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Estética e história da arte contemporânea - Online

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Estética e história da arte contemporânea
Aula 01: Estética e história da arte contemporânea
Antes de mais nada, é bom registrar que o homem sempre produziu arte. A arte tomou formas, e foi compreendida de maneiras diferentes ao longo do tempo. Porém, jamais o homem produziu tantas imagens quanto produz hoje, que vivemos a “civilização da imagem”.  Profissionais da imagem precisam estar sempre familiarizados com a arte. No campo da arte se dá as pesquisas e gerações de novas imagens.
Entender os mecanismos da arte de hoje, além de um diferencial, é uma ferramenta para o trabalho. Seu domínio pode representar uma vantagem profissional, além de permitir acesso a uma fonte de ideias para trabalhos relacionados. 
Para compreender isso, vamos estudar como a arte chegou a ser o que é hoje. Antes de começarmos a estudar essa história, vamos falar, de modo resumido, do pensamento que acompanha a arte. A estética é o ramo da filosofia que estuda a arte.
O nascimento do conceito de estética
A reflexão filosófica sobre a arte nasceu na Grécia, no século VI a.C. Os primeiros filósofos, chamados de físicos, por Aristóteles, fundaram uma tradição de investigação da natureza.
No século V a.C. os sofistas introduziram o ponto de vista reflexivo-crítico, característico da filosofia. Sócrates os criticou por sua falta de rigor e principalmente por usar a habilidade de raciocínio para confundir os adversários - e se beneficiar disso. Sócrates foi o primeiro a indagar a respeito do que seria uma pintura.
Platão, discípulo de Socrátes, problematizou em seu livro A república, a existência e a finalidade das artes, ligando-as ao problema mais geral da realidade e do conhecimento, do sentido da beleza e da vida psicológica e moral, assim como os pré-Socráticos tinham problematizado anteriormente a natureza.
Aristóteles, discípulo de Platão, desenvolveu em seu livro Poética ideias relativas à origem da poesia e à conceituação dos gêneros poéticos, representando uma primeira teoria da arte.
Podemos dizer que a doutrina de Platão condensou a experiência do Belo, alcançada pela cultura antiga: O princípio da imitação, para definir a natureza da arte, o estético para estabelecer as condições necessárias de sua existência e o moral para julgar seu valor.
Ela se baseou, portanto, no que chamamos de princípios da beleza clássica:
Na Grécia em geral, as artes deviam representar o que é belo, tanto no sentido estético como moral, para que o espírito, estimulado pelo prazer da contemplação do perfeito, sinta-se inclinado à prática dos conhecimentos e da verdade.
Veremos como essas noções, pensadas por essas tribos gregas, foram influentes em nossa arte e ainda constituem hoje uma base de referência e compreensão do gosto popular.
Logo, nas épocas clássicas, a estética era definida como a “filosofia do belo”.
O belo era uma propriedade do objeto, que era captado e estudado, subdividindo-se entre o belo da arte e da natureza. 
Influenciada por Platão, a filosofia estabeleceu uma hierarquia entre esses dois belos, considerando que o belo da natureza tinha primazia sobre o da arte.
Observe: Platão não foi capaz de julgar com equidade as artes plásticas, tendo-as identificado com as artes miméticas que apenas imitavam a aparência sensível do mundo dos corpos.
"A filosofia platônica não era simpática às artes. A filosofia platônica considerava que as artes de “imitação por cópia ou por simulacro” tendiam a duplicar inutilmente o mundo sensível ou, ainda, induziam em erro o nosso olhar. Por isso, na República (de Platão) ideal não eram bem vistas as artes de “imitação por cópia ou por simulacro”, entre as quais incluíam-se a pintura e a escultura."
Para Platão, a obra de arte não devia pretender alcançar uma categoria mais elevada do que a da “imagem” por se opor ao conceito de “ideia” que caracterizava o “conhecimento verdadeiro”.
Para Platão: 
Idade Média: Com a queda do Império Romano e com a dispersão do pensamento, não se discutiu a questão estética. O belo era considerado pertencente a Deus e não era considerado nas discussões sobre as artes, que tinham por função transmitir a doutrina cristã para os que não sabiam ler.
Renascimento: O Renascimento surgiu com o fim do período conhecido por “Idade Média” conjuntamente à filosofia denominada Humanismo. Nesse período, o belo retorna à esfera das artes por meio de outro conceito, o de natureza. Passa a ser tarefa do artista, identificar e destacar da natureza os belos aspectos da criação divina.
Conceito de estética: O conceito de estética surge como uma disciplina filosófica com A. G. Baumgarten, no século XVIII, conceituada como ciência do belo e da arte, mas vai ganhar importância com a contribuição de Kant. Foi ele quem estabeleceu a autonomia desse domínio do belo.
Logo, o belo converteu-se, depois de Kant, na questão da experiência estética, que passa a ser interpretada pelas diversas tendências do século XIX. Já Hegel, no século XVIII, elaborou um sistema filosófico e contribuiu para fazer dessa filosofia o que ela é hoje: uma reflexão que tem, como um de seus fins últimos, justificar a existência e o valor da arte.
Vamos agora, apresentar os conceitos mais importantes da evolução da estética:
Influência Kantiana:
Por influência de Kant, os pensadores subdividiram o campo estético. Kant cria um sistema focado, não na definição do belo, mas no estabelecimento da “Crítica da capacidade de julgar”. A reflexão sobre a beleza assume a forma de uma descrição da consciência estética, da impressão produzida pela obra. O entendimento estético passa a ser considerado ligado à imaginação e contrasta agora o belo com o sublime. Na verdade este fato não era novo. Aristóteles havia considerado a comédia como associada à “arte da desordem”, aproximando-a do “feio” e contrapondo-a à harmonia convencional, sem, no entanto, deixar de entendê-la como estando inserida no campo estético.
A ideia do sublime funda uma estética nova, que supera a definição clássica do belo. A obra de arte em vez de imitar a natureza, passa a tornar visível um mundo desconhecido.
O sentimento do sublime nasce do deleite, do arrebatamento ou êxtase misturada a certa dose de terror originado pelo espetáculo do desconhecimento e do poder da natureza.
Pensamento Kantiano:
O pensamento pós-kantiano, no entanto, começou a inquirir se era válido definir a estética como “filosofia do belo”, já que o campo estético incluía categorias que nada tinham a ver com a beleza, como no caso do cômico. Propuseram estes filósofos, então, a categorização da estética como uma ciência, substituindo a palavra “belo” por “estético”.
Da “filosofia do belo e da arte” surgiu a “ciência do estético”, passando a incluir todas as categorias pelas quais os artistas e pensadores haviam refletido, assim como o trágico, o sublime, o gracioso, o risível e o humorístico, reservando para a denominação de belo aquele modelo clássico definido pela harmonia e pelo senso de proporção.
Idealismo Hegeliano
No Idealismo Hegeliano, com seu pensamento de substrato platônico, o conceito de estética passou a considerar o belo da arte como sendo superior ao belo da natureza. Para o pensamento hegeliano, a beleza artística revelava uma maior dignidade do que a beleza natural, pois enquanto a natureza era nascida uma vez do espírito, a arte nascia duas vezes do espírito. Considerava a beleza da natureza uma coisa distinta e assim a estética passou a ser considerada uma “filosofia da arte”. 
E, como consequência, a arte passou a ser percebida como uma forma de manifestação do pensamento visual.
Para Hegel o belo não é mais um julgamento da origem subjetiva, mas uma ideia que existe na realidade. A arte será, como a religião e a filosofia, uma das manifestações do espírito. E o belo será a manifestação sensível, numa obra de arte histórica, desse espírito.
Logo, a “filosofia da beleza” clássica foi reformulada pelas observações da estética pós-kantiana sobre as obras de arte baseadas no feio e no mal. 
A estética, após Hegel,passou a ser um conceito capaz de compreender finalmente, o amargor e a aspereza das obras de Rimbaud, Goya, Bosch, Brueghel, da arte africana, do Barroco, do gótico e do românico, do Cubismo, do Dadaísmo e do Expressionismo. 
Da arte moderna e contemporânea, com seus aspectos monstruosos e contraditórios. Na modernidade, a estética passou a ser também identificada com o grotesco, representando uma reformulação da filosofia inteira ante a beleza e a arte.
Na modernidade os conceitos que eram empregados no passado, para categorizar as obras de arte, passaram a ser indeterminados quanto:
Aos gêneros;
Às formas; 
Aos períodos ou estilos;
Ou movimentos.
Vários dos novos movimentos que surgiram então tinham as mesmas características dessas classificações e eram evidentemente diferentes, não só formalmente, como oriundos de pensamentos e situações sociais diferentes. Assim, as novas formas levaram críticos e historiadores a criar novas classificações.
A expressão e a experiência da obra de arte passaram a não mais ser definidas pelo uso de simples pares de adjetivos como belo e feio, requintado ou grosseiro, leve ou pesado. Isso representou motivo de confusão para o espectador leigo e desavisado. Nesse contexto, na modernidade aumentou a importância do crítico de arte, que “explica” para os não especialistas os trabalhos aparentemente incompreensíveis e os classifica para facilitar sua compreensão. Atua também como guia para os investidores que surgiram com o desenvolvimento do conceito moderno de indivíduo, do público apreciador e colecionador de arte e dos lucros.
Já na pós-modernidade, diversas possibilidades estéticas e antiestéticas coexistem em um mesmo tempo e lugar, de modo diverso do passado. Essa situação é caracterizada por críticos como Pluralismo. 
Na atualidade a crítica utiliza, para elaborar suas teorias e propor classificações, conceitos filosóficos e estéticos, tanto antigos como novos, estreitando a relação entre arte e filosofia.
A estética e a modernidade
Segundo os críticos e historiadores, a afirmação consciente de um “olhar puro” surge com Manet, no domínio da pintura impressionista, revelando uma afirmação da onipotência do olhar criador. 
Esse olhar, definido pela mestria do artista sobre aquilo que lhe pertencia em particular, ou seja, a forma e a técnica enquanto um fim exclusivo da arte e como uma espécie de retorno reflexivo e crítico dos produtores sobre sua própria produção, era capaz de se aplicar a qualquer tipo de tema, confrontando-se com a tradição acadêmica que valorizava certos temas nas pinturas.
Antes de Manet, o Realismo de Courbet passou a retratar temas sociais e pessoas simples. O Impressionismo passou a pintar objetos “insignificantes” que se tornam pretexto para o artista criador exercer seu poder “semidivino de transmutação”.
No Modernismo foi superada a concepção acadêmica de que havia temas dignos de serem representados. A atenção volta-se para o modo como foi representado e, posteriormente, para como foi pintado. 
O desenvolvimento desse caminho resultou em uma arte não mimética ou na arte abstrata moderna, que atingiu o seu ápice no Expressionismo abstrato norte-americano.
Mas a pintura continua existindo hoje, tanto figurativa como abstrata, como uma espécie de geradora de significados novos que refletem por sua vez as novas formas geradas na sociedade contemporânea.
Ainda no século XX, a atitude modernista de Marcel Duchamp no dadaísmo e contemporânea de Andy Warhol na pop arte, de exporem “objetos do mundo” como obras de arte, representou um tratamento de choque que indicou uma onipotência da atitude “criadora pura” do artista, retratando o vulgar, o medíocre e o cotidiano.
Mas o mictório de Duchamp e as latas de sopa Campbell de Warhol deviam suas estruturas formais e seu valor estético somente à estrutura do campo intelectual onde se situam muitos trabalhos da arte conceitual e da arte contemporânea também. Cada um com suas implicações estéticas próprias, relacionadas a condições históricas, sociais e espaciais próprias.
Na atualidade, todos esses desenvolvimentos relacionam-se entre si, somados aos desenvolvimentos da pintura, da escultura, da fotografia e de outras formas de arte. Assim a arte assume hoje, e continuará assumindo, formas muito variáveis na chamada “Civilização da Imagem”. Para compreendê-la é fundamental o conhecimento dos caminhos que a geraram.
A produção e o consumo de obras resultante das “vanguardas” modernistas e pós-modernistas, que se caracterizavam por rupturas históricas com a tradição artística clássica, tendem, no entanto, a se tornar também históricas, apesar de seu caráter eminentemente não-histórico de formalismo.
Andy Warhol usou ícones da cultura popular desenvolvida no pós-guerra, para produzir uma arte inovadora em oposição ao predomínio que havia da arte abstrata do período. Rompeu assim com a separação entre Alta Cultura e Cultura Popular.
Esta disciplina pretende mostrar o processo histórico refletindo uma percepção diacrítica da obra de arte, ou seja, uma postura atenta às relações estabelecidas com outras obras modernas, contemporâneas e também do passado. Isso vai permitir a você o acesso a uma análise das manifestações das artes visuais modernas e contemporâneas e suas relações com as diferentes sociedades que as produziram.
Aula 02: A história da arte: da antiguidade à arte moderna
Provavelmente um baile funk está mais próximo da ideia do que poderíamos chamar de arte na “Idade da Pedra Lascada” do que as pinturas que decoram os lares modernos. Isso porque as imagens que conhecemos hoje eram feitas em locais aonde os grupos humanos iam para uma espécie de ritual, as cavernas, muitas vezes de difícil acesso.
Eles eram nômades que viviam atrás da caça e da colheita de frutos. Assim como falamos em “tribos” quando nos referimos aos grupos que promovem suas identidades por meio de roupas, códigos e símbolos, esses grupos promoviam sua identidade nesses encontros, com rituais que incluíam músicas, danças e bebidas.
O que é salientado aqui é a proximidade que temos com esses nossos ancestrais.
Ela ajuda-nos a compreender as dificuldades que homens e mulheres têm para se adaptar às novas funções que a sociedade moderna, que está sempre em transformação, nos atribui e exige. Nesse sentido, todos estão convidados a pensar do ponto de vista das imagens a nossa própria condição, por meio de uma característica humana: desde que o homem existe, ele produz arte.
Estudar suas variações, o que, como e em quais condições consideramos algo como arte pode nos ajudar a entender a nós mesmos um pouco melhor.
Esse homem primitivo, do período Paleolítico, produzia essas imagens não com o intuito de decorar suas cavernas, mas como parte de rituais mágicos. O objetivo seria o sucesso nas caçadas ou, talvez, para que a caça surgisse novamente com o fim da Era Glacial. 
O fato é que ao observarmos essas imagens hoje percebemos que aquele homem que desenhava conhecia muito bem esses animais e como representá-los. Provavelmente dedicava parte de seu tempo à coleta de terras e vegetais e à produção de pigmentos, gorduras e instrumentos. Daí a suposição de que esse “artista” foi provavelmente muitas vezes o feiticeiro e também talvez o chefe da sua tribo.
A primeira revolução que temos notícia na evolução do homem moderno teve início com a transição para o período a que denominamos Neolítico. Essa revolução deu-se com a conquista do domínio sobre a agricultura e os animais.
O homem do neolítico aprendeu a cultivar o solo, a domesticar os animais e assim abandonou a vida nômade e passou a se fixar em locais mais propícios. Logo desenvolveu as primeiras indústrias: cerâmica, pesca - anzol -, tecelagem – agulha -, construção de habitações e armas. Com a agricultura esses homens começaram a prever o tempo e, com isso, desenvolveram a capacidade de abstração. 
Surgiram então os primeiros indícios da maior abstração criada pelo homem: a crença em uma vida após a morte. O homem do Neolítico passou a cultuarseus mortos.
Pouco nos restou dessa arte produzida em aldeias, que não ficou protegida nas cavernas como a do período histórico anterior. Aferimos muito sobre esses povos a partir dos poucos objetos que encontramos e pelos estudos realizados principalmente no século XX por antropólogos que estudaram tribos ditas “primitivas” na América do Sul, na Austrália, na Oceania e na África. 
Acabamos de falar em período histórico. A história acontece hoje e sempre, mas ligamos o conceito de história à escrita, pois é quando os fatos se tornam memoráveis (eles são escritos). Então, com o surgimento da escrita, passamos da pré-história para a história.
A antiguidade
As estátuas gregas do período de formação da cultura grega apresentam semelhanças com as estátuas egípcias, mas como os gregos sentiam falta de expressão, criaram o “sorriso arcaico”, esse estranho sorriso nas estátuas chamadas corus.
A antiguidade clássica
Os gregos eram mercadores, já que o solo grego é montanhoso e pouco propício à agricultura. Assim, fizeram uma espécie de inventário das culturas dos povos antigos. Depois a sintetizaram, adaptaram e desenvolveram seus conhecimentos.
Mas até hoje permanece um tanto quanto inexplicável como essas tribos de jônicos, dóricos e coríntios conseguiram atingir tão alto grau de desenvolvimento cultural, vários séculos antes de Cristo.
A Grécia clássica é considerada o berço da cultura ocidental. Havia conhecimento dos efeitos ópticos. O Parthenon, por exemplo, possui linhas horizontais ligeiramente curvas - abauladas: chega a 6cm a mais no meio da parte frontal e 10cm na lateral. Assim parece ter linhas retas e não fica achatado e “corrige” a ilusão de óptica.
A distância entre as pilastras são maiores no centro do que nos cantos.
Somos todos gregos.
A Grécia produziu os conceitos de história, filosofia, arte e tentou explicar o da vida, por meio dos mitos e do destino. No campo da arte surgiu o teatro e há um notável desenvolvimento técnico da arquitetura, da pintura - segundo os textos - e da escultura.
O escultor Fídias elevou o status do artista plástico ao mesmo nível do poeta e do músico. Depois dele o escultor Policleto desenvolveu o cânone das proporções humanas, utilizado até hoje nos cursos de artes, possibilitando criar esculturas com as proporções humanas consideradas ideais. A cultura grega expandiu-se com as conquistas territoriais de Alexandre, o Grande.
Posteriormente os romanos invadiram a Grécia e, se a conquistaram militarmente, são conquistados por ela culturalmente. Adotaram seus hábitos e até seus deuses, criando a cultura greco-romana, que chegou até nós. 
A Roma Imperial “importou” os artistas gregos e desenvolveu a arte dos retratos. Se na Grécia os deuses recebiam a forma de homens ideais, em Roma os homens eram idealizados para se tornarem deuses na figura dos governantes. 
Se os egípcios representavam o que sabiam, os gregos reproduziam o que viam. Essa capacidade foi perdida quando o Império Romano ruiu, e só foi reconquistada na Idade Moderna, no período conhecido como Renascimento.
Chamamos de Arte Cristã Primitiva a arte dos povos romanos convertidos ao cristianismo, junto com o Imperador Constantino. No Ocidente, com a instabilidade dos novos reinos, envolvidos em conflitos e sem recursos para manter artistas profissionais, ocorreu um declínio técnico com o desaparecimento da profissão do artista. 
As imagens dessa arte apresentam muitos símbolos do cristianismo primitivo. Em geral com uma força expressiva muito grande, advinda da fé simples.
Já em Bizâncio, com os artesãos da Corte, preservam-se os livros e as técnicas, mas um grupo iconoclasta proclamou que as representações ficariam proibidas, para não serem confundidas com as representações dos deuses pagãos. 
Na parte ocidental do Império Romano essa orientação não era seguida quanto às pinturas, consideradas úteis porque ajudavam a congregação a recordar os ensinamentos que os fiéis haviam recebido. 
“A pintura pode fazer pelos analfabetos o que a escrita faz para os que sabem ler.” Papa Gregório, O grande.
Ano 1000
Por volta do ano 1000, o mapa da Europa já começa a se parecer com o que conhecemos atualmente. 
Havia então certa estabilidade com a formação de reinos e feudos. Como o cristianismo era a religião dominante, iniciou-se uma onda de construção de igrejas, que eram a maior edificação de cada aldeia medieval e motivo de orgulho e competição entre vilas. 
São aproveitadas muitas bases de antigas basílicas romanas e inicia-se uma recuperação dos conhecimentos tecnológicos das construções. Há destaque para o Império Carolíngeo. Por esse tempo livros eram artigos caros e raros.
Ano 1150
Por volta de 1150, na Ille de France, uma inovação técnica funda o estilo chamado de gótico. Tratou da descoberta de que se poderia jogar todo o peso do telhado sobre as colunas e da substituição do arco de plena volta pelo arco ogival na construção dos problemáticos telhados. Puderam assim fazer construções mais altas com menos peso e material.
Esse estilo desenvolveu-se pelos séculos seguintes e culminou na construção de igrejas altíssimas como a de Notre Dame, em Paris. É cheia de arcobotantes e contrafortes, que caracterizam a arquitetura desse período.
Nos telhados dessas igrejas encontram-se as gárgulas, que eram as saídas de água. Eram figuras monstruosas, utilizadas para simbolizar os demônios que infestavam o mundo e que não podiam entrar na igreja, onde o fiel estava protegido. 
Com essas encomendas e algumas outras que decoravam as igrejas, começaram a aparecer artesãos habilidosos que viajavam vendendo seus serviços. Essa tradição acabou por despertar a carreira de artista profissional, que estivera extinta, exceto em Bizâncio, para os poucos artistas da Corte.
Isso explica em parte o surgimento de tantos artistas quando as mudanças da transição do regime feudal para o capitalista ou da Idade Média para a Idade Moderna se tornaram efetivas. A escultura atingiu grande desenvolvimento, pois havia na Itália diversos exemplos. Na pintura, Giotto pinta pela primeira vez cenas em lugar de histórias.
A Renascença
O Renascimento - ou Renascença - é marcado por uma corrente de pensamento chamada de Humanismo, que traz uma valorização do ser humano e da natureza, em oposição ao sobrenatural cultuado na Idade Média.
Pré-Renascença – Período transição da idade média pra idade moderna
No período conhecido como Renascença, o escultor Donatello utilizou as estátuas para estudar as proporções e criar novas estátuas equestres, o que não acontecia desde a Antiguidade clássica. Sandro Botticelli destacou-se na transição da primeira fase para a alta Renascença, fazendo a ligação de temas cristãos com temas clássicos, em pinturas de figuras elegantes e lineares.
Idade Média: Basílica cristã primitiva foi adaptada dos tempos romanos e transformada em complicado desenho octogonal em Bizâncio.
Época românica: Pesados templos com poucas janelas e grossas paredes.
Gótico: Altíssimas igrejas que valorizavam a noção de infinitude.
Renascimento: De posse de todos esses conhecimentos técnicos desenvolvidos, a ideia de arquitetos como Brunelleschi foi no sentido de refinamento estético, retornando aos conceitos clássicos de equilíbrio, harmonia e mantendo a ideia de proporção entre as partes, a partir de relações matemáticas e compreensíveis de todas as vistas das construções.
A ideia de Renascimento vem da ideia de renascer da cultura clássica ou greco-romana. Iniciou-se por volta do final do século XIV e durou até o início do século XVII, com muitas variações entre as diferentes regiões da Europa. No desenvolvimento da arte Renascentista, houve: fase de desenvolvimento, o pré-renascimento; fase de solidificação, o alto renascimento; fase de transição, maneirismo.
O espírito de interpretação científica do mundo levou - na pintura - ao surgimento de diversas inovações, como a perspectiva, a composição piramidal, a pintura a óleo e o claro escuro (chiaroscuro), que ajudaram a criar a ilusão de volume noplano da tela e iniciou uma tendência à busca de um maior naturalismo na representação das imagens.
Leonardo da Vinci
No alto Renascimento conhecemos a obra de muitos grandes artistas que consolidam essas descobertas. Leonardo da Vinci é o homem renascentista por excelência. Foi engenheiro, biólogo, escultor, pintor, arquiteto e um grande inventor. Em sua pintura a óleo mais conhecida, a Mona Lisa, podemos ver a composição piramidal, a maestria no uso do sfumato.
Monalisa: Leonardo inventou e usou a técnica do sfumatto. Ele não terminou de desenhar os cantos dos olhos e a boca da figura. Deixa essas partes imersas em sombras “esfumaçadas” e o observador completa a imagem. Esse recurso – de deixar para o observador a tarefa de completar a imagem - foi compreendido somente no século XX pela teoria da Gestalt (psicologia da forma). Mas na arte foi “inventada” por Leonardo no Renascimento e desenvolvida depois no Barroco por Velasquez, Rembrandt e usada em outras técnicas pelos impressionistas na arte moderna.
Santa Ceia: As composições renascentistas partiam da forma triangular. Os apóstolos são agrupados três a três formando triângulos e a própria imagem do Cristo parece um triângulo central, com as linhas de perspectiva convergindo para a sua cabeça.
Michelângelo: Michelângelo considerava que a tarefa do escultor era a de remover as partes que ficavam ao redor da imagem e que ele visualizava ainda no bloco de mármore. Ficou conhecido como “O Divino”. Atuou como pintor no teto da Capela Sistina no Vaticano (a imagem de Deus ainda hoje presente na infância).
Somete no renascimento ressurgem artistas “famosos”: Na Antiguidade Fídias tornou-se célebre ao dominar com maestria a arte de esculpir em formas proporcionais consideradas ideais às imagens dos deuses. A ele se seguiram muitos outros, como Praxístoles, Míron, Policleto, Lisipo e Escopas, que também se destacaram por seu talento. Somente no Renascimento voltamos a ter artistas cuja fama conquistada fez com que seus nomes chegassem até nós.
Raphael ficou famoso não só pelo domínio das técnicas como também por sua capacidade de criar arranjos harmoniosos com enormes grupos de personagens.
Já Ticiano, em Veneza, inovou equilibrando os arranjos com cores e objetos. O Maneirismo tem sido reexaminado, mas tende a ser visto como uma fase de transição e do surgimento de novas pesquisas. El Greco, Tintoretto, Parmigianino, Holbein (pintores) e Celinni (escultor) são alguns exemplos de artistas desse período.
O Barroco
René Descartes: “Penso, logo existo”.
No século XVII inicia-se o período conhecido como Barroco. Ocorreram então grandes mudanças na estrutura do pensamento ocidental com a revolução científica.O mais influente filósofo foi René Descartes.
Com esse espírito os pensadores deixaram de acreditar em dogmas e passaram a aceitar apenas aquilo que podia ser experimentado ou compreendido racionalmente. Há então uma mudança da concepção aristotélica - defendida pela Igreja - de um mundo ordenado, limitado e imóvel, para a de um mundo em constante movimento, segundo Newton, Galileu Galilei, Kepler, Leibnitz, entre outros.
A arte barroca desenvolveu as técnicas renascentistas no sentido da dramaticidade, intensidade e emoção, de maneira completamente diferente das formas estáveis, da composição equilibrada e muitas vezes estéticas, utilizada pelos mestres renascentistas, mais racionais e menos emocionais que os barrocos. É caracterizada por suntuosidades, exageros ornamentais, efeitos de claro/escuro, de movimento, de contrastes e cores.
A origem da palavra “barroco” é irregular, contorcido, grotesco.
É o resultado na arte dos diversos acontecimentos do período, como restabelecimento de um catolicismo forte em desacordo com o novo papel da ciência, como resultado da contrarreforma e o estado Absolutista.
A arte barroca desenvolveu-se de modo diverso em locais como: 
Na Holanda, com a Reforma desapareceu o principal cliente, a Igreja. Os artistas começaram a fazer seus quadros sem encomendas e os levar para vender nas feiras, de modo semelhante ao que ocorre hoje. 
Surgiram então os pintores de gênero, entre os quais “Veemeer Van Delf”, mestre da luz, que acaba com os últimos vestígios de ilustrações bem humoradas e de cenas anedóticas, pintando mulheres em afazeres diários simples, porém cheios de dignidade. Com as naturezas mortas produzidas pelos artistas holandeses, começou-se a demonstrar que o tema de uma pintura é muito menos importante do que se pensava.
Na escultura do período há destaque para Lorenso Bernine, que criou efeitos extremamente emocionais para despertar sentimentos e desenvolveu tratamentos das roupagens para aumentar o efeito de excitação e movimento. Em arquitetura, as regras de bom gosto – introduzidas por Andréas Palladio em seu livro Os quatro livros de arquitetura – eram respeitadas.
Havia o ideal de dignidade e simplicidade em igrejas protestantes – salas de reunião para meditação -, em oposição às igrejas barrocas, que, para impressionar, dominar e exibir seu poderio, eram suntuosamente decoradas. No Brasil, guardadas as proporções com a Europa, também havia o contraste entre as coisas simples e as igrejas, que até hoje impressionam.
A tela “Lição de anatomia”, de Rembrandt mostra um cadáver sendo dissecado. Pouco mais de um século antes, Leonardo da Vinci quase foi queimado como bruxo por dissecar cadáveres. No período barroco, o aprendizado é sistematizado em universidades e essa se torna uma prática usual, que revela a mudança da mentalidade.
O barroco no Brasil
A arte populariza-se por meio das Igrejas, principalmente em Minas Gerais, com destaque para Antonio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, que sofreu de doença que levou gradativamente à amputação de seus dedos e mãos. 
Em sua fase final, consta que seus auxiliares amarravam as ferramentas para que ele pudesse trabalhar. Em oposição ao estilo oficial que seria trazido pela Corte para a fundação da Real Academia de Artes e Ofícios, o Barroco brasileiro apresenta traços de arte ingênua, destacando-se a liberdade de representação.
Com a despreocupação das relações de proporções corretas das obras neoclássicas, criam-se trabalhos de forte apelo emocional e de grande expressão. É possível a comparação, em termos de história, com o período que se seguiu à decadência da cultura greco-romana e da expansão do cristianismo, quando a arte se caracterizou pela perda do conhecimento das proporções do desenho “correto” e pela maior transmissão das emoções e dos sentimentos dos artistas.
É a primeira manifestação representativa de uma contribuição brasileira para a história da arte, e traz os registros importantes de nossa história e cultura.
Trabalhos de Aleijadinho
Isolado da Europa, o Brasil desenvolveu um barroco tardio, próprio, muito expressivo e livre das regras de proporção acadêmicas. O barroco brasileiro foi revalorizado principalmente a partir da década de 1920, quando aflorou o sentimento de nacionalismo e o desejo de desenvolver uma arte genuinamente brasileira.
O rococó
Com a decadência do mundo aristocrático, os pintores passaram a observar a vida de homens e mulheres comuns de seu tempo. Chardin foi o mais notável dentre esses. J.H. Fragonard produziu temas de aspectos “pitorescos” da natureza, onde mais coisas são sugeridas que mostradas. Já Watteu pintou o gosto da aristocracia francesa do começo do século XVIII e o que é mais caracterizado como período Rococó: a predileção por cores e decorações delicadas que sucederam ao gosto mais robusto do período Barroco e que se expressou em alegre frivolidade.
A arte neoclássica
O Neoclássico será consolidado 100 anos depois na França, com as descobertas arqueológicas de Herculano e Pompéia, somadas a um maior poder de reprodução e difusão de descobertas e de ideias. Foi o estilo oficial do Absolutismo, mas novas condições surgiram durante o seu predomínio:
Revolução industrial: Destruiu a tradição do artesanato e progressivamente vai transformando a vida, principalmente nas grandes cidades.Revolução Francesa: A França vivia o Absolutismo, mas a burguesia já era fundamental para a economia. Filósofos como Rousseau e Voltaire pediam liberdade e respeito à vontade do povo.
Independência Americana: Serviu como modelo para as independências das colônias da Europa e para o fim da escravidão.
Iluminismo: A era da razão: desenvolve-se na França uma série de ideias que tem como objetivo combater a ignorância e o obscurantismo. As ciências desenvolviam-se dando continuidade ao racionalismo proposto por Descartes. Há uma inerente ideia de progresso, e foi um movimento intelectual do século XVIII, com base nas ideias de progresso, liberdade e valorização do homem.
O Romantismo
O escritor Goethe proclamou: “O sentimento é tudo.”
Foi uma reação contra a Idade da Razão e uma reação contra a industrialização gerada pelas primeiras máquinas (vapor). As novas fábricas geraram operários miseráveis nas cidades, próximos do convívio com os artistas e escritores e sua pobreza deixou de ficar restrita aos campos distantes. Os artistas confiavam no instinto, opondo-se ao racionalismo. Perseguiam a paixão e cultuavam a natureza e a imaginação.
Eugène Delacroix tornou-se o líder do movimento romântico depois da morte de Géricault. Pintava temas de literatura e eventos comoventes, carregados de violência, em oposição à calma das pinturas neoclássicas. Caracteriza-se por cores voluptuosas, curvas exuberantes, tons intensos, contrastes vívidos, formas turbulentas e amplas pinceladas
Na pintura, Theodore Géricault pintava corpos em luta e realidades contemporâneas suas, mas sua ênfase na emoção o leva a ser considerado um dos precursores do movimento.
Willian Turner pinta tempestades saídas de sua imaginação. Elimina os detalhes para concentrar-se no essencial, em que a cor inspirasse sentimento. Paradoxalmente venerava mestres clássicos como Claude Lorrain.
O romantismo liberta a pintura da ideia de cor aplicada sobre um desenho. A cor passa a ser modeladora de formas, ideia desenvolvida no moderno. Desafiou a tradição e pintou buscando não reproduzir a realidade com precisão, mas captar sua essência. O caminho abriu-se à arte moderna, à expressão e à abstração.
Ilustração de constable: Constable opunha-se a Turner nesse aspecto. Desprezava a tradição e só confiava no que via. Pintou paisagens serenas e suaves que traduzem o conceito de pictórico (belas paisagens, que se opunham às manifestações do sublime da natureza).
Esses dois pintores ingleses estabeleceram a pintura de paisagens como gênero de primeira grandeza no romântico. Observe que foi então que o homem começou a deixar o campo para ir trabalhar nas indústrias e morar nas cidades. Começou a perder então o contato direto com a natureza, que passa a “entrar nas casas como paisagens idealizadas”.
Ainda na Inglaterra, Willian Blake, outro artista de destaque, é anticlássico e mostra as primeiras inclinações ao simbolismo. Pintor e poeta, faz da intuição das forças eternas e sobre-humanas da criação o tema de sua arte. 
O escultor François Rude, cujos relevos podemos encontrar no Arco do Triunfo de Paris, alterou a composição neoclássica e imprimiu movimento às esculturas. Rompeu assim com a frieza e o intelectualismo neoclássico em prol da emoção romântica. No pensamento arquitetônico, ocorreu uma onda de revalorização do gótico.
“Três de Maio”, de Francisco Goya. 1808. Está no Museu do Prado em Madrid. Pintor espanhol que não se limita às classificações dos estilos, revelando as contradições e limitações das classificações da história da arte. Embora tenha alguns aspectos românticos, sendo considerado um dos primeiros pintores modernos, também foi pintor da Corte na Espanha.
Retratista sem compaixão, Goya representava feições que revelavam a fealdade e o vazio de seus modelos. Suas ilustrações não são de temas habituais, mas de visões fantasmagóricas e sobrenaturais. Algumas pinturas mostram a guerra não como espetáculo glorioso, mas como opressora, cruel e injusta.
No relevo de Rude também vemos figuras vestidas como soldados clássicos, porém apresentam o movimento e a expressividade da arte romântica, mostrando como essas tendências se misturaram nas obras dos períodos.
Por Diego Velásquez, óleo sobre tela, 318 x 276 cm. Museu do Prado, Madri. O jogo de espelhos revelado pela pintura “As meninas”, de Velásquez, fez com que o quadro como um todo olhasse a cena para a qual ele representava. Uma cena com a pura reciprocidade do espelho que olha e que é olhado já indicava o olhar da pintura sobre ela mesma. Esse caminho levou ao desaparecimento da questão da representação clássica que permitia, por fim, a libertação da arte da tarefa de representação deixada para a fotografia na arte moderna.
Velásquez potencializou a lição de Leonardo de apenas sugerir (mesma técnica de monalisa), estendendo-a também às próprias mãos (que são apenas manchas). Estas apenas dão a impressão de mãos. Essa ousadia fará dele uma referência para os pintores impressionistas.
Aula 03: A arte e o mundo moderno
A invenção da fotografia delimitou o campo de conhecimento da modernidade. Essa história vai ser vista em nosso estudo por meio de alguns marcos conceituais estéticos. Na história da arte esses primeiros momentos são estudados com os nomes de Impressionismo, Pós-Impressionismo e Expressionismo. 
Hoje a fotografia é mais uma forma de arte, como a instalação, a arte digital, a pintura, o objeto, a escultura, a arte pública etc. A compreensão dessa evolução da arte é fundamental para a atualização do profissional que trabalha com a imagem. Vamos começar a estudar essas mudanças, ocorridas no final do século XIX e na virada do século XX.
Na aula 1, vimos que a afirmação consciente de um “olhar puro” surge com Manet, no domínio da pintura impressionista.
Essa ideia da forma e a técnica enquanto um fim exclusivo da arte significou uma espécie de retorno reflexivo e crítico dos produtores sobre sua própria produção - e já era pressentido por Velasquez em As meninas. Esse foi o caminho que caracterizou a arte moderna, principalmente na interpretação do principal crítico do século XX: Clement Greenberg. Ele foi também o principal teórico do Expressionismo abstrato norte-americano, período de predomínio da arte abstrata. 
Vamos iniciar vendo como foi a história do nascimento da arte moderna, quando ela superou as concepções acadêmicas dominantes até então.
Ainda na primeira metade do século XIX, Gustave Coubert passou a retratar temas sociais e pessoas simples, contrapondo-se à concepção acadêmica tradicional dominante nos salões de arte até então, de haver “temas dignos” de serem representados.
O sucesso nesses salões era o caminho para que um artista conseguisse estabelecer uma carreira. Esse tinha se tornado o sistema, desde que o ensino e a formação do artista " passaram a ser feitos nas academias", inicialmente mantidas pelas monarquias e, depois, pelo poder oficial das novas repúblicas.
Você sabia? Que o aprendizado do artista no tempo de Leonardo da Vinci - antes da instituição das academias de arte - era com um “mestre”, iniciando-se na juventude no preparo de tintas e telas e evoluindo sob a tutela do mesmo. O mestre de Leonardo foi Verrochio!
Ao se recusar a pintar os temas aceitos pela academia, Coubert assinalou uma tendência social - ele era comunista -, que já se fazia notar, por exemplo, nos trabalhos de Millet, Corot, Daumier, dentre outros artistas anteriores ou do período. E que se fortaleceu com a propagação das ideias socialistas. 
Essa primeira revolução, ainda que basicamente temática, recebeu o nome de Realismo. Ela irá se aprofundar com Manet, que foi amigo e admirou Coubert e continuou o desenvolvimento dessa ideia, porém em sentido técnico.
Imagens que mudaram o mundo: Fotografia, técnica, ciência.
O impressionismo
O movimento impressionista surgiu em Paris, entre 1860 e 1870. A primeira apresentação ao público incluiu artistas “independentes” em 1874, no estúdio do fotógrafo Nadar.
Conceitos estéticos do impressionismoNecessidade de redefinir a essência pictórica diante da fotografia como novo modo de apreensão da realidade. A tecnologia e a ciência ofereciam novas possibilidade, enquanto mudavam os rumos da arte e da pintura. Principalmente porque a fotografia era, até então, uma das formas privilegiadas para se reproduzir (captar) a realidade através do olhar do artista visual.
Origem do termo impressionismo
Deriva de um comentário irônico de um crítico de arte sobre um quadro de Claude Monet intitulado Impression, Soleil, Lévant (Impressão, Sol, Nascente, 1872, oléo sobre tela, 50x62 cm, Museu Marmottan, Paris), o qual foi adotado pelos artistas como um desafio nas exposições seguintes.
Afirmação da linguagem fotográfica
A invenção da fotografia, em 1839, exerceu uma profunda influência no direcionamento da pintura e no desenvolvimento de correntes artísticas ligadas ao impressionismo.
Com a difusão da fotografia, os serviços sociais passaram do pintor para o fotógrafo. A crise atingiu os pintores de ofício, deslocando a pintura para o nível de atividade de elite, com público restrito e alcance social limitado. A fotografia permitiu um rápido progresso técnico que permitiu a redução dos tempos de exposição das imagens e permitiu alcançar o máximo de precisão, pela primeira vez, os modelos não precisavam pousar por horas e dias para o pintor.
A fotografia “artística” levantou a questão se a pintura como arte era “superior” à fotografia. O impressionismo, mesmo estando estreitamente vinculado à divulgação social da fotografia, tendeu a competir com ela em três aspectos: Na compreensão da tomada de imagem; Na instantaneidade da imagem; Na vantagem da cor.
Os simbolistas, ao contrário, recusaram qualquer relação com a fotografia, reconhecendo que esta superava a pintura quanto à apreensão e representação das aparências da realidade. Procuraram apelar para a imaginação, argumentando que o pintor podia imaginar e criar o que a câmara fotográfica não poderia registrar.  A fotografia está na origem da “pintura de manchas” (impressionismo) e de toda a pintura de orientação realista do século XIX.
Descobriu-se que a fotografia, que era mais exata na reprodução da imagem, não utilizava a linha, base de toda a arte desde o Renascimento. Os impressionistas passaram a formar suas imagens através de manchas e, nesse sentido, retomaram a Velasquez que explorara essa técnica e desenvolveram as ideias de Coubert e Manet.
Aspectos técnicos-estéticos da fotografia
A objetiva fotográfica reproduz o funcionamento do olho humano. O fotógrafo manifesta inclinações estético-psicológicas na escolha dos temas. Daí não haver um olho imparcial na fotografia. A fotografia permite ver um grande número de imagens que escapam, não só à percepção, como à atenção visual que o olho humano, mais lento, não consegue captar.
Exemplo: Movimentos das pernas de uma dançarina, um cavalo a galope, os universos do infinitamente pequeno e infinitamente grande (microscópio e telescópio).
Como exemplos de manifestações artísticas do período (fim do século XIX), temos o realismo simbólico do Pós-Impressionista Henri de Toulouse-Lautrec e o impressionismo de Edgar Degas que lançaram mão de materiais fotográficos para expressar seu interesse pelo espetáculo social. Outros pintores tornaram-se fotógrafos.
No entanto, só surgiu uma fotografia modernista de alto nível técnico quando os fotógrafos deixaram de se envergonhar por serem fotógrafos e não pintores e se assumiram como tal.
A arte no Brasil
No Brasil, D João VI criou no início do século XIX a Real Academia de Belas Artes, a partir de um grupo de artistas franceses. 
A Missão Francesa implementou no Brasil o estilo Neoclássico, que se tornou oficial. Logo, foi criado o Salão Nacional, cujo primeiro prêmio era uma viagem à Europa. Assim se reproduziu aqui, ao longo do século XIX, o modelo acadêmico. 
Somente no final desse século, surgem as influências do Romantismo e do Realismo. O Impressionismo só vai aparecer por aqui, bem mais tarde, no início do século XX, como tendência (influência) à exceção de alguns poucos artistas como Eliseu Visconti. Esse artista será uma referência importante para o surgimento tardio do Modernismo no Brasil.
O pós-impressionismo
O Pós-Impressionismo é o nome dado hoje às diversas tendências que buscaram superar o Impressionismo, ou seja, encontrar outros caminhos possíveis para o desenvolvimento da arte, após a compreensão e aceitação do Impressionismo.
Principais tendências do final do século XIX
Pontilhismo: Esta técnica foi desenvolvida por Serrat e buscava estrutura e forma. Fragmentou a pincelada impressionista em pontos coloridos, transformando manchas em pequenos pontinhos com intensidade graduada para criar profundidade, assim buscando a mistura de cores pelo cérebro. Substituiu os resquícios românticos dos impressionistas por termos científicos.
Simbolismo: A corrente do simbolismo queria superar a pura visualidade impressionista em sentido espiritualista como proposta de um possível caminho para a sobrevivência da pintura, se apresentava como alternativa ao Pontilhismo. Os simbolistas queriam trazer à realidade, em forma de pintura, algo que pertence ao espírito, valorizando a imaginação, pintando o sensível, sem ter necessariamente uma correspondência com o real.
Os simbolistas buscavam representar o que não podia ser fotografado, mas imaginado, sonhado.
Alguns outros artistas fizeram pesquisas individuais que se tornaram muito importantes porque lançaram a base para o desenvolvimento de movimentos da arte que se desenvolveram no século XX.
Gauguin: Inicialmente era um simbolista. Defendia que se pintasse de memória, com isso, favorecendo a sensação, a dimensão da imaginação. Acreditava que o homem tinha perdido a força e a intensidade do sentimento e o modo de expressá-lo, propondo assim, um regresso ao primitivo, mas sem ilusões de imitá-los.
Gauguin vai ser o primeiro a pintar árvores de vermelho e amarelo e sombras em roxo. Como era feito por crianças e pelos “primitivos” que não conheciam as convenções da arte europeia.
Cézanne: Deu importância à estrutura, à essência. Modulou pela cor pura e expôs com os impressionistas. Cézanne estabelece sucessão de planos servindo-se de tonalidades diferentes. Tinha uma pequena sensação da existência de possibilidades ainda inexploradas.
Van Gogh: Por influência de Gauguin alguns dos seus quadros do início da carreira tinham cores lisas. Posteriormente foi assumindo suas pinceladas que foram ficando mais marcadas, densas e vibrantes, tornando-se sua marca pelo frêmito que transmitem.
Seu estilo apaixonado e suas pinceladas agitadas são suas características marcantes e será uma das referências para o expressionismo do século XX.
Aula 04 – Pós-Impressionismo e Expressionismo
No início do século XX, o expressionismo presente em diversas tendências do período pós-impressionista vai se desenvolver como uma das primeiras vanguardas de modos distintos em países distintos. A valorização da expressão em detrimento do belo clássico vai ressaltar o grotesco, o primitivo e o espontâneo e acelerar o desenvolvimento do modernismo. Como consequência da deformação formal e da descoberta de seu poder expressivo, Kandinsky vai abandonar a representação e chegar à abstração por volta de 1910.
O trabalho de Rodin é inicialmente influenciado pelas tendências realistas e impressionistas, mas vai evoluindo e passa a destacar as emoções e significados que transcendem a pura representação, revelando as diversas possibilidades desenvolvidas no período pós-impressionista.
Movimentos de caráter impressionista
Cinco mulheres na rua, Ernest L. Kirchner
Os expressionistas são deformadores sistemáticos da realidade, fugindo às regras tradicionais de equilíbrio, regularidade e harmonia da estética clássica, com objetivo de expressar emoções.
Como vimos na aula anterior, os artistas pós-impressionistas não queriam destruir os efeitos impressionistas, mas sim levá-los mais adiante, no sentido de uma intervenção estético-políticana realidade burguesa.
No início do século XX, a tendência a valorizar a expressividade vai dominar com o desenvolvimento dos movimentos do Fauvismo na França e do Expressionismo na Alemanha.
Toda ação humana é expressiva: Um gesto é uma ação intencionalmente expressiva. Toda arte é expressiva, de seu autor e da situação em que ele trabalha, mas certa corrente artística pretende nos impressionar através de gestos visuais que transmitem, e talvez libertem emoções ou mensagens emocionalmente carregadas. Tal arte é expressionista.
Uma considerável parcela da arte do século XX foi desse gênero, especialmente na Europa Central, e o rótulo “expressionismo” foi-lhe aplicado – assim como as tendências comparáveis na literatura, arquitetura e música.
Nunca houve um movimento chamado Expressionismo, embora se possa aplicar essa intensificação do poder expressivo a boa parte da arte do século XX.
Na verdade, existe uma discussão sobre tal afirmação de que o Expressionismo nunca tenha sido um movimento de arte. Ocorre que o Expressionismo foi muito além disso, consistindo num movimento cultural e na mudança de comportamento e atitude dos artistas, logo não poderia ser classificado apenas como um movimento artístico.
O fauvismo
O movimento fauve – ou fauvismo – começou em Paris, associando Henri Matisse, André Derain, Maurice de Vlaminck e outros, que expuseram juntos pela primeira vez em 1905. O Fauvismo é, sob muitos aspectos, uma manifestação artística moderna e, provavelmente, teve mais influência sobre os alemães do que eles mesmos admitiram.
O nome fauve - fera em francês - foi utilizado como referência ao modo como esses artistas liderados por Matisse “atiravam” as cores sobre as telas. Ou seja, como feras, como selvagens. Gauguin, vai ser a principal referência para esse grupo. 
O próprio Gauguin abandonou a Europa e foi viver no Taiti, em busca de uma vida mais livre em contato com os povos “primitivos” e não contaminados pela cultura europeia. Sua ideia de cores não convencionadas (ele representava, por exemplo, árvores vermelhas com troncos azuis) vai ser desenvolvida por esse grupo que faz da cor seu principal veículo de expressão.
O Fauvismo nunca foi um movimento com objetivos que pudessem ser realizados como foi o Cubismo, mas um processo de experimentação a partir de possibilidades sugeridas pelos pintores pós-impressionistas, muitas vezes apenas radicalizando suas propostas.
O Fauvismo é o principal responsável pelo desenvolvimento do gosto pelas cores puras. No trabalho de Matisse os motivos (coisas) representados são menos importantes do que o modo como são representadas.
Características da pintura fauve:
Telas que faziam uso da cor como elemento puramente expressivo.
Grandes áreas chapadas de tinta, com pouco ou nenhum modelado e silhuetas enfatizando a função decorativa da arte.
Pinturas que questionavam a tradição, desempenhando um papel mais decorativo que descritivo.
Nas paisagens há uma tentativa de interpretação subjetiva da natureza. 
Nos quadros, as figuras são padrões lineares que unificam a superfície pictórica num só plano espacial.
Em Matisse, o Fauvismo é mais lírico. 
Há o uso essencial do traço e da cor aliado ao uso da imaginação. 
Em Vlaminck, o Fauvismo é mais expressivo.
Desde 1901: Esses artistas tinham propósitos comuns.
Entre 1904 e 1907: Henry Matisse, André Derain, Maurice Vlaminck e alguns artistas estiveram estudando, desenvolvendo e expondo um estilo de pintura que lhes deu o apelido de “Les Fauves”.
A partir de 1907: Suas pesquisas tornaram-se independentes demais para serem tratadas conjuntamente em suas buscas pessoais de novos meios de expressão.
Seus trabalhos caracterizavam-se, de maneira geral, pela liberdade de expressão, através do uso de cores puras e pelo exagero do desenho e da perspectiva.  Não havia uma doutrina ou programa. 
Apenas expunham juntos por afinidades. Tinham convicções e ideias firmes e pessoais que foram compartilhadas durante alguns períodos.
Quando expuseram nas duas principais exposições de arte moderna de Paris (o Salão dos Independentes e o Salão de Outono), causaram grande impacto, deixando perplexos aqueles que viram os trabalhos pela primeira vez.
O Expressionismo
O Expressionismo está principalmente associado a dois grupos informais de artistas da Alemanha: DIE BRÜCKE e DER BLAUE REITER. Outros artistas são geralmente agrupados a esses, como Oskar Kokoscha de Viena e Lyonnel Feininger, o americano-alemão.
O grupo Die Brücke (a ponte) de Dresden, formado em 1905 e dissolvido em 1913. 
Os artistas de Munique, que expunham sob a égide de um almanaque intitulado Der Blaue Reiter (o caveleiro azul).
“Triângulo e círculo”, óleo sobre tela, Museu Guggenheim, Nova York. A distorção progressiva da forma do expressionismo levou Kandinsky à conclusão de que o poder expressivo das formas e cores não dependiam de uma imagem representada e chegou à abstração.
Características estéticas do Expressionismo:
Pesquisa no domínio psicológico, com busca de acessos aos símbolos do “inconsciente”, a parti da descoberta da teoria psicanalítica de Freud.
Expressão de emoções intensas através de um dinamismo improvisado, abrupto, inesperado, com preferência pelo patético, grotesco, trágico, angustiado e sombrio.
Distanciamento da pintura acadêmica e do Impressionismo através da recusa do emprego de uma estética naturalista ou realista com referência a temas “clássicos”, como a natureza morta, a paisagem e o modelo vivo.
Ruptura com a ilusão de tridimensionalidade – “perspectiva” renascentista – e resgate das “artes primitivas” – formas abstratas, feições e formas humanas predominantemente derivadas das culturas ameríndias.
Técnicas da arte expressionista:
Cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas.
Textura áspera, devido à grande quantidade de tinta empregada nas telas.
Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando (camadas sobrepostas) ou provocando inesperadas “explosões" (de camadas jogadas na tela de empasto de tinta).
Uso do empaste ou empasto, formado por uma massa grossa de pintura a óleo, a qual era martelada e áspera.
O Expressionismo vs. O Impressionismo
O impressionismo e o Expressionismo, embora sendo movimentos antiéticos (contrários), foram movimentos realistas que exigiam a dedicação total do artista à questão da realidade.
Expressionismo: Do interior para o exterior, é o sujeito que, por si, se imprime ao objetivo. Precursor: Vincent Van Gogh. Atitude volitiva/agressiva.
Impressionismo: Do exterior para o interior, é a realidade (objeto) que se imprime na consciência (sujeito). Precursor: Édouard Manet. Atitude sensitiva.
O impressionismo se resolveu no plano do conhecimento e o expressionismo se resolveu no plano da ação.
Excluiu-se, a partir daí, a hipótese simbolista de uma realidade vislumbrada no símbolo e no sonho (arte hermética ou subordinada ao símbolo ou código) e se esboçou, então, a oposição entre arte engajada (que incide sobre a situação histórica) e uma arte de evasão (que se considera alheia e superior à história).
Impressionismo e Expressionismo
Solução dialética e conclusiva da contradição histórica entre clássico e romântico, constantes estéticas das culturas latina mediterrânea e germânico-nórdica.
Ao ser excluída a referência à herança do passado, os dois movimentos tinham como objetivo enfrentar a situação histórica presente com plena consciência.
Ocorreu, então, uma agudização da divergência entre cultura latina e cultura germânica, com a disputa para a conquista da hegemonia político-econômica da Europa.
Desse conflito, observado na arte, eclodiram a Primeira Guerra Mundial de 1918 e a Segunda Guerra Mundial de 1939. Com profundas consequências na arte.
Aula 05: Afirmação da linguagem modernista
A linguagem modernista, criada a partir da óptica impressionista, é definitivamente afirmada pelo geometrismo e pelo alto nível de abstração que atingiu a imagética do cubismo, embora essa escola tenha evitado aabstração pura. 
O cubismo vai ser a mais influente das chamadas vanguardas históricas do modernismo, influenciando e sendo influenciado por outros movimentos como o futurismo.
Paralelamente, vamos olhar o desenvolvimento do modernismo no Brasil, a partir da “luta” dos nossos primeiros modernistas para vencer a defasagem de informação, responsável por nossas limitações artísticas e culturais no período.
Pablo Picasso
Pablo Picasso, pintor e escultor espanhol, é considerado um dos artistas mais importantes do século XX. Artista multifacetado, foi único e genial em todas as atividades que exerceu: 
Inventor de formas;
Criador de técnicas e estilos;
Artista gráfico;
Escultor.
Foi o artista mais produtivo e mais constante revolucionário do século passado. Do tratamento clássico e representacional dos temas evoluiu ele para as abstrações do Cubismo, e do Cubismo para as técnicas de colagem mais tarde utilizadas no dadaísmo. Picasso empregou igualmente elementos de fantasia e imaginação, em suas cerâmicas e esculturas.
O Cubismo
O movimento foi introduzido por “As Senhoritas de Avignon” em 1907, que desconcertou a todos por ser uma obra audaciosa e perturbadora. Resumia as realizações de Picasso e, sua técnica expressionista e emocional, era estranha ao Cubismo. Mas esse quadro suscitou problemas que o Cubismo iria resolver e abriu as possibilidades para seu desenvolvimento. 
Também atraiu Braque, pintor jovem e talentoso que alterou todo o desenvolvimento de sua arte, aproximando-se de Picasso. O Cubismo era uma arte formalista preocupada com a reavaliação e reinvenção de procedimentos e valores pictóricos. Era uma arte de conteúdo intelectual elevado e, em geral, calmo e reflexivo.
1907: Começa o movimento cubista.
1914: Termina o cubismo, como movimento, com a eclosão da 1ª Guerra Mundial, tendo boa parte dos artistas sido recrutada e partido para o campo de batalha. 
1925: Persistiu como parte das discussões e pesquisas.
Seus principais focos de resistência foram as artes decorativas e a arquitetura do século XX. Considerado como um ato de percepção individual, o movimento inspirou-se na arte africana e na geometrização das figuras iniciada por Cézanne, que resultou em uma arte intuitiva e bastante abstrata, derivada da experiência visual baseada na luz e na sombra.
O Cubismo e a imagética moderna
O Cubismo rompeu com o conceito de arte como “imitação da natureza”, que vinha desde o Renascimento, bem como com os principais cânones clássicos de pintura tradicional:
A perspectiva, consistindo na ilusão de profundidade em uma superfície plana, base da pintura europeia por mais de 500 anos seguintes à Renascença.
O chiaroscuro ou luz-e-sombra, indicando uma nova técnica criada no Renascimento para criar a ilusão de relevo escultural no plano.
A pirâmide ou configuração piramidal e tridimensional do espaço da tela, tendo como clímax uma imagem central que substituiu os retratos em perfil e o agrupamento de figuras em grade horizontal típicas das artes bizantina e medieval.
Pablo Picasso definiu o Cubismo como: “Uma arte que trata de formas, e quando uma forma é realizada, ela aí está para viver sua própria vida.”
Artistas do Cubismo
Apesar da identificação imediata do movimento cubista à figura de Pablo Picasso, vários outros artistas deram grandes contribuições ao movimento, tais como:
Georges Braque
Fernand Féger
Robert Delaunay
Juan Gris
O mexicano Diego Rivera
Piet Mondrian
E outros artistas que se destacaram com o dadaísmo,  como Francis Picabia (1879-1953) e Marcel Duchamp (1887-1968), também participaram do movimento cubista.
As fases do Cubismo
Fase 1
Protocubismo: Em que a influência da escultura africana revela-se através da pesquisa contínua das deformações expressivas do corpo humano.
Fase 2
Cubismo Analítico: definido por representações espaciais abstratas no plano do quadro.
Fase 3	
Cubismo Sintético: policromático, simbolizado pela incorporação de materiais estranhos às representações pictóricas, como as colagens.
O Cubismo pode ser identificado com o espírito da arte moderna ao buscar deformar, efetivamente, um rosto verdadeiro, em lugar de só representar a imagem de um rosto deformado. No entanto, o Cubismo, mesmo picassiano, não deixou de ser, na deformação da imagem ou da figura, uma arte da representação, enquanto na arte tribal o que era deformado era uma imagem dada ou a própria realidade.
Elementos formais do Cubismo
Picasso, Braque, Léger e Gris apresentavam como seus elementos formais:
Abandono da iluminação “naturalista” de suas telas e das relações moduladas entre elementos formais.
Ênfase nas formas planas de contornos bem marcados.
Ênfase em relações espaciais condicionadas por relações de cor - e não no desenho.
Ênfase no contexto de uma composição, que permite a leitura de um espaço consistente ou fechado.
Ênfase no espaço inteiramente ocupado por formas e planos- como, principalmente, em Gris e Léger.
Ênfase em um espaço real semelhante a uma caixa - como em Picasso, Gris ou Braque.
Ênfase em um espaço identificado com a própria superfície da tela, através da aplicação de uma base completamente pintada, suave e/ou opaca. (Como em Picasso, também presente na pintura de Matisse (mais identificado como fauve) e de Miró (que se destacará no Surrealismo).
O Futurismo
O Futurismo foi influenciado e retroalimentou (influenciou de volta) o Cubismo. Vamos agora saber um pouco mais sobre esse movimento.
O Futurismo foi um movimento iniciado na Itália, a partir da concepção de civilização e expressou-se inicialmente em palavras. Logo, partiu de uma ideia geral, em vez de algum descontentamento com idiomas de arte herdados e da ambição de criar novo idioma. Rejeitou todas as tradições, instituições e os valores consagrados pelo tempo. Propagou suas ideias muito rapidamente pela Europa e embora tenha durado pouco, teve longa influência. 
Escolheu seu próprio nome, e iniciou a tradição artística de manifestos artísticos.
Os artistas: Umberto Boccioni; Giacomo Balla; Gino Severini; Carlo Carrà; Luigi Russolo; Antonio Sant´Elia.
O fim do Futurismo
A guerra precipitou o fim do Futurismo. A “Única Higiene do mundo” eliminou Sant’Elia e Boccioni em 1916. Os outros passaram para estilos e atitudes mais tradicionais. Marinetti ajudou o fascismo a conquistar o poder na Itália satisfazendo seus ideais políticos.
O Futurismo teve importância fundamental e duradoura e como esteve envolvido profundamente com o Cubismo, suas conquistas também foram conquistas do Cubismo. 
Sem o futurismo o Cubismo não teria desempenhado um papel tão grande na arte moderna. Sua influência chega ao Expressionismo e o Futurismo literário de Maiakovisky na Rússia e a arte revolucionária russa, é uma concretização do que os futuristas tinham tentado. 
 A arte no Brasil na modernidade
“Os doze profetas”, Aleijadinho. Somente com o desenvolvimento do Modernismo, o trabalho de artistas do barroco brasileiro voltaram a ser valorizados.
Apesar da relativamente intensa atividade pictórica no Brasil colonial - principalmente no Rio, Bahia, Minas e Pernambuco, os artistas, com raras exceções, não eram profissionais e sim homens de fé e engenho ou talento, provenientes de diversos países. Foram, em geral, feitas para adornar igrejas, eventualmente palácios e raramente residências. Não há grandes nomes a destacar e muitas obras são anônimas.
No período barroco que surgem alguns dos mais belos monumentos religiosos do Brasil. A pintura colonial, vincula-se a tendências e estilos europeus, com natural defasagem cronológica e limitados recursos técnicos.
Em Minas, Aleijadinho nos dá algumas das igrejas rococós mais belas do mundo. Com ele se inicia uma fase importante da arte brasileira. 
Além de riquezas, proveniente do ouro e das pedras preciosas, havia as irmandades, às quais se ligavam as corporações de ofício - separadas pela cor: brancos negros e mulatos - e essas por sua vez competiam entre si.
O início do século XX no Brasil
No século XIX, a arte no Brasilseguia uma orientação basicamente acadêmica, dependente do Estado que patrocinava as poucas viagens ao exterior e das poucas escolas e instituições culturais como a Academia Brasileira de Letras. O intercâmbio dava-se em renovação – os artistas iam sempre estudar nas mesmas academias da Europa. Tudo isso levava nossa arte no início do século XX a manifestar, no máximo de traços dos movimentos anteriores ao impressionismo e somente em alguns pintores.
Embora haja traços impressionistas em trabalhos de Eliseu Visconti, só foi haver verdadeiramente uma ruptura entre a arte moderna e acadêmica a partir dos acontecimentos marcados pela semana de arte moderna de 22. Esses marcaram a luta do Modernismo para impor na arte nacional a compreensão de linguagens, que desde o Impressionismo, revolucionaram e renovaram a arte e que estavam em pleno desenvolvimento na Europa.
Antes da semana, a exposição de Anita Malfatti, apoiada por Di Cavalcanti, só não foi ignorada como a do expressionista alemão Lazar Segal, em 1913, graças a um artigo de Monteiro Lobato. Ele chega a contar uma anedota, na qual a pintura produzida pela causa de um burro chegou a ser confundida e admirada como uma novidade do Cubismo, na crítica para depreciar o modernismo, que se apresentava nos trabalhos dessa artista pioneira, reconhecendo-lhe, contudo, o talento.
O início do século XX no Brasil
Esses acontecimentos dão-se em São Paulo, então já com seu aspecto de cidade do século XX. Prospera economicamente com bondes, automóveis, indústrias, ferrovias e mais distante das influências da arte oficial.
Como antecedente houve também o artigo de Mário de Andrade (“escrito com vontade de botar uma bomba no centro do mundo”), Paulicéia Desvairada, produzida sobre o impacto de uma obra de Victor Brecheret.
A missão francesa
Com a vinda da família imperial para o Brasil, importou-se o modelo oficial europeu, com a criação de uma Academia Real no país. A Missão Francesa chegou ao Brasil em 1816, após a queda de Napoleão (1814/5).
1816
Chegada da Missão Francesa ao Brasil, após a queda de Napoleão - 1814/15. O chefe da delegação era Lebreton e o principal artista foi Jean Baptiste Debret, que documentou a vida na colônia com espírito crítico e humor. Ele escreveu e ilustrou inclusive A Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, retratando a vida de índios, escravos, crianças e outros excluídos que não interessavam aos artistas ligados à corte.
1817
Foi fundada a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, sendo que Debret organizou ainda as duas primeiras exposições de 1829 e 1830 da Academia Imperial. Nicolas Taunay, o mais talentoso pintor irritou-se com a nomeação de um pintor português medíocre para diretor da academia e retornou a França. Foi substituído por Félix Émile Taunay, seu filho.
Após o retorno da missão, a sólida tradição artística de inspiração europeia (Sobrepondo-se ao barroco, considerado inculto e ultrapassado em comparação com o estilo da metrópole. Inclusive por que os artistas franceses eram cultos e informados sobre artes, enquanto nossos principais artistas barrocos eram pessoas bastante simples que haviam se iniciado como artesãos e não tinham treinamento acadêmico) havia sido plantada. Sem a tutela dos mestres franceses os alunos da academia estavam mais livres e começaram a firmar raízes brasileiras. Realizam-se exposições anuais girando em torno da Escola.
“Batalha Naval do Riachuelo”, Vitor Meirelelles. Esse trabalho, bastante presente nos livros de história, pode ser apontado como um exemplo da arte acadêmica oficial e dominante no Brasil no século XIX.
No Segundo Império o Brasil tornou-se mais soberano. Em 1845, a academia instituiu o Prêmio de Viagem, que se tornou um acontecimento cultural e social. 
As encomendas eram feitas pela igreja (ordens) ou pelo estado e não havia incentivo à originalidade. 
Por isso em 1854, Araújo Porto Alegre assumiu a academia com a missão de modernizá-la e libertá-la da condição de escola da Corte. Começam a ser criados os Liceus de Artes e Ofícios, para preencher a lacuna artesanal, ainda dependente da Europa.
A tradição neoclássica e romântica pedia temas históricos e grandiloquentes e para tal serviu a Guerra do Paraguai. A situação manteve-se sem alteração após a proclamação da república, tornando-se mais e mais defasada em relação às inovações que surgiam no Modernismo na Europa.
A semana de arte moderna de 22
Nas exposições da Semana de Arte Moderna, além dos trabalhos de Anita Malfatti, de Vitor Brecheret, de Di Cavalcanti e de Rego Monteiro, pouca coisa havia de moderno no Saguão de entrada do Teatro Municipal de São Paulo. Contudo, a polêmica pública predominou, principalmente pela publicação de manifestos que se seguiram: o Manifesto Pau Brasil e Antropofágico.
Tarsila do Amaral, filha de fazendeiros, não estava no país durante a semana, mas apoiara o movimento. Ela conhecera os manifestos futuristas, que no Brasil influenciaram Osvald de Andrade e também o crítico Mario de Andrade. Estes se uniram a Anita e a Menotti del Picchia, que formavam o Grupo dos Cinco: “Grupo de doidos em disparada por toda parte, no Cadillac verde de Osvald”. Queriam abalar as artes em geral; literatura, música etc. 
Vale lembrar que Marinetti, o poeta autor do primeiro manifesto futurista, com a intenção de divulgar suas ideias esteve no Rio e em São Paulo, em 1926, e, durante um período, o Futurismo virou sinônimo de arte moderna por aqui.
O Manifesto Pau Brasil apoiava-se na pintura de Tarsila. Ela viajou pelo interior de Minas Gerais e ao Rio de Janeiro em grupo, em companhia do poeta francês Blaise Cendrars e de Olívia Penteado entre outros artistas e intelectuais. Encantaram-se com a descoberta da obra do Aleijadinho. Essa influência ajuda na reformulação de sua pintura.
“... encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para minhas telas...” Tarsila do Amaral.
O segundo manifesto, chamado Antropofágico, foi publicado na primeira Revista de Antropofagia, datado de “Piratininga, Ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha”. Irônico, provocativo, destruidor e cheio de novas propostas, tal os manifestos europeus, principalmente o futurista. 
Se entre 1917 e 1922, a preocupação modernista era afirmar a arte moderna no Brasil, a partir de 1923 a preocupação passa a ser uma postura nacionalista. Na visão antropofágica, será devorado o pai Totêmico –a cultura europeia – para incorporar suas virtudes reforçando o próprio organismo – a cultura brasileira.
Emiliano Di Cavalcanti foi um pintor carioca e um dos idealizadores da Semana de 22. Sua arte foi influenciada inicialmente pela Art Nouveau, bastante presente no Brasil então, representando os ventos de mudanças do Pós-Impressionismo e seguiu experimentando diversas influências. 
Viajou em 1923 para Paris para ser correspondente de imprensa e sua pintura passou a ser então influenciada pelo pós-Cubismo e pelo muralismo mexicano. Assumiu caráter expressionista e de crítica de costumes, que marcou o restante de sua obra.
Aula 6: Dadaísmo, Surrealismo e Anti-arte
Haroldo de Campos: Chama Marcel Duchamp de “pré-dadaísta”, afirmando seu aspecto precursor e não totalmente redutível aos conceitos estéticos-filosóficos do movimento dadá.
Por meio de seus ready-mades, Duchamp pretendeu iniciar o debate em torno da relação obra/artista, ao enfatizar um repúdio à “criação artística”, ao afirmar não acreditar na função criativa do artista. Para ele, o artista é um homem como qualquer outro e seu trabalho consiste em fazer certas coisas, porém o homem de negócios também faz “certas coisas”.
Duchamp interessou-se pelo significado da palavra “arte”, vinda do sânscrito fazer: “hoje em dia todo mundo faz alguma coisa, e aqueles que fazem coisas em uma tela, com uma moldura, são chamados de artistas”. Antigamente, eles eram chamados de artesãos, um termo que Marcel Duchamp parece preferir: “Todos somos artesãos,na vida civil, militar ou artística”.
Duchamp interessou-se pelo significado da palavra “arte”, vinda do sânscrito fazer. “Hoje em dia, todo mundo faz alguma coisa, e aqueles que fazem coisas em uma tela, com uma moldura, são chamados artistas.” (...) “Todos somos artesãos, na vida civil, militar, ou artística.”
Duchamp declarou que ele “queria matar a arte (para ele mesmo)”, mas, na realidade, ele permitiu e mesmo estimulou a mitologia ao seu redor ao abandonar a pintura, em 1920.
E foi em 1920 que nasceu “Rrose Sélavy” (trocadilho para “a vida é rosa”) - quando Duchamp quis mudar sua identidade. A primeira ideia que lhe ocorreu foi adotar um nome hebraico, já que ele era católico e seria uma mudança de uma religião para outra. Porém, ele não encontrou nenhum nome judaico que lhe agradasse e, repentinamente, ocorreu-lhe uma ideia: por que não mudar de sexo? Isso era muito mais simples, e o nome “Rrose Sélavy” derivou de tal ideia. Hoje em dia isso pode parecer banal, mas na década de 1920 Rrose era um nome provocador, tendo derivado seu duplo “R” de uma pintura de Francis Picabia, que se encontrava em um cabaré parisiense. 
Para Duchamp, todas essas “coisas” tinham o mesmo espírito e eram muito agradáveis como fórmula. Naquele momento, Duchamp parecia haver alcançado o limite do não estético e do injustificável. O essencial de sua obra reside na responsabilidade assumida pelo artista ao pôr sua assinatura sobre um objeto, executado por ele ou não ou produzido em série, mas do qual ele se apropria, atribuindo ao objeto um status de obra de arte.
Com isso, torná-lo capaz de provocar a mesma emoção artística de um quadro de um mestre, além de lograr entrar no mercado de arte, podendo ser exposto em um museu ou galeria e, portanto, ser comercializado e consumido pelo público como obra de arte.
A vertente Dadá
Surrealismo + Dadaísmo = o “outro”
Já o Dadaísmo e o Surrealismo representam respostas culturais, articuladas de modos diversos, mas tendo em vista uma mesma situação: a falência de valores estéticos, filosóficos, morais do século XIX e o confronto com a nova realidade que superou os limites do racionalismo no século XX, evidenciada com a guerra.
A vertente crítica da arte moderna, constituída pelo Surrealismo e pelo Dadaísmo, representa o “outro” do projeto formal construtivo e do Cubismo, no sentido de que essas linguagens operaram uma transformação no interior das linguagens, mas não refletiram criticamente sobre o estatuto social dessas mesmas linguagens como prática na sociedade.
A vertente Dadá é crítica quanto à própria arte moderna e procurou revelar os limites do pensamento racionalista clássico, que afirmava que tanto o conhecimento teórico quanto a sua fundamentação prática eram assuntos de uma consciência isolada e autárquica. 
O paradigma da “arte pela arte” expressava o pensamento racionalista que propunha que a arte devia encontrar em si mesma seu sentido último.
O Dadaísmo contestava: O conceito do que seja obra-prima, expressando que o objetivo da atividade artística não era a arte, mas a “antiarte” como postura revolucionária contra um esteticismo gasto, propondo atividades de “destruição” das noções de bom gosto e de libertação da arte dos projetos de racionalização.
O Dadaísmo destacava: O papel do sujeito-artista como crítico, como sujeito que reflete sobre a experiência do mundo e expõe, pela sua ação crítica, o sentido de crise e de falência dos valores estéticos, filosóficos e morais. A arte, para Duchamp, não representava a cultura pelo objeto-símbolo, porém sua preocupação não residia, igualmente, em negar a cultura. Para ele, não existia apenas uma verdade, “não há uma solução porque não existe um problema”, a vida era movimento e circularidade e também acaso, e a única possibilidade era a dúvida, o questionamento.
Duchamp: Juízos de valoração não eram absolutos e não havia apenas uma ética. Havia sim uma não ética ou etaética, também definida como “existencialista.” 
Nesse sentido, sua norma ética não estava interligada a uma norma de hierarquia de bens morais a que o homem aspirasse, mas se aproximava da ética dos cínicos como em seu desprezo às convenções, postulando sobre a liberdade da vontade ante a natureza, a história e a vida.
Os chineses escolhiam pedras que lhes parecessem interessantes e atribuíam-lhes nomes ou pintavam o seu nome nelas, transformando-as em obras. Enquanto o chinês afirmava sua identidade com a natureza, Duchamp afirmava sua diferença irredutível e sua crítica. Em 1913, teve ele a ideia de montar a roda de uma bicicleta sobre um banquinho de cozinha e de observá-la girando. De acordo com seu decreto, os ready-mades tornavam-se obras de arte na medida em que Duchamp lhes atribuía esse título.
Escolhendo uma pá ou um urinol, por exemplo, assinando e datando essa pá ou esse urinol, eles eram retirados do mundo morto das coisas insignificantes e colocando no mundo vivo das obras de arte: o olhar fazia, então, com que se tornassem obras de arte.
Para Duchamp, a escolha do ready-made baseava-se numa reação de indiferença visual que independia do bom ou mau gosto, mas podia ser definida como um estado de anestesia total, de ausência de consciência. Duchamp acrescentava frases breves aos ready-mades, como no caso do título: “Prevenindo contra um braço quebrado.”
Atribuído a uma pá de neve numa loja de ferramentas, com o objetivo de conduzir o pensamento do espectador para outras regiões mais literárias, ou ainda algum detalhe gráfico como “ready-made fabricado”. Em outros momentos, ele inventava um “ready-made recíproco” como um Rembrandt na forma de tábua de passar roupa, simbolizando a contradição entre arte e ready-made.
O outro aspecto construtivo do ready-made era a sua falta de originalidade, pois a reprodução de um ready-made transmitia a mesma mensagem que o original. Duchamp concluiu que, se todos os tubos de tinta usados pelos artistas eram produtos industriais ready-made, podia-se concluir que todos os quadros existentes no mundo eram ready-mades confeccionados. Duchamp concretizou, dessa forma, finalmente, a iminente crise do objeto de arte tradicional, o quadro, substituindo-o por uma “coisa”.
A arte foi pensada até o fim e dissolveu-se no nada da “a-arte”, ou da experiência intelectual e não sensorial.
Como niilista da arte, Marcel Duchamp deu expressão e forma a uma esperança ao buscar o maravilhoso não no acaso, mas sim no conhecimento exato e no jogo científico. Em sua obra, a máquina adquiriu um aspecto inteiramente novo, em que operava um espírito científico com recursos artísticos, o estabelecimento de um eros artístico em comunhão com a ciência, ou simplesmente uma nova forma de arte.
Exemplo: Como exemplo surgem os temas daquelas “máquinas de vidro” criadas em 1925 e 1936, na qual giram segmentos circulares isolados, que criam a ilusão óptica de círculos e espirais tridimensionais. Os primeiros foram utilizados, em 1926, em seu filme Cinema-anêmico e, em 1936, Duchamp denominou uma série de experimentos semelhantes de rota-relevos, os quais mostravam círculos simples, dispostos ao redor de vários centros que, quando colocados em movimento, faziam surgir corpos tridimensionais.
Duchamp acreditava, portanto, que o sentido da obra não se realizava segundo uma intenção do artista, nem está contido na obra em si, mas que tal objetivo só era encontrado em sua fruição.

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