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2019
Mercado de capitais
Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre
Prof. Maurício Leite
Prof. Vilmar Siewert Júnior
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre
Prof. Maurício Leite
Prof. Vilmar Siewert Júnior
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
T689m
 Torre, José Alfredo Pareja Gomez de La
 Mercado de capitais. / José Alfredo Pareja Gomez de La Torre; Maurício 
Leite; Vilmar Siewert Junior. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 188 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0272-3
 1. Mercado de capitais. – Brasil. I. Torre, José Alfredo Pareja Gomez 
de La. II. Leite, Maurício. III. Siewert Junior, Vilmar. IV. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 332.6
III
apresentação
O Mercado de Capitais é peça importante para qualquer atividade 
econômica, seja privada ou do setor público, ele é o mercado de valores 
fundamental para as necessidades de poupança e investimento das economias 
modernas. Deste a implantação do Plano Real o mercado de capitais só vem 
crescendo e servindo ao desenvolvimento da economia brasileira, sendo 
assim parceiro das grandes mudanças e inovações da economia do Brasil.
No contexto da gestão pública o Mercado de Capitais oferece grande 
apoio para que a atividade pública possa conseguir executar suas atividades, 
principalmente a partir do momento em que este mercado adquiri mais 
confiança no gasto público através da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. 
Convidamos você a ter um aprendizado interessante e útil sobre o 
mundo do Mercado de Capitais e como ele pode ser de grande ajuda para 
a construção de suas competências profissionais. Na primeira unidade 
estudaremos as Políticas Econômicas e Fundamentos Financeiros necessários 
para se ter um entendimento sistêmico do Mercado de Capitais. 
Na Unidade 2 estudaremos sobre a Estrutura e Normativa Financeira, 
abordando temas da Estrutura Financeira Nacional, qual a Normativa e Ética 
no mercado de valores. E finalmente como é que acontece a Intermediação 
Financeira no mercado de valores.
Na última unidade vamos conseguir identificar quais os Produtos 
de Investimento Financeiro mais usados, como se realiza a precificação de 
ativos, e como se calcula os riscos envolvidos no mercado de valores. E 
finalmente estudaremos sobre a Tributação de Rendimentos.
Lembre-se que estes conhecimentos, com certeza, vão lhe trazer 
competências profissionais que serão de grande ajuda nas suas projeções 
como profissional da área de gestão e finanças, seja como profissional do 
setor público como do privado.
Fique à vontade e aproveite o aprendizado deste caderno e do material 
de apoio postado na Trilha de Aprendizagem de seu Ambiente Virtual de 
Aprendizagem (AVA). Desejo-lhe sucesso no estudo desta disciplina, na 
busca de seu projeto de vida, de se formar como profissional competente.
Bons estudos!
IV
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
V
VI
VII
UNIDADE 1 – NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE 
 CAPITAIS .........................................................................................................................1
TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS ECONÔMICOS .........................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 NOÇÕES DE ECONOMIA ...................................................................................................................4
2.1 ECONOMIA POSITIVA E NORMATIVA ......................................................................................4
2.2 MICROECONOMIA E MACROECONOMIA ..............................................................................6
3 INDICADORES MACROECONÔMICOS RELEVANTES AO MERCADO DE CAPITAIS ........9
3.1 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ............................................................................................ 10
3.2 ÍNDICES DE INFLAÇÃO ............................................................................................................... 11
3.2.1 Caso prático do impacto da inflação .................................................................................... 12
3.3 PRODUTO INTERNO BRUTO NOMINAL (PIB NOMINAL) VERSUS PIB REAL ............. 15
3.4 PIB REAL POR SETORES ECONÔMICOS .................................................................................. 17
4 A TAXA DE CÂMBIO .......................................................................................................................... 19
4.1 INFLUÊNCIA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS NA POSIÇÃO CAMBIAL ................... 21
4.2 POLÍTICA CAMBIAL ..................................................................................................................... 23
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30
TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO ............................................ 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 TAXA BÁSICA DE JUROS – SELIC .................................................................................................. 33
2.1 SELIC META E TAXAS DE MERCADO ..................................................................................... 36
3 CONCEITOS BÁSICOS DE CÁLCULO FINANCEIRO PARA O MERCADO DE
 CAPITAIS .............................................................................................................................................................39
3.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) E RETORNO DO CAPITAL ........................... 40
3.2 O REGIME DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES .............................................................................. 41
3.2.1Operações de curto prazo ...................................................................................................... 43
3.2.2 Exemplos de operações de curto prazo ............................................................................... 45
3.3 O REGIME DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA ........................................................................ 47
3.4 PONDERAÇÃO DE CARTEIRA ................................................................................................... 50
3.5 CASE DE USO DO MERCADO DE CAPITAIS EM EMPRESAS PEQUENAS ...................... 53
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 56
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57
TÓPICO 3 – DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO .................................................. 59
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59
2 ANÁLISE COMPARATIVA DE VALORES MOBILIÁRIOS ....................................................... 60
3 FATORES DA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .......................................................................... 61
3.1 LIQUIDEZ ......................................................................................................................................... 61
3.2 NÍVEIS DE RISCO ........................................................................................................................... 62
3.2.1 Risco de mercado .................................................................................................................... 62
3.2.2 Risco de pagamento – crédito ............................................................................................... 64
suMário
VIII
3.2.3 Risco de liquidez ..................................................................................................................... 65
4 BENCHMARK E NECESSIDADES DE INVESTIMENTO ........................................................... 67
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 72
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76
UNIDADE 2 – ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA ....................................................... 77
TÓPICO 1 – INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA .............................................................................. 79
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79
2 ECONOMIA E MERCADO FINANCEIRO ..................................................................................... 80
2.1 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E SEUS INTERMEDIÁRIOS ............................................ 82
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 85
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 86
TÓPICO 2 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ....................................................................... 87
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87
2 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: CONCEITOS E FUNÇÕES ......................................... 87
2.1 ÓRGÃOS NORMATIVOS............................................................................................................... 91
2.2 ENTIDADES SUPERVISORAS ...................................................................................................... 93
2.3 OPERADORES FINANCEIROS .................................................................................................... 98
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................106
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107
TÓPICO 3 – MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS..............................................................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109
2 SISTEMÁTICA DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS ............................................110
3 PARTICIPANTES DO MERCADO DE CAPITAIS ......................................................................116
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................125
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
UNIDADE 3 – MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS............................................................129
TÓPICO 1 – PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO .................................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 TIPOS DE INVESTIMENTO............................................................................................................132
2.1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS PRODUTOS FINANCEIROS ......................................132
2.2 TIPOS DE RISCO ...........................................................................................................................134
2.2.1 Risco de Crédito ....................................................................................................................134
2.2.2 Risco de Liquidez ..................................................................................................................134
2.2.3 Risco de Mercado ..................................................................................................................135
2.3 PRODUTOS DE RENDA FIXA ....................................................................................................135
2.3.1 CDB – Certificado de Depósito Bancário ..........................................................................135
2.3.2 LCI – Letras de Crédito Imobiliário ...................................................................................139
2.3.3 Letra de Crédito do Agronegócio .......................................................................................141
2.3.4 Debêntures .............................................................................................................................142
2.3.5 Títulos Públicos Federais .....................................................................................................149
3 PRODUTOS DE RENDA VARIÁVEL ............................................................................................156
3.1 AÇÕES .............................................................................................................................................156
3.2 MERCADO DE DERIVATIVOS ...................................................................................................160
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................163
IX
RESUMODO TÓPICO 1......................................................................................................................165
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................168
TÓPICO 2 – PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS......................................................................................171
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171
2 CAPM – CAPITAL ASSET PRICING MODEL ...............................................................................171
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................174
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................175
TÓPICO 3 – TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS .........................................................................177
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................177
2 TRIBUTAÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO .............................................................177
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................183
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................184
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................185
X
1
UNIDADE 1
NOÇÕES ECONÔMICAS E 
FINANCEIRAS PARA O MERCADO
DE CAPITAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• saber interpretar os principais índices econômicos relacionados ao 
mercado de valores;
• entender como as condições econômicas influenciam o mercado de capitais;
• saber como aplicar os instrumentos de cálculo financeiro no mercado de 
valores;
• discernir os referentes de mercado (benchmark) nas decisões que envolvem 
o mercado de valores.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 - PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
TÓPICO 2 - PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
TÓPICO 3 - DINÂMICA FINANCEIRA DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
1 INTRODUÇÃO
Antes de começar, gostaria de lhe perguntar: o que é para você o mercado de 
capitais? Em parte, o próprio nome consegue lhe responder. Mas se você aprofundar 
mais um pouco, o mercado de capitais é onde compradores e vendedores negociam 
seus títulos, tais como ações, certificados de depósitos, títulos da dívida pública, 
notas promissórias, cédulas hipotecárias etc. No mundo financeiro esses papéis 
com valor financeiro são conhecidos como valores mobiliários, e estão sujeitos ao 
rigoroso controle e regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Essa breve definição permite-nos desenvolver mais um pouco a pergunta. 
O mercado de capitais permite aos agentes interessados (principalmente empresas 
e governo) captar recursos dos investidores e distribuir esses recursos conforme 
a dinâmica da própria economia, refletidos nos valores mobiliários que circulam 
no mercado de capitais. Isso permite a transferência de recursos monetários entre 
agentes investidores (com excedente de caixa/superavitários) para os agentes 
que estão precisando de recursos monetários para diversos fins (deficitários). 
Podemos dizer que há uma correlação entre a dinâmica do mercado de capitais, 
tanto nacional como internacional, com o constante fornecimento de recursos 
monetários para as diversas atividades econômicas, tais como da indústria, do 
comércio, governo.
Observe que nessa definição do mercado de capitais se fala várias vezes 
da atividade econômica. Assim, para conseguir entender e atuar no mercado 
de capitais, é necessário entender os princípios econômicos e financeiros que 
dinamizam o mercado de capitais do país e do mundo. É precisamente por esse 
motivo que em toda a Unidade 1 estudaremos sobre isso! Agora, vamos começar 
nossos estudos falando sobre economia e finanças e seu impacto na movimentação 
financeira. Vamos lá?
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
4
2 NOÇÕES DE ECONOMIA
Qual o foco da ciência econômica? Existem várias respostas para essa 
pergunta, mas existe uma que é bem interessante de se observar, a economia 
analisa a escassez relativa de recursos objetivando satisfazer as necessidades e 
desejos da sociedade. Neste caso, quando falamos de recursos, estamos focando 
nos recursos produtivos (matéria-prima, bens de capital, recurso humano etc.) 
que são negociáveis no mercado dos fatores da produção para que as empresas 
possam produzir e ofertar no mercado de bens e serviços e assim satisfazer 
as diversas necessidades e desejos das pessoas que interagem em sociedade. 
Segundo Samuelson e Nordhaus (2012, p. 3):
A essência da ciência econômica é compreender a realidade da 
escassez e, então, conceber como organizar a sociedade de modo a 
corresponder ao uso mais eficiente dos recursos. É nisso que reside a 
contribuição específica da ciência econômica.
Diante do exposto, “A essência da ciência econômica é compreender a realidade da 
escassez [grifo nosso]”, assim, se um bem não é escasso, nós, como consumidores, não 
percebemos sua real necessidade. Pense no ar que respiramos desde que nascemos 
até o último dia aqui neste mundo, esse é um bem essencial à vida! Mas como não é 
escasso, nós, como seres humanos, não nos conscientizamos de seu real valor para 
nos manter vivos! Isto, em termos econômicos, quer dizer que desde o momento 
em que um bem se torna escasso, ele se torna um bem com “valor econômico”. 
Entretanto, como essa gestão da “escassez” pode ser executada na 
atividade econômica de um país? Essa atividade é executada por meio dos três 
grandes agentes econômicos (famílias/consumidores, produtores/empresas e o 
governo), que negociam seus interesses no mercado. Por um lado, as empresas 
procuram suas necessidades de produção adquirindo recurso produtivo no 
mercado dos fatores de produção, e por outro lado, os consumidores procuram 
satisfazer suas necessidades no mercado de bens e serviços.
Partindo desse conceito básico, a economia vai se focando e especializando 
nas suas diversas formas, partindo da economia positiva e normativa, até as duas 
grandes divisões da análise econômica: Microeconomia e Macroeconomia. Neste 
tópico não vamos aprofundar sobre esses elementos da economia, isso pode nos 
levar para o estudo de várias páginas! Mas vamos nos focar no essencial para 
conseguir entender melhor seu vínculo com as atividades do mercado de capitais.
2.1 ECONOMIA POSITIVA E NORMATIVA
Ao estudar uma série de acontecimentos econômicos, a economia se 
torna positiva e levanta uma série de questionamentos a serem respondidos por 
meio de ferramentas de análise econômica. Logo, a economia positiva analisa 
fatos para descrevê-los e assim conseguir responder aos questionamentos sobre o 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
5
assunto. Enquanto que a economia normativa, por sua parte, analisa as condições 
econômicas do momento para levantar uma série de condicionamentos que 
envolvem juízos de valor.
Declarações positivas são descritivas e referem-se a como o mundo 
é. A declaração de Norma é normativa. Declarações normativas são 
prescritivas e referem-se a como o mundo deveria ser. (MANKIW, 
2013, p. 29)
Segundo o exposto pelo autor, a análise positivaanalisa fatos, e a normativa 
analisa o “como” as coisas deveriam ser, observe os seguintes exemplos:
• Por que o serviço de Uber possui melhores tarifas que o serviço de táxi?
• Será que para garantir um mínimo de redução da desigualdade é conveniente 
aumentar o universo de pessoas sujeitas ao recebimento da Bolsa Família?
• O Brasil deveria negociar com a China para reduzir as tarifas sobre as 
importações?
• O acordo assinado durante a greve dos caminheiros (21 de maio de 2018) de 
fato aumentou a renda destes?
• Uma taxa básica de juros (Selic) mais baixa aquece o consumo?
• Será que para diminuir a pressão no aumento nos preços (inflação) dever-se-ia 
aumentar os juros básicos da economia? 
Destes questionamentos, os que abordam uma análise positiva da 
economia são o primeiro, o quarto e o quinto, e como economia normativa temos 
o segundo, o terceiro e o sexto. Conseguiu visualizar a diferença? A economia 
positiva analisa fatos que servem, entre outras coisas, como base para levantar uma 
série de hipóteses que serão de alimento para desenvolver políticas econômicas, 
assim, as duas (positiva e normativa) estão intimamente interligadas, observe: 
[...] uma visão positiva do mundo afeta a visão normativa sobre quais 
políticas são necessárias. A afirmação de Polly de que o salário mínimo 
provoca desemprego, se verdadeira, pode levá-la a rejeitar a conclusão 
de Norma de que o governo deveria aumentar o salário mínimo. Além 
disso, as conclusões normativas não resultam apenas da análise positiva, 
pois também envolvem juízos de valor. (MANKIW, 2013, p. 30)
Essa diferenciação é muito importante levar em consideração, e não só 
para questões econômicas, mas também para situações complexas no mercado de 
capitais, nas finanças das empresas e em outras situações. No contexto do mercado 
de capitais, será que com a diminuição da taxa de juros básica (Selic) consegue-se 
aquecer o mercado de ações na Bolsa de São Paulo? Se diminuir a atratividade 
dos títulos da dívida pública (com menores juros, esses papéis se tornam menos 
rentáveis), consequentemente os investidores irão procurar melhor rentabilidade 
no mercado de ações. Eis aqui um exemplo de como a análise positiva e normativa 
pode ser aplicada ao mercado de capitais!
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
6
2.2 MICROECONOMIA E MACROECONOMIA
No contexto do mercado de capitais é útil entender como a Macroeconomia 
se torna uma ferramenta de análise efetiva para delinear políticas monetárias. 
No contexto macroeconômico, a política econômica utiliza os dados vindos dos 
grandes agregados macroeconômicos visando dinamizar a atividade econômica 
foco da microeconomia. Isto quer dizer que por meio da análise dos agregados 
macroeconômicos consegue-se dinamizar a atividade econômica dos agentes 
econômicos atuantes no mercado.
Observe que a Microeconomia e a Macroeconomia estão interligadas. Em 
termos analógicos, a Macroeconomia observa os agregados da dinâmica econômica 
(como se fosse o ecossistema de uma grande floresta). E a Microeconomia é a 
análise do comportamento individual dos agentes econômicos quando se 
observa as suas particularidades, isto é, o comportamento do consumidor, o 
comportamento da empresa e a articulação do governo na atividade econômica. 
Observe que sem a atividade individual dos agentes econômicos analisados na 
Microeconomia, simplesmente não haveria Macroeconomia.
A macroeconomia é o estudo do comportamento da economia como 
um todo. Examina as forças que afetam empresas, consumidores e 
trabalhadores no seu conjunto. A macroeconomia contrasta com a 
microeconomia, que estuda os preços, as quantidades e os mercados 
individualmente. (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 326)
Sem uma inter-relação eficiente entre atividade microeconômica e 
do grande “ecossistema” macroeconômico, a dinâmica econômica perde 
estrutura e estaria sujeita ao impacto de diversos choques que poderiam levar 
até à desintegração da sociedade. Veja a seguir como a microeconomia e a 
macroeconomia encontram-se inter-relacionadas.
Uma maneira fácil de enxergar essa inter-relação é por meio do fluxo 
monetário da economia. Nesta interpretação simples do fluxo circular de uma 
economia apresenta-se uma visão esquemática dos agentes econômicos, na qual 
as decisões são tomadas pelas:
• Famílias, donas dos recursos produtivos necessários à produção, e como 
consumidoras, as famílias demandam os bens/serviços produzidos e ofertados 
pelas empresas.
• Empresas, donas dos meios de produção que compram os recursos produtivos 
para serem processados e transformados em bens/serviços procurados pelas 
famílias (consumidores).
Esses agentes interagem nos mercados de bens/serviços, nos quais 
as famílias procuram satisfazer suas necessidades e desejos comprando as 
mercadorias e serviços ofertados pelas empresas. A segunda interação destes 
agentes acontece no mercado de fatores de produção, no qual as famílias (como 
donas dos recursos produtivos) ofertam esses recursos às empresas.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
7
FIGURA 1 – FLUXO MONETÁRIO DA ECONOMIA
FONTE: Mankiw (2013, p. 24)
= Fluxo de insumos
 e produtos
= Fluxo de dólares
Salários,
aluguéis
e lucro
Fatores de
produção
Trabalho,
terra e
capital
Bens e
serviços
vendidos
Bens e
serviços
comprados
Receita Gastos
Renda
• Produzem e vendem
 bens e serviços
• Contratam e usam
 fatores de produção
• Famílias vendem
• Empresas compram
• Empresas vendem
• Famílias compram
• Compram e consomem 
bens e serviços
• Possuem e vendem
 fatores de produção
EMPRESAS
MERCADOS
DE FATORES
DE PRODUÇÃO
MERCADOS
DE BENS E 
SERVIÇOS
FAMÍLIAS
O conjunto externo de setas representa o fluxo de dinheiro e o conjunto 
interno de setas refere-se ao fluxo correspondente de insumos e produtos.
Observe que nesse fluxo monetário os Recursos Produtivos são 
fornecidos por meio de Remunerações, ou incentivos monetários. Recursos que 
logo são processados e transformados pelas Empresas em bens e serviços a serem 
ofertados às famílias. A seguir podemos visualizar a dinâmica do mercado dos 
fatores de produção:
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
8
FIGURA 2 - RECURSOS EM TROCA DE REMUNERAÇÕES/INCENTIVOS MONETÁRIOS
FONTE: O autor
Mercado dos fatores da produção
Adquiridos pelas empresas Moeda Local – R$ Ofertados pelos donos dos recursos em troca de R$
Recursos Naturais → Moeda → Aluguel
Recurso Humano → Moeda → Salário
Recursos de Capital → Moeda → Lucro e Juros
Recurso Tecnológico → Moeda → Royalties / Regalias
Recurso Empresarial → Moeda → Lucro
É dessa maneira que o ciclo do fluxo monetário vai se fechando 
continuamente, pois os donos dos recursos irão receber recurso monetário 
que será a fonte de renda para as famílias conseguirem consumir o que as 
empresas ofertarem. Observe que a análise deste fluxo monetário faz parte da 
microeconomia, pois ela estuda o comportamento dos interesses econômicos tanto 
dos consumidores como dos produtores em função da dinâmica dos mercados.
No entanto, será que esse fluxo é harmônico, sem apresentar grandes 
oscilações? Na vida real, a economia possui ciclos de crescimento/aquecimento e 
de decrescimento/crises econômicas, em função das oscilações no comportamento 
dos agentes econômicos. Grande parte dessas oscilações acontece pelos seguintes 
motivos ou vazamentos:
• Mudanças no nível de poupança das famílias - quando as famílias desejam 
economizar mais do que o normal haverá uma redução no fluxo monetário, logo, 
uma tendência em reduzir as compras às empresas. Resultado? As empresas 
começam a ter maiores estoques de produto e logo começam a reduzir sua 
produção, que por sua vez reduz a demanda de recursos produtivos, reduzindo 
assim a renda das famílias.Deste modo, o fluxo monetário começa a se reduzir. 
• Mudanças nos tributos cobrados pelo governo - se o governo arrecadar mais 
do que o fluxo a que está habituado, haverá uma redução da renda das famílias 
a assim apresenta-se uma redução no fluxo monetário.
• Mudanças no saldo líquido da balança comercial - se há um aumento nas 
importações e as exportações se mantêm iguais, logo, haverá uma diminuição 
da renda disponível na economia, pois parte da renda das famílias vai para o 
exterior por meio da compra de produtos importados. Isso acontece porque 
essa renda paga pelos produtos importados beneficia as empresas lá de fora, 
no exterior, e não as empresas nacionais, logo, é um fluxo negativo.
Assim, nesses ciclos de crescimento e crises econômicas, os vazamentos do 
fluxo possuem um papel importantíssimo, e é aí que a análise macroeconômica 
começa a interagir com a microeconomia. Nesses casos, por meio da análise dos 
agregados econômicos (macroeconomia), o governo desenvolve suas políticas 
econômicas, podendo interferir no fluxo monetário para que esses vazamentos 
parem de acontecer, influenciando, entre outras coisas, o mercado de capitais, assim: 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
9
• Vazamento da poupança - o sistema financeiro começa a aumentar o nível 
de empréstimos às famílias e às empresas para incentivar o consumo e assim 
compensar o vazamento.
• Vazamento dos impostos - o governo pode aumentar seu gasto por meio de 
investimentos em infraestrutura, novas escolas etc. Assim, essa redução na 
renda das famílias em função ao aumento dos impostos será compensada pelo 
aumento do gasto público.
• Vazamento do saldo líquido da Balança Comercial - por meio de incentivos 
e políticas de comércio exterior, o governo pode incentivar o aumento das 
exportações, compensando assim esse vazamento de renda ao exterior.
Talvez você esteja se perguntando: interessante rever estes conceitos 
econômicos, mas qual é sua ligação com o mercado de capitais? Observe que o fluxo 
monetário depende de moeda para conseguir se manter tanto nos mercados de bens/
serviços como no mercado dos fatores de produção. A eficiente dinâmica dessa 
“moeda”, em grande parte, dependerá do mercado de capitais, logo, para entender 
melhor a estrutura do mercado de capitais, objeto deste livro de estudos, é importante 
levar em consideração os conceitos econômicos básicos aqui apresentados.
É precisamente nesse foco que as políticas econômicas ajudam a que 
essa inter-relação seja o mais eficiente possível dentro do quadro econômico do 
momento. Vejamos alguns exemplos de quais podem ser os questionamentos 
macroeconômicos envolvidos na análise do mercado de capitais:
Está ocorrendo um período de exuberância financeira, com os preços 
das ações subindo rapidamente? Ou o Banco Central está utilizando 
a política monetária para combater os efeitos da queda dos preços da 
habitação e de uma crise financeira? (SAMUELSON; NORDHAUS, 
2012, p. 326). 
Esses questionamentos dificilmente poderiam ser levantados sem antes 
se ter uma prévia de indicadores dos agregados macroeconômicos, por isso eles 
serão estudados logo a seguir, levando em consideração o mercado de valores.
3 INDICADORES MACROECONÔMICOS RELEVANTES AO 
MERCADO DE CAPITAIS
Existe uma série de indicadores macroeconômicos que influenciam 
diretamente no mercado de capitais e outros indicadores de maneira indireta. 
Entre os mais relevantes, tem-se: o Produto Interno Bruto (PIB), índices de inflação 
(principalmente IPCA e IGP-M), taxa básica de juros (Selic), taxa de câmbio, taxa 
de Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e a taxa referencial (TR).
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
10
3.1 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)
Para medir o nível econômico de uma região, um dos melhores 
indicadores é o PIB, mas qual o significado de PIB? Em resumo, ele é a soma das 
riquezas geradas durante um período por região, pode ser a nível de um estado 
da federação brasileira, do Brasil, ou até de uma grande região, tal como da 
União Europeia. No caso do Brasil, o PIB é medido trimestralmente pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
DICAS
Já visitou o site do IBGE? Ele possui interessantes dados econômicos, industriais, 
geográficos, entre outros, que poderão ajuda-lo em diversas situações, tanto acadêmicas 
como profissionais. Acesse: <https://www.ibge.gov.br/index.php>.
O PIB pode ser medido desde várias perspectivas, pelo nível da renda do 
país, pelos fatores da produção ou pelas despesas geradas. Desde o ponto de vista 
da produção, o PIB é medido pela coleta dos setores da agropecuária, indústria 
e pela geração de serviços. Segundo fontes do Banco Mundial, no ano de 2017 a 
geração do PIB por setores produtivos foi: Agropecuária, 10,3%; Indústria, 20,8% 
e Serviços, 68,8%, conforme podemos observar a seguir:
QUADRO 1 – PIB BRASIL 2017 POR SETORES
FONTE: <https://data.worldbank.org/country/brazil>. Acesso em: 05 ago. 2018.
Geração de PIB por setores produtivos Agropecuária Indústria Serviços
Setor 10,3% 20,8% 68,8%
Crescimento por setor -6,6% -3,8% -2,6%
Podemos observar que a geração do PIB do Brasil é majoritariamente 
gerada pelo setor de serviços, eis a importância dentro do contexto das fontes de 
recursos monetários para este setor. Mas será que a medição do PIB é diferente 
se ele é medido desde a perspectiva da geração da renda ou do consumo, e não 
desde a perspectiva da produção? O valor da medição feita dessa conta (PIB) será 
exatamente igual sob qualquer dessas perspectivas, observe a figura a seguir, nela 
é mostrada a geração de fluxo monetário (semelhante à estudada anteriormente), 
mas com a diferença de que nela se leva em consideração as diferentes perspectivas 
de geração do PIB.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
11
FIGURA 3 – FLUXO MONETÁRIO E A MEDIÇÃO DO PIB
FONTE: Mankiw (2013, p. 467)
= Fluxo de insumos
 e produtos
= Fluxo de moedas
Salários,
aluguéis
e lucro (=PIB)
Fatores de
produção
Trabalho,
terra e
capital
Bens e
serviços
vendidos
Bens e
serviços
comprados
Receita
(=PIB)
Despesas
(=PIB)
Renda (=PIB)
EMPRESAS
MERCADOS
DE FATORES
DE PRODUÇÃO
MERCADOS
DE BENS E 
SERVIÇOS
FAMÍLIAS
O PIB é igual ao total das despesas das famílias no mercado de bens e 
serviços. E é igual também ao total de salários, aluguéis e lucros pagos 
pelas empresas no mercado de fatores de produção.
Então, a medição do PIB sob qualquer das perspectivas mostradas na 
figura será igual, logo, são diversas maneiras de analisar os agregados econômicos 
em função dos objetivos da gestão da política econômica do momento. 
3.2 ÍNDICES DE INFLAÇÃO
Seguramente você já deve ter reparado que uma nota de R$ 100,00 de 
hoje não consegue comprar a mesma quantidade de produtos no supermercado 
do que uma nota desse mesmo valor há 10 anos. Com certeza, nesse período 
você poderia adquirir mais produtos, mas quanto mais? Daqui a pouco vamos 
conferir isso, por meio dos dados estatísticos do IBGE, mas antes disso vamos 
rever alguns conceitos do que é mesmo a inflação.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
12
A inflação é basicamente a perda de poder aquisitivo de uma moeda 
considerando o fator tempo, no Brasil essa moeda é o R$. Em outras palavras, a 
inflação é a elevação dos preços na atividade econômica, segundo Samuelson e 
Nordhaus (2012, p. 538):
A inflação ocorre quando o nível geral de preços está aumentando. 
Atualmente, calculamos a inflação recorrendo a índices de preços – 
médias ponderadas dos preços de milhares de produtos individuais. O 
índice de preços ao consumidor (IPC) quantifica o custo de uma cesta 
de bens e serviços de mercado em relação ao custo desse conjunto em 
determinado ano-base.
E aqui no Brasil, quem fazmonitoramento do Índice de Preços ao 
Consumidor (IPC)? Existem várias instituições que fazem esse monitoramento, 
esses índices de inflação: “[...] são calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia 
(IBGE), pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e pela Fundação 
Getúlio Vargas (FGV)” (BRUNI, 2009, p. 77). Em termos nacionais, o índice 
aplicado é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, este índice:
[...] consiste em um indicador com abrangência nacional, divulgado 
pelo IBGE, utilizado pelo Banco Central como parâmetro para 
verificação dos objetivos do Regime de Metas de Inflação desde 1999. 
A desagregação oficial é a seguinte: alimentação e bebidas (peso de 
22,7%), habitação (peso de 16,4%), artigos de residência (peso de 
5,7%), vestuário (peso de 5,4%), transportes (peso de 21,4%), saúde e 
cuidados pessoais (10,6%), despesas pessoais (9,4%), educação (4,8%) 
e comunicação (3,6%) (BRUNI, 2009, p. 78).
O índice de inflação feito pela FGV é conhecido como Índice de Preços do 
Mercado (IGP-M) e embora seja também uma ponderação, esta é feita por meio 
da medição de preços dos grandes setores da atividade econômica, se registrando 
a inflação desde matérias-primas, atividade agrícola e industrial até chegar ao 
índice de preços de consumo final. Neste caso do IGP-M é feita uma média 
ponderada da junção de três grandes índices de abrangência nacional: “Índice 
de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) – 60%; Índice de Preços ao Consumidor 
(IPC-M) – 30%; Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) – 10%” 
(Índices e Indicadores, 2018).
3.2.1 Caso prático do impacto da inflação
Como foi observado, a inflação é o índice que mede a perda de poder 
de compra da atividade econômica de uma região, no caso do Brasil a inflação 
pode ser observada por meio dos índices IPCA, o IGP-M, entre os principais. 
Entretanto, como essa perda de valor pode ser visualizada? Suponha que você 
tem nas suas mãos uma nota de R$ 100,00, qual era o poder de compra desta nota 
há 10 anos? Bem menos, correto? Mas de quanto seria essa perda? 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
13
Suponha que você vai ao supermercado e com essa nota de R$ 100 
consegue comprar um quilo de queijo, R$ 30,00; um quilo de arroz, R$ 3,00; 500 
gramas de feijão vermelho, R$ 7,50; diversas verduras e legumes, R$ 20,00; ovos e 
mais outras proteínas, R$ 30,00; produtos de limpeza, R$ 9,50. O total disso seria 
R$ 100,00, mas quantas coisas se poderia comprar com essa mesma nota de R$ 
100 há 10 anos? Levando em consideração a inflação, com certeza alguma coisa a 
mais, e para determinar um referencial de poder de compra dessa nota de R$ 100, 
temos que considerar a inflação dos últimos 10 anos e calcular o valor de compra. 
Para isso, vamos ter que olhar o índice histórico da inflação dos últimos anos, 
conforme o quadro a seguir:
QUADRO 2 – PERDA DO PODER DE COMPRA DO REAL
FONTE: Adaptado de IBGE (2018) 
Valor do Poder de Compra
Anos Valor Perda de
poder
Taxa de 
Inflação ano*2008 R$ 179,55
2009 169,64 9,91 5,84%
2010 162,20 7,44 4,59%
2011 153,03 9,17 5,99%
2012 144,07 8,96 6,22%
2013 135,72 8,35 6,15%
2014 128,54 7,19 5,59%
2015 119,97 8,57 7,14%
2016 108,37 11,61 10,71%
2017 102,86 5,50 5,35%
2018 100,00 2,86 2,86%
Lembra da fórmula de valor presente aplicada no quadro?
Valor Presente: VF x (1 + i)-n , onde: VF = Valor Futuro, i = taxa de juros e n = períodos.
No cálculo da perda de valor do dinheiro (inflação) mostrado no quadro, trocamos “VF” pelo 
valor em um ano determinado e ‘i” pela taxa de inflação, exemplo:
Valor referencial ano 2009 → R$ 169,64 = 179,55 x (1 + 0,0584)-1 
Valor referencial ano 2010 → R$ 169,64 = 179,55 x (1 + 0,0459)-1
Valor referencial ano 2011 → R$ 169,64 = 179,55 x (1 + 0,0599)-1
E assim sucessivamente até chegar ao ano 2018, ano no qual esse valor será de R$ 100,00.
Observe que na fórmula do cálculo da perda anual do valor aplica-se “n” = -1. Isso em 
função de que o período a ser apurado é por cada ano, logo, “n” = - 1.
ATENCAO
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
14
Desse quadro podemos observar que esses R$ 100,00 há 10 anos podiam 
ter comprado mais 80% de produtos lá no supermercado nesse ano! Em termos 
econômico-financeiros, essa inflação histórica pode ser interpretada da seguinte 
maneira:
• Esses R$ 179,55 tiveram uma perda de poder de compra de 44,31% (44,31% = 
35/63/85/65/65/6x 100), ou seja, R$ 100,00 = R$ 179,55 – 44,31%, seu cálculo seria assim: 
R$ 179,55 – 0,4431 x R$ 179,55 = R$ 179,55 – R$ 74,17 = R$ 100,00.
• A inflação média por ano desses últimos 10 anos foi de 6,0275% ao ano, vamos 
conferir? 6,03% = 179,55 x (1 + 0,060275)-10 ou seja, inflação média de 6,03%n ao 
ano.
R$ 100,00
R$ 179,55
QUADRO 3 - PERDA DO PODER DE COMPRA DO REAL
FONTE: Adaptado de IBGE (2018)
Valor do Poder de Compra
Anos Valor Perda de
poder
Taxa de 
Inflação ano*2008 R$ 179,55
2009 169,64 10,21 6,03%
2010 159,72 9,63 6,03%
2011 150,64 9,08 6,03%
2012 142,07 8,56 6,03%
2013 134,00 8,08 6,03%
2014 126,38 7,62 6,03%
2015 119,19 7,18 6,03%
2016 112,42 6,78 6,03%
2017 106,03 6,39 6,03%
2018 100,00 6,03 6,03%
Observe que em ambos os quadros o valor final desses R$ 179,55, há 10 
anos, termina sendo em valores comparativos aos atuais, no ano 2018, de R$ 
100,00. A única diferença é que no primeiro quadro leva-se em consideração a 
taxa histórica de cada ano até chegar a janeiro do ano 2018. E no segundo quadro, 
leva-se em consideração a taxa média da inflação durante esses 10 anos.
O mais importante deste pequeno estudo sobre a inflação é que não é 
possível analisar valores monetários entre diferentes períodos sem levar em 
consideração o fator inflação. 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
15
Os R$ 100, 00 de hoje não são os mesmos que há 10 anos. Em termos 
figurativos, árvores de peras e maçãs sâo praticamente iguais, elas produzem 
frutas semelhantes, mas não iguais. O mesmo acontece com o dinheiro, R$ 100,00 
de hoje parecem iguais aos R$ 100,00 de há um ano, mas possuem um poder de 
compra diferente. Assim, para conseguir equiparar e avaliar o poder de compra do 
dinheiro em tempos diferentes, sempre é necessário ponderar a taxa de inflação.
 
Então, para conseguir comparar valores monetários entre dois períodos, 
é básico levar em consideração a inflação. Uma vez feito isso, você poderá fazer 
uma análise de valor entre esses períodos, suponha entre dois anos consecutivos. 
Essa conscientização do valor real do dinheiro no tempo é fundamental para 
fazer análises comparativas nos mercados de capitais.
3.3 PRODUTO INTERNO BRUTO NOMINAL (PIB NOMINAL) 
VERSUS PIB REAL 
Uma vez estudadas as noções básicas da inflação, vamos entrar na questão 
do PIB Nominal versus o Real, que envolve o fator inflação. Será que se consegue 
comparar o crescimento real do PIB do Brasil em função direta do valor dele 
em real de um ano para outro? A resposta é não, pois conforme o que acabamos 
de estudar sobre a inflação, o PIB Real considera o PIB Nominal menos o fator 
inflação desse período.
IMPORTANT
E
Para visualizar melhor isto, suponha a comparação do PIB dos anos 2015 e 2016. 
Segundo IBGE, eis o resultado: o crescimento do PIB Nominal entre o ano 2015 e 2016 foi de 
7%! Passando de R$ 5.9 trilhões para R$ 6,3 trilhões.
Acesse o link: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/2013-agencia-de-noticias/releases/9439-
pib-recua-3-6-em-2016-e-fecha-ano-em-r-6-3-trilhoes.html>.
Mas nesses anos o Brasil não estava em recessão? A resposta é sim, o 
Brasil estava em recessão. Nessa época, de fato, o crescimento econômico real 
foi negativo, ou seja, houve decrescimento do PIB. Assim, desse crescimento 
monetário do PIB de 7% devemos descontar o fator da inflação, que foi de 10,6%, 
segundo o IBGE (2018). Considerandoa inflação, qual deveria ser o PIB Real 
desse ano? O PIB Real será de -3,6% = 7,0% - 10.6%
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
16
Observe que o crescimento do PIB em termos monetários cresceu 7% 
entre esses dois anos, porém, a economia brasileira estava de fato decrescendo. 
Nesse ano a inflação foi de 10,6%. Logo, essa inflação maior faz com que o poder 
aquisitivo da moeda perca valor em função do tempo. Deste modo, quando 
se comparar o PIB ao longo do tempo, sempre será feito conforme a dinâmica 
do PIB Real e não do PIB em valores correntes (PIB Nominal). Sintetizando, na 
linguagem econômica:
• O PIB do Brasil em valores correntes ou monetários é medido em R$, conhecido 
como PIB Nominal, exemplo: o PIB Nominal do ano 2016 foi de R$ 6,3 trilhões.
• O PIB Real é referenciado em porcentagem, leva em consideração o fator da 
inflação, ou seja, é apurado por meio do crescimento do PIB Nominal (em %) 
menos o fator da inflação em %. Exemplo: o PIB Real do ano 2016 foi de -3,6%, 
sinalizando um decrescimento da economia nessa proporção nesse ano.
Deste modo, em termos comparativos há o PIB Nominal, que informa o 
crescimento em termos correntes, em moeda Real durante um período. E o PIB Real, 
que informa a geração de riqueza real durante um período, se descontada a inflação.
[...] os economistas usam uma medida denominada PIB real que 
responde à seguinte pergunta hipotética: qual seria o valor dos bens e 
serviços produzidos este ano se os avaliássemos com base nos preços 
vigentes em algum outro ano específico no passado? Quando se avalia 
a produção corrente a preços fixos em níveis passados, o PIB real 
mostra como a produção geral de bens e serviços da economia muda 
com o passar do tempo. (MANKIW, 2013, p. 473)
Por motivos do foco de nossos estudos, não vamos nos aprofundar mais 
na comparação do PIB Nominal versus PIB Real, mas, para finalizar, vamos fazer 
a comparação real da economia brasileira durante os últimos anos, tanto do 
crescimento PIB como do crescimento do PIB per capita.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
17
GRÁFICO 1 – CRESCIMENTO DO PIB E PIB PER CAPITA, ANOS 2000 ATÉ 2016
FONTE: <https://bit.ly/2PQ4rMx>. Acesso em: 23 out. 2018
GRÁFICO II.1 - PIB e PIB per capita
Taxa (%) de crescimento anual
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
-2,0
-4,0
-6,0
PIB per capitaPIB
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
Observe que no gráfi co está exposto só PIB e não PIB Real. Em termos 
econômicos, quando se expõe taxas de crescimento do PIB, fi ca subentendido que 
esse é o PIB Real. Assim, ao fazer comparações de crescimento do PIB durante um 
período, neste caso, desde o ano 2000 até o ano 2016, não é necessário colocar no 
gráfi co “PIB Real”. Ao se observar crescimentos em termos de porcentagem (%), 
automaticamente esse termo “PIB” refere-se ao “PIB Real”.
3.4 PIB REAL POR SETORES ECONÔMICOS
No mercado de capitais é importante saber quais são as perspectivas 
de crescimento econômico, eis a relevância de conhecer os dados tanto do PIB 
Nominal quanto do PIB Real. Mas, além disso, para o mercado de capitais também 
é importante identifi car a tendência de crescimento por setores econômicos e 
inclusive por regiões dentro do mesmo país. Isso com o objetivo de determinar 
quais setores poderiam trazer melhores rendimentos aos capitais investidos nos 
setores de interesse.
Embora o ano 2016 produza um crescimento PIB negativo de -3.6%, ao fi nal 
desse mesmo ano a economia nacional já tinha sinais de uma leve melhora, se levar 
em consideração que no ano 2015 o PIB cresceu -3,8%. Inclusive, no último semestre 
do ano 2016, o PIB teve um decrescimento de -0,9%, conforme o quadro a seguir, 
que mostra os dados do último trimestre do ano 2016 por setores econômicos:
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
18
QUADRO 4 – CRESCIMENTO DO PIB POR SETORES ECONÔMICOS – ÚLTIMO 
TRIMESTRE DO ANO 2016
FONTE: <https://bit.ly/2Ao5xdh>. Acesso em: 23 out. 2018.
PERÍODO DE 
COMPARAÇÃO
INDICADORES
PIB AGROPEC INDUS SERV FBCF CONS.FAM
CONS.
GOV
Trimestre / trimestre 
imediatamente anterior (c/ 
ajuste sazonal)
-0,9 1,0 -0,7 -0,8 -1,6 -0,6 0,1
PERÍODO DE 
COMPARAÇÃO
INDICADORES
PIB AGROPEC INDUS SERV FBCF CONS.FAM
CONS.
GOV
Trimestre / trimestre 
imediatamente anterior (c/ 
ajuste sazonal)
0,4% 1,4% 0,1% 0,1% 0,6% 0,5% -0,4%
Segundo o site do IBGE (2018), o PIB caiu 0,9% no 4º trimestre de 2016 
frente ao 3º trimestre, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. É o 
oitavo resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. A agropecuária 
cresceu 1,0%, enquanto que a indústria (-0,7%) e os serviços (-0,8%) recuaram.
Neste quadro podemos observar que embora o PIB tenha caído -3,6% em 
2016, no último trimestre desse ano a queda já não era tão acentuada, inclusive 
mostra setores com sinais de uma leve recuperação, tais como a agropecuária e 
consumo do governo (CONS.GOV). Os setores de serviço (SERV.), de investimentos 
em bens de capital - Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - e consumo das 
famílias (CONS.FAM) ainda estavam em fase de decrescimento. Esses dados são 
importantes para marcar tendências de investimentos por setores econômicos, ao 
final desse ano (2016), provavelmente, o mercado de capitais estava mais ativo no 
setor da agropecuária que nos demais setores.
E no primeiro trimestre do ano 2018, como foi o comportamento do PIB? 
Segundo os dados a seguir, foram bem melhores que no final de 2016. 
QUADRO 5 – CRESCIMENTO DO PIB POR SETORES ECONÔMICOS – PRIMEIRO 
TRIMESTRE DO ANO 2018
FONTE: <https://bit.ly/2qfjAfr>. Acesso em: 23 out. 2018.
Dentre as atividades econômicas, o crescimento de 0,4% foi favorecido pela 
expansão de 1,4% da Agropecuária. A Indústria e os Serviços tiveram variação 
positiva de 0,1%. Na Indústria, houve expansão de 2,1% na atividade de Eletricidade 
e gás, água, esgoto e limpeza urbana e de 0,6% na Extrativa mineral (IBGE, 2018).
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
19
Os dois quadros anteriores mostram duas épocas diferentes do 
comportamento do PIB Real brasileiro. Isso em função das conjunturas do 
momento poderem marcar a diferença na hora de considerar investimentos em 
um dos setores econômicos. Assim, na gestão de mercado de capitais há um 
constante monitoramento do desempenho do PIB. Tendências do desempenho 
do PIB podem marcar mudanças em vários índices econômicos, entre eles a Taxa 
de Câmbio e a Taxa Básica de Juros (Selic), conforme iremos estudar a seguir.
4 A TAXA DE CÂMBIO
A taxa de câmbio é o valor relativo da moeda nacional versus uma cesta de 
outras moedas dos países com os quais o Brasil possui relações comerciais. Desde 
finais da década de 1990 até hoje, a tendência da taxa de câmbio está marcada 
pela relação da moeda nacional, R$, versus as principais moedas do comércio 
internacional, isto é, o dólar americano, US$, e o euro, €. Em menor peso também 
há uma análise da taxa de câmbio do R$ com a libra esterlina, £, a moeda do 
Japão, ¥, e a moeda da China, CNY. Até finais do século XX, a libra esterlina era a 
segunda moeda mais importante depois do US$.
A posição do câmbio mais usada aqui no Brasil é o R$ versus o US$, mas 
como é feita essa posição comparativa entre essas duas moedas? Fácil, veja a seguir:
• No fechamento do câmbio da sexta-feira, 17/08/2018, segundo o site do BACEN 
(2018), a taxa de câmbio do real versus o dólar norte-americano na posição de 
compra estava marcando R$ 3,9389 por US$ 1,00. Isso quer dizer que nesse dia 
eram necessários R$ 3,94 para adquirir um dólar americano.
Na posição cambial existem várias cotações de US$ conforme os diversos 
agentes que atuamnesse mercado, mas a cotação oficial é do Banco Central, 
conhecida como PTAX, segundo Bruni (2009, p. 79): 
No Brasil, a taxa PTAX pode ser considerada como a cotação oficial do 
dólar norte-americano em relação ao real, sendo definida como a taxa 
média ponderada do dólar norte-americano, praticada no mercado de 
câmbio, tomando por base as operações no mercado interbancário ao 
longo do dia.
Há uma série de sites que mostram as posições das moedas internacionais, desde 
a oficial do BACEN aqui no Brasil até de sites de confiança em nível internacional, seguem:
PTAX (BACEN): <https://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/ptaxnpesq.asp?id=txcotacao>
World Currencies da CNN: <https://money.cnn.com/data/currencies/> 
InfoMoney: <https://www.infomoney.com.br/mercados/cambio>
ATENCAO
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
20
No mercado do câmbio existe a posição valorizada ou desvalorizada em 
função das forças do mercado. Segundo Mankiw (2013, p. 29):
Quando a taxa de câmbio muda de modo que um dólar compre mais 
moeda estrangeira, essa mudança é chamada valorização do dólar. Se 
a taxa de câmbio muda de modo que um dólar compre menos moeda 
estrangeira, essa mudança é chamada desvalorização do dólar. Por 
exemplo, quando a taxa de câmbio sobe de 80 para 90 ienes por dólar, 
diz-se que o dólar se valorizou.
Conforme o exposto por Mankiw, as moedas podem sofrer valorizações ou 
desvalorizações em função de outras moedas, conforme a dinâmica da demanda 
e oferta no mercado de câmbio. Nesse sentido, se o país começar a exportar ou 
importar mais, o que irá acontecer? Veja a seguir:
• Posição valorizada da moeda local, o R$, isso pode acontecer quando houver 
maior demanda de reais versus dólares. Exemplo, há um aumento no volume 
das exportações, logo, quando os exportadores trouxerem essas vendas ao país 
deverão liquidar os US$ fruto dessas vendas, devendo comprar moeda local 
(R$). Assim, essa dinâmica de aumento das exportações pode colocar pressão 
na taxa de câmbio para valorização da moeda local, o real, ou visto desde 
outra perspectiva, haverá uma pressão de desvalorização do US$ versus o R$.
• Posição desvalorizada da moeda local, o real isso pode acontecer quando 
houver maior demanda de dólares versus o real. Exemplo, há um aumento no 
volume das importações, logo, quando os importadores tiverem que pagar as 
contas de seus fornecedores lá no exterior, logo, procuram US$ no mercado de 
câmbio para dar conta dessas obrigações. Assim, essa dinâmica de aumento 
das importações pode colocar pressão na taxa de câmbio para desvalorização 
da moeda local, o R$, ou visto desde outra perspectiva, haverá uma pressão de 
valorização do US$ versus o R$.
Esse foi um exemplo simples das pressões que podem surgir no mercado 
de câmbio do R$ versus o US$, mas no mercado de câmbio atuam outros fatores 
além da Balança Comercial (exportações menos importações), há também a 
entrada e saída de capitais, pagamento de juros ao exterior, cobrança de lucros 
das empresas brasileiras no exterior, etc. Nesse sentido, quando há um aumento 
na entrada de US$ no país, haverá também pressão para uma valorização da 
moeda local, o R$. Isso acontece porque todos esses US$ entrando no país devem 
ser vendidos para comprar R$. Logo, esses dólares vão ficando no Banco Central 
do Brasil (BACEN), mas em troca de R$ circulando na economia, movimentação 
que é medida por meio do Balanço de Pagamentos.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
21
4.1 INFLUÊNCIA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS NA 
POSIÇÃO CAMBIAL
O saldo em divisas (cesta de diversas moedas internacionais) que vai 
ficando no BACEN vai se refletindo nas Reservas Internacionais do país. Assim, o 
que gera pressões para uma valorização ou desvalorização da moeda local são as 
oscilações do saldo líquido de todas as entradas e saídas de divisas ao país. Esse 
saldo líquido é conhecido como saldo líquido do Balanço de Pagamentos. Mas o 
que quer dizer Balanço de Pagamentos?
Em termos monetários, todas as atividades comerciais e financeiras que o 
país faz continuamente ficam registradas na conta nacional conhecida como Balanço 
de Pagamentos, e o resultado de todas essas movimentações é o saldo líquido do 
Balanço de Pagamentos, que alimenta as Reservas Internacionais quando esse 
saldo líquido for positivo, porém quando for negativo, vai reduzir as Reservas 
Internacionais. Nesse sentido, essas Reservas Internacionais têm uma função 
importantíssima de garantir as transações internacionais. Logo, quanto melhor for 
o posicionamento das Reservas Internacionais, maior estabilidade traz à taxa de 
câmbio. Eis a importância da gestão das entradas e saída de divisas ao país. E entre 
os fatores mais importantes das oscilações do saldo líquido de divisas, são tanto a 
Balança Comercial como a movimentação de capitais entrando e saindo do país.
Além do fato de manter uma boa posição das reservas internacionais está 
a questão das perspectivas dessas do saldo líquido do Balanço de Pagamento. 
Assim, quando há a presença de uma crise econômica prolongada, isso se reflete 
como um risco à dinâmica das reservas internacionais, logo, pressões para uma 
desvalorização da moeda local, o R$. Fato que aconteceu nos anos 2014 e 2015, 
nessa época o real passou praticamente de R$ 2,00 para R$ 4,00 para comprar 1,00 
US$, veja a seguir a disparada do US$ nessa época:
GRÁFICO 2 – DISPARADA DO DÓLAR EM 2015
FONTE: <https://glo.bo/1mqrVZl>. Acesso em: 24 out. 2018.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
22
Essa disparada do US$ no ano 2015 é um reflexo das perspectivas dos 
mercados de alto risco da economia brasileira, logo, se apresentou uma disparada 
na procura de US$, fazendo com que a posição cambial mudasse para quase R$ 
4,00 por 1,00 US$ ao final do ano 2015. Isso apresentou uma tendência de produzir 
a possibilidade de obter um saldo líquido negativo do Balanço de Pagamentos. 
Lembre-se de que o Balanço de Pagamentos, na maioria dos países, é referenciado 
em US$ e “[...] é um demonstrativo sistemático de todas as transações econômicas 
entre o país e o restante do mundo. Seus componentes principais são a conta 
corrente e a conta financeira”. (SAMUELSON; NORDHAUS, 2012, p. 538). 
Então, qualquer mudança que acontecer, ou que “tem perspectivas de 
acontecer”, na Balança de Pagamentos se reflete na taxa de câmbio. Assim, a 
correta gestão do saldo líquido desta conta nacional é fundamental à estabilidade 
da taxa de câmbio. Veja a seguir as contas de entrada e saída de divisas que podem 
influenciar o Balanço de Pagamentos:
QUADRO 6 – ENTRADA E SAÍDA DE DIVISAS
FONTE: O autor
(+/-) Saldo Líquido das 
Transações Correntes
Valor líquido da Balança Comercial + Valor Líquido da Balança 
de Serviços + Valor das Transferências Unilaterais Correntes.
(+/-) Saldo em Conta de 
Capital e Financeira
(+/-) Investimentos Diretos
(+/-) Empréstimos
(+) Estrangeiros Investindo 
no país
(-) Brasileiros Investindo no 
Exterior.
(+) Novos Empréstimos
(-) Amortizações desses 
Empréstimos
(+/-) Capitais de Curto Prazo (+) Entrada destes (-) Saída destes
(+/-) Saldo do Balanço de 
Pagamentos
Saldo que vai alimentando às Reservas Internacionais
Observe que o resultado do saldo do Balanço de Pagamentos gera aumento 
ou redução das Reservas Internacionais, o que por sua vez se reflete na posição 
cambial, assim:
• Se há saldo positivo no Balanço de Pagamentos, haverá melhora nas Reservas 
Internacionais, logo, pressão para uma valorização da moeda nacional.
• Se há saldo negativo no Balanço de Pagamentos, haverá redução das Reservas 
Internacionais, logo, pressão para uma desvalorização da moeda nacional.
O resultado final do balanço internacional de pagamentos revela a 
posição do país em suas transações externas como um todo. As situaçõesde déficit indicam saídas de reservas cambiais superiores às entradas, 
implicando geralmente queda das reservas cambiais; superávits, 
contrariamente, indicam ingressos líquidos de recursos, com o aumento 
dos estoques de ativos externos do país. (ROSSETTI, 2003, p. 888)
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
23
No contexto das moedas emergentes, o Brasil possui reservas internacionais 
muito sólidas, equivalentes a mais de 14 meses de importações. Segundo o Banco 
Central do Brasil, as reservas internacionais para o mês de julho de 2018 somaram 
US$ 379,44 bilhões. Esse é um dos motivos do porquê, durante os meses de junho, 
julho e agosto de 2018, perante a forte crise de câmbio e fortalecimento do dólar 
na maioria de países ao redor do mundo, o real teve uma menor desvalorização, 
se se comparar com outras economias emergentes, tais como a disparada do dolar 
na Argentina, na Turquia e outros países.
Essa condição econômica de fortes reservas internacionais ajuda a reduzir 
uma maior desvalorização da que já se vem experimentando no ano 2018, se se 
levar em consideração a conjuntura de risco político lá fora, e aqui no Brasil perante 
as eleições presidenciais do mês de outubro de 2018, e do crescente aumento do 
gasto público. Em resumo, o Brasil, ao ter ótimas reservas internacionais (reflexo 
da gestão do Balanço de Pagamentos), é um fator determinante de redução de 
risco da dinâmica econômica do país, ajudando para ter uma melhor posição 
cambial relativa em função das condições econômicas e políticas internacionais. 
Segundo Máximo (2018, s. p.),“Exportação e reserva internacional mantêm risco 
país em níveis baixos”.
4.2 POLÍTICA CAMBIAL
As reservas internacionais servem como ferramenta para aplicações 
da política cambial dos países. E em função da dinâmica própria da economia 
nacional, o país pode decidir como interagir com o resto do mundo. Essa 
política cambial é executada pelo governo, e segundo a conjuntura econômica e 
competitividade nacional, o governo toma a decisão da maneira mais adequada 
para que sua moeda possa se relacionar no mercado de câmbio.
Essa definição de como o país vai se relacionar no mercado de câmbio 
é feita por meio de três grandes modelos: a Taxa Cambial Flutuante, a Taxa 
Cambial Fixa e a Taxa de Flutuação suja.
Por meio da Taxa Cambial Flutuante o país deixa o valor da moeda 
flutuar conforme as próprias forças do mercado cambial atuantes. Mas quais 
são essas forças atuantes no mercado de câmbio? Essas forças são determinadas 
principalmente por dois grandes fatores:
• Pelo saldo líquido do Balanço de Pagamentos e o posicionamento das reservas 
internacionais, isto é, o saldo líquido de tudo o que entra no país menos o que 
está saindo, conforme estudamos anteriormente.
• Pelas expectativas econômicas da própria dinâmica desse saldo líquido do 
Balanço de Pagamentos. Essas expectativas possuem fatores tanto internos da 
própria economia e política nacional, como de fatores externos do resto do mundo.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
24
A política cambial flutuante traz algumas vantagens, mas também traz 
desvantagens, aí cabe ao governo ponderar e determinar se vale a pena executar 
este tipo de política. As vantagens é que a própria posição cambial da moeda 
vai determinando gradativamente como essas forças expostas acima vão se 
encaixando no valor relativo da taxa de câmbio. Sendo as forças do mercado um 
fator diário, a taxa de câmbio sofre mudanças gradativas, pequenos impactos. 
Mas qual poderia ser uma desvantagem?
A desvantagem é que ao deixar o câmbio exposto 100% às forças do 
mercado, consequentemente, a moeda nacional fica muito exposta aos grandes 
choques e/ou mudanças drásticas das próprias forças do mercado, principalmente 
da entrada e saída de capitais estrangeiros. Pelo fato de ser uma taxa flutuante, há 
um fator de alto risco, que pode prejudicar as exportações, quando houver uma 
valorização muito drástica do R$; como também pode prejudicar as importações 
e/ou o controle da inflação quando houver uma desvalorização drástica. 
DICAS
Qual o significado de mercado de câmbio paralelo? É o mercado de câmbio 
informal, sem a intervenção das instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. 
Geralmente, há mercado paralelo quando a taxa de câmbio oficial está fixada num patamar 
artificialmente elevado. Ficou curioso? Acesse o artigo sobre o mercado paralelo na Argentina, 
país que há vários anos vem aplicando uma política de taxa fixa de câmbio: <http://exame.abril.
com.br/mercados/noticias/dolar-paralelo-retoma-alta-apesar-nova-medida-da-argentina>
Qual o significado de divisas? É a disponibilidade de moedas estrangeiras que 
possui um país.
ATENCAO
Entretanto, a política de taxa cambial fixa permite ao país segurar 
choques muito drásticos vindos das forças do mercado de câmbio. Em função 
disso, muitos países ficam tentados em determinar taxas de câmbio fixas, mas 
será que vale a pena segurar a taxa de câmbio mesmo quando o mercado dá sinais 
de mudança? No curto prazo até poderia dar certo, mas no longo prazo é bem 
possível que não, conforme você irá ler mais adiante.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
25
A dinâmica da política de taxa cambial fixa opera da seguinte maneira: O 
Banco Central define o valor fixo da taxa de câmbio, como aconteceu na primeira 
fase do Plano Real, lá em 1994. Nessa época, o governo fixou o valor da nova 
moeda, o real, em R$ 1,00 = US 1,00. Essa fixação do câmbio ajudou, e muito, a 
combater as pressões da hiperinflação da época. Mas será que o governo dessa 
época segurou o câmbio nesse valor R$ 1,00 = US 1,00 por muito tempo? O governo 
dessa época segurou o câmbio nesse patamar até cumprir sua meta de derrubar o 
excesso de inflação enraizada na economia brasileira. Mas logo após cumprir sua 
meta, o câmbio voltou para seu patamar flutuante. 
Como norma de política econômica, uma taxa fixa é implantada por um 
prazo determinado para cumprir finalidades específicas. Observe que com ou 
sem fixação de taxas cambiais, no longo prazo as forças do mercado tomam conta 
das posições cambiais. Levando isso em consideração, o governo da época, com o 
Plano Real, desenvolveu duas grandes fases da nova moeda: 
• Primeira fase: 1994 até 1998, o real ficou fixo. O objetivo disso era combater a 
alta inflação estrutural de época. Ao executar a estratégia de taxa de câmbio 
fixa, os produtos importados não iriam subir de preço, enquanto os nacionais 
teriam que parar de indexar seus preços à inflação. Resultado disto? Ser mais 
uma ferramenta para baixar a alta inflação da época.
• Segunda fase: Gradativamente a moeda nacional, o real, começou a flutuar sob 
as forças do mercado de câmbio. Apesar do Plano Real ter tido um tremendo 
sucesso em diminuir a alta inflação, gradativamente o real vinha ficando 
exposto demais às forças do mercado, se sobrevalorizando e ficando em um 
patamar artificialmente elevado.
Com o real artificialmente sobrevalorizado, formou-se uma situação de 
excesso de importações. Nessa conjuntura, os agentes econômicos preferiam 
comprar produto importado (artificialmente barato) em detrimento da oferta da 
produção nacional (artificialmente cara). Como a produção nacional foi ficando 
cara demais, as empresas começaram a vender e exportar menos. O resultado disso? 
Houve uma queda drástica na produção nacional e demissões em massa, ou seja, a 
taxa de câmbio fixa já começou a ser uma ameaça gravíssima à economia do Brasil. 
Esse breve resumo histórico deixa claro que as taxas de câmbio fixas servem 
por tempos determinados, tais como em épocas de pressões inflacionárias altas. 
Assim, ter metas objetivas a serem cumpridas por um tempo determinado, com 
uma taxa de câmbio fixa, é uma grande vantagem.
A desvantagem é que se esta situação for mantida por períodos maislongos 
do que o necessário, pode elevar o risco de reduzir drasticamente as reservas 
internacionais, prejudicando a produção nacional e a geração de emprego, entre 
outras coisas.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
26
Como podemos observar, tanto a política de taxas de câmbio flutuantes 
como a de taxas de câmbio fixas apresentam vantagens e desvantagens. A 
aplicação deste tipo de política depende em muito da análise conjuntural da 
economia. Geralmente, os países tendem a ter uma política de câmbio flutuante, 
mas controlando as grandes oscilações do mercado de câmbio, e no Brasil não é 
diferente, isso é conhecido como política cambial suja.
A política cambial suja consiste basicamente em deixar flutuar a taxa de 
câmbio entre duas grandes bandas. Essas duas grandes bandas possuem um teto 
máximo, até o qual a moeda nacional pode se desvalorizar; e um piso mínimo, até o 
qual a moeda nacional pode se valorizar. Fora dessa banda, o Banco Central poderá 
intervir no mercado de câmbio, servindo como um amortizador, até deixar as forças 
do mercado determinarem o percurso do câmbio, mas minimizando o impacto.
Isto quer dizer que o Banco Central do Brasil faz gestão para evitar grandes 
oscilações no câmbio, ou pelo menos amenizá-las. O respaldo para fazer isto são 
as reservas internacionais, executando intervenções no mercado, por meio de 
compra e venda de divisas (moeda estrangeira). Mas como é a dinâmica disto?
Se executar a compra de US$, o Banco Central (Bacen) incentiva a demanda 
de US$, assim, o Bacen concorre na demanda de dólares com os importadores, se 
apresentando uma situação de pressão de “desvalorizar” a moeda nacional. Isto 
é feito para combater pressões drásticas de valorização do real.
Se executar a venda de US$, o Bacen estará fazendo o efeito contrário do 
exposto anteriormente. Ou seja, incentiva a demanda de real e o Bacen estará 
concorrendo com os exportadores na venda de US$, e assim valorizando o real. 
Isto é feito para combater pressões drásticas de desvalorização do real.
A taxa de câmbio em finais do mês de julho de 2018 estava perto dos R$ 
3,90 por US$ 1,00. Será que o dólar norte-americano já estava antes nesse patamar? 
A resposta é sim, conforme podemos observar no seguinte gráfico.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
27
GRÁFICO 3 – OSCILAÇÃO DO REAL DESDE O ANO 2000 ATÉ 2014
FONTE: <https://bit.ly/2Pbb93w> Acesso: 19 ago. 2018.
1 
(u
.m
.c
./U
S$
)
1 - Taxa de câmbio - Livre - Dólar americano (venda) - diário
01/01/2000 01/01/2002 01/01/2004 01/01/2006 01/01/2008 01/01/2010 01/01/2012 01/01/2014
4
3
2
1
0
3,75
3,25
2,25
1,25
0,25
2,75
1,75
0,75
3,5
2,5
1,5
0,5
GRÁFICO 4 - OSCILAÇÕES DO REAL DESDE 2014 A 2018
FONTE: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2901> Acesso 04 de nov. de 2018
BRAZILIAN REAL
SOURCE: TRANDING ECONOMICS.COM | OTC INTERBANK 
2014 2015 2016 2017 2018
4,5
4
3,5
2,5
3
2
 Como acabamos de estudar, existe uma série de variáveis econômicas que 
infl uenciam na atividade do mercado de valores, tais como as oscilações da taxa 
de câmbio, a infl ação do momento e a perspectiva desta mesma taxa. Mas existem 
outras variáveis econômicas importantes para construir nosso entendimento 
econômico no contexto do mercado de capitais, a serem estudadas logo no 
seguinte tópico. Em especial estaremos nos focando na taxa básica da economia 
brasileira, a Taxa Selic. Veja a seguir a infl uência da infl ação durante o primeiro 
semestre do ano 2018 na atividade econômica.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
28
IMPORTANT
E
Acompanhe o artigo "IGP-M tem alta de 0,51% em julho e de 8,24% em 12 meses" 
publicado na Valor Econômico, disponível em: <https://www.valor.com.br/brasil/5696267/
igp-m-tem-alta-de-051-em-julho-e-de-824-em-12-meses> Acesso em: 24 out. 2018.
29
Neste tópico, você aprendeu que:
• O mercado de capitais permite aos agentes interessados (principalmente 
empresas e governo) captar recursos dos investidores e distribuir esses recursos 
conforme a dinâmica da própria economia, refletidos nos valores mobiliários 
que circulam no mercado de capitais.
• Para conseguir entender e atuar no mercado de capitais é necessário entender 
os princípios econômicos e financeiros que dinamizam o mercado de capitais 
do país e do mundo.
• A economia positiva analisa fatos que servem, entre outras coisas, como base 
para levantar uma série de hipóteses que servirão para desenvolver políticas 
econômicas.
• O governo, por meio de suas políticas econômicas, pode interferir no fluxo 
monetário para que as oscilações nos vazamentos parem de acontecer, 
influenciando, entre outras coisas, o mercado de capitais.
• Existe uma série de indicadores macroeconômicos que influenciam no mercado 
de capitais, entre os mais relevantes tem-se: o Produto Interno Bruto (PIB), 
índices de inflação (principalmente IPCA e IGP-M), taxa básica de juros (Selic), 
taxa de câmbio, taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e a taxa 
referencial (TR).
• Banco Central do Brasil faz gestão para evitar grandes oscilações no câmbio, 
ou pelo menos amenizá-las. O respaldo para fazer isto são as reservas 
internacionais, executando intervenções no mercado, por meio de compra e 
venda de divisas (moeda estrangeira).
RESUMO DO TÓPICO 1
30
1 Em termos econômicos o que permite, ou viabiliza, o Mercado de Capitais, e 
como essa “viabilização” é representada em termos de valor?
2 Qual a diferença entre economia positiva e normativa?
3 Conforme as diferenças entre economia positiva e normativa, observe as 
seguintes situações e defina se elas se encaixam no campo da economia 
positiva ou normativa.
a) Por que o serviço de delivery consegue ofertar melhores preços de pizzas 
que as pizzas ofertadas no restaurante?
b) Será que para aumentar o número de estudantes no Ensino Fundamental é 
conveniente para iniciar um programa tipo bolsa de estudos para as famílias 
mais pobres?
c) O Brasil deveria analisar a possibilidade de negociar acordos bilaterais com 
o México, visando reduzir as tarifas das mercadorias comercializadas entre 
esses dois países? 
d) Uma taxa mais alta de juros consegue reduzir as pressões inflacionárias?
4 Qual é a ligação do fluxo monetário da economia com o mercado de capitais?
5 Suponha que a inflação histórica dos últimos anos é a apresentada no quadro 
a seguir, qual será o equivalente de poder de compra de R$ 1.661,36 do ano 
2008? Para responder, favor preencher o quadro.
AUTOATIVIDADE
Valor do Poder de Compra
Anos Valor Perda de
poder
Taxa de 
Inflação ano*2008 R$ 1.661,36
2009 7,00%
2010 5,00%
2011 4,90%
2012 5,80%
2013 6,50%
2014 4,00%
2015 5,00%
2016 8,00%
2017 4,00%
2018 2,00%
Nota: taxa suposta
FONTE : O autor
31
6 Conforme a inflação histórica exposta no exercício anterior (suposta), determine 
os valores médios do poder de compra dessa inflação no quadro a seguir:
7 Qual a diferença entre o PIB Nominal e o PIB Real?
8 O que é uma posição valorizada do R$ perante ao US$?
Valor do Poder de Compra
Anos Valor Perda de
poder
Taxa de 
Inflação ano*2008 R$ 1.661,36
2009 5,21%
2010 5,21%
2011 5,21%
2012 5,21%
2013 5,21%
2014 5,21%
2015 5,21%
2016 5,21%
2017 5,21%
2018 5,21%
Nota: taxa suposta
FONTE : O autor
32
33
TÓPICO 2
PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para conseguir ter uma visão sistêmica (global) da dinâmica do Mercado de 
Valores, além de conhecimentos básicos de economia, é necessário entender como 
funciona o custo do capital - representado como taxa de juros – e como ele pode 
ser usado nas diversas situações que se apresentam nodia a dia deste mercado. 
Esse custo do capital está diretamente relacionado às decisões de investimento, 
conforme iremos descobrir nas seguintes linhas deste caderno de estudos.
Caro acadêmico, é importante ficar atento às dicas e sugestões de leituras, 
assim como a realização das autoatividades para que os conhecimentos sejam 
aprofundados e praticados suficientemente, afim de que possa adquirir e 
internalizar os conceitos necessários para sua formação.
Explore as informações apresentadas neste Livro de Estudo, buscando 
ampliar o conhecimento através do interesse e do empenho.
2 TAXA BÁSICA DE JUROS – SELIC
As taxas de juros em uma economia vão se estabelecendo conforme 
a oferta de emprestar e demanda do recurso monetário, ou seja, os agentes 
econômicos que tiverem capital para emprestar procuram rentabilidade pelo uso 
de seu capital (investimentos), isto é, geração de juros por meio de uma taxa. 
Entretanto, quem tiver necessidade de usar esse capital terá que pagar pelo uso 
desses fundos emprestados em função do tempo desses empréstimos. Entretanto, 
a disponibilidade e o interesse real de emprestar por parte dos investidores fica 
em função de dois grandes fatores:
• O nível de risco que o investidor esteja disposto a aceitar.
• O nível de rentabilidade que o investidor esteja aspirando.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
34
Nessa lógica, quanto maior for o risco do investidor, maior a rentabilidade, 
ou seja, maior a taxa de juros. Por outro lado, numa situação de menor risco, o 
investidor terá que aceitar uma menor taxa de juros. Na dinâmica econômica do 
Brasil e da maioria dos países que possuem uma economia relativamente bem 
estruturada, a taxa com menor risco será dos papéis da dívida pública. Mas por 
que isso? Porque em uma economia bem estruturada há menor nível de risco de 
default (inadimplência) nos empréstimos emitidos pelo governo.
Quanto mais estruturada e estável for uma economia, menor será a taxa 
de juros da dívida pública desse país. Desde a Segunda Guerra Mundial, a dívida 
mais segura do mundo e de menor taxa de juros, em termos relativos, é a do 
Tesouro dos Estados Unidos, conhecida como a taxa FED (Federal Reserve). 
Comparativamente, o FED é o Banco Central dos Estados Unidos. Então, em 
economias bem estruturadas, a taxa de juros da dívida pública é a taxa básica! 
Isso é assim porque a partir dessa taxa é que o risco vai aumentando, logo, vai 
aumentando o custo dos juros.
No Brasil acontece igual, aqui a taxa da dívida pública é a taxa base de todas 
as demais taxas da economia brasileira que vão se escalonando em função de seu 
risco. Essa taxa com menor risco no Brasil é conhecida como Taxa Básica Selic.
A taxa que remunera exclusivamente a liquidez é aquela ofertada pelo 
agente econômico de menor risco, sempre representado pelo governo 
da nação. No Brasil, o agente é o Governo Federal e a taxa decorre 
das operações com títulos públicos, registradas no Sistema Especial de 
Liquidez e Custódia (BRUNI, p.81, 2009)
Assim, conforme o exposto por Bruni (2009) podermos dizer que a SELIC 
é reconhecida como a taxa básica da economia brasileira, a qual determina o custo 
financeiro dos títulos públicos. Deste modo, é o Governo por meio do Banco 
Central (BACEN) que possui a capacidade de nortear a taxa mínima da economia 
brasileira em função de uma série de fatores macroeconômicos, tais como:
• Pressões inflacionárias - o BACEN poderia aumentar a taxa Selic para restringir 
o giro monetário e assim reduzir a inflação.
• Redução da atividade econômica e desemprego - o BACEN poderia reduzir as 
taxas de juros para incentivar o giro monetário e ajudar a atividade econômica 
a se recuperar.
• Aumento da taxa de juros básica do FED (Federal Reserve) nos Estados Unidos 
- se a maior economia do mundo está prevendo pressões inflacionárias no seu 
país, esse país poderia aumentar sua taxa básica, logo, todas as economias do 
mundo deverão ponderar isso em função de sua própria dinâmica. Marcando 
uma tendência de alta das taxas básicas dos juros na maioria dos países, caso 
contrário as moedas locais poderiam sofrer uma desvalorização.
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
35
Essa possível desvalorização pode acontecer quando a taxa de juros sobe 
nos EUA, porque os capitais estrangeiros investidos em diversas economias, 
entre elas a do Brasil, começam a emigrar para os EUA em função do aumento 
da rentabilidade dessa dívida “considerada” a mais segura. Assim, países como o 
Brasil podem sofrer uma saída de capitais de suas economias, logo, haverá maior 
demanda de dólar, deixando caminho para a valorização dessa moeda, o que 
vem acontecendo durante o ano de 2018. Desse modo, quando a FED mexe nas 
taxas de juros, todo o mundo fica de olho, veja a seguir:
IMPORTANT
E
FED ANUNCIA AUMENTO DA TAXA DE JUROS NOS ESTADOS UNIDOS PELA 
SEGUNDA VEZ NO ANO
Por Karina Trevizan, G1. 13/06/2018
Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (13) a 
decisão de aumentar a taxa de juros no país pela segunda vez neste ano, de 1,5% a 1,75% ao 
ano para 1,75% a 2%.
A elevação era esperada pelo mercado, já que o BC dos EUA monitora os sinais de crescimento 
da economia do país para conduzir o chamado aperto monetário (aumento de juros).
Em maio, foram divulgados números positivos sobre o mercado de trabalho nos EUA, com 
criação de 223 mil postos e taxa de desemprego de 3,8% - a menor em 18 anos. Agora, a 
estimativa é de aumento nos índices de inflação, o que aumenta as expectativas por um 
movimento de alta dos juros.
A última vez em que o Fed havia aumentado os juros nos EUA foi em março deste ano, na 
primeira reunião sob o comando de Jerome Powell. Já na reunião de maio, a decisão foi 
pela manutenção das taxas.
0
2
1
2,5
1,5
0,5
em%
em
%
Taxas de juros nos EUA
jan
 17
jan
 18
fev
 18
ab
r 1
8
ma
i 1
8
jun
 18
ma
r 1
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
36
No Brasil, o mercado de câmbio e a bolsa acompanham os desdobramentos da política 
monetária norte-americana. O mercado monitora pistas sobre o rumo dos juros nos Estados 
Unidos porque, com taxas mais altas, o país se tornaria mais atraente para investimentos 
aplicados atualmente em outros mercados, como o Brasil, motivando assim uma tendência 
de alta do dólar em relação ao real.
Após a divulgação da decisão desta quarta, o dólar, que estava caindo, chegou a subir sobre 
o real, mas em seguida passou a oscilar. Já o Ibovespa se manteve em queda.
FONTE: <https://g1.globo.com/economia/noticia/fed-anuncia-aumento-da-taxa-de-juros-
nos-estados-unidos.ghtml>. Acesso em: 6 nov. 2018.
2.1 SELIC META E TAXAS DE MERCADO 
No contexto brasileiro, a taxa básica da economia é marcada pela “Taxa 
Selic”, conforme foi visto anteriormente, e em função de vários fatores internos 
da economia nacional e externos do cenário econômico mundial, o Banco Central 
do Brasil (Bacen) determina a cada dois meses a Taxa Selic Meta. Seu valor (em 
porcentagem):
[...] se baseia na Regra de Taylor. A Taxa Meta é definida pelo Banco 
Central por meio de equações algébricas, que levam em consideração 
a comparação entre inflação esperada e a meta de inflação, entre o 
produto potencial e o real, além de outras variáveis, como o câmbio. Os 
juros seguem o caminho da inflação esperada. Quando esta aumenta 
e supera a meta de inflação para o ano, o Copom aumenta os juros 
(BRUNI, 2009, p.77).
 Assim, essas ações do Banco Central (Bacen) possuem uma série 
de impactos na economia real, sobre os quais o Bacen tem que ponderar o custode oportunidade de suas ações, exemplo:
• Se o governo quiser incentivar a economia, ele poderia reduzir a Selic, o que se 
vem fazendo no ano de 2017 até o primeiro semestre de 2018. E o custo disto? 
Aos poucos poderia levar para uma tendência de aumento de juros e para uma 
desvalorização do Real.
• Se o governo quiser reduzir a inflação, ele deverá ser obrigado a aumentar a Selic. 
Desde uma perspectiva histórica, no segundo semestre do ano de 2016 a inflação 
estava acima de 10%, e para combater essa inflação o Bacen teve que aumentar 
a Selic, essa taxa ficou em um pico de 14,25% no ano de 2016, em consequência 
disso, à medida que a inflação ia caindo, a taxa Selic foi caindo também, até 
chegar em 6,50% para finais do primeiro semestre de 2018, veja a seguir:
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
37
GRÁFICO 5 – TAXA SELIC DESDE 2012 ATÉ 2017
FONTE: <https://bit.ly/2zxYixB> Acesso em: 24 ago. 2018
Observe que esse gráfico é um reflexo de como o Bacen tem as ferramentas 
para mexer na taxa Selic. Lembre-se, a Selic Meta refere-se à taxa Selic que o 
Bacen, por meio do Copom (Comitê de Política Monetária do Bacen), define a 
cada dois meses.
IMPORTANT
E
Você sabe qual é a Regra de Taylor? É uma regra que visa aplicar política 
monetária que pondera entre a taxa de juros básica e a inflação, segundo o artigo publicado 
no Estadão de São Paulo por Paulo R. Haddad, 17/nov/2009 <https://www.estadao.com.br/
noticias/geral,a-crise-e-a-regra-de-taylor,467517>:
A regra de Taylor, que foi adotada nas políticas monetárias de diversos países, é basicamente 
uma recomendação de como um banco central deve estabelecer a taxa de juros de curto 
prazo a fim de manter a taxa de inflação muito baixa e as recessões suaves e infrequentes. É 
derivada de modelos econômicos quantitativos que descrevem como a taxa de juros afeta 
as principais variáveis da economia. Não é uma regra normativa que deva ser prescrita em 
qualquer contexto histórico sem levar em conta outros fatores, tais como uma crise cambial 
ou a composição da demanda agregada.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
38
Então, seguindo várias medidas de caráter macroeconômico, o Banco 
Central, por meio do Copom, vai definindo a Taxa Selic em suas reuniões que 
acontecem a cada 45 dias, observe:
A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a Taxa Selic 
(taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, 
apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora 
por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. As reuniões 
ordinárias do Copom ocorrem a cada 45 dias. (BRUNI, 2009, p. 84).
Agora que você já sabe identificar o que é a taxa básica de juros, no caso 
do Brasil, a Selic, como também já consegue identificar o que significa a Selic 
Meta, vamos ver os diferentes níveis de taxas referenciais no mercado de capitais. 
Conforme temos dito anteriormente, a Selic é a taxa base, a partir dela os diversos 
agentes vão gerando novas taxas referenciais, inclusive dentro do próprio governo 
há diferentes graus de risco. Um título de dívida do Estado de Santa Catarina 
possui uma taxa maior que uma dívida do Tesouro Direto. Exemplificando, um 
título de dívida do Estado de Santa Catarina possui uma taxa maior que uma 
dívida do Tesouro Direto, ou seja, esse título de dívida pública (do estado de 
Santa Catarina) terá uma taxa de juros Selic mais seu respectivo grau de risco.
Nesse sentido, no mercado financeiro há diversos papéis de dívida sendo 
negociados, desde títulos de dívida do governo, títulos de dívida dos bancos 
comerciais, e de empresas grandes que atuam na Bolsa de São Paulo. No caso dos 
bancos comerciais, existe a taxa CDI, que calcula a média ponderada da taxa de 
juros dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), conhecida também 
como a taxa que atua no mercado interbancário, ou seja, a CDI calcula a taxa 
média das operações entre instituições financeiras, que possuem um nível de 
risco maior que a Taxa Selic, logo, possuem uma taxa um pouco maior.
Nessa dinâmica a taxa CDI fica entre a taxa Selic e a taxa média com que os 
bancos emprestam seus recursos tanto a pessoas físicas como a empresas, isto é, o 
spread bancário. Quando os bancos estão sem problemas de liquidez, a taxa do CDI 
médio fica bem próxima à Selic, mas quando o setor bancário começa a apresentar 
sintomas de iliquidez, essa diferença entre a Selic e a CDI aumenta drasticamente. 
Veja a seguir o histórico das taxas de juros entre a Selic o spread bancário.
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
39
FONTE: <https://bit.ly/2EIvbxy>. Acesso em: 24 out. 2018.
Diferença entre juros de aplicação e captação dos bancos e a taxa básica de juros, em %
Embora a média da taxa CDI não esteja no gráfico, ela fica entre o histórico da 
taxa média do spread bancário e a taxa Selic, a tendência é de ela ficar bem próxima à 
média da taxa Selic. Assim, se a média da taxa CDI ficar bem próxima da taxa Selic, 
consequentemente o spread bancário se tornará alto demais para uma economia 
como a do Brasil. Isso dá espaço para que no futuro o país possa realizar mudanças 
estruturais no custo do capital emprestado e assim reduzir drasticamente o spread 
bancário. Isso poderia ser de grande incentivo tanto ao consumo (empréstimos 
para pessoas físicas) como para empréstimos para pessoas jurídicas (empresas da 
indústria e do comércio) incrementarem sua produtividade.
3 CONCEITOS BÁSICOS DE CÁLCULO FINANCEIRO PARA 
O MERCADO DE CAPITAIS
Acabamos de estudar como a taxa de juros se estrutura aqui no Brasil, 
isto é, o custo de capital a partir de uma taxa base, Taxa Selic, mais o grau de 
risco respectivo. Assim, uma vez que conseguimos identificar o conceito base da 
dinâmica da taxa de juros, aqui no Brasil, estamos na fase de estudar conceitos de 
cálculo financeiro com foco no mercado de capitais. A primeira parte disto será 
entender o que significa a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) que o investidor 
está disposto em aceitar perante uma opção de investimento.
GRÁFICO 6 – SPREAD BANCÁRIO X TAXA SELIC
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
40
No mercado de capitais, os investidores procuram o melhor rendimento 
possível em função do risco que eles estão dispostos a correr. Assim, se o perfil 
de investimento é de baixíssimo risco, os investidores irão procurar investir em 
dívida pública, cujo rendimento referencial é a Taxa Selic, a taxa básica de juros 
aqui no Brasil. Entretanto, se o investidor está disposto a aceitar um maior risco, 
com certeza irá procurar ativos financeiros com maior rendimento, isto é, a Taxa 
Selic mais o risco ponderado pelo investidor.
3.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) E RETORNO DO 
CAPITAL
Em termos financeiros, essa taxa que os investidores estão dispostos a 
aceitar em função do nível de risco e rendimento desejado é conhecida como a 
Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Para análise de escolhas, todo investidor 
procura uma taxa mínima de retorno de seu investimento, acima dessa taxa o 
investimento fica interessante, ou seja, a TMA é a base referencial para fazer 
escolhas de investimentos.
Suponha que um grupo de investidores está analisando a compra de ações 
de uma empresa de alimentos processados. Em função de uma série de fatores, 
esses investidores desejam que as ações possam gerar uma TMA de pelo menos 
21%. Nesse sentido, há as seguintes hipóteses:
• Se as projeções de rendimento dessas ações representam um retorno igual ou 
maior que dessa TMA de 21%, logo, a compra das ações se torna interessante.
• Se as projeções de rendimento dessas ações representam um retorno menor 
que dessa TMA de 21então a compra das ações é rejeitada.
Observe que para analisar a TMA deve existir também, pelo menos, mais 
deuma alternativa de investimento. Isto quer dizer que toda vez que há uma 
escolha de investimento, o investidor abandona outra, ou seja, a TMA representa 
a análise do Custo de Oportunidade entre diversas opções de rendimentos 
financeiros. Os autores Pilão e Hummel (2004, p. 89) afirmam:
Ainda acerca da composição da TMA, podemos afirmar que o 
denominado Custo de Oportunidade é o seu ponto de partida, já que 
ele representa a remuneração que teríamos pelo nosso capital caso não o 
aplicássemos em nenhuma das alternativas de ação analisadas. Ele pode 
ser, por exemplo, a remuneração paga pela caderneta de poupança, ou 
por um fundo de investimento, ou pelo ganho que poderemos obter com 
determinado processo produtivo já existente em nossa empresa, etc.
Em síntese, por meio da TMA aplica-se o custo de oportunidade entre várias 
opções de investimento em função de uma Taxa Mínima para que os investimentos 
sejam “atrativos”, ou seja, a TMA. Com esses elementos de taxas referenciais, a Taxa 
Selic e a TMA, a seguir vamos rever alguns conceitos de cálculo financeiro de juros 
sob o Regime de Capitalização Simples e o Regime de Capitalização Composta.
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
41
3.2 O REGIME DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES
Nesta modalidade se considera o custo do dinheiro, juros, sobre uma base 
fixa de capital inicial conforme a frequência de tempo da aplicação, ou seja, o 
cálculo de juros simples sobre um capital fixo, comumente usado no desconto 
de duplicatas e/ou algum outro papel de valor do mercado de capitais. A seguir 
vamos rever alguns conceitos que você já estudou, mas fundamentais para o 
cálculo das diversas aplicações com desconto disponíveis no mercado de capitais, 
conforme você irá estudar na Unidade 2. 
O primeiro fundamento do Regime de Capitalização Simples é o cálculo 
dos juros simples. Este tipo de juros é apurado sempre sobre o capital inicial, 
sendo o cálculo da seguinte maneira: multiplica-se o capital pela taxa e pelo 
período estabelecido → J=PV x i x n. Onde: J = Juros, PV = Capital, i = Taxa de 
juros por período, n = número de períodos num tempo determinado. Lembre-se, 
a taxa de juros é informada em percentual, mas na hora de fazer os cálculos deve-
se dividir por 100. Exemplo:
• 5% → 0,05 = 5/100
• 2,5% → 0,025 = 2,5/100
Observe que a frequência dos períodos e a taxa devem estar alinhadas 
com o mesmo tempo da frequência, ou seja, se preciso for, deve-se converter 
a taxa de juros aos períodos da aplicação, e não ao contrário, por exemplo, se 
o prazo da aplicação for de 48 dias e os juros apresentados de 5,10% ao mês, 
devemos converter esses juros ao mês para dias, assim:
• 5,10% / 30 = 0,17% ao dia, logo, (i) = 0,17% ao dia, e (n) = 48 dias. 
Agora, se o prazo da aplicação for de seis meses e os juros apresentados 
forem de 24% ao ano, neste caso devemos converter esses juros ao ano para meses, 
assim:
• 24% / 12 = 2% ao mês, logo, (i) = 2% ao mês, e (n) = 6 meses.
Assim, com os valores de Capital, taxa de juros e prazo da operação 
conforme a sequência de períodos definida, pode-se apurar diversas aplicações 
disponíveis no mercado financeiro, veja a seguir:
• Um certificado de depósito bancário (CDB) possui capital de R$ 3.000, taxa de 
juros de 2% ao mês e prazo de 50 dias, qual será o valor dos juros e valor futuro 
(montante) a se resgatar?
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
42
 ᵒ PV = R$ 3.000,00
 ᵒ i = 2%/mês → converter de mês para dias → 2%/30 = 0,6667%
 ᵒ Tempo: 50 dias
 ᵒ Fórmula → J=PV x i x n
 ᵒ J = R$3.000 x 0,0667/100 x 50
 ᵒ J = R$ 100,00
 ᵒ M = R$ 3.100,00 (R$ 100,00 + R$ 3.000,00)
• Um certificado de depósito bancário (CDB) possui capital de R$ 29.000, taxa 
de juros de 20% ao ano e prazo de três trimestres, qual será o valor dos juros e 
valor futuro (montante) a se resgatar?
 ᵒ PV = R$ 29.000,00
 ᵒ i = 20%/ano → converter de ano para trimestres → 20%/4 = 5,00%
 ᵒ Observe que um ano possui 4 trimestres, logo, deve-se dividir essa taxa 
anual de 20% para uma taxa trimestral (o ano possui 4 trimestres).
 ᵒ Tempo 3 trimestres, ou seja, 9 meses de prazo total → (n) = 3 (trimestres)
 ᵒ Fórmula → J=PV x i x n
 ᵒ J = R$ 29.000 x 5,00%/100 x 3
 ᵒ J = R$ 4.350,00
 ᵒ M = R$ 33.350 (R$ 4.350,00 + R$ 29.000,00)
Se observar estes exemplos, veremos que se aplicou o conceito de taxas 
equivalentes, tais como:
Uma taxa de 2% ao mês é equivalente a uma taxa de 24% ao ano.
Uma taxa de 6% ao trimestre é equivalente a uma taxa de 24% ao ano.
Inclusive uma taxa de 0,06666667% ao dia é equivalente a uma taxa de 24% ao ano!
ATENCAO
Embora seja viável apurar o valor dos juros e o montante por meio da fórmula 
J=PV x i x n, existe uma maneira direta para calcular o valor do montante, ou seja, 
Montante = Capital Inicial + Juros. Essa fórmula pondera o fator gerador de juros de 
maneira direta considerando o fator tempo dentro dessa ponderação, veja a seguir:
• M=C x (1 + i x n)
• Exemplo: Um investidor está procurando o valor do montante de um capital 
de R$ 25.000, aplicado em 18 meses e com uma taxa de 2% ao mês, onde:
• C = R$ 25.000
• Taxa (i) → 2% ao mês → 0,02
• Períodos (n) → 18 meses.
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
43
M = C x (1 + i x n)
M = 25.000 x (1 + 0,02 x 18)
Fator gerador 1,36 = (1 + 0,02 x 18)
M = R$ 34.000,00 = 25.000 x 1,36
Geralmente, no uso da matemática financeira em aplicações é comum 
procurar o valor dos juros ou do montante (juros mais o capital). Mas se você 
quiser procurar o valor do Capital, ou o valor da taxa de juros (i), inclusive o 
número de períodos (n)? A resposta é simples, é necessário aplicar equivalência 
de fórmula, veja a seguir:
• Procurando o capital conhecendo os juros, ou valor presente (PV): J = PV x I 
x n → PV =
• Procurando o capital conhecendo o Montante, M = C x (1 + i x n). → 0000000 = 
C → Capital = 
• Procurando os juros (i) conhecendo os juros, J = PV x I x n → i = 
• Procurando o tempo (n) conhecendo o montante, J = PV x I x n → n=
i x n
J
PV x n
J
PV x n
J
(1+i x n)
M
(1+i x n)
M
Exemplo:
Qual o valor da taxa por ano de um capital de R$ 12.000 aplicado numa operação 
que gera R$ 1.500 de juros, durante 5 meses?
PV = R$ 12.000
J = R$ 1.500
Tempo: 5 meses.
Períodos: 5.
i = 0000000→ i = 0,025 → tem-se que converter em % → 0,025x100 → 2,5%/mês
Como o exercício solicita a taxa em anos, logo essa taxa/mês tem-se que multiplicar 
por 12 → 2,5% x 12 = 30%.
A taxa por ano dessa aplicação será de 30%.
12.000 x 5 
1.500
3.2.1 Operações de curto prazo
A maioria dos Certificados de Depósitos Bancários (CDB) é de curto prazo, 
e no geral, o conceito de juros simples é para apurar aplicações de curto prazo 
mesmo, conforme os exemplos anteriores. Um dos usos mais comuns é o cálculo 
de descontos sobre o principal de um valor futuro, tais como duplicatas das vendas 
a prazo de uma empresa por meio de factoring (venda de blocos de valores de 
vendas futuras), valores futuros a pagar aos fornecedores, Certificados de Depósitos 
Bancários (CDBs) com valores futuros, letras de câmbio etc. Todos esses papéis de 
valor, bem como outros, são, muitas vezes, negociados no mercado de valores.
Aplicação da fórmula:
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
44
Em termos financeiros, o desconto é o valor a ser abatido do valor nominal 
(futuro) de um título de valor. Assim, esse valor abatido vem a ser a quantia a ser 
descontada do valor nominal de um título com valor monetário futuro, ou seja, 
desconta-se em função da taxa de juros e o tempo ainda faltante para liquidar a 
valor presente, exemplificando:
• Suponha que uma empresa esteja precisando de caixa e deseja descontar R$ 10.000 
de vendas a prazo, cujo vencimento é daqui a 45 dias, a taxade desconto que o 
banco cobra é de 3.5% ao mês, qual será o desconto e o valor líquido a receber?
 ᵒ Valor ao vencimento: R$ 10.000, e tempo faltante para o vencimento: 45 dias.
 ᵒ Taxa de desconto: 3,5%/30 dias → 0,1167% ao dia.
 ᵒ Desconto: R$ 10.000 x 0,001167 x 45 dias → Desconto = R$ 525,00.
 ᵒ Valor Líquido: R$ 10.000 – R$ 525 → Valor Líquido = R$ 9.475,00.
Então, a empresa consegue levantar, hoje, R$ 9.475,00 em função do valor 
futuro de suas vendas ainda por cobrar.
Devemos observar que este tipo de operação é de uso quase diário na 
gestão do capital de giro das empresas, virando assim uma modalidade de 
financiamento que gera diversas opções e estratégias de uso de fundos, visando 
otimizar a necessidade de caixa para as operações das empresas. Para nos lembrar 
quando necessário, a seguir listamos alguns termos comuns às aplicações com 
desconto financeiro:
• Valor Nominal ou Valor de Face: Representa o valor a ser pago de um 
documento no vencimento, tal como: data de vencimento de uma fatura.
• Dia de Vencimento: Representa o dia quando o papel valor será liquidado.
• Valor Líquido ou Valor Atual: Representa o valor a ser recebido depois de ter 
aplicado o desconto financeiro do valor nominal, considerando uma taxa:
• Valor Líquido = Valor Nominal – Desconto Financeiro.
• Tempo ou Prazo: Representa o número de dias, exatos, entre a data de 
vencimento e o dia da negociação do título valor.
QUADRO 7 - FÓRMULA DE DESCONTO SIMPLES
Desconto simples = d = N x i x n
D Valor do desconto
N Valor Nominal
i Taxa de desconto
n O prazo
VALOR LÍQUIDO (VL)
VL = VL = N x (1 – i * n)
FONTE: O autor
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
45
Com esta revisão de conceitos de taxas e elementos de cálculo, a seguir 
vamos estudar alguns exemplos usados no cotidiano do mercado financeiro para 
uso de fundos de curto prazo.
3.2.2 Exemplos de operações de curto prazo
No dia a dia, as empresas devem tomar decisões sobre uma série de 
situações, desde otimização de seus investimentos financeiros de curto prazo até 
otimização de seu giro de capital (caixa para suas operações), tais como:
• Será que vale a pena ter maior volume de estoques? Mas qual será o custo em 
juros desse aumento de necessidade de caixa operativa, capital de giro?
• Será que aumentando o prazo das vendas (contas a receber) consigo vender 
mais? Mas quanto mais capital de giro e custo financeiro dessa decisão?
• Será que reduzindo o prazo de pagamento aos fornecedores se consegue 
descontos interessantes nos valores de compra das aquisições? E o custo 
financeiro desse aumento no capital de giro?
Enfim, existem mais outros questionamentos que as empresas possuem na 
sua gestão operativa e administração da liquidez, decisões que logo irão repercutir 
no mercado financeiro e na demanda de fundos de curto prazo. Com foco em 
nosso estudo, a seguir vamos simplificar essa tomada de decisão, analisando uma 
situação típica: comprar à vista ou a prazo? E qual seria o custo de oportunidade 
de se fazer isso? 
Suponha que uma empresa está analisando a opção de usar parte de seu 
saldo em caixa de R$ 45.000,00, para aumentar seu investimento em capital de giro, 
objetivando melhorar seus rendimentos financeiros, e está analisando usar esses 
R$ 45.000 para reduzir suas obrigações com seus fornecedores, mas procurando 
um desconto financeiro. Assim, a empresa, entre suas diversas contas a pagar aos 
fornecedores, possui um fornecedor com o qual poderia conseguir um desconto 
financeiro, se pagar à vista. O prazo médio de pagamento deste fornecedor é de 
45 dias com um saldo a pagar médio de R$ 45.000,00.
A taxa equivalente que a empresa poderia obter no mercado financeiro 
em títulos negociáveis é de 12,08% ao ano. Por outro lado, se a empresa realizar as 
compras à vista, o fornecedor poderia lhe dar um desconto de 1,50% (negociável). 
Diante disso, será interessante para a empresa usar esses R$ 45.000 e pagar à vista 
ao fornecedor, e assim obter o desconto deste? Antes de responder, é necessário 
definir a TMA objeto de análise comparativa de taxas, ou seja, análise entre a 
TMA e a taxa real do desconto financeiro do fornecedor.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
46
• Neste caso, a TMA é de 12,08% ao ano, devendo ser convertida para uma 
taxa proporcional ao prazo das contas a pagar, isto é, 45 dias. Assim, a taxa 
proporcional dessa TMA é de 1.51% por cada 45 dias, isto é: 1,51% = 000000 x 
45 dias.
À simples vista, esse 1,50% parece menor que a TMA de 1,51%, logo, para 
a empresa, será melhor manter as compras a prazo e não aumentar o investimento 
em capital de giro, e deixar esse saldo em títulos negociáveis. Mas será mesmo 
que esse desconto de 1,50% gera um menor rendimento? Vamos conferir!
• Se o fornecedor conceder um desconto de 1,5% nas compras à vista, isso vai 
nos dar os seguintes valores da análise financeira:
• Valor Nominal ou Valor de Face (N): Neste caso, R$ 45.000,00 em duplicatas.
• Prazo da operação (N): 45 dias.
• Taxa da operação (i): 1,5% a cada 45 dias → 0,03333% = 
• Desconto (?)
60 dias
1,5%
desconto = N x i x n
d = R$ 45.000,00 x x 45
Desconto -> R$ 675,00
100
0,03333%
360 dias
12,08%
• Valor Líquido (?) → R$ 44.325 = R$ 45.000,00 – R$ 675,00
Agora, se o valor líquido é de R$ 44.325,00, então o rendimento do 
investimento real em capital de giro não é R$ 45.000,00. Esse é o valor a se pagar 
ao fornecedor daqui a 45 dias! Ou seja, esse é o valor nominal, ou “Face Value”. O 
valor do investimento comparativo em capital de giro será de R$ 44.325,00, sendo 
assim, a taxa desse investimento não é 1,50% em 45 dias, pela simples observação, 
será um pouco maior, mas de quanto?
• Juros = Capital x taxa (i) x prazo (n). Neste caso:
• Juros = R$ 675,00; Capital = R$ 44.325,00, Taxa (i) → “?”; prazo (n) = 45 dias. 
Então:
• R$ 675,00 = R$ 44.325 x (i) x 45 dias, se fazer equivalência nesta equação, temos que:
• (i) = 00000000000 → ( i ) = 0,000338409
• → (i) 1,52% = 0,000338409 x 45 dias x 100
• Assim, a partir de nossa análise, a empresa poderia entrar em negociações 
com o fornecedor e solicitar um desconto nas compras à vista que seja de pelo 
menos 1,5% sobre o valor Nominal da compra a 45 dias. O importante desta 
análise é que:
• A empresa deverá procurar um desconto que seja igual ou maior de 1,50% 
pelas suas compras atuais que possuem 45 dias de prazo de pagamento, isto é:
• desconto >= 1.5% e prazo 45 dias.
• A empresa poderia fazer uma proposta de desconto de 2,5%! Sendo que seu 
piso máximo de negociação será 1,5%. Abaixo disso, para a empresa será 
melhor continuar com suas compras atuais que possuem prazo de 45 dias!
R$ 44,325 x 45 dias
R$ 675,00
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
47
Resumindo, a TMA de 12,08% será o ponto de partida para analisar o 
Custo de Oportunidade desta situação. Assim, se a empresa optar pelas compras 
à vista:
• seu custo será deixar de fazer o investimento em títulos negociáveis e perder 
esse rendimento financeiro,
• mas sua oportunidade será conseguir um desconto igual ou maior que 1,5% de 
seu fornecedor.
Essa comparação é a essência da análise de Custo de Oportunidade 
no mercado de valores, ou seja: ganhar uma oportunidade, “a escolha”, em 
detrimento da outra opção “não escolhida”. É um conceito simples e básico de 
economia, mas pode envolver análises bem complexas no mercado de capitais. 
3.3 O REGIME DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
Nesta modalidade se considera o custo de capital, juros, sobre uma 
base inicial de capital – mesmo conceito do Regime de Capitalização Simples -, 
porém, aqui aplica-se uma sequência de tempos que somados atingem o prazo 
total de uma aplicação ou situação de valores monetários no percurso de tempos 
definidos, levandoem consideração que em cada sequência os juros gerados vão 
se somando ao capital, produzindo-se o efeito da geração de juros sobre juros. 
Lembre-se, nesta modalidade “os juros compostos são somados ao principal 
de modo a ampliar a base de cálculo dos juros dos próximos períodos” (ZOT; 
CASTRO, 2015, p. 23).
Essa geração de juros sobre juros pode ser facilmente entendida conforme 
o seguinte quadro, onde não há capital inicial, ou seja, R$ 0,00, mas haverá aportes 
mensais de R$ 250,00 a partir do primeiro mês, levando em consideração juros ao 
mês de 1.15% e um prazo da aplicação de 40 anos!
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
48
QUADRO 8 – PROJEÇÃO PLANEJAMENTO POUPANÇA
FONTE: O autor
Mês Juros Aporte Capital Taxa
0 0,00 1,15%
1 R$ 0,00 R$ 250,00 250,00 1,15%
2 R$ 2,88 R$ 250,00 502,88 1,15%
3 R$ 5,78 R$ 250,00 758,88 1,15%
4 R$ 8,72 R$ 250,00 1.017,38 1,15%
5 R$ 11,70 R$ 250,00 1.279,08 1,15%
6 R$ 14,71 R$ 250,00 1.543,79 1,15%
7 R$ 17,75 R$ 250,00 1.811,55 1,15%
8 R$ 20,83 R$ 250,00 2.082,38 1,15%
9 R$ 23,95 R$ 250,00 2.356,33 1,15%
10 R$ 27,10 R$ 250,00 2.633,42 1,15%
... ... ... ... ...
479 R$ 58.856 R$ 250 R$ 5.177,049 1,15%
480 R$ 59.536 R$ 250 R$ 5.236.835 1,15%
Capital Inicial R$ 0,00
Aporte Mensal R$ 250
Taxa 1,15%
Prazo 40 anos --> 480 meses
Nessa projeção, por motivos de espaço e valores repetitivos, foi omitida 
a geração de juros desde o mês 10 até o mês 479. Mas a ideia é que você possa 
enxergar a geração potencial da capitalização sob o regime de juros compostos, 
passando de apenas R$ 250,00 de aporte mensal para R$ 5.236.835 em 40 anos! 
Observe que o cálculo é simples mesmo, você só tem que calcular os juros de um 
mês sobre o capital base do mês anterior e somar aos juros gerados mais aporte 
ao capital, exemplo:
• No mês nº 9 foram gerados R$ 23,95 sobre um capital de R$ 2.082,38, ou seja: 
R$ 23,95 = R$ 2.082,38 x 0,0115. E esses juros gerados de R$ 23,95 vão se somar 
ao capital, isto é, R$ 2.356,33 = R$ 2.082,38 + R$ 23,95 + R$ 250,00.
• Esse cálculo é feito mês a mês até chegar à projeção do mês nº 480, ou seja, aos 
40 anos. Observe que a geração de juros no mês nº 480 foi de R$ 59.536!
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
49
O cálculo demonstrativo do quadro anterior é a essência do conceito dos 
juros compostos, desse conceito é que nascem diversas fórmulas e usos complexos 
de derivados financeiros aplicados no dia a dia do mercado de capitais. As 
fórmulas mais simples derivadas do conceito exposto no quadro são:
• Valor Futuro (FV) = PV x (1 + i)n
• Valor Futuro (FV), considerando aportes (anualidades) → VF = PV + PMT x 
[00000]
• Valor Presente (PV) = FV x (1 + i)-n 
• Valor Presente (PV), considerando parcelas = VP = PMT x [(000000)]
• Onde: FV = Valor Futuro, PV = Valor Presente, PMT = parcela ou aporte, i = taxa 
de juros
Então, para calcular o valor futuro de nossa projeção de poupança, qual 
fórmula você irá escolher? A fórmula para essa aplicação será: VP = PMT x 
[(00000)], veja a seguir:
i
(1+i)n-1
i
1+(1+i)-n
i
1+(1+i)-n
FV = PV + PMT x [(0000000)] FV = 250 x [(00000000000)]
Valor Futuro FV = R$ 5.236.835
i
(1+i)n-1
0,0115
(1+0,0115)480-1
Se uma pessoa fizesse esse aporte de aposentadoria todos os meses 
durante esse número de anos, então, ao final de sua vida laboral terá para sua 
vida de aposentado R$ 5.236.835,00 Tudo bem, mas se se levar em consideração 
o fator inflação, qual seria o valor dessa aposentadoria a valores atuais? Tudo 
dependerá das projeções da inflação, mas suponha que a inflação média para os 
próximos 40 anos seja de 4,00%, logo, aplica-se:
• Valor Presente (PV) = FV x (1 + i)-n
• PV = R$ 5.236.835 x (1 + 0,04)-40 → PV = R$ 1.090.775
Embora não seja todo esse valor lá na frente, mas, em valores atuais, 
aposentar-se com R$ 1.090.775 é interessante mesmo! Hoje, grande parte dos 
valores de investimentos ao redor do mundo vem dos fundos de investimentos, 
os quais administram planos de investimento de pequenos investidores e de 
administradores de fundos de aposentados. Esses fundos compram ações, papéis 
de dívida dos países, mercados futuros de petróleo, e outros valores mobiliários. 
Em resumo, os fundos de investimento de milhões de pessoas ao redor do mundo, 
que por meio de suas poupanças ajudam a fazer girar o mercado de capitais de 
muitos países, sendo parte importante da grande alavancagem financeira para o 
desenvolvimento econômico, aqui no Brasil e demais países que fazem parte da 
economia internacional.
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
50
3.4 PONDERAÇÃO DE CARTEIRA
Na negociação de títulos de valor, na maioria das vezes é negociada uma 
carteira de valores que possuem valores e datas de vencimentos diferentes. A 
maneira mais fácil de ilustrar isto é por meio da venda de duplicatas (vendas a 
prazo) de uma empresa em uma instituição financeira.
As duplicatas a receber decorrentes das vendas a prazo viram título valor 
e podem virar fontes de financiamento para suprir necessidades de caixa das 
empresas. O desconto das contas a receber é uma das maneiras mais utilizadas 
para conseguir fundos de curto prazo. O processo de empréstimo é simples, 
primeiramente, a instituição financeira avalia a qualidade dessas duplicatas, em 
seguida, faz uma ponderação de valores e prazos, e é cobrada uma taxa de juros 
em função do risco da empresa e as taxas referenciais do mercado, a qualidade 
das duplicatas. Vamos ver um exemplo?
A empresa “Camiseta de Verão” possui um bloco de faturas com os 
seguintes valores e prazos de vencimento.
QUADRO 9 - PRAZO MÉDIO DE DUPLICATAS (PMD)
FONTE: O autor
Valor vencimento em dias
Ponderação
Peso dias
1 R$ 21.400,00 9 16,89% 1,5205
2 R$ 12.280,00 17 9,69% 1,6481
3 R$ 28.350,00 19 22,38% 4,2524
4 R$ 18.340,00 28 14,48% 4,0540
5 R$ 23.700,00 40 18,71% 7,4840
6 R$ 22.600,00 52 17,84% 9,2777
R$ 126.670,00 28,24 100,00% 28,2366
Esse quadro mostra a base de cálculo sob o conceito de peso, ou ponderação, 
conforme o valor da venda e nº de dias. Mas nas matemáticas sempre há outras 
maneiras de calcular, o importante é a correta interpretação. Por exemplo, o PMD 
pode ser apurado da seguinte maneira:
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
51
• PMD={(vn1.n1)+(vn2.n2)+...../(vn1+vn2+...)}
• PMD = 
• PMD = 28,24 dias
Então, agora sabemos que a empresa irá demorar, na média, 28 dias em 
recuperar essas vendas a prazo. Com esse dado e, claro, a qualidade da carteira, o 
banco oferece uma taxa de desconto, vamos supor 2,5% ao mês. Qual será o valor 
líquido da operação? Simples, segue:
• Valor duplicatas: R$ 126.670.
• Prazo médio (em dias): 28,2366.
• Taxa de desconto: 2,5% ao mês.
Solução:
• Desconto = Valor duplicatas x Taxa de desconto x prazo.
• Desconto = R$ 126.670 x 00000 x 28,2366 dias = R$ 2.980,61.
• Valor Líquido a Receber = Valor duplicatas – Desconto.
• Valor Líquido a Receber = R$ 126.670,00 - R$ 2.980,61.
• Valor Líquido a Receber = R$ 126.670,00 - R$ 2.980,97 = R$ 123.689,39.
• Então, a empresa irá receber R$ 123.689,39.
Se observar, esse valor líquido a se receber é referencial, decorrente 
da venda dessas duplicatas. Entretanto, no contrato desta operação financeira 
deverá ficar todo o detalhe de desconto de cada uma dessas duplicatas, conforme 
podemos observar a seguir:
R$ 126.670
(R$ 21400*9)+(R$ 12280*17)+(R$ 28350*19)+(R$ 18340*28)+(R$ 23700*40)+(R$ 22600*52)
30 dias
2,5/100
QUADRO 10 - CÁLCULO DETALHADO DO DESCONTO DAS DUPLICATAS
FONTE: O autor
Valor Duplicatas Vencim. dias
Valor Desconto
Taxa/Mês Taxa/dia Desconto
1 R$ 21.400,00 9 2,50% 0,0833% -R$ 160,50
2 R$ 12.280,00 17 2,50% 0,0833% -R$ 173,97
3 R$ 28.350,00 19 2,50% 0,0833% -R$ 448,88
4 R$ 18.340,0028 2,50% 0,0833% -R$ 427,93
5 R$ 23.700,00 40 2,50% 0,0833% -R$ 790,00
6 R$ 22.600,00 52 2,50% 0,0833% -R$ 979,33
R$ 126.670,00 -R$ 2.980,61
Valor líquido R$ 123.689,39
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
52
O foco comparativo de fazer os dois métodos de cálculo é de conferir que por 
meio da ponderação dos prazos, o gestor financeiro tem uma maneira de calcular 
rapidamente o desconto financeiro deste tipo de operação financeira, sem ter que 
entrar no detalhe do desconto de cada uma das duplicatas. Imagine uma operação 
destas que possa envolver mais de 1.000 faturas? Nesse caso o cálculo manual será 
operativo demais, assim, é mais fácil pegar o prazo médio ponderado e analisar as 
alternativas para levantar fundos. O sistema financeiro possui um tipo de produto 
que oferta às empresas para comprar duplicatas, o factoring.
O factoring parte do mesmo princípio, mas a grande diferença é que neste 
caso a empresa literalmente vende as duplicatas, se liberando de qualquer risco 
de falta de pagamento dos clientes. Se eles não pagarem, será o banco que deverá 
fazer a cobrança, eis a grande diferença. Em termos financeiros, o factoring é um 
produto financeiro comum que mexe com mercados futuros de títulos de valor. 
Eis a sua importância no contexto do mercado de valores. 
DICAS
No comércio internacional tem-se diversas instituições financeiras que 
trabalham com factoring, tais como:
Tradeshift, <https://tradeshift.com/>.
GT Nexus, <http://www.gtnexus.com/>.
C2FO, <https://c2fo.com/uk-en/why-c2fo/opportunity/>. 
PrimeRevenue, <https://primerevenue.com/>.
Todas essas instituições financeiras atuam no mercado internacional de 
factoring, ajudando as empresas fornecedoras ao redor do mundo na gestão de 
seu capital de giro, desde as grandes empresas até as pequenas. 
DICAS
No mundo financeiro existe toda uma dinâmica para assegurar preços futuros, 
entre estes, a taxa de câmbio futura, conhecida como swap cambial. Este tipo de produto 
oferece garantias de preços estáveis de mercadorias comercializadas internacionalmente 
às empresas, ajudando-as nas suas necessidades da liquidez. Ficou curioso? O economista 
Fernando Nogueira faz toda uma explicação de como funcionam as operações financeiras 
para cobertura do risco cambiário, no seguinte site: <https://goo.gl/e415kt>.
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
53
3.5 CASE DE USO DO MERCADO DE CAPITAIS EM EMPRESAS 
PEQUENAS
O mercado de capitais pode ser usado de diversas maneiras em função da 
necessidade do usuário deste mercado. A seguir vamos ver um exemplo mostrado 
por uma das mais prestigiosas revistas de economia em nível internacional, The 
Economist. Neste artigo relaciona-se como a compra de duplicatas de uma pequena 
empresa que vende alimentos saudáveis para uma grande cadeia de supermercados 
no Reino Unido consegue levantar liquidez para o giro de seu negócio.
Nesta história, o fornecedor, em função da política de pagamentos da 
cadeia de supermercados, é obrigado a realizar suas vendas em prazos maiores 
de 60 dias, porém, ele tem que pagar seus insumos à vista, apresentando um 
problema de capital de giro e de fluxo de caixa. Tendo como base essa história, 
o artigo apresenta a solução financeira para as necessidades de liquidez da 
empresa com o uso da Tecnologia da Informação (TI) e toda uma logística de uso 
de fundos, vamos dar uma olhada? 
O ELO PERDIDO: A TECNOLOGIA ESTÁ REVOLUCIONANDO AS 
FINANÇAS DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLY-CHAIN)
No ano de 2015, Kiddyum, uma pequena empresa de Manchester, 
fornecedora de cardápios prontos congelados para crianças, assinou contrato para 
vender em Sainsburry’s, uma grande cadeia de supermercados britânicos. Jayne 
Hynes, a fundadora de Kiddyum, ficou empolgada. No entanto, o sucesso aconteceu 
de maneira muito rápida, o que poderia ter gerado grande impacto no fluxo de 
caixa dela, pois Sainsburry’s faz os pagamentos para seus fornecedores em prazos 
de 60 dias, e Jayne Hynes deve pagar aos fornecedores dela em somente 30 dias.
Apesar disso, de fato, a Kiddyum, a empresa dela, recebe o pagamento 
de suas vendas em questão de dias. Uma vez feita a aprovação de pagamento 
pela Sainsburry, as contas a pagar são registradas na supply-chain da plataforma 
financeira do supermercado, sistema de pagamentos administrada pela 
empresa americana PrimeRevenue. O Royal Bank of Scotland (RBS) recolhe as 
faturas pagas previamente pela Kiddyum. Logo, a Kiddyum tem que pagar uma 
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
54
tarifa, a qual, segundo Jayne Hynes, é dinheiro emprestado de sua própria conta, 
ou vendido de suas contas a receber por meio de um desconto das vendas feitas 
à cadeia de supermercados, transação financeira conhecida como factoring. A 
moderna supply-chain financeira, agora com 25 anos de experiência, permite aos 
fornecedores manterem-se em dia com suas capacidades de crédito - e baixar o 
custo financeiro do capital de giro - dos fornecedores das grandes corporações. 
As contas a pagar são liquidadas de seus balanços de pagamentos. Desse modo, 
os compradores podem esticar seus termos de pagamento (vamos supor, de 
60 para 90 dias), sabendo que os fornecedores possuem menor chance de ter 
problemas de liquidez e interromper o fornecimento de mercadorias. Com 
isso, os bancos pegam ativos financeiros de baixo risco.
As definições da abundância financeira da supply-chain e sua escala não são 
fáceis de determinar, mas é de comum acordo que seu crescimento é muito rápido. 
A BCR publicações, serviço que faz reportagens sobre as finanças das contas a 
receber, estima que, ao final do ano 2014, o sistema financeiro e as operações de 
factoring tiveram “uso de fundos” em torno de US$ 48 a 60 bilhões. Thomas Olsen, da 
Bain, empresa consultora, apresenta (em um contexto mais amplo) que o mercado 
está crescendo entre 15 a 25% ao ano nas Américas (América do Norte, Central e 
do Sul) e entre 30 a 50% na Ásia, sendo que a indústria alimentar e do varejo são 
as que têm maior crescimento. A Naveed Sultan, que dirige os setores de finança 
comercial e de tesouraria da Citigroup, diz que o movimento financeiro da supply-
chain é o setor com maior crescimento dentro da área das finanças comerciais.
A demanda insatisfeita parece ser enorme. Um novo estudo feito por 
Mercedes Delgado da escola de negócios de MIT (MIT’S Sloan School) e por Karen 
Mills, de Harvard Business School, observou que as firmas norte-americanas 
fornecendo outras empresas empregam 44 milhões de trabalhadores. Desses 
trabalhadores, 26,8 estão envolvidos no comércio internacional. 
Até agora, os programas de gestão financeira vêm focando nas grandes 
corporações e seus fornecedores mais próximos. Entre os maiores obstáculos 
para o crescimento estão: conhecer seu cliente e as normas contra a lavagem de 
dinheiro. O Asian Development Bank (ADB) estima que há uma grande “brecha 
financeira” no financiamento comercial, área relacionada, de até US$ 1,5 trilhões. 
Anand Pande, dirigente do financiamento da supply-chain em iGTB (Intellect 
Global Transaction Banking - empresa que fornece tecnologia bancária), fala que 
o financiamento à supply-chain é “a terra dos sonhos ainda não realizados”.
Eles também enfrentam concorrência. Empresas de tecnologia estão 
entrando forte nas finanças da cadeia de suprimentos (supply-chain). Emprestadores 
on-line de recursos financeiros vêm fazendo um impacto menor, se comparar 
com plataformas de intermediação que estabelecem a ponte necessária entre 
compradores e vendedores de recursos financeiros. A PrimeRevenue, por exemplo, 
conecta 70 emprestadores, incluindo 50 bancos previamente cadastrados, com 
mais de 25.000 fornecedores com valores de contas a cobrar, superiores a US$ 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO55
7 bilhões ao mês. Innervation Finance, empresa estabelecida em Nova York, faz 
gestão de programas para compradores de insumos ofertando financiamento para 
“diversos” tipos de fornecedores (por exemplo: empresas pequenas de minorias 
étnicas, de mulheres, de descapacitados etc.), fornecedoras de insumos, de insumos 
farmacêuticos e de recursos financeiros.
Hoje, há mais bancos que vêm configurando programas. O Bank of Baroda, 
banco público que é o quinto maior da Índia em termos de ativos financeiros, 
começou a fazer isso há poucos meses. Litesh Majethia, que administra nesse 
banco o negócio da supply-chain, reconhece que bancos concorrentes estão 
entrando no negócio. No entanto, eles estão começando pelo fornecimento de 
recursos financeiros com foco nas pequenas e médias empresas da Índia. Essas 
empresas estão passando por uma brecha de US$ 400 bilhões, assim, há muito 
espaço para crescer e um novo sistema digitalizado é uma grande vantagem.
Os bancos, no entanto, não conseguem acompanhar de maneira rápida 
os avanços tecnológicos, se comparar com as grandes empresas de varejo, tal 
como Amazon. Simbiose é a regra. Dois grandes bancos, HSBC e Santander, 
vêm fazendo parcerias com Tradeshift, uma rede de faturamento, financiamento 
e compras que conecta mais de 1,5 milhões de compradores e fornecedores ao 
redor do mundo. O HSBC também vem juntando forças com GT Nexus, empresa 
que faz plataforma global de gerenciamento da cadeia de suprimentos (supply-
chain). Os bancos podem aproveitar um novo grupo de clientes e as empresas 
podem encontrar, nas redes de empresas de tecnologia, financiamento de 
maneira mais fácil. No entanto, os bancos locais menores poderiam perder 
mercado enquanto o mercado continua se expandindo, pois, bancos maiores 
conseguem emprestar com custos financeiros mais baratos.
A tecnologia está abrindo mais possibilidades. A C2FO, outra empresa 
de tecnologia financeira, consegue oferecer pedidos de pagamentos dos 
fornecedores conforme as datas e juros que sejam mais convenientes para eles. 
O financiamento típico da cadeia de suprimentos (supply-chain), diz Sandy 
Kemper, chefe da C2FO, é muito menos flexível. Sua plataforma fica disponível 
para tecnologias menores, que poderiam alinhar o fluxo de dados e dinheiro de 
uma maneira mais próxima ao longo do fluxo das mercadorias.
FONTE: <https://www.economist.com/news/finance-and-economics/21730150-squeezed-
suppliers-and-big-corporate-buyers-stand-benefit-technology>. Acesso em: 7 set. 2018.
O que a leitura do artigo traz de interessante sobre a gestão de capital 
de giro das empresas e o mercado financeiro? Basicamente, ele expõe as novas 
ferramentas financeiras disponíveis graças aos grandes avanços tecnológicos na 
área de TI e análise de dados. Neste caso, a cadeia de supermercados Sainsburry’s 
possui uma parceria com uma empresa financeira que oferece factoring 
(compradora de contas a receber), facilitando a necessidade de capital de giro 
(liquidez) de seus fornecedores, no case, a empresa Kiddyum. Hoje, o tripé cliente, 
mercado financeiro (factoring) e fornecedores é dinâmico e contínuo. Esse fato é 
facilitado pelos grandes avanços da TI e análise de dados em grande escala.
56
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A disponibilidade e o interesse real de emprestar por parte dos investidores 
fica em função de dois grandes fatores: o nível de risco que o investidor esteja 
disposto a aceitar; e o nível de rentabilidade que o investidor esteja aspirando, 
ou seja, a taxa de rendimento.
• A taxa da dívida pública é a taxa base de todas as demais taxas da economia 
brasileira que vão se escalonando em função de seu risco. Essa taxa com menor 
risco no Brasil é conhecida como Taxa Básica SELIC.
• No mercado financeiro há diversos papéis de dívida se negociando, desde 
títulos de dívida do governo, títulos de dívida dos bancos comerciais, e de 
empresas grandes que atuam na Bolsa de Valores.
• A taxa que os investidores estão dispostos a aceitar, como nível de rentabilidade, 
em função do nível de risco e rendimento desejado, é conhecida como a Taxa 
Mínima de Atratividade (TMA).
• Um dos usos mais comuns dos juros simples é o cálculo de descontos sobre 
o principal de um valor futuro, muitas vezes esse tipo de título de valor é 
negociado no mercado de valores.
• Grande parte dos valores de investimentos ao redor de mundo vem dos fundos 
de investimentos, os quais administram planos de investimento de pequenos 
investidores e de administradores de fundos de aposentados. Sendo que o 
cálculo financeiro desses rendimentos é feito por meio da metodologia de 
capitalização composta.
• Na negociação de títulos de valor, na maioria das vezes é negociada uma 
carteira de valores que possuem valores e datas de vencimentos diferentes, 
nesses casos, aplica-se o conceito de ponderação de carteira.
57
1 O que significa Taxa Selic e qual a sua relação com as demais taxas de juros 
da economia brasileira?
2 Em função do momento conjuntural da própria dinâmica econômica, o 
Banco Central tem como ferramenta o uso da Taxa Selic, que é basicamente 
a taxa base que define as demais taxas de juros da economia brasileira 
conforme o nível de risco de devedor. O Banco Central tem a gestão da Selic 
Meta. Explique-a.
3 Os investidores procuram rendimentos expressos em taxas, explique o que 
significa a Taxa Mínima de Atratividade (TMA).
4 As operações de curto prazo no mercado de capitais envolvem diversas 
operações, entre elas, a compra e venda de Certificados de Depósitos e 
factoring. Explique:
• Que tipo de cálculo financeiro essas operações utilizam?
• Qual poderia ser um ponto referencial, em termos de taxas, para a tomada 
de decisão.
5 Suponha que uma empresa está precisando levantar fundos para seu giro 
de capital e possui R$ 119.000,00 em vendas a prazo. Seu Banco Comercial 
consegue oferecer para ela realizar uma operação de factoring, considerando 
a seguinte faturação do quadro abaixo. Qual é o valor líquido que a empresa 
consegue levantar?
AUTOATIVIDADE
Valor Duplicatas Vencim. dias
Valor Desconto
Taxa/Mês Taxa/dia Desconto
1 R$ 16.000,00 23 2,30%
2 R$ 18.000,00 29 2,30%
3 R$ 35.000,00 35 2,30%
4 R$ 18.000,00 40 2,30%
5 R$ 18.000,00 48 2,30%
6 R$ 14.000,00 55 2,30%
R$ 119.000,00
Valor líquido
FONTE: O autor
58
59
TÓPICO 3
DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O foco deste tópico é entender alguns fundamentos de análise financeira. 
Neste ponto de seus estudos, ao longo de conceitos econômicos e de cálculo 
financeiro, você já possui a bagagem necessária para discernir quais os 
fundamentos importantes do mercado financeiro de capitais.
Neste último tópico da Unidade 1, a ideia é entender os principais critérios 
da análise de investimento de valores mobiliários (papéis com valor monetário), 
já nas unidades 2 e 3 o estudo focará na estrutura e normativa financeira e nos 
produtos, tributação de valores mobiliários e instrumentos disponíveis no 
mercado financeiro de capitais. 
Para ter melhores elementos de análise desses tópicos interessantes, 
a seguir vamos estudar a dinâmica deste mercado em função das condições 
econômicas e critérios básicos de investimento financeiro.
Talvez esteja se perguntando o que significa mesmo “Valores Mobiliários? 
“Valores mobiliários são documentos emitidos por entidades públicas ou privadas. Compostos 
por um conjunto de direitos e deveres aos titulares e que podem ser comprados e vendidos.” 
<http://mercado-de-valores.info/valores-mobiliarios.html>.
ATENCAO
60
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
2 ANÁLISE COMPARATIVA DE VALORES MOBILIÁRIOS
Para a escolha mais correta para seus interesses, riscos ponderados e 
necessidades de rendimento, os investidoresdevem fazer uma análise relativa 
de várias opções de investimentos a serem comparadas com um referencial de 
investimento, mensurando os desempenhos conforme um referencial de mercado. 
Essa dinâmica de análise financeira é conhecida como “benchmark financeiro”. 
Conforme o site InfoMoney:
Na economia não é diferente. Os investidores costumam acompanhar 
o progresso dos ativos por meio de índices, que acabam servindo de 
benchmark (medida de referência) para aplicações financeiras de risco 
parecido. (D’ÁVILA, 2016) 
Assim, esse acompanhamento de análise comparativo é determinado por 
meio de índices de desempenho estabelecidos pela própria economia e mercado 
financeiro, segundo Bruni (2009, p. 94):
O benchmark representa um referencial para comparação. A depender 
do produto de investimento analisado, diferente poderia ser o padrão 
empregado na comparação dos desempenhos.
• Para produtos de investimentos que busquem acompanhar as taxas 
de juros vigentes no mercado, um bom referencial ou benchmark 
seria o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou a taxa Selic.
• Para produtos de investimento cuja rentabilidade esteja atrelada 
a variações da moeda, tais como os fundos cambiais, um bom 
benchmark seria a taxa de câmbio.
• Para produtos de investimento que busquem manter o poder 
de compra do dinheiro em reais, um benchmark apropriado seria 
o IPCA ou IGP-M, já que são índices de preços que registram a 
evolução dos preços como medida síntese da inflação.
• Para produtos de investimentos baseados em ações, um possível 
benchmark é o Ibovespa ou o IBrX, índices formados por ações mais 
negociadas na Bovespa e que refletem o comportamento do mercado.
Observe que todos esses índices são um reflexo do desempenho econômico 
do momento do investimento. Lembre-se de que seus fundamentos você estudou 
nos tópicos anteriores, com exceção do benchmark Ibovespa, que você irá estudar 
nas próximas unidades. Esses índices você pode usá-los como pontos referenciais 
de análise comparativa (benchmark) de investimentos.
Você se lembra da Taxa Mínima de Atratividade (TMA) estudada no 
tópico anterior? Essa TMA é justamente isso! Um benchmark em função de um 
ponto referencial de análise comparativa de desempenho de algum tipo de índice 
de mercado que esteja vinculado ao tipo de investimento em questão. Nesse 
sentido, a TMA escolhida pelo investidor ficará em função de vários elementos, 
sendo que há dois fundamentais: o nível de risco e o nível de rendimento 
desejado. Se um investidor desejar um nível de risco bem baixo, qual seria uma 
TMA referencial? Seria a Taxa Selic, veja a seguir:
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
61
Quando associada a investimentos financeiros, a TMA costuma 
representar a rentabilidade do ativo livre de risco (risk-free asset) 
de uma economia, também chamada de “taxa livre de risco“. 
Normalmente considera-se como ativos livres de risco títulos públicos 
pós-fixados na taxa básica de juros da respectiva economia. No caso 
do Brasil podemos considerar como ativo livre de risco o título público 
“Tesouro SELIC”, antiga LFT (Letra do Tesouro Nacional), cuja 
rentabilidade está atrelada à taxa SELIC (PRATES, 2017).
Assim, é fundamental na análise de investimentos ter um ponto referencial 
que seja relativo ao investimento em questão, e em função disso, o investidor 
poderá determinar sua TMA. Mas quais os elementos para se escolher uma 
determinada TMA? Essa TMA deverá ser escolhida conforme a determinação de 
vários fatores, os quais vamos abordar a seguir.
3 FATORES DA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Antes de abordar os fatores que determinam uma TMA referencial, 
devemos nos perguntar qual a definição de investimento? Em termos simples, ele 
é um sacrifício no presente com o objetivo de obter uma série de benefícios no 
futuro. Em termos análogos, o estudo de seu curso universitário é considerado 
um investimento! Porque no presente você está sacrificando recurso monetário 
e tempo livre que poderiam satisfazer suas necessidades e desejos de hoje. 
Entretanto, esse sacrifício irá lhe servir para adquirir conhecimento, competências 
e diploma que serão de muita utilidade no seu futuro, com diversos benefícios, 
tanto pessoais como profissionais, lá na frente.
Agora, em termos financeiros, esse sacrifício no presente (investimento) 
envolve três elementos importantes: liquidez disponível a ser sacrificada; 
risco do valor mobiliário; e rendimento financeiro, taxa de retorno. Esses três 
elementos geram a base para se estabelecer uma TMA de análise comparativa 
entre opções de investimentos: Liquidez + Risco + Retorno → Eles geram os 
elementos base para análise comparativa de investimentos, tal como a Taxa 
Mínima de Atratividade (TMA);
3.1 LIQUIDEZ
A liquidez do investimento refere-se à quantidade de valor monetário, 
o capital disponível para o investimento e o tempo em que se deseja recuperar 
esse capital. Em função disso, o investidor pondera qual a real capacidade de 
liquidar o valor mobiliário (papel valor), ou seja, a facilidade de vender esse 
“investimento” para levantar caixa, exemplificando:
• Se ele prever que irá precisar desse capital daqui a seis meses, inclusive antes 
disso, irá fazer um investimento de papel que possa ser facilmente convertido 
em caixa, com pouco valor de desconto financeiro.
62
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
• Se prever que irá precisar desse capital daqui a cinco anos, ele irá analisar 
opções de investimento que gerem rendimentos programados em períodos de 
tempos maiores, com dívidas das empresas de longo prazo ou dívidas públicas. 
Esses papéis até poderiam ser liquidados, mas o custo de desconto financeiro 
poderia ser maior.
• Se ele prever que sua necessidade de recuperar o capital seja por meio de uma 
análise de rendimentos de longo prazo, logo, poderia optar pela compra de 
ações. A capacidade de liquidar esse papel valor será mais em função do valor 
relativo da empresa no mercado, e isso dependerá de uma série de fatores a 
serem estudados nas próximas unidades. As ações sendo valores que podem 
oscilar muito, a decisão de investimento é feita em função das perspectivas de 
rentabilidade da empresa e não na necessidade de levantar caixa no curto prazo.
Assim, um dos elementos de decisão fica em função das necessidades de 
liquidez do investimento em questão, segundo Bruni (2009, p. 112):
A liquidez refere-se ao tempo de manutenção do investimento, 
podendo estar associado à dificuldade de venda ou realização dos 
ativos. Quanto menor a liquidez, maior o tempo do investimento ou a 
dificuldade para sua realização, sendo o inverso verdadeiro. Exemplo, 
diz-se que a liquidez de investimentos feitos em alguns imóveis é 
baixa, em função da maior dificuldade de vendê-los.
Observe que o autor fala de “dificuldade para sua realização”, isso se reflete 
no custo de liquidar um papel valor, a menor liquidez, maior será o custo do desconto 
financeiro desse papel. Uma vez definido o tempo de recuperação desse capital a ser 
investido, o seguinte elemento é ponderar o nível de risco do investimento.
3.2 NÍVEIS DE RISCO
Qual o significado de risco? Ele pode ser definido como qualquer 
adversidade que possa vir a acontecer, e como resultado disso, nossas perspectivas 
sobre um assunto sejam menores do cenário esperado. Segundo Bruni (2009, 
p. 112), o risco: “[...] associa-se ao acontecimento de um resultado diferente do 
esperado e em que geralmente as probabilidades de ocorrência dos múltiplos 
resultados possíveis são conhecidas”. No cenário financeiro há uma série de 
fatores de risco, entre eles, os mais visuais e ponderáveis: risco de mercado, risco 
de pagamento (crédito), risco de liquidez.
3.2.1 Risco de mercado
Existem vários fatores no mercado e isto muito depende do tipo de 
investimento mobiliárioque esteja em avaliação. Em termos referenciais, este tipo 
de risco está atrelado ao comportamento do preço do ativo conforme as condições 
econômicas no mercado. 
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
63
Exemplificando, se você tiver ações de uma grande empresa que possua altos 
volumes de empréstimos em bancos do exterior, logo, uma valorização do dólar 
poderia reduzir as perspectivas de rentabilidade desta empresa, não é mesmo? O 
preço da ação desta empresa poderia perder valor de mercado, consequentemente, 
o valor do capital investido por você nessa empresa perderá valor.
Assim, para conseguir visualizar os riscos de mercado envolvidos em um 
determinado ativo financeiro, é necessário analisar e identificar fatores que possam 
vir a oscilar e impactar na dinâmica do valor desse ativo, entre os grandes fatores 
de risco nos mercados financeiros temos: mercado de ações, taxa de câmbio, taxa de 
juros, derivados futuros dos preços das commodities, entre outros.
Veja a seguir a experiência da empresa Sadia no ano 2008, nesse ano ela 
tinha um alto volume de investimento financeiro no mercado de preços futuros 
em moeda estrangeira, especificamente US$, isto é, derivados futuros dessa 
moeda. Quando a grande crise financeira do ano 2008 estourou nos Estados 
Unidos e logo se espalhou para o resto do mundo, a empresa de repente se viu 
em uma situação da qual não conseguiria sair. Resultado? A empresa veio a falir 
e seus acionistas perderam o valor de suas ações, hoje, a empresa opera sob a 
administração de outro grupo empresarial, segundo O Globo Economia:
DICAS
Ficou curioso sobre a Sadia? Veja o artigo aqui: <https://oglobo.globo.com/
economia/derivativos-levam-sadia-prejuizo-de-248-bilhoes-em-2008-3117146>. Acesso em: 
6 Nov. 2018.
Essa experiência da empresa Sadia é um claro exemplo de riscos de 
mercado externo, entre os grandes fatores disto tem-se: oscilações na taxa de 
câmbio, mudanças nas perspectivas macroeconômicas das grandes economias 
(Estados Unidos, União Europeia, China, entre outros), riscos na geopolítica nos 
países onde se tem investimentos financeiros, regulações, guerras comerciais etc.
Ao longo do ano 2018 a economia mundial vem experimentando uma 
deterioração nas relações comerciais dos Estados Unidos com o resto do mundo, 
especialmente com a China. Resultado? Alto risco de guerra comercial ao redor 
do mundo e grande impacto nas economias emergentes, entre elas o Brasil.
64
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
3.2.2 Risco de pagamento – crédito
Este tipo de risco está vinculado a possíveis perdas em função da falta 
de pagamento, seja dos clientes dos bancos comerciais, de uma grande empresa 
ou da dívida pública de um país, ou seja, este risco vincula a possibilidade a 
recursos monetários que podem não ser recebidos no momento do vencimento. 
Aqui podemos visualizar três grandes grupos de tipos de risco de crédito:
• Risco de crédito país. Ele mede o nível de risco que a dívida pública de um 
país possa ter indícios de inadimplência. Quando a economia dos países está 
indo muito mal, logo, eles forçam os credores a negociarem suas dívidas e seu 
risco país dispara, no ano 2018 isso vem acontecendo com a Argentina. Quanto 
menor o risco país, menor será sua taxa básica de juros, no caso do Brasil, a 
Selic. Os Estados Unidos são o país que possui o menor risco.
• Risco de crédito de empresas. Para diminuir o custo financeiro, as grandes 
empresas emitem papéis de dívida diretamente no mercado de valores, esses 
papéis são conhecidos como debêntures, assim, este tipo de risco de crédito mede 
a possibilidade de não honrar os compromissos dessas empresas. Então, se uma 
grande empresa começar a não pagar os vencimentos de sua dívida, os detentores 
desses papéis irão sofrer perdas financeiras vinculadas ao risco de crédito.
• Risco de crédito dos clientes dos bancos comerciais. Os bancos estão 
constantemente controlando a inadimplência de sua carteira de ativos 
(empréstimos para seus clientes), sendo que esses índices de inadimplência 
estão constantemente monitorados pelo mercado. Assim, se o mercado 
enxergar que a porcentagem de inadimplência está aumentando, esse índice 
piora e os papéis financeiros do banco (ações, debêntures, CDI’s etc.) em 
questão começam a perder valor de mercado. 
DICAS
No mercado de capitais há uma série de ratings que medem o nível de risco 
dos países, das grandes empresas e das instituições financeiras, aqui no Brasil e no resto do 
mundo. Os ratings mais conhecidos são: Standard & Poor's, S&P; Perspectiva; Moody’s; Fitch; 
entre mais outras. Veja a seguir no seguinte link a classificação de risco dos países: <https://
pt.tradingeconomics.com/country-list/rating>.
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
65
3.2.3 Risco de liquidez
O risco de liquidez de investimento mobiliário (título valor) faz referência 
ao tempo de vigência desse investimento e o risco de não conseguir vender, e 
liquidar (levantar caixa) o valor do título no presente. Nesse sentido, quanto maior 
o tempo do investimento, menor será a capacidade de gerar liquidez desse título 
valor, ou seja, a dificuldade de executar a venda e levantar liquidez. Exemplo, 
demora mais e custa mais (desconto maior) vender um título de longo prazo de 
dívida de uma empresa, que liquidar um título da dívida pública. Inclusive, dentro 
do contexto de títulos de dívida de uma grande empresa podem existir diferentes 
níveis de risco, em função das condições de pagamento. Exemplificando:
• Um título valor de cinco anos com pagamento de juros semestrais e do capital, 
quando de seu vencimento, será mais custoso em termos do desconto, que
• Um título de cinco anos com pagamento de juros e amortização do capital 
semestralmente.
Neste caso, o risco de liquidez nestes dois exemplos pondera o tempo 
de recuperação desses ativos financeiros, o risco de pagamento da empresa, e as 
condições do mercado (aceitação ou falta de mercado) para liquidar esses ativos 
antes de seu vencimento. Essa dificuldade será refletida no valor de desconto que 
o dono desse título valor estará disposto a aceitar para vender e liquidar o ativo 
financeiro em questão.
No mercado de capitais existem diversos tipos de títulos valor sendo 
negociados todos os dias, desde os mais seguros até os que possuem maior risco. 
Lembre-se: a maior risco, maior será também a taxa de retorno, ou a Taxa Mínima 
de Atratividade (TMA) exigida pelo investidor para esse tipo de título valor. No 
mercado de renda fixa no Brasil, quais seriam os títulos com menor risco? Os 
títulos de dívida pública brasileira, marcados pela Taxa Selic. E os de menor risco 
no mercado internacional? Os títulos de dívida pública dos Estados Unidos. 
A modo de exemplo, a seguir vamos observar como, à medida que vai 
aumentando o nível de risco, vai aumentando também a taxa de retorno e o tempo 
de vencimento de títulos de renda fixa no mercado de capitais dos EUA. Esse 
nível de risco vai sendo medindo em função de: “(1) um mercado que minimize 
o prazo necessário para sua conversão em caixa e (2) segurança do principal 
(capital), o que significa apresentar perda nula ou baixa de valor ao longo do 
tempo.” (GITMAN, 2010, p. 549).
66
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
QUADRO 11 – RISCO E RENTABILIDADE DE TÍTULOS VALOR
DE RENDA FIXA DOS EUA
Papel Emitente Descrição Prazo de recebimento
Risco e 
Retorno
Rendimento em 
23/07/2017
Títulos Públicos
Treasury Bills
Tesouro 
norte-
americano
Emitidas 
semanalmente 
em leilão, 
forte mercado 
secundário 
(bens 
líquidos).
4, 13 e 26 
semanas.
Mínimo, 
quase livre 
de risco.
4,97%
Treasury notes
Tesouro 
norte-
americano
Taxas de juros 
declaradas, 
juros pagos 
semestralemente, 
fortemercado 
secundário (bens 
líquidos).
1 a 10 anos.
Risco baixo, 
um pouco 
acima dos 
Treasury 
Bills. 
5,03%
Emissões de 
órgãos federais
Órgãos do 
governo 
federal
Não fazem 
parte das 
obrigações do 
Tesouro.
Nove meses 
a 30 anos.
Risco um 
pouco mais 
elevado, mas 
ainda com 
pouco risco.
5,17%
Títulos Privados
Certificados de 
Depósitos (CDs)
Bancos 
comerciais
Valores e 
vencimentos 
ajustados. 
Elevado 
Mercado 
Secundário.
1 mês a 3 
anos.
Mais elevado 
do que o risco 
de papéis
governamentais
4,95%
Notas 
Promissórias 
Comerciais
Sociedade 
por ações 
com elevado 
nível de 
crédito
Obrigações 
não 
garantidas.
3 a 270 dias.
Mais 
elevado do 
que os CDs.
5,23%
Aceites bancários Bancos
Garantia 
bancária para 
uma transição 
comercial. 
Se quitar 
desconto 
em relação 
ao preço do 
vencimento.
30 a 180 dias.
Comparável 
aos CDs.
5,31%
Depósitos em 
eurodólares
Bancos 
estrangeiros
Depósitos 
em moeda 
estrangeira. 
Mercado 
secundário 
ativo.
1 dia a 3 
anos
Elevado por 
causa da pouca 
regulamentação, 
e pelo risco de 
câmbio.
5,36%
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
67
Fundos Mútuos 
do mercado 
monetário
Gestão 
profissional 
de carteira
Administração 
profissional 
de carteiras. 
Liquidação 
imediata.
Inexistente, 
dependendo 
da decisão 
do 
investidor.
Variável, mas 
podendo ser 
mais elevado 
que os papéis 
governamentais 
e do que os 
CDs.
4,98%
Acordos de 
recompensa 
(compromissadas)
Bancos e/ou 
distribuidoras 
de valores
Acordos de 
recompra.
Adequado às 
necessidades 
do 
comprador.
Variável 5,13%
A taxa básica de juros nesse momento era de 8,25%
Rendimentos obtidos para vencimentos de três meses de cada título
Aqui foi usada uma emissão com três meses até o vencimento da National Mortage Association (Fannie 
Mae).
Foi usado o Fidelity Cash Resenves Fund com vencimento médio de 51 dias na ausência de dados de 
rendimento médio.
FONTE: Adaptado de Wall Street Jornal (24 de julho de 2007, P.c6,
apud Gitman, 2010, p. 571)
Nesse quadro, observe que fica bem sistematizada essa correlação entre 
maior prazo, menor liquidez, maior risco e maior rentabilidade, partindo da base 
dos títulos mais seguros do mercado de capitais dos Estados Unidos, isto é, os 
títulos do Tesouro (dívida pública). No Brasil, a estrutura dos títulos e seus níveis 
de risco são bem semelhantes aos mostrados no quadro.
4 BENCHMARK E NECESSIDADES DE INVESTIMENTO
Qual o objetivo do investidor no momento de levar em consideração 
opções de investimento? Ele pode ter diversos objetivos de investimento, desde 
a necessidade de aproveitar rendimentos financeiros de um saldo disponível em 
caixa por um par de meses, até grandes valores de investimento com prazos maiores 
de cinco anos. Entretanto, como um todo, em função dos objetivos definidos, os 
investidores procuram uma ponderação entre risco, retorno e liquidez atrelados 
a um índice como benchmark financeiro para determinar a TMA desejada. Como 
regra de medição de risco e tempo:
Quanto menor o prazo disponível para a aplicação dos recursos ou 
quanto menor o nível de tolerância ao risco, mais conservadora e com 
maior liquidez deverá ser a alternativa de investimento sugerida. 
Por outro lado, investidores com prazos maiores e maiores níveis de 
tolerância ao risco podem colocar seus recursos em alternativas mais 
arrojadas, com maior risco, mas que oferecem maior perspectiva de 
rentabilidade futura. (BRUNI, p. 114, 2009)
68
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Essas opções “mais arrojadas” podem ser alternativas de investimento 
no mercado de ações que oferecem rentabilidades maiores que do mercado de 
renda fixa, mas tanto o rendimento como o valor do capital têm o risco de oscilar 
bastante, aí a necessidade de ter especialistas que ponderam as perspectivas do 
mercado de ações e assim ofertam no mercado de capitais uma série de portfólios 
de ações em função do nível de risco e tendências tecnológicas das empresas, não 
só em nível nacional, mas internacionalmente.
Assim, em função desses três fatores - risco, retorno e liquidez –, os 
investidores determinam o horizonte de investimento, isto é, o prazo desejado 
do investimento. Em termos financeiros, os investimentos de longo prazo 
determinam um horizonte de maior risco, com diversos cenários possíveis que 
podem mudar as perspectivas de retorno do título valor. No gráfico a seguir você 
poderá enxergar a correlação entre rentabilidade e níveis de risco apresentados 
nas diversas opções conforme o tipo de investimento.
GRÁFICO 7 – RELAÇÃO RISCO VERSUS RETORNO
FONTE:<https://bit.ly/2D0sypf>. Acesso em: 24 out. 2018.
Desse gráfico fica clara a correlação entre rentabilidade e risco, os papéis 
de renda fixa possuem um menor risco em função de sua previsibilidade dos 
retornos tanto do capital investido como do rendimento esperado. Embora os 
imóveis não possam garantir um retorno fixo, eles são considerados um referente 
tangível do capital investido, neste tipo de investimento o fator demora na venda 
gera dificuldade de levantar caixa, eis sua correlação com a sua capacidade de 
gerar liquidez. Já o investimento em ações é feito em função de uma análise 
detalhada de várias agências de classificação de risco que conseguem padronizar 
em níveis de risco as ações das empresas negociadas na bolsa de valores. Veja a 
seguir a padronização do risco de uma das grandes agências de ratings, a Standard 
& Poor's Brasil, tanto para empresas como para risco da dívida pública dos países. 
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
69
QUADRO 12 - RATINGS PARA TÍTULOS DE LONGO PRAZO, EXEMPLO
DEBÊNTURES DE GRANDES EMPRESAS
Categoria Definição
AAA
Uma obrigação avaliada em ‘AAA’ tem o rating mais alto atribuído pela S&P 
Global Ratings. A capacidade do devedor de honrar compromissos financeiros 
relativos à obrigação é extremamente forte.
AA
Uma obrigação avaliada em ‘AA’ difere ligeiramente das obrigações com o rating 
mais alto. A capacidade do devedor de honrar seus compromissos financeiros 
relativos à obrigação é muito forte.
A
Uma obrigação avaliada em ‘A’ é de certa forma mais suscetível aos efeitos adversos 
de mudanças nas circunstâncias e nas condições econômicas do que as obrigações 
nas categorias mais altas. No entanto, a capacidade do devedor de honrar seus 
compromissos financeiros relativos à obrigação ainda é forte.
BBB
Uma obrigação avaliada em ‘BBB’ apresenta parâmetros de proteção adequados. 
No entanto, é mais provável que condições econômicas adversas ou mudanças 
nas circunstâncias enfraqueçam a capacidade do devedor de honrar seus 
compromissos financeiros relativos à obrigação.
BB;
B;
CCC;
CC; e C
Obrigações avaliadas em ‘BB’. ‘B’, ‘CCC’, ‘CC’ e ‘C’ apresentam características 
especulativas. ‘BB’ indica o menor grau de especulação e ‘C’, o maior. Embora 
essas obrigações provavelmente apresentem algumas características de qualidade 
e proteção, estas podem ser contrabalançadas por grandes incertezas ou pela 
maior exposição a condições adversas.
BB
Uma obrigação avaliada em ‘BB’ é menos vulnerável ao não pagamento do que 
outras emissões em grau especulativo. No entanto, enfrenta grandes incertezas 
no momento ou exposição a condições adversas de negócios, financeiras ou 
econômicas que poderiam afetar a capacidade do devedor de honrar seus 
compromissos financeiros relativos à obrigação.
CCC
Uma obrigação avaliada em ‘CCC’ é atualmente vulnerável ao não pagamento e 
dependente de condições favoráveis de negócios, financeiras e econômicas para o 
devedor honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação.No caso de 
condições adversas de negócios, financeiras ou econômicas, o devedor provavelmente 
não será capaz de honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação.
CC
Uma obrigação avaliada em ‘CC’ está, no momento, altamente vulnerável ao não 
pagamento. O rating ‘CC’ é atribuído quando o default ainda não ocorreu, mas a 
S&P Global Ratings espera que seja praticamente certo, independentemente do 
tempo previsto para que se concretiza.
C
Uma obrigação avaliada em ‘C’ é, no momento, altamente vulnerável ao não 
pagamento, e esperamos que a obrigação apresente senioridade relativa inferior 
ou recuperação total inferior àquelas das obrigações que possuem rating mais alto.
D
Uma obrigação avaliada em ‘D’ está em default do pagamento ou em descumprimento 
de uma promessa imputada. Para instrumentos não híbridos de capital, a categoria 
de rating ‘D’ aplica-se quando os pagamentos de uma obrigação não são efetuados 
no prazo de vencimento, salvo se a S&P Global Ratings acreditar que serão realizados 
dentro de cinco dias úteis na ausência de qualquer período de carência, dentro 
do período de carência, ou dentro de 30 dias corridos. O rating ‘D’ também será 
utilizado mediante o registro de uma ação de falência ou tomada de ação similar e 
quando o default de uma obrigação é praticamente certo, por exemplo, em função 
de provisões de suspensão automática (stay provisions). O rating de uma obrigação é 
rebaixado para ‘D’ no evento de uma oferta de troca de dívida distressed.
70
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
* Os Ratings de ‘AA’ a ‘CCC’ podem ser modificados pelo acréscimo de um sinal de mais (+) ou de 
menos (-) com o intuito de demonstrar sua posição relativa dentro das principais categorias de rating.
FONTE: <https://www.standardandpoors.com/pt_LA/delegate/
getPDF?articleId=2065204&type=COMMENTS&subType=REGULATORY>.
Acesso em: 6 nov. 2018.
QUADRO 13 - MAPEAMENTO HIPOTÉTICO DE RATINGS NO BRASIL
FONTE: <https://www.standardandpoors.com/pt_LA/delegate/
getPDF?articleId=1498613&type=COMMENTS&subType=REGULATORY>.
Acesso em: 6 nov. 2018.
Por último, apresenta-se o tipo de investimento que gera maior risco, 
mas gera também a maior rentabilidade, isto é, o negócio próprio e/ou com 
um grupo de sócios. É neste tipo de pequenas empresas que nascem muitos 
empreendimentos que logo poderiam virar grandes empresas que negociam suas 
ações e debêntures na bolsa de valores. Como grandes empresas ou conceito de 
negócios que nasceram do fruto da inovação e força de empreendimento tem-se 
a Microsoft, a Apple, Amazon, ultimamente Netflix etc.
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
71
IMPORTANT
E
No âmbito nacional se tem vários exemplos, como a Weg <http://old.weg.net/
br>, o empreendimento Eisenbahn que foi vendido para uma holding do setor de cervejas 
<https://www.eisenbahn.com.br> , entre outras. Todas essas empresas e mais outras são as 
geradoras de inovações e potenciais empresas que poderiam entrar no mercado de capitais.
Até aqui chegamos com nossos estudos dos fundamentos econômicos e 
financeiros do mercado de capitais. O foco desta unidade foi justamente isso, 
que você possa captar os conceitos e fundamentos para conseguir entender 
a base da dinâmica do mercado de capitais. Tanto no contexto das correlações 
do ambiente econômico, o uso de taxas referenciais usadas e a dinâmica dos 
horizontes prazo versus risco. Nas próximas unidades abordaremos a estrutura 
e normativa financeira nacional, e os produtos conforme sua precificação no 
mercado financeiro.
Antes de iniciar a Unidade 2, sugerimos a leitura sobre o impacto do 
mercado de capitais na capacidade de gerar emprego e renda na economia real 
nos próximos anos aqui no Brasil. Este exemplo nos mostra que o mercado de 
capitais possui uma correlação importantíssima com a economia real dos países. 
Sem a força e dinâmica deste mercado, a economia dos países seria muito menos 
desenvolvida. Já observou os países que se fecham à economia internacional de 
hoje? Eles estão anos atrás e com índices de pobreza altos.
72
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
LEITURA COMPLEMENTAR
VALOR ECONÔMICO: EXPANSÃO DO MERCADO DE CAPITAIS 
ACELERA EMPREGO E RENDA, DIZ ESTUDO
Ana Conceição
Sérgio Tauhata
Silva Rosa
Um mercado de capitais mais forte no Brasil poderia criar 1,7 milhão 
de empregos a mais e aumentar em 11,6% a renda per capita do país ao longo 
de cinco anos. As estimativas fazem parte de um estudo feito pela consultoria 
Accenture Strategy e representam uma pequena amostra do impacto real 
que a implementação de uma agenda para desenvolvimento do ambiente de 
financiamento privado de longo prazo poderia causar.
O levantamento feito pela consultoria para a Associação Brasileira das 
Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e a B3 busca desvendar 
os efeitos palpáveis para a economia do fortalecimento e desenvolvimento do 
mercado de capitais. O estudo será apresentado hoje no Congresso Brasileiro do 
Mercado de Capitais 2018, em São Paulo.
Segundo o documento, possibilitar a empresas de vários tamanhos 
acessar fontes privadas para financiamento de longo prazo, além de aumentar a 
própria disponibilidade de recursos a um custo menor, ajudaria as companhias a 
viabilizar mais projetos e expandir a produção, o que impulsionaria a criação de 
empregos e aumento da renda.
A pesquisa levou em conta a experiência internacional e os resultados 
alcançados a partir de medidas semelhantes às defendidas pela Anbima e B3. A 
existência de mercados de capitais desenvolvidos tem sido amplamente apontada 
como fator para o avanço socioeconômico dos países, pondera o estudo.
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
73
Cálculos feitos a partir dos dados de vários países mostram que a expansão 
dos mercados de ações e de títulos privados poderia levar a um aumento extra 
de 21%, ou R$ 294 bilhões, nos investimentos em infraestrutura entre 2018 e 2022 
no Brasil. Apenas em saneamento, eletricidade, transporte e telecomunicações 
haveria R$ 89 bilhões adicionais. O estudo leva em conta um crescimento 
moderado da economia brasileira de 2% a 3% anuais, visto como mais provável 
pela Anbima nos próximos anos.
Outro efeito seria o aumento extra de 12% no PIB per capita, para R$ 38,8 
mil em cinco anos. Sem nenhum impulso ao mercado de capitais, a Anbima prevê 
um PIB per capita de R$ 34,6 mil em 2022, ou seja, R$ 4 mil a menos.
Vídeo: Saiba mais sobre a agenda para impulsionar o mercado de capitais 
<https://www.youtube.com/watch?v=pD8FHNf2rcQ>
No cenário moderado de crescimento, o estudo mostra que, se a agenda de 
desenvolvimento for implementada, o valor de mercado das empresas listadas em 
bolsa sairia de 52,4% do PIB neste ano para 73% do PIB em 2022. O estoque de títulos 
privados cresceria de 27,6% do PIB para 31,2% do PIB no mesmo período. Em cinco 
anos, diz a pesquisa, o mercado de capitais brasileiro cresceria R$ 3,7 trilhões. Em 
2029, chegaria à mesma média de um grupo de países selecionados, com 130,4% do 
PIB em capitalização de mercado e 38,7% do produto em títulos privados.
"Trata-se de um estudo econométrico de experiências de países que 
adotaram uma agenda similar. A partir dele, queremos mostrar o que pode 
acontecer, em um ambiente de estabilidade macroeconômica, se o país desenvolver 
74
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
seu mercado de capitais", afirma José Eduardo Laloni, diretor da Anbima. Entre 
outros pontos, o trabalho também mostra que a variação de 1% no mercado teria 
impacto de 0,3% na renda per capita, percentual considerado relevante por Laloni.
O trabalho encomendado pela associação procura sensibilizar o 
futuro governo para a importância dos mercados de renda fixa e variávelno 
desenvolvimento do país. Os dados estão sendo apresentados aos assessores 
econômicos dos candidatos à Presidência junto com uma agenda de propostas. As 
sugestões giram em torno de cinco metas: fomentar o financiamento privado de 
longo prazo, estimular a formação de poupança, expandir o volume de emissões 
e aumentar a liquidez da negociação de ativos.
Para a Anbima, a expansão do mercado de capitais é crucial num momento 
em que o BNDES reduz a participação no financiamento a empresas e projetos 
de infraestrutura, ao mesmo tempo que o acesso a crédito em canais tradicionais, 
como os bancos, permanece caro e escasso. "O BNDES está saindo gradativamente 
do mercado. É uma grande oportunidade para acelerar a participação dos recursos 
privados", diz José Carlos Doherty, superintendente-geral da entidade.
Gilson Finkelsztain, presidente da B3, avalia que o BNDES, sozinho, não 
dá conta de suprir a demanda por recursos no país. "Não há dinheiro bastante 
para isso. O ideal é que o banco atue como um intermediário para alavancar o 
setor privado no mercado de capitais", afirma.
Os números reforçam a percepção dos executivos. Com a melhora do 
cenário macroeconômico nos últimos dois anos, o mercado de capitais tem 
mostrado fôlego suficiente para ocupar o espaço deixado pelo banco estatal. Entre 
2016 e 2017, a redução acumulada nos desembolsos do BNDES alcança R$ 65 
bilhões, saindo de R$ 135,9 bilhões em 2015 para R$ 70,8 bilhões no ano passado. 
Em relação ao pico de financiamentos pelo órgão alcançando em 2013, a retração 
em 2017 sobe para R$ 119,6 bilhões.
Ao longo de 2017, porém, a captação de recursos por empresas brasileiras 
tanto no mercado de capitais doméstico quanto no exterior mais que compensou 
essa redução. No período, as corporações do país aceleraram as emissões de títulos 
de dívida e ações diante da retração do BNDES e das condições favoráveis tanto 
de custo de capital quanto de demanda. Com isso, conforme dados da Anbima, 
obtiveram R$ 307 bilhões, ou seja, R$ 122,2 bilhões a mais do que o total captado 
em 2016, excluindo-se os valores de emissões do Tesouro Nacional no período.
Em 2018 até julho, as emissões domésticas e externas já alcançam R$ 172,7 
bilhões, incluindo a captação internacional de US$ 1,5 bilhão feita pelo Tesouro 
em fevereiro. O montante obtido no mercado doméstico registra avanço de 35,7% 
na comparação com os primeiros sete meses de 2017. No exterior, houve recuo de 
26,3% no volume de recursos na mesma base de comparação.
FONTE: < https://www.valor.com.br/financas/5795941/expansao-do-mercado-de-capitais-acelera-
emprego-e-renda-diz-estudo# > Acesso em 07 set. 2018.
75
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O benchmark faz análise comparativa entre opções de investimento em função 
de uma taxa referencial de rendimento.
• Investimento é um sacrifício no presente com o objetivo de obter uma série de 
benefícios no futuro.
• Investimento financeiro implica sacrifício no presente (investimento), 
envolvendo três elementos importantes: liquidez disponível a ser sacrificada; 
risco do valor mobiliário; e rendimento financeiro, taxa de retorno.
• Liquidez + Risco + Retorno → Eles geram os elementos base para análise 
comparativa de investimentos, tal como a Taxa Mínima de Atratividade (TMA).
• À medida vai aumentando o nível de risco, vão aumentando também a taxa de 
retorno e o tempo de vencimento de títulos de renda fixa.
• O risco de pagamento vincula-se à possibilidade de recursos monetários 
poderem não ser recebidos no momento do vencimento.
• O risco de mercado está atrelado ao comportamento do preço do ativo conforme 
as condições econômicas no mercado. 
• Os investidores procuram uma ponderação entre risco, retorno e liquidez 
atrelados a um índice como benchmark.
76
1 O que significa “benchmark financeiro”?
2 A Taxa Mínima de Atratividade é um tipo de benchmark financeiro. Sobre a 
TMA, responda os itens a seguir:
a) Quais são os dois elementos fundamentais para determinar a escolha de 
TMA?
b) Qual seria uma TMA em que esteja implícito nela o menor nível de risco 
possível de um investimento aqui no Brasil?
3 O investimento no mercado de capitais é um sacrifício no presente com 
a expectativa de ter rendimentos monetários no futuro. Sobre o exposto, 
responda os itens a seguir:
a) Quais são os três elementos destes investimentos?
b) O que consegue determinar esses três elementos?
4 Existem diversos tipos de riscos envolvidos nos investimentos. O que 
vincula o risco de pagamento (crédito)?
5 Existe uma correlação entre nível de rentabilidade e nível de risco. Se o 
investidor procura maior rentabilidade, ele deverá estar ciente de que isso 
implica maior nível de risco de recuperação do capital. Exemplo, é bem 
diferente comprar dívida pública dos EUA, do Brasil ou da Grécia. A de 
menor risco serão os papéis do Tesouro norte-americano, e a que possa 
envolver maior risco, pelo menos no ano de 2018, serão os papéis da dívida 
da Grécia. Sobre níveis de risco e tipos de investimento, cite quais são estes 
em função de sua correlação retorno versus risco.
AUTOATIVIDADE
77
UNIDADE 2
ESTRUTURA E NORMATIVA 
FINANCEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• entender a dinâmica e a importância da intermediação financeira;
• compreender a estrutura e o funcionamento do sistema financeiro nacional;
• compreender o papel dos órgãos normativos, entidades supervisoras e 
agentes operadores;
• identificar as características das instituições financeiras que compõem o 
Sistema Financeiro Nacional;
• compreender a sistemática do mercado de valores mobiliários;
• identificar e diferenciar o papel dos participantes do mercado de valores 
mobiliários.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles você 
encontrará atividades que auxiliarão no seu aprendizado.
TÓPICO 1 – INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
TÓPICO 2 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
TÓPICO 3 – MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
78
79
TÓPICO 1
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A economia mundial se desenvolve em um ambiente financeiro cada vez 
mais complexo e influente. A partir desta constatação, faz-se necessário que todos 
os agentes econômicos (famílias, empresas e governos) identifiquem as melhores 
práticas e oportunidades de investimentos disponíveis a fim de equilibrar suas 
posições de risco nas mais diversas decisões financeiras.
As economias mais desenvolvidas têm por característica um sistema de 
intermediação financeira bastante diversificado e ajustado às necessidades de seus 
agentes econômicos, especialmente aos agentes produtivos, de forma a executar 
sua principal função, que é a de direcionar os recursos financeiros dos agentes 
superavitários para os agentes com carência de capital para investimentos. Por isso, 
o sistema financeiro tem sido um importante integrante da sociedade moderna.
No cenário brasileiro, a participação das instituições bancárias na 
intermediação financeira é historicamente elevada, uma vez que altas taxas de 
inflação têm obrigado os agentes econômicos a aplicarem seus recursos financeiros 
de forma mais intensiva para não sofrerem com a perda do poder aquisitivo da 
moeda. Assim, as atividades de intermediação financeira contribuem para a 
conciliação dos interesses dos agentes econômicos.
Neste sentido é fundamental entender, além da estrutura do mercado financeiro 
estudada na unidade anterior deste caderno, o funcionamento da intermediação 
financeira na prática, bem como o comportamento esperado em relação às políticas 
econômicas adotadas. Sendo assim, esta unidade tem por objetivos: compreender 
a estrutura e o funcionamento do sistema financeiro nacional; apresentar o papel 
dos órgãos normativos, entidades supervisorase agentes operadores; identificar 
as características das instituições financeiras que compõe o sistema financeiro 
nacional; compreender a sistemática do mercado de valores mobiliários e identificar 
e diferenciar o papel dos participantes do mercado de valores mobiliários.
É fundamental, para que se compreenda melhor as funções e o funcionamento 
dos mercados, introduzir algumas noções básicas sobre o funcionamento da 
economia antes de tratar especificamente da intermediação financeira. 
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
80
2 ECONOMIA E MERCADO FINANCEIRO
A ciência econômica se preocupa com o estudo da alocação dos recursos 
produtivos na economia. Esta preocupação se deve ao fato de que os indivíduos 
possuem necessidades, vontades e desejos diferentes uns dos outros e são 
ilimitados, enquanto que os recursos disponíveis na economia são escassos para 
atender tais necessidades em sua plenitude.
Se pensarmos nas economias modernas, os desejos de consumo das 
famílias estão em geral acima de sua capacidade econômica. Quando pensamos 
no contexto de países, fica mais fácil percebermos essa noção de escassez dos 
recursos, pois, afinal de contas, os fatores de produção, aqui englobados o 
número de pessoas disponíveis para trabalhar e os recursos naturais, financeiros 
e tecnológicos, são limitados.
Conforme a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as decisões dos 
agentes econômicos (famílias, empresas e governo), embora sendo agentes 
autônomos, estão interligadas e impactam uns aos outros (CVM, 2014). Neste 
contexto, temos de um lado as famílias que oferecem os insumos necessários 
para a produção das empresas em troca dos rendimentos (que formam a renda 
dessas famílias). Com essa renda, adquirem os produtos e serviços ofertados 
pelas empresas. O governo, por sua vez, recolhe impostos e taxas dessas famílias 
e empresas e devolve para a sociedade em forma de projetos sociais ou serviços 
básicos não ofertados pelas empresas.
Tudo isso converge para as decisões financeiras tomadas pelos agentes 
econômicos, em especial as de consumo, poupança e investimento. Sendo assim, 
necessitamos da compreensão do funcionamento do sistema financeiro como 
um todo. Por exemplo: uma família que pode decidir consumir menos que sua 
renda por uma infinidade de motivos, sejam eles para a sua segurança financeira, 
aposentadoria ou compra futura de bens, formando assim a poupança. Já outra 
família pode decidir consumir mais do que a sua renda, e, portanto, demanda 
recursos motivada pelo aparecimento de situações inesperadas ou mesmo por 
precisar investir em mais educação na expectativa de retorno futuro. Por outro 
lado, as empresas precisam de dinheiro para realizar sua produção, investir em 
máquinas, equipamentos, treinamento e novas tecnologias. Esse dinheiro pode 
vir, por exemplo, da poupança das famílias. O governo, por sua vez, pode, 
em determinado momento, ter gastos maiores que as suas despesas, tomando 
recursos no mercado na forma de emissão de títulos públicos, as chamadas 
dívidas mobiliárias. Já em outros momentos, pode gastar menos e contribuir para 
a formação de poupança.
TÓPICO 1 | INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
81
IMPORTANT
E
Os agentes econômicos que formam poupança, ou seja, consomem menos 
do que ganham, são chamados de “agentes superavitários”. Os agentes econômicos que 
consomem mais que sua renda e precisam recorrer à poupança de terceiros são conhecidos 
como “agentes deficitários”.
Para que o agente deficitário possa utilizar os recursos disponíveis dos 
agentes superavitários para realizar suas decisões de consumo ou investimento 
é preciso que esse fluxo de recursos entre eles seja viabilizado. Isso porque, na 
maioria dos casos, as necessidades de poupança e empréstimos individuais 
diferem em alguns aspectos, por exemplo, valor e prazo (CVM, 2014).
Mas como isso funciona na prática? Imaginemos que uma determinada 
família decida aplicar R$ 10.000,00 por um ano, enquanto outra queira apenas R$ 
5.000,00 emprestados durante um período de seis meses. Ou então: uma empresa 
necessite de R$ 1.000.000,00 para investir em suas operações, seja em forma de 
ampliação do seu parque fabril ou compra de uma nova máquina e necessite 
pagar tal montante em cinco anos. Se cada poupador tivesse que encontrar um 
tomador de recursos com as mesmas necessidades de volume e prazo para a 
realização de um empréstimo, seria muito difícil a efetivação de tais operações.
Santos (1999) lembra que, na economia primitiva, os agentes econômicos 
superavitários entravam em contato diretamente com os agentes econômicos 
deficitários. No entanto, este relacionamento se constitui em um entrave à 
consecução fluente dos negócios, uma vez que há a necessidade de perfeita 
coincidência dos desejos de ambas as partes no que se refere aos valores das 
operações, seus prazos, suas garantias, dentre outros.
A intermediação financeira ocorre na relação entre os agentes econômicos 
superavitários e os deficitários. Os intermediários financeiros procuram atender às expectativas 
e necessidades de ambos segmentos de agentes econômicos oferecendo alternativas 
adequadas para guarda, aplicação de recursos e acesso a fontes de financiamento para 
viabilizar investimentos e consumo.
ATENCAO
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
82
Não é difícil perceber a importância do sistema financeiro para o adequado 
funcionamento da economia de uma nação e, consequentemente, seu crescimento. 
Se, por exemplo, determinada empresa que necessita de recursos para a realização 
de investimentos para a produção não conseguir captá-los de forma eficiente, 
provavelmente ela não realizará o investimento, deixando de gerar emprego e 
renda. Com o papel desempenhado pelas instituições financeiras, esse problema 
se reduz (CVM, 2014).
Assaf Neto (2012) lembra que em economias desenvolvidas apresentam 
um sistema de intermediação financeira capaz de atender as necessidades de 
seus agentes econômicos, desempenhando sua função de direcionar recursos 
de unidades com carência de capital para investimento. Nesse sentido, toda 
economia de mercado objetiva, mediante sua estrutura de intermediação 
financeira, conciliar os interesses de poupadores e investidores, com o intuito de 
viabilizar seu crescimento econômico.
Foi para suprir a demanda de mercado que surgiram e se desenvolveram 
instituições especializadas em intermediar essas operações. Diante desta 
perspectiva, no próximo subtópico aprenderemos em que consiste efetivamente 
a intermediação financeira.
2.1 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E SEUS INTERMEDIÁRIOS
Inicialmente, a função do sistema financeiro era captar recursos dos agentes 
econômicos superavitários, pagando-lhes uma remuneração (representada pelos 
juros), e emprestar aos agentes econômicos deficitários, naturalmente a uma taxa 
de juros mais elevada, garantindo, assim, uma diferença a fim de remuneração 
pela intermediação dessas operações (CVM, 2014).
IMPORTANT
E
A diferença dos juros cobrados dos agentes econômicos deficitários e dos juros 
pagos aos agentes econômicos superavitários é a renda dos intermediários financeiros, 
conhecida na literatura como spread financeiro.
Conforme Assaf Neto (2012, p. 8),
“os recursos da economia são movimentados no mercado, em sua 
maior parte, por intermediários financeiros, que trabalham de forma 
especializada e voltados para entrosar [...] expectativas e interesses de 
agentes econômicos com capacidade de poupança com os tomadores 
de recursos. Essa intermediação se processa pela colocação de títulos 
e valores econômicos no mercado por meio de instituições, como 
bancos, caixas econômicas, fundos de pensão, entre outras”.
TÓPICO 1 | INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
83
Essas instituições concentram a poupança e a distribuem aos tomadores 
de recursos, atendendo, ao mesmo tempo, às necessidadesde volumes financeiros 
e prazo de cada um. Com o passar do tempo, essas instituições foram se 
especializando e oferecendo outros serviços. Da mesma forma desenvolveram-se 
novos instrumentos, sistemas e produtos para organizar, controlar e desenvolver 
esse mercado (CVM, 2014).
Um intermediário financeiro, ao operar com recursos de inúmeros 
poupadores, atua com maior nível de divisibilidade na gestão dos recursos, 
permitindo negociar montantes variados com o mercado. Isso possibilita oferecer 
aos tomadores de fundos condições de empréstimos mais ajustadas a suas efetivas 
necessidades de caixa (ASSAF NETO, 2012).
É importante termos em mente que o modelo tradicional de intermediação 
financeira não foi capaz de suprir todas as demandas existentes no mercado. 
Esse processo foi sendo aprimorado ao longo de sua história. Desenvolveram-
se novos ativos financeiros e características operacionais específicas para cada 
tipo de demanda. Essas características podem diferir em razão do prazo, tipo 
de instrumento utilizado para formalização da operação, pelos riscos assumidos, 
entre outros aspectos que delimitam o que se convencionou chamar de mercados 
financeiros (CVM, 2014).
Neste sentido, o aperfeiçoamento dos mecanismos da intermediação 
financeira contribui de forma relevante para o bem-estar econômico de um país, 
atuando sobre os níveis de poupança, investimento, rendas, taxas de emprego, 
consumo, entre outros. Conforme Assaf Neto (2012, p. 8),
a presença da atividade de intermediação financeira fundamenta-
se no desequilíbrio entre o nível de poupança e investimento de uma 
economia. Se todos os agentes fossem capazes de gerar volume de 
poupança igual a seus dispêndios de capital, a existência de ativos 
financeiros e, consequentemente, da intermediação não seria necessária 
diante do equilíbrio de caixa apresentado pelos agentes.
Conforme Lagioia (2007, p. 31), “o sistema financeiro possui outros valores 
agregados, mas fundamentalmente aproxima os agentes superavitários dos 
deficitários ou vice-versa sem que os mesmos necessariamente precisem se conhecer”.
NOTA
A expressão “intermediação financeira” designa uma categoria diferenciada de 
serviços no âmbito das atividades terciárias de produção. Os intermediários financeiros são os 
prestadores desse serviço; operam um diversificado conjunto de instituições que compõem 
o Sistema Financeiro Nacional (GALVÃO; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2006, p. 1).
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
84
Na economia moderna, os intermediários financeiros se “interpõem” 
entre poupadores e investidores. Nesse sentido, as atividades de intermediação 
financeira contribuem para a conciliação dos interesses dos agentes econômicos, 
através do equilíbrio de prazos, valores e risco, conforme podemos observar em 
Santos (1999, p. 22):
• prazo: a intermediação satisfaz, pela interação entre poupadores e 
tomadores de recursos, as necessidades de fundos dos participantes 
do mercado em seus devidos prazos, permitindo uma maior oferta 
de crédito;
• valor: a intermediação financeira no mercado contribui para conciliar 
os diferentes montantes de capital investidos por aplicadores e 
demandados por tomadores, promovendo uma alocação mais 
eficiente de recursos;
• risco: os riscos são diluídos na atividade de intermediação financeira 
pela diversificação das carteiras, oferecendo aos agentes operações 
de mercado com risco menor.
As operações de mercado têm se tornado cada vez mais complexas. Com 
isso, os intermediários financeiros estão trabalhando de forma mais especializada, 
melhorando e sofisticando seu campo de atuação com intuito de ajudar as relações 
entre tomadores e poupadores de recursos. Alguns poupadores, por exemplo, 
em vez de administrarem individualmente seus portfólios, podem transferir essa 
tarefa para instituições especializadas, melhor preparadas tecnicamente para 
executarem a administração de carteiras (ASSAF NETO, 2012).
Como benefícios da intermediação financeira, Galvão, Ribeiro e Oliveira 
(2006) destacam a eficiência operacional, a especialização, a diluição de riscos, 
ganhos de eficácia e o descasamento de prazos. Neste sentido, os intermediários 
financeiros constituem-se, ainda, em especialistas nas negociações com títulos, o 
que permite oferecer operações financeiras mais sofisticadas a todos os agentes 
de mercado, mesmo para aqueles menos familiarizados com a dinâmica bancária.
Ao se relacionarem continuamente com os recursos financeiros de 
vários depositantes, os intermediários podem oferecer dinheiro rápido e a um 
custo de escala bem menor do que seria possível a um agente econômico que 
opera isoladamente. Outra vantagem oferecida pelo sistema de intermediação 
é a gestão do risco dos investidores, que possibilita a montagem de carteiras de 
ativos diversificadas e, consequentemente, de menor risco (ASSAF NETO, 2012).
Os intermediários financeiros promovem a liquidez do mercado 
viabilizando captações e aplicações financeiras com diferentes taxas e prazos, com 
o intuito de atender as demandas dos agentes econômicos em relação à natureza 
de suas operações. Assim os tomadores de recursos desejando prazos maiores que 
aqueles pleiteados pelos poupadores faz com que as instituições intermediadoras 
gerenciam essas demandas por meio de um eficiente planejamento e distribuição 
de seus fluxos de caixa (ASSAF NETO, 2012).
Após apresentarmos a dinâmica e a importância da intermediação 
financeira para o crescimento e o desenvolvimento da economia de um país, 
aprenderemos, no próximo tópico, a estrutura e o funcionamento do Sistema 
Financeiro Nacional (SFN). 
85
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os intermediários financeiros servem para reduzir os custos transacionais, 
para transformar empréstimos de longo prazo em dívidas a curto prazo e, com 
isso, proporcionar liquidez e dividir risco.
• Ocupam posição de destaque no âmbito do sistema de pagamentos os bancos 
comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial, as caixas econômicas 
e, em plano inferior, as cooperativas de crédito.
• Essas instituições captam depósitos à vista e, em contrapartida, oferecem a 
seus clientes, pessoas físicas e jurídicas, contas de depósito que são utilizadas 
para movimentação de recursos e para pagamentos.
• Além dessas instituições, os correspondentes bancários, tipicamente casas 
lotéricas, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos varejistas, 
oferecem alguns serviços bancários e de pagamentos inclusive em locais não 
atendidos pela rede bancária convencional, atuando assim em nome dos bancos.
• Instituições do governo também concedem empréstimos e garantem ou 
seguram os empréstimos privados.
• Os intermediários financeiros são fortemente regulamentados. Entre as 
finalidades dessa regulação, estão: proteger o sistema de pagamentos, ajudar 
os pequenos depositantes, anular o medo de uma grande agregação do poder 
econômico e atender às necessidades de crédito de certos setores da economia.
86
AUTOATIVIDADE
1 O que é mercado financeiro?
2 Defina intermediação financeira.
3 Qual a diferença entre agentes econômicos superavitários e deficitários?
4 O que são intermediários financeiros?
87
TÓPICO 2
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Financeiro é um importante componente da sociedade econômica 
moderna cujo papel é fundamental para o crescimento e desenvolvimento 
econômico de uma nação, o que explica a necessidade de conhecimento do 
funcionamento do sistema como um todo. No entanto, ao longo do tempo, a 
estrutura econômica dos países tem passado por profundas transformações, 
especialmente no que concerne ao mercado financeiro brasileiro.
Cabe mencionar que o sistema financeiro brasileiro possui inúmeras 
peculiaridades, especialmente no que tange ao fato de que opaís possui fortes 
carências econômicas e sociais. De forma pragmática, podemos dizer que a 
atividade financeira brasileira é muito baixa em relação às suas necessidades de 
crescimento econômico e modernização da estrutura produtiva.
Dessa forma, surge a necessidade da compreensão da estrutura do 
Sistema Financeiro Nacional e as respectivas funções dos agentes que compõem 
este sistema. Sua estrutura é dividida em autoridades monetárias, normativas 
e fiscalizadoras, instituições financeiras públicas e privadas. Essas instituições 
permitem, dentro das melhores condições possíveis, a circulação de moeda entre 
os tomadores e poupadores de recursos na economia.
Sendo assim, este tópico tem por objetivo apresentar a estrutura do Sistema 
Financeiro Nacional e as principais características das instituições financeiras que 
o compõem.
2 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: CONCEITOS E FUNÇÕES
Reconhece-se que todo processo de crescimento e desenvolvimento da 
economia de uma nação está fortemente ligado à participação de capitais que, por 
meio da capacidade da formação de poupança interna do país, estão em poder 
dos agentes econômicos, são direcionados para os setores produtivos carentes 
de recursos (ASSF NETO, 2012). Essa dinâmica só é possível pela utilização de 
mecanismos e instrumentos disponibilizados pelos intermediários financeiros.
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
88
Imaginemos a seguinte situação: uma determinada organização que 
necessite captar recursos financeiros para investimentos na sua produção, tais 
como infraestrutura, máquinas, equipamentos, dentre outros, não consiga fazê-
lo de forma eficiente. Isso fará com que a organização desista de realizar os 
investimentos de que tanto necessita, acarretando, portanto, a incapacidade da 
organização de gerar emprego e renda. Com uma atuação eficiente por parte do 
sistema financeiro e das instituições financeiras, tal problema pode ser, se não 
eliminado, ao menos reduzido.
Cabe destacar que essa dinâmica é válida também na situação em que a 
empresa necessite de recursos financeiros para ajustar seu fluxo de caixa devido 
ao descasamento entre os valores a receber de seus clientes e os valores a pagar 
aos seus credores, fornecedores ou, ainda, seus colaboradores.
IMPORTANT
E
Entende-se por agentes econômicos superavitários como aqueles que são 
capazes de gastar seus recursos financeiros em consumo e investimento menor do que 
a sua renda, e por agentes econômicos deficitários aqueles que assumem uma posição 
de tomadores de recursos financeiros no mercado, isto é, que despendem em consumo e 
investimento valores superiores aos de sua renda.
É em função desse processo de distribuição de recursos no mercado que 
se evidencia a função econômica e social do sistema financeiro. Mas você deve 
estar se perguntando: como esta dinâmica funciona na prática? Como e quem 
controla estas interações? Neste tópico iremos entender todo o funcionamento 
do sistema financeiro, os agentes envolvidos neste processo e suas respectivas 
funções. Primeiramente, necessitamos conhecer conceitualmente o que é o Sistema 
Financeiro Nacional, reconhecido na literatura pela sigla SFN. Então, vamos lá!
O Sistema Financeiro Nacional é entendido como um conjunto de 
instituições e instrumentos financeiros que visam transferir recursos dos agentes 
econômicos superavitários para os agentes econômicos deficitários (ASSAF 
NETO, 2012). É por meio do Sistema Financeiro Nacional que se viabiliza a 
relação entre os agentes que carecem de recursos financeiros, investimentos e os 
agentes que são capazes de gerar poupança e, consequentemente, condições de 
financiar o crescimento da economia.
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
89
NOTA
“O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por instituições que têm como 
finalidade intermediar o fluxo de recursos entre os poupadores, investidores e os tomadores 
de recursos, em condições satisfatórias para o mercado” (HOJI, 2017, p. 25).
Conforme destacado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 
historicamente o sistema financeiro não foi capaz de suprir todas as demandas 
dos agentes econômicos. Sendo assim, houve a necessidade do aprimoramento 
do processo de intermediação financeira, em que 
desenvolveram-se novos ativos financeiros e características 
operacionais específicas para cada tipo de demanda. Essas 
características podem diferir em razão do prazo, tipo de instrumento 
utilizado para formalizar a operação, assunção de riscos, entre outros 
aspectos que delimitam o que se convencionou chamar de mercados 
financeiros (CVM, 2014, p. 31).
De forma geral, o sistema financeiro segmentou-se em quatro grandes 
mercados: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de câmbio e mercado 
de capitais. O foco principal de discussão deste caderno de estudos é o mercado 
de capitais. No entanto, precisamos compreender que para o mercado de capitais 
exercer sua função de forma eficiente, é necessário que todos os demais mercados 
estejam em equilíbrio. Neste sentido, abordaremos de forma resumida os aspectos 
concernentes aos mercados monetário, de câmbio e de crédito.
Assaf Neto (2012, p. 60) destaca que
apesar de servirem de referência para o estudo do mercado financeiro, 
esses segmentos sugeridos de mercado muitas vezes se confundem 
na prática, permitindo que as várias operações financeiras interajam 
por um amplo sistema de comunicações. Apresentam ainda uma 
referência comum para as diversas negociações financeiras, a taxa de 
juros, entendida como a moeda de troca desses mercados.
Em Assaf Neto e Lima (2017, p. 27) podemos encontrar as seguintes 
definições:
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
90
• mercado monetário - neste mercado são realizadas as operações de 
curtíssimo prazo, que permitem o controle da liquidez monetária 
da economia. São negociados nesse mercado, principalmente, os 
papéis emitidos pelo Tesouro Nacional e destinados à execução da 
política monetária do governo e aqueles emitidos com o intuito de 
financiar as necessidades orçamentárias da União, além de diversos 
títulos emitidos pelos Estados e Municípios;
• mercado de crédito – é constituído em essência pelos bancos 
comerciais e pelos bancos múltiplos. O objetivo básico desse 
mercado é o de suprir as necessidades de recursos de curto e médio 
prazo dos diversos agentes econômicos, seja pela concessão de 
créditos às pessoas físicas, seja por modalidades de empréstimos e 
financiamentos às empresas;
• mercado cambial – é onde ocorrem as diversas operações de compra 
e venda de moedas estrangeiras conversíveis. Esse mercado engloba 
todos os agentes econômicos com motivos para realizar operações 
com o exterior, como importadores e exportadores; investidores e 
instituições financeiras;
• mercado de capitais – é a grande fonte de recursos de longo prazo 
para investimentos na economia, assumindo papel relevante no 
processo de desenvolvimento econômico. Apresenta forte ligação 
entre os agentes superavitários, que possuem capacidade de 
poupança, e investidores carentes de recursos de longo prazo. A 
atuação desse mercado se processa por diversas modalidades de 
financiamento de longo prazo para capital de giro e capital fixo. 
Atua também com operações de prazo indeterminado, como 
aquelas que envolvem emissão e subscrição de ações.
Conforme o Banco Central do Brasil - BACEN (2018a), a estrutura do 
Sistema Financeiro Nacional envolve três grandes subsistemas:
• Órgãos Normativos - determinam as regras gerais para o bom funcionamento 
do Sistema Financeiro Nacional.
• Entidades Supervisoras - atuam para que os cidadãos e os integrantes do 
sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos.
• Operadores Financeiros - instituições que lidam diretamente com o público no 
papel de intermediários financeiros.DICAS
A composição e segmentos do Sistema Financeiro Nacional podem ser 
acessados no seguinte link: https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.asp
Após apresentarmos o conceito e as funções do Sistema Financeiro 
Nacional, aprofundaremos os estudos a respeito da composição e do papel de 
cada um destes subsistemas. Esta composição é proposta pelas normativas e 
diretrizes apresentadas pelo próprio BACEN - Banco Central do Brasil.
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
91
2.1 ÓRGÃOS NORMATIVOS
O Sistema Financeiro Nacional é constituído por órgãos ou instituições 
que estabelecem as diretrizes de atuação das Entidades Supervisoras e dos 
Operadores Financeiros, cujo objetivo final é o controle do mercado financeiro 
como um todo.
Conforme Pinheiro (2012), os Órgãos Normativos exercem importante 
papel para todo o sistema financeiro. São estruturados de forma a promover 
o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade, 
tendo características comuns relativas a controles hierárquicos, estabilidade no 
cargo de diretor, competência de regular e fiscalizar.
Os órgãos normativos “são as instituições que editam as normas que 
regem o sistema financeiro e fiscalizam as operações. Os órgãos normativos do 
SFN são o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacional de Seguros 
Privados (CNSP) e Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)” 
(CARRETE; TAVARES, 2015, p. 41).
IMPORTANT
E
Todos os órgãos normativos são fundamentais para o funcionamento do Sistema 
Financeiro Nacional. No entanto, como o foco principal da nossa disciplina é o mercado 
financeiro, vamos enfatizar a estrutura e as atribuições do Conselho Monetário Nacional, 
bem como as instituições a ele subordinadas.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é a autoridade máxima do 
Sistema Financeiro Nacional (BRITO, 2013). Conforme Cavalcante, Misumi e 
Rudge (2005, p. 4), o Conselho Monetário Nacional (CNM) é o órgão deliberativo 
de cúpula do sistema financeiro, cuja competência é “traçar as normas de política 
monetária em todos os seus aspectos. Funciona como um conselho da economia 
brasileira e supervisiona as políticas monetária, cambial, de investimento, de 
capital estrangeiro, de comércio exterior e fiscal”.
Salazar (2010) entende o órgão normativo como um subsistema político 
que é constituído pelas autoridades monetárias, no qual o Conselho Monetário 
Nacional (CMN) é o órgão deliberativo de cúpula do Sistema Financeiro 
Nacional. Tal assertiva pode ser evidenciada por sua estrutura, que é composta 
pelo Ministro da Fazenda, pelo Ministro do Planejamento e pelo Presidente do 
Banco Central do Brasil (BACEN). 
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
92
Conforme o Banco Central do Brasil (BACEN, 2018b), o Conselho 
Monetário Nacional (CMN), que foi instituído pela Lei 4.595, de 31 de dezembro 
de 1964, é o órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o bom 
funcionamento do SFN. Integram o CMN o Ministro da Fazenda (Presidente), 
o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco 
Central do Brasil. Dentre suas funções, estão: adaptar o volume dos meios de 
pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo 
da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos 
recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições 
e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições 
financeiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida 
pública interna e externa.
O Conselho Monetário Nacional (CMN), que foi instituído pela Lei 4.595, 
de 31 de dezembro de 1964, é o órgão responsável por expedir diretrizes 
gerais para o bom funcionamento do SFN. Integram o CMN o Ministro 
da Fazenda (Presidente), o Ministro do Planejamento, Orçamento e 
Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil. Dentre suas funções 
estão: adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades 
da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio 
do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das 
instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos 
instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições 
financeiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e 
da dívida pública interna e externa (BACEN, 2018b, s.p.).
Junto ao Conselho Monetário Nacional funciona a Comissão Técnica da 
Moeda e do Crédito (COMOC), coordenada pelo presidente do BACEN, pelo 
presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo secretário executivo 
do Ministério da Fazenda, pelo secretário de Política Econômica do Ministério 
da Fazenda, pelo secretário do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda 
e por quatro diretores do Banco Central que são indicados por seu presidente 
(CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005).
Em CVM (2014), destaca-se que em conjunto com o Conselho Monetário 
Nacional (CMN), a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (COMOC) tem 
como atribuições o assessoramento técnico na formulação da política da moeda 
e do crédito do país. As matérias aprovadas são regulamentadas por meio de 
resoluções, normativos de caráter público, publicados no Diário Oficial da União 
e na página normativa do Banco Central do Brasil (BACEN).
Mellagi Filho e Ishikawa (2008) lembram que a composição do Conselho 
Monetário Nacional tem variado bastante ao longo de sua história. Conforme 
Pinheiro (2012), a atual composição do Conselho Monetário Nacional foi 
modificada com a instituição do Plano Real por meio da Medida Provisória nº 
542, de 30/6/1994. Sendo assim, sua atual composição é formada pelo Ministro da 
Fazenda que preside o Conselho, pelo Ministro do Planejamento e pelo Presidente 
do Banco Central do Brasil (BACEN).
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
93
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão máximo do Sistema 
Financeiro Nacional. Não desempenha funções executivas e sua missão normativa básica 
é definir as diretrizes de funcionamento do Sistema Financeiro Nacional e formular toda a 
política de moeda e crédito da economia, visando atender a seus interesses econômicos e 
sociais (ASSAF NETO; LIMA, 2017).
ATENCAO
Conforme Assaf Neto (2012, p. 42), “estão previstas, também, Comissões 
Consultivas que têm por objetivo assessorar o Conselho Monetário Nacional 
nos assuntos que lhe forem pertinentes. Algumas das comissões consultivas em 
funcionamento são: Bancária, Mercado de Capitais e Mercados Futuros, Crédito 
Rural e Crédito Industrial, Política Monetária e Cambial etc”.
De forma geral, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece 
diretrizes, normas, autorizações e limites para o sistema financeiro. Vinculados a 
este conselho estão o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), que desempenham papéis executores ao mercado financeiro 
e ao mercado de capitais, respectivamente, assunto que veremos a seguir.
2.2 ENTIDADES SUPERVISORAS
As Entidades Supervisoras do Sistema Financeiro Nacional têm como 
atribuição a edição de normas que definem os parâmetros para a transferência 
de recursos dos agentes superavitários (poupadores) para os agentes deficitários 
(tomadores), bem como o controle do funcionamento das instituições que 
operacionalizam a intermediação financeira (PINHEIRO, 2012, p. 65).
Cabe destacar que as entidades que têm esta função de supervisão são 
divididas em quatro grupos segundo os mercados ou segmentos em que atuam. 
Neste sentido, destaca-se que o Banco Central do Brasil (BACEN) está vinculado 
ao Mercado Financeiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao Mercado 
de Capitais. Já a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), vinculada ao 
Mercado de Seguros Privados e Capitalização e, por fim, a Superintendência 
Nacionalde Previdência Complementar (PREVIC) vinculada ao Mercado de 
Previdência Complementar (PINHEIRO, 2012).
Carrete e Tavares (2015) lembram que somente o Banco Central do Brasil 
e a Comissão de Valores Mobiliários são as Entidades Supervisoras do Sistema 
Financeiro Nacional que estão vinculadas ao Conselho Monetário Nacional (CMN).
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
94
Apesar das Entidades de Supervisão serem quatro, elas estão subordinadas a três 
conselhos normativos: Conselho Monetário Nacional (BACEN e CVM), Conselho Nacional 
de Seguros Privados (CNSP) e Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) 
(PINHEIRO, 2012).
ATENCAO
Neste sentido, assim como procedemos quando estudamos as Entidades 
Normativas no subtópico anterior, enfatizaremos somente as Entidades Supervisoras 
vinculadas ao Mercado Financeiro e ao Mercado de Capitais, sendo elas: o Banco 
Central do Brasil (BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O Banco Central do Brasil (BACEN) é uma autarquia federal, vinculada ao 
Ministério da Fazenda, criado pela Lei 4.595, de 31/12/1964, que estabelece as suas 
competências e atribuições. É o responsável pelo controle da inflação no país, atua para 
regular a quantidade de moeda na economia que permita a estabilidade de preços, e 
suas atividades também incluem a preocupação com a estabilidade financeira. Para 
isso, o BACEN regula e supervisiona as instituições financeiras (BACEN, 2018c).
IMPORTANT
E
Missão do BACEN: assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um 
sistema financeiro sólido e eficiente (BACEN, 2018c).
Conforme Salazar (2010), o Banco Central do Brasil (BACEN), como entidade 
autárquica vinculada ao Ministro da Fazenda, faz cumprir as normas emanadas do 
Conselho Monetário Nacional (CMN). Pinheiro (2012) o considera como um órgão 
intermediário entre o Conselho Monetário Nacional (CMN) e as demais instituições 
financeiras do país, cuja finalidade é executar e fiscalizar o cumprimento de todas 
as normas criadas pelo próprio Conselho Monetário Nacional (CMN).
Ainda conforme Pinheiro (2012), no cumprimento de sua missão de assegurar 
o equilíbrio monetário, o Banco Central do Brasil (BACEN) adota os objetivos de 
zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais do país 
em nível satisfatório; assegurar a formação de poupança em níveis apropriados; e 
garantir a estabilidade e o aperfeiçoamento do sistema financeiro.
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
95
Sendo assim, como órgão executor do sistema financeiro e cabendo-lhe a 
responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulamentam 
o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo Conselho Monetário 
Nacional (CMN), é por meio do Banco Central do Brasil (BACEN) que o Estado 
intervém no Sistema Financeiro Nacional e, indiretamente, na economia.
Podemos destacar como principais atribuições do BACEN:
• emissão de papel-moeda e moeda metálica;
• execução dos serviços do meio circulante;
• receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras;
• realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
• regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis;
• efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;
• exercer o controle de crédito;
• exercer a fiscalização das instituições financeiras;
• autorizar o funcionamento das instituições financeiras;
• estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas 
instituições financeiras;
• vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais ;
• controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.
DICAS
Para saber mais a respeito da história do Banco Central do Brasil (BACEN), acesse: 
https://www.bcb.gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp
O Banco Central do Brasil (BACEN) conduz ainda as políticas monetária, 
cambial, de crédito, e de relações financeiras com o exterior; a regulação e a 
supervisão do Sistema Financeiro Nacional (SFN); a administração do Sistema de 
Pagamentos Brasileiro (SPB) e os serviços do meio circulante.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o Órgão Supervisor do 
Sistema Financeiro Nacional especificamente voltado para o desenvolvimento, 
o cumprimento das normas operativas e a fiscalização do mercado de valores 
mobiliários (SALAZAR, 2010). Criada em 07 de dezembro de 1976 pela Lei 6.385, 
tem por finalidade disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de valores 
mobiliários no Brasil.
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
96
NOTA
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma autarquia vinculada ao 
Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de 
autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo 
e estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira e orçamentária (CVM, 2018).
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) possui sede na cidade do Rio de 
Janeiro e é administrada por um Presidente e quatro Diretores nomeados pelo Presidente 
da República, que são sabatinados e aprovados pelo Senado Federal. O Presidente e a 
Diretoria constituem o chamado Colegiado, que define políticas e estabelece práticas a 
serem implantadas e desenvolvidas pelo corpo de Superintendentes, que é a instância 
executiva da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
DICAS
Acesse a Portaria nº 327, de 11 de julho de 1977 e saiba mais sobre a legislação 
que suporta a Comissão de Valores Mobiliários. http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/
legislacao/leis-decretos/anexos/PortariaMF-327-77-regimento-da-cvm.pdf
Conforme destacado por Assaf Neto (2012, p. 43), a “CVM tem por 
finalidade básica a normatização e o controle do mercado de valores mobiliários, 
representado principalmente por ações, comercial papers e outros títulos emitidos 
pelas sociedades anônimas e autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.”
Podemos destacar como principais atribuições e competências da 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM):
• estímulo à formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;
• promoção da expansão e do funcionamento eficiente e regular do mercado 
de ações e estímulo das aplicações permanentes em ações do capital social de 
companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais;
• assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão;
• proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado 
contra emissões irregulares de valores mobiliários, contra atos ilegais de 
administradores e acionistas das companhias abertas ou de administradores 
de carteira de valores mobiliários e contra o uso de informação relevante não 
divulgada no mercado de valores mobiliários;
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
97
• evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar 
condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários 
negociados no mercado;
• assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários 
negociados e às companhias que os tenham emitido;
• assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de 
valores mobiliários; 
• assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito 
fixadas pelo Conselho Monetário Nacional;
• regulamentar as matérias expressamente previstas na Lei 6.385/76 (Lei das 
Sociedades por Ações);
• realizar atividades de credenciamento, registro e fiscalização de auditores 
independentes, administradores de carteiras, analistas e consultores de valores 
mobiliários, agentes autônomos, entre outros;
• fiscalizar e inspecionar as companhias abertas, os fundos de investimento e 
demais atividades e serviços do mercado de valores mobiliários;
• apurar, mediante inquérito administrativo,atos ilegais e práticas não equitativas 
de administradores de companhias abertas e de quaisquer participantes do 
mercado de valores mobiliários, aplicando as penalidades previstas em lei.
Sendo assim, a “Comissão de Valores Mobiliários tem por finalidade 
contribuir para a criação de estrutura jurídica favorável à capitalização das 
empresas por meio do mercado de capitais de risco, fortalecimento da empresa 
privada nacional e defesa do acionista e investidor” (PINHEIRO, 2012, p. 68).
Além das atribuições já listadas, 
a Lei ofereceu à CVM os meios materiais e institucionais necessários 
ao cumprimento de sua missão, notadamente: o poder normativo, 
através do qual a CVM regula a atuação dos diversos agentes do 
mercado; e o poder punitivo, através do qual, assegurado o direito de 
ampla defesa, permite a penalização de quem descumpre as normas 
baixadas pelo órgão ou de quem pratica atos fraudulentos no mercado 
(CVM, 2014, p. 61).
IMPORTANT
E
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não tem competência para determinar 
o ressarcimento de eventuais prejuízos sofridos pelos investidores em decorrência da ação 
ou omissão de agentes do mercado.
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
98
Sendo assim, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem os seguintes 
poderes, conforme destacado por Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 28):
• examinar livros e documentos; exigir informações e esclarecimentos; 
requisitar informações de qualquer órgão público, autarquia ou 
empresa pública; obrigar as companhias abertas a republicar 
demonstrativos financeiros com correções;
• apurar, mediante inquérito administrativo, atos legais e práticas não 
equitativas de administrações de companhias abertas e de qualquer 
participante do mercado; aplicar penalidades previstas;
• suspender a negociação de um título ou colocar em recesso a Bolsa 
de Valores; divulgar informações a fim de orientar os participantes 
no mercado; suspender ou cancelar registros.
Como já mencionado, a atuação da Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM) está diretamente vinculada ao Conselho Monetário Nacional (CMN), cuja 
responsabilidade é de fomento e controle do mercado de valores mobiliários. 
Dessa forma, sua atuação abrange três importantes segmentos financeiros do 
mercado: instituições financeiras, companhias de capital aberto emitentes de 
títulos mobiliários e investidores.
2.3 OPERADORES FINANCEIROS
A atual estrutura do sistema financeiro é caracterizada por conglomerados 
financeiros que foram criados em função da política de concentração bancária 
desenvolvida nas últimas décadas, principalmente pelas fusões e aquisições. 
Neste sentido, tais conglomerados financeiros, por meio das diversas instituições 
que estão sob o seu controle, costumam atuar nos diversos segmentos financeiros 
do mercado, limitando bastante a atuação de instituições independentes (ASSAF 
NETO, 2012).
IMPORTANT
E
O Sistema Financeiro Nacional foi estruturado e regulado pela Lei de Reforma 
Bancária (1964), Lei de Mercado de Capitais (1965) e, mais recentemente, Lei de Criação 
dos Bancos Múltiplos (1988). É constituído por todas as instituições financeiras, públicas ou 
privadas, existentes no país (ASSAF NETO, 2012).
Conforme Assaf Neto e Lima (2017), as transferências de recursos financeiros 
entre poupadores e tomadores processam-se por meio de intermediários, também 
chamados de Instituições Financeiras ou Operadores Financeiros, que podem ser 
classificados em três grandes grupos: Instituições Financeiras Bancárias e não 
Bancárias, Sistema Distribuidor de Títulos e Valores Mobiliários.
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
99
Vamos entender a composição e função de cada um desses grupos. Iniciaremos 
pelas instituições bancárias, também chamadas de instituições financeiras.
As instituições financeiras conhecidas por bancárias são aquelas a quem 
se permite a criação de moeda por meio do recebimento de depósitos à vista. 
Operam basicamente com ativos financeiros monetários que representam os 
meios de pagamento da economia, ou seja, dinheiro em poder do público mais 
depósitos à vista em bancos (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2008).
DICAS
Para relembrar os conceitos de Meios de Pagamentos (M1, M2, M3 e M4), acesse 
https://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/NM-MeiosPagAmplp.pdf
Essas instituições são representadas fundamentalmente pelos bancos 
comerciais, bancos múltiplos, caixas econômicas, cooperativas de crédito e bancos 
cooperativos.
Conforme Brito (2013, p. 11), bancos comerciais “são instituições 
financeiras, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, especializadas 
particularmente em operações de curto e médio prazos. Essas operações consistem 
na captação de recursos do público mediante emissões de depósitos à vista e a 
prazo fixo para financiamento, geralmente a curto e médio prazos à indústria, ao 
comércio e ao público em geral”.
Hoji (2017) destaca que os bancos comerciais, pelas suas próprias 
características e funções, são a base do sistema monetário. Além de prestarem 
serviços de natureza financeira, tais como cobrança de títulos, recebimentos de 
tributos, dentre outros, fazem também operações de câmbio. Ainda, por meio do 
crédito seletivo, repassam recursos aos tomadores, fazendo descontos de títulos e 
operações de abertura de crédito simples ou em conta corrente.
Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 29), bancos comerciais são
instituições monetárias por terem o poder de criação de moeda escritural. 
São instituições financeiras que recebem depósito à vista em contas de 
movimento e efetuam empréstimos de curto prazo, principalmente para 
capital de giro das empresas. De outra forma, prestam também serviços 
auxiliares, tais como cobranças mediante comissão, transferências de 
fundos de uma para outra praça e outros serviços.
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
100
Os bancos, por assim dizer, vêm apresentando rápida evolução em sua 
estrutura de funcionamento, procurando adaptar suas operações e produtos a 
um mercado cada vez mais exigente e globalizado. Atualmente, trabalham de 
forma mais especializada, segmentando sua participação no mercado com base 
no volume de negócios e na forma de atendimento. 
Nesta concepção destaca-se a presença dos bancos múltiplos. Mas, o que 
difere um banco comercial de um banco múltiplo? Então, vamos lá!
Os bancos múltiplos surgiram em função do crescimento do mercado 
financeiro e da necessidade de as instituições financeiras se tornarem mais ágeis 
e ao mesmo tempo apresentarem menores custos operacionais (ASAF NETO; 
LIMA, 2017). 
Brito (2013, p .12) lembra que:
o Banco Central do Brasil autorizou a constituição de bancos múltiplos 
em 1988, por meio da Resolução nº 1.254, de 21.09.1988. A alteração 
estrutural permitiu aos bancos comerciais, de investimento, de 
desenvolvimento, sociedades de crédito imobiliário e sociedades de 
crédito, financiamento e investimento organizarem-se em uma única 
instituição financeira, com personalidade jurídica própria.
NOTA
“Os bancos múltiplos são instituições financeiras com licença para fornecer 
uma ampla gama de serviços bancários comerciais, operações de câmbio, de investimento, 
financiamento ao consumidor e outros serviços, inclusive de gerenciamento de fundos e 
financiamento de imóveis” (PINHEIRO, 2012, p. 75).
Assaf Neto (2012, p. 47) explica que:
O projeto do banco múltiplo prevê sua formação com base nas 
atividades (carteiras) de quatro instituições: banco comercial, 
banco de investimento e desenvolvimento, sociedade de crédito, 
financiamento e investimento e sociedade de crédito imobiliário. Para 
que uma instituição seja configurada como um banco múltiplo, ela 
deve operar pelo menos duas das carteiras apresentadas, uma delas 
necessariamente de banco comercial ou de banco de investimento.
Conforme Hoji (2017,p. 30), “as caixas econômicas integram o Sistema 
Brasileiro de Poupança e Empréstimo e o Sistema Financeiro de Habitação. São 
instituições com objetivos sociais, que concedem empréstimos e financiamentos a 
programas e projetos nas áreas de habitação, assistência social, saúde, educação, 
trabalho, transporte urbano e esporte”. 
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
101
Dessa forma, “as caixas econômicas (federal e estaduais), assim como os 
bancos comerciais, podem receber depósitos à vista do público (exercendo o poder 
de criação de moeda escritural), além dos depósitos em cadernetas de poupança” 
(CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005, p. 29). Os autores ainda explicam 
que as caixas econômicas atuam basicamente no financiamento habitacional e 
empréstimos em geral a particulares.
IMPORTANT
E
Após a extinção do Banco Nacional de Habitação, a Caixa Econômica Federal 
absorveu seus ativos e passivos, tornando-se o agente do Governo Federal para a execução 
de sua política habitacional.
As cooperativas de crédito são instituições voltadas a oferecer créditos 
e prestar determinados serviços financeiros a seus associados, podendo ser 
constituídas basicamente de funcionários de uma mesma empresa ou grupos 
de empresas, de profissionais de determinado segmento de atividade e de 
empresários. De acordo com a legislação em vigor, é equiparada a uma instituição 
financeira, tendo seu funcionamento regulado e autorizado pelo Banco Central 
do Brasil (ASSAF NETO, 2012).
Tal como as cooperativas de crédito, os bancos cooperativos são de 
propriedade de seus associados e seguem os mesmos princípios cooperativos. No 
entanto, diferenciam-se pelo fato de que os bancos cooperativos são duplamente 
regulamentados (como bancos e como cooperativas), sendo que muitos deles 
possuem ações negociadas no mercado de capitais, o que faz com que sejam 
parcialmente detidas por não associados. Surgem a partir de cooperativas de 
crédito, no entanto, sua principal restrição é limitar suas operações em apenas 
uma Unidade da Federação (UF), o que garante a permanência dos recursos onde 
são gerados, impulsionando o desenvolvimento local.
O segundo grande grupo de operadores financeiros que iremos estudar é 
composto pelas instituições financeiras não bancárias. Conforme Mellagi Filho e 
Ishikawa (2008), as instituições financeiras classificadas como não bancárias são 
as que não apresentam capacidade de emitir moeda ou meios de pagamento, 
assim como as instituições financeiras que vimos anteriormente. Assaf Neto 
(2012) explica que as instituições financeiras não bancárias não estão legalmente 
autorizadas a receber depósitos à vista, inexistindo a faculdade de criação de 
moeda. Essas instituições trabalham basicamente com ativos não monetários, tais 
como ações, letras de câmbio, certificados de depósitos bancários, debêntures etc.
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
102
Apesar de não serem consideradas instituições financeiras, exercem importante 
papel no mercado financeiro. Dentre as principais instituições que compõem este 
grupo, destacam-se os bancos de investimento e bancos de desenvolvimento.
Conforme Assaf Neto (2012), os bancos de investimento são grandes 
fornecedores de créditos de médio e longo prazos, suprindo o mercado com 
recursos para investimento em capital de giro ou então para investimento em 
capital fixo. Como agentes financiadores, essas instituições efetuam operações 
em grande montante, como repasses de recursos oficiais de crédito, repasses 
de recursos captados no exterior, operações de subscrição pública de valores 
mobiliários (ações e debêntures) e financiamento de bens de produção a 
profissionais autônomos.
Cabe lembrar que tais instituições não podem captar recursos por meio 
de depósitos à vista, assim como os efetuados pelos bancos comerciais. Sobre este 
aspecto, Hoji (2017, p. 30) explica que os bancos de investimentos “captam recursos 
por meio da emissão de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Recibos de 
Depósito Bancário (RDBs), repasses de origem interna ou externa, ou pela venda de 
cotas de fundos de investimentos. São instituições especializadas em underwriting 
(subscrição pública de ações) e estruturação de financiamentos de projetos”. 
Já os bancos de desenvolvimento têm como principal objetivo 
“proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários 
ao financiamento, a médio e longo prazos, de programas e projetos que visem 
promover o desenvolvimento econômico e social, conforme determinação 
governamental” (PINHEIRO, 2012, p. 77).
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é 
o principal agente do Governo Federal, no entanto há instituições de fomento 
regionais, por exemplo, o Banco do Nordeste do Brasil e o Banco da Amazônia, 
que são controlados pelos seus respectivos governos estaduais. Devido à sua 
importância, daremos maior destaque ao BNDES.
IMPORTANT
E
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é a instituição 
responsável pela política de investimento de longo prazo do Governo Federal, sendo a principal 
instituição financeira de desenvolvimento econômico e social (SALAZAR, 2010).
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
103
“O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, 
Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que 
contribuam para o desenvolvimento do Brasil. Dessa ação resultam a melhoria da 
competitividade da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua 
população” (PINHEIRO, 2012, p. 77).
O Banco de Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 
conta com duas subsidiárias que formam o chamado Sistema BNDES:
• Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial): criada com o objetivo 
de financiar a comercialização de máquinas e equipamentos;
• BNDESPAR (BNDES Participações): criada com o objetivo de possibilitar a 
subscrição de valores mobiliários no mercado de capitais brasileiro.
DICAS
Para saber mais sobre a forma de atuação e fontes de financiamentos do BNDES, 
acesse: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home
Por fim, o último grupo de operadores financeiros é o Sistema Distribuidor 
de Títulos e Valores Mobiliários. Este sistema, como o próprio nome sugere, é 
composto pelas instituições que transacionam títulos e valores mobiliários, além 
de moedas estrangeiras. Dentre as principais instituições, destacam-se as bolsas 
de valores, as sociedades corretoras, as sociedades distribuidoras e os agentes 
autônomos de investimentos.
Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), as bolsas de valores 
constituem-se como associações civis, sem fins lucrativos ou sociedades anônimas 
que têm por objetivo manter local adequado à realização de transações de compra 
e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, organizado e 
fiscalizado pelos seus membros, pela autoridade monetária e, em especial, pela 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Assaf Neto (2012, p. 50) define bolsas de valores como sendo “organizações 
que mantêm um local onde são negociados os títulos e valores mobiliários de 
pessoas jurídicas públicas e privadas. Para tanto, devem apresentar todas as 
condições necessárias para o perfeito funcionamento dessas transações, tais como 
organização, controle e fiscalização”. 
Além de suas funções básicas, as bolsas de valores propiciam liquidez 
às aplicações fornecendo um preço de referência para os ativos ali negociados 
por intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários 
(CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005).
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
104
As sociedades corretoras são instituições que efetuam, com exclusividade, 
a intermediação financeira nos pregões das bolsas de valores (ASSAF NETO, 2012). 
Conforme Mellagi Filho e Ishikawa (2008, p. 132),as sociedades corretoras “operam 
com compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários (inclusive ouro) 
por conta de terceiros”. Sua constituição depende de autorização do Banco Central 
do Brasil (BACEN) e o exercício de sua atividade depende de autorização da 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, como tal, podem operar nos recintos 
das bolsas de valores e mercadorias. Dentre suas principais atuações, estão:
• efetuar lançamentos públicos de ações;
• administrar carteiras e custodiar valores mobiliários;
• instituir, organizar e administrar fundos de investimentos;
• operar no mercado aberto e intermediar operações de câmbio.
Cavalcante, Misumi e Rudge (2005) lembram que a principal função 
das sociedades corretoras é promover, de forma eficiente, a aproximação entre 
compradores e vendedores de títulos de valores mobiliários, dando a estes 
negociabilidade adequada através de operações realizadas em recintos próprios 
(bolsas de valores). Dessa forma, exercem papel de unificação do mercado, dando 
segurança ao sistema e liquidez aos títulos transacionados.
NOTA
“As sociedades corretoras apresentam como principal característica operar em 
bolsas de valores, com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada, comprando e 
vendendo títulos e valores mobiliários por conta de terceiros” (BRITO, 2013, p. 11).
Já as sociedades distribuidoras são firmas constituídas como sociedades 
anônimas ou sociedade por cotas de responsabilidade limitada, cuja autorização 
para funcionamento é dada pelo Banco Central do Brasil (BACEN) (CAVALCANTE; 
MISUMI; RUDGE, 2005). Conforme Assaf Neto (2012), as sociedades distribuidoras 
são também instituições intermediadoras de títulos e valores mobiliários, cujos 
objetivos básicos se assemelham bastante com as corretoras.
NOTA
“As sociedades distribuidoras têm por objetivo principal a subscrição, distribuição 
e/ou intermediação da colocação de títulos de valores mobiliários para venda, distribuição ou 
negociação, contribuindo para a captação e condução de poupança no mercado de capitais” 
(BRITO, 2013, p. 11).
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
105
Por fim, conforme destacado por Assaf Neto (2012), os agentes autônomos 
de investimentos são pessoas físicas credenciadas pelas instituições financeiras 
intermediadoras (corretoras, distribuidoras, bancos e financeiras) para atuarem na 
colocação de títulos e valores mobiliários e outros serviços financeiros no mercado, 
operando em troca do recebimento de uma comissão. Esses profissionais, da 
mesma forma que as instituições financeiras, são fiscalizados pelo Banco Central 
do Brasil (BACEN) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Neste tópico estudamos a estrutura do Sistema Financeiro Nacional 
e as principais características das instituições financeiras que o compõem. No 
próximo iremos estudar a sistemática do mercado de valores mobiliários, bem 
como identificar e diferenciar o papel dos participantes deste mercado. 
106
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi institucionalizado e implementado 
(1964 e 1968) na economia brasileira seguindo uma orientação que privilegiou 
a especialização de suas instituições e mercados de acordo com áreas de 
captação e aplicação dos recursos mobilizados.
• A estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) pode ser dividida em órgãos 
normativos, entidades supervisoras e operadores financeiros.
• O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão máximo do Sistema 
Financeiro Nacional (SFN).
• Vinculados ao Conselho Monetário Nacional (CMN), como órgão normativo 
do Sistema Financeiro, encontram-se o Banco Central do Brasil (BACEN) e a 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
• Essas três grandes instituições compõem o denominado subsistema normativo 
do Sistema Financeiro Nacional (SFN), responsável pelo funcionamento do 
mercado e de suas instituições.
• O Banco Central do Brasil (BACEN) assume cinco papéis: banco dos bancos, 
gestor do Sistema Financeiro Nacional (SFN), executor da política monetária, 
banco emissor e banco do governo.
• A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma entidade supervisora 
do Sistema Financeiro Nacional (SFN) especificamente voltada para o 
desenvolvimento, cumprimento das normas operativas e fiscalizadoras do 
mercado de valores mobiliários.
• As transferências de recursos financeiros entre investidores, agentes capazes 
de gerar poupança, captadores e agentes carentes de capital processam-se por 
meio de intermediários financeiros (instituições financeiras).
• As negociações com títulos públicos no mercado monetário brasileiro são 
controladas pelo Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC).
107
AUTOATIVIDADE
1 O que é Sistema Financeiro Nacional?
2 Qual o papel do Conselho Monetário Nacional?
3 Qual a atribuição das entidades supervisoras?
4 O que faz o Banco Central do Brasil (BACEN)?
5 Qual o papel da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)?
108
109
TÓPICO 3
MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Por vezes, o mercado de crédito é insuficiente para suprir as necessidades 
de financiamento dos agentes econômicos, especialmente aqueles envolvidos 
com as atividades produtivas. Isso pode ocorrer quando, por exemplo, uma 
determinada organização empresarial necessita de um volume financeiro maior 
do que a sua capacidade de se financiar no mercado de crédito. Ademais, o 
mercado de crédito possui um alto custo em função dos riscos assumidos pelas 
instituições financeiras (intermediários financeiros), o que pode inviabilizar os 
investimentos pretendidos pelas organizações.
Em geral, os investimentos nos setores produtivos demandam recursos 
financeiros de valores mais altos e de prazos de retorno do capital investido mais 
longos, o que implica automaticamente maiores riscos. Tais características têm 
demandado o desenvolvimento e crescimento de um mercado muito específico, o 
Mercado de Capitais, também conhecido como Mercado de Valores Mobiliários.
Este mercado tem sido um importante mecanismo de fonte de financiamento 
de longo prazo para as organizações, além de possibilitar a liquidez dos papéis 
negociados no mercado, criando um ciclo virtuoso para o desenvolvimento da 
economia como um todo. Ele é operacionalizado especialmente pelas bolsas de 
valores e pelas sociedades corretoras, que são supervisionadas pela Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM).
O mercado de capitais, por meio da bolsa de valores e das sociedades 
corretoras, possibilita que as empresas tenham sempre a opção de levantar capital, 
bem como permite que os investidores possam aplicar seus recursos financeiros 
a taxas de retorno mais atrativas que o mercado financeiro dito como tradicional.
O propósito deste tópico é o de promover a compreensão a respeito da 
sistemática do mercado de valores mobiliários, bem como identificar e diferenciar 
o papel dos participantes deste mercado.
110
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
2 SISTEMÁTICA DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
Quando se estuda o mercado financeiro, pretende-se compreender as 
principais características das operações nele realizadas. De forma mais específica, 
pretende-se conhecer os agentes econômicos envolvidos nas mais diversificadas 
operações, os intermediários financeiros e não financeiros, os ativos e produtos 
financeiros que estão sendo negociados, os meios utilizados para a captação dos 
recursos, a finalidade da aplicação desses recursos, os prazos das operações, a 
formalização de tais operações, dentre outros (CVM, 2014).
Conforme B3 - Brasil Bolsa Balcão (2017, p. 8), “quando as empresas 
necessitam de novos recursos para investimento em seus projetos, existe uma ampla 
gama de alternativas à disposição para a captação desses recursos. Inicialmente, aempresa pode optar pelo uso de recursos próprios, seja por meio da retenção ou 
reinvestimento do lucro, seja pela renovação de créditos já existentes”.
A CVM (2014) destaca que diante da necessidade de recursos financeiros 
para novos investimentos, as empresas possuem três possíveis fontes para 
captação. A escolha entre uma das alternativas é uma decisão financeira estratégica 
da empresa, que deverá avaliar os custos e benefícios de cada opção. Essas fontes 
de recursos podem ser:
• utilização de recursos próprios, como os lucros acumulados pela companhia;
• contratação de financiamento bancário através das linhas de crédito tradicionais 
ou linhas de financiamento governamentais, como o BNDES; 
• utilização do mercado de capitais por meio de emissão pública de títulos 
diretamente aos investidores.
De acordo com B3 - Brasil Bolsa Balcão (2017, p. 8), as empresas podem 
“tentar obter recursos externos, de terceiros ou por meio da ampliação do seu 
próprio capital. Os terceiros dispostos a oferecer recursos para o financiamento 
dos projetos das empresas são investidores que detêm capital excedente e buscam 
rentabilizá-lo por meio de investimentos, por exemplo, no mercado de capitais, 
comprando títulos e valores mobiliários emitidos pelas empresas”.
Como observamos nos tópicos anteriores, o sistema financeiro pode 
ser classificado em diferentes mercados, dependendo da natureza e de suas 
características. Dentre eles, dois são muito bem delimitados e dificilmente 
geram alguma confusão sobre sua atuação na economia: o mercado monetário 
e o mercado cambial. No entanto, o mercado de crédito e o mercado de capitais 
(mercado de valores mobiliários) têm gerado certa dúvida, especialmente em 
função de suas características serem muito similares.
Vamos imaginar a seguinte situação: uma determinada empresa contrata 
um empréstimo para pagamento de longo prazo em uma instituição financeira 
para instalação de uma nova planta industrial. Esta operação ocorre no mercado 
de crédito ou no mercado de capitais? A resposta? Depende!!
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
111
O que determina a característica ou então a atualização dos recursos 
financeiros de um mercado ou de outro não é o prazo da operação e nem a 
finalidade da aplicação deste recurso, mas a característica da intermediação 
financeira propriamente dita, o que envolve o tipo de ativo utilizado, a forma 
como foi captado o recurso financeiro e, por muitas vezes, o tipo de intermediário 
financeiro utilizado nesta operação.
Em CVM (2014, p. 34) podemos verificar que:
No mercado de crédito, as instituições financeiras captam recursos 
dos poupadores e os emprestam aos tomadores, assumindo o risco da 
operação. São remuneradas por uma diferença entre a taxa de captação e 
de aplicação desses recursos. No mercado de capitais, por outro lado, os 
agentes superavitários emprestam seus recursos diretamente aos agentes 
deficitários. Porém, as operações ocorrem sempre com a intermediação de 
uma instituição financeira. No entanto, nesse mercado, essas instituições 
atuam principalmente como prestadoras de serviços, estruturando as 
operações, assessorando na formação de preços, oferecendo liquidez, 
captando clientes, distribuindo os valores mobiliários no mercado, entre 
outros trabalhos. São remuneradas pelo serviço prestado.
Em relação ao mercado de valores mobiliários, Assaf Neto e Lima 
(2017) explicam que este é uma importante fonte de recursos de longo prazo 
para investimentos da economia, assumindo papel relevante no processo 
de desenvolvimento econômico. A relação entre os agentes econômicos 
superavitários (que possuem capacidade de poupança) e os investidores (carentes 
de recursos financeiros de longo prazo) se processa por diversas modalidades 
de financiamentos de longo prazo para capital de giro e capital fixo, atuando 
também com operações de prazo indeterminado, como aquelas que envolvem 
emissão e subscrições de ações.
Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 17) mencionam que “as operações no 
mercado de capitais usualmente são de longo prazo e podem envolver a compra de 
participação acionária no empreendimento”. É neste contexto que o presente tópico 
pretende apresentar a sistemática do mercado de valores mobiliários. Mas, afinal, 
o que é mercado de capitais? Podemos encontrar na literatura uma infinidade de 
definições e conceitos, mas que ao fim nos conduzem a um mesmo entendimento.
Em Pinheiro (2012, p. 174) observamos que “o mercado de capitais pode 
ser definido como um conjunto de instituições e de instrumentos que negociam 
com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização dos recursos dos 
agentes compradores para os agentes vendedores”.
A CVM (2018, p. 36) conceitua mercado de capitais “como o segmento do 
mercado financeiro em que são criadas as condições para que as empresas captem 
recursos diretamente dos investidores, através da emissão de instrumentos 
financeiros, com o objetivo principal de financiar suas atividades ou viabilizar 
projetos de investimentos”.
112
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
Já B3 (2017, p. 2) destaca que o mercado de capitais 
tem como objetivo principal canalizar recursos dos agentes 
econômicos para a capitalização das empresas de capital aberto, por 
meio de operações com títulos e valores mobiliários em mercado de 
bolsa ou balcão. A compra e a venda de títulos e valores mobiliários 
pelos diversos agentes econômicos (indivíduos, empresas, fundos e 
instituições financeiras, por exemplo) é o que define a liquidez e o 
valor de mercado de tais ativos e, portanto, da empresa emissora.
Como vimos anteriormente, o surgimento do mercado de capitais ocorreu 
devido à incapacidade do mercado de crédito em atender às necessidades da 
atividade produtiva no sentido de garantir um fluxo de recursos nas condições 
adequadas em termos de volumes financeiros, prazos, custos, dentre outras 
exigibilidades. Pinheiro (2012, p. 174) destaca que o seu surgimento foi 
fundamentado em dois princípios:
• contribuir para o desenvolvimento econômico, atuando como o 
propulsor de capitais para os investimentos, estimulando a formação 
da poupança privada; e
• permitir e orientar a estruturação de uma sociedade pluralista, 
baseada na economia de mercado, permitindo a participação 
coletiva de forma ampla na riqueza e nos resultados da economia.
No mercado de capitais, os investidores, ao emprestarem seus recursos 
diretamente para as empresas, adquirem títulos chamados de valores mobiliários 
que representam as condições estabelecidas no negócio. Podem ser títulos de 
dívida, como as debêntures, onde se estabelece uma relação de crédito entre as 
partes tomadora e poupadora, ou podem ser títulos patrimoniais (ou de capital) 
em que os investidores se tornam sócios do negócio com todos os direitos e 
deveres inerentes, como ações. Os investidores podem adquirir esses valores 
mobiliários de forma direta ou indireta por meio de estruturas de investimento 
coletivo, como os fundos de investimentos ou clubes de investimentos.
ESTUDOS FU
TUROS
Valores mobiliários, fundos de investimentos e clubes de investimentos são 
assuntos que serão abordados em tópico e capítulo específico deste caderno de estudos.
Para que uma empresa possa participar do mercado de capitais ela precisa, 
obrigatoriamente, estar listada em uma bolsa de valores. A literatura classifica 
esse processo como “abertura de capital”. Somente dessa forma as empresas 
podem ter suas ações negociadas publicamente. Sendo assim, qualquer pessoa 
pode se tornar acionista desta empresa, bastando comprar ações por meio de uma 
corretora da bolsa de valores (BM&FBOVESPA, 2018a).
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
113
IMPORTANT
E
É importante salientar que a abertura de capital pode ocorrer com ou sem oferta 
de ações no mercado.Para a abertura de capital a empresa precisa entrar com o pedido de 
registro de Companhia Aberta na CVM, que é o órgão regulador e fiscalizador 
do mercado de capitais brasileiro. Junto a esse pedido, solicita uma autorização 
para realizar venda de ações ao público, conhecida como distribuição pública de 
ações. Essa primeira colocação pública de ações da Companhia é chamada de 
Oferta Pública Inicial ou IPO (sigla em inglês para Initial Public Offering).
Mas, qual o motivo e quais as vantagens para a empresa abrir o seu capital? 
Em BM&FBovespa (2018b, p. 4) encontramos tais justificativas:
• para captar recursos: a abertura de capital é uma fonte atrativa de 
financiamento, pode auxiliar na adequação da estrutura de capital 
alavancada e permite à empresa acessar investidores do mundo todo;
• para obter liquidez patrimonial: a abertura de capital permite ao 
executivo diversificar seus investimentos e patrimônio, além de 
possibilitar a saída de investidores, como fundos de private equity/
venture capital;
• para obter visibilidade: abrir o capital melhora a imagem institucional 
da companhia, que ganha projeção e reconhecimento da mídia e do 
mercado financeiro. Vale destacar também o aumento da visibilidade 
com os investidores. A companhia passa a ser conhecida em âmbito 
nacional e, muitas vezes, internacional;
• para obter moeda de troca e referencial: a abertura de capital 
possibilita à empresa adquirir ativos sem utilizar recursos do 
caixa, ou seja, uma aquisição pode ser paga com ações da própria 
companhia, processo mais rápido e ágil;
• para facilitar processos de reestruturação societária: a abertura de 
capital pode ser uma solução para problemas relativos à estrutura 
societária, partilhas de heranças e processos sucessórios;
• para melhoria do relacionamento com stakeholders: com a abertura de 
capital, ocorre o fortalecimento da relação com funcionários, clientes, 
fornecedores, instituições financeiras, concorrentes, entre outros;
• para aprimorar suas práticas de governança corporativa: da 
preparação à abertura de capital efetivamente, a empresa deve elevar 
suas práticas de governança corporativa a um padrão altamente 
diferenciado. Esse padrão exigido pelo status de companhia aberta 
influencia positivamente na valorização da empresa;
• para aumentar as vantagens competitivas da sua empresa: uma 
companhia aberta tende a ter um diferencial competitivo em relação aos 
seus concorrentes ainda fechados. Quando recorre ao endividamento 
bancário, por exemplo, seu custo financeiro é normalmente inferior 
ao de uma companhia fechada. Ao negociar com um fornecedor ou 
cliente, também pode ter preferência pelo fato de ser aberta;
• para perenizar a sua empresa: a abertura de capital irá perenizar 
a sua empresa, isto é, eternizará o seu negócio, desejo de qualquer 
empreendedor.
114
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
É por meio do mercado de ações, mais especificamente pela venda da 
participação do patrimônio líquido da empresa representados pelas suas 
ações, que as sociedades anônimas captam os recursos necessários ao próprio 
desenvolvimento das organizações, assumindo o compromisso de remunerar os 
seus acionistas em função do capital nela aplicado (FORTUNA, 2014).
Conforme descrito por Galvão, Ribeiro e Oliveira (2006), a prática de 
abertura de capital de uma empresa ocorre pelo lançamento de ações ao público, ou 
seja, a abertura de capital permite que a ação seja negociada em bolsas de valores.
Cabe lembrar que a abertura de capital pode decorrer da colocação de 
qualquer tipo de valores mobiliários na bolsa, sejam as ações, debêntures ou ainda 
notas promissórias. Galvão, Ribeiro e Oliveira (2006) explicam que o lançamento 
de ações pode ocorrer tanto por meio de uma emissão de novas ações, trazendo 
recursos à empresa emissora de tais ações, quanto pelo lançamento ao público de 
um lote de ações detido pelo acionista atual.
NOTA
A principal função do mercado de capitais é possibilitar que empresas (ou 
outros emissores de valores mobiliários) captem recursos diretamente do público investidor 
em condições mais vantajosas do que as oferecidas pelos empréstimos e financiamentos 
bancários para viabilizar seus projetos de investimento. Quando as companhias decidem 
levantar recursos dessa forma, realizam uma nova emissão de valores mobiliários no mercado 
(B3 - BRASIL BOLSA BALCÃO, 2017, p. 10).
A estrutura do mercado acionário pode ser dividida em dois segmentos: 
o mercado primário e o mercado secundário. Em Pinheiro (2012, p. 175) podemos 
verificar no que consistem estes dois segmentos:
• o mercado primário de ações é onde se negocia a subscrição 
(venda) de novas ações ao público, ou seja, no qual a empresa 
obtém recursos para seus empreendimentos. Quando a emissão é 
subscrita totalmente pelos antigos acionistas, embora seja registrada 
em bolsa, chama-se subscrição particular e é feita diretamente na 
empresa ou por meio de bolsa de valores. Nessa etapa, ocorre a 
primeira negociação e o dinheiro da venda vai para a empresa;
• o mercado secundário de ações é o lugar onde se transferem títulos 
entre investidores e/ou instituições. Portanto, torna-se uma condição 
para a existência do mercado primário, em que as empresas podem 
efetivamente obter recursos financeiros. O fator fundamental na 
decisão do investidor quando compra ações de novos lançamentos 
é a possibilidade de que, mais tarde, ao necessitar do total ou parte 
do capital investido, possa desfazer-se delas e reaver seu dinheiro 
com lucros.
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
115
Agora você deve estar se perguntando: na prática, qual a diferença entre 
estes dois segmentos? A diferença básica entre o mercado primário e o mercado 
secundário é que o primeiro se caracteriza pelo “encaixe” de recursos na empresa, 
enquanto o segundo consiste na mera transação entre compradores e vendedores 
de ações, não ocorrendo alterações financeiras na empresa.
IMPORTANT
E
Para fins didáticos, estamos dando ênfase na compra e vendas de ações. 
No entanto, a sistemática é a mesma para outros ativos financeiros (valores mobiliários) 
negociados pelas empresas, tais como debêntures, notas promissórias, dentre outros.
Pinheiro (2012) explica que o mercado primário de ações exerce a função 
de canalizar recursos dos que poupam para o investimento nas atividades 
produtivas. Já a função do mercado secundário é dar liquidez ao investidor 
possibilitando que, no momento em que realizar uma operação de venda, exista 
o comprador e vice-e-versa, o que viabilizará o crescimento do mercado primário 
e a consequente capitalização das empresas via mercado de ações.
Vimos que o mercado de capitais é importante para o desenvolvimento da 
economia do país, transforma-se em uma atraente fonte de recursos financeiros 
para as organizações que pretendem expandir suas operações etc. E para os 
investidores (poupadores), aqueles que possuem superávit em suas rendas? Há 
algum benefício? Com certeza! Isto fica claro em CVM (2014, p. 36):
Já do ponto de vista dos investidores, o mercado de capitais surge como 
alternativa às aplicações tradicionais em produtos oferecidos pelos bancos 
ou pelo governo. É nesse mercado que os poupadores têm a oportunidade 
de participar de empreendimentos que consideram interessantes, desde 
que dispostos a assumir riscos daí decorrentes. Espera-se, em especial 
nos títulos patrimoniais, uma rentabilidade superior aos investimentos 
tradicionais, embora com risco também superior. Isso porque, diferente 
do mercado de crédito, em que o risco das operações é centralizado nos 
bancos, no mercado de capitais o risco da operação em que os recursos 
são aplicados é assumido pelos próprios investidores.
A CMV (2014, p. 35) lembra ainda que:
As instituições financeiras que atuam como prestadoras de serviços 
não assumema responsabilidade pelo cumprimento das obrigações 
estabelecidas e formalizadas entre os emissores e os investidores. 
Assim, a responsabilidade pelo pagamento dos juros e do principal 
de uma debênture, por exemplo, é da emissora e não da instituição 
financeira que tenha assessorado ou participado do processo de 
colocação dos títulos no mercado.
116
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
ESTUDOS FU
TUROS
São participantes desse mercado, entre outros, os bancos de investimentos, as 
corretoras e distribuidoras de valores mobiliários, as entidades administradoras de mercado 
de bolsa de balcão, além de diversos outros prestadores de serviços.
Aprendemos como funciona a sistemática do mercado de capitais e a sua 
contribuição tanto como fonte de recursos para que as empresas possam investir 
em seus projetos na perspectiva de médio e longo prazos, quanto para o próprio 
desenvolvimento econômico do país. No próximo subtópico identificaremos 
quem são os participantes desse mercado e suas respectivas funções.
3 PARTICIPANTES DO MERCADO DE CAPITAIS
Para que os recursos financeiros (dinheiro) saiam da poupança dos agentes 
superavitários (investidores) para o caixa das empresas (agentes que demandam de 
recursos financeiros para investimentos) e para que os poupadores (investidores) 
consigam trocar os papéis adquiridos no mercado primário (liquidez), é necessário 
que exista um sistema de intermediação financeira cuja composição consiste em 
uma diversidade de instituições, cada uma com sua função específica.
De forma mais específica, o sistema que coloca em funcionamento o 
mercado de capitais na sua plena harmonia é composto pelas bolsas de valores, 
pelas sociedades corretoras e sociedades distribuidoras, pelos agentes autônomos, 
pelos clubes e fundos de investimentos e pelos bancos de investimentos.
Mas, no que consiste cada uma dessas instituições? Quais as suas funções? 
Vejamos então cada uma delas. Começaremos pela bolsa de valores.
É por meio das bolsas de valores que o mercado de capitais é 
operacionalizado. Conforme Salazar (2010, p. 191), “a bolsa de valores é uma 
instituição de direito civil sem fins lucrativos, sendo seu patrimônio representado 
por títulos patrimoniais que pertencem às sociedades corretoras. As atividades 
da bolsa de valores são supervisionadas pela Comissão de Valores Mobiliários”.
Pinheiro (2012, p. 264) destaca que:
as bolsas de valores são instituições de caráter econômico que têm como 
objetivo a negociação pública mercantil de títulos e valores mobiliários, 
ou seja, é um local onde se compra e vende ações. Nelas ocorrem a 
canalização da oferta e demanda dos investidores e a publicação oficial 
dos preços ou cotações resultantes das operações realizadas.
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
117
De acordo com o disposto na Resolução nº 2.690, de 28/01/2000, do 
Conselho Monetário Nacional (CMN), as bolsas de valores constituem-se como 
associações civis, sem fins lucrativos ou sociedades anônimas, e têm por objetivo 
social, entre outros, manter local adequado ao encontro de seus membros e à 
realização, entre eles, de transações de compra e venda de títulos e valores 
mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado 
por seus membros, pela autoridade monetária e, em especial, pela Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM) (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005).
Sendo assim, a bolsa de valores é uma instituição com responsabilidade 
e função de interesse público que proporciona um local apropriado para a 
realização de negócios com títulos e valores mobiliários. A razão de sua existência 
consiste em proporcionar liquidez aos títulos negociados no mercado de capitais, 
permitindo que as negociações sejam realizadas no menor tempo possível e a um 
preço justo de mercado, formado pelo consenso de oferta e demanda pelo próprio 
mercado (ASSAF NETO; LIMA, 2017).
Gallagher (2012, p. 33) destaca que:
para que o processo de formação de preços seja mais transparente e 
atraente, existem as assim chamadas práticas equitativas de mercado, 
segundo as quais todos os que comprarem e venderem ações em bolsa 
terão o mesmo tratamento, obedecerão aos mesmos procedimentos e 
terão idêntico acesso à informação. Com isso cria-se uma sistematização 
cada vez mais formal e pública das operações de compra e venda de ações.
A bolsa de valores propicia liquidez às aplicações fornecendo, 
concomitantemente, um preço de referência para os ativos ali negociados por 
intermédio de um mercado contínuo, representado por seus pregões diários 
(CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005).
IMPORTANT
E
Dar liquidez significa fazer com que o dinheiro de quem comprou o título chegue 
às mãos de quem vendeu, representado pela liquidação financeira, e que a titularidade do 
título seja trocada, ou seja, liquidação física. Por sua vez, custódia significa guarda. Isso 
quer dizer que o sistema de custódia é que dá a garantia de que o título realmente existe e 
confirma a sua titularidade (GALLAGHER, 2012, p. 33).
118
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
Conforme Galvão, Ribeiro e Oliveira (2006), dentre as principais 
atribuições da bolsa de valores está a de oferecer um mercado para a cotação 
dos títulos e valores mobiliários nelas registrados; orientar e fiscalizar os serviços 
prestados por seus membros; facilitar a divulgação constante de informações 
sobre as empresas e sobre os negócios que se realizam sob seu controle e; propiciar 
liquidez às aplicações de curto e longo prazos, por intermédio de um mercado 
contínuo, representado por seus pregões diários.
Gallagher (2012, p. 33) desta que que:
 [...] para que o processo de formação de preços seja mais transparente 
e atraente, existem as assim chamadas práticas equitativas de 
mercado, segundo as quais todos os que comprarem e venderem 
ações em Bolsa terão o mesmo tratamento, obedecerão aos mesmos 
procedimentos terão idêntico acesso à informação. Com isso cria-se 
uma sistematização cada vez mais formal e pública das operações de 
compra e venda de ações.
Apesar de as bolsas de valores estarem abertas a todos os tipos de 
indivíduos e instituições e possuírem poder de autorregulamentação, elas estão 
sujeitas ao controle e à regulamentação de órgãos governamentais, tais como 
a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no caso brasileiro e a Securities and 
Exchange Commission (SEC) no contexto norte-americano (PINHEIRO, 2012).
As sociedades corretoras de valores mobiliários são instituições típicas do 
mercado acionário, operando com compra, venda e distribuição de títulos e valores 
mobiliários (inclusive ouro) por conta de terceiros. Elas fazem a intermediação 
com as bolsas de valores e de mercadorias (FORTUNA, 2014).
As sociedades corretoras são instituições membros das bolsas de valores, 
cuja constituição depende de autorização do Banco Central do Brasil (BACEN) 
e o exercício de sua atividade depende de autorização da Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), e como tal operam nos recintos das bolsas de valores e de 
mercadorias (GALVÃO; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2006).
Conforme CVM (2014), as sociedades corretoras são constituídas sob a 
forma de sociedade por ações ou por cotas de responsabilidade limitada.
IMPORTANT
E
As sociedades corretoras de valores mobiliários necessitam de autorização 
prévia do BACEN para serem constituídas, estando sujeitas à fiscalização da Bolsa de Valores, 
da CVM e do próprio BACEN (CVM, 2014).
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
119
As sociedades corretoras são caracterizadas como instituições financeiras 
com múltiplas funções e até o início de março de 2009 eram as únicas instituições 
autorizadas a negociar em bolsas de valores. Conforme CVM (2014, p. 51):
sua principal atividade é a execução de ordens de compra e venda 
de ativos para seus clientes. Podem auxiliaro investidor na medida 
em que disponibilizam para seus clientes informações provenientes 
de seus departamentos técnicos ou de análise de terceiros. Podem 
também administrar fundos de investimentos. Em geral, cobram taxas 
e comissões por seus serviços.
NOTA
“As sociedades corretoras são instituições constituídas como sociedades anônimas 
ou sociedade por cotas de responsabilidade limitada. Sua principal função é promover, de forma 
eficiente, a aproximação entre compradores e vendedores de títulos e valores mobiliários, 
dando a eles a negociabilidade adequada em recinto próprio” (SALAZAR, 2010, p. 192).
Conforme Galvão, Ribeiro e Oliveira (2006), as sociedades corretoras 
são intermediárias especializadas em negociar valores mobiliários em pregões, 
onde executam as ordens de compra e venda de valores mobiliários. Dentre as 
suas principais atribuições, destacam-se: promover ou participar de lançamento 
público de ações; administrar e custodiar carteiras de títulos e valores mobiliários; 
organizar e administrar fundos e clubes de investimento; operar em bolsas de 
mercadorias e futuros; efetuar operações de compra e venda de metais preciosos 
e moedas estrangeiras e; prestar serviços de assessoria técnica em operações 
inerentes ao mercado financeiro.
Conforme observamos, as sociedades corretoras efetuam principalmente 
a intermediação financeira nas bolsas de valores. Neste sentido, Gallagher (2012, 
p. 36) apresenta suas principais competências:
• operar em bolsas de mercadorias e futuros, por conta própria e de 
terceiros;
• promover ou participar de lançamento público de ações;
• administrar e custodiar carteiras de títulos e valores mobiliários;
• organizar e administrar fundos e clubes de investimentos;
• efetuar operações de intermediação de títulos e valores mobiliários, 
bem como de moedas estrangeiras, por conta própria ou de terceiros;
• efetuar operações de compra e venda de metais preciosos, por conta 
própria ou de terceiros;
• prestar serviços de assessoria técnica em operações e atividades 
inerentes ao mercado financeiro e de capitais.
120
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
As sociedades distribuidoras de valores mobiliários constituem-se 
também em instituições intermediadoras na compra e venda de títulos e valores 
mobiliários, cujos objetivos básicos se assemelham bastante aos das corretoras 
(GALVÃO; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2006). Elas também são autorizadas a 
funcionar pelo Banco Central do Brasil (BACEN) e pela Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM).
Conforme Gallagher (2012, p. 37), “as Sociedades Distribuidoras de 
Títulos de Valores Mobiliários (DTVM) são instituições auxiliares do sistema 
financeiro que participam do sistema de intermediação de títulos no mercado 
(ações, debêntures e outros), colocando-os à venda para o público”.
IMPORTANT
E
São constituídas sob a forma de sociedade por ações ou por cotas de sociedade 
limitada e, em sua denominação social, deve constar obrigatoriamente a expressão 
“Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários” (CVM, 2014, p. 52).
A Decisão Conjunta de Nº 17 do Banco Central do Brasil (BACEN) e da 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de 02/03/09 autorizou as Sociedades 
Distribuidoras de Valores Mobiliários a operarem diretamente nos ambientes e 
sistemas de negociação dos mercados organizados de bolsas de valores, negociando 
ações. Até então as corretoras, únicas autorizadas a negociar diretamente, eram 
obrigadas a adquirir título patrimonial da bolsa de valores.
Dessa forma, com a liberalização por parte do Conselho Monetário 
Nacional (CMN), “as sociedades distribuidoras, se desejarem, podem operar em 
bolsa como as corretoras, bastando apenas cumprir todas as regras das bolsas e 
dos órgãos reguladores” (GALLAGHER, 2012, 37).
Nessas condições, Fortuna (2014, p. 40) elenca algumas das atividades 
executadas pelas sociedades distribuidoras:
• subscrição isolada ou em consórcio de emissão de títulos e valores 
mobiliários para revenda;
• intermediação da colocação de emissão de capital no mercado;
• operações em bolsas de mercadorias e futuros;
• operações no mercado aberto, desde que satisfaçam as condições 
exigidas pelo Banco Central do Brasil (BACEN).
Cabe destacar que da mesma forma que as sociedades corretoras, as 
sociedades distribuidoras de valores mobiliários cobram taxas e comissões por 
seus serviços (CVM, 2014).
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
121
Já os agentes autônomos de investimentos “são pessoas físicas credenciadas 
pelas instituições financeiras intermediadoras (corretoras, distribuidoras, bancos 
e financeiras) para atuar na colocação de títulos, valores e serviços financeiros 
junto ao público. Esses profissionais são fiscalizados pelo Banco Central do 
Brasil (BACEN) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM)” (GALVÃO; 
RIBEIRO; OLIVEIRA, 2006, p. 236).
Cavalcante, Misumi e Rudge (2005) classificam os agentes autônomos 
como uma pessoa, que pode ser física ou jurídica, uniprofissional, que tem 
como atividade a distribuição e a mediação de títulos e valores mobiliários, 
quotas de fundos de investimento e derivativos, sempre sob a responsabilidade 
das instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários, e 
exclusivamente como preposto dessas instituições.
O vínculo desses profissionais com as instituições financeiras é 
representado por um contrato de prestação de serviços, e eles são remunerados 
por comissões de corretagem e/ou comissões de permanência sobre os negócios 
realizados para seus clientes de investimento. A atividade foi regulamentada pela 
Resolução CMN 2.838/01 e posteriormente pela CVM, através das Instruções 355 
e 366, de 2002 (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE, 2005).
O investimento coletivo é a forma mais democrática de associar capitais. 
Os fundos de pensões, as entidades de previdência complementar, os fundos 
de investimentos, as companhias de seguros e capitalização e as companhias 
de investimentos são, na economia moderna, os chamados investidores 
institucionais. As tendências mundiais mostram que, no futuro, os fundos de 
pensão serão os maiores provedores de recursos para investimentos em todo o 
mundo (GALVÃO; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2006).
Conforme Fortuna (2014, p, 43), investidores institucionais 
não compõem uma instituição em si, mas constituem um tipo de 
investidor que por gerenciar recursos de terceiros, e/ou garantir suas 
obrigações contratuais com terceiros, deve aplicar recursos de que 
dispõe de acordo com regras previamente definidas pela entidade 
fiscalizadora do seu segmento de atividade. Podem ser agrupados 
em: fundos mútuos de investimentos, entidades abertas e fechadas de 
previdência complementar e seguradoras.
NOTA
“Fundo de Investimento é uma comunhão de recursos, constituídos sob a forma 
de condomínio, destinado à aplicação em carteira de títulos e valores mobiliários, bem como 
em quaisquer outros ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais” (PINHEIRO, 
2012, p. 202).
122
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
A participação de pessoas físicas no mercado de capitais tem crescido 
consideravelmente nos últimos anos. Tal fato deve-se, principalmente, pela 
estabilidade da moeda e da queda dos juros, que tem influenciado o aumento da 
participação das pessoas físicas no mercado de renda variável. Tais fatores têm 
despertado o interesse dos investidores com menos conhecimento no mercado de 
capitais a procurar fundos de investimentos.
Fundo de Investimento é uma comunhão de recursos, captados de 
pessoas físicas ou jurídicas, com o objetivo de obter ganhos financeiros 
a partir da aplicação em títulos e valores mobiliários. Esses recursos são 
usados para comprar bens (títulos) que são de todos os investidores, na 
proporção de seus investimentos. Seu objetivo, portanto, é promover a 
aplicaçãocoletiva dos recursos de seus participantes (CVM, 2014, p. 92).
CVM (2014) apresenta alguns motivos que podem levar alguém a investir 
com a ajuda de um fundo de investimentos: contar com a gestão do dinheiro 
por parte de um profissional especializado, ter acesso a uma estratégia de 
diversificação a custos menores ou, ainda, ter uma carteira de investimentos que 
não conseguiria montar sozinho. Outra grande vantagem para o investidor é a de 
conseguir resgatar rapidamente o seu dinheiro.
Além disso, os “Fundos de investimento possibilitam que investidores de 
perfil similar, com objetivo, estratégias e tolerância a riscos parecidos, concentrem 
recursos para aumentar seu poder de negociar e diluir os custos de administração, 
além de contarem com profissionais especializados, dedicados exclusivamente à 
gestão de recursos” (CMV, 2014, p. 93).
Você deve estar se perguntando: tem alguma desvantagem? Sim, tem 
uma, em especial, que é a de delegar a terceiros (administradores) seus recursos. 
Isto gera uma falta de autonomia na tomada de decisão e submissão a regras 
previamente estabelecidas e à vontade da maioria dos cotistas. Para supri-la, o 
investidor conta com a opção de estabelecer um Clube de Investimentos.
Nos últimos anos, as bolsas de valores, especialmente a Bolsa Brasil Balcão 
(B3), vem fazendo um trabalho muito importante na área educacional, com 
palestras e visitas de técnicos a empresas, clubes de lazer, eventos e outros locais 
de maior aglomeração, incentivando a formação de Clubes de Investimentos.
Clubes de Investidores são associações de pessoas, geralmente com 
algum tipo de afinidade, para investimento em ações. “Os clubes de investimento 
existem no Brasil há mais de 20 anos, mas a instabilidade econômica das últimas 
décadas impedia a consolidação dessa modalidade de investimento, que, por 
meio da poupança coletiva, dilui riscos e custos no mercado de renda variável” 
(GALVÃO; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2006, p. 247).
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
123
O objetivo da criação do clube de investimentos é dar dinâmica aos 
investimentos em ações, ampliando a participação dos investidores em bolsas de 
valores. Todas as operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários são 
registradas sempre em nome do clube, devendo ser custodiadas em instituição 
autorizada a prestar este tipo de serviço (ASSAF NETO, 2012).
NOTA
“Clube de Investimento é a comunhão de recursos de, no mínimo três e no 
máximo 50, pessoas físicas para investimento em títulos e valores mobiliários. É, portanto, um 
instrumento de investimento coletivo no mercado de capitais, porém mais restrito do que 
um Fundo de Investimento” (CVM, 2014, p. 80).
Os clubes de investimentos correspondem a associações voluntárias de 
investidores que consorciam com a finalidade de realizar aplicações no mercado 
de capitais, administrando diretamente essas carteiras com a assistência e 
assessoria de instituições especializadas, tais como bancos de investimento, 
sociedades corretoras, dentre outras (PINHEIRO, 2012).
Assaf Neto (2012) lembra que a constituição do clube é processada 
mediante a aprovação e assinatura por parte dos seus membros do estatuto social, 
o qual regulará a conduta e procedimento de atuação.
O estatuto social do clube de investimento deve dispor, entre outros, 
dos seguintes assuntos: política de investimento a ser adotada, cálculo 
da quota a que cada membro tem direito, prazo de duração do clube, 
forma de resgate das quotas. O principal órgão deliberativo do clube 
de investimento é a assembleia geral, prevista em seu estatuto social e 
constituída por todos os membros (ASSAF NETO, 2012, p. 51).
IMPORTANT
E
O registro e a fiscalização do clube são feitos em conjunto pela Bolsa de Valores 
e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Conforme (Pinheiro, 2012), para criar um clube de investimento são 
necessários três agentes: o administrador, que deve ser uma corretora de valores 
mobiliários credenciada pela bolsa de valores; o gestor, que pode ser uma pessoa 
ou comitê formado por três pessoas; e o representante dos condôminos. A 
corretora escolhida cuidará de todos os documentos e registros legais, além de 
zelar pelo bom funcionamento do clube.
124
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
Por fim, apresentaremos os bancos de investimentos. Conforme Galvão, 
Ribeiro e Oliveira (2006, p. 237):
[...] os bancos de investimentos são grandes provedores de crédito de 
médio e longo prazo para as empresas. Atuam no mercado primário 
e secundário, geralmente, em operações de maior escala, por meio 
de repasse de recursos oficiais de crédito, de recursos captados no 
exterior, operações de subscrição pública de valores mobiliários (ações e 
debêntures), lease-back e securitização de recebíveis, além de prestarem 
serviços de custódia de títulos, administração de carteiras, fianças, avais.
Assaf Neto e Lima (2017) destacam que este tipo de instituição, ao contrário dos 
bancos comerciais, atua com instrumentos de longo prazo, oferecendo intermediação 
financeira às empresas no levantamento de recursos para supri-las tanto de capital 
fixo quanto de capital de giro. Os bancos de investimentos costumam ainda atuar em 
operações de maior escala com repasses de recursos oficiais de crédito, por exemplo, 
do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), captações no exterior em 
moeda estrangeira para repasses internos, financiamentos de bens de produção, 
intermediação na colocação de títulos de dívidas emitidos por empresas etc.
Conforme podemos observar em Fortuna (2014, p. 34), os bancos de 
investimentos:
[...] foram criados para canalizar recursos de médio e longo prazos para 
suprimento de capital fixo ou de giro das empresas. Seu objetivo maior 
é o de dilatar o prazo das operações de financiamento, sobretudo para 
fortalecer o processo de capitalização das empresas, através da compra 
de máquinas e equipamentos e da subscrição de debêntures e ações. 
Os bancos de investimentos dedicam-se também à prestação de vários 
tipos de serviços, como avais, custódias, fianças, administração de fundos de 
investimento (ASSAF NETO; LIMA, 2017).
De forma prática, os bancos de investimentos não podem manter contas 
correntes, como acontece nos bancos comerciais e nos bancos múltiplos. Essas 
instituições captam recursos pela emissão de CDBs (Certificados de Depósito 
Bancário) e RDBs (Recibos de Depósitos Bancários), além de captação e repasse 
de recursos de origem interna ou externa ou pela venda de cotas de fundos de 
investimentos por eles administrados.
Os bancos de investimentos devem ainda orientar, prioritariamente, a 
aplicação dos seus recursos repassados no fortalecimento do capital social das 
empresas via subscrição ou aquisição de títulos, na ampliação da capacidade 
produtiva da economia, via expansão ou relocalização de empreendimentos. 
Incentivar a melhoria da produtividade por meio da reorganização e da 
modernização das empresas, promover melhor ordenação da economia e maior 
eficiência das empresas através de fusões, cisões ou incorporações (atividades de 
corporate finance), assim como o desenvolvimento tecnológico, via treinamento ou 
assistência técnica (FORTUNA, 2014).
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
125
LEITURA COMPLEMENTAR
CRIMES CONTRA O MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
Com o objetivo de preencher as lacunas então existentes na “Lei do 
Colarinho Branco”, a Lei nº 10.303/01 alterou a Lei nº 6.385/76, passando a prever 
três delitos especificamente voltados à tutela do regular funcionamento do 
mercado de valores mobiliários:
• Manipulação de Mercado: realizar operações simuladas ou executar outras 
manobras fraudulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular 
funcionamento dos mercados de valores mobiliários em bolsa de valores, de 
mercadorias e de futuros,no mercado de balcão ou no mercado de balcão 
organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para 
outrem, ou causar dano a terceiros. 
• Uso Indevido de Informação Privilegiada: utilizar informação relevante ainda 
não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter 
sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante 
negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários. 
• Exercício Irregular de Cargo, Profissão, Atividade ou Função: atuar, ainda que a 
título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante 
do sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou individual, 
agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores 
mobiliários, agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade 
ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à autoridade 
administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento.
FONTE: <http://www.investidor.gov.br/portaldoinvestidor/export/sites/portaldoinvestidor/
publicacao/Livro/LivroTOP-CVM.pdf>. (2014, p.54).
126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma empresa não precisa ficar restrita à sua geração de lucros ou novos aportes 
de seus acionistas para financiar seus planos de investimentos. Pode captar 
recursos junto a novos investidores por meio de emissão de ações.
• O mercado de capitais é uma fonte de recursos para investimentos da economia 
e assume um papel relevante no processo de desenvolvimento econômico.
• Há forte ligação entre os agentes superavitários, que possuem capacidade de 
poupança, e os investidores carentes de recursos de longo prazo.
• Uma empresa de capital aberto é aquela que tem seus títulos negociados 
publicamente.
• A abertura de capital acontece com o lançamento de ações e permite que a ação 
de uma empresa seja negociada em bolsa.
• A abertura de capital da empresa se dá através de um IPO ou Oferta Pública 
Inicial (Initial Public Offering).
• No mercado primário são negociadas ações e obrigações permitindo a 
capitalização da empresa.
• As bolsas de valores podem se constituir como associações civis sem fins 
lucrativos ou sociedades anônimas cujo patrimônio é representado por títulos 
que pertencem às sociedades corretoras e membros.
• As bolsas de valores possuem autonomia financeira, patrimonial e 
administrativa, mas estão sujeitas à supervisão da Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM) e obedecem às diretrizes e políticas emanadas do Conselho 
Monetário Nacional (CMN).
• Fundo de investimentos é um condomínio de pessoas com objetivos comuns 
de investimento.
• Os principais participantes dos fundos de investimentos são: o administrador, 
que é o responsável legal pelo fundo; o gestor, que é o responsável pela 
rentabilidade; o auditor, que faz a auditoria independente do fundo e; o 
custodiante, que faz a guarda dos títulos do fundo.
• Os fundos de investimentos são fiscalizados e regulamentados pela Comissão 
de Valores Mobiliários (CVM).
127
1 O que é o mercado de capitais?
2 Qual o conceito de valores mobiliários?
3 Qual a diferença entre distribuição primária e secundária de ações?
4 O que é um fundo de investimentos?
5 O que é um clube de investimentos?
AUTOATIVIDADE
128
129
UNIDADE 3
MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os tipos de investimento financeiro;
• entender as diferenças entre os tipos de investimento;
• compreender as diversas maneiras de realizar investimentos financeiros;
• compreender o Modelos de Precificação de Ativos – CAPM;
• entender os riscos inerentes às aplicações financeiras;
• conhecer as tributações relativas aos investimentos financeiros.
Esta unidade está organizada em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
TÓPICO 2 – PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS
TÓPICO 3 – TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS
130
131
TÓPICO 1
PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos início aos nossos estudos sobre os Produtos 
de Investimento Financeiro. Nesta primeira unidade, a intenção é fazer com que 
você compreenda os principais Produtos de Investimento Financeiro presentes 
no dia a dia.
Ao longo dos estudos, conheceremos os principais tipos de investimentos 
financeiros presentes em nosso cotidiano. Embora, para muitos, não faça parte 
do dia a dia a realização de certos tipos de investimento, eles estão presentes na 
economia e fazem parte das operações rotineiras das empresas, sendo fundamentais 
da economia. Você já parou para pensar que talvez a não utilização dos produtos de 
investimento está relacionada à falta de conhecimento sobre os mesmos? Os produtos 
de investimento estão mais próximos do que possamos perceber, falta conhecermos 
mais e criarmos uma proximidade com as modalidades de investimento. Podemos 
ir além da escolha usual pela poupança, obtendo rendimentos maiores e sem 
apostar em altos riscos, caso sejamos avessos a eles. Podemos, também, procurar 
maiores rendimentos, correndo mais riscos, sem sermos imprudentes. E como 
faremos isso? A resposta é simples: informação. Quanto mais informação e 
mais conhecimento sobre as modalidades de investimentos, mais simples ficará 
utilizar e obter benefícios desses produtos. Obter informação é mais simples do 
que parece, elas estão mais acessíveis do que percebemos. Quer ver? Existem sites 
especializados onde obtemos diversas informações sobre esses produtos, o gerente 
da nossa conta bancária também tem informações que nos auxiliam e, muitas 
vezes, até nossos amigos têm algum conhecimento sobre o assunto. É claro que, 
quando falamos de produtos de investimento financeiro, os profissionais é que 
proverão as informações mais claras e corretas. Mas informação nunca é demais, 
né? Quanto mais conhecermos, mais podemos questionar, formar nossa opinião e 
tomar melhores decisões de investimento.
Neste primeiro tópico vamos conhecer os Produtos de Investimento 
Financeiro, seus respectivos conceitos, compreender suas diferenças, de que 
maneira podemos realizar esses investimentos e seus principais riscos. 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
132
2 TIPOS DE INVESTIMENTO
Os Produtos de Investimento Financeiro, também conhecidos como 
ativos financeiros, são utilizados para diversas finalidades e por diversos agentes 
econômicos. As famílias, as empresas, as instituições financeiras e também o 
próprio Estado realizam investimentos através de diversos produtos, cada qual 
com seus objetivos. Para começarmos a entender o que os Produtos de Investimento 
Financeiro representam para a economia, é importante compreender qual é a 
motivação para a realização de investimentos e o que são esses produtos. 
Você já se perguntou por que um agente econômico realiza um investimento 
financeiro? Os investimentos financeiros são realizados com a finalidade de obter 
lucros com o dinheiro que não está sendo utilizado no momento. Vamos tomar 
como exemplo uma pessoa que tem rendimentos maiores que suas necessidades 
do dia a dia. Quando há essa sobra de capital (dinheiro), é possível alocar esses 
recursos em algum investimento financeiro, não deixando que esse dinheiro 
desvalorize com a inflação, buscando resgatar esses recursos futuramente com 
juros e correção monetária. Para realizar esses investimentos há diversos produtos 
disponíveis no mercado. Cada um possui características diferentes, possibilitando 
que os investidores possam escolher de acordo com suas características de 
investimento, suas necessidades e também suas preferências.É nesse momento 
que o investidor vai optar se aplicará seus recursos em renda fixa, variável, em 
títulos públicos etc. e qual o risco a que estará sujeito, por exemplo. A seguir, 
vamos estudar cada um dos principais produtos de investimento financeiro e 
suas características. 
A partir de agora, vamos elucidar as características básicas dos Produtos 
de Investimento Financeiro e, logo após, vamos abordar cada um dos principais 
produtos, proporcionando as informações necessárias para conhecê-los.
2.1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS PRODUTOS 
FINANCEIROS
Apresentaremos algumas características básicas para os Produtos de 
Investimento Financeiro. O primeiro deles é sua diferenciação entre: Renda 
Fixa e Renda Variável. Segundo Sandroni (2008), os investimentos de renda 
fixa são caracterizados pelo fato de terem seu rendimento (juros) discriminado 
anteriormente, podendo ter seu rendimento atrelado inteiramente de forma 
prefixada ou vinculado à correção monetária (pós-fixada), ou às variações das 
taxas de juros nominais. Os investimentos financeiros que possuem a característica 
de renda fixa são aqueles que, normalmente, têm uma remuneração (e 
consequentemente um risco) mais baixa e também, dependendo do investimento, 
uma liquidez maior, como as cadernetas de poupança, os Certificados de Depósito 
Bancário (CDB), títulos públicos (Tesouro Nacional, Letras do Tesouro) e títulos 
de crédito, e as Debêntures, por exemplo.
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
133
Já os Produtos de Renda Variável são aqueles em que o “[...]rendimento 
não é prefixado, não faz parte das condições do título e varia em função das 
condições de mercado” (SANDRONI, 2008, p. 727). São investimentos onde 
não se tem conhecimento prévio dos seus retornos. Os investimentos de renda 
variável normalmente possuem retornos maiores que os de renda fixa, porém, 
como já mencionado, retornos maiores estão associados a riscos maiores (pode 
haver perdas maiores também) e sua liquidez depende do tipo de investimento. 
O investimento de renda variável mais conhecido são as ações, mas também 
são exemplos o câmbio, o ouro e os derivativos. Antes de prosseguirmos, é 
importante abordarmos uma das relações básicas presente nos investimentos 
(sejam eles em produtos financeiros ou não). A relação entre risco, retorno e 
liquidez. Certamente, em algum momento você já deve ter ouvido falar nessas 
três palavras. Você leu em alguma matéria de algum site, ouviu no noticiário ou 
alguém já conversou com você e falou algo como: “aquele investimento tem baixo 
risco”; “o retorno daquele investimento é alto”; ou “não tem muita liquidez para 
esse investimento”. Mas o que significa essa relação para os investimentos? Você 
já se perguntou isso? 
IMPORTANT
E
Risco: Segundo o Dicionário de Economia do século XXI (SANDRONI, 2008 p. 
737), risco é “[...] a condição de um investidor ante as possibilidades de perder ou ganhar 
dinheiro”. Basicamente, risco é o quanto você está disposto a “arriscar” para ter resultados 
maiores financeiramente. Por exemplo, se você investe em algo com um alto risco, espera 
um alto retorno. Consequentemente, se você investe em produtos de baixo risco, é de se 
esperar retornos condizentes com esse risco. O que nos leva ao segundo ponto da relação: 
o Retorno: retorno é o quanto você pretende ganhar com aquele investimento. Como 
já foi comentado, se você pretende ter retornos maiores, deverá assumir maiores riscos, 
isso porque um é, normalmente, proporcional ao outro. Por fim, chegamos à Liquidez: 
capacidade de transformar aquele investimento em dinheiro novamente, com valor justo e 
condizente com o valor real do investimento. Um investimento é mais ou menos líquido, 
dependendo do tempo que levará para ser convertido em papel-moeda. Por exemplo: você 
tem dois investimentos, uma caderneta de poupança e um imóvel para vender, a liquidez 
dos dois investimentos é bem diferente, visto que na caderneta de poupança você pode 
resgatar o dinheiro (transformar em papel-moeda novamente) a qualquer momento. Já o 
imóvel, para você vendê-lo, conseguir o valor justo de venda e transformá-lo em papel-
moeda novamente, levará muito mais tempo, pois depende de diversos fatores (demanda, 
aquecimento no mercado imobiliário etc.).
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
134
Então, os investimentos sempre estarão pautados nesses três pilares: risco, 
retorno e liquidez. Quando estiver buscando um investimento, você poderá se 
perguntar: quanto eu quero me arriscar neste investimento? Com essa resposta 
você vai identificar o risco que está buscando no investimento, de acordo com suas 
preferências, necessidades e escolhas. Também é importante responder: quanto 
você pretende obter de lucro com o investimento? Então, você entenderá quanto 
retorno espera do investimento. E, por fim, deve se questionar quando precisará 
do dinheiro novamente? Para saber o quão líquido deve ser o investimento para 
atender às suas necessidades. Respondendo às três perguntas, você vai ter uma 
ideia de que tipo de investimento cabe ao seu perfil. 
2.2 TIPOS DE RISCO
Antes de entrarmos na discussão sobre as nuances de cada tipo de 
produto financeiro, é importante elucidar os principais tipos de risco presentes na 
economia, pertinentes aos produtos de investimento financeiro. Conhecer os tipos 
de risco é importante para, além de conhecer os produtos, saber também os riscos 
inerentes a esses produtos. Em situações cotidianas você já deve ter se deparado 
com frases do tipo: “o risco de crédito é alto”; “há grande risco de mercado para 
essas ações”; “o risco de liquidez é baixo”. Mas o que significa isso? O que são 
esses riscos e como eles interferem nos investimentos? São questionamentos como 
esses que vamos sanar neste tópico.
2.2.1 Risco de Crédito
O risco de crédito é “a falta de cumprimento (pagamento) de uma 
contraparte à outra, em alguma operação comercial” (SANDRONI, 2008, p. 738). 
Basicamente, é o risco de alguém que “pegou” dinheiro emprestado não fazer o 
pagamento de acordo com o que foi acordado com quem emprestou o dinheiro. 
Na economia, normalmente, esse risco é mais presente em operações de crédito 
rotineiras (empréstimos e financiamentos), porém, é importante lembrarmos 
deste risco, pois alguns produtos de investimento financeiro estão sujeitos a 
correr risco de crédito.
2.2.2 Risco de Liquidez
O risco de liquidez “[...] significa a dificuldade de determinado contrato ser 
vendido no tempo desejado [...]” (SANDRONI, 2008, p. 738). Para os produtos de 
investimento financeiro, o risco de liquidez está presente quando não se consegue 
vender (transformar em dinheiro novamente) esses investimentos, ou não se obtém 
um valor justo pelos mesmos quando se pretende “liquidar” esses investimentos.
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
135
2.2.3 Risco de Mercado
O risco de mercado “consiste na possibilidade de perdas causadas pelos 
impactos de flutuações de preços/índices/taxas (juros, câmbio) sobre instrumentos 
financeiros assumidos por uma empresa” (SANDRONI, 2008, p. 739). São as 
variações na economia (mercado) que podem interferir negativamente no valor 
de um investimento. 
2.3 PRODUTOS DE RENDA FIXA
Abordaremos aqui os produtos que estão caracterizados como renda 
fixa. Quais são eles, suas características e principais informações pertinentes a 
cada produto. Você compreenderá, a partir deste tópico, as diferenças entre os 
produtos, onde e como investir, bem como compreender os principais benefícios 
de cada tipo de investimento.
2.3.1 CDB – Certificado de Depósito Bancário
Os bancos, sejam eles comerciais ou de investimento, têm em suas carteiras 
diversos serviços disponíveis para as pessoas. Empréstimos e financiamentos, 
certamente, são as operações mais conhecidas e realizadas, a fim de proporcionar 
o consumo das famíliase/ou o investimento por parte das empresas. Mas, você 
sabe como os bancos conseguem dinheiro para viabilizar essas transações? Os 
bancos, antes de emprestar dinheiro, precisam ter esse dinheiro, não é mesmo?
O que acontece é que o dinheiro que os bancos emprestam não é deles, mas 
sim de clientes que fazem investimentos em produtos de investimento financeiro. 
Esse também é o meio pelo qual os bancos têm lucros financeiros e sustentam 
suas operações, o chamado Spread bancário. 
IMPORTANT
E
Spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que o banco paga para quem 
investe (empresta) dinheiro para o banco e a taxa de juros que o banco cobra de quem ele 
empresta dinheiro. Por exemplo: se você colocar seu dinheiro na poupança e receber 1% 
ao mês de juros, é esse dinheiro que o banco utiliza para emprestar para outros clientes, 
por meio de financiamentos ou empréstimos, cobrando uma taxa de juros de 9% ao mês. 
A diferença entre o 1% que o banco remunera para você, que investiu na poupança, e os 
9% que o banco cobra de quem pegou dinheiro emprestado com ele é o Spread bancário.
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
136
Mas como o banco faz para obter esse dinheiro? Como ele capta recursos 
para financiar seus investimentos em empréstimos e financiamentos, por exemplo? 
Existem diversas formas. As mais comuns, e significativas, são as LCIs (Letras de 
Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que veremos 
a seguir, e o CDB (Certificado de Depósito Bancário). Também conhecido como 
depósito a prazo, o CDB é um dos instrumentos de captação de recursos dos 
bancos e representa um depósito a prazo realizado por um investidor para a 
instituição financeira (NARDINI, 2018). O que o banco faz, ao ofertar CDBs para 
investidores, é captar recursos com a finalidade de desenvolver suas atividades 
(ofertar empréstimos, financiamentos etc.). Mas o que faz o CDB ser atrativo? Neste 
caso, como os bancos estão “pegando emprestado” dinheiro, há uma promessa de 
que ao final de determinado período (período de investimento do CDB), o dinheiro 
seja devolvido acrescido dos juros deste mesmo período. O CDB, mesmo que seja 
nominado como Certificado de Depósito Bancário, é diferente daquele depósito 
realizado nos caixas eletrônicos, ou no atendimento dos bancos. É um produto de 
investimento, uma maneira de investir seu dinheiro, fazendo com que renda juros.
O CDB é um produto de investimento de renda fixa e carrega em si o 
risco de crédito da instituição que irá realizar o pagamento dos juros e do valor 
principal da aplicação aos investidores na data de resgate (caso resgatado antes do 
prazo final) ou ao final da aplicação. “Estão autorizados por lei a emitir CDBs os 
bancos comerciais, de investimento, os múltiplos, os de desenvolvimento e a Caixa 
Econômica Federal” (NARDINI, 2018, p. 22). Por se tratar de um produto de renda 
fixa, deve ser determinado o prazo de vencimento (data em que o valor principal 
do investimento e os juros referentes ao período serão pagos ao investidor). 
Apesar de determinada uma data para “encerramento” do contrato, 
os juros pagos neste investimento podem ser prefixados ou pós-fixados, como 
veremos adiante. Os prazos servem para os bancos terem conhecimento de seus 
fluxos e poder utilizar essa captação de recurso para ofertar seus empréstimos 
e financiamentos, utilizar essa captação, de maneira geral. Imagine o que 
aconteceria se o banco captasse esses recursos e utilizasse, sem ter o conhecimento 
de quando os investidores irão receber de volta esse dinheiro, juntamente com 
seus juros? Certamente seria um caos no sistema financeiro, visto que os bancos 
poderiam ofertar mais dinheiro do que teriam capacidade de pagar de volta aos 
investidores em determinado período, gerando fluxos negativos no seu caixa e, 
possivelmente, levando a instituição à falência. 
A conta é simples: se o banco capta R$ 100.000,00 reais, ele terá esse 
montante para utilizar nas suas atividades, poderá emprestar ou financiar R$ 
100.000,00 a um (ou vários) clientes, por exemplo. Esse valor de R$ 100.000,00 
provavelmente não é de apenas um investidor, mas de vários investidores. Cada 
investidor que investe em CDB tem um prazo de vencimento no seu investimento. 
Assim, o banco tem ciência de que no prazo X deverá devolver ao investidor 
“A” a quantia do seu contrato, acrescida dos juros do período, conforme previsto 
no contrato. No prazo “Y” deverá pagar ao investidor “B”, e assim por diante. 
Podendo então prever o montante de recursos que precisará em cada período 
para reembolsar os investidores pela sua captação de recursos.
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
137
Cada contrato de CDB poderá ter um vencimento diferente. Hoje os 
prazos mais comuns variam em frações de três meses (três, seis, 12 meses) e 
dois anos, porém os títulos podem ser mais longos, por exemplo, três ou cinco 
anos. Mas qual é a vantagem, para o investidor e para o banco, de que esses 
títulos tenham um prazo de vencimento mais longo? Vamos refletir sobre isso: 
conforme apresentado anteriormente, há prazos devido à necessidade de gerir os 
fluxos e a necessidade de o banco ter os montantes financeiros necessários para a 
devolução do valor principal investido acrescido dos juros, certo? Logo, quanto 
maior for o prazo para essa devolução, mais tempo o banco tem para utilizar 
o recurso. O que o investidor ganha com isso? Bem, quanto maior o prazo, os 
bancos tendem a oferecer uma rentabilidade maior para esses CDBs. É simples, 
como há mais tempo para os bancos utilizarem o recurso, programarem seus 
fluxos de caixa e devolverem o dinheiro, há uma vantagem para eles. Logo, eles 
oferecem uma rentabilidade maior para que o investidor deixe por mais tempo 
esse dinheiro com o banco. Porém, apesar de haver esses prazos comuns, não 
existe um período mínimo para um CDB, indo de acordo com a necessidade do 
emissor, no caso, a instituição financeira que emitiu o CDB (NARDINI, 2018). 
Então, se investirmos em um CDB, apenas teremos o dinheiro de volta ao final 
do prazo estipulado no contrato? Depende. Apesar de o mais comum é o CDB 
ser resgatado no vencimento, há duas possibilidades de receber o valor aplicado 
acrescido dos juros antes do final do prazo: 
• Uma delas é caso de o CDB possuir liquidez diária. Quando o contrato oferece 
ao investidor liquidez diária, possibilita que haja resgate, a qualquer momento, 
do valor principal acrescido dos juros, devolvendo, assim, o valor do principal 
mais os juros até a data do resgate. E o prazo de vencimento? Neste caso ele 
não importa muito, devido à sua característica de liquidez diária. 
• Outra maneira de reaver o valor investido, mesmo que não se trate de um 
CDB com liquidez diária, é o investidor realizar a venda da sua posição (CDB) 
no mercado secundário. Porém, pode ocorrer de não haver liquidez imediata 
para o valor investido (caso seja um valor alto). Salvo essas duas alternativas, 
o investidor deverá aguardar o vencimento do CDB para que lhe seja pago 
o valor do investimento mais os juros incorridos no período de investimento 
(NARDINI, 2018).
Outra característica presente nos CDBs é a existência, em alguns casos, 
de um período de carência. Como já foi dito, CDBs com liquidez diária acabam 
por dificultar a previsibilidade dos fluxos de caixa da instituição que captou o 
recurso, portanto, alguns contratos de CDB possuem um período de carência. 
Passado esse período, o CDB passa a ter liquidez diária. A carência faz com que 
haja maior previsibilidade e a instituição que captou o recurso possa ter mais 
segurança ao trabalhar com o recurso captado. 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
138
Mas qual a diferença entre escolher por um CDB com liquidez diária ou 
não? Essa é uma pergunta fácil de se responder. Como os CDBs que possuem 
liquidez diária geramincertezas para a instituição de quanto e quando o investidor 
solicitará o dinheiro do investimento, elas oferecem esses contratos com uma 
rentabilidade inferior àquelas dos CDBs em que o investidor só pode resgatar o 
valor aplicado ao final do prazo contratado. Outro questionamento recorrente é 
relacionado a qual a remuneração se recebe investindo em um CDB? No caso dos 
CDBs, há duas maneiras pelas quais o investidor é remunerado. Veja só, o contrato 
pode estabelecer uma remuneração fixa, o que chamamos de CDB com taxa 
prefixada, ou pode conhecer a remuneração com exatidão, apenas no momento do 
resgate, o que chamamos de CDB com taxa pós-fixada. Por exemplo: ao investir R$ 
10.000,00 em um CDB prefixado que remunere a uma taxa de 7,5% a.a., ao final de 
um ano você sabe que receberá (antes de impostos) R$ 750,00. Cabe aqui lembrar 
que há incidência de IR sobre rendimento financeiro, como veremos no Tópico 3 
desta unidade. Os CDBs com taxas pós-fixadas normalmente utilizam a Taxa DI 
como taxa de juros referência, desta forma, o CDB é remunerado a partir de um 
percentual dessa taxa. Portanto, um CDB pode remunerar 103% da Taxa DI. Mas o 
que significa isso? Significa que o investidor receberá, no momento do resgate, uma 
remuneração equivalente a 103% da Taxa DI observada no período entre a emissão 
do CDB e o seu resgate, além do seu valor principal investido (NARDINI, 2018).
DICAS
Você pode simular o cálculo do CDB, seja pré ou pós-fixado e também 
comparar com o rendimento de outros investimentos. Acesse:
<https://www.euqueroinvestir.com/calculadora-dos-melhores-investimentos/?utm_expid=.
WXaDzIwvRNW1BrJhs7ywSg.1&utm_referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com%2F>.
IMPORTANT
E
A Taxa DI é comumente utilizada nos contratos de CDB, pois ela é calculada 
utilizando-se o custo de captação dos bancos em operações de empréstimo entre si. Por 
esse motivo ela é importante para a indexação das operações de dívida das instituições 
financeiras, que é o caso do CDB. (NARDINI, 2018).
Porém, a Taxa DI não é o único indexador utilizado nas operações de CDB 
pós-fixado. Apesar de ser a mais comum, em alguns casos podem ser utilizadas a 
TR (Taxa Referencial) ou a Taxa Selic. 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
139
Bastante detalhe, não é mesmo? Sim, como todo tipo de produto de 
investimento financeiro, o CDB tem suas particularidades e é importante conhecer 
cada uma para compreender o seu funcionamento. Ele é um instrumento bastante 
utilizado pelas instituições financeiras para captação de recursos, por isso sua 
importância. Agora, antes de seguirmos com o conteúdo, vamos recapitular 
alguns pontos importantes referentes ao CDB: até aqui compreendemos o que é 
o CDB, bem como os motivos que levam as instituições a emitirem CDBs, de que 
forma os investidores são remunerados e algumas características fundamentais 
de funcionamento deste investimento. 
2.3.2 LCI – Letras de Crédito Imobiliário
Outra maneira de investir em renda fixa no Brasil são as chamadas 
Letras de Crédito Imobiliário. Basicamente, elas são um instrumento de crédito 
criado pelo Banco Central com o objetivo de possibilitar a captação de recursos 
financeiros pelas diversas entidades que participam da cadeia produtiva de 
setores da economia. Além das LCIs, há outro instrumento: as LCAs (Letras de 
Crédito do Agronegócio), que veremos mais adiante. O governo possibilitou, 
através desses dois mecanismos, um investimento no qual pessoas físicas ou 
jurídicas pudessem aplicar seus recursos, fazendo com que, na outra ponta 
destas operações, dois importantes setores da economia adquirissem recursos 
para seu financiamento (NARDINI, 2018). O que acontece nestes investimentos é 
que o recurso dos mesmos é canalizado e voltado para o desenvolvimento destes 
setores na economia (no caso, os setores Imobiliário e do Agronegócio). A LCI foi 
criada em 2004 e pode ser emitida por uma instituição financeira devidamente 
autorizada pelo Banco Central, além das instituições que normalmente podem 
emitir títulos de renda fixa (bancos comerciais, múltiplos e Caixa Econômica), 
também as sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e 
empréstimo, companhias hipotecárias, entre outras, podem fazer emissão 
desse título (NARDINI, 2018). Qual a importância deste investimento para a 
economia? Vamos refletir sobre o que acabamos de ver. As LCIs são um título 
de renda fixa, no qual o objetivo é a captação de recursos para o investimento 
no setor imobiliário. Se pensarmos de uma maneira simplificada, é como se você 
(investidor) estivesse fazendo um empréstimo de dinheiro para a instituição que 
emite o título. Você empresta o dinheiro para a instituição, o que é feito por meio 
de um contrato com as informações da transação, no qual são informados prazo, 
taxa de juros, valor “emprestado” etc. Para você é uma maneira de investir e ter 
um retorno financeiro sobre o capital que você deseja aplicar neste investimento. 
Para as instituições que emitem a LCI, uma maneira de financiar investimentos 
no setor imobiliário. Diferentemente de um CDB, por exemplo, o LCI e a LCA 
têm suas finalidades definidas. 
Uma característica importante da LCI é que a mesma deve ser garantida 
por meio de um lastro. Quando a instituição faz a emissão desses papéis, ela 
deve apresentar uma garantia (alienação fiduciária ou hipoteca) de imóvel. Essa 
é uma característica muito importante, pois o montante dos créditos imobiliários 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
140
deve ser igual ou maior que o montante das emissões. Não havendo esse lastro, 
a instituição não pode fazer emissão desses títulos (NARDINI, 2018). Qual a 
importância de haver esse lastro? Quando as operações estão lastreadas, ou seja, 
possuem uma garantia, o risco do investimento é consideravelmente reduzido, 
fazendo com que a aplicação de montantes financeiros no investimento tenha 
muito mais segurança. Em contrapartida, os retornos também são inferiores. 
Porém, de acordo com os propósitos de investimento de cada investidor, não 
deixa de ser uma opção a ser considerada para investimento.
Outra característica importante deste investimento são os prazos. 
Geralmente variam entre seis meses e três anos, porém, alguns papéis têm prazos 
maiores. A única ressalva é que os prazos de emissão não podem ser superiores 
a nenhum dos seus lastros, isso é previsto em lei, e, desta forma, sempre haverá 
um lastro válido para a operação. Também há prazos mínimos para o vencimento 
do papel: 90 dias, caso o contrato não preveja atualização através de índices de 
preços e no caso de haver tal atualização, 12 meses. Já se for estipulada uma 
atualização mensal por meio de um índice, este prazo é de 36 meses (NARDINI, 
2018). Esse investimento poderá ser liquidado apenas no vencimento ou, então, 
quando prever no contrato, ele poderá ter liquidez diária também. O responsável 
por fazer o pagamento para o investidor é a própria instituição emissora do 
título (ANBIMA). Por se tratar de um instrumento de renda fixa, seguro e que 
não apresenta uma remuneração muito alta, os investidores, normalmente, vão 
utilizar este tipo de investimento como uma maneira de não deixar o dinheiro 
desvalorizar (tendo algum retorno sobre o mesmo) e, em muitos casos, não 
buscando arriscar perder dinheiro. Aliás, os investimentos de renda fixa por 
concepção têm essa característica (implícita). São utilizados como forma de não 
deixar o dinheiro desvalorizar, possibilitando a segurança desses recursos.
NOTA
ANBIMA é a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de 
Capitais. A entidade tem a missão de Fortalecer a representação do setor e apoiar a evolução 
de um mercado de capitais capaz de financiar o desenvolvimento econômico e social local 
e influenciar o mercado global. Para conhecer mais sobre a ANBIMA, acesse: http://www.
anbima.com.br/pt_br/pagina-inicial.htmVoltando às características da LCI, elas podem ter taxas de juros prefixadas 
ou pós-fixadas. No caso de uma LCI prefixada, o investidor já saberá qual será 
a remuneração recebida ao final da aplicação, pois esse valor não será alterado 
até o momento do resgate. Já no caso de a taxa de rendimento ser pós-fixada, os 
juros serão conhecidos apenas no vencimento da aplicação. Para referência de 
remuneração da LCI é utilizada a Taxa DI (NARDINI, 2018). Então, qual será a 
remuneração deste investimento? Bem, isso depende, e é importante salientar 
que as LCIs estão isentas de IR, como será apresentado mais adiante. 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
141
Quando falamos de investimentos, principalmente em renda fixa, quanto 
mais tempo os tomadores desses recursos puderem “ficar” com esse dinheiro, ou 
seja, quanto maior for o prazo da aplicação, maior será o retorno oferecimento pelo 
emissor do título. Além do prazo, outro fator que influencia na remuneração é o 
capital aplicado, ou seja, se você aplicar R$ 5.000,00, a remuneração será 80% do 
CDI. Caso você aplique valores mais altos, o banco pode oferecer remunerações 
maiores, de acordo com as regras internas dos bancos, levando em consideração 
também o tempo da aplicação, como já comentado. No caso das LCIs, além do 
prazo, a possibilidade de resgate antecipado é também um fator que influencia na 
remuneração oferecida pela instituição emissora. Desta forma, letras com prazos 
maiores para seu vencimento e que não possuam resgate antecipado, serão aquelas 
nas quais os emissores vão oferecer uma remuneração superior (NARDINI, 2018).
2.3.3 Letra de Crédito do Agronegócio
Da mesma maneira que as LCIs, as LCAs constituem uma forma de obtenção 
de recursos para oferecer dinheiro para as empresas realizarem investimentos no 
setor produtivo, neste caso, no agronegócio. Como grande parte do investimento 
nesses setores é realizado por meio de capital obtido junto aos bancos, a LCA também 
é uma maneira de o banco captar esse dinheiro para oferecer posteriormente à 
investidores do Agronegócio (NARDINI, 2018). Você deve estar se perguntando 
agora, caro acadêmico, se esses setores vivem apenas dos recursos disponibilizados 
pelas instituições privadas. É claro que não! A LCA, criada em 2004, possibilita 
que instituições públicas e privadas captem recursos para disponibilizá-los ao 
financiamento das atividades do agronegócio (NARDINI, 2018). Desta forma, ela 
se caracteriza como uma importante forma de investimento, visto que, além de 
possibilitar retornos para quem está “emprestando” dinheiro para a instituição, 
esse dinheiro gera possibilidades de investimento em uma das áreas produtivas 
que tem grande impacto no Brasil, o agronegócio. 
Semelhante à LCI, a LCA também precisa que seu valor seja lastreado, 
ou seja, garantido por um ou mais créditos (neste caso referente ao agronegócio) 
que sejam de propriedade da instituição que está emitindo o papel. No caso do 
agronegócio, os lastros estão associados ao crédito rural de diversas maneiras, 
por exemplo: direcionados à industrialização ou beneficiamento de produtos e 
insumos agropecuários e sua comercialização, e ainda podem estar relacionados 
a máquinas e implementos ligados à produção agropecuária. Este lastro não 
pode representar um valor inferior ao valor do título emitido, devendo assim 
garantir seu valor em totalidade, e os prazos dessas garantias devem ser iguais, 
ou maiores, aos prazos dos títulos em questão (NARDINI, 2018).
Como podemos observar, as LCAs e as LCIs são muito semelhantes, 
o que difere é o destino dos recursos captados. Agora que já adentramos um 
pouco no estudo da importância das LCAs, podemos entender das suas outras 
características, como prazo e taxas aplicados no mercado e de que maneira isso 
influencia na sua atratividade e utilização no mercado.
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
142
Os prazos mínimos praticados para os investimentos em LCA são de 90 
dias, quando não se tem a atualização do título por meio de índices de preços. 
Quando houver atualização anual do papel por meio de um índice de preços, esse 
prazo mínimo é de 12 meses para a aplicação. A LCA pode, da mesma forma que a 
LCI, ter em seu contrato a possibilidade do resgate diário da aplicação (respeitando 
aqui seus prazos mínimos), ou então pode ser resgatada na data do seu vencimento. 
Já as taxas pelas quais os investimentos vão ser remunerados podem ser pré ou 
pós-fixadas, ou seja, não há um padrão para essas emissões, podendo atender a 
diferentes necessidades e objetivos do investidor (NARDINI, 2018). 
O rendimento desse tipo de investimento, como de qualquer outro 
investimento de renda fixa, está atrelado a duas premissas básicas: tempo 
de aplicação (prazo de resgate) e possibilidade de resgate antecipado ou não. 
Sempre que houver a possibilidade de o investidor solicitar o dinheiro antes do 
prazo contratado, a remuneração oferecida será menor. Da mesma forma, quanto 
maior for o prazo do investimento, maior será a remuneração oferecida pelos 
emissores do papel. Outra variável importante é a não incidência de IR para essas 
aplicações, como será abordado posteriormente. E, da mesma forma que as LCIs, 
outro fator que influencia na remuneração é o capital aplicado, ou seja, se você 
aplicar R$ 5.000,00 a remuneração será, por exemplo, 80% do CDI; já se você 
aplicar valores mais altos, o banco poderá oferecer remunerações maiores, de 
acordo com as regras internas dos bancos e levando em consideração o tempo da 
aplicação, como já comentado. 
Antes de prosseguirmos, é importante abrirmos um parêntese e 
ressaltarmos as principais diferenças entre as LCIs e LCAs. Vimos até aqui que 
são dois investimentos muito similares (prazos, tipo de remuneração, liquidez 
etc.), e, sim, eles são realmente muito similares, mas têm suas distinções e 
é importante frisá-las. Além da destinação, que é para duas áreas distintas 
(imobiliário e agronegócio), podemos ressaltar como sua principal diferença o 
lastro utilizado para cada operação. Sua outra distinção importante refere-se às 
instituições que estão autorizadas a emitir os dois tipos de papel. As LCIs têm um 
menor número de instituições autorizadas, muito pelas próprias peculiaridades 
dos financiamentos para o qual esses recursos são destinados, já as LCAs podem 
ser emitidas por qualquer instituição financeira (NARDINI, 2018).
2.3.4 Debêntures
Como já vimos até aqui, os produtos de investimento financeiro têm 
alguns objetivos primordiais, como a captação de recursos para disponibilizar 
financiamento. Se observarmos a partir da ótica da instituição que emite o título, 
essa captação de recursos passa a ser a fonte de novos investimentos que serão 
realizados pela mesma. Os bancos, por exemplo, emitem esses títulos para 
poder emprestar dinheiro (financiar) para outras empresas e assim obter lucros 
financeiros por meio dessa intermediação (Spread). 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
143
As empresas, por sua parte, vão buscar os bancos para injetar capital e 
desenvolver suas atividades. Elas captam recursos financeiros com instituições 
credoras com diversas finalidades, desde obter capital de giro, financiar projetos, 
compra de máquinas etc. As empresas buscam esse financiamento por meio 
de instituições financeiras e também diretamente com investidores. Até agora 
tínhamos observado produtos cujas emissões eram feitas por instituições 
financeiras, com objetivo de obter recursos para disponibilizar financiamento 
para empresas, por exemplo. Porém, o mercado de capitais proporciona mais 
do que apenas esse tipo de transação (no qual há necessidade de intermediação). 
Apesar de ser de suma importância esse papel das instituições financeiras 
e ser tradicionalmente utilizado para obtenção de financiamento, ao observarmos 
empresas com um portemaior, estas podem buscar os recursos diretamente no 
mercado de capitais, sem necessitar, obrigatoriamente, dos recursos provenientes 
das instituições financeiras. Esses movimentos das empresas no mercado de 
capitais interagem diretamente com os investidores. Esses investidores são tanto 
investidores individuais como de fundos de pensão, fundos de investimento, 
seguradoras, dentre outros, residentes ou não no Brasil (NARDINI, 2018). Mas o 
que isso representa para as empresas? Quando estamos observando o mercado, 
e os produtos de investimento, temos que avaliar algumas coisas importantes, 
por exemplo: os objetivos das empresas com a captação desses recursos, o tempo 
no qual a empresa irá ter retornos desses investimentos ou quando vai precisar 
utilizar os recursos investidos. Veja bem, são sempre dois pontos de vista: um 
é o de investidor, ou seja, aquele que está “emprestando” dinheiro, e o outro é 
daquele que precisa do dinheiro. Em diversos momentos as empresas serão as duas 
partes, em produtos de investimento diferentes. Mas, como assim? É simples: ora 
as empresas irão emprestar dinheiro (seja para os bancos, seja diretamente para 
empresas, ou seja, vão ser financiadores de investimentos para terceiros), ora irão 
captar recursos (seja dos bancos ou de outras empresas) para financiar os seus 
próprios projetos e necessidades. O que temos que visualizar aqui é que esses 
dois lados, ou duas pontas, como podemos observar, sempre vão existir. Em se 
tratando de investimentos, alguém (empresa, pessoa etc.) precisará do dinheiro e 
alguém poderá emprestar esse dinheiro. O ponto que vamos abordar agora é que, 
nem sempre, para conseguir o dinheiro “emprestado”, as empresas precisam dos 
bancos. Elas podem captar dinheiro diretamente, via mercado de capitais. 
Neste momento, veremos uma das formas de as empresas realizarem este 
processo, as chamadas debêntures. As debêntures são a representação de uma 
dívida que a empresa emite. Elas são títulos de crédito que representam a dívida 
da empresa. É um instrumento corporativo para captação de dinheiro diretamente 
com investidores, via mercado de capitais, sem a necessidade de recorrer a terceiros 
(bancos, por exemplo) para obtenção de financiamento para seus projetos e 
atividades. Quem compra as debêntures são pessoas interessadas (investidores) 
em emprestar recursos para a empresa em questão, sendo que em troca, como nos 
demais investimentos, receberá uma remuneração pela “aplicação” deste capital 
ou pela compra deste título (debênture) da empresa em questão (NARDINI, 2018).
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
144
Como nos demais tipos de investimento, existe uma remuneração (juros), 
em cima do capital emprestado e, ao final de um prazo especificado em contrato, 
o investidor receberá o montante investido acrescido dos juros acordados via 
contrato. As debêntures também são títulos de renda fixa, onde o objetivo do 
investidor é obter remuneração, que neste caso é paga diretamente pela empresa 
que as emitiu por ter “emprestado” seu capital por um determinado prazo e taxa 
de juros acordados em contrato, para que a empresa pudesse captar o montante 
necessário para suas necessidades (NARDINI, 2018). “O principal documento 
legal em uma emissão de debêntures é a escritura de emissão, de onde constam 
todas as informações relativas ao título de dívida” (NARDINI, 2018, p. 28)
DICAS
Para visualizar uma Escritura de Emissão de Debêntures, você pode acessar 
o modelo da ANBIMA, disponível em: < http://www.anbima.com.br/data/files/E0/A1/B2/
F3/532085106351AF7569A80AC2/ModelodeEscrituradeEmissaoDebentures-GTPadroniza-
caoANBIMA29-10-15_1_.pdf>.
Os dados que estão presentes neste documento são, basicamente:
• Identificação da companhia emissora da debênture.
• Data de vencimento.
• Valor nominal unitário de cada debênture.
• Taxa de juros.
• Periodicidade de pagamento dos juros.
• Datas e condições de pagamento do valor principal.
• Uso pretendido dos recursos.
• Obrigações da companhia emissora, além de outras informações.
Este documento é, de fato, um contrato assinado entre quem está emprestando 
o dinheiro e a empresa que está pegando o dinheiro emprestado, ou seja, investidor 
e devedor. No caso deste documento, assinam a empresa emissora das debêntures 
e um agente fiduciário que representa todos os interessados (investidores que 
emprestam dinheiro para a empresa), que na maioria dos casos é uma instituição 
financeira (corretora ou distribuidora de valores mobiliários) contratada para ser a 
responsável por essa e outras atividades, e em nome dos debenturistas, pelo que se 
faz necessário referente a esse investimento (NARDINI, 2018).
Diferentemente das LCIs e LCAs que vimos até agora (que têm garantias 
obrigatórias), a oferta ou não de garantias é determinada pela companhia emissora 
e seus assessores financeiros na estruturação do título (debênture) (NARDINI, 
2018). As debêntures são classificadas de acordo com as garantias que possuem, 
desta forma, temos mais de um tipo de debênture negociada e emitida pelas 
empresas. Por exemplo: 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
145
• Debêntures com garantia real: oferecem aos investidores como garantia ativos 
específicos (podendo ser um ou mais ativos) e esses ativos ficam vinculados 
ao título (debênture) até que sejam cumpridas todas as obrigações legais pela 
companhia emissora (vencimento). 
• Debêntures com garantias flutuantes: neste caso, a garantia são todos os ativos 
da companhia emissora, porém não há vinculação de ativos específicos para 
garantir a debênture em questão. Apesar de representar uma garantia sobre o 
título emitido, é uma garantia mais “fraca” que a garantia real, justamente por 
não vincular ativos específicos à garantia da debênture.
• Debêntures quirografárias: essas debêntures não oferecem nenhum tipo de 
garantia e não conferem aos debenturistas nenhum privilégio em relação aos 
ativos da empresa que emite a debênture. 
• Debêntures subordinadas: são debêntures também sem garantia (como as 
quirografárias), e que em caso de falência estarão atrás de todas as outras 
debêntures na ordem de recebimento do valor devido.
Todos esses tipos de debêntures são debêntures simples (o tipo mais 
comum), que são puramente títulos de renda fixa. A diferença dos tipos de 
debêntures acima citados está apenas na ordem de recebimento do valor em caso 
de falência da empresa. 
Vamos olhar o processo completo e ficará mais fácil de entender o porquê 
das garantias. As debêntures representam títulos de dívida emitidos pelas empresas 
com a finalidade de captar recursos financeiros no mercado de capitais. Os 
contratos são firmados conforme a escritura de emissão de debêntures e lá estão as 
informações do valor do título, taxas, prazos etc., que são as informações de como a 
empresa que captou recursos irá devolvê-los aos investidores. Apesar de haver esse 
contrato, toda empresa está sujeita a imprevistos e pode falir um dia. As garantias 
associadas às debêntures servem para que, em caso de falência, o investidor tenha 
certeza de que irá receber o valor investido na debênture. Neste caso:
• O contrato que prevê garantias reais será o primeiro a ser liquidado em caso 
de falências, pois há ativos específicos da empresa que emitiu as debêntures 
relacionados ao título, logo, em caso de falência, quando esses ativos forem 
vendidos, o dinheiro deverá ser direcionado aos investidores que têm 
debêntures com garantias reais.
• O segundo contrato a ser liquidado serão as debêntures com garantias flutuantes. 
Como ela não tem ativos específicos relacionados aos contratos, dependerá da 
liquidação de todos os contratos com garantias reais e caso ainda restarem ativos 
e dinheiro para liquidação desses contratos, serão então realizados.
• Logo após vêm as debêntures quirografárias, que não têm garantias,porém, em 
caso de falência, serão quitadas logo após as debêntures com garantias flutuantes. 
• Por último, em caso de falência, serão liquidadas as debêntures subordinadas 
que só têm preferência sobre os acionistas da empresa.
Como já mencionado, a maioria das debêntures é puramente de renda 
fixa. Mas há também as chamadas debêntures conversíveis e as permutáveis, que 
têm um elemento de renda variável associado aos seus contratos.
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
146
As debêntures conversíveis têm em seus contratos estipulada a troca delas 
por ações da empresa emissora, com preço preestabelecido, durante um período 
ou em datas determinadas. Neste caso, além das diversas informações presentes 
nos contratos de debêntures, há também uma razão, ou preço de conversão, 
que representa o número de ações da empresa emissora da debênture pelo qual 
aquele papel poderá ser “trocado” (NARDINI, 2018). 
Por exemplo, a escritura de emissão pode especificar que uma debênture 
com denominação unitária de R$ 1.000,00 pode ser conversível em 33 
ações da companhia. Dividindo-se o valor nominal da debênture pelo 
número de ações correspondentes, encontramos o preço de conversão, 
que nesse exemplo é de R$ 30,30 (NARDINI, 2018, p. 30).
Assim, o investidor poderá escolher entre continuar com a debênture 
e receber o que foi acordado no contrato (juros e prazos), ou então realizar a 
conversão das debêntures e passar a ser acionista da empresa. 
Já as debêntures permutáveis emitidas por uma empresa podem ser 
trocadas por ações de emissão de outra empresa e são bastante semelhantes 
às debêntures conversíveis. Os dois tipos de debêntures, como já mencionado, 
possuem um elemento de renda variável. Resumidamente, se o preço da ação 
no mercado estiver acima do negociado no contrato da debênture, o investidor 
poderá escolher por trocar as debêntures por ações. Desta forma, pode-se 
mencionar que esses tipos de debêntures são constituídos por características de 
renda fixa e também variável, sendo assim “híbridos” (NARDINI, 2018). 
Até aqui pudemos entender as características das debêntures e o porquê 
de as empresas emitirem esse tipo de papel no mercado. O que nos falta 
ainda é entender de que forma esses papéis chegam às mãos dos investidores. 
Basicamente, entender como é que os investidores passam a ficar sabendo que 
existem debêntures à venda no mercado. Como vimos, lembre-se, as debêntures 
representam títulos de dívida da empresa. Logo, como os investidores sabem que 
as empresas estão “vendendo dívida” para captar recursos? 
Existem duas maneiras de se lançar debêntures no mercado. Uma delas 
é por meio de uma oferta pública de debêntures e outra uma oferta privada das 
mesmas. Ou seja, com intermédio de uma instituição financeira, normalmente, 
as empresas fazem a emissão e venda desses títulos, por meio de dois tipos de 
ofertas (NARDINI, 2018). 
• As ofertas públicas requerem uma série de requisitos, conforme instrução 
CVM 400/03, que normatiza esse tipo de operação. Neste caso, é realizada a 
produção e distribuição de um “prospecto de distribuição”, onde estão todas 
as características dessas debêntures ofertadas. Neste prospecto constam 
informações como: companhia emissora, finalidade dos recursos, custo da 
emissão, riscos etc. Este documento é um informativo sobre o título em questão 
que será distribuído aos potenciais investidores. Porém, uma oferta pública 
tem mais de uma maneira de ser realizada. Há também a possibilidade de 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
147
a empresa realizar uma oferta pública com esforços restritos. Neste caso, as 
regras são mais flexíveis, o que faz com que os custos envolvidos na emissão se 
tornem mais baratos para a empresa. A distribuição é restrita para um grupo 
de 75 investidores, já a colocação dos papéis, ou seja, quem irá investir, não 
pode ser um grupo maior do que 50 investidores. Por isso, “esforços restritos”. 
A emissão é mais barata e a abrangência é menor, como podemos observar. 
Além dessa restrição da quantidade de investidores, esses papéis só podem 
ser destinados a investidores profissionais e esse tipo de emissão é regido pela 
norma da CVM 476/09 (NARDINI, 2018).
• A outra maneira de ofertar as debêntures é a oferta privada dos papéis. A 
empresa emissora seleciona os investidores para os quais será feita a oferta 
desses títulos e não há oferta dos mesmos para o público. Os custos são menores 
ainda do que os das ofertas públicas de esforços restritos, não há necessidade 
de registro da emissão junto à CVM. Porém, a quantidade de recursos captados 
também tende a ser inferior. 
NOTA
A Comissão de Valores Mobiliários – CVM, órgão regulador do mercado de 
capitais, tem uma série de regulamentações conhecidas como as Instruções CMV. Cada 
uma delas possui um número, semelhante a uma lei, e traz um conteúdo regulamentando 
o mercado de capitais. Por exemplo: a CVM 400/03 “Dispõe sobre as ofertas públicas 
de distribuição de valores mobiliários, nos mercados primário ou secundário, e revoga a 
Instrução 13/80 e a Instrução 88/88”. Já a CVM 476/09 “Dispõe sobre as ofertas públicas 
de valores mobiliários distribuídas com esforços restritos e a negociação desses valores 
mobiliários nos mercados regulamentados”.
Você conhecerá mais a respeito da CVM ao pesquisar outras instruções. Acesse: http://
www.cvm.gov.br/legislacao/index.html
Observe, caro acadêmico, que mesmo a empresa não precisando captar o 
recurso de um terceiro (como um banco, por exemplo), ela precisará da instituição 
financeira para fazer a emissão e controle desses títulos. Para os investidores, a 
instituição financeira atua também como agente fiduciário no caso da assinatura 
dos contratos etc.
Como nos diversos produtos de renda fixa, uma taxa é especificada no 
contrato e, como já vimos também nos demais instrumentos de renda fixa, ela pode 
ser pré ou pós-fixada. Essa taxa irá dizer aos investidores qual será o rendimento 
do seu investimento. No caso das debêntures, um número pequeno de papéis 
terá uma taxa prefixada e a grande maioria é negociada com uma taxa pós-fixada, 
normalmente com vinculação à Taxa DI. Neste caso, há duas maneiras de se 
negociar a taxa de remuneração das debêntures. Em uma delas, a taxa é pós-fixada, 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
148
sendo pago um percentual da taxa DI, por exemplo, o contrato prevê que será pago 
110% da Taxa DI. Outra maneira é utilizando-se de um Spread acima da Taxa DI, 
ou seja, se o investimento paga a Taxa DI + 3% a.a. (por exemplo) (NARDINI, 2018). 
Há ainda outra maneira de remuneração que vem sendo utilizada que 
remunera as debêntures, atrelando a elas um índice de variação de preços como 
IGP-M ou IPCA, por exemplo. Remunera os investidores através da variação de 
preço e de um percentual fixo, semelhante ao que vemos quando a remuneração 
é a da Taxa DI + Spread. No caso da variação atrelada a um índice, ocorre que o 
montante inicial é reajustado conforme o índice, e o investidor recebe o valor 
corrigido e a taxa de juros acrescida de acordo com o contrato (NARDINI, 2018).
Vimos, então, as principais características deste tipo de investimento e 
o que você, acadêmico, deve ser perguntar é: o que faz o investidor comprar 
debêntures? Por que investir na dívida de uma empresa? E qual o risco desse 
investimento? É verdade que, em todo investimento, o investidor busca ter 
o maior retorno possível. Quem não quer ter o maior retorno possível com 
um investimento, não é mesmo? É claro que quanto maior for o risco, há uma 
tendência de maior ser o retorno também. No caso das debêntures, como o risco 
está associado à possibilidade de a empresa cumprir ou não com suas obrigações 
financeiras, o investidor busca informações sobre o risco nos Ratings, ou seja, na 
avaliação dos Ratings relacionados às empresas. Então,de acordo com a avaliação 
da empresa através desses Ratings, o investidor terá uma noção de qual risco 
estará assumindo. Quanto melhor for o Rating associado à empresa, menor será 
o risco que o investidor estará assumindo. Logicamente, quanto maior for o risco 
percebido e que o investidor irá assumir, ele irá procurar uma remuneração 
melhor para esse investimento. 
As debêntures ainda têm uma peculiaridade frente a outros investimentos 
financeiros e, além dos modelos vistos até aqui, ainda há uma outra modalidade, 
chamada: debêntures incentivadas. As debêntures incentivadas são uma iniciativa 
do Governo Federal, instituída em 2011, que tem por objetivo o fomento de 
setores primordiais para o desenvolvimento do país. São debêntures emitidas 
com um propósito específico: captar recursos para infraestrutura, ou seja, executar 
projetos de investimento em infraestrutura ou também de produção econômica 
intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação em áreas de suma importância 
para o Governo Federal. Essas debêntures são emitidas por concessionárias, 
permissionárias, autorizatárias ou arrendatárias, ou ainda, sociedades de propósito 
específico (NARDINI, 2018). Mas, por que o governo incentiva empresas a emitir 
debêntures? O que o governo ganha com isso? E, principalmente, o que as empresas 
e os investidores ganham com isso? Vamos por partes, começamos com o Governo. 
As debêntures incentivadas são para áreas específicas e visam o desenvolvimento 
em setores relacionados à infraestrutura do país. Os setores nos quais o governo atua 
incentivando as debêntures são vitais para a economia e, caso não haja empresas 
investindo, muito provavelmente o governo terá que investir, ou então serão áreas 
nas quais faltarão investimentos. Portanto, o governo, a partir do incentivo para 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
149
debêntures, ganha “parceiros” para o desenvolvimento dessas áreas. Do outro 
lado temos as empresas, que ao utilizarem desse mecanismo, possuem agora 
“incentivos” para a realização de seus projetos.
Os setores nos quais há esse incentivo são definidos pela Lei nº 8.874/16, na 
qual estão relacionados os setores prioritários para essas emissões de debêntures, 
que são: logística e transportes, mobilidade urbana, energia, telecomunicações, 
radiodifusão, saneamento básico e irrigação (NARDINI, 2018).
Vimos que para o governo é uma maneira de realizar mais projetos em 
mais áreas, incentivando empresas a realizar esses projetos por meio de captação 
de recursos via debêntures incentivadas. O que não respondemos ainda é qual 
benefício para o investidor neste papel. Pois bem, o diferencial primordial nessa 
operação é um benefício tributário sobre os rendimentos que são pagos aos 
investidores (NARDINI, 2018). 
Para que seja possível esse investimento, vamos atentar a algumas 
características diferentes das que vimos até agora, por exemplo: remuneração por 
meio de taxa prefixada ou ter vínculo com uma variação de preços ou à TR, sendo 
vetada a remuneração por qualquer taxa pós-fixada; pagamentos periódicos de 
juros devem ocorrer em intervalos mínimos de 180 dias; prazo médio ponderado 
(tempo médio para recebimento do principal e dos juros) deve ser superior a 
quatro anos; títulos não podem ser recomprados pelo emissor durante os 
primeiros 24 meses de investimento; restrições para sua liquidação antecipada; 
e também uma exigência quanto à prestação de contas do destino dos recursos 
captados, bem como os gastos efetivamente relacionados aos projetos para os 
quais foram captados. Essas exigências permeiam a emissão das debêntures 
incentivadas, e para que possam ser emitidas deve ainda, além do cumprimento 
das exigências, haver aprovação do ministério responsável pelo setor primário 
ao qual o projeto se enquadra, só então podem ser efetivamente emitidas e 
adquiridas por investidores (NARDINI, 2018).
2.3.5 Títulos Públicos Federais
Até então estudamos diversos produtos de investimento que são 
considerados privados, ou seja, todos eles são emitidos por instituições privadas, 
com o objetivo de captar recursos para atender às suas necessidades. Os Títulos 
Públicos Federais, ou só títulos públicos, têm a mesma finalidade (captar recursos), 
porém são emitidos pelo governo e, desta forma, o destino dos recursos é atender 
às necessidades de recursos do governo. 
Mas o governo já não cobra diversos impostos, taxas e outras coisas para 
captar recursos? Sim, o governo tem diversas formas de obter recursos financeiros, 
e os títulos públicos são utilizados basicamente quando os impostos, taxas e 
contribuições, que são pagos tanto por pessoas jurídicas como físicas, não são 
suficientes para cobrir com as suas despesas. Neste caso, quando essas arrecadações 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
150
não atingem a necessidade do governo, ele emite títulos públicos para cobrir essa 
necessidade de recursos. Quais títulos são esses? Quais suas características? Onde são 
negociados? Bem, essas são perguntas que responderemos a partir de agora, a fim de 
compreender esse importante mecanismo do governo para obtenção de recursos e 
também importante produto de investimento financeiro que temos no Brasil. 
Como vimos até aqui, temos títulos pré e pós-fixados, e no caso dos 
títulos públicos não é diferente. São cinco os títulos negociados hoje pelo Tesouro 
Nacional (BRASIL, 2018), dois deles prefixados e três pós-fixados:
• Tesouro prefixado (LTN).
• Tesouro prefixado com juros semestrais (NTN-F).
• Tesouro Selic (LFT).
• Tesouro IPCA+ com juros semestrais (NTN-B).
• Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal).
A tabela a seguir apresenta as principais características de cada título, 
quanto ao seu rendimento e sua remuneração.
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS
FONTE: Brasil (2018, s.p).
Título Rendimento Remuneração do título
Prefixados
Tesouro Prefixado 20XX 
(LTN)
Taxa Contratada Somente no vencimento
Tesouro Prefixado com Juros 
Semestrais 20XX (NTN-F)
Taxa Contratada Semestral e no vencimento
Pós-fixados indexados à Inflação
Tesouro IPCA+ 20XX (NTN-B 
Principal)
IPCA + Taxa Contratada Somente no vencimento
Tesouro IPCA+ com Juros 
Semestrais 20XX (NTN-B)
IPCA + Taxa Contratada Semestral e no vencimento
Pós-fixados à Taxa Selic
Tesouro Selic 20XX (LFT) Selic + Taxa Contratada Somente no vencimento
Dos investimentos que vimos até agora, certamente os títulos públicos 
são os mais simples. É importante salientar que os títulos públicos podem ser 
liquidados antecipadamente, mas sua remuneração será inferior à contratada.
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
151
• LTN – Tesouro Prefixado - este título oferece ao investidor um retorno 
nominal predefinido, que será sempre de R$ 1.000,00, no seu vencimento 
(NARDINI, 2018). Como assim, sempre de R$ 1.000,00? A LTN possui um fluxo 
de pagamentos simples, ou seja, é feita uma aplicação e ao final do prazo o 
investidor recebe R$ 1.000,00. O que acontece é que é feito um cálculo, trazendo 
a valor presente o montante de R$ 1.000,00, para se calcular quanto, descontada 
a remuneração, “custa” esse título de R$ 1.000,00 na data de hoje, e este é o 
valor da LTN que, ao final do prazo, será resgatada por R$ 1.000,00 (NARDINI, 
2018). A figura a seguir apresenta o fluxo de pagamento deste título:
FIGURA 1 – FLUXO DE PAGAMENTOS LTN
FONTE: Brasil (2018, s.p).
Para facilitar, vamos a um exemplo: uma LTN foi comprada em 02/01/2019, 
o rendimento oferecido é de 9,32%a.a., com vencimento em 01/01/2022. Sabemos 
que o valor recebido no vencimento será de R$ 1.000,00, portanto o que precisamos 
calcular aqui é quanto será investido na compra deste título. A fórmula para 
chegar a esse valor é a seguinte: 
Valor de VendaPreço =
(1 + Taxa) 252
du
Na qual: 
• preço - é o preço do título na datade compra, que é o que queremos descobrir;
• valor de venda é R$ 1.000,00;
• taxa - é o rendimento oferecido pelo título;
• du - são os dias úteis entre a data de compra e o vencimento.
No nosso exemplo, são decorridos 755 dias úteis entre a compra e o 
vencimento, portanto a fórmula fica assim:
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
152
R$ 1.000,00Preço =
(1 + 0,0932) 252
755
O resultado é: R$ 765,69, ou seja, no dia 02/01/2019 o investidor compraria 
a LTN por R$ 765,69 para receber no vencimento (01/01/2022) os R$ 1.000,00. 
DICAS
A utilização de 252 dias úteis em um ano é uma convenção utilizada desde a 
década de 80 quando o Banco Central definiu que, para fins de aplicações financeiras, seriam 
utilizados 252 dias úteis em um ano.
Mas o que vai definir efetivamente quanto o investidor vai receber pelo 
título? Bem, como já vimos, nos títulos de renda fixa, quanto maior o prazo 
investido, maior tende a ser a remuneração oferecida pelos emissores. No caso da 
LTN não é diferente: quanto maior for o prazo, maior tende a ser a taxa oferecida 
pelo Tesouro Nacional para remuneração. Neste caso, como o valor a ser recebido 
sempre será de R$ 1.000,00 quanto maior o prazo, menos o investidor terá que 
dispender na compra para investir na LTN. 
• NTN-F - Tesouro Prefixado com Juros Semestrais - semelhante à LTN, esse 
título também tem um valor final de resgate de R$ 1.000,00. Ou seja, é pago 
um valor hoje para que no seu vencimento o investidor receba R$ 1.000,00 por 
NTN-F negociada. A diferença é que, na NTN-F, há um pagamento de juros 
semestral equivalente a 10% a.a., ou 4,8808% ao semestre (taxa equivalente). 
Essa taxa de juros referente ao pagamento dos cupons (pagamentos dos juros 
semestrais) é padrão para todas as aplicações em LTN-F e é calculado sobre o 
valor nominal da aplicação, ou seja, sobre os R$ 1.000,00 (NARDINI, 2018). Qual 
minha vantagem, então? Bem, neste caso há um pagamento semestral de juros, 
ou seja, a cada seis meses o investidor receberá juros pelo capital investido em 
NTN-F e ao final haverá o resgate do principal. Logo, a rentabilidade deste 
título é paga de forma fracionada, diferente da LTN, na qual o investidor só 
recebe sua remuneração no vencimento do título. O fluxo de pagamento é 
diferente do que vimos na LTN, como pode ser observado na figura a seguir:
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
153
FIGURA 2 – FLUXO DE PAGAMENTOS NTN-F
FONTE: Brasil (2018, s.p).
Investidor realiza a compra e
transfere os recursos
Investidor recebe o retorno de
seu investimento
Valor de Face ou Nominal
(Valor investido +
Rentabilidade)
Último
Cupom
Data de
Vencimento
Cupom
n
Taxa anual de cupom: 10%
Taxa de Juros efetiva no período
Semestre 1 Semestre 2 Semestre 3
Cupom 1 Cupom 2 Cupom 3
Data da
Compra
Valor
Investido
Preço
Unitário
A figura representa o valor investido, o pagamento dos cupons ao longo do 
período de investimento e, ao final do período de investimento, o recebimento do 
valor de face do título (R$ 1.000,00). Por exemplo: se o investidor compra uma NTN-F 
a R$ 960,67 em janeiro de 2019 e o vencimento da mesma será em janeiro de 2024, ele 
receberá cupons de juros duas vezes ao ano (janeiro e julho) e no vencimento receberá 
R$ 1.000,00, que é o valor nominal do título no qual ele investiu. 
• LFT – Tesouro Selic - como o próprio nome sugere, este título público tem sua 
rentabilidade atrelada à Taxa Selic acumulada no período de investimento, 
acrescido ou não de uma taxa de ágio (ou deságio), que pode ser acordada 
no momento da compra. Como este já não é mais um título prefixado, sua 
remuneração exata só será conhecida no momento do vencimento do título. Seu 
fluxo de pagamento é semelhante ao da LTN, como podemos observar a seguir:
FIGURA 3 – FLUXO DE PAGAMENTOS LFT
FONTE: Brasil (2018, s.p).
Valor de
Resgate
Investidor recebe o retorno
de seu investimento
Investidor realiza a compra e
transfere os recursos
Taxa de Juros efetiva no período (Selic)
Principal
Juros
Data de
Vencimento
Data da
Compra
Principal
Preço
Unitário
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
154
Dada sua simplicidade, esse título tem algumas características importantes 
a serem mencionadas, por exemplo, sua baixa volatilidade do valor de mercado, 
sendo indicado para investidores que se consideram conservadores e também 
para aqueles que não têm certeza de quando precisarão resgatar o título, visto 
que o Tesouro Nacional recompra, pelo seu valor de mercado, o título mesmo 
antes do vencimento. (BRASIL, 2018, s.p).
Vamos a um exemplo: suponha que um título LFT tenha sido comprado em 
15/01/2010 pelo valor de R$ 4.112,41 e vendido em 07/03/2013. O valor atualizado 
será calculado em função da variação da Taxa Selic, que pode ser encontrada no site 
do Banco Central. No nosso exemplo, essa variação foi de 34,10% no período, o que 
resultou em um valor de resgate do título, no vencimento, de R$ 5.514,74. Portanto, 
o investidor recebeu por esse investimento R$ 1.401,33 (BRASIL, 2018, s.p).
Os títulos podem ser negociados com ágio ou deságio no momento da compra, 
isso significa dizer que a rentabilidade oferecida é superior ou inferior à Taxa Selic. 
Por exemplo, se o título está sendo negociado com ágio, a rentabilidade oferecida 
é inferior à Selic. Logo, quando o título é negociado com deságio, a rentabilidade 
oferecida é superior. Isso reflete no valor pago pelo título: com deságio, está sendo 
pago um valor menor que o valor nominal; e com ágio, um valor maior que o nominal, 
refletindo a diferença entre a rentabilidade e a Taxa Selic.
• NTN-B – Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais - este título, também pós-
fixado, oferece uma taxa de juros previamente definida, e somada a essa taxa 
a variação do IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, ou 
seja, é um título que está atrelado à inflação. A taxa de juros predefinida para 
o pagamento dos cupons é de 6% a.a., ou 2,96% ao semestre (taxa equivalente). 
O fluxo de pagamentos é semelhante à NTN-F, conforme figura seguinte:
FIGURA 4 – FLUXO DE PAGAMENTOS NTN-B
FONTE: Brasil (2018, s.p)
Investidor realiza a compra e
transfere os recursos
Investidor recebe o retorno de
seu investimento
(Valor Investido +
Rentabilidade)
Valor de Face ou Nominal
Último
Cupom
Data de
VencimentoTaxa de Juros efetiva no período
Taxa anual de cupom: 6%
Cupom
nCupom 1 Cupom 2 Cupom 3
Semestre 1 Semestre 2 Semestre 3
Data da
Compra
Valor
Investido
Preço
Unitário
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
155
Neste caso, há o pagamento dos cupons ao longo do período e, ao final, 
o resgate do principal, atualizado pelo IPCA. O título é interessante para quem 
quer manter o poder de compra do dinheiro ao longo dos anos e a rentabilidade 
real do investimento será dada pela taxa negociada na compra do título. Seu valor 
de mercado varia conforme oferta e demanda, o que significa que a remuneração 
oferecida no momento da compra irá variar. E o que isso significa? Suponha que 
uma NTN-B seja negociada com uma taxa de rendimento 5,50% a.a. O investidor 
pagará um preço superior ao valor nominal, o que fará com que sua rentabilidade 
final seja de 5,50%, recebendo os cupons de aproximadamente 2,96% ao semestre. 
Ocorrerá, então, que o investidor terá uma rentabilidade (conforme negociada) 
de 5,50% acima da inflação (caso fique com o título até o vencimento).
• Tesouro IPCA + (NTN-B Principal) - Outra forma de manter o poder aquisitivo 
do dinheiro é investir em NTN-B Principal. Esse título é quase idêntico ao 
NTN-B, com a diferença de que não há pagamento de juros semestralmente, 
sendo o valor do investimento a ser resgatado no seu vencimento negociado no 
momento da compra pelo investidor. O fluxo de pagamento é simples, pois há 
apenasa compra e o pagamento do título no vencimento, observe:
FIGURA 5 – FLUXO DE PAGAMENTOS NTN-B PRINCIPAL
FONTE: Brasil (2018, s.p)
Taxa de juros pactuada no momento da
compra mais a variação do IPCA no período
Data da
Compra
Valor de Face
Data de
Vencimento
Preço
Unitário
Valor
Investido
Investidor recebe o retorno
de seu investimento
Investidor realiza a compra e 
transfere os recursos
O valor final resgatado pelo investidor será a taxa negociada acrescida da 
inflação (IPCA) do período transcorrido entre a compra e o resgate do título. Neste 
caso, apesar de o investidor não saber qual será o valor final do seu investimento 
(em dinheiro), ele saberá que vai ser o percentual pactuado acima da inflação do 
período, o que faz com que ele receba uma remuneração e mantenha o poder 
aquisitivo do dinheiro investido.
Essas foram as explicações referentes aos títulos públicos federais 
oferecidos pelo governo para os investidores.
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
156
DICAS
O Tesouro Direto disponibiliza informações completas sobre rentabilidade dos 
seus investimentos em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-calculadora>.
Neste mesmo link também é possível simular cálculos do rendimento das aplicações.
IMPORTANT
E
Visto as características dos principais títulos de renda fixa (privados e públicos), 
podemos nos perguntar: qual a vantagem de um investidor procurar os títulos públicos e não 
os títulos privados? Uma das respostas é o fator risco, que veremos em um tópico específico. 
Mas, o que podemos refletir aqui é: tenho mais riscos investindo no governo? Ou em uma 
instituição privada? Quem tem maior probabilidade de não me pagar o investimento? Neste 
caso a resposta é clara: o governo disponibiliza as opções de investimento mais seguras 
no mercado, o que faz com que um motivo pela sua procura possa ser esse. Porém, a 
remuneração é baixa! Sim, como todos títulos de renda fixa, a remuneração não é muito 
“alta”, por assim dizer, mas isso faz parte das características dos investimentos como um todo: 
quanto maior o risco, maior o retorno e assim por diante.
3 PRODUTOS DE RENDA VARIÁVEL
Até aqui estudamos os principais produtos de investimento em renda fixa. 
Agora, abordaremos os produtos que estão caracterizados como renda variável. 
Quais são eles, suas características e principais informações pertinentes a cada 
produto. Você irá compreender as diferenças entre os produtos, onde e como 
investir, bem como os principais benefícios de cada tipo de investimento.
3.1 AÇÕES
Um dos principais instrumentos de renda variável são as ações. As ações 
são pequenas partes do capital social de uma empresa. Mas de que empresa? 
Ações não são partes de qualquer empresa, mas sim de empresas que possuem 
característica de Capital Aberto, as conhecidas Sociedades Anônimas – S.A. 
Por representarem pequenas partes da empresa, as ações fazem com que 
o investidor seja, de certa forma, “dono” da empresa. Ele se torna participante da 
sociedade, o que lhe dá alguns direitos tanto sobre os ativos quanto dos resultados 
obtidos pela empresa. O investidor de ações não tem a propriedade dos ativos da 
empresa, mas através das ações os investidores participam dos resultados das 
empresas e os administradores tomam decisões visando a melhora do resultado 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
157
de seus investidores (aqueles que acreditam que a empresa irá prosperar e suas 
ações vão valorizar) (NARDINI, 2018).
Até aqui, quando falamos de renda fixa, observamos formas de 
investimento nas quais empresas buscam capital de terceiros, o que na composição 
de capital da empresa representa o capital de terceiros. As ações figuram como 
capital próprio, na composição de capital, visto que quando um investidor 
compra ações, ele não está “emprestando” dinheiro para a empresa em troca de 
juros e resgate futuro do seu capital, mas sim está “comprando” uma parte da 
empresa (ação). Os investidores que compram essas partes da empresa acreditam 
que a empresa irá prosperar e, por meio disso, eles irão obter retornos financeiros 
advindos dessas ações. Esses retornos podem ser com a venda da ação para outro 
investidor ou também de distribuições de lucros obtidos pelas empresas. 
Mas onde nós, enquanto investidores, podemos comprar essas partes de 
empresas? Como já vimos, para todos os tipos de investimento, temos um canal 
onde podemos encontrar os produtos e investir, e com as ações não é diferente. 
No Brasil, quem é responsável por esse mercado é a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), 
que até poucos anos era conhecida como BM&F Bovespa – Bolsa de Mercados e 
Futuros Bovespa. As ações são negociadas pelo mundo todo, em diversos países, 
por entidades responsáveis por esse mercado. As principais são: NYSE (Bolsa de 
Valores de Nova York), NASDAQ (Associação Nacional de Corretores de Títulos 
de Cotações Automáticas), que tem sede em Nova York, Tokyo Stock Exchange 
(Bolsa de Valores de Tóquio), LSE – London Stock Exchange (Bolsa de Valores de 
Londres) e Euronext (Bolsa de Valores dos Estados Unidos e da Europa).
As ações negociadas nas bolsas de valores são importantes formas de, em 
primeiro momento, empresas obterem recursos para seu financiamento e, após 
isso, de investidores obterem retornos financeiros. É importante deixar claro que 
a empresa só recebe dinheiro quando emite ações e as vende pela primeira vez ao 
mercado. E esse processo conhecido como IPO – Initial Public Offering – trata das 
ofertas públicas iniciais, é quando a empresa vende ao mercado suas ações. Após 
esse momento, são investidores negociando com outros investidores, buscando 
resultados financeiros para eles. 
Vamos ver se entendemos o processo? É o seguinte: a empresa abre seu 
capital buscando investidores e recursos, vendendo “partes” da empresa (ações). 
Este processo é realizado e é feita a Oferta Pública Inicial, as “IPO”, das ações 
para o mercado. Quando a empresa vender todas as ações que disponibilizou ao 
mercado, o investimento nesse produto passa a ser entre os investidores, ou seja, 
não vai mais dinheiro para a empresa, mas sim de investidor para investidor. Este 
é conhecido como Mercado Secundário. 
Até aqui tudo certo, mas e aí? Como assim, o investidor tem parte da 
empresa? O que é isso? Por que é diferente? Primeiro, como o investidor compra 
uma pequena parte da empresa, ele tem certos direitos. Esses direitos vão de 
acordo com o tipo de ação no qual ele investe. Mas que negócio é esse de tipo? 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
158
As ações são divididas entre Ações Ordinárias e Ações Preferenciais. Cada tipo 
de ação tem uma característica quanto à participação do acionista nas decisões da 
empresa, recebimento de dividendos etc. 
• Ações Ordinárias (ON) conferem ao acionista o direito a voto nas assembleias de 
acionistas. Esses acionistas têm voz ativa nas assembleias e podem influenciar 
as decisões da empresa, influenciar a gestão, propor mudanças etc.
• Já as Ações Preferenciais (PN) dão aos acionistas preferência no recebimento 
de dividendos e, por outro lado, não conferem direito a voto nas assembleias 
(NARDINI, 2018). A letra N da sigla se refere a Nominativas, pois os papéis 
são “nominais” ao investidor. 
Então, como os investidores escolhem? Bom, o investidor que quer ter 
alguma influência na empresa em que está investindo vai optar por comprar 
ações Ordinárias; já aqueles que não querem se envolver e querem ter prioridade 
no recebimento de dividendos, investirão nas ações Preferenciais.
Como saber em que tipo de ação estou investindo? As ações têm códigos, 
por exemplo: VALE3, BVMF3, ITUB4, BBDC4 etc. No caso da Bolsa Brasileira, 
quando as ações têm 3 no final, representam Ações Ordinárias; quando o número 
final é 4, representam Ações Preferenciais. Além dessas duasnomenclaturas, há 
outras que também representam ações preferenciais e ordinárias (NARDINI, 2018).
DICAS
Para entender melhor a nomenclatura das ações, acesse:
<https://www.infomoney.com.br/onde-investir/noticia/2164854/comecando-agora-entenda-
o-significado-e-como-sao-formados-os-codigos-das-acoes->. Acesso em 13 fev. 2019.
Já sabemos que podemos comprar ações preferenciais ou ordinárias, mas 
onde vamos comprar essas ações? A resposta é simples: na B3 - Brasil, Bolsa, 
Balcão, anteriormente conhecida como BM&F BOVESPA. Com a era totalmente 
digitalizada, não existe mais um lugar “físico” onde você vai com seu dinheiro 
para comprar ações. Mas já foi, sabia? Hoje, para comprar ações você precisará 
de um intermediário, corretoras de títulos e valores mobiliários, distribuidora 
de títulos e valores mobiliários, agências bancárias etc. O investidor buscará 
uma instituição autorizada a operar em bolsa de valores. Esses intermediários 
receberão as “ordens” do investidor para comprar ou vender ações e então 
realizarão essas ordens com a bolsa tendo a responsabilidade de criar essa ponte 
entre Mercado e Investidor (NARDINI, 2018).
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
159
Para investidores individuais é comum a utilização de um Home Broker, que 
nada mais é que um sistema onde o investidor opera suas negociações, enviando 
ordens de compra e venda. Estas ordens são recebidas pela corretora, por meio desse 
home broker, e então a corretora realiza as operações na Bolsa (NARDINI, 2018).
Agora que sabemos quais são as ações e onde comprá-las, como ganhar 
dinheiro com isso? Existe mais de uma maneira de ganhar dinheiro com as ações, 
vamos aprender um pouco como o investidor ganha (ou perde) dinheiro com 
a aplicação de recursos financeiros em ações. Primeiro é importante observar 
que, como a ação representa uma parte da empresa, quando a empresa obtém 
lucros, o investidor possui direito a uma parte do lucro obtido. Essa distribuição 
de lucros é chamada de dividendos, ou seja, empresas de capital aberto que 
tiverem resultados positivos devem distribuí-los com seus acionistas conforme o 
que constar em seus Estatutos Sociais. Mas não é todo o lucro que é distribuído, 
afinal, as empresas precisam reinvestir dinheiro para continuar crescendo. O 
que é distribuído é parte do lucro obtido no exercício e cada acionista receberá 
dividendos de acordo com sua participação no capital da empresa (NARDINI, 
2018). Atualmente, as empresas são obrigadas a distribuir, pelo menos, 25% 
do seu lucro líquido, podendo distribuir muito mais de acordo com o que for 
preestabelecido em seu estatuto social e objetivos da empresa. 
Outra maneira de ganhar dinheiro com ações é com o pagamento de juros 
sobre o capital próprio. Essa remuneração se refere ao pagamento de juros sobre o 
lucro que foi retido em exercícios anteriores, é remunerado o valor que foi retido 
pela empresa (não repassado aos acionistas no exercício anterior, por exemplo), 
mas que não foi utilizado nos planos de investimento da empresa (NARDINI, 2018).
Também é possível receber bonificações, seja em dinheiro ou em ações, 
essas bonificações são resultado de um movimento de transformação de reservas 
de lucros em capital social da empresa, os investidores então recebem mais ações, 
ou uma bonificação em dinheiro referente a esse processo. Isso não altera o 
valor total que cada investidor possui em ações, mas o valor de mercado da ação 
diminui (devido ao aumento do número de ações) (NARDINI, 2018).
Por fim, a maneira mais conhecida de obtenção de retornos financeiros por 
meio de ações é o ganho de capital. Ganho de capital é a diferença entre o valor que 
o investidor pagou na compra da ação e ganhou quando vendeu a ação. Esse ganho 
é normalmente bem superior aos ganhos dos investimentos de renda fixa, visto que 
esse valor depende de diversos fatores econômicos e próprios da empresa. 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
160
3.2 MERCADO DE DERIVATIVOS
Dos instrumentos de renda variável, outro destaque, além as ações, são os 
derivativos. Por definição: “um derivativo é um ativo ou instrumento financeiro, 
cujo preço deriva de um ativo ou instrumento financeiro de referência ou 
subjacente” (FORTUNA, 2014, p. 681). O mercado de derivativos é um mercado 
de liquidação futura, ou seja, suas negociações são feitas hoje, mas sua liquidação 
é para uma data futura e ele se divide em quatro: Mercado de Futuros, Mercado 
a Termo, Operação com Opções e Contratos de Swaps.
Quando dizemos que ele deriva de outro ativo ou instrumento financeiro, 
estamos falando das próprias ações, índices de preços, dólar, commodities etc. Ou 
seja, para que o derivativo exista, primeiro é preciso que exista esse ativo. Neste 
caso, pode existir um derivativo de uma ação, um derivativo de dólar, de soja etc. 
Os derivativos têm características básicas, por exemplo: não precisam de 
um dispêndio de capital inicial para investimento, ou esse gasto pode ser bem 
inferior a realizar um investimento no ativo principal referente àquele derivativo; 
ele será liquidado em data futura, ou seja, os contratos são pactuados para serem 
liquidados no futuro, seja daqui alguns dias até alguns anos; e o valor desse 
derivativo vai se alterar em resposta às mudanças de mercado que influenciam 
aquele derivativo, por exemplo, um contrato de derivativo de dólar terá seu valor 
ajustado conforme aumento ou diminuição do dólar (LIMA et al., 2012).
Se podemos investir no ativo principal, por que algum investidor investe 
no que é derivado desses ativos? Bem, esse é o ponto central dos derivativos. 
Os derivativos são amplamente utilizados pelos investidores para eles se 
protegerem de eventuais riscos de oscilações de preços, taxas de juros e variações 
cambiais, por exemplo. Vamos a um exemplo: se uma empresa precisará pagar R$ 
100.000,00 dólares daqui a quatro meses para um de seus fornecedores, ela poderá 
realizar um contrato de derivativo hoje, contratando a compra de R$ 100.000,00 
dólares em data futura. Essa ação da empresa irá fixar o preço do dólar, ou seja, 
independentemente do preço do dólar no futuro, o seu contrato de derivativo 
garante que a taxa de conversão entre reais e dólares será a acordada hoje. Mas 
essa não é a única maneira de utilizar o mercado de derivativos, apesar de ser 
uma das principais. Os derivativos são utilizados com três diferentes propósitos: 
Hedge (Proteção), Arbitragem e Especulação.
Os investidores conhecidos como Hedgers, ou seja, aqueles que utilizam o 
mercado de derivativos para fazer Hedge, são os que buscam se proteger do risco 
de mudanças futuras nas variáveis de mercado. Já os arbitradores são aqueles 
que negociam os derivativos em mercados distintos, eles encontram distorções 
de preços entre mercados e se favorecem disso para obter lucros, comprando 
derivativos no mercado “A” e vendendo no Mercado “B” e vice-versa. Por 
fim, especuladores são aqueles que buscam o lucro com posições que acham 
favoráveis, os especuladores investirão em contratos derivativos nos quais eles 
imaginam que vão obter ganhos. De maneira simplificada, não possuem nenhum 
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
161
interesse no ativo objeto do derivativo, ao contrário dos Hedgers, que têm esse 
interesse. (LIMA et al., 2012)
Caro acadêmico! Agora que entendemos quem e por que esses investidores 
utilizam os derivativos, vamos definir as características de seus tipos: Futuros, a 
Termo, Opções e Swaps.
 
Os contratos futuros e a termo são muito semelhantes, basicamente são 
compromissos de compra/ou venda de determinado ativo em data futura, por 
um preço acordado. Sua utilização é comum para produtores e compradores que 
desejam se proteger das variações de preços. Com a utilização de contratos futuros 
e a termo, as partes asseguram que, em uma data futura, os valorespagos/recebidos 
pelos produtos serão os acordados hoje. A principal diferença deles é a existência 
de um ajuste diário dos contratos futuros, ou seja, quando são negociados contratos 
futuros, a parte que naquele dia teve uma variação desfavorável precisará pagar as 
variações do valor do contrato diariamente (LIMA et al., 2012).
As opções são contratos que dão direitos a quem investe nelas. Existem dois 
tipos: opções de compra e opções de venda. As opções de compra dão direito ao 
investidor de ter a opção de comprar os ativos negociados naquela opção; as opções 
de venda dão o direito ao investidor de vender os ativos negociados naquele contrato 
de opções. Mas o que é ter o direito de executar a opção? É poder ter a escolha de 
comprar ou não (ou vender ou não) o ativo objeto daquela ação. Por exemplo, uma 
opção de compra de um determinado lote de ações de uma ação da Petrobras a um 
preço determinado em uma data futura. Ao comprarmos essa opção, poderemos ou 
não executá-la e comprar essas ações. Isso dependerá do preço de mercado desse 
ativo e suas variações até o fim deste contrato (LIMA et al., 2012).
Então, podemos achar que opções são fantásticas, pois nunca perderemos 
dinheiro, visto que podemos escolher comprar/ou vender ou não esses ativos. 
Caro acadêmico, para que esses contratos sejam possíveis, existe um prêmio a 
ser pago por cada opção, e assim, quem as vende recebe esse prêmio. Caso o 
investidor opte por não executar a sua opção, o vendedor da opção recebe esse 
prêmio por “dar” esse direito ao investidor.
Por fim, os contratos de Swap são trocas de rentabilidades entre indicadores 
diferentes. No caso do Swap, o investidor e a instituição financeira negociam a 
troca da rentabilidade de um investimento pela de outro indicador, por exemplo, 
variação do dólar e CDI. E como isso funciona? O investidor faz um contrato 
de Swap com a instituição financeira, atrelando variações de dois índices, ou 
seja, há uma troca de riscos entre dois índices e, desta forma, o investidor está se 
protegendo de eventuais variações (cambiais, taxa de juros etc.).
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
162
IMPORTANT
E
Caro acadêmico: você sabe o que é um rating e para que ele serve?
Um rating é uma nota que as agências internacionais de classificação de risco de crédito 
atribuem a um emissor (país, empresa, banco) de acordo com sua capacidade de pagar uma 
dívida. Ele serve para que investidores saibam o grau de risco dos títulos de dívida que estão 
adquirindo. Em geral, são três grandes níveis: grau de investimento (país seguro de investir), 
grau especulativo (risco de inadimplência) e default (quando o país declara moratória). As 
principais agências no mundo são a Standard & Poor’s (S&P), a Fitch e a Moody’s, que levam 
em conta indicadores como gastos do governo, dívida externa e política monetária. Essas 
notas influenciam decisões de investimento no mercado internacional e a tendência é que, 
ao receber a classificação, o país atraia mais recursos estrangeiros. Além disso, cai o custo 
do governo, até mesmo o de empresas privadas para captar recursos no exterior.
Você poderá avançar seus conhecimentos a respeito lendo este material na íntegra. Para 
isso, acesse: https://oglobo.globo.com/economia/entenda-que-um-rating-para-que-ele-
serve-10238064.
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
163
LEITURA COMPLEMENTAR
ENTENDA EM CINCO PASSOS O QUE SÃO OS DERIVATIVOS
TAMBÉM CONHECIDOS COMO “OPERAÇÕES DE HEDGE”, ELES 
TRAZEM PROTEÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
Lys Silva
O uso de derivativos vem se tornando cada vez mais comum no Brasil. 
Sua principal utilidade é a proteção de contratos, dívidas ou fluxo de caixa contra 
variação cambial ou outro tipo de exposição e proporcionam previsibilidade ao 
balanço das empresas.
Em um momento de grande oscilação cambial, empresas de diversos 
portes podem se proteger com a inclusão de derivativos em sua estratégia 
financeira. Neste ano, por exemplo, a moeda americana subiu 42% frente ao real 
e quem utilizou derivativo conseguiu mitigar os efeitos dessa oscilação.
Em 2012, a média mensal de operações registradas na Cetip com Termo de 
Moedas, muito utilizado por importadores e exportadores, era de aproximadamente 
U$ 20 bilhões. Em 2013, com o crescimento da oscilação do câmbio, esse valor 
começou a subir. Atualmente, esse instrumento movimenta mais de U$ 30 bilhões 
em contratos de empresas que estão se protegendo no Brasil.
Diante da complexidade do tema, a Cetip preparou respostas para cinco 
dúvidas muito comuns quando o assunto são os derivativos:
1) O que é derivativo?
 Derivativo é um instrumento financeiro cujo valor final depende (deriva), total 
ou parcialmente, do valor de outro ativo, que pode ser uma ação, moedas, 
juros, entre outros.
2) E para que ele serve?
 No segmento em que a Cetip atua – mercado de balcão –, ele é utilizado 
principalmente para fins de gestão de risco das empresas e proteção contra 
oscilações indesejadas – estratégia conhecida como hedge. Além disso, no 
mercado de balcão, os contratos de derivativos podem ser customizados de 
acordo com a necessidade de cada empresa ou pessoa física.
3) É arriscado usar derivativos?
 O derivativo é extremamente útil e benéfico dentro da estratégia das empresas, 
desde que utilizado como instrumento de proteção contra oscilações futuras 
oriundas de riscos de mercado existentes no balanço das empresas. Usado 
adequadamente, o instrumento elimina os riscos da operação.
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
164
4) Quais são os principais tipos de derivativos?
 O Contrato a Termo é uma das modalidades mais utilizadas e permite à 
empresa “travar” a cotação do dólar ou alguma outra moeda (ou ainda algum 
outro ativo, por exemplo, uma commodity) em um valor determinado a ser 
pago em uma data futura. Assim, a empresa garante que suas despesas ou 
ganhos futuros em dólar terão cotação predeterminada, evitando prejuízos.
Já os contratos de Swap possibilitam que uma empresa troque o indexador 
de sua dívida, ou seja, o fator que determina quanto será pago em troca do 
empréstimo por um outro indexador mais coerente com os ativos da empresa. 
Na parte prática, isso significa que uma empresa pode, por exemplo, trocar seu 
risco de exposição cambial para uma taxa de juros em reais, pré ou pós-fixada.
Outros tipos de derivativos são as Opções. Com elas a empresa adquire 
o direito de comprar ou vender um ativo por um determinado preço em uma 
data futura. A empresa não é obrigada a concretizar a compra ou venda na data 
prevista, caso o cenário não se revele vantajoso como o esperado. Para ter esse 
direito no mercado de opções, a empresa paga um prêmio no início da operação.
5) Como é este mercado no Brasil e no mundo?
 No Brasil, os principais ativos dos contratos no mercado de derivativos de 
balcão são as moedas, seguidas por juros. Dos contratos registrados na Cetip, 
67% são cambiais, 21% juros, 9% ações, 3% outros.
Já no exterior, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais 
(BIS, na sigla em inglês), os principais indexadores dos contratos derivativos de 
balcão são os juros, com 82,20%, seguidos por moedas, 12,34%, ações, 1,28%, e 
outros com 4,18%.
FONTE: <https://www.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/4435147/entenda-passos-
que-sao-derivativos>. Acesso em: 21 dez. 2019.
165
Neste tópico, você aprendeu que:
• Risco de crédito é o não pagamento por uma empresa das suas obrigações em 
alguma operação comercial.
• Risco de liquidez está associado a não conseguir vender (transformar em 
dinheiro novamente) investimentos, ou não se obtém um valor justo pelos 
mesmos quando se pretende “liquidar” esses investimentos.
• Risco de mercado consiste na possibilidade de perdas causadas pelos impactos 
de flutuações de preços/índices/taxas (juros, câmbio)sobre instrumentos 
financeiros assumidos por uma empresa.
• CDB significa: Certificado de Depósito Bancário e é considerado um depósito a 
prazo. É um investimento de Renda Fixa.
• As instituições financeiras emitem CDBs com o objetivo de captar recursos 
junto ao mercado para viabilizar suas atividades.
• Os prazos de investimento variam de contrato para contrato. Há contratos de três, 
seis e 12 meses, da mesma forma que vemos contratos de dois, três ou cinco anos.
• O CDB geralmente só pode ser resgatado no vencimento do contrato, mas há 
casos em que há liquidez diária do mesmo.
• A taxa pela qual o CDB irá remunerar o investidor pode ser prefixada ou pós-
fixada.
• LCI é uma Letra de Crédito Imobiliário emitida pelas instituições financeiras 
com o objetivo de captar recursos para investimentos no setor imobiliário. É um 
título de renda fixa, no qual os prazos de investimento variam de seis meses 
a três anos, porém existe a possibilidade de títulos com vencimentos ainda 
maiores. Seu rendimento é realizado de maneira prefixada ou pós-fixada. 
• Existe a necessidade de um lastro para a instituição poder emitir LCIs e pode 
haver LCIs com possibilidade de resgate diário, sempre respeitando o tempo 
mínimo de investimento.
• LCA é uma Letra de Crédito do Agronegócio emitida pelas instituições 
financeiras com o objetivo de captar recursos para investimentos no setor de 
agronegócio. É um título de renda fixa, no qual os prazos de investimento 
variam, com prazo mínimo de 90 dias para títulos sem reajuste por índice de 
RESUMO DO TÓPICO 1
166
preços e 12 meses quando houver reajuste anual. Seu rendimento é realizado 
de maneira pré ou pós-fixada. 
• Existe a necessidade de um lastro para a instituição poder emitir LCAs e pode 
haver LCAs com possibilidade de resgate diário, sempre respeitando o tempo 
mínimo de investimento.
• As debêntures representam títulos de dívida emitidos pelas empresas e seu 
objetivo é a captação de recursos para determinados fins.
• O documento que determina as características da debênture é conhecido como 
escritura de emissão.
• A emissão mais comum é de debêntures simples puramente de renda fixa, 
porém em alguns casos elas podem ter elementos de renda variável, como é o 
caso das debêntures conversíveis e das debêntures permutáveis.
• As debêntures simples se categorizam conforme suas garantias, sendo elas: 
com garantia real, com garantia flutuante, quirografárias e subordinadas. 
Existem também conversíveis e permutáveis, que carregam elementos de 
renda variáveis e, por fim, temos as debêntures incentivadas.
• As debêntures incentivadas são aquelas em que as empresas recebem incentivos 
do governo para serem emitidas, pois visam à execução de projetos em áreas 
essenciais para o desenvolvimento econômico, como: energia, logística e 
transportes, mobilidade urbana etc.
• Apesar de poder haver debêntures com taxas prefixadas, a grande maioria é 
negociada a taxas pós-fixadas e com sua vinculação à Taxa DI. No caso das 
debêntures incentivadas não pode haver emissão com taxas pós-fixadas.
• As debêntures são emitidas pelas empresas, normalmente com intermediação 
de uma instituição financeira que atua como agente fiduciário aos investidores.
• Os títulos públicos federais são: LTN, NTN - F, LFN, NTN-B e NTN – B 
Principal.
• São divididos em títulos prefixados (LTN e NTN – F) e pós-fixados (LFN, 
NTN-B e NTN-B Principal).
• O LTN é remunerado no vencimento a uma taxa prefixada.
• A NTN-F é remunerada por meio de cupons semestrais de 4,8808%, e o valor 
principal resgatado no vencimento.
• A LFN é atrelada à variação da Taxa Selic no período transcorrido entre a 
compra e o vencimento e resgatado no vencimento.
167
• A NTN-B e NTN-B Principal são atreladas ao índice de inflação (IPCA) e 
remuneram um percentual acima da inflação transcorrida no período. A 
diferença é que a NTN-B tem pagamento de cupons semestrais e a NTN-B 
Principal não tem.
• Ações são pequenas partes de uma empresa de capital aberto vendidas nas bolsas 
de valores e quem as compra (acionistas) se torna dono de uma parte da empresa.
• As ações são divididas entre Ordinárias e Preferenciais.
• As Ordinárias dão direito a voto ao acionista.
• As Preferenciais garantem preferência no recebimento de dividendos pelos 
acionistas.
• Para comprar ações é preciso procurar por instituições autorizadas para operar 
com ações.
• A remuneração do investidor é por meio de ganhos de capital, dividendos, 
juros sobre capital ou bonificações.
• Os derivativos recebem esse nome pois são atrelados a um ativo objeto, tendo 
seu preço derivado deste ativo e são investimentos com liquidação futura.
• São quatro os tipos de derivativos: a termo, futuros, opções e contratos de swap.
• Os agentes investem em derivativos com três finalidades: Hedge, Arbitragem e 
Especulação.
168
1 De que forma as empresas são afetadas pelos diferentes tipos de risco 
estudados?
2 Qual a finalidade do CDB para as instituições financeiras?
3 Por que existem CDBs com prazos diferentes e qual a vantagem desses 
títulos?
4 Como é feita a remuneração dos CDBs para os investidores?
5 Qual a finalidade das LCI para as instituições que as emitem?
6 Qual a remuneração das LCIs?
 
7 Qual o prazo mínimo de investimento em LCI e em que momento o 
investidor pode resgatar o título?
8 Qual a finalidade das LCA para as instituições que as emitem?
9 Qual a remuneração das LCAs?
10 Qual o prazo mínimo de investimento em LCA e em que momento o 
investidor pode resgatar o título?
11 O que é uma Debênture?
12 Quais são os tipos de debêntures que temos no mercado?
13 O que são e para que servem Debêntures Incentivadas?
14 Quais são os títulos públicos federais?
15 Quais as principais diferenças entre os títulos públicos federais?
16 Qual a finalidade dos Títulos Públicos Federais?
17O que é uma Ação?
18 De que forma o investidor ganha dinheiro com as ações?
19 Qual a diferença entre ações preferenciais e ordinárias?
AUTOATIVIDADE
169
20 O que é um Derivativo?
21 Por que os investidores procuram os derivativos?
22 Quais os tipos de derivativos mais comuns no Brasil?
23 Quais as quatro modalidades de derivativos?
170
171
TÓPICO 2
PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Conhecer os tipos de investimento é importante. Porém, para conhecer 
ainda mais sobre os investimentos você precisa ir além. São diversos aspectos 
que o levarão a obter um know-how aprofundado a respeito dos investimentos 
financeiros. Conhecer os tipos de investimento é apenas um dos aspectos que 
você precisará saber para entender deste mundo.
Outro item importante é saber avaliar um investimento; investir por 
investir pode não trazer o retorno esperado. É muito importante entender como 
avaliar esse investimento. Quando falamos de avaliação, devemos sobrepor a 
ideia de apenas entender se terá retorno financeiro ou não, pois é preciso ir além 
disso. Empresas usam produtos de investimento, muitas vezes, sem objetivo de 
obter lucros, como é o exemplo dos Hedges feitos através de derivativos.
Neste ponto, uma das maneiras de observar os investimentos e avaliá-
los é através do CAPM. Ele é baseado na ideia de que o investidor busca riscos 
compatíveis com os tipos de investimento, ou seja, na premissa de que para 
assumir um risco é preciso obter maior rentabilidade do que se realizássemos 
investimentos com baixo ou nenhum risco. É claro que existem outras maneiras, 
porém o CAPM, que veremos a seguir, é uma bastante utilizada no mercado.
2 CAPM – CAPITAL ASSET PRICING MODEL
No mercado de capitais e nas finanças, um dos aspectos mais importantes, 
quanto aos investimentos, é a mensuração dos componentes básicos de uma 
avaliação de ativos: risco e retorno. Para tanto, é amplamenteutilizado um 
modelo de precificação de ativos conhecido como CAPM – Capital Asset Pricing 
Model. Este modelo, derivado da teoria do portfólio, busca uma resposta de como 
esses componentes básicos devem ser relacionados e mensurados na avaliação do 
ativo (ASSAF NETO, 2012).
Além de ser amplamente utilizado nas várias operações do mercado de 
capitais e no processo de decisão em condições de risco, por meio do CAPM 
também é possível encontrar a taxa de retorno buscada pelos investidores. Por 
172
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
meio do coeficiente beta gerado pelo modelo é possível reconhecer a remuneração 
adequada do ativo para suprir adequadamente seu risco sistemático (ASSAF 
NETO, 2012). Das hipóteses levantadas para o modelo, segundo Assaf Neto 
(2012), as mais importantes são:
• a eficiência informativa do mercado, que atinge igualmente a todos os 
investidores;
• as taxas, impostos ou qualquer outra restrição para os investimentos não existem;
• os investidores, que têm a mesma percepção com relação a desempenho dos ativos;
• a existência de uma taxa de juros de mercado livre de risco.
Essas hipóteses possibilitam importantes conclusões sobre o processo de 
avaliação de ativos, não são restritivas e têm como objetivo descrever melhor um 
modelo financeiro. Mesmo que não sejam constatadas na realidade de mercado, 
não são suficientemente rígidas para invalidar o modelo (ASSAF NETO, 2012).
“O CAPM oferece conceitos válidos e aceitos para a estimativa do custo 
de oportunidade do capital próprio. Ele foi desenvolvido por Willian Sharpe e é 
considerado, teoricamente, uma das melhores alternativas para a apuração da taxa 
de retorno requerida pelos investidores” (FORSTER, 2009, p. 72). Ele é baseado 
na ideia de que o investidor quer ter de retorno uma remuneração de baixo risco, 
conhecida como a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) do investimento e, além 
dessa taxa, deseja ainda receber um prêmio, uma taxa além da TMA, pelo risco da 
aplicação que ele está fazendo (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010).
Matematicamente falando, temos a fórmula: E(R) = Rf + Beta [E(Rm) – Rf]
Onde: 
• E(R) = Remuneração esperada para a ação ou recursos próprios no projeto.
• Rf = Taxa livre de risco (Risk Free).
• E(Rm) = Retorno esperado para o mercado.
• Beta = Medida de risco não diversificável (para um segmento ou empresa).
Como Rf é comum considerarmos o retorno de um título do governo, 
pois seu risco é, teoricamente, o menor do mercado. A possibilidade de investir 
nesse título e não ter o dinheiro de volta é mínimo e, desta forma, para cálculo do 
CAPM se utiliza essa taxa. Já como E(Rm) é considerado o retorno de uma bolsa 
de valores e o beta pode ser calculado, seja para empresas ou segmentos, os dados 
utilizados devem ser históricos de Retornos de Mercado e investimentos livres de 
risco (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010).
Se considerarmos 8% a.a. como TMA e um retorno de mercado (E(Rm)) de 
12%a.a. e tivermos um beta de 1,5 o retorno esperado será: E(R) = 8+1,5(12-8) = 14%.
TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS
173
DICAS
Para conhecer como o índice beta é calculado você pode acessar:
<https://hcinvestimentos.com/2011/12/20/indice-beta/> . 
Algumas informações importantes a se salientar são a influência do índice 
beta no modelo. Um índice beta 0 indica que o segmento é estável. Se o índice for 
um, indica que o segmento tem um retorno que acompanha a média da bolsa. 
Setores mais dinâmicos têm beta maior que um, representando maiores riscos. 
Outro fator importante é a própria aversão ao risco do investidor: quanto maior 
for essa aversão, maior será a sua resistência em trocar um investimento seguro. 
Por fim, as implicações do imposto de renda devem ser atentadas, pois a taxa 
mínima de atratividade e a taxa de desconto devem ser consideradas líquidas de 
imposto de renda (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010).
174
Neste tópico, você aprendeu que:
• CAPM é considerado, teoricamente, uma das melhores alternativas para a 
apuração da taxa de retorno requerida pelos investidores.
• O CAPM é baseado na ideia de que o investidor quer ter como retorno uma 
remuneração de baixo risco, conhecida como a Taxa Mínima de Atratividade 
(TMA) do investimento, e além dessa taxa, ele deseja ainda receber um prêmio, 
uma taxa além da TMA, pelo risco da aplicação que ele está fazendo.
• A fórmula do modelo CAPM é: E(R) = Rf + Beta [E(Rm) – Rf]
 Onde: 
 ◦ E(R) = Remuneração esperada para a ação ou recursos próprios no projeto.
 ◦ Rf = Taxa livre de risco (Risk Free).
 ◦ E(Rm) = Retorno esperado para o mercado.
 ◦ Beta = Medida de risco não diversificável (para um segmento ou empresa).
RESUMO DO TÓPICO 2
175
AUTOATIVIDADE
1 O que é CAPM?
2 Por que o CAPM é amplamente utilizado?
176
177
TÓPICO 3
TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Agora que já conhecemos os investimentos e uma das 
maneiras de avalia-los, precisamos entender também qual será nosso retorno 
líquido com esses investimentos. Como todos sabemos, no Brasil temos diversos 
impostos e taxas a pagar. Para os investimentos não é muito diferente. Cada 
investidor deve estar ciente de que, para os diversos tipos de investimento, ele 
estará sujeito ao pagamento de impostos sobre os rendimentos. 
Cada tipo de investimento possui regras próprias para recolhimento de 
impostos. Isso se deve ao fato de que cada um tem um objetivo diferente, não 
apenas para o investidor, mas para o mercado também. Podemos usar como 
exemplo as LCIs e LCAs, que são investimentos criados para os bancos captarem 
recursos para financiarem os mercados imobiliário e de agronegócio. 
Desta maneira, compreender “o quanto iremos pagar pelos nossos 
rendimentos” figura em outra parte muito importante do conhecimento sobre 
os investimentos financeiros. Neste tópico, então, vamos conhecer a tributação 
destes rendimentos.
2 TRIBUTAÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO
Agora que já conhecemos os produtos de investimento financeiro, 
vamos entender como funciona a tributação para cada tipo de investimento. 
Desde os investimentos de renda fixa aos de renda variável, há características de 
tributação específicas para cada. Tanto para pessoa física e jurídica, cada produto 
de investimento financeiro possui regras para tributação. Vamos estudar agora, 
caro acadêmico, como esses investimentos são afetados pela tributação e qual é a 
tributação para esses investidores. 
As LCIs e LCAs têm uma característica comum, que é a não tributação de 
imposto de renda sobre os investimentos realizados por pessoas físicas, e este é 
um dos fatores que confere popularidade a esses investimentos. Já os investidores 
pessoa jurídica que investem em LCIs e LCAs têm a aplicação do imposto de 
renda conforme o prazo da aplicação. Como vimos, os retornos são maiores 
quanto maior for o tempo de aplicação, no caso da tributação, quanto maior for 
o prazo, a alíquota aplicada é menor. A tabela a seguir apresenta as alíquotas 
aplicadas aos investidores pessoa jurídica nas LICs e LCAs:
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
178
TABELA 2 - ALÍQUOTA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE LCI E LCA
FONTE: Nardini (2018, p. 21)
Prazo de Aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%
A base para o cálculo do imposto é a renda auferida com a aplicação, ou 
seja, é a diferença do valor pago pelo investimento e do valor resgatado ao final 
do prazo, e a tributação ocorre na fonte. A responsabilidade pelo recolhimento 
desse imposto fica a cargo da instituição que emitiu o título (NARDINI, 2018).
Já os CDBs, diferentemente das aplicações em LCIs e LCAs, não têm 
alíquota zero para investidores pessoa física. Seu rendimento bruto é tributado 
de acordo com o tempo de aplicação (NARDINI, 2018),que pode ser diferente do 
vencimento contratado no título, pois, como vimos, o CDB pode ser resgatado 
antecipadamente ou então na sua data de vencimento. A responsabilidade do 
recolhimento também é do emissor do título. E como as LCIs e LCAs, o imposto 
é recolhido sobre a renda da aplicação. A tabela a seguir apresenta as alíquotas 
aplicadas aos investidores:
TABELA 3 - ALÍQUOTA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE CDB
FONTE: Nardini, (2018, p. 26)
Prazo de Aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%
Além do imposto de renda, os investidores podem ter outras taxações ao 
optarem por resgatar o título nos primeiros 30 dias contados da data da aplicação. 
Para investimentos resgatados a partir de 30 dias o IOF é zero e o investidor paga 
apenas o imposto de renda para o valor auferido com o investimento (NARDINI, 
2018). Já durante os 30 dias a cobrança de IOF é regressiva conforme o número 
de dias transcorridos entre a aplicação e o resgate. A tabela seguinte apresenta a 
alíquota de IOF durante os 30 dias: 
TÓPICO 3 | TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS
179
Prazo de Aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%
TABELA 4 – IOF APLICADO AOS CDBS COM RESGATE EM ATÉ 30 DIAS
FONTE: Nardini, (2018, p. 27)
Dia Alíquota Dia Alíquota Dia Alíquota
1 96% 11 63% 21 30%
2 93% 12 60% 22 27%
3 90% 13 56% 23 23%
4 86% 14 53% 24 20%
5 83% 15 50% 25 16%
6 80% 16 46% 26 13%
7 76% 17 43% 27 10%
8 73% 18 40% 28 6%
9 70% 19 36% 29 3%
10 66% 20 33% 30 0%
Dos instrumentos de renda fixa, as debêntures, por terem o pagamento de 
juros periódico, contam com um esquema de recolhimento de imposto sobre os 
pagamentos de juros periódicos de acordo com a tabela. Por exemplo: se o primeiro 
pagamento correr entre 180 dias, a alíquota é uma; se o segundo correr entre 181 e 
360 dias, é outra, e assim por diante. Elas, em geral, não se beneficiam de isenção 
de imposto de renda sobre os rendimentos. Como os demais instrumentos de 
renda fixa, o recolhimento é na fonte e de responsabilidade do emissor do título 
(NARDINI, 2018). Confira as alíquotas de imposto aplicadas às debêntures.
TABELA 5 - ALÍQUOTA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE DEBÊNTURES
FONTE: Nardini, (2018, p. 35)
As debêntures incentivadas têm um tratamento diferente com relação ao 
imposto de renda. Para investidores pessoa física e não residentes, têm alíquota 
zero sobre os rendimentos. Para pessoa jurídica é aplicada a alíquota de 15%. 
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
180
Por fim, dos instrumentos de renda fixa, os títulos públicos têm incidência 
de imposto de renda bastante semelhante aos demais. Não contam com isenção e 
o imposto é aplicado sobre os rendimentos conforme a tabela. Para investimentos 
com pagamentos periódicos de juros, a alíquota é aplicada de forma semelhante 
à das debêntures: se o primeiro pagamento correr entre 180 dias, a alíquota é 
uma; se o segundo correr entre 181 e 360 dias é outra, e assim por diante. O 
recolhimento também é na fonte e a responsabilidade é da fonte pagadora, ou 
seja, do emissor do título (NARDINI, 2018). A tabela seguinte apresenta o prazo e 
as alíquotas pagas pelos investidores conforme o rendimento auferido.
TABELA 6 - ALÍQUOTA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE TÍTULOS PÚBLICOS
Prazo de Aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%
FONTE: Nardini, (2018, p. 45)
De forma semelhante ao CDB, os investidores que resgatarem seus títulos 
num período inferior a 30 dias de aplicação estão sujeitos ao IOF, conforme 
ilustrado a seguir: 
TABELA 7 – IOF APLICADO AOS TÍTULOS PÚBLICOS COM RESGATE EM ATÉ 30 DIAS
FONTE: Nardini, (2018, p. 45)
Dia Alíquota Dia Alíquota Dia Alíquota
1 96% 11 63% 21 30%
2 93% 12 60% 22 27%
3 90% 13 56% 23 23%
4 86% 14 53% 24 20%
5 83% 15 50% 25 16%
6 80% 16 46% 26 13%
7 76% 17 43% 27 10%
8 73% 18 40% 28 6%
9 70% 19 36% 29 3%
10 66% 20 33% 30 0%
TÓPICO 3 | TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS
181
Além dessas regras comuns a quase todos os títulos de renda fixa, os títulos 
públicos têm uma particularidade: para investidores não residentes e fundos 
de investimento exclusivos para não residentes (mínimo de 98% dos recursos 
aplicados em títulos públicos federais), o imposto tem alíquota zero e na liquidação 
das operações de câmbio, que tem finalidade de ingresso de recursos para aplicação 
em títulos públicos, também o IOF tem alíquota zero (NARDINI, 2018).
Os títulos de renda fixa, como podemos observar, têm muitas semelhanças 
quanto à cobrança de imposto de renda. As principais distinções são as LCIs e 
LCAs, nas quais os investidores pessoa física estão isentos de imposto; os demais 
produtos, apesar de suas particularidades, têm regras em comum.
Agora vamos passar para os investimentos em renda variável, as ações e 
os derivativos. Estes sim, têm maiores diferenças quando comparados aos títulos 
de renda fixa. Sobre as ações, é importante salientar que o fato gerador do imposto 
não é o fato de você ter o dinheiro aplicado nas ações, mas sim o ganho auferido 
com ações (venda das ações). Isso quer dizer que as alíquotas só serão aplicadas no 
momento em que existirem esses ganhos. A alíquota aplicada aos ganhos auferidos 
com as ações é de 15% sobre o ganho líquido. Além do valor de compra (no caso 
de ganho pela venda da ação), o investidor pode considerar também a taxa de 
corretagem para cálculo do lucro obtido. Há também uma cobrança de 0,005% 
sobre o valor da operação, valor este que é retido na fonte (NARDINI, 2018).
Essa é a regra básica para operações fechadas de compra e venda em dias 
distintos. Quando existirem operações no mesmo dia, a regra de compra e venda 
é diferente. Para essas operações, chamadas de Day-trade, a alíquota é de 20% 
e é cobrado 1% sobre o valor da operação (imposto de renda retido na fonte) 
(NARDINI, 2018).
Outra característica dos impostos sobre as ações é que para investidores 
pessoa física há isenção de imposto de renda para ganhos inferiores a R$ 
20.000,00. É importante salientar que este valor não é por operação e sim por valor 
total de movimentação financeira por pessoa física. Caso o valor for superior, é 
aplicada alíquota de 15% sobre o total de movimentação, de acordo com a regra 
já mencionada acima. Já nas operações Day-trade essa regra não se aplica, não 
havendo isenção nessas operações (NARDINI, 2018).
O recolhimento do imposto de renda também é diferente do que o aplicado 
aos investimentos de renda fixa; o recolhimento do imposto é de responsabilidade 
do investidor, sendo ele responsável por calcular o imposto devido e realizar o 
pagamento do mesmo por meio de um Documento de Arrecadação de Receitas 
Federais (DARF). Este deve ser pago até o último dia útil do mês subsequente 
ao mês no qual o investidor realizou os ganhos. O valor retido na fonte deve ser 
deduzido do valor do cálculo do imposto pelo investidor (NARDINI, 2018).
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
182
Como vimos, caro acadêmico, a venda das ações não é a única maneira de o 
acionista auferir lucros com esse investimento. Temos os dividendos e os juros sobre o 
capital próprio. Os dividendos estão isentos de imposto de renda, pois, como eles são 
pagos a partir do lucro líquido da empresa, já houve incidência de imposto de renda 
nesse valor (pagos pela companhia). E os juros sobre capital próprio têm incidência 
de imposto de renda a uma alíquota de 15%, tributados na fonte e, portanto, o valor 
que o acionista receberá já será o valor sem o imposto (NARDINI, 2018).
Nosso último produto são os derivativos. Assim como as ações, são 
instrumentos de renda variável. Os derivativos têm incidência de IOF,

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