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ESTILOS DE ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS - ESTUDO DOS NÍVEIS DE CONFLITO A PARTIR DA VISÃO INTERACIONISTA. Arcelo Luis Pereira (UTFPR) arcelolp@gmail.com Marcelo Guelbert (UTFPR) guelbert@bol.com.br Tanatiana Ferreira Guelbert (UTFPR) guelbert@utfpr.edu.br Jorge Carlos C. Guerra (UTFPR) jccguerra@yahoo.com.br Sonia Ana Charchut Leszczynski (UTFPR) soniana@utfpr.edu.br Com a finalidade de contribuir para os estudos em gestão de pessoas no setor público, o presente artigo teve por objetivo analisar o nível de conflito existente dentro de uma organização pública a partir de uma visão interacionista. A pesquuisa caracteriza-se como sendo um estudo de caso de natureza exploratória dentro de uma abordagem quantitativa. Foram aplicados questionários com 59 servidores administrativos de um órgão público pertencente ao Poder Executivo, sendo uma Autarquia Federal de regime especial, vinculada ao Ministério da Educação, com representatividade em toda a Federação. Os resultados evidenciaram que as relações entre os servidores propiciam conflitos funcionais e disfuncionais. Conclui-se, preliminarmente, que há necessidade dos gestores buscarem estratégias para controlar e até eliminar determinados modelos de conflitos considerados disfuncionais, ou seja, prejudiciais ao clima organizacional, a produtividade e, conseqüentemente, à gestão eficaz do setor público. Palavras-chaves: Conflito, Estratégia de Controle, Gestão de Pessoas, Setor Público. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 2 1. Introdução As mudanças verificadas nas últimas décadas têm levado as organizações – sejam elas públicas ou privadas – a buscarem novos e inovadores modelos de gestão que objetivam otimizar o desempenho, maximizar resultados, atingir a missão institucional e, especialmente, obter vantagens competitivas, no intuito de atender as necessidades e superar as expectativas dos clientes (KOTTER, 1986; PORTER, 1989). Todavia, dentre os diversos agentes prejudicadores e estimuladores desses processos de inovação, encontram-se os conflitos organizacionais, que são fenômenos inevitáveis na vida das organizações. Emergem principalmente nas relações entre indivíduos, grupos e/ou organizações. Desde que o ser humano surgiu, constata-se a ocorrência de uma série de conflitos em sua vida, seja em termos pessoais, seja em termos profissionais, todavia, o interesse crescente pelo estudo dos conflitos em meio as Ciências Organizacionais surgiu a partir de 1950, quando diversos autores realizaram pesquisas sobre o assunto, tais como Coser em 1956, Simmel em 1955 (apud ARAÚJO et. al., 2005), Blake e Mouton em 1964 (BLAKE; MOUTON, 1981), Thompson em 1967, Katz Kahn em 1971 e Mayo em 1975. As conclusões da época, em geral, apontaram o conflito como indesejado e maléfico à organização, todavia sendo alterados os pontos de vista conforme os modelos de teorias das organizações, assumindo caráter funcional para as atividades organizacionais (RONDEAU, 1996). Os conceitos e opiniões sobre o conflito evoluíram nas últimas décadas, modificando-se conforme as diferentes perspectivas dos estudos das organizações. De modo geral, estas análises adotam uma perspectiva funcionalista da organização, que coloca em relevo a contribuição particular de cada escola de pensamento administrativo sobre o modo de conceber a organização e, portanto, de considerar o conflito (CHANLAT, 1996). Nessa perspectiva, sabendo que a Administração Pública é um organismo ativo direcionado ao interesse público e, tem por função exercer atividades de gestão e serviço para o atendimento de necessidades sociais (JÚNIOR, 2003), constata-se a necessidade emergente de uma maior atenção quanto à gestão de pessoas do setor público. Paralelamente, visualiza-se que a satisfação no trabalho é essencial para o bom desempenho dos servidores e colaboradores públicos. Conforme Spector (2003), satisfação no trabalho é uma variável de atitude que reflete como uma pessoa se sente com relação ao trabalho de forma geral e em seus vários aspectos. Bem como, Goedert et al. (2008) afirmam que a qualidade do relacionamento interpessoal é a base do sucesso de qualquer empreendimento que envolva pessoas. Diante deste cenário, procurando contribuir para o desenvolvimento dos estudos em gestão de pessoas no setor público e desejando promover a excelência das organizações públicas, o artigo tem por finalidade analisar o nível de conflito em um órgão público pertencente ao Poder Executivo. Em que níveis e como acontecem esses conflitos, se são benéficos ou não. Essas são algumas das perguntas que a pesquisa buscou responder e observar a fim de fornecer subsídios que possam contribuir com o planejamento da área de gestão de pessoas no setor público, vislumbrando uma gestão mais eficaz do Capital Intelectual. 2. Gestão de Pessoas no Setor Público Contemporaneamente nota-se que o sucesso das organizações modernas depende, e muito, do XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 3 investimento nas pessoas, da identificação, aproveitamento e desenvolvimento do Capital Intelectual (ANDRADE; SANTOS, 2007). Segundo Chiavenato (2006), preocupações com a qualidade de vida no trabalho, melhoria do clima organizacional, formação de uma cultura organizacional saudável e a preocupação com relacionamento interpessoal, são exemplos de responsabilidades da área de Gestão de Pessoas nas organizações contemporâneas. É isto que permite a consecução do objetivo de se promover a integração do homem à organização. Torna-se notório que a evolução na área de Recursos Humanos é percebida até mesmo nos conceitos, salientando que, cada vez mais, as organizações acreditam e investem na Gestão de Pessoas, indo além dos conhecidos e tradicionais processos burocráticos. Mais do que selecionar, contratar, cuidar dos benefícios e folha de pagamentos, a Gestão de Pessoas considera os indivíduos, não apenas como empregados, mas sim como colaboradores e parceiros, precisa ter uma visão ampla do negócio, participar do planejamento estratégico, atender às necessidades de quem contrata e de quem é contratado, trabalhar pelo crescimento, desenvolvimento e sustentabilidade da organização (OLIVEIRA, 1998; GIL, 2001). Todavia, de acordo com Ferreira et. al. (2008), a Gestão de Pessoas nos órgãos públicos possui algumas peculiaridades que são derivadas da própria natureza das organizações que compõem esse setor em comparação com a iniciativa privada. Dentre as divergências entre esses dois tipos de organizações elenca-se os meios utilizados para recrutamento, triagem e contratação, as políticas de remuneração, os métodos de avaliação de desempenho, dentre outras. O autor ainda destaca a finalidade como uma dessas diferenças. Quando uma empresa do setor privado contrata um funcionário, ela espera que ele consiga contribuir para aumentar os lucros da empresa. Por sua vez, quando uma organização do setor público contrata uma pessoa, ela espera que ele consiga aumentar os índices de eficiência e eficácia que não necessariamente corresponde a lucro, e sim a uma melhor prestaçãode serviços à sociedade. Enquanto que na iniciativa privada o recrutamento pode ser dirigido para uma parcela específica da população, privilegiando inclusive as diferenças entre as pessoas, no setor público o recrutamento é regido pelo principio da isonomia, onde aqueles indivíduos que satisfizerem as condições mínimas para ocupar um determinado cargo podem pleitear igualmente aquela oportunidade. Consequentemente, essas diferenças deixam clara a estagnação do setor público. Pois segundo Oliver (2001, apud GOEDERT et al., 2008) o que se percebe é uma grande dificuldade em se adotar novas técnicas de gestão, o que resulta numa defasagem do setor público em relação à evolução do mercado e às mudanças de paradigmas relacionadas à Gestão de Pessoas. 3. Conflito Organizacional: uma perspectiva esquecida no setor público Inicialmente faz-se necessário definir a palavra conflito com objetivo de entender os diferentes conceitos e suas dimensões, abordando os pontos fortes e fracos para a organização, as possíveis causas fomentadoras de desacordos, e configurando as estratégias para tratamento de conflitos adotadas pelos colaboradores quando inseridos em desacordos. Os caminhos para solucionar e gerenciar os conflitos organizacionais finalizam o tema. 3.1 Conflito O conflito adota uma definição denotativa de natureza pejorativa, pois, de acordo com o dicionário Priberam (2008) da língua portuguesa, está ligado à altercação, desordem, pendência, choque, embate, luta, oposição e disputa, ou seja, ligado subjetivamente e intimamente ao ser humano. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 4 Dessa maneira encontram-se várias definições de conflito apesar dos diferentes sentidos que o termo adquiriu. Para Chanlat (1996) o conflito é gerado a partir do momento da interação social e, que após a primeira frustração o conflito é desencadeado, assim tomando corpo. Logo, são inevitáveis o desacordo e o conflito em uma sociedade na qual as pessoas têm diferentes pontos de vista e os expressam prontamente (BLAKE; MOUTON, 1981). Já no ambiente organizacional, conflitos e diferenças de opinião sempre existiram, pois é usualmente de tais diferenças que emergem novos e melhores objetivos e métodos (LIKERT, 1971). Assim, conflito é definido por Montana e Charnov (2003) como a divergência entre duas ou mais partes, ou entre duas ou mais posições, sobre como melhor alcançar as metas da organização. Bem como, de acordo com Rondeau (1996), dir-se-á que existe um conflito em uma organização quando uma parte (um indivíduo ou um grupo) perceber a outra como um obstáculo à satisfação de suas preocupações, o que provocará nele um sentimento de frustração que poderá levá-lo, posteriormente, a reagir em face de outra parte. Também Dubrin (2003), traz uma definição detalhada do que significa conflito ao afirmar que é um processo de oposição e confronto que ocorre entre indivíduos ou grupos nas organizações, quando as partes envolvidas exercem poder na busca de metas ou objetivos valorizados e obstruem o progresso de uma ou várias metas. O que é facilmente percebido nas organizações sejam elas com ou sem fins lucrativos. De acordo com Daft (2002), o conflito pode ser intergrupal, trata-se do comportamento que ocorre entre grupos organizacionais quando os participantes se identificam com um grupo e percebem que outros grupos podem bloquear a realização da meta ou expectativas de seu grupo. Outra definição de conflito apropriada para o presente estudo é a de Robbins (2002) tratando-o como um processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra parte afeta, ou pode afetar, negativamente, alguma coisa que a primeira considera importante. O autor também apresenta uma caracterização da maneira como os conflitos dentro das organizações eram e são abordados, para tanto é feita uma apresentação sob três visões: a) Visão Racional: uma das visões mais antigas, na qual os seus princípios defendem que o conflito é algo lesivo à organização, sendo assim necessário evitá-lo; b) Visão de Relações Humanas: esta abordagem argumenta que o conflito é uma conseqüência natural e inevitável em qualquer grupo, não sendo necessariamente ruim, podendo ter o potencial de ser uma força positiva na determinação do desempenho do grupo; c) Visão Interacionista: trata o conflito como uma forma de contribuir positivamente para a mudança e inovação, ou seja, existe a necessidade que os líderes mantenham o nível de conflito gerenciável, mantendo também o grupo de trabalho viável, autocrítico e criativo, não necessitando evitá-los. Das abordagens apresentadas pelo autor, destaca-se a visão interacionalista como sendo a mais adequada, principalmente confrontando com a afirmação de Braga (1998, apud FERREIRA et. al., 2008) ao enquadrar o conflito nas organizações públicas como um estímulo para aumentar a qualidade tanto para os servidores como para a sociedade. 3.2 Conflito: vantagem ou desvantagem para a organização? Como deliberado por Rondeau (1996), os pontos de vista sobre conceitos e efeitos dos conflitos foram se alterando com o passar do tempo e conforme as teorias organizacionais, logo, conforme enfatiza Moscovici (2001) e Muchinsky (2004), os conflitos podem ser classificados como funcionais (aqueles que apóiam e melhoram o desempenho dos objetivos) XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 5 ou disfuncionais (aqueles que estão dentro de uma perspectiva destrutiva), ou seja, são essenciais para o progresso ou podem paralisar uma organização (LIKERT, 1971). Assim, o desafio do gestor não é reduzir ou suprimir conflitos, mas descobrir como lidar com eles construtivamente. Robbins (2003), dentro dessas categorizações, classifica os conflitos em três tipos: Conflito de Tarefa: relacionado com o conteúdo e objetivos do trabalho; Conflito de Relacionamento: relações interpessoais; Conflito de Processo: refere-se ao trabalho em si. Para Robbins (2002) níveis baixos de conflito de processo e níveis baixos e moderados de conflitos de tarefas são funcionais, demonstrando um efeito positivo no desempenho organizacional por estimular a discussão de idéias que ajudam o trabalho. Sugere assim manter em patamares aceitáveis os conflitos de tarefa e processo que são construtivos, e controlar os conflitos de relacionamento, procurando extingui-los. Em pesquisa desenvolvida nessa vertente por Ferreira et al. (2008), em uma instituição do setor público do poder Judiciário, o autor constatou altos níveis de conflito de relacionamento, indicando que 21,1% da população pesquisada, já sofreu com esse tipo de desacordo. 3.3 Fontes Fomentadoras de Conflito Conforme Daft (2002), algumas características organizacionais peculiares podem gerar conflitos, essas sendo definidas pelos fatores contextuais do ambiente, tamanho, tecnologia, estratégia, metas e estrutura organizacional da empresa. Montana, Charnov (2003) e Muchinsky (2004) expõem algumas potenciais fontes geradoras de conflito. De acordo com sua obra, o conflito organizacional é fomentado principalmente pelas seguintes variáveis: Diferenças/Incompatibilidade de metas; Competição por recursos limitados; Interdependência de tarefas; Falha na comunicação e má interpretação de informações; Diferenciação/Incongruência da estrutura organizacional; MudançaOrganizacional; Fatores externos. Montana e Charnov (2003), afirmam que a falha no processo de comunicação, acaba por fomentar conflitos organizacionais, seja devido a dificuldades do emissor em exprimir sua mensagem, passando pelo ruído externo, e até no receptor ao codificar a mensagem de forma não correta. Robbins (2003) discorda ao afirmar que a comunicação ruim não é a fonte da maioria dos conflitos, e sim as diferenças entre as pessoas e as diferenças entre os níveis organizacionais, algo que é praticamente impossível dirimir. Ou seja, mesmo que as comunicações intraorganizacionais sejam consideras eficazes, os conflitos ainda estarão presentes. Em sua pesquisa, Ferreira et al. (2008), verificou que o maior causador de conflitos organizacionais é a estrutura de divisão do trabalho, seguida de processo de comunicação e divergências pessoais. Verificando também que o volume de conflitos gerados está intimamente relacionado ao sexo masculino. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 6 3.4 Estratégias de Tratamento de Conflitos Para Robbins (2002) o perfil do indivíduo quanto sua conduta e tomada de decisões a partir do momento que está inserido em um conflito é chamada de intenções, essas ficam entre as percepções e emoções e, o comportamento explícito das pessoas. De acordo com o autor existem cinco intenções e/ou perfis de conduta distintos: Competir: desejo da pessoa em satisfazer seus próprios interesses, independentemente do impacto sobre a outra parte em conflito; Colaborar: situação em que as partes conflitantes pretendem satisfazer os interesses de todos os envolvidos; Evitar: desejo de fugir de um conflito ou tentar reprimí-lo; Acomodar-se: disposição de uma das partes em conflito de colocar os interesses do oponente antes dos seus próprios; Conceder: situação na qual cada uma das partes de um conflito está disposta a abrir mão de alguma coisa. Em contrapartida, Daft (2002) sugere a metodologia How do you handle conflict? para o delineamento do perfil dos colaboradores de uma organização no tratamento de conflitos. Metodologia essa que descreve três perfis distintos de conduta dos indivíduos envolvidos em desacordos, utilizando uma maneira mais compacta e genérica para classificar as estratégias de tratamento de conflitos. Como segue: Estratégias orientadas para a solução: concentram-se nos problemas mais do que nos indivíduos envolvidos. As soluções muitas vezes são mutuamente benéficas, sem deixar nenhuma das partes caracterizada como vencedora ou perdedora. Estratégias não confrontativas: concentram-se em evitar os conflitos, evitando a outra parte ou permitindo que a mesma tome as ações que achar melhor. Estratégias de controle: concentram-se na vitória ou em conseguir realizar as próprias metas sem consideração com a outra parte envolvida. São indivíduos que para conseguir o que querem se embasam em leis, normas e regulamentos. O perfil dos envolvidos em conflitos (DAFT, 2002), o comportamento (ROBBINS, 2002) e o potencial motivo determinante dos mesmos (MONTANA; CHARMOV, 2003), são grandes argumentos e subsídios no momento da tomada de decisões de como diagnosticar um problema entre indivíduos, grupos ou organizações. 3.5 Gerenciamento e Resolução de Conflitos Para o gerenciamento de conflitos, segundo Moscovici (2001), o diagnóstico da situação de conflito ajudará a enfrentá-lo adequadamente. Robbins (2002) denota que “[...] as evidências sugerem que o conflito pode melhorar a qualidade do processo decisório por permitir que todos os pontos sejam avaliados nas decisões importantes, especialmente aqueles pouco usuais ou difundidos por minorias”. Ainda de acordo com Schmidt e Tannenbaum (1972, apud MOSCOVICI, 2001), na diagnose do conflito, três conjuntos de variáveis precisam ser levadas em consideração, conforme Tabela 1. Natureza das diferenças Fatores subjacentes Estágio de evolução Relaciona-se aos fatos, objetivos e valores que cada indivíduo considera. Abrangem as informações, as percepções e o papel social, onde informações diferentes produzem pontos de vista incomuns, o Geralmente é composto por cinco etapas: a) antecipação; b) conscientização; XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 7 mesmo podendo acontecer com as percepções. c) discussão; d) disputa e d) conflito. Tabela 1: Diagnose de conflitos Fonte: Elaborado a partir de Moscovici (2001). Na ótica de Moscovici (2001) não existe uma maneira apropriada para a resolução de conflito. Delibera que antes de pensar numa forma de lidar com o conflito, é importante e conveniente procurar compreender a dinâmica do conflito e suas variáveis, para alcançar um diagnóstico razoável da situação, o qual servirá de base para qualquer plano e tipo de ação. Já Robbins (2002) embasado nas propriedades interacionistas sugere técnicas para administrar os conflitos, conforme Tabela 2. Após delineamento e mapeamento do tipo e gravidade dos conflitos, o autor recomenda o emprego de técnicas na resolução e, no estímulo a novos conflitos, com fito de manter níveis aceitáveis de desenvolvimento organizacional. Técnicas de Resolução de Conflitos Resolução de problemas Encontro entre as partes conflitantes, para identificar o problema e revê- lo por meio de discussão aberta. Metas superordenadas Criar uma meta compartilhada que não possa ser atingida sem a cooperação entre as partes conflitantes. Expansão de recursos Quando causado pela escassez de recursos (dinheiro, promoções, etc.) a expansão dos mesmos pode criar uma solução ganha-ganha. Não enfrentamento Suprimir o conflito ou evitá-lo. Suavização Minimizar as diferenças entre as partes conflitantes, enfatizando seus interesses comuns. Concessão Cada uma das partes abre mão de algo valioso para si. Comando autoritário/Intervenção do Superior A administração utiliza sua autoridade formal para resolver e depois comunica seu desejo para as partes envolvidas. Alteração de variáveis humanas Técnicas de mudança comportamental (treinamentos), para modificar comportamentos que geram conflitos. Alteração de variáveis estruturais Mudanças na estrutura formal da organização e no padrão de interação entre os conflitantes, por meio do redesenho de atribuições, remanejamentos, etc. Técnicas de Estímulo de Conflitos Comunicação Utilizar mensagens ambíguas ou ameaçadoras para aumentar os níveis de conflito. Inclusão de Estranhos Incluir nos grupos indivíduos com culturas, valores, atitudes ou estilos gerenciais diferentes dos predominantes do grupo. Reestruturação da organização Aumentar a interdependência através de novas regras e regulamentos. Promover um maior relacionamento entre os indivíduos. Nomear um advogado do diabo Designar um crítico que discuta, propositalmente, as posições definidas pela maioria do grupo. Tabela 2: Técnicas de Administração de Conflitos Fonte: Adaptado de Robbins (2002, p.282) A falta de treinamento e inaptidão em técnicas de resolução de conflitos, construtiva e criativamente, tem contribuído com a falta de habilidade e competência para solução dos mesmos, conduzindo ao desrespeito ou, muitas vezes, ao aumento da hostilidade e antagonismo, assim devendo-se buscar suprir essa deficiência (MOSCOVICI, 2001; BLAKE; MOUTON, 1981).4. Métodos e Técnicas de Pesquisa A pesquisa foi desenvolvida junto a um órgão público pertencente ao Poder Executivo, sendo XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 8 uma Autarquia Federal de regime especial, vinculada ao Ministério da Educação, com representatividade em toda a Federação. A aplicação delimitou-se a cidade de Campo Mourão e os colaboradores que ocupam cargos administrativos, esses representados quantitativamente na ordem de 59. Os envolvidos na pesquisa se enquadram nas classes funcionais C (exigência primeiro grau completo, população: 1 servidor), D (exigência segundo grau completo, população: 39 servidores) e E (exigência terceiro grau completo, população:19 servidores). Os servidores trabalham diretamente com outros colegas (clientes internos), bem como atendendo clientes externos. A pesquisa é caracterizada como um estudo de caso descritivo, de natureza quantitativa e as fontes de informações foram obtidas em campo utilizando questionários como instrumento para coleta de dados. Para Ruiz (2002) pesquisa descritiva tem como objetivo fundamental a descrição das características de determinada população ou fenômeno. Para Marconi e Lakatos (1999), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita a investigação de seu amplo e detalhado conhecimento. O instrumento para a coleta de dados (questionário) foi elaborado contendo perguntas fechadas, suportadas por questões de múltipla escolha e também que utilizam a escala do tipo Likert de sete variáveis. O questionário foi dividido em quatro partes, sendo a primeira relacionada à caracterização pessoal e funcional; a segunda investiga o envolvimento do servidor em algum tipo de desacordo; a terceira refere-se às potenciais fontes geradoras de conflitos e, a quarta e última parte está relacionada à conduta e estratégias de gerenciamento de um conflito, subsidiada pela metodologia How do you handle conflict?, sugerida por Quinn et al. (1990, apud DAFT, 2002). Essa metodologia avalia três estilos de administração de conflitos através de 30 itens, sendo onze orientados para a solução, doze para não confrontativas e sete para controle. Delineou-se um nível de confiança de 95%, com um erro amostral aceitável de +/- 4%, com split 80/20. Verificou-se a necessidade da aplicação do questionário para 51 servidores. Para auxiliar a validação e qualidade dos dados a serem coletados, foi realizado um teste piloto com 5 indivíduos (8,5%) da amostra a ser coletada, caracterizando, segundo Rosa (1999), a validade de face que aprova a linguagem e questionamentos existentes no formulário. Para medir a confiabilidade e consistência interna da escala utilizada no questionário (How do you handle conflict?) foi utilizado o coeficiente Alfa de Cronbach (1951, apud ROSA, 1999). Segundo o autor esse coeficiente pode variar de 0 a 1, onde 1 demonstra consistência interna de 100% e zero significa a ausência total de consistência entre os itens. Para pesquisas de natureza exploratória, a confiabilidade satisfatória é verificada para valores de Alfa de Cronbach acima de 0,55. A Tabela 3 apresenta os valores de alfa para cada estratégia. Fatores Alfa de Cronbach Estratégias Orientadas para Solução 0,55 Estratégias Não Confrontativas 0,74 Estratégias de Controle 0,58 FORM How do you handle conflict? 0,72 Tabela 3: Alfa de Cronbach para cada estratégia Para todas as dimensões verificou-se boa consistência interna com valores de Alfa de Cronbach iguais ou superiores a 0,55. Ainda foram calculados os índices de discriminação e o coeficiente de correlação item – total, para verificar se alguma variável do questionário estava inconsistente, devendo ser eliminada ou alterada. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 9 4.1 Apreciação e Discussão dos Resultados A pesquisa foi aplicada para toda população institucional do enquadramento administrativo, ou seja, 59 questionários. Desses 56 pessoas participaram da pesquisa e apenas 3 recusaram- se a responder, ou seja 94,9% e 5,1% respectivamente. Valores que validam a pesquisa estatisticamente. 4.1.1 Caracterização Pessoal e Funcional Os dados coletados na primeira parte do questionário estão relacionados à caracterização pessoal e funcional dos indivíduos, como sexo, idade, escolaridade, classe funcional e tempo de serviço na instituição. Para o delineamento da idade dos entrevistados, foram estipuladas 3 faixas etárias, de 18 até 26 anos, 27 até 36 anos e acima dos 36 anos, obtendo a distribuição de 30,4%, 42,9% e 26,8% respectivamente, evidenciando a distribuição homogênea da amostra. No entanto, observou-se que 57,1% dos entrevistados são homens. Quanto ao nível de escolaridade, 14,3% possuem ensino médio concluído, 57,1% graduação, 25% são pós-graduados em nível lato sensu e 3,6% possuem stricto sensu. Em relação às classes funcionais, 1,8% fazem parte da classe funcional C, 67,9% da classe D e, 30,4% da classe E. Paralelamente verifica-se que apesar dos cargos com classe D exigirem apenas o ensino médio para sua posse, 57,9% dos entrevistados, da respectiva classe, possuem o ensino superior completo e, 19,4% alguma especialização. Em relação ao tempo de serviço institucional dos pesquisados, 37,5% possuem entre 0 e 1 ano de serviço, 39,3% entre 1,1 e 3 anos, 12,5% entre 3,1 e 5 anos e, apenas 10,7% dos entrevistados acima de 5 anos de serviço. Estes dados evidenciam um crescimento da população de servidores acentuada nos últimos 3 anos, crescimento na ordem de 330,8% em relação aos recursos humanos existentes anteriormente. 4.1.2 Envolvimento em Desacordos A segunda parte do questionário verifica se o servidor já vivenciou um desacordo, onde 80,4% dos respondentes dizem que sim. Cruzando com a variável gênero, 84,4% dos homens e 75% das mulheres já participaram de conflitos. Torna-se importante ressaltar que 93,3% dos indivíduos com mais de 37 anos de idade se envolveram em alguma situação de conflito. Considerando a variável tempo de serviço, 85,7% dos colaboradores com tempo de trabalho entre 3 e 5 anos e, 100% dos com mais de cinco anos, se envolveram em desacordos. Em contrapartida 90,9% dos colaboradores que não se envolveram em desacordos têm menos que 3 anos de trabalho institucional. Assim, se verifica que o tempo de trabalho na instituição é fator natural para o envolvimento em conflitos organizacionais. Segundo as classes funcionais dos servidores, 86,8% da população que compõe a classe D e, 64,7% da classe E já participaram de desacordos. Cruzando essas informações com a variável gênero, 66,7% dos servidores da classe D são homens e, 63,6% da classe E são mulheres, evidenciando que a participação do gênero feminino com maior classe funcional se envolveu mais representativa em conflitos. Destaca-se ainda que 93,8% dos pós-graduados participaram de conflitos, por outro lado 75% dos titulados com ensino médio e superior se envolveram em algum tipo de conflito, demonstrando que a capacitação e formação educacional dos colaboradores pode influenciar no envolvimento em discussões. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 104.1.3 Circunstâncias Fomentadoras de Conflito A terceira parte tem como fito o mapeamento das potenciais fontes geradoras de conflitos. Os colabores que se envolveram em conflitos indicam que 29,4% são relacionadas a orientações cognitivas e emocionais divergentes, incompatibilidade de habilidades, cultura e personalidades. Motivo esse, relacionado a conflitos de relacionamento, ou seja, conflitos disfuncionais, que prejudicam e comprometem o desenvolvimento organizacional. Devendo assim, receber atenção especial dos gestores de Recursos Humanos da instituição. Cruzando esses dados com a variável gênero, constatou-se que 51,4% dos participantes nesse tipo de conflito são homens. A incompatibilidade de metas organizacionais e departamentais também responde por 20,2% das fontes fomentadoras de conflitos, problema esse relacionado aos conflitos de tarefa e processo. Devendo também receber atenção dos gestores estratégicos, com fulcro de manter esses níveis de conflitos controláveis, agregando assim experiência, desenvolvendo os modelos de gestão e otimizando processos da organização (MUCHINSKY, 2004). Outro fator representativo na consecução de conflitos foram às exigências abusivas, com 15,1% dos apontamentos. Isso devido à estrutura organizacional obsoleta, rígida e altamente burocratizada de instituições de ensino superior, com muitos espaços de poder, onde alguns funcionários assumem acúmulos de cargos, podendo gerar problemas relacionados a sofrimento, medo e ansiedade nas relações de trabalho (BUENDÍA, 2003 apud LAZZAROTTO et al., 2009; DEJOURS, 1992). Como última característica representativa na criação de conflitos, com 13,4% estão os problemas advindos do ambiente externo. Segundo Dejours (1992), esses problemas são manifestados por influência do trabalho, sendo uma contaminação involuntária do tempo fora da organização. 4.1.4 O Colaborador Administrando Conflitos Ao fim da coleta de dados do primeiro questionário, verificou-se que dos 56 servidores que participaram da pesquisa, 91,1% adotam estratégias orientadas para a solução no trato de seus conflitos, outros 7,1% estratégias não confrontativas e apenas 1,8% estratégias de controle. Nota-se que a amostra de indivíduos que procuram diagnosticar os problemas sem se preocupar em demasia com as outras pessoas envolvidas no conflito é extremamente representativa, fator esse que se torna facilitador na gestão e diagnose dos conflitos organizacionais (DAFT, 2002). Após o tratamento estatístico dos dados obtidos na coleta realizada, pode se verificar na Figura 1, que as dispersões com maior valor em cada elemento, caracteriza a estratégia de administração de conflitos adotada pelo servidor. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 11 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 colaborador índ ice s Orientados para Solução Não Confrontativas Controle Figura 1: Índices das estratégias de administração de conflitos Dentre os 51 colaboradores que adotam estratégias orientadas para a solução, vale salientar que 60,8% apresentam características emergentes de controle, ou seja, em alguns desacordos, dependendo de sua natureza, se concentram na vitória ou em conseguir realizar as próprias metas com pouca ou nenhuma consideração com a outra parte envolvida no desacordo. Os outros 39,2% denotam características não confrontativas. Também se verifica que 78,4% dos colaboradores vivenciaram desacordos. Diante da variável gênero, 56,9% são homens e, considerando as suas populações totais, os homens em sua maioria, 90,6%, têm perfis orientados para solução, bem como as mulheres com 91,7%. Paralelamente, quanto à variável escolaridade, 86,3% dos colaboradores com esse perfil possuem ensino superior ou alguma especialização. Ou seja, os adeptos dessa estratégia possuem níveis de instrução significativos. Também se pode verificar que 74,5% dos indivíduos tem entre 0 e 3 anos de tempo de trabalho, são mais flexíveis e aptos a acordos ganha x ganha e perde x ganha. Uma das fontes dessa maleabilidade pode estar vinculada ao período de seus estágios probatórios, ou seja, os três primeiros anos. Em relação às classes funcionais, a análise refere-se à população total de cada uma das classes, constatando assim que 100% dos colaboradores classe C, 92,1% dos colaboradores classe D, bem como 88,2% dos lotados na classe E estão nesse perfil de administração de conflitos. Ou seja, em sua grande maioria os colaboradores independentes de suas classes funcionais têm perfis orientados para solução de problemas. Dentre os que adotam estratégias não confrontativas, estão 7,1%, ou seja, aqueles que concentram-se em evitar os conflitos. Apenas 1,8% da amostra adota tendências de controle quando inserido em um conflito, ou seja, concentra-se na vitória ou em conseguir realizar as próprias metas sem consideração com a outra parte envolvida. 5 Considerações finais Este artigo teve por objetivo colaborar com a área de Gestão de Pessoas em organizações públicas, procurando fornecer subsídios que possam contribuir com o planejamento e XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 12 manutenção do capital humano, atualizar e aperfeiçoar os modelos de gestão e desempenho da respectiva área, tornando-a mais participativa e eficiente, bem como denotar a importância do conhecimento e administração dos conflitos organizacionais. Dessa maneira, de acordo com Júnior (2003), colaborando para o alcance dos interesses públicos e necessidades sociais. Não há a pretensão de generalizar as conclusões até aqui apresentadas, mas procurar um embasamento para o tema proposto, procurando verificar, empiricamente, a teoria adotada em face da realidade encontrada na instituição foco desse estudo. Portanto, se verifica que a instituição possui altos níveis de conflito organizacional, bem como, características que denotam a existência de um ambiente que estimula conflitos funcionais e disfuncionais. Apesar da volumosa ocorrência e participação dos colaboradores em desacordos, é relevante observar que em relação à totalidade dos conflitos existentes, os de caráter funcional representam a maior parte das ocorrências. Cabe à instituição buscar controlar os conflitos funcionais, ou seja, os conflitos de tarefa e processo. É conveniente salientar que os desacordos funcionais devem ser conservados em níveis aceitáveis, já que tendem a proporcionar um melhor desempenho do grupo. Já, a organização deve buscar extinguir os desacordos disfuncionais, pois referem-se a conflitos de relacionamento, que são prejudiciais ao desenvolvimento organizacional, representando o maior motivo desencadeador dos conflitos. A organização deve preparar os servidores e os seus superiores para enfrentarem estes conflitos. Caso seja necessário, também utilizar o remanejamento dentro da organização para os casos de conflitos de relacionamento que não forem sanáveis, objetivando procurar formar grupos que trabalhem com maior afinidade. Logo, é importante denotar que apesar de pouco representativa, as exigências abusivas, segundo Hirigoyen (1999, apud LAZZAROTTO et al., 2009), são características desencadeadoras de grandes e intensos problemas, causando danos à personalidade, à dignidade, à integridade física ou psíquicade uma pessoa, colocando em risco o emprego desta ou degradando o clima de trabalho. Logo, as ações e tomada de decisões para essa disfuncionalidade devem ser ágeis, eficientes e eficazes, com fulcro de extinguí-las (DEJOURS, 1992). É importante ainda frisar, que de maneira geral os resultados apontaram a necessidade de maior atenção aos indivíduos que apresentaram índices consideráveis no que diz respeito ao envolvimento em conflitos de relacionamento. A existência de colaboradores com características orientadas para solução de desacordos ficou evidente, demonstrando assim, que para os gestores a tarefa de diagnóstico e manutenção de conflitos organizacionais se dá com maior facilidade, simplicidade e agilidade (DAFT, 2002). Ainda constatou-se que os servidores com maior tempo de serviço na instituição, com idade mais avançada e com o nível de instrução mais alto, foram os maiores envolvidos em conflitos organizacionais. Logo, segundo Dubrin (2003) nas organizações públicas os conflitos gerados devem ser diagnosticados para somente posteriormente se definir a melhor forma de tratá-los. O trabalho individual com cada colaborador pode ser realizado, para fomentar ou racionalizar características pessoais quando verificado o comprometimento do trabalho e necessidade de mudanças comportamentais, devido a altos níveis de conflito e agressivas condutas de comportamento. Pois, segundo Davis e Oliveira (1994), os comportamentos podem ser estimulados e condicionados. Informações que podem ser transformadas em inteligência gerencial, utilizada para delinear estratégias de otimização do clima organizacional, com indicadores representativos e válidos, XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 13 melhoria da qualidade de vida no trabalho e maximização dos níveis de satisfação dos colaboradores. Sumariando, averigua-se a necessidade de se aprofundarem as pesquisas sobre o tema, para que a complexidade do indivíduo e seu comportamento no ambiente corporativo continuem sendo desvendados rumo ao incremento do conhecimento das melhores práticas administrativas que permitam às organizações um eficiente e eficaz gerenciamento deste fenômeno. Referências ANDRADE, M; SANTOS, V. M. Gestão de Pessoas no serviço público federal: o caso do núcleo de documentação da Universidade Federal Fluminense. 2004, Natal. 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