principalmente por evitar a acidose ruminal. 23. Quais a exigência mínima de FDN nas rações para ruminantes e quais motivos para tal? R: 25% de FDN total e 19% de FDN proveniente de forragens (FDNf) na matéria seca. É importante principalmente para vacas em lactação que devem consumir quantidades mínimas de fibra para estimular a mastigação, manter o fluxo de saliva e um ambiente ruminal favorável ao desenvolvimento dos microrganismos responsáveis pela digestão de carboidratos fibrosos, caso contrário, pode reduzir consideravelmente o pH do rúmen, diminuindo o consumo de matéria seca e provocando a queda no teor de gordura no leite e aumentando o risco de ocorrência de distúrbios metabólicos. CAPÍTULO 15 1. Cetose e esteatose hepática: R: A cetose ocorre a partir da beta oxidação, quando o animal precisa consumir suas reservas lipídicas para produção de energia. De maneira geral, a esteatose hepática precede a cetose, e a maioria dos animais com cetose clínica também apresentam aumento considerável de gordura na forma de TAG no parênquima hepático. Isso é causado pelo grande influxo de ácidos graxos livres na corrente sanguínea, decorrentes da mobilização de gordura corpórea que, eventualmente, são captadas pelo fígado. Como o fígado de ruminantes tem uma baixa capacidade de exportar triacilglicerol na forma de VLDL, os ácidos graxos acabam sendo reesterificados e depositados na forma de TAG no fígado. Esse período de aumento na concentração de TAG e lipídios totais caracterizam a esteatose hepática. Com o aumento da B- oxidação ocorre a maior produção de corpos cetônicos, os quais acidificam a corrente sanguínea. 2. Hipocalcemia: R: Ocorre geralmente logo nas primeiras 12 a 24 horas após ao porto e é caracterizada pela drástica queda dos níveis plasmáticos de Cálcio, o que causa a progressiva disfunção neuromuscular com paralisia flácida, colapso circulatório, depressão e até a morte, se o animal não for tratado a tempo, Durante os últimos dias de gestação e as primeiras semnas de lactação, praticamente toda vaca leiteira apresenta um certo nível de hipocalcemia, que pode ou não manifestar sinais clínicos. Vacas que apresentam hipocalcemia são mais propensas ao desenvolvimento de outras doenças, tais como retenção de placenta, prolapso de útero, deslocamento de abomaso, mastite, entre outros. Além disso, vacas com hipocalcemia apresentam níveis altos de cortisol plasmático, o qual é um notório agente imunossupressor. A queda dos níveis de Ca do período periparto ocorre por conta da grande exigência necessária para a lactação e contrações no momento do parto. Para que esse quadro seja evitado é recomendado que próximo ao parto haja o fornecimento de dietas pobres em Ca, o que irá estimular a secreção e atividade do PTH, o qual fará com que a reabsorção óssea de cálcio aumente. 3. Hipomagnesemia: R: É causada por uma redução nas concentrações séricas e no líquido cérebro-espinhal de Mg. Fêmeas são mais susceptíveis a apresentarem sinais clínicos, pois necessitam d uma demanda maior de Mg para a lactação. Os sinais clínicos são caracterizados por hiperexcitabilidade muscular, tremores e fasciculações musculares com decúbito lateral. Alguns animais podem apresentar diarréia. Opistótomos e convulsões podem aparecer na fase terminal da doença. Pode levar à morte por parada cardiorrespiratória. A prevenção deve ocorrer com o fornecimento de quantidades de Mg que supram as necessidades dietéticas do animal e o aumento da biodisponibilidade ruminal do Mg. A dieta de ruminantes deve conter no mínimo de 0,18% de Mg para suprir as necessidades diárias do mineral. Em animais em lactação essa dieta deve conter 0,22% a 0,35% de Mg. O tratamento deve ser efetuado com a infusão de gluconato de Mg, via intravenosa. 4. Acidose ruminal: R: É causada por um desequilíbrio entre a produção de ácidos no rúmen, a partir da fermentação ruminal de carboidratos. A enfermidade ocorre na sua forma aguda com presença de alta concentração de ácido lático no rúmen ou em sua forma crônica, principalmente em animais de leite, causado pela necessidade de alto consumo de matéria seca e produção de ácidos graxos voláteis no rúmen. Ruminantes desenvolvem acidose severa quando são submetidos a mudanças abruptas na dieta, de forma que o consumo de grãos é aumentado sem uma adaptação prévia da microflora ruminal. Quando isso ocorre, várias são as mudanças no ambiente ruminal que levam aos sintomas clínicos, tais como: acidose metabólica, acidemia, desidratação, desequilíbrio eletrolítico. A prevenção da acidose ruminal é feita por meio da formulação de dietas que não predisponham à produção excessiva de ácidos no rúmen, assim como o manejo nutricional para evitar mudanças drásticas no ambiente ruminal. 5. Intoxicação por ureia e nitrato: R: A ingestão de quantidades excessivas de nitrato e ureia causam intoxicações em ruminantes. Nitrato: A intoxicação por nitrato ocorre quando o animal ingere alimentos que acumulam quantidades consideradas de nitrato. Esse acúmulo ocorre quando o metabolismo das plantas está reduzido geralmente por passarem períodos de estresse hídrico ou após um longo período de frio intenso ou pouca luminosidade. Esses fatores reduzem o crescimento das plantas e favorecem o acúmulo de nitrato. Plantas de solos com excesso de fertilização por N também são tóxicas aos animais. Além de ser tóxico ao animal, a ingestão de Nitrato também inibe a digestão da celulose por ser tóxico a certos microrganismos responsáveis por essa digestão. Porém o maior dano ao animal ocorre quando o Nitrato é absorvido pela parede do Rúmen e entra na corrente sanguínea. Quando essa absorção ocorre, a oxidação de Fe na hemoglobina é aumentada e há a produção de maiores quantidades de metaemoglobina no sangue. O Fe na sua forma oxidada não é capaz de transportar O2 para os tecidos, impedindo assim as células da capacidade de gerar energia através da cadeia respiratória. Quando 40% a 60% da hemoglobina é convertida a metaemoglobulina, o animal começa a apresentar sintomas clínicos da intoxicação por nitrato, como dispnéia, respiração força pela boca, fraqueza muscular, ataxia, cianose e até mesmo abortos. Quando esse número chega a 75% o risco de óbito por anóxia. O sangue passa a ter uma coloração achocolatada, importante sinal clínico para o diagnóstico da intoxicação. Para a prevenção é importante o monitoramento das pastagens e a adição de alimentos que são fontes de carboidratos rapidamente fermentescíveis ao rúmen, o que reduz o acúmulo de NO2 por favorecer a sua redução a NH3. O uso de L-cisteína em dosagens de 0,5 a 0,6 g/kg tem a capacidade de reduzir o risco de intoxicação por nitrato. O tratamento deve incluir a retirada de da fonte de nitrato da dieta e o uso de agentes redutores de Fe, como azul de metileno. Ureia: Quando ingerida, a ureia é rapidamente hidrolisada a NH3 e CO2no rúmen por microrganismos ureolíticos. Além da hidrólise da ureia, a amônia também é produzida pela desaminação de aminoácidos no rúmen e nos tecidos. Com o uso de ureia da dieta, as concentrações de amônia têm um pico cerca de 1 a 2 horas após o consumo do alimento, o que é mais rápido do que quando ruminantes ingerem fontes de proteína verdadeira. Com o aumento da concentração de amônia no rúmen, há também um aumento da absorção na parede ruminal. Aumentos da concentração de amônia no sangue portal e circulação sistêmica afetam o metabolismo intermediário, influenciando a liberação d insulina e a utilização de glicose. Além disso, o aumento nas concentrações de N na forma de ureia ou amônia influenciam o transporte celular, atividade enzimática e o ambiente uterino. A intoxicação por amônia se dá, em parte, pela alcalose metabólica, mas principalmente pela encefalopatia resultante dos efeitos tóxicos no SNC. A amônia difunde-se facilmente pelas membranas e atravessa a barreira hematocefálica. Portanto, quando há o aumento das concentrações de amônia na corrente sanguínea ocorre também um aumento paralelo no líquido cérebro-espinhal. A hiperamonemia e o excesso de NH3 no líquor afeta a disponibilidade de ATP para os neurônios e o acúmulo de de glutamato favorece a síntese de neurotransmissores, como o GABA, que deprime o SNC. Aminoácidos podem funcionar como neurotransmissores estimulatórios. Por outro lado, o GABA deprime o SNC. Por isso, animais intoxicados com ureia apresentam sintomatologia nervosa. Inicialmente, os animais apresentam-se inquietos, até mesmo agressivos, com bruxismo, timpanismo, tremores e convulsões. Posteriormente há depressão do SNC, culminando com um estado comatoso e morte. A prevenção é feita com o uso limitado de suplementos contendo ureia. 6. Deslocamento de abomaso: R: O abomaso localiza-se na porção ventral direita da cavidade abdominal, e se estende do omaso até a proximidade da 10° costela no lado direito onde, de maneira ascendente, liga-se ao duodeno. Quando deslocado, o corpo do abomaso se move ou para o lado esquerdo ou para o direito. No segundo caso, ele pode estar associado com torção na sua porção proximal, na junção retículo-omasal, ou distal, na junção entre o piloro e o início do duodeno. Cerca de 90% dos casos são para o lado esquerdo, onde o órgão fica posicionado na porção látero-dorsal entre o rúmen e as últimas 5 costelas. Vacas estão mais susceptíveis durante o período de lactação. Vacas acometidas apresentam atonia do trato digestório e redução na atividade contrátil da musculatura, ocasionando o acúmulo de líquido e gases no abomaso. O abomaso contrai cerca e 4 a 6 vezes por minuto durante períodos de atividade muscular, e essas contrações variam de acordo com a dieta consumida pelo animal. A ingestlao de dietas com menor concentração de fibra fisicamente efetiva não só compromete a contratilidade do abomaso. O aumento da osmolaridade do líquido abomasal inibe a contratilidade muscular e o esvaziamento do abomaso. Dietas que contêm quantidades excessivas de carboidratos rapidamente fermentescíveis, a estrutura física da partícula do alimento e a rápida produção de AGV no rúmen e no abomaso inibem a contratilidade da musculatura do abomaso, reduzindo a sua taxa de esvaziamento. O aumento de consumo de alimentos concentrados aumenta a produção de gases que, associado à queda na motilidade ruminal, diminui a eructação, facilitando o acúmulo de gases no rúmen e abomaso. A maior incidência de deslocamentos está em rebanhos com dietas de carboidratos não fibrosos e com quantidade limitada de fibra fisicamente efetivas. Doenças como metrite puerperal aguda, hipocalcemia, mastitem cetose e esteatose são fatores de risco. O tratamento ocorre por forma cirúrgica, onde o abomaso é colocado em seu local anatômico. 7. Timpanismo ruminal: R: O timpanismo ruminal, também conhecido como meteorismo ruminal, é uma doença comum em ruminantes e caracteriza-se pela distensão anormal do rúmen e retículo, causada pelo acúmulo excessivo de gases provenientes da fermentação ruminal. É classificado em dois tipos: primário e secundário. O primário ocorre quando há algum corpo estranho alojado, seja na região cárdica ou esôfago que impede a saída dos gases através da eructação. Já o secundário (espumoso) está relacionado à produção de mucopolissacarídeos originários da forragem ou de origem bacteriana. Há a formação de uma espuma estável no rúmen, e impede a eliminação dos gases produzidos durante a fermentação ruminal, resultando na formação de bolhas. Esse tipo está relacionado a ingestão de leguminosas, como alfafa e trevos.
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