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Livro- Texto - Unidade I UNIP

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Prévia do material em texto

Autor: Profa. Ana Lúcia Machado da Silva
Colaboradores: Profa. Cielo Festino 
Profa. Joana Ormundo 
Letras Integrada
Professora conteudista: Ana Lúcia Machado da Silva
Ana Lúcia Machado da Silva é mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
Foi professora do Ensino Básico em rede pública e privada da disciplina Língua Portuguesa durante quase 20 anos. 
Ministra aulas de Análise do Discurso, Semântica e Pragmática, Literatura em Língua Portuguesa, entre outras, no curso 
de graduação em Letras pela Universidade Paulista. Ministra também aulas em módulos para cursos de lato sensu pela 
UNIP e Faculdade Atibaia.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586l Silva, Ana Lúcia Machado da 
Letras integrada / Ana Lúcia Machado da Silva - São Paulo: 
Editora Sol, 2014.
192 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2-017/14, ISSN 1517-9230.
1. Letras integrada. 2. Língua. 3. Gramática I.Título.
CDU 801
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Sueli Brianezi Carvalho
 Lucas Ricardi
Sumário
Letras Integrada
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 FORMAçãO HISTÓRICA: LÍNGUA E GRAMÁTICA ................................................................................ 15
1.1 Língua materna e LE: origem e expansão .................................................................................. 17
1.2 Gramática tradicional e gramatização ........................................................................................ 27
2 LÍNGUA: TEORIA E PRÁTICA ........................................................................................................................ 46
2.1 Linguística geral .................................................................................................................................... 50
2.2 Linguística Aplicada ............................................................................................................................ 59
2.2.1 Língua portuguesa: fenômeno gírio ............................................................................................... 60
2.2.2 Língua espanhola: a ordem da palavra .......................................................................................... 63
2.2.3 Língua inglesa: complexidade em perguntas .............................................................................. 70
3 LÍNGUA E LITERATURA .................................................................................................................................. 75
3.1 Língua e leitura na história do Brasil ........................................................................................... 75
3.2 Relação entre língua e literatura: um exemplo de estudo lexical .................................... 81
4 LEITURA LITERÁRIA ......................................................................................................................................... 88
4.1 Críticas literárias ................................................................................................................................... 88
4.2 PCN e ensino de literatura ..............................................................................................................100
Unidade II
5 MOVIMENTOS INTERTEXTUAIS NA LITERATURA ............................................................................... 107
5.1 Da maçã à crucificação: intertexto bíblico na literatura ...................................................109
5.2 A odisseia nas odisseias: o caminho de Ulisses ...................................................................... 116
5.3 Visão cósmica: a máquina do mundo ........................................................................................127
5.4 De como o herói pícaro deixou marca na literatura ............................................................134
6 MÚLTIPLAS LINGUAGENS E LINGUAGEM MULTIMODAL ..............................................................139
6.1 Gêneros visuais: charge, HQ & CIA .............................................................................................140
6.4 Gêneros virtuais ..................................................................................................................................144
7 SEMIOSFERA ....................................................................................................................................................149
7.1 Espaço vazio: comercial e filme ....................................................................................................150
7.2 Linguagens interconectadas: vídeo-texto ................................................................................157
8 PRÁTICAS DISCURSIVAS .............................................................................................................................160
8.1 Terra: um signo plural.......................................................................................................................161
8.2 Humor como marca social..............................................................................................................165
7
APreSentAção
Caro aluno e colega,
a partir deste momento, considero você, um aluno do curso de Letras, aprendiz das duas grandes áreas 
– língua e literatura –, e também um promissor pesquisador com necessidade de maior conscientização 
sobre as diversas correntes teóricas, além de um futuro professor, colega de profissão, cujo propósito 
será o de discutir o ensino vigente e contribuir para novos olhares pedagógicos.
O profissional na área de Letras acaba por especializar-se em uma área, seja ela literatura ou língua, e, 
dentro da área escolhida, restringir-se a uma corrente teórica. Trata-se de uma necessidade acadêmica/
científica, mensurada na história da ciência. No próprio curso de graduação, por motivos didáticos, 
ocorre a distinção entre os conhecimentos linguísticos e literários, e, dentro deles, outras separações por 
disciplinas.
No entanto, como bem diz Morin (2002), o estudioso que limita o conhecimento do todo ao 
conhecimento de suas partes considera a inteligência compartimentada e reducionista. O estudioso 
– todos nós – precisa compreender a complexidade e a multidimensionalidade do mundo. Nesse 
sentido, deve enfrentar a complexidade do conhecimento, isto é, entender que elementos diferentes 
são constitutivos dotodo, estabelecendo união entre a unidade e multiplicidade.
Com a finalidade de colaborar para que você consiga unir seus conhecimentos fragmentados e 
disjuntivos, Letras Integrada tem como objetivos gerais levá-lo a:
• estabelecer correlações entre produções literárias de diferentes épocas e regiões, considerando 
o contexto histórico e cultural, assim como as outras artes, em geral, bem como a estabelecer 
relações entre textos literários, teoria literária e artes em geral;
• rever conceitos básicos, gerais e específicos da Linguística Geral e Aplicada;
• demonstrar a relevância do conhecimento linguístico para a formação do profissional de ensino 
de língua materna e de segundas línguas;
• observar contextos diversos da língua, a partir de uma visão panorâmica da Linguística, como 
recurso essencial para o conhecimento e a significância de mundo.
Quanto aos objetivos específicos, voltam-se para o desenvolvimento integral do aluno a fim de:
• fornecer condições de análise da poesia em literatura de línguas portuguesa, espanhola e inglesa, 
desde a Idade Média à Contemporaneidade;
• fornecer condições de análise da literatura em comparação às demais manifestações artísticas;
• desenvolver uma postura crítico-reflexiva em relação ao uso da língua e ao seu papel social;
• desenvolver o raciocínio abstrato por meio das práticas discursivas;
8
• compreender o papel da Linguística como um instrumento de prática docente;
• estabelecer relação entre teoria e prática, tanto nos contextos de ensino de língua materna quanto 
de segundas línguas.
De forma geral, existe a preocupação voltada ao desenvolvimento da leitura, análise e interpretação 
de múltiplas linguagens por meio de textos diversos, promovendo a integração teoria-prática do 
conhecimento linguístico-textual e das relações intercursos.
Em vista de tais objetivos e propósitos, este livro-texto apresenta e discute o nosso papel frente 
ao conhecimento das línguas, das literaturas e das múltiplas linguagens tanto por meio da vertente 
histórica quanto discursiva.
Este livro-texto contém, então, em suas duas unidades:
Unidade I:
• a história das línguas inglesa, portuguesa e espanhola, bem como a história das gramáticas 
tradicionais;
• o conhecimento da teoria e da prática quanto à língua;
• a relação da língua com a literatura; e
• a discussão sobre a literatura sob o enfoque da leitura, da crítica e do PCN (Parâmetros Curriculares 
Nacionais).
Unidade II:
• a literatura das línguas inglesa, portuguesa e espanhola em situações intertextuais;
• a relação da literatura com outras linguagens;
• discussão sobre linguagem, multimodalidade e gêneros textuais com múltipla linguagem;
• exemplos de situação discursiva.
Trata-se, enfim, de uma oportunidade para romper também o antagonismo existente entre o 
mundo acadêmico, em que os cientistas apontam para os problemas docentes, e os próprios docentes, 
insatisfeitos com as denominações que lhe são atribuídas pelos cientistas. Você está em processo de 
formação e poderá concluí-lo tanto com suporte teórico para ajudá-lo na prática em sala de aula 
quanto como professor, atuante em sala, para questionar a teoria.
Introdução
O propósito maior da disciplina Letras Integrada é a integração de conhecimentos dos cursos – 
português, espanhol e inglês – com suas respectivas línguas e literaturas. Pensei, então, buscar uma 
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imagem capaz de sintetizar e representar o espírito desta disciplina. Considerei algumas imagens, mas 
fiquei insatisfeita com todas elas, pois cada uma traz apenas um aspecto, o qual não totalizaria a 
disciplina. Afinal, trata-se de uma disciplina com pretensão de chegar à totalidade do conhecimento em 
nossa área.
Decidi compartilhar o processo de escolha com você, caro aluno, e deixá-lo decidir qual imagem 
selecionada é a mais adequada ou até mesmo indicar outra.
Baseei-me na concepção de conhecimento como pesquisa sobre um determinado objeto, situação 
ou evento para construir significado sobre ele e possibilitar ao ser humano fazer uso social do que foi 
apreendido. Assim, no primeiro momento, pensei em um quebra-cabeça para simbolizar a integração de 
conhecimentos adquiridos e apreendidos por nós durante o nosso curso.
Figura 1 
O quebra-cabeça é constituído por várias peças e o objetivo é justamente unir essas peças, formando 
a imagem proposta. Esse jogo alude, por conseguinte, à articulação dos diferentes aspectos do 
conhecimento, que, em nosso caso, precisam ser organizados. Além disso, assim como o quebra-cabeça, 
o conhecimento exige lógica de quem o organiza.
Outra similitude entre o conhecimento e o quebra-cabeça é a exigência que você seja protagonista, 
ou seja, participante ativo e cheio de iniciativa tanto nas tomadas de decisão sobre como montar 
a imagem oferecida em pedaços pelo quebra-cabeça quanto na postura investigativa e curiosa de 
pesquisador. Afinal, a pessoa faz parte de seu próprio conhecimento. Logo, ao mesmo tempo em que 
conhece, a pessoa modifica-se e se transforma pelo uso que faz do conhecimento.
No entanto, o quebra-cabeça como símbolo leva-nos a considerar a previsibilidade do conhecimento, 
pois a imagem dada a conhecer depois de montadas as peças não é modificada, transfigurada pelo 
jogador. O conhecimento, porém, não é completamente previsível, ou seja, não é possível prever como 
o conhecimento vai se articular a outros conhecimentos, uma vez que ele não é acabado e definitivo.
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Depois dessas considerações, cogitei outra imagem: o xadrez.
Figura 2 – Xadrez
O jogador de xadrez precisa ser organizado mentalmente e lidar com o outro jogador, também 
organizado e disposto a vencer. O conhecimento, por sua vez, igualmente exige organização de 
pensamento e a sabedoria para lidar com o outro. O nosso conhecimento e a forma como lidamos com 
ele estão diretamente relacionados ao conhecimento do outro e à forma como esse outro o organiza. O 
conhecimento, enfim, é atividade dialógica; não existe sem interação com o outro.
Contudo, fica difícil tomar o xadrez como símbolo da nossa disciplina, porque o objetivo maior desse 
jogo é um vencedor e um eliminado. O conhecimento, porém, não tem por objetivo eliminar outro 
conhecimento já produzido.
Por fim, pensei em ikebana.
Figura 3 – Ikebana
11
Segundo Bolognini, Pfeiffer e Lagazzi (2009), ikebana, palavra japonesa, significa arranjo floral e 
representa uma peculiaridade da arte oriental: a apreciação da forma e da cor. Ikebana é uma arte 
de aproximadamente 13 séculos e, hoje, está muito ligada às tradições e costumes, sendo usada em 
feriados e celebrações.
Para a produção da ikebana, o artista precisa selecionar os ramos e as flores, dispondo-os 
para formar um triângulo imaginário, simbolizando a integração do céu, da terra e do homem. 
Flores desabrochadas ou folhas secas simbolizam o passado; flores semidesabrochadas ou folhas 
perfeitas significam o presente; botões sugerem o crescimento futuro. De fato, o processo de 
criação da ikebana baseia-se na história da cultura japonesa, a qual é fundamental na composição 
do arranjo.
Contudo, a ikebana torna-se um símbolo perigoso, porque esse mesmo objeto em outro lugar, em 
outro momento, fica descontextualizado e perde sua memória histórica. O conhecimento exige sentidos 
novos, mas parte de sentidos já institucionalizados. Na verdade, é sempre dependente do conhecimento 
já estável socialmente e daquele que cada um de nós possui.
Será que uma dessas três imagens simboliza a integração de conhecimentos? Enfim, os conhecimentos 
aprendidos e apreendidos em nossos cursos precisam ser integrados de forma mais sistemática e 
consciente. Um exemplo é dado a seguir. Temos dois textos de autores e épocas diferentes e lanço-lhe, 
caro aluno, o desafio de unir seus conhecimentos:
Se...
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundoem redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses, no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste, em toda a tua vida,
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E perder e, ao perder sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
A dar seja o que for, que neles ainda existe,
E a persistir assim quando exaustos, contudo
Resta a vontade em ti, que ainda ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes;
E, entre reis, não perderes a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal, todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!
(KIPLING, Rudyard. Tesouro da juventude. v. II. Tradução de Guilherme de Almeida. Rio de Janeiro: W. M. Jackson, s/d, p. 101.)
Relembrando Kipling
Se...
Se tu consegues conservar a calma
ao ler diariamente o teu jornal
e mesmo que te aperte e doa a alma
tu vais para o trabalho habitual;
se ao ver que aumenta sempre a ladroeira
consegues mesmo assim ter paciência
até quando é bem grande a roubalheira
como nas fraudes, lá da Previdência;
Se, estoico, enfrentas filas nas calçadas
só para ser tratado no instituto
e chegas cedo, bem de madrugada,
sofrendo de malária ou de escorbuto;
se adquiriste tua habitação
com auxílio do governo, em crediário,
e pagas, sem queixume, a prestação,
que reajusta mais que o teu salário;
Se tudo aumenta um pouco em toda parte
e sobe o preço do supermercado,
mas tu resistes bravamente ao enfarte
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enquanto teu salário é congelado;
se após a tua luta rotineira
em busca dos cruzeiros tão sofridos
tu voltas para casa, é quinta-feira,
e assistes ao horário dos partidos;
Se votas para um novo presidente
com fé e uma esperança renovada
e no primeiro dia, ainda contente,
tens logo tua poupança confiscada,
mas segues assim mesmo, confiante,
sem reclamar, sem queixas, sem muxoxo,
apenas porque o novo governante
aos gritos diz que tem aquilo roxo:
Se aguentas tudo isso e lá no fundo,
mesmo explorado, exausto e sem dinheiro,
pensas que este é o melhor país do mundo,
não és louco não, meu filho: és brasileiro!
(SOARES, Jô. Veja, 5 jun. 1991.)
Que conhecimentos temos – com base em nosso curso – para compreender melhor os textos? Por 
exemplo:
• Quem é Kipling, sua nacionalidade e em que língua ele escreveu?
• Que obra (ou obras) desse autor é marcante na história da literatura?
• O discurso presente no poema é moralista, relacionado a duas razões: ao momento 
histórico e aos ensinamentos bíblicos cristãos. Até que ponto a Bíblia interfere, influencia 
a literatura?
• Sobre Jô Soares, quem é ele, sua nacionalidade e em que língua ele escreve?
• Além de textos publicados em revista, ele é autor de romances. Indique sua primeira obra romanesca.
• Ocorre um diálogo entre o texto de Jô Soares com o de Kipling, marcando a intertextualidade. 
Que outro autor literário brasileiro recorreu ao poema Se..., de Kipling, para criar seu texto 
poético?
• Que situação histórica e política levou Jô Soares a produzir seu texto publicado na revista Veja?
Enfim, caro aluno, que conhecimento, adquirido durante o nosso curso, foi acionado para não apenas 
entender os textos acima, mas também a relação entre eles?
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Quadro 1
Língua Literatura Texto Outros...
Bom proveito com este livro-texto e que ele lhe suscite possibilidade real de unir nossos conhecimentos, 
trazendo-lhe um quadro maior do nosso curso, bem como vontade em aprofundar mais os assuntos 
abordados.
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Unidade I
1 ForMAção HIStÓrICA: LÍnGuA e GrAMÁtICA
Quando se trata da língua e da gramática, ou seja, da linguagem e de sua relação com o poder, 
ninguém melhor que o linguista Gnerre (2003) para nos conscientizar sobre o assunto. De acordo com 
esse estudioso, os atos linguísticos são realizados para as pessoas serem respeitadas, bem como para 
exercer influência no ambiente em que vivem. O poder da palavra, portanto, consiste na mobilização da 
autoridade acumulada pelo falante.
As produções linguísticas mais evidentes e, também, mais extremas, em relação ao poder da palavra 
são, por exemplo, discurso político, sermão na igreja, aula. Tais produções adquirem valor se realizadas 
no contexto social e cultural apropriado, levando em conta as relações sociais entre o falante e o 
ouvinte. Todo ser humano tem de “saber”:
• quando pode falar e quando não pode;
• que tipo de conteúdos referenciais lhe são consentidos;
• que tipo de variedade linguística é oportuno que seja usada (GNERRE, 
2003 p. 6).
Ressalto que nem todos os integrantes de uma sociedade têm acesso a todas as variedades da língua 
e muito menos a todos os conteúdos referenciais. Somente uma parte dos integrantes tem acesso a uma 
variedade “culta” ou “padrão”, considerada geralmente “a língua”, e associada a conteúdos de prestígio. 
Na concepção de Gnerre (2003):
A língua padrão é um sistema comunicativo ao alcance de uma parte 
reduzida dos integrantes de uma comunidade; é um sistema associado a 
um patrimônio cultural apresentado como um “corpus” definido de valores, 
fixados na tradição escrita (GNERRE, 2003 p. 6).
Uma variedade linguística vale como reflexo do poder e da autoridade que os falantes têm nas relações 
econômicas e sociais. Esse poder estende-se tanto nas relações internas, quando confrontam variedades de uma 
mesma língua, e nas externas, pelo prestígio das línguas no plano internacional. A língua francesa já ocupou a 
posição mais alta na escala de valores internacionais das línguas, depois foi a vez da ascensão do inglês.
A superioridade de uma variedade linguística sobre as outras é sua associação à escrita e, 
consequentemente, sua transformação em uma variedade usada na transmissão de informações de 
ordem política e cultural. A associação entre uma determinada variedade linguística e a escrita é o 
resultado histórico indireto de oposições entre grupos sociais que eram e são usuários, sem serem 
necessariamente falantes nativos, das diferentes variedades.
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Nas nações da Europa ocidental, a fixação de uma variedade na escrita precedeu de alguns séculos 
à associação de tal variedade com a tradição gramatical greco-latina. Essa associação foi um passo 
fundamental no processo de legitimação de uma norma.
 observação
Legitimação é o processo de dar “idoneidade” ou “dignidade” a uma 
ordem de natureza política, para que seja reconhecida e aceita (HABERMAS 
apud GNERRE: 2003, p. 8).
Assim, entre as variedades de uma língua, uma é selecionada e definida como língua padrão, 
oficial, sendo apresentada como entidade superior. No entanto, no entorno dessa “língua oficial”, dessa 
variedade padrão, acontece uma concepção de neutralidade, como se não houvesseum grupo social – 
com poder político, econômico, cultural – provocador dessa seleção.
Bakhtin (2002), em sua obra de 1929, já apontava quatro princípios orientadores de uma típica visão 
“oficial” e conservadora da linguagem:
1. A língua é um sistema estável, imutável, de formas linguísticas submetidas a 
uma norma fornecida tal qual à consciência individual e categórica para esta.
2. As leis da língua são essencialmente leis linguísticas específicas, que 
estabelecem ligações entre os signos linguísticos no interior de um sistema 
fechado. Estas leis são objetivas relativamente a toda consciência subjetiva.
3. As ligações linguísticas específicas não se relacionam com valores 
ideológicos (artísticos, cognitivos ou outros). Não se encontra, na base 
dos fatos linguísticos, nenhum motor ideológico. Entre a palavra e seu 
sentido não existe vínculo natural e compreensível para a consciência, 
nem vínculo artístico.
4. Os atos individuais de fala constituem, do ponto de vista da língua, 
simples refrações ou variações fortuitas ou mesmo deformações das 
formas normativas. Mas são justamente estes atos individuais de fala 
que explicam a mudança histórica das formas da língua; enquanto 
tal, a mudança é, do ponto de vista do sistema, irracional e mesmo 
desprovida de sentido. Entre o sistema da língua e sua história não 
existe nem vínculo nem afinidade de motivos. Eles são estranhos 
entre si (BAKHTIN, 2002, p. 68).
Por fim, como bem conclui Gnerre (2003):
A separação entre variedade “culta” ou “padrão” e as outras é tão profunda 
devido a vários motivos; a variedade culta é associada à escrita, como já 
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dissemos, e é associada à tradição gramatical; é inventariada nos dicionários e 
é a portadora legítima de uma tradição cultural e de uma identidade nacional. 
É este o resultado histórico de um processo complexo, a convergência de uma 
elaboração histórica que vem de longe (GNERRE, 2003, p. 11).
1.1 Língua materna e Le: origem e expansão
Dada a relação que o nosso curso possui com as línguas, torna-se fundamental a apresentação, já no 
início, da distinção entre língua materna, língua oficial, segunda língua e língua estrangeira. Vejamos:
• Língua materna: é a língua primeira apresentada ao falante.
• Língua oficial: é a língua que a população de um país precisa saber e usar em todas as ações 
oficiais, ou seja, nas suas relações com as instituições do Estado.
• Segunda língua: é o idioma aprendido na escola e tido como uma das línguas oficiais no país.
• Língua estrangeira: é a língua não aprendida em casa nem usada nas relações com as instituições 
do Estado.
Em linhas gerais, a língua portuguesa é considerada língua oficial no Brasil e, concomitante, a língua 
materna de milhões de brasileiros que nascem e crescem no país. Não há, no Brasil, uma segunda língua. 
Quanto à língua estrangeira, nas escolas do ensino básico são ensinadas a língua inglesa e a língua 
espanhola.
As línguas possuem história, cada uma contextualizada a situações específicas quanto à origem, aos 
povos falantes, situação sociopolítica. Da língua indo-europeia (dos arianos), surgiram:
• germânico;
• itálico;
• báltico;
• eslavo;
• celta;
• albanês;
• grego;
• indo-irânico;
• armênico.
Dessas línguas surgiram outras, que deram origem a outras línguas e assim por diante. Você conhece 
as línguas advindas dessas indo-europeias?
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Exemplo de aplicação
Distribua, nas três árvores, as línguas com a mesma origem:
• Inglesa, alemã, sueca, dinamarquesa, holandesa, islandesa e norueguesa.
• Umbro, latina e osco.
• Portuguesa, francesa, italiana, espanhola, romeno e catalão.
Língua germânica
Figura 4 
Língua itálica
Figura 5 
Língua latina
Figura 6 
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Entre as três línguas do nosso curso – inglesa, portuguesa e espanhola – a língua inglesa tem 
formação anterior em relação às outras duas. Em momentos diferentes da história do Ocidente, uma 
língua adquire status maior em relação a outras línguas. Até o início do século XX, a língua latina, como 
clássica, era a língua de prestígio, ensinada nas instituições educacionais, usada em cultos religiosos 
católicos, presente em textos jurídicos, entre outras situações. A partir da Segunda Guerra Mundial, esse 
status mudou, e a língua inglesa passou a ser a língua de prestígio, mais usada universalmente.
No entanto, essa língua tem uma história milenar. Suas fases ou épocas são:
• inglês antigo: de 450 a 1150;
• inglês médio: de 1150 a 1500;
• inglês moderno: a partir de 1500.
A língua inglesa é resultado dos dialetos dos povos germânicos jutos, anglos e saxões, que deram 
início à conquista da Grã-Bretanha; os jutos, os anglos e os saxões, procedentes respectivamente da 
Jultândia (atual Dinamarca), de Schleswing e de Holstein (atual Alemanha).
A partir de meados do século IX, com as invasões de tribos procedentes da Península Escandinava e no 
norte e leste da Grã-Bretanha, a língua inglesa sofreu influência mínima, pois essas tribos abandonaram 
sua própria língua, em favor da língua do território conquistado. Apesar disso, o inglês atual conserva 
palavras cotidianas como os substantivos egg (ovo), knife (faca), sister (irmã), verbos como to call (chamar), 
to die (morrer) e to give (dar), adjetivos como flat (plano), ill (doente) e também a presença do som sk em 
palavras com sky (céu) ou skill (habilidade). Da mesma forma, numerosos topônimos terminados com 
by (cidade) e thorp (aldeia) – como Rudby, Whitby e Linthorpe e especialmente os pronomes da terceira 
pessoa do plural (they, them, their), que substituíram o complexo sistema pronominal anterior, devido a 
influência escandinava.
Uma nova invasão, procedente da Normandia, região do noroeste da França, pôs fim ao domínio 
linguístico e político das tribos germânicas. Com a chegada do duque viking Guilherme, em 1066, e sua 
posterior coroação como rei da Inglaterra, o idioma franco-normando foi imposto como língua oficial 
da Corte e da Igreja, tornando o inglês restrito às classes humildes. Essa situação se prolongou por três 
séculos e repercutiu consideravelmente na língua inglesa.
Durante o inglês médio, o vocabulário e a gramática da língua inglesa passaram por profundas 
alterações, que transformaram radicalmente sua estrutura e a converteram numa língua analítica. A 
mais fundamental delas foi a perda gradual das flexões, do gênero gramatical e das flexões no sistema 
pronominal. Esta última perda determinou uma ordem sintática mais rigorosa e o aumento do uso das 
preposições.
A língua revitalizou-se em meados do século IX. Com a ascensão da classe média e a animosidade 
gerada do povo inglês pelos 100 longos anos de guerra contra a França, o inglês voltou a ser o idioma 
oficial da corte e se impôs em todas as esferas da vida econômica e social do país.
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A partir de 1500, o idioma alcançou certo grau de estabilidade e uniformidade, contudo ainda 
viveu novas mudanças determinadas principalmente pela rápida expansão da educação entre as classes 
populares e pelo desejo de converter o idioma num instrumento capaz de substituir as línguas clássicas 
(latim e grego) em todas as esferas do saber humano.
A ortografia e léxico foram, mais uma vez, os alvos dessa transformação, uma vez que a 
riqueza e a reconhecida superioridade do latim e do grego como línguas cultas evidenciarama 
ineficácia e as carências da língua inglesa diante dos novos conhecimentos e das novas ciências 
que surgiam.
Assim, ao longo dos séculos XVI e XVII, houve a necessidade de enriquecer o vocabulário da língua. O 
problema se resolveu com a adoção, ou com a adaptação para o léxico inglês, de grande quantidade de 
termos procedentes não apenas das línguas clássicas, mas também das línguas neolatinas e, em menos 
medida, das orientais.
 observação
Dictionary of the English Language (1755), de Samuel Johnson, foi 
a obra mais notável em prol da unidade linguística e exerceu profunda 
influência sobre os escritores e lexicógrafos posteriores. Foi o primeiro 
trabalho a oferecer um estudo exaustivo e documentado sobre o uso 
correto e o significado das palavras.
As línguas portuguesa e espanhola, chamadas línguas neolatinas ou línguas modernas, têm sua 
origem na língua latina.
No ano 218 a.C. os romanos chegam na Península Ibérica e conquistam a Segunda Guerra Púnica, 
fazendo com que os povos da Península adotassem o latim como língua e o cristianismo como religião.
Posteriormente, a Península é dividida em Lusitânia ao norte e Bética ao sul. Aproximadamente em 
409, invasores germânicos trazem mais guerra à região. Logo a Península é invadida por muçulmanos, 
em 711, diminuindo drasticamente a região da Lusitânia, impondo o Islão como religião e o árabe como 
língua. Eram chamados pelos povos ibéricos de “mouros”.
A reconquista cristã vai gradativamente expulsando os mouros do norte para o sul. Na época da 
reconquista surgem os reinos independentes de Portugal e Espanha, aproximadamente no século XII.
A língua espanhola é um idioma com mais de mil anos de evolução, sendo que diversas línguas 
dos habitantes da península receberam influências dos romanos e árabes. O primeiro momento para 
converter o castelhano na língua oficial no reino de Castilha e Leon ocorreu no século XIII. Foi Afonso X 
quem mandou compor em romance e em latim as grandes obras históricas e astronômicas. O castelhano 
medieval desenvolveu uma série de fonemas que hoje já desapareceram.
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No século XII, o espanhol era a língua dos documentos jurídicos e da Bíblia, que foi traduzida por 
ordem de Afonso X. A publicação da primeira gramática castelhana de Elio Antonio de Nebrija, em 
1492, estabelece a data inicial da segunda grande etapa de conformação e consolidação do idioma, o 
castelhano moderno.
Com a união das Monarquias de Castilha e Aragão, no final do século XV, que estenderam seu 
domínio por grande parte da península, o castelhano se impulsionou sobre os demais idiomas e dialetos.
A maioria das palavras do espanhol deriva do latim vulgar, mas há também palavras que se originam 
de outras línguas, como o grego e o celta. A invasão dos visigodos, no início do século V d.C., também 
introduziu palavras germânicas. A conquista dos árabes, três séculos mais tarde, trouxe muitas palavras 
árabes na língua, a maioria delas é facilmente reconhecida pelo prefixo “al”.
A influência dos eclesiásticos franceses do século XI e dos peregrinos que iam para Santiago de 
Compostela, na Espanha, fez com que se incorporassem à língua muitas palavras e expressões francesas. 
Durante os séculos XV e XVI, devido à dominação da Itália por parte do aragonês (língua românica 
falada na Península Ibérica), a Espanha recebeu também influência itálica e se viu dominada pela 
moda da poesia italiana. A relação da Espanha com suas colônias e possessões deu abertura às novas 
terminologias de línguas nativas americanas e de outras fontes.
O espanhol foi a língua diplomática até a primeira metade do século XVIII e, países como França, 
Itália e Inglaterra editavam gramáticas e dicionários para o ensino do idioma. Nessa época, a língua 
atingiu o seu esplendor literário.
Na América, os descendentes dos espanhóis (crioulos e mestiços) seguiram utilizando a língua. 
No século XIX, depois que as guerras da independência liberaram essas colônias, as elites existentes 
estenderam o uso do espanhol para toda a população para reforçar a unidade nacional.
Sobre a história da língua portuguesa, suas épocas ou fases são:
1. época pré-histórica: origens até o século IX;
2. época proto-histórica: século IX até XII;
3. época histórica: século XII em diante;
3.1 arcaica: século XII até XVI;
3.2 moderna: a partir do século XVI.
A invasão muçulmana e consequentemente a Reconquista cristã são fatos que determinaram a 
formação das três línguas peninsulares, o galego-português a oeste, o castelhano no centro, e o catalão 
a leste. Essas línguas foram nascidas no Norte, mas levadas para o Sul pelas cruzadas da Reconquista. 
Em regiões setentrionais, a influência de muçulmanos foi mais fraca por ser dominada pelos reinos 
cristãos. É provável que a língua galego-portuguesa tenha sua origem nas regiões ao sul pela influência 
da Reconquista que invadiu a região sul da Península. Logo a língua galego-portuguesa sofreu evoluções 
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gradativas para se transformar no português. Os primeiros textos escritos em português são encontrados 
no começo do século XIII.
Por volta de 1350, após a extinção da escola literária galego-portuguesa, o português já é separado 
do galego por uma fronteira política e torna-se a língua de Portugal.
Não é fácil saber quando inicia e quando termina cada fase da evolução histórica da nossa língua, 
mas é possível distinguir estas fases em: pré-histórica, proto-histórica e histórica.
A fase pré-histórica é a origem da língua e vai até o século IX no surgimento dos primeiros documentos 
em Latim Bárbaro. Desta fase surgiram vocábulos como: mapa, Espanha, tio, zero, toalha.
A fase histórica começa no século XII, com textos inteiramente escritos em português. Esta fase tem 
muita influência francesa e surgem vocábulos como: franco, folia, chapéu. Na mesma fase histórica, 
após o quinhentismo, foram incorporados vocábulos de países colonizados como:
- Brasil: Itatiaia, urubu, capim, saci.
– Haiti: canoa, tabaco, colibri.
– México: abacate, cacau, tomate.
- Peru: mate, pampa, concha.
Dentro da fase histórica está a fase moderna, onde os vocábulos são provenientes por meio dos 
estrangeirismos:
– Palavras francesas: restaurante, elite, chance.
- Palavras italianas: aquarela, serenata, tenor.
– Palavras espanholas: bolero, realejo, lantejoula.
- Palavras ânglicas: bar, bife, lanche, futebol.
O processo de criação vocabular começou bem antes dos primeiros textos escritos em 
galego-português. Assim como o castelhano, o português se originou de uma língua vinda do Norte da 
Península e foi levada aos poucos ao Sul pela reconquista, mas as normas divergem do castelhano, pois 
o português moderno vai buscá-las no centro-sul, próximo de Lisboa.
Podemos encontrar o galego-português na poesia lírica peninsular em obras de trovadores como 
o Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa 
(copiados no final do século XIII e princípio do século XIV). Neste mesmo período começam a surgir 
documentos em língua vulgar, como testamentos, foros etc. D. Dinis é quem dá impulso à utilização da 
língua vulgar.
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No período de 1350, começa a extinção da língua galego-portuguesa. A evolução do português se 
dá em dois grandes períodos: arcaico (que vai até Camões, século XVI) e moderno (a partir de Camões). 
Já no século XVIII e início do século XIX acontece o período de transição entre o português clássico e o 
português contemporâneo.Saiba mais
Para conhecer a história da língua portuguesa, as mudanças ocorridas da 
passagem do latim para o galego-português, as fases pelas quais passaram 
o português e a questão da língua portuguesa no Brasil e nos outros locais 
em que houve a expansão da língua, obra imprescindível é de Paul Teyssier.
TEYSSIER, Paul. História da língua portuguesa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2004.
As línguas aqui historicamente situadas expandiram-se a partir do século XV devido às colonizações. 
Assim, no continente africano, por exemplo, a língua inglesa abrangeu 16 nacionalidades, como 
visualizamos no quadro.
Quadro 2 - Painel linguístico oficial dos países africanos
Língua País Capital Independência
Inglês
(16)
Libéria
África do Sul
Gana
Nigéria
Serra Leoa
Uganda
Quênia
Malaui
Botsuana
Lesoto
Suazilândia
Maurício
Seichelles
Zimbábue
Zâmbia
Namíbia
Monróvia
Pretória
Acra
Abuja
Freetown
Campala
Nairóbi
Lilongue
Gabarone
Maseru
Mbabane
Por Louis
Vitória
Harare
Lusaca
Windhoeck 
1847
1910
1957
1960
1961
1962
1963
1964
1966
1966
1968
1968
1976
1980
1984
1990
Hoje, segundo a revista Speak Up, nº 226, de março de 2006 (BOLOGNINI, 2008), a língua inglesa abrange:
• 400 milhões de falantes de inglês como língua materna;
• entre 400 milhões e 1,4 bilhão de falantes de inglês como segunda língua/língua estrangeira;
• 1,4 bilhão de pessoas que moram em países em que o inglês é língua oficial;
• mais de 1 bilhão de pessoas, aproximadamente, em processo de ensino-aprendizagem de inglês.
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Devido à falta de censos linguísticos, existe apenas estimativa sobre o número de pessoas que têm o 
inglês como língua materna: por volta de 200 a 600 milhões de falantes.
No caso da língua espanhola, é a língua romance de maior propagação no mundo atual. Na expansão 
africana, contudo, temos apenas um país com a língua espanhola oficializada:
Quadro 3 - Painel linguístico oficial dos países africanos
Língua País Capital Independência
Espanhol Guiné-Equatorial Malabo 1968
É falado em quase toda a Península Ibérica, no sudoeste dos Estados Unidos, em todo o México, em 
toda a América Central e América do Sul (exceções do Brasil e Guianas) e é a língua de um pequeno 
número de falantes nas Filipinas.
Devido à grande extensão geográfica, o idioma traz como consequência as variantes dialectais. A 
velocidade dos meios de comunicação e a ampla difusão da língua escrita na literatura e nos meios 
sólidos levam os falantes do idioma a se entenderem, apesar das diferenças regionais.
A escola funciona como um órgão unificador que conduz os estudantes a desenvolverem a prática 
do idioma e, desse modo, o número de falantes do espanhol está crescendo cada vez mais.
No livro El español de España y el español de América , o autor Antonio Molero (2003) tenta mostrar 
algumas variedades de uma língua falada por mais de 350 milhões de pessoas. Segundo o autor, a 
grande diversidade do espanhol oferece uma riqueza dificilmente encontrada em uma obra prática, o 
objetivo da obra é reunir uma mostra mais ou menos representativa da variedade léxica do espanhol 
no mundo e que, para o estudante do idioma espanhol, será mais fácil desenvolver-se com êxito nos 
distintos países de língua hispana.
Quando se aprende uma língua, há necessidade de estudar todas as suas variações, para que o 
estudante adquira competência e habilidade para ser capaz de utilizar a variação adequada em diferentes 
contextos e em países de língua espanhola.
Alguns exemplos: A palavra lavabo é utilizada na Espanha, México e Uruguai, porém, na Argentina 
e no Chile é conhecida como lavatorio e na Venezuela, lavamanos; a palavra bizcocho é comum na 
Espanha, já na Argentina é conhecida como vainilla, no Chile, galleta de champaña, no México, soleta 
ou pan dulce e no Uruguai e na Venezuela, plantilla; dulce de leche é falado na Espanha, na Argentina, 
Uruguai e Venezuela, no Chile chamam de manjar branco. Algumas expressões e frases também são 
escritas de diferentes maneiras, na Espanha a expressão Ter pressa é traduzida como Tener prisa, já nos 
outros países da América, utilizam Estar apurado; a expressão Tirar uma foto, na Espanha é conhecida 
como Hacer una foto, na Argentina é Sacar una foto e nos outros países (México, Uruguai, Venezuela e 
Chile é conhecida como Tomar una foto.
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Por fim, a língua portuguesa, cuja expansão maior, em relação a número de países, foi na África.
Quadro 4 - Painel linguístico oficial dos países africanos
Língua País Capital Independência
Português
(5)
Guiné-Bissau
Cabo Verde
São Tomé e Príncipe
Angola
Moçambique 
Bissau
Praia
São Tomé
Luanda
Maputo 
1974
1975
1975
1975
1975
O português é hoje, com cerca de 200 milhões de falantes nativos, uma das maiores línguas do 
mundo. Entre as línguas românicas, o português, depois do espanhol, é a mais divulgada e ultrapassa o 
francês em números de falantes.
De acordo com Noll (2008), a língua é oficial de Portugal, Brasil e dos PALOP (Países Africanos de 
Língua Oficial Portuguesa), já apontados no quadro anterior, bem como no Timor Leste, que se tornou 
independente da Indonésia em 2002.
Nos países lusófonos africanos, existem comunidades falantes de crioula com o português como 
língua oficial (Cabo Verde, São Tomé e Príncipe) e comunidades poliglotas africanas com o português 
como língua oficial e secundária (Angola e Moçambique).
 Lembrete
Língua crioula é uma língua natural distinta das restantes devido ao seu 
processo de formação, sua relação com uma língua de prestígio e algumas 
particularidades gramaticais. Uma língua crioula deriva sempre de um 
sistema de comunicação rudimentar, alinhavado por pessoas que falam 
línguas diferentes e que precisam se comunicar.
Apesar dos países africanos e das comunidades crioulas asiáticas, é obvio que a lusofonia em sua 
essência, em sua capacidade política de agir e em possibilidades futuras de desenvolvimento se realiza 
em territórios de língua materna. A Ásia é perdida para o mundo lusófono, Angola e Moçambique se 
orientam hoje em dia cada vez mais para a sua africanidade.
Nesse contexto, a situação especial do Brasil é evidenciada, uma vez que é o único país que, como 
antiga colônia, desenvolveu-se como centro irradiador do mundo lusófono, sendo alicerçado por meio 
de uma força econômica considerável. O Brasil é considerado, a despeito de seus problemas sociais, 
entre as dez mais fortes nações industrializadas do mundo. Comparando os falantes de português do 
Brasil e de Portugal, hoje, chegamos a uma proporção de 95 por 5.
De forma geral, existem diferenças entre o português europeu e o brasileiro em fonética/fonologia, 
morfologia, léxico e ortografia.
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Com o panorama apresentado, percebemos o perfil histórico-linguístico, por exemplo, do continente 
africano. Podemos inferir as antigas relações coloniais, os índices de ocupação territorial das ex-
metrópoles, bem como a complexa interação linguístico-discursiva proveniente dos múltiplos contatos 
com diferentes grupos étnicos africanos, entre outros aspectos.
Com base nesse panorama é possível, também, percorrer literariamente o universo dos países 
de língua inglesa, portuguesa e espanhola, permitindo um conhecimento sobre as especificidades 
geográficas, histórico-culturais e político-sociais desses territórios.
Para encerrar, o poema do são-tomense Costa Alegre. O texto representa não apenas a aproximação 
de países diferentes, mas, principalmente,o contato entre línguas e a visão particular de cada uma sobre 
a cultura.
Eu e os passeantes
Passa uma inglesa,
E logo acode,
Toda supresa:
What black my God!
Se é espanhola,
A que me viu,
Diz como rola:
Qué alto, Dios mio!
E, se é francesa:
Ó quel beau nègre!
Rindo para mim.
Se é portuguesa,
Ó Costa Alegre!
Tens um atchim!
Fonte: ALEGRE, Costa. Eu e os passeantes. In: AMÂNCIO, I. M. C., GOMES, N. L., JORGE, M. L. S. Literaturas africanas e 
afro-brasileiras na prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2008, p. 62.
Agora, reflita:
Nenhum país do mundo é totalmente autônomo. Pelo contrário, há interação constante entre eles. 
A direção da influência é determinada pelo potencial socioeconômico de cada um. O mais forte sempre 
impõe a cultura (material, espiritual e, portanto, também a língua) que considera melhor. No mundo 
contemporâneo, a língua que exerce influência maior sobre as outras línguas é o inglês. Discuta e 
exemplifique esse poder na relação cultural Brasil x Estados Unidos.
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O site da União Europeia postula o seguinte:
A União Europeia consagra o princípio “da unidade na diversidade”: diversidade de culturas, de 
costumes, de crenças – e de línguas. Este princípio aplica-se não só às 23 [línguas oficiais], mas também 
às muitas línguas regionais e minoritárias faladas por segmentos da sua população. (Disponível em: 
<http://europa.eu/languages/pt/chapter/5>. Acesso em 1 mar. 2012.)
Entretanto, vários idiomas minoritários, como o luxemburguês, o catalão, o basco, o bretão ou o 
sardo, entre outros, foram deixados de lado em prol de “línguas oficiais”, indicadas pelos países-membros 
da UE. Isso poderia indicar procedimentos histórico-ideológicos, políticos e econômicos exercidos em 
seus próprios territórios para a ascensão de algum idioma em detrimento dos outros?
1.2 Gramática tradicional e gramatização
Não importa sua origem, todas as línguas são constituídas de uma gramática. Por conseguinte, o 
ensino de língua materna e de línguas estrangeiras consiste, entre outros conteúdos, da gramática da 
língua. Consideramos importante fazer uma ressalva sobre os tipos de gramática.
Como já sabemos, existem vários tipos de gramática. Tais tipos são apresentados por Travaglia (1997) 
e sinteticamente, aqui, como lembrete:
• gramática normativa: estuda apenas os fatos da língua padrão/culta, que se oficializou. Seu 
estudo baseia-se mais na língua escrita, dando pouca importância à oralidade, que é vista como 
idêntica à escrita. É preciso separar descrição que se faz da norma culta de prescrição; a gramática 
normativa visa a tornar norma a língua culta.
• gramática descritiva: descreve e registra as unidades e categorias da língua, os tipos possíveis 
de construção e a função desses elementos, o modo e as condições de uso dos elementos numa 
abordagem sincrônica. Ela trabalha com qualquer variedade da língua, observando o que se diz 
ou se escreve na realidade e trata de explicitar o mecanismo da língua.
• gramática internalizada: é o conjunto de regras dominado pelo falante e lhe permite o uso normal 
da língua.
• gramática implícita: é a competência linguística internalizada do falante, como unidades, regras, 
princípios e o falante não tem consciência dela.
• gramática explícita ou teórica: é a representada por todos os estudos linguísticos que buscam 
explicitar a estrutura, constituição e funcionamento da língua. Assim, todas as gramáticas 
normativas e descritivas são explícitas ou teóricas.
• gramática reflexiva: refere-se mais ao processo do que aos resultados: representa as atividades 
de observação e reflexão sobre a língua que buscam detectar, levantar suas unidades, regras e 
princípios.
• gramática contrastiva ou transferencial: é a que descreve duas línguas ao mesmo tempo, 
mostrando como os padrões de uma podem ser esperados na outra. No ensino de língua materna, 
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mostra as diferenças e semelhanças entre diferentes variedades: dialetos, língua oral e escrita, 
registro formal e coloquial etc.
• gramática geral: compara o maior número possível de línguas e formula certos princípios aos 
quais todas elas obedecem.
• gramática universal: tem base comparativa e procura descrever e classificar todos os fatos 
observados e realizados universalmente (nem sempre se faz distinção entre essa gramática e a 
geral).
• gramática histórica: estuda a origem e a evolução de uma língua, acompanhando-lhe as fases 
desde o seu aparecimento até o momento atual.
• gramática comparada: estuda uma sequência de fases evolutivas de várias línguas buscando 
encontrar pontos comuns.
O ensino de língua nas escolas básicas (fundamental e médio) consiste, principalmente, das regras 
do bom escrever, ou seja, da gramática normativa. Esta determina como usar a língua, seguindo regras 
tais como de concordância.
 Saiba mais
As regras encontram-se em livros, escritos por estudiosos (com aval 
do Ministério da Educação) e por interessados (com aval de editoras), 
chamados gramática. Assim, entre tantos outros, constatamos:
CASTRO, F. Uso de la gramática española elemental. São Paulo: Edelsa, 
2010.
BECHARA, E. Moderna gramática da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 2010.
STOFF, R. Gramática de inglês. Lisboa: Presença, 1996.
A gramática normativa é tradicional e tem história que remonta a séculos antes de Cristo. Origina-se 
das discussões sobre linguagem, principalmente feitas por Platão e Aristóteles. Pode-se verificar que a 
reflexão platônica sobre a linguagem muda a direção no sentido que tem até hoje a gramática.
A filosofia de Platão, de Aristóteles e dos estoicos forneceu a fundamentação lógica e terminológica 
para a divisão da frase em diferentes espécies de termos, para a fixação teórica dos casos nas declinações, 
das formas verbais sob ângulos aspectuais e para as relações lógicas entre as frases que compõem um 
período complexo. Assim se explica que grande número de termos filosóficos foi tomado pelos gramáticos 
para aplicá-los em suas definições e descrições. São exemplos as noções fundamentais de sujeito e 
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predicado, ainda hoje em voga e para os quais ainda não encontraram designações mais adequadas, que 
as pudessem substituir. As Categorias de Aristóteles forneceram subsídios particularmente valiosos para 
os estudos gramaticais. Assim, são de origem filosófica os termos “substância”, “relação”, “qualidade”, 
esta também corrente entre os estoicos, sunparepovmena ou sumbebhkovta, que os gramáticos latinos 
difundiram traduzindo por “acidente”; “diavqhsi”, “disposição”; “ojrismov”, ”definição” e “determinação”; 
“duvnami”, “valor”; e obviamente “lovgo”, de múltiplas acepções como “palavra”, “proposição”, “obra 
escrita”, “literatura”, “razão” etc. Séculos de reflexão filosófica fixaram uma terminologia carregada de 
história, de conotações e matizes semânticos, da qual os estudiosos da língua lançaram mão para a 
fixação da metalinguagem indispensável a seus estudos.
O embate político e ideológico que se inicia na Grécia abriu um espaço para o início da criação de 
um discurso científico não só sobre a linguagem, mas também sobre o homem e o mundo.
No mundo ocidental, a primeira gramática foi a do Dionísio Trácio, no século II a.C. e expressa a 
visão dos filósofos sobre a língua, vista como instrumento a serviço de suas ideias. As regras gramaticais 
propostas são inferidas com base em obras de grandes escritores literários.
Nas palavras de Dionísio Trácio, gramáticaé conhecimento empírico daquilo que comumente é dito 
pelos poetas e prosadores.
 observação
O termo “gramática” vem do grego grammatiké, sendo gramma “letra” 
e tékhne “arte”.
A gramática de Dionísio Trácio constitui-se de 20 parágrafos, sendo:
1. Da gramática
2. Da leitura
3. Do acento
4. Da pontuação
5. Da rapsódia
6. Do elemento
7. Da sílaba
8. Da sílaba longa
9. Da sílaba breve
10. Da sílaba comum
11. Da palavra
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12. Do nome
13. Do verbo
14. Da conjunção
15. Do particípio
16. Do artigo
17. Do pronome
18. Da preposição
19. Do advérbio
20. Da conjunção
A gramática, enfim, abrange a fonética e a morfologia, mas não trata da sintaxe.
Apolônio Díscolo, em II d.C., foi outro gramático que lançou várias obras, que consistem basicamente 
em:
1. Dos elementos
i. Da divisão das partes do discurso
ii. Dos nomes
2. Dos verbos
3. Do particípio
4. Do artigo
5. Do pronome
6. Da preposição
7. Do advérbio
8. Da conjunção
i. Da sintaxe das partes do discurso
ii. Da composição
iii. Dos acidentes
iv. Das figuras
v. Das figuras homéricas
vi. Da ortografia
vii. Da prosódia.
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Foram, na verdade, vários autores posteriores a Dionísio Trácio que escreveram a gramática da língua 
grega. As gramáticas gregas tornaram-se, enfim, modelo.
 Saiba mais
A história da gramática tradicional pode ser lida em duas obras 
essenciais:
NEVES, M. A vertente grega da gramática tradicional. São Paulo: UNESP, 
2005. Disponível em <http://books.google.com.br/books?id=HtNkpew8On
QC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=
0#v=onepage&q&f=false>. Acesso em 1 mar. 2012.
MATTOS E SILVA, R. Tradição gramatical e gramática tradicional. São 
Paulo: Contexto, 1991.
Marcos Terêncio Varrão, I a.C., escreveu 25 livros sobre a língua latina, dos quais apenas seis chegaram 
até nossos dias e que são compendiados sob o título De Lingua Latina (Sobre a língua latina) (1938). A 
grande contribuição de Varrão foi aplicar a gramática grega ao latim.
Outros notórios gramáticos romanos foram:
• Quintiliano (I d.C.);
• Donato e Prisciano (V d.C.), muito estudados na Idade Média; e
• Prisciano (V d.C.), que elaborou a primeira sintaxe do latim.
No século XVII foi lançada a gramática de Port-Royal, que visa à gramática geral. Trata-se de uma 
gramática racionalista, uma vez que a estrutura da língua é um produto da razão e as diferentes línguas 
são apenas variedades de um sistema lógico e racional mais geral. Essa gramática influenciou, séculos 
depois, os estudos sobre linguagem do americano Chomsky.
A gramática tem, portanto, história (ressalto que muito mais profunda e rica do que apresentada 
aqui) e no século XV e XVI foi amplamente expandida.
Segundo Auroux (1992), a nossa área – de línguas – passou por duas grandes revoluções, sendo elas:
1ª revolução técnico-linguística escrita
2ª revolução técnico-linguística gramatização
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Para o estudioso, o processo de aparecimento da escrita “é um processo de objetivação da linguagem, isto é, 
de representação metalinguística considerável e sem equivalente anterior“ (p. 20). Enquanto que a gramatização 
descreve e instrumenta uma língua na base de duas tecnologias metalinguísticas: a gramática e o dicionário.
A gramatização foi fenômeno massivo no Renascimento, como vemos na linha temporal a seguir:
Quadro 5 - As primeiras gramáticas
Gramática
1450 ---------1492 ------------ 1530 -----------1536-----------1537 ---------1586 ------
Itália Espanha França Portugal Alemanha Inglaterra
O autor da primeira Gramática da Língua Castelhana, Antonio de Nebrija, foi considerado, também, o 
primeiro a publicar “Reglas de Ortografía”, que codificavam, pela primeira vez, a pronúncia como critério 
determinante da escrita, embora fosse necessário recorrer a conceitos etimológicos para os casos mais 
complicados.
O pensamento de Nebrija de que a língua era “instrumento do Império”, estendia-se também à 
oralidade e procurava unificar a pronúncia em toda a área da Coroa de Castilha, abandonando 
completamente o romance de Burgos, que tinha estado na origem dos primeiros escritos pré-afonsinos.
No caso da gramática da língua portuguesa, temos:
• Grammatica da lingoagem portuguesa, de Fernão de Oliveira, lançada em 1536.
Figura 7 – 1ª gramática da língua portuguesa
No século XVI, devido às descobertas seguidas pela colonização, uma das imposições feitas, por exemplo, 
pelos portugueses foi a língua. Para expandi-la, os colonizadores começaram a produzir gramáticas e para 
tal buscaram o modelo na gramática latina, que, por sua vez, baseou-se na gramática grega.
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A segunda gramática da língua portuguesa foi Gramática da língua portuguesa, de João de Barros, 
cuja primeira edição é de 1540, que segue também o modelo latino, uma vez que, segundo o próprio 
gramático português, o uso dos termos da gramática latina deve-se ao fato de os portugueses serem 
“filhos” dos latinos.
Essa gramática divide-se em quatro partes, a saber:
1. Prosódia: que trata da sílaba;
2. Etmologia: que trata da dicção. Das 67 páginas da obra, 37 são destinadas à etmologia.
3. Sintaxe: que trata da construção;
4. Ortografia: que trata da letra.
João de Barros inicia sua gramática declarando que gramática é “ciência de letras” e “um modo certo 
e justo de falar e escrever, colhido do uso e autoridade dos barões doutos”. A linha ideológica dessa 
gramática não foi mudada durante os séculos posteriores e, por conseguinte, Celso Cunha, gramático 
brasileiro, seguiu essa ideologia ao publicar a sua em 1972.
De acordo com Evanildo Bechara (2002), a gramática tradicional tem três papéis:
1. Didático, pois ela codifica e fixa o idioma;
2. Dogmático, já que ela é autoritária;
3. Científico, porque ela normativa a língua, precisando explicar a forma correta do uso dessa língua.
Ao exercer esses papéis, significa que a gramática padroniza a língua, tendo a pretensão de mostrar 
ao falante o que e como usar a língua e repele o que não esteja dentro do padrão idiomático.
Concomitante a essa gramática pautada no modelo greco-latino, surge no século XIX o interesse 
pela origem e evolução da língua. A gramática histórica consistiu no desejo dos historiadores em querer 
comparar as línguas para saber as suas evoluções e chegar a um ponto em comum entre elas. Desse 
modo, resultou esta árvore:
Latim
Indo-europeu
Sânscrito
Figura 8 
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A gramática da língua portuguesa no Brasil mudou durante esses séculos em relação ao conteúdo, 
ortografia, entre outros aspectos. A última mudança nesse sistema gramatical ocorreu a 18 de dezembro 
de 1971 pela Lei nº 5.765, quando a NGB – Nomenclatura Gramatical Brasileira – foi estabelecida.
A seguir, o documento da NGB:
Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB
Uniformização e simplificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, de acordo com o trabalho 
aprovado pelo Sr. Ministro Clóvis Salgado, elaborado pela Comissão designada na Portaria Ministerial 
número 152/57, constituída pelos Professores Antenor Nascentes, Clóvis do Rêgo Monteiro, Cândido 
Jucá (filho), Carlos Henriqueda Rocha Lima e Celso Ferreira da Cunha, e assessorada pelos Professores 
Antônio José Chediak, Serafim Silva Neto e Sílvio Edmundo Elia.
Rio de Janeiro, 1958.
Ex.mo Sr. Ministro de Estado da Educação e Cultura
A Comissão, abaixo assinada, tem a honra de passar às mãos de V. Ex.a o Anteprojeto de Simplificação 
e Unificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, já em redação final.
O presente Anteprojeto é resultante não só de um reexame, pela Comissão, do primitivo, mas 
ainda do estudo, minucioso e atento, das contribuições remetidas à Cades pela Academia Brasileira de 
Filologia do País, pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul e, individualmente, por numerosos 
e abalizados professores de Português.
Releva salientar que a Comissão, ao considerar as modificações propostas, teve sempre em mira a 
recomendação de V.Ex.a constante da Portaria Ministerial nº 152 – “uma terminologia simples, adequada 
e uniforme” – bem como atender ao tríplice aspecto fixado nas Normas Preliminares de Trabalho:
a) a exatidão científica do termo;
b) a sua vulgarização internacional;
c) a sua tradição na vida escolar brasileira.
Agradecendo, mais uma vez, nesta oportunidade, a distinção e a confiança com que contemplou 
V.Ex.a, a Comissão renova a V.Ex.a os protestos de alto apreço e distinta consideração.
Antenor Nascentes
Clóvis do Rêgo Monteiro
Cândido Jucá (filho)
Carlos Henrique da Rocha Lima
Celso Ferreira da Cunha
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Assessores:
Antônio José Chediak
Serafim Silva Neto
Sílvio Edmundo Elia.
São nomes muito conhecidos e de reconhecido valor: todos têm obras publicadas.
Portaria nº 36, de 28 de janeiro de 1959
O Ministro do Estado da Educação e Cultura, tendo em vista as razões que determinaram a expedição 
da Portaria nº 152, de 24 de abril de 1957, e considerando que o trabalho proposto pela Comissão 
resultou de minucioso exame das contribuições apresentadas por filólogos e linguistas, de todo o país, 
ao Anteprojeto de Simplificação e Unificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, resolve:
Art.1º – Recomendar a adoção da Nomenclatura Gramatical Brasileira, que segue anexa à presente 
Portaria, no ensino programático da Língua Portuguesa e nas atividades que visem à verificação do 
aprendizado, nos estabelecimentos de ensino.
Art.2º – Aconselhar que entre em vigor:
a) para o ensino programático e atividades dele decorrentes, a partir do início do primeiro período 
do ano letivo de 1959;
b) para os exames de admissão, adaptação, habilitação, seleção e do art. 91 a partir dos que se 
realizarem em primeira época para o período letivo de 1960.
Clóvis Salgado
DIVISãO DA GRAMÁTICA: Fonética, Morfologia e Sintaxe.
INTRODUçãO: Tipos de Análise: Fonética, Morfológica e Sintática.
Primeira parte
Fonética
I – A FONÉTICA pode ser: Descritiva, Histórica e Sintática.
II – FONEMAS: vogais, consoantes e semivogais.
1. Classificação das vogais – Classificam-se as vogais:
a) quanto à zona de articulação, em: anteriores, médias e posteriores;
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b) quanto ao timbre, em: abertas, fechadas e reduzidas;
c) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais;
d) quanto à intensidade, em: átonas e tônicas.
2. Classificação de consoantes – classificam-se as consoantes:
a) quanto ao modo de articulação, em: oclusivas, constritivas: fricativas, laterais e vibrantes;
b) quanto ao ponto de articulação, em: bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares, palatais 
e velares;
c) quanto ao papel das cordas vocais, em: surdas e sonoras;
d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, em: orais e nasais.
III – 1. Ditongos – Classificam-se os ditongos em: crescentes e decrescentes; orais e nasais.
2. Tritongos – Classificam-se os tritongos em: orais e nasais.
3. Hiatos.
4. Encontros consonantais.
Nota: Os encontros – ia, ie, io, ua, eu, uo finais, átonos, seguidos ou não de s, classificam-se quer 
como ditongos, quer como hiatos uma vez que ambas as emissões existem no domínio da Língua 
Portuguesa: histó-ri-a e histó-ria; sé-ri-e e sé-rie; pá-ti-o e pá-tio; ár-du-a e ár-dua; tê-nu-e e tê-nue; 
vá-cu-o e vá-cuo.
IV – Sílaba – Classificam-se os vocábulos, quanto ao número de sílabas, em: monossílabos, dissílabos, 
trissílabos e polissílabos.
V – Tonicidade:
1. Acento: principal e secundário.
2. Sílabas: átonas: pretônicas e postônicas; subtônicas; tônicas.
3. Quanto ao acento tônico, classificam-se os vocábulos em: oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas.
4. Classificam-se os monossílabos em: átonos e tônicos.
5. Rizotônico; arrizotônico.
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6. Ortoepia.
7. Prosódia.
Nota: São átonos os vocábulos sem acentuação própria, isto é, os que não têm autonomia 
fonética, apresentando-se como sílabas átonas do vocábulo seguinte ou do vocábulo anterior. São 
tônicos os vocábulos com acentuação própria, isto é, os que têm autonomia fonética. Pode ocorrer 
que, conforme mantenha, ou não, sua autonomia fonética, o mesmo vocábulo seja átono numa frase, 
porém, tônico em outra. Tal pode acontecer, também, com vocábulos de mais de uma sílaba: serem 
átonos numa frase, mas tônicos em outra.
Segunda parte
Morfologia
Trata a Morfologia das palavras:
1. Quanto a sua estruturação e formação.
2. Quanto a suas flexões e
3. Quanto a sua classificação.
I - Estrutura das palavras:
a) Raiz; Radical; Tema; Afixo: prefixo e sufixo; Desinência: nominal e verbal; Vogal temática; Vogal 
e Consoante de ligação.
b) Cognato.
II – Formação das palavras: 1 – Processo de formação de palavras: Derivação; Composição; 2 – 
Hibridismo.
III – Flexão das palavras: quanto à sua flexão as palavras podem ser: variáveis ou invariáveis.
IV - Classificação das palavras: substantivos, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, 
preposição, conjunção e interjeição.
I – Substantivos
1. Classifica-se os substantivos em: comuns e próprios; concretos e abstratos.
2. Formação do substantivo: primitivo e derivado; simples e composto.
3. Flexão do substantivo:
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a) em gênero: masculino; feminino, epiceno; comum de dois gêneros; sobrecomum.
b) em número: singular e plural;
c) em grau: aumentativo; diminutivo.
II – Artigo
1. Classificação do artigo: definido, indefinido.
2. Flexão do artigo:
a) gênero: masculino e feminino;
b) número: singular e plural.
III – Adjetivo:
1. Formação do adjetivo: primitivo e derivado; simples e composto.
2. Flexão do adjetivo:
a) em gênero: masculino e feminino;
b) em número: singular e plural;
c) em grau: comparativo de igualdade; de superioridade (analítico e sintético); de inferioridade.
Superlativo: relativo (de superioridade de inferioridade); absoluto (sintético e analítico).
3. Locução adjetiva.
IV – Numeral:
1. Classificação do numeral: cardinal, ordinal, multiplicativo e fracionário.
2. Flexão do numeral: em gênero: masculino e feminino; em número: singular e plural.
V – Pronome:
1. Classificação do pronome: pessoal: reto, oblíquo (reflexivo, não reflexivo); de tratamento; 
possessivo; demonstrativo; indefinido; interrogativo; relativo.
Nota: Os que fazem as vezes de substantivos chama-se pronomes substantivos; os que acompanham 
os substantivo, pronomes adjetivos.
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2. Flexão do pronome:
a) em gênero: masculino e feminino.
b) em número: singular e plural.
c) em pessoa: primeira, segunda e terceira.
3. Locução pronominal.
VI – Verbo
1. Classificação do verbo: regular, irregular, anômalo, defectivo, abundante, auxiliar.
2. Conjugações: três são as conjunções: a primeira com o tema terminado em “A”; a segunda com o 
tema terminado em “E”; a terceira com o tema terminado em “I”.
Nota: O verbo “pôr” (e os dele formados) constitui anomalia da 2ª conjugação.
3. Formação do verbo: primitivo e derivado; simples e composto.
4. Flexão do verbo:
a) de modo: indicativo, subjuntivo e imperativo;
b) formas nominais do verbo: infinitivo: pessoal (flexionado e não flexionado), impessoal; 
gerúndio; particípio;
c) de tempo: presente; pretérito: imperfeito (simples e composto); perfeito (simples e composto); 
mais que perfeito (simples e composto); futuro do presente (simples e composto) e do pretérito 
(simples e composto).
Nota: A denominação futuro do pretérito (simples e composto) substitui a de condicional (simples 
e composto);
d) de número: singular e plural;
e) de pessoa: três são as pessoas do verbo: 1ª, 2ª e 3ª;
f) de voz: ativa; passiva (com auxiliar, com pronome apassivador); reflexiva.
5. Locução verbal.
VII – Advérbio:
1. Classificação do advérbio:
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a) de lugar; de tempo; de modo; de negação; de dúvida; de intensidade; de afirmação;
b) advérbios interrogativos: de lugar, de tempo, de modo, de causa.
2. Flexão do advérbio: de grau: comparativo; de igualdade, de superioridade e de inferioridade; 
superlativo absoluto (sintético e analítico); diminutivo.
3. Locução adverbial.
Notas:
a) Podem alguns advérbios estar modificando toda a oração.
b) Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios terão classificação à parte. 
São palavras que denotam exclusão, inclusão, situação, designação retificação, afetividade, 
realce etc.
VIII – Preposição:
1. Classificação das preposições: essenciais, acidentais.
2. Combinação.
3. Contração.
4. Locução prepositiva.
IX – Conjunção:
1. Classificação das conjunções: coordenativas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, 
explicativas; subordinativas: integrantes, causais, comparativas, concessivas, condicionais, 
consecutivas, finais, temporais, proporcionais e conformativas.
Nota: As conjunções que, porque, porquanto etc., ora têm valor coordenativo, ora subordinativo; no 
primeiro caso, chama-se explicativa, no segundo, causal.
2. Locução conjuntiva
X – Interjeição
Locução interjectiva.
XI – 1. Palavra.
2. Vocábulo.
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3. Sincretismo. Sincrético.
4. Forma variante.
5. Conetivo.
Terceira parte
Sintaxe
A – Divisão da sintaxe:
a) Concordância: nominal e verbal.
b) Regência: verbal e nominal
c) Colocação.
Nota: Na colocação dos pronomes oblíquos, adotem-se as denominações de próclise, mesóclise e 
ênclise.
B – Análise sintática:
I – Da oração:
1. Termos essenciais da oração: sujeito e predicado.
a) Sujeito: simples, composto, indeterminado; oração sem sujeito.
b) Predicado: nominal, verbal, verbo-nominal.
c) Predicativo: do sujeito e do objeto.
d) Predicação verbal: verbo de ligação; verbo transitivo (direto e indireto); verbo intransitivo.
2. Termos integrantes da oração:
a) complemento nominal;
b) complemento verbal: objeto (direto e indireto);
c) agente da passiva.
3. Termo acessórios da oração:
a) adjunto adnominal;
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b) adjunto adverbial;
c) aposto.
4. Vocativo
II – Do período:
1. Tipos de período: simples e composto.
2. Composição do período: coordenação e subordinação.
3. Classificação das orações:
a) absoluta;
b) principal;
c) coordenada: assindética; sindética: aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva, explicativa;
d) subordinada; substantiva: subjetiva, objetiva (direta e indireta), completiva-nominal, 
apositiva, predicativa; consecutiva, concessiva, condicional, conformativa, final, proporcional 
e temporal.
As orações subordinadas podem apresentar-se, também, com os verbos numa de suas FORMAS 
NOMINAIS; chamam-se, neste caso, reduzidas: de infinitivo, de gerúndio, de particípio, as quais 
se classificam como as desenvolvidas: substantivas (subjetiva etc.), adjetivas adverbiais (temporais 
etc.).
Notas:
1. Coordenadas entre si podem estar quer principais, quer independentes, quer subordinadas 
(desenvolvidas ou reduzidas).
2. Devem ser abandonadas as classificações:
a) de lógico e gramatical, ampliado e inampliado, completo e incompleto, total, parcial, para 
qualquer elemento oracional;
b) de oração quanto à forma (plena, elítica etc.), quanto ao conetivo (conjuncional, não 
conjuncional, relativa).
3. Na classificação da oração subordinada bastará dizer-se: oração subordinada substantiva 
(subjetiva etc.); oração subordinada adjetiva (restritiva, explicativa); oração subordinada 
adverbial (causal etc.).
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Apêndice
I – Figuras de Sintaxe – anacoluto, elipse, pleonasmo e silepse.
II – Gramática histórica – aférese, altura (som), analogia, apócope, assimilação (total, parcial, 
progressiva, regressiva), consonantismo, dissimilação (total, parcial, progressiva, regressiva), ditongação, 
divergente, elisão, empréstimo, epêntese, etimologia, haplologia, hiperbibasmo, intensidade (som), 
metáfase, mesalização, neologismo, palatalização, paragoge, patronímico, prótese, síncope, sonorização, 
substrato, superstrato, vocalismo, vocalização.
III – Ortografia – abreviatura, alfabeto, dígrafo (grupo de letras que representam um só fonema. Ex.: 
ch (chave), gu (guerra), qu (quero), rr (carro), lh (palha), ss (passo), nh (manhã); homógrafo, homônimo, 
letra (maiúscula e minúscula). Notações léxicas: acento agudo, grave, circunflexo, apóstrofo, cedilha, 
hífen, til e trema, sigla.
IV – Pontuação – aspas, asteriscos, colchete, dois-pontos, parágrafo(§), parênteses, ponto de 
exclamação, ponto de interrogação, ponto e vírgula, ponto final, reticências, cedilha, travessão, 
vírgula.
V – Significação das palavras – antônimo, homônimo, sentido figurado.
VI – Vícios de linguagem – barbarismo, cacofonia, preciosismo, solecismo.
 Saiba mais
A pesquisa realizada por Baldini aprofunda os conhecimentos 
sobre a NGB do ponto de vista teórico da Análise do Discurso. A 
NGB é considerada pelo pesquisador sem precedentes na história da 
gramatização brasileira.
Sua pesquisa foi feita sob a orientação da estudiosa Eni Orlandi.
BALDINI, L. A Nomenclatura Gramatical Brasileira interpretada, definida, 
comentada e exemplificada. Dissertação de Mestrado em Linguística. 
UNICAMP, 1999. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/
document/?code=vtls000188786>. Acesso em 2 mar. 2012.
A partir dessa data, toda e qualquer gramática tradicional, normativa, precisa seguir a NGB, que se 
torna, portanto, a base ou o ponto de partida para os gramáticos.
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A primeira edição da Gramática da língua portuguesa, de Celso Cunha, de 1972, segue os parâmetros 
da NGB e se divide em:
I. Noções históricas
II. Fonética e fonologia
III. Ortografia
IV. Classe, estrutura, formação e significação

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