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Erica Marques METABOLISMO INTERMEDIÁRIO EM RUMINANTES E DISTÚRBIOS METABÓLICOS O propionato que chega no fígado vai para a via gliconeogênica e vira glicose. Propionato → succinil-CoA → oxalacetato → glicose. No caso dos equinos, ele fica mais dependente do propionato quando sua dieta é rica em volumoso. Relembrando: quando o ruminante ingere a proteína ela pode ser degradável ou não degradável. A proteína não degradável vai passar direto, sem intervenção microbiana e vai chegar no abomaso. Já a proteína degradável, vai virar peptídeos dentro do rúmen, as bactérias podem deaminar virando amônia, a amônia vai para o sistema porta. As bactérias porém usar esses peptídeos para o próprio crescimento, depois deixa o rúmen e vai para o abomaso. A amônia produzida vai para o sistema porta e lá vai para o fígado sendo transformada em ureia. Se a proteína dietética estiver em excesso essa ureia vai embora pelo sistema urinário, se essa dieta está deficiente de proteína a ureia retorna para o rúmen por intermédio da saliva. Esse retorno da ureia tem a finalidade de manter as bactérias ruminais vivas. A gordura do leite é um nutriente muito sensível a alimentação do animal. A lactose não responde ao que se faz na dieta pois ela é um componente osmótico do leite, logo quanto mais água no leite mais lactose (logo só o volume de leite pode alterar). O metabolismo do ruminante polpa glicose por conta do baixo carboidrato na dieta deles. O acetato é usado para produzir gordura. Nos herbívoros, a enzima que converte citrato em malato é bloqueada. A vaca consegue pegar o acetato circulante no sangue e levar para a glândula mamária e transformar em ácidos graxos de cadeia curta e média. A acidose causa queda da produção de leite. Na glândula mamária ocorre dessaturação (colocar dupla ligação). O leite com baixo teor de gordura é ruim para o produtor rural. A intensificação dos sistemas de produção, as mudanças nos hábitos alimentares dos animais, o excesso de concentrado e o consumo de uréia porém acarretar problemas. Acidose ruminal A glicose é a primeira a ser degradada, depois as fibras solúveis e por último as fibras insolúveis que podem demorar horas. A produção de propionato pode acontecer por duas vias, a do acrilato e a do succinato. A via do succinato ocorre produção regular de propionato, sem que haja a passagem pelo intermediário mais perigoso que é o lactato. Quando o animal muda para a via do acrilato, devido ao excesso de carboidrato solúvel e a adaptação bacteriana ao ph mais baixo, nesta via tem o intermediário perigoso que é o lactato. O lactato é 10x mais acidificante do que os demais ácidos de dentro do rúmen. O fornecimento de até 40% de concentrado na dieta é tido como seguro. Porém, quando se passa desse limiar, pode ocasionar uma acidose. Isso acontece por conta do aumento do tempo de produção de AGV, que aumenta o tempo de permanência do PH ácido no rúmen, assim sendo um ambiente danoso para as bactérias. As bactérias começam a morrer e o ácido láctico começa a ser produzido. Porém o grande problema começa quando o nível de concentrado está tão alto que o nível de lactato começa a ter um pico importante, e o ph começa a cair linearmente. Em uma dieta com concentrado, é importante avaliar o tamanho da partícula. Quando o ácido láctico começa a ser absorvido é preocupante pois vai causar uma acidose sistêmica. Os ácidos produzidos no rúmen se acumulam no saco ventral do rúmen. A acidose subclínica produz um estresse oxidativo, começa a produzir mediadores inflamatórios, isso repercute no casco causando limite. Na hora do abate pode se observar o fígado com abscessos. Às fezes podem ser classificadas no score de 1 até 5, sendo classificada como normal 3. Atentar-se para as medidas de controle!!! ➔ Adaptação gradativas às dietas ricas em concentrado; ➔ Respeitar a proporção concentrado:volumoso (quanto maior o teor de concentrado maior tem que ser o tamanho da partícula); ➔ Evitar partículas muito pequenas; ➔ Uso de aditivos ex: bicarbonato, monensina sódica, etc). O risco da acidose é quando o ph fica abaixo de 6 por muito tempo. Consequências Acidose subaguda: Laminite ➔ É comum as vacas leiteiras apresentarem sintomas típicos da Laminite; ➔ É um processo inflamatório agudo que atinge as estruturas sensíveis da parede do casco e resulta em claudicação (manqueira) e deformidade permanente do casco (aumento dos mediadores inflamatórios); ➔ Aparecimento de hemorragias e úlceras na linha branca e nas regiões do talão e da pinça; ➔ Mediadores inflamatórios como a Histamina; Acidose subaguda: Depressão na gordura do leite (DGL) ➔ Leite: Redução no teor da gordura do leite = CHO fermentáveis = queda pH = biohidrogenação incompleta dos AGPI = elevação nos AG trans-10. Com a redução do ph ocorre mudança na biohidrogenação. O ácido linoléico cis 9 e cis 12 que deveria passar pela biohidrogenação completa até o cis 8, muda a sua vida de transformação. Agora ele vai virar trans 10 cis 12, que é um isômero que predomina no ph mais ácido. Na glândula mamária ele começa a bloquear as enzimas da lipogênese da glândula mamária. Logo a gordura do leite cai. Ocorre também a redução da saída de acetato, pois reduziu os precursores por conta da morte das bactérias. Acidose crônica: ➔ Acúmulo de butirato = alteração na diferenciação do epitélio ruminal =deposição de queratina nas papilas (paraqueratose do epitélio papilar) = reduz a capacidade de absorção; ➔ Barreira protetora do epitélio também é prejudicada = Facilita a entrada de microrganismos patogênicos na veia porta = Ocorrência de abscessos no fígado. Prevenção ➔ Confinamentos: Adaptação gradual à dietas com alto grãos; ➔ Diferentes proporções de volumoso e concentrado são distribuídas em um período de 3 a 4 semanas antes do início da dieta definitiva; ➔ Evitar restrição alimentar por muitas horas; ➔ Normalmente são utilizadas 2 a 4 dietas de adaptação, sendo que cada uma delas é fornecida por 5 a 10 dias; ➔ A transição de dietas deve ser feitas de forma gradual, e pode durar de 1 a 3 dias. Quando se usa mais volumoso ocorre uma maior produção de saliva, quando se usa mais concentrado a produção de saliva diminui. Uso de partículas longas na dieta: ➔ Consumo de FDN = mastigação e motilidade ruminal; ➔ Fibra fisicamente efetiva: parte da fibra que estimula a mastigação e contribui com a manutenção da camada de partículas longas que flutua sobre o conteúdo ruminal; ➔ Quanto maior o tamanho da fibra maior o tempo de mastigação. Controle nutricional: remoção da causa do problema = remoção do amido= restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico do animal. Timpanismo ruminal Também conhecido como meteorismo ruminal. Caracteriza-se pela distensão anormal do rúmen e retículo, causada pelo acúmulo de gases provenientes da fermentação ruminal. Possui duas formas, o primário ou espumoso e o secundário ou gasoso. Espumoso ou primário ➔ Presença de bolhas na região da cárdia inibe seu relaxamento e impede a eructação durante a contração ruminal;➔ Ocorre rapidamente distensão do rúmen, às vezes com 15 minutos depois de o animal ser colocado na pastagem; ➔ Morte súbita. A palma forrageira tem 90% de água na sua composição e possui um alto teor de fibras solúveis. Isso pode levar o animal a ter timpanismo pois a fibra solúvel junto com a água gera um gel, sendo assim ocorre o aumento da tensão superficial do líquido ruminal (forma-se uma espuma) e os gases não conseguem sair (pode acontecer com leguminosas também). Ocorrência: consumo de pastagens compostas por mais de 50% de leguminosas (ex: alfafa e os trevos) ou com palma Forrageira. Formas frescas das plantas. Células se rompem mais facilmente = produção de gás = formação de líquido com maior viscosidade = formação de bolhas e espumas. Para evitar o timpanismo espumoso o melhor é aumentar o teor de matéria seca na dieta (o excesso de água precisa ser evitado). Ruptura de folhas mais suscetível =acesso mais rápido das bactérias ruminais ao conteúdo celular = maior produção de gases. Planta jovens (alta relação folha/haste) x plantas adultas (alta fibra = salivação). As plantas jovens causam mais preocupação pois possuem mais teor de água (tirando as gramíneas pois tem sua parte predominante composta de fibras insolúveis). Secundário ou gasoso É secundário a acidose. Toda vez que temos um ruminante com o rúmen sem motilidade, o animal muito parado, quer dizer que algo está errado. Ocorrência: pode ocorrer por falhas no mecanismo de eructação - obstrução física da eructação, causada por um corpo estranho no esôfago, ou compressão por estruturas localizadas fora do esôfago. Bezerros após ingestão excessiva de leite: Fechamento da goteira esofágica = enchimento rápido do abomaso com leite = dilatação do abomaso = gases. Consumo de plantas tóxicas: Samambaias (Solos ácidos alta proliferação). Baixos consumos por longos períodos de tempo = formação de tumores no TGI= podem causar obstrução do esôfago e timpanismo ruminal crônico. Morte vem posteriormente pela dificuldade de ingerir alimentos. Como saber se o problema é alimentar ou de algo que ocorreu como o animal (como obstrução por conta de uma fruta): observar se é um animal somente ou se é o rebanho. Se é o manejo nutricional vai aparecer em muitos animais. Timpanismo x alimentação: ➔ Histórico de alimentação com dietas ricas em leguminosas frescas ou palma; ➔ Distensão ruminal excessiva; ➔ Forragem fresca x concentrado. Prevenção: ➔ Adaptação gradual à dietas com alto grão; utilização de aditivos e tamponantes (a mesma prevenção da acidose); ➔ Leguminosas com estágio mais avançado ou adição de outros volumosos de alta FDN insolúvel; ➔ Preferir feno e silagem em relação a planta fresca (em ambiente semiárido isso não faz sentido). Intoxicação por uréia Uréia = fonte de nitrogênio não protéico (NNP) de baixo custo. A intoxicação pode ocorrer por erro no manejo, erro no cálculo ou ingestão acidental. Os animais intoxicados por ureia ficam muito agitados e com as pupilas dilatadas. Esses sintomas ocorrem por conta da diminuição da produção do GABA, que a síntese diminui por conta do organismos dar prioridade a formação do glutamato e da glutamina pois está chegando muita ureia no organismo. OBS: os cochos de ureia precisam estar bem cobertos. Sintomas: inquietude, bruxismo, timpanismo, tremores e convulsões. Depressão do SNC = morte. Prevenção: uso de suplementos contendo ureia + reguladores de consumo (sal), proteção contra a chuva e armazenamento cuidadoso. Indicações: até 30% da PB da dieta ou 50 g/100 kg de PB. Cetose A cetose ruminal é predominante em animais leiteiros ou em fêmeas gestantes em período de transição (período final da gestação e início de aproxima lactação). Período de insuficiente consumo calórico = Extrema demanda de energia com mobilização de gordura corpórea e queda na capacidade de ingestão de MS = Balanço energético negativo. Muito comum em vacas de alta produção. As multíparas são mais afetadas em relação às primíparas. Porque a cetose ocorre? Devido a deficiência na ingestão de carboidratos, associada a um aumento na demanda por energia, que resulta em mobilização intensa do tecido adiposo e oxidação dos ácidos graxos, resultando em acúmulo de corpos cetônicos (CC). Fontes de energia: SNC, tecido muscular, útero gravídico e gl. Mamária. OBS: quanto mais leite a vaca produz, maior a probabilidade de ter um acetose, mesmo com uma dieta equilibrada. GH alto - resistência à insulina. Perfil bioquímico: identificação do aumento de corpos cetônicos no sangue ou urina. OBS: evitar que a vaca engorda na gestação. OBS: quando a cabra tem mais de um bb o parto precisa ter mais cuidados pois pode gerar cetose. Cólica em equinos É um termo geral usado para descrever qualquer condição que envolva dor na região abdominal do cavalo. Resulta de UMA VARIEDADE problemas que afetam a área gastrintestinal e órgãos abdominais (ex: fígado, baço, ou rins). Pode ser um problema multifatorial, e a nutrição está entre estes fatores. Cólica por impacto: Obstrução por uma massa espessa presente no TGI. OBS: + frequente no Intestino Grosso. Causas: ➔ Impactação alimentar: a ingestão de alimentos grosseiros, mastigação inadequada (devido a dentição pobre); ➔ Corpo estranho: Areia e enterólitos (pedras); - Presença de areia no TGI. Pastejo em solos arenosos e ingestão de água em rios; - Enterolitíase: Obstrução no intestino por enterólitos (pedras, fragmentos de madeira, metais); ➔ Por gases: Ocorre geralmente no IG. O gás distende o intestino, causando a dor. Causa: Excesso de fermentação. Sobrecarga de grãos ou por gases produzidos por alimentos fermentáveis. Origem: manejo da dieta ➔ Exacerbada contração peristáltica no TGI, devido ao acúmulo suave de gás. ➔ Deslocamento ou torção gástrica: uma parcela do intestino move para uma posição anormal no abdômen, podendo “torcer” (vólvulo). Bloqueio total do intestino e requerem a cirurgia imediata. ➔ Causada por parasitas: Obstrução devido à um grande número de parasitas ex: Parascaris equorum (bloqueio e ruptura do ID). Mais comuns em jovens. Prevenção: ➔ Cuidados dentais; ➔ Controle parasitário adequado; ➔ Fornecimento de alimentos que possam ser digeridos adequadamente; ➔ Exercício e consumo de água adequado (motilidade TGI); ➔ Feno (seco) de alta digestibilidade; ➔ Manejo de volumoso e concentrado adequado.
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