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Recurso de Apelação em Caso de Estupro

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EXCELENTISSÍMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE NATAL – RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO N°: ... 
LEANDRO, já qualificado nos autos da ação penal n°: ..., 
que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, por seu advogado que 
está lhe subscreve, inconformado com a respeitável 
sentença que o condenou pelo crime de estupro na 
modalidade continuada, vem, na honrosa presença de 
Vossa Excelência interpor RECURSO DE APELAÇÃO com 
fulcro no art. 593, I do Código de Processo Penal. 
Requer seja o recebido e provido o presente recurso e 
remetido com as inclusas razões ao Egrégio Tribunal do 
Estado. 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
Natal – RN, 13 de julho de 2015. 
Advogado – OAB 
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO 
Apelante: LEANDRO 
Apelado: JUSTIÇA PÚBLICA 
Processo crime n°: ... 
Egrégio Tribunal do Estado, 
Colenda Câmara, 
Douta Procuradoria do Estado. 
Em que pese o indiscutível saber jurídico do 
meritíssimo juízo a quo, impõe-se a reforma da 
respeitável sentença que condenou o apelante pelo crime 
de estupro na modalidade continuada, pelas razões de 
fatos e de direitos a seguir expostas: 
DOS FATOS 
 
Durante o carnaval do ano de 2015, no mês de fevereiro, 
a família de Joyce resolveu viajar para comemorar o 
feriado, enquanto Joyce, de 19 anos, decidiu ficar em sua 
residência, na cidade de Natal, sozinha, para colocar os 
estudos da faculdade em dia. Tendo conhecimento dessa 
situação, Leandro, vizinho de Joyce, nascido em 25 de 
março de 1994, foi até o local, entrou sorrateiramente no 
quarto de Joyce e, mediante grave ameaça, obrigou-a a 
praticar com ele conjunção carnal e outros atos 
libidinosos diversos, deixando o local após os fatos e 
exigindo que a vítima não contasse sobre o ocorrido para 
qualquer pessoa. 
Apesar de temerosa e envergonhada, Joyce contou o 
ocorrido para sua mãe. A seguir, as duas compareceram à 
Delegacia e a vítima ofertou representação. Leandro, 
então, foi denunciado pela prática como incurso nas 
sanções penais do Art. 213 do Código Penal, por duas 
vezes, na forma do Art. 71 do Estatuto Repressivo. 
Durante a instrução, foi ouvida a vítima, testemunhas de 
acusação e o réu confesso dos fatos. Foi, ainda, juntado 
laudo de exame de conjunção carnal confirmando a 
prática de ato sexual violento recente com Joyce e a Folha 
de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, que 
indicava a existência de duas condenações, embora 
nenhuma delas com trânsito em julgado. 
Em alegações finais, o Ministério Público requereu a 
condenação de Leandro nos termos da denúncia, 
enquanto a defesa buscou apenas a aplicação da pena no 
mínimo legal. No dia 25 de junho de 2015 foi proferida 
sentença pelo juízo competente, qual seja a 2ª Vara 
Criminal da Comarca de Natal, condenando Leandro à 
pena privativa de liberdade de 12 anos e 04 meses de 
reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Na 
sentença consta que a pena base de cada um dos crimes 
deve ser aumentada em seis meses pelo fato de Leandro 
possuir maus antecedentes, já que ostenta em sua FAC 
duas condenações pela prática de crimes, e mais 06 
meses pelo fato de o acusado ter desrespeitado a 
liberdade sexual da mulher, um dos valores mais 
significativos da sociedade, restando a sanção penal da 
primeira fase em 08 anos de reclusão, para cada um dos 
delitos. 
Na segunda fase, não foram reconhecidas atenuantes ou 
agravantes. Afirmou o magistrado que atualmente é o réu 
maior de 21 anos, logo não estaria presente a atenuante 
do Art. 65, inciso I, do CP. Ao analisar o concurso de 
crimes, o magistrado considerou a pena de um dos 
delitos, já que eram iguais, e aumentou de 1/2 (metade), 
na forma do Art. 71 do CP, justificando o acréscimo no 
fato de ambos os crimes praticados serem extremamente 
graves. Por fim, o regime inicial para o cumprimento da 
pena foi o fechado, justificando que, independente da 
pena aplicada, este seria o regime obrigatório, nos 
termos do Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. Apesar da 
condenação, como Leandro respondeu ao processo em 
liberdade, o juiz concedeu a ele o direito de aguardar o 
trânsito em julgado da mesma forma. 
 
DOS DIREITOS 
 
O apelante foi condenado pelo crime de estupro previsto 
no art. 213 do CP na modalidade continuada de acordo 
com o art. 71 do CP, tendo a pena final sendo fixada em 
12 anos e 4 meses de reclusão. 
Com a modificação trazida pela lei 12.015/2009 o delito 
de estupro do art. 213 e o delito de atentado violento ao 
pudor art. 214 (revogado) foram unidos transformando-
os em um tipo misto alternativo e se tornando um crime 
único, devendo portanto, ser afastada a continuidade do 
delito que foi imposta e reconhecendo a unicidade da 
conduta. 
A pena foi aumentada em seis meses em cada crime por 
ter o réu maus antecedentes, ocorre que houve 
condenações de outros processos pela qual o réu 
responde, mas nenhuma dela transitou em julgado, 
devendo desse modo, ser afastado o aumento de pena 
pelos maus antecedentes nos termos da súmula 444 do 
STJ, que veda ações em andamento para aumentar a 
pena por ferir o princípio da presunção da inocência. 
A pena também foi aumentada em seis meses 
justificando o magistrado que o acusado desrespeitou a 
liberdade sexual da mulher, o que não é uma motivação 
para justificar um aumento de pena, devendo ser 
portanto afastada tal aplicação. 
Na segunda fase da dosimetria não foi levada em 
consideração nenhuma agravante e nem atenuante. O 
acusado ao tempo dos fatos era menor de 21 anos e 
sobre ele incide a atenuante da menoridade prevista no 
art. 65, I do CP. 
Além do mais, durante a instrução criminal na fase de 
interrogatório o réu confessou todos os atos por ele 
praticado incidindo desta forma a atenuante da confissão 
nos termos do art. 65, II, "e" do CP. 
Levando em conta todo o alegado e afastando o concurso 
de crimes aplicado, deve ser fixada a pena no mínimo 
legal observando somente o critério quantitativo e não a 
gravidade do delito. 
Ocorrendo a devida diminuição a devida diminuição de 
pena, que seja reconhecido o direito do réu de iniciar o 
cumprimento de pena no regime semiaberto, por mais 
que o crime esteja no rol dos crimes hediondos do art. 1 
da lei 8.072/90 e em seu art. 2º preveja o regime inicial 
fechado, os tribunais superiores declarou a 
inconstitucionalidade de tal dispositivo devendo se 
aplicar o art. 33, §2º do CP. 
DOS PEDIDOS 
 
Diante de todo o exposto requer que seja o presente 
recurso recebido e provido reconhecendo a existência de 
crime único pelo advento da lei 12.015/2009, afastando a 
presença do referido aumento de pena pelos maus 
antecedentes por não estar configurado e reconhecer a 
presença das atenuantes da confissão e da menoridade. 
Que seja a pena fixada no mnimo legal pois não houve 
motivo adequado para a que esta fosse elevada, 
diminuindo portanto, a pena aplicada e fixando o regime 
inicial de cumprimento de pena o semi aberto levando 
em conta a inconstitucionalidade da medida aplicada 
como medida de justiça. 
 
Nesses termos, 
Pede deferimento. 
Natal/RN, 13 de Julho de 2015 
 
Advogado - OAB

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